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z e s u a

g a n i
Or
O BALANÇO DAS LUTAS DA JUVENTUDE
A juventude trabalhadora brasileira vem realizando grandes lutas e mobilizações
há décadas no país. Em 2013, todos assistimos uma rebelião popular que explodiu
após o aumento das passagens do transporte público, que teve um protagonis-
mo importante da juventude, e que colocou todos os governos em pânico. A luta
foi vitoriosa, e mais lutas se seguiram desde então. Desde as ocupações secun-
daristas de 2015 a 2017, que também arrancaram importantes vitórias, ao apoio
decisivo da juventude dado às greves gerais, a luta pelo Fora Temer, e em 2018
contra o projeto “Future-se”, que visava a privatização do ensino superior público,
e a lista segue.

Olhando para trás, tendo em vista toda essa quantidade de lutas, que não foram
pequenas, e que inclusive conquistaram vitórias, temos que realizar um balanço
duro de tudo isso. Porque a verdade é que a juventude trabalhadora luta há muito
tempo, e faz isso de forma grandiosa, arrancando vitórias contra todo tipo de go-
verno que a burguesia tem para oferecer, mostrando que quando a juventude se
une, não há polícia ou tribunais capazes de segurar nossa revolta. Porém, é tam-
bém verdade que, apesar de tudo isso, nossas vidas não melhoraram. Vivemos
hoje uma decadência geral do capitalismo, e apesar de todas as nossas mobiliza-
ções, o desemprego aumenta, em especial entre a juventude, a violência policial
segue, a falta de perspectiva de vida, os suicídios, a fome, tudo isso se amplia.

O que isso significa? Que de fato a luta não é capaz de mudar nada? Que temos
que desistir e nos conformar com a sociedade que vivemos? Nós acreditamos
que não. A luta é fundamental para mudarmos nossas vidas. Porém, apenas lutar
por esse ou aquele direito não é suficiente para conseguirmos isso. A única forma
de efetivamente melhorarmos nossas vidas é combinando todas essas lutas, com
a luta mais geral para transformar a sociedade que vivemos. Para destruir o capi-
talismo, e construir um outro tipo de sociedade. Uma sociedade socialista.
A LUTA CONTRA O CAPITALISMO
Toda a riqueza que vemos no mundo foi produzida pelas mãos dos trabalhadores.
Porém, essa riqueza, que é produzida pelos trabalhadores, não pertence a eles.
Ela pertence a alguns poucos banqueiros, empresários, empreiteiros, industriais
– em suma, à burguesia. Vivemos em uma sociedade que é pautada pelo lucro
desses poucos burgueses. São eles que comandam todo o funcionamento da so-
ciedade, e tudo em prol de seu próprio ganho.

É para aumentar o lucro dessa gente que o desemprego cresce, que os salários di-
minuem, e que nossas condições de vida despencam. Não existe fome no mundo
porque não produzimos comida o suficiente. Muito pelo contrário, existe comida
suficiente para alimentar bem todas as pessoas do planeta. A fome existe porque
uma grande parte da população não consegue o dinheiro necessário para com-
prar os alimentos. O objetivo central da produção de alimentos não é alimentar
as pessoas, mas aumentar os lucros dos donos das empresas, mesmo que isso
cause a fome em larga escala, e que grande parte dos alimentos produzidos seja
desperdiçado.

Para todos aqueles que não são proprietários das grandes indústrias, bancos e
empresas, só resta buscar um trabalho para viver. Mas ter um emprego não de-
pende de nossa vontade, e o tempo todo nos deparamos com o desemprego. E ele
existe não porque é impossível empregar todo mundo. É o exato oposto. Quanto
mais pessoas pudessem trabalhar, mais poderíamos produzir e menos cada um
de nós teria que trabalhar. Porém, o desemprego é uma condição de existência
do capitalismo. Para a burguesia, é fundamental manter e até aumentar o índice
de desempregados, para assim poder diminuir os salários dos trabalhadores e
aumentar a sua exploração. Assim, na sociedade capitalista que vivemos, não é
possível empregar todos, porque a lógica dominante não é a de garantir os inte-
resses do conjunto da sociedade, mas sim de aumentar a exploração dos traba-
lhadores a fim de garantir o maior lucro possível.

