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O BALANÇO DAS LUTAS DA JUVENTUDE
A juventude trabalhadora brasileira vem realizando grandes lutas e mobilizações
há décadas no país. Em 2013, todos assistimos uma rebelião popular que explodiu
após o aumento das passagens do transporte público, que teve um protagonis-
mo importante da juventude, e que colocou todos os governos em pânico. A luta
foi vitoriosa, e mais lutas se seguiram desde então. Desde as ocupações secun-
daristas de 2015 a 2017, que também arrancaram importantes vitórias, ao apoio
decisivo da juventude dado às greves gerais, a luta pelo Fora Temer, e em 2018
contra o projeto “Future-se”, que visava a privatização do ensino superior público,
e a lista segue.
Olhando para trás, tendo em vista toda essa quantidade de lutas, que não foram
pequenas, e que inclusive conquistaram vitórias, temos que realizar um balanço
duro de tudo isso. Porque a verdade é que a juventude trabalhadora luta há muito
tempo, e faz isso de forma grandiosa, arrancando vitórias contra todo tipo de go-
verno que a burguesia tem para oferecer, mostrando que quando a juventude se
une, não há polícia ou tribunais capazes de segurar nossa revolta. Porém, é tam-
bém verdade que, apesar de tudo isso, nossas vidas não melhoraram. Vivemos
hoje uma decadência geral do capitalismo, e apesar de todas as nossas mobiliza-
ções, o desemprego aumenta, em especial entre a juventude, a violência policial
segue, a falta de perspectiva de vida, os suicídios, a fome, tudo isso se amplia.
O que isso significa? Que de fato a luta não é capaz de mudar nada? Que temos
que desistir e nos conformar com a sociedade que vivemos? Nós acreditamos
que não. A luta é fundamental para mudarmos nossas vidas. Porém, apenas lutar
por esse ou aquele direito não é suficiente para conseguirmos isso. A única forma
de efetivamente melhorarmos nossas vidas é combinando todas essas lutas, com
a luta mais geral para transformar a sociedade que vivemos. Para destruir o capi-
talismo, e construir um outro tipo de sociedade. Uma sociedade socialista.
A LUTA CONTRA O CAPITALISMO
Toda a riqueza que vemos no mundo foi produzida pelas mãos dos trabalhadores.
Porém, essa riqueza, que é produzida pelos trabalhadores, não pertence a eles.
Ela pertence a alguns poucos banqueiros, empresários, empreiteiros, industriais
– em suma, à burguesia. Vivemos em uma sociedade que é pautada pelo lucro
desses poucos burgueses. São eles que comandam todo o funcionamento da so-
ciedade, e tudo em prol de seu próprio ganho.
É para aumentar o lucro dessa gente que o desemprego cresce, que os salários di-
minuem, e que nossas condições de vida despencam. Não existe fome no mundo
porque não produzimos comida o suficiente. Muito pelo contrário, existe comida
suficiente para alimentar bem todas as pessoas do planeta. A fome existe porque
uma grande parte da população não consegue o dinheiro necessário para com-
prar os alimentos. O objetivo central da produção de alimentos não é alimentar
as pessoas, mas aumentar os lucros dos donos das empresas, mesmo que isso
cause a fome em larga escala, e que grande parte dos alimentos produzidos seja
desperdiçado.
Para todos aqueles que não são proprietários das grandes indústrias, bancos e
empresas, só resta buscar um trabalho para viver. Mas ter um emprego não de-
pende de nossa vontade, e o tempo todo nos deparamos com o desemprego. E ele
existe não porque é impossível empregar todo mundo. É o exato oposto. Quanto
mais pessoas pudessem trabalhar, mais poderíamos produzir e menos