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Diante dos inúmeros desdobramentos sociais e econômicos gerados pela

pandemia do novo Corona vírus, o autor traça uma análise acerca das novas formas de
se enxergar o mundo a partir das mudanças que inevitavelmente irão ocorrer. Mais do
que colocar a população e governos em uma extensa crise sanitária, a pandemia
instaurada acabou por abrir a ferida e escancarar outras crises, estas já eminentes pelo
modo de vida que a humanidade vem adotando há muito tempo.
A humanidade, na visão do autor já vem há muito desenvolvendo uma maneira
de viver a qual não beneficia o conjunto, a mundialização, impulsionada principalmente
pela política capitalista global, prega um conhecimento disjuntor, a qual o todo é
negligenciado em todos os ramos da vida em conjunto.
A crise sanitária instaurada propiciou que este modelo mostrasse a todos os seus
defeitos. A começar pela ciência, que em tempos de crise da saúde é o bastião da
salvação a guiar o nosso planeta. A fragmentação que se viu envolto pelos anos de
negligência, mostrou-se uma barreira a ser superada, posto que a cooperação é um dos
pontos a ser buscado para a rápida solução do atual problema. A indústria da saúde,
muitas vezes atrelada ao capital, se viu frágil diante de uma situação a inovação para
prosperar tem mais espaço que o próprio capital.
Neste sentido, é escancarado pela crise valores que não possuíam muito prestígio
na sociedade pré-crise, que são as maneiras inventivas, a inovação, a criatividade como
formas de transpor obstáculos. O autor demonstra dualidade da crise neste sentido,
posto que ao mesmo tempo em que há o anseio social pela volta da estabilidade passada,
a busca por novas soluções também é estimulada como propulsor de novas maneiras de
encarar o mundo.
Contudo, a dualidade também pode fazer vir a tona práticas e ideias que eram
negadas, mas que voltam a figurar como opção, mesmo ciente de todos os desastres a
elas atreladas, como é o caso do desespero social que clama por mudanças em
paradigmas políticos contrários a democracia, como regimes totalitárias e até mesmo a
soberania.
Sem entrar no mérito acerca destes clamores, mas se analisando as motivações
que leva parcela da sociedade a requerer mudanças tão drásticas neste sentido, é de se
pensar que a crise começou a demonstrar que os modelos presentes hoje, não são isentos
de críticas, e mais, demonstram que por mais que haja bons resultados econômicos e
sociais, os mesmo possuem graves falhas, que se escancaram no presente momento.
Assim, o autor lança premissas que destoam esta situação, a qual demonstra a
fragilidade da utopia humana de controle sobre todas as coisas. Em suas palavras tal
atitude faz parte da natureza humana, mas esbarra mais uma vez nas incertezas da
condição de nossa existência. O progresso sempre irá ter a própria natureza como
empecilho de controle sobre tudo.
Certo é que da crise sanitária derivou-se diversas outras crises, seja na política,
seja na economia, seja no mundo e seja no indivíduo. As novas diretrizes de
convivência e isolamento aterraram um modo de ser/viver que talvez não tenha espaça
na sociedade pós pandemia.
A economia viu que independente do capital, se não houver consumo, precisará
da ajuda do Estado. O Estado percebeu que políticas públicas, sobretudo da saúde, são
importantes para não afundar a máquina pública e colocar sua economia no fundo do
poço. O mundo viu que na crise, a cooperação mútua legitima, sem interesse no capital,
é o principal ponto que levara a uma rápida reerguida social.
O ponto principal, no entanto, diz respeito ao modo de vida da sociedade nos
últimos tempos. Tal qual afirma o autor, a sociedade baseada no imediato, no
consumismo, no ter, na negligência da vida cooperativa e solidária, são elementos que
nos levam a fazer uma introspecção e nos questionar os motivos de tal modo de vida,
posto que em meses, nada se tira ou se aproveita deste modus operandi humanitário.
Assim, a principal reflexão é a própria crise, que nos demostrou abertamente que
estamos em crise há muito tempo, sendo apenas a propulsora de questionamentos que já
deveriam estar sendo lançados por nós mesmos como sociedade.

Partindo da experiência do confinamento e pós-confinamento, o autor se


pergunta se nós caminharemos para um humanismo regenerado.
De que forma seria possível a efetivação desse humanismo regenerado?

Os questionamentos lançados pelo autor em seu texto demostram a insegurança


que estamos envoltos como sociedade frente as incertezas do pós crise. Ao se falar em
humanismo regenerado, têm-se a ideia de uma nova forma de encarar a o mundo, de se
adequar e deixar para trás condutas nocivas e que não agregam a sociedade em si, de
uma nova forma de cooperação entre os nossos iguais. Contudo, tal qual é contínuo em
seu texto, são diversas as incertezas para se analisar, podendo ser um equívoco afirmar
com toda a certeza que este humanismo regenerado será efetivado.
Contudo, por mais que seja apenas algo a ser intentado, ainda no plano das
ideias, é de bom tom divagar sobre quais condutas, maneiras de ser, poderiam ser objeto
deste humanismo regenerado.
A começar pelo caos instaurado durante a pandemia, a qual se enxergou a
ineficácia dos serviços de prevenção, um dos pontos a ser trabalhados seria o da
cooperação mútua, sem interesse financeiro, como propulsor social. Quando se viu que
não era o capital que iria trazer as soluções dos problemas da crise sanitária, os países
logo se envolveram no sentido de se ajudar, de buscar alternativas a sair da situação,
demostrando que a solidariedade e cooperação, há muito esquecidos, podem e devem
fazer parte continuamente em nossa sociedade.
Junto a isto, a economia, sentindo os efeitos da crise, se deu conta que seu poder
de se auto regular não é absoluto, e que um viés voltado a uma economia sustentável,
com responsabilidade pode ser uma solução para uma maior estabilidade no futuro.
Mas o mais importante talvez, seja a efetivação do humanismo regenerado
começando pelo próprio eu, como indivíduo que faz parte de um todo, da sociedade em
si. O desgoverno causado pelo consumismo, pelo ter, pelo crescer sem rumo, se mostrou
inócuo diante da atual situação em que estamos inseridos. A mudança do paradigma do
eu como parte descentralizada do todo não ajudou, não contribuiu e não agregou. A
mudança maior deverá partir dos próprios indivíduos, que então reformarão a sociedade
como um todo, levando práticas de cooperação e solidariedade como bases para um
desenvolvimento social saudável, a qual, inevitavelmente, irá refletir em todos os
âmbitos da humanidade.

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