O capitalismo é um sistema de exploração e de opressão. Seu objetivo é garantir


a exploração dos trabalhadores pela burguesia, e ele se utiliza de todas as formas
de opressão para conseguir isso. Seja o machismo, racismo, LGBTfobia, as opres-
sões contra nacionalidades, xenofobia, e todo o tipo de preconceito. Todas es-
sas ideologias têm um duplo objetivo. Por um lado, elas asseguram lucros ainda
maiores para a burguesia, que utiliza delas para ampliar a exploração de setores
inteiros da classe trabalhadora, seja impondo duplas jornadas de trabalho, salá-
rios reduzidos, ou a precarização do trabalho. E, por outro lado, permite quebrar
a resistência dos trabalhadores, dividindo a classe, colocando trabalhador contra
trabalhador, nos humilhando, dividindo, e enfraquecendo para, assim, nos impor
seu sistema de exploração com mais facilidade.

Todas essas contradições inerentes ao capitalismo se tornaram ainda mais evi-


dentes com a pandemia do Corona-
vírus. Esse vírus, produto da ex-
ploração desenfreada do meio
ambiente pelas indústrias capita-
listas, poderia ter sido enfrentado
de maneira eficiente, com técni-
cas que remontam à Idade Mé-
dia. Bastaria ter garantido que
todos pudessem cumprir uma
quarentena rígida por algumas
semanas, que a propagação do
vírus poderia ter sido parada ou
pelo menos diminuída. Porém,
também nesse caso, o lucro falou
mais alto que a própria vida. Pois apesar de exis-
tirem, e hoje mais do que nunca, todas as condições necessárias para se garan-
tir uma quarentena verdadeira para todos, assegurando tudo o que as pessoas
necessitassem para se manter em casa, para os donos do capital isso significaria
um prejuízo sem proporções. E por mais que quase todos os governos do mundo
tenham instituído quarentenas, elas não passaram de farsas, já que sem a garan-
tia de emprego e de salário, os únicos que puderam cumpri-las realmente foram
os próprios burgueses, enquanto que para a grande maioria dos trabalhadores
as duas únicas alternativas colocadas foram: morrer de fome em casa, ou morrer
de Covid indo para o trabalho. Nem mesmo o desenvolvimento da vacina mudou
essa situação. Para defender os lucros dos empresários das indústrias farmacêu-
ticas, a burguesia se recusou a quebrar as patentes das vacinas, impedindo que
elas fossem produzidas em todos os cantos do mundo, e se mostrou totalmente
incapaz para realizar algo tão simples quanto uma campanha de vacinação em
massa, que poderia ter ajudado a controlar a pandemia em médio prazo, e limi-
tado as possibilidades de surgimento de novas variantes do vírus. Em ambos os
casos fica demonstrado, portanto, que mesmo quando se trata da própria vida
das pessoas, o lucro dos donos das empresas, indústrias e bancos fala mais alto
na sociedade capitalista.

Por outro lado, o ritmo da vacinação pelo mundo também revela a última faceta
do capitalismo, que assume na época que vivemos a forma de uma brutal domi-
nação por parte dos países imperialistas da economia mundial. É isso que explica
que nos países mais ricos a vacinação tenha sido realizada a ritmo acelerado, en-
quanto que os países mais pobres tenham sido os últimos a receber doses signi-
ficativas de vacinas, apesar de terem sido parte dos responsáveis por seu desen-
volvimento. É essa dominação imperialista que explica, também, o fato do Brasil
ser um dos maiores produtores de comida do mundo, mas ainda existir fome em
larga escala no país, pois a comida aqui produzida é reservada quase toda para a
exportação para os países mais ricos do mundo. Toda a produção e economia do
país estão subordinadas aos interesses dos países centrais do sistema capitalista,
o que significa, para os trabalhadores, ainda mais opressão e exploração.

O mundo que vivemos opõe diariamente os interesses dos trabalhadores aos da


burguesia. Vivemos em uma sociedade comandada pelos interesses da burgue-
sia, e que para isso não hesita em matar, violentar, humilhar os trabalhadores. Ao
mesmo tempo, a lógica do sistema é cruel: esse é o único tipo de sociedade em
que a produção em larga escala causa pobreza. Em que existe fome não porque
não se produziu o suficiente para todos comerem, mas porque não é lucrativo dis-
tribuir esses alimentos. Em que as crises são geradas não por catástrofes naturais,
por colheitas ruins, por condições desfavoráveis, mas devido à superprodução.
Em que o meio ambiente está para ser destruído de forma irreversível, apesar do
altíssimo nível tecnológico que possuímos. Vivemos em uma sociedade em que
a riqueza produz pobreza, em que a fartura produz a fome. Só uma sociedade
doentia prefere que as pessoas fiquem desempregadas, quando elas poderiam
muito bem estar produzindo mais e enriquecendo o conjunto da sociedade. E
tudo isso porque o que comanda o mundo é o lucro de uns poucos senhores, e
não os interesses da grande maioria da população, que são os trabalhadores e o
povo pobre.

A LUTA PELO SOCIALISMO


A burguesia não tem interesse nenhum em garantir os direitos e as condições
de vida dos trabalhadores. Agora, não é verdade que os trabalhadores aceitam
isso calados. Todos os direitos que os trabalhadores têm foram conquistados por
sua luta. Porém, a verdade é que toda a luta, por mais radical, por mais vitoriosa
que seja, eventualmente termina. E, se ela não muda o sistema que vivemos, não
demora para a burguesia retomar o controle da situação, e voltar a aumentar a
exploração dos trabalhadores.

Tudo isso coloca para os trabalhadores e para sua juventude as seguintes alter-
nativas: ou lutar infinitamente contra os diversos ataques da burguesia às nos-
sas condições de vida, ou mudar de vez o sistema que vivemos. O único jeito de
satisfazer definitivamente as reivindicações da juventude e dos trabalhadores é
destruindo o capitalismo. Enquanto não mudar o sistema, todas as nossas lutas, e
todas as vitórias que delas podemos obter, serão parciais, breves ou insuficientes.

A única forma de fazer isso é mostrando para os trabalhadores, para os jovens que
se mobilizam, a necessidade de se organizar, não apenas para lutar por seus di-
reitos, mas também contra o sistema capitalista. Para tirar o poder da sociedade
das mãos da burguesia, que causa todos esses problemas que vemos, e colocar
nas mãos dos trabalhadores. Para construir uma sociedade em que aquilo que é
produzido pelos trabalhadores pertença aos trabalhadores, sirva para melhorar
suas vidas. Uma sociedade sem exploração e sem opressão.

Para a juventude trabalhadora, a realidade se coloca da mesma forma. Ou ligar


nossas mobilizações à luta dos trabalhadores por uma sociedade diferente, ou
seguir para sempre lutando contra o desemprego que é avassalador entre os jo-
vens, contra a violência policial que massacra os negros, contra o machismo e a
LGBTfobia que nos humilha, agride e mata todos os dias, contra a falta de pers-
pectivas de vida que nos levam ao suicídio. Tudo isso são questões de vida ou
morte para nós. Mas são todos problemas que só podem ser resolvidos com o fim
do capitalismo. Então a luta pelo socialismo, para nós, também é uma questão
de vida ou morte. Ou mudamos o sistema que vivemos, ou seremos arruinados e
destruídos por ele.

Sabemos que é apenas quando os trabalhadores conquistarem o poder e muda-


rem o sistema da sociedade que vivemos, que poderemos ter uma vida melhor,
livre de exploração e de opressão. E, nesse sentido, colocamos as lutas da juven-
tude trabalhadora a serviço dessa luta mais geral dos trabalhadores pelo socialis-
mo!

O PAPEL DO REBELDIA
De tempos em tempos, a classe trabalhadora dos diversos países do mundo se
rebela contra a exploração capitalista. Todo ano vemos diferentes exemplos disso,
revoluções que estouram por todo o canto do planeta, pelos motivos mais diver-
sos, mas que no fundo tem uma mesma explicação, que é o sistema capitalista. O
único jeito de mudar de verdade a situação dos trabalhadores é transformar es-
ses processos de insurreição em verdadeiras
revoluções socialistas, que acabem com o
sistema capitalista e coloquem os tra-
balhadores no poder.

Se nosso objetivo é
fazer uma revolução,
porém, que tarefa
devemos cumprir
para a sua prepara-
ção? Já que todas
as vitórias que pode-
mos obter no capitalismo são apenas parciais e temporárias, e só a revolução
pode mudar de fato a situação, então não podemos fazer nada enquanto elas não
aconteçam? Não, é evidente que temos muito a fazer. Pois a verdade é que quan-
do esses processos revolucionários acontecem, se não há uma organização políti-
ca com um programa revolucionário para dirigir esses ascensos para a tomada do
poder, então eles nunca serão vitoriosos na luta contra o capitalismo. É isso que
vimos em todos os processos revolucionários dos últimos tempos. Por maiores e
mais radicais que sejam, se não há uma vanguarda revolucionária capaz de ga-
nhar esses movimentos de massas para a tomada do poder, então eventualmen-
te eles acabarão por perder força e a burguesia retomará o controle da situação.

Se a única maneira definitiva de mudar a situação de nossa classe e da juventu-


de é através da revolução socialista, então parte fundamental desse processo é
organizar o máximo possível de pessoas em torno do programa revolucionário,
ganhá-los para a nossa compreensão da realidade, sobre os problemas do capita-
lismo e a necessidade do socialismo. Para que quando as mobilizações de massas
ocorram, estejamos em condições de propor ao conjunto da classe trabalhadora
que a saída deve ser a tomada do poder e a construção do socialismo. É para isso
que existe o Rebeldia, para ganhar e organizar o máximo possível de jovens em
torno do programa revolucionário. Para ganhar e preparar o que existe de mais
avançado na juventude para a revolução socialista. Nesse sentido, podemos resu-
mir as tarefas do Rebeldia em três grandes eixos:

1. A LUTA POR NOSSOS DIREITOS


Nem a luta pelo socialismo, nem a luta por uma concepção diferente de mundo,
são o suficientes se falamos apenas para nós mesmos. A juventude trabalhadora
luta todos os dias por sua sobrevivência, e nós precisamos estar presentes em
todas essas lutas. Pois só assim seremos capazes de mostrar que essas lutas, que
começam por melhores condições de vida, por emprego, pela nossa educação
pública, contra as opressões e a violência, têm que estar ligadas à luta mais geral
pelo socialismo.

Para nós, todos os problemas da sociedade, que dia após dia causam a mobili-
zação da juventude, só podem ser resolvidos verdadeiramente pelo socialismo.
Agora, só podemos mostrar essa ligação entre as lutas mais imediatas com a luta
pelo socialismo se estivermos presentes em todas as lutas da juventude, por
menores que elas possam parecer.

Só seremos escutados se formos os mais decididos combatentes, os mais aguer-


ridos, os mais radicais, os mais consequentes. Ninguém vai nos dar ouvidos se
chegamos a uma greve estudantil, por exemplo, falando que de nada aquilo ser-
ve, e viva o socialismo. Primeiro porque isso não é verdade, a luta pelo socialismo
começa com as lutas pelos direitos mais imediatos dos trabalhadores e da juven-
tude. E segundo, que a única forma de mostrarmos isso é se estivermos presen-
tes nessas lutas, e fizermos a experiência de forma conjunta ao restante de nossa
classe.

Além disso, muitas vezes é na nossa juventude que temos o primeiro contato
com os movimentos e as lutas. Assim, se coloca para nós a tarefa urgente de nos
formar e autoeducar nas lutas cotidianas dos trabalhadores e de sua juventude,
virarmos os mais experientes e reconhecidos combatentes de nossa classe, para
que possamos ter experiência de causa para falar da insuficiência da luta quando
ela não está ligada à batalha pelo socialismo. É apenas nos formando na luta dos
trabalhadores e de sua juventude, no seu cotidiano, passando pelas vitórias, pelas
derrotas, tirando suas lições, que teremos o conhecimento e a moral para dispu-
tar o conjunto da sociedade para nossas ideias, para o socialismo.

2. A LUTA POR UMA CONCEPÇÃO DIFERENTE


DE MUNDO
Existem diversas formas de olharmos e entendermos o mundo que vivemos. To-
dos os dias, somos disputados para as mais diversas concepções de mundo, o
que implica em saídas diferentes para os problemas que enfrentamos. O empre-
endedorismo, por exemplo, prega à juventude que ela deve lutar por uma saída
individual. O reformismo, por outro lado, diz que devemos lutar por reformas na
sociedade, em especial através do Parlamento e das eleições, a fim de garan-
tir melhores condições de vida. De forma geral, todas
essas concepções de mundo têm uma mesma es-
sência em comum: manter o sistema capitalista
intacto. E por isso nenhuma dessas saídas é real-
mente uma alternativa para os trabalhadores e a
juventude, porque sabemos que a origem dos nos-
sos problemas é a própria lógica do sistema ca-
pitalista, que não pode ser mudada nem in-
dividualmente e nem por reformas através
do regime político do próprio capitalismo.

A burguesia dispõe de uma infinidade de


ferramentas e instituições para manter a
sociedade sob seu controle. As principais são
as armas, que se expressam nas polícias e
nos exércitos. Porém, uma outra forma mui-
to eficaz e importante de garantir o controle
social é através da disputa das ideias. Todos
os dias, aprendemos nas escolas, nos programas de TV, nos jornais, nas conversas
com nossos colegas, que o capitalismo é a única forma possível de se organizar
a sociedade. Isso é o oposto da verdade. Porém, com tudo na sociedade que vi-
vemos nos dizendo que devemos aceitar o mundo como ele é, pois é impossível
mudá-lo, acabamos aceitando essas ideias como verdadeiras, apesar de não con-
tarem com nenhum embasamento na realidade.

Porém, quando nos colocamos a estudar mais a fundo sobre a sociedade que
vivemos e as que vieram antes dela, a figura que vemos é o exato oposto daquilo
que nos fazem acreditar. O capitalismo é, na verdade, apenas uma das formas
possíveis de organização social. Uma forma que, diga-se de passagem, dura há
pouco tempo se comparado com o quanto as outras duraram. E que conta, em
sua própria essência, com as contradições que levarão à sua derrota final. Essa
concepção de mundo foi primeiro sistematizada por Marx, e ficou conhecida por
marxismo.

Nesse sentido, a teoria revolucionária é uma arma nas mãos da juventude e dos
trabalhadores. Com o estudo profundo da sociedade capitalista, podemos en-
tender não apenas quais são as origens dos problemas que nos afligem todos os
dias, mas também como fazer para derrotar o capitalismo e construir uma socie-
dade diferente.

Portanto, para conseguirmos ser vitoriosos, o Rebeldia deve ser uma escola de
formação de revolucionários. Que permita à juventude se educar, através dos es-
tudos teóricos do marxismo e com a experiência da luta de classes, sobre o capi-
talismo, as formas de derrotá-lo, e o socialismo. Porém, que sirva não apenas para
isso, mas também permita nossa educação sobre como disputar essas ideias en-
tre a sociedade, e vencer a disputa teórica e de concepção de mundo entre a
juventude, não apenas contra a burguesia e suas instituições ideológicas, mas
também contra as demais alternativas que se dizem de “esquerda”, mas que na
verdade preparam nossa derrota.

3. A LUTA PELO PODER


Se é verdade que a disputa ideológica desempenhada pela burguesia é bem efi-
caz em manter o controle da sociedade, também é verdade que apenas ela não é
o suficiente. Porque por mais difundidas e fortes que sejam as ideologias da clas-
se dominante, a verdade é que ela ainda precisa de um Estado e de instituições
que cumpram o papel de garantir as condições necessárias para o funcionamen-
to da sociedade capitalista e da exploração dos trabalhadores.

O Estado e suas diversas instituições cumprem um papel fundamental para o


capitalismo. É ele que assegura e garante as regras do sistema capitalista. Garan-
te que os contratos firmados sejam cumpridos, que todas as empresas possam
competir em condições iguais, e mesmo que os trabalhadores tenham o mínimo
que lhes é necessário para que continuem a ser explorados pelos capitalistas,
como o mínimo de saúde e educação, entre outros.

Todas essas funções do Estado são importantes para o capitalismo, porém a mais
importante de todas é, sem dúvida, a manutenção da ordem burguesa. Isso é,
garantir, através da força e da violência, que os trabalhadores continuem a ser
explorados e oprimidos. É para isso que existem as polícias, os exércitos, a lei e os
tribunais. Podemos notar isso todos os dias, como com os assassinatos de jovens
negros nas periferias pelas mãos das polícias militares.

Porém, em nenhum momento esse papel do Estado é mais evidente do que


diante de um conflito direto entre a burguesia e os trabalhadores. Isto é, durante
as greves, insurreições, e mobilizações de massas, que fogem ao controle da bu-
rocracia e que ameaçam a propriedade privada burguesa, e que não conseguem
ser sufocadas pela pressão dos jornais, pelas liminares dos tribunais, ou pela ame-
aça de demissão. Quando todos esses mecanismos falham, o Exército e a Polícia
são chamados para reprimir violentamente os trabalhadores. E através da violên-
cia a burguesia massacra os trabalhadores, sufoca sua luta, e mantem sua ordem
em funcionamento.

É o Estado e suas instituições, em especial suas forças armadas, o principal pilar


de sustentação do capitalismo. É através dele que a burguesia pode impor sua
vontade ao conjunto da sociedade, fazer o que quiser com os trabalhadores e
continuar nos explorando cada vez mais. E se a única forma de mudarmos nossas
vidas de fato é acabando com o sistema capitalista, então para isso precisamos
destruir esse Estado capitalista opressivo e repressor, que é a principal sustenta-
ção desse sistema.

Portanto, o objetivo final de todas as lutas dos revolucionários deve ser voltado
para uma principal tarefa: tirar o poder da sociedade das mãos da burguesia e
coloca-lo nas mãos dos trabalhadores. Isso significa destruir o Estado capitalis-
ta que oprime e reprime os trabalhadores, e construir um outro tipo de Estado,
onde quem mande sejam os próprios trabalhadores, através de sua autoorgani-
zação, seja através de conselhos de bairros, comitês de fábrica, entre outros. To-
das as outras tarefas do Rebeldia devem ter como principal perspectiva ganhar
o máximo possível de jovens para essa ideia. Nossos estudos, nossa inserção nos
movimentos e nas lutas, nosso trabalho de base, tudo isso está subordinado a
essa tarefa mais central, de agitar e propagandear a necessidade da tomada do
poder e do socialismo, ganhando as pessoas para esse programa a partir das suas
necessidades, lutas e consciência mais imediatas. Demonstrando, de forma que
não sobre dúvidas, de que é apenas através de uma revolução que coloque os tra-
balhadores no poder, que poderemos acabar com o sistema capitalista, construir
uma sociedade socialista, e assim melhorar de verdade nossas vidas.

NOSSA LIGAÇÃO COM O MOVIMENTO


OPERÁRIO
Sabemos que, enquanto uma organização de juventude, jamais seremos vito-
riosos sozinhos. Não seremos capazes de transformar a sociedade que vivemos
sozinhos, e sequer conseguiremos ter uma visão total correta da luta de classes
e do que ocorre no mundo. É correto construir a organização da juventude revo-
lucionária, pois só assim seremos capazes de organizar amplamente a juventude
trabalhadora, formar militantes revolucionários jovens, e colocar o movimento da
juventude a serviço da luta dos trabalhadores e do socialismo, porém seríamos
ingênuos se achássemos que sozinhos podemos ser bem sucedidos.

Não existe neutralidade no mundo que vivemos. As escolas, os jornais, a TV, a


educação que recebemos no cotidiano de nossas vidas, tudo isso está a serviço
de nos convencer de que a sociedade que vivemos só pode ser essa, que não há
nada que possamos fazer. De que temos que aceitar a exploração e a opressão,
porque isso que é o “natural”, ou o “certo”. Sabemos que o mundo é feito de lados,
e escolhemos nosso lado dessa briga, e esse lado é junto aos trabalhadores.

Portanto, é necessário que sejamos ligados ao movimento operário revolucioná-


rio. Apenas assim conseguiremos subordinar nosso movimento à luta mais geral
dos trabalhadores, que é a única luta capaz de transformar verdadeiramente a
sociedade. Além disso, jogados à nossa própria sorte, temos certeza que iremos
cometer tantos erros, que não conseguiremos avançar em direção aos nossos ob-
jetivos. Não que seja ruim cometermos erros, mas para que possamos aprender
com eles, temos que estar ligados a alguma organização revolucionária de traba-
lhadores, que tenha como objetivo nos ajudar a avançar em uma compreensão
revolucionária da realidade e das tarefas que se colocam.

Por esses motivos, o Rebeldia nasce desde seu começo ligado à LIT-QI – Liga In-
ternacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional. É na LIT que está consolida-
do o que há de melhor do movimento revolucionário operário internacional. É ela
a continuidade da genuína teoria e do programa revolucionários, passando por
Marx, Engels, Rosa Luxemburgo, Lênin, Trotsky, Moreno, e tantos outros.

No Brasil, a sessão da LIT é o PSTU, e é a esse partido que nos ligamos. Não temos
medo de sermos “partidários”, de tomar partido frente aos problemas que exis-
tem no mundo. Temos problemas sim é com os partidos eleitorais, que prome-
tem qualquer coisa para ganhar cargos e gabinetes, que traem e vendem a luta
dos trabalhadores e da juventude, ou com os partidos degenerados e burocráti-
cos. Todas essas organizações geram um sentimento de repúdio muito legítimo
entre grande parte dos jovens. Porém, não podemos deixar que isso nos leve a
uma posição contra qualquer organização ou partido. No mundo que vivemos,
não existem aqueles sem partido. Ou tomamos um partido próprio, ou deixamos
que os outros tomem por nós. E nós tomamos o partido da LIT e do PSTU.

Isso não quer dizer que sejamos uma mera sombra dessas organizações. O Re-
beldia é uma organização com vida própria, com projetos próprios, que toma
suas próprias decisões sobre nossas lutas. Porém, nas questões mais gerais, no
que toca o programa revolucionário, a conjuntura nacional e, especialmente, a
internacional, nos subordinamos à LIT e ao PSTU. Entendemos as limitações de
uma organização de juventude, e justamente por isso temos uma postura não de
arrogância, mas de aprendizagem, e buscamos nessas organizações uma orien-
tação sobre nossos projetos, nossas ideias e nosso programa.

COMO FUNCIONA A ORGANIZAÇÃO DO


REBELDIA
A principal forma de organização do Rebeldia são suas células. As células do Re-
beldia são organismos que reúnem jovens, que estudam na mesma escola, uni-
versidade, cidade, etc., e que acreditam no socialismo e buscam tanto organizar
suas lutas cotidianas como se formar enquanto militantes revolucionários.

A única forma de conseguirmos mostrar para as pessoas a necessidade do so-


cialismo é ligando suas lutas mais elementares, por suas necessidades cotidia-
nas, à luta pelo socialismo. Portanto, o principal papel das células do Rebeldia é
prestar o máximo de atenção possível às demandas dos jovens de sua frente de
atuação. Buscar ao máximo encontrar as reivindicações que possam mover as
pessoas e ocasionar mobilizações, e tentar sistematizar elas e impulsionar esses
movimentos. Ter uma postura não de arrogância, mas de aprendizado, de ouvir,
escutar. Mostrar que nós não somos em nada diferentes do restante dos jovens
trabalhadores. Apenas possuímos uma perspectiva diferente sobre o mundo, e
buscamos, nas lutas cotidianas, disputar as pessoas para nossas ideias, de forma
democrática, aberta, pública, sem sectarismo e sem nos opor ao movimento ge-
ral dos estudantes e da juventude. E isso porque acreditamos que o socialismo
e as lutas cotidianas de fato não se opõem, mas sim se complementam. Nosso
único objetivo é impulsionar e apoiar as lutas de nossa classe, e buscar fazer essa
ligação entre elas e o socialismo no dia-a-dia.
Os requisitos para fazer parte do Rebeldia são simples. Qualquer um que busque
um lugar para organizar suas lutas, de forma mais consequente e consciente, e
ao mesmo tempo se disponha a discutir nossas ideias sobre socialismo e o mun-
do, pode fazer parte do Rebeldia. Não exigimos nada, além de disposição para or-
ganizar suas lutas, se mobilizar, e discutir sobre socialismo e a revolução, mesmo
que a pessoa ainda não concorde totalmente com isso.

Muitas vezes, portanto, o Rebeldia pode acabar servindo de espaço para unificar
os ativistas de vários movimentos, coletivos. Ou pode servir como o principal meio
de organização das mobilizações em uma escola. Ou talvez, para auxiliar os grê-
mios, CAs e DCEs em suas lutas. Para nós, o importante é que o Rebeldia esteja
ligado cotidianamente nas lutas da juventude trabalhadora. E que, no interior do
Rebeldia, existam ativistas que não necessariamente concordem com tudo, mas
que tenham disposição para discutir e se formar no marxismo e no programa da
classe operária.

Por isso, se você quer fazer parte do Rebeldia, procure uma célula na sua escola,
faculdade, cidade! Se ela ainda não existe, entre em contato com a Coordenação
Nacional do Rebeldia, para iniciar o processo de fundação de uma célula. Dentro
das células do Rebeldia, quatro coisas são fundamentais:

1) Divisão de tarefas – Sabemos que individualmente jamais vamos conseguir


ser vitoriosos em nossas lutas. É apenas quando unirmos as qualidades de cada
um dos militantes do Rebeldia que seremos capazes de sermos mais fortes. Por-
tanto, é importante que cada pessoa dentro da célula pegue alguma tarefa, ajude
de alguma forma. Seja na comunicação, agindo como ponte entre a Coordenação
Nacional do Rebeldia e a célula, ajudando a preparar as atividades do movimento,
orientando as discussões políticas, ajudando na formação teórica, etc.

2) Ida para o movimento – Como dissemos, o Rebeldia não é um clube de es-


tudos. Nosso programa e teoria revolucionários apenas existem para auxiliar e
armar o movimento dos trabalhadores e de sua juventude na luta pelo socialis-
mo e pela conquista do poder. As células tem o papel fundamental de organizar
nossa intervenção no movimento. Ouvir atentamente as demandas dos ativistas,
dos estudantes e jovens, e pensar em formas de impulsionar as mobilizações,
e de elas serem vitoriosas. É importante que sempre as células do Rebeldia te-
nham isso em mente e tomem medidas para isso. Podem ser as atividades mais
simples, como panfletagens, rodas de discussão, até as maiores, como greves,
ocupações. Mas independente da magnitude do movimento, temos sempre que
estar pensando numa política para impulsionar as mobilizações e nos ligar às já
existentes.
3) Politização e formação – Se é verdade que nada adianta ficarmos discutindo
teoria e política sem nos ligarmos ao movimento, o oposto também é verdade.
Nossa tarefa é fazer a ligação entre as mobilizações dos jovens trabalhadores e o
socialismo. Só seremos capazes de fazermos isso se antes discutirmos a conjun-
tura internacional e nacional, se nos formarmos na teoria e no programa revolu-
cionário da classe operária. Por isso, é fundamental que as células do Rebeldia
girem em torno da discussão política, teórica e programática. Pois só assim con-
seguiremos formar os militantes jovens revolucionários que irão levar as ideias do
socialismo para o movimento estudantil e da juventude trabalhadora no geral.
Para nos auxiliar nessa tarefa, utilizaremos as redes sociais do Rebeldia e as publi-
cações que nelas forem feitas. Os posts online são como nossos centralizadores
políticos, e tem especial ênfase o nosso canal do Youtube. Além disso, também
utilizaremos o Opinião Socialista, principal jornal do PSTU, para guiar nossas dis-
cussões políticas nas células. Podemos utilizar outros materiais também, desde
revistas teóricas, artigos de sites, ou mesmo livros dos clássicos do marxismo. O
importante é que as reuniões das células do Rebeldia tem que servir para nos
formarmos enquanto militantes, e nos armarmos com a teoria e a política revolu-
cionárias que iremos disputar no dia-a-dia em nossas escolas, universidades, e no
movimento em geral da juventude trabalhadora.

4) Construção e disputa das nossas ideias – O objetivo final do Rebeldia é


ganhar mais e mais jovens para o programa da revolução socialista e da tomada
do poder pelos trabalhadores. Portanto, parte fundamental das nossas ativida-
des é fazer a disputa de ideias entre a juventude, o que inclui refletir e elaborar
formas para ganhar as pessoas para as nossas ideias. Isso significa partir não de
conceitos predefinidos ou abstratos, mas se basear na própria realidade e no que
as pessoas pensam para explicar e demonstrar a justeza de nossas ideias, e como
elas são uma necessidade imposta pela própria realidade das contradições do
capitalismo. Só assim seremos capazes de crescer, organizar a vanguarda revo-
lucionária da juventude trabalhadora, e preparar a vitória da revolução socialista.

OS PRINCÍPIOS GERAIS DO REBELDIA


Para ser militante do Rebeldia, basta querer organizar suas lutas conosco, e ter
disposição em discutir sobre socialismo e se formar em base à teoria revolucio-
nária da classe operária. Se você já concorda com tudo isso, então na prática você
já é um militante do Rebeldia!Além disso, existem alguns princípios básicos do
Rebeldia, que servem para definir aquilo que une todos os nossos militantes. São
eles:

1) A luta contra as opressões – As opressões fazem parte do funcionamento


do capitalismo, servem para nos dividir, enfrequecer, explorar e humilhar. Não
aceitamos opressões dentro de nossa organização. E não apenas nos juntamos e
impulsionamos a luta dos oprimidos, mas batalhamos também contra suas ex-
pressões na sociedade.

2) Democracia operária – Somos a favor de um funcionamento baseado no


princípio de uma democracia real, que vem desde a base. E lutamos por esse
princípio nas organizações da juventude e nas suas lutas. Em outras palavras, isso
significa uma luta permanente contra a burocratização na nossa organização e
no movimento e suas entidades.

3) Combinação da luta pelas reivindicações cotidianas, pelo socialismo e


pela teoria revolucionária – O Rebeldia não é nem um grupo de estudos, e nem
um coletivo do movimento que age sem ter uma base teórica. O Rebeldia é a
concretização da união dessas três lutas na juventude.

4) Subordinação à luta da classe operária – Enquanto uma organização de


jovens, sabemos que sozinhos não conseguiremos jamais derrotar o capitalismo
e mudar o mundo que vivemos. Portanto, subordinamos nossas lutas às lutas da
classe trabalhadora e do povo pobre, e lutamos para que as mobilizações da ju-
ventude também tenham esse caráter classista.

5) Socialismo e internacionalismo – Nosso objetivo não é apenas lutar pelos di-


reitos básicos da juventude trabalhadora. Temos um projeto muito mais ambici-
oso, que é ganhar parte da juventude do país e do mundo para o projeto de mu-
dar o mundo por completo. E sabemos que por mais que lutemos por isso aqui no
Brasil, a transformação real do mundo não pode se limitar apenas ao nosso país.
Ela só virá com um processo que se alastre para os outros países, uma revolução
socialista internacional, e cabe a nós não apenas prestar toda solidariedade de
classe aos trabalhadores e jovens dos outros países, mas também apoiar e impul-
sionar suas lutas, rumo a uma sociedade socialista não só no Brasil, mas no mun-
do todo!
vamos conversar!
/rebeldiajuventude

@rebeldia_ juventude

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@rebeldia_ juv

(11) 98251- 2495

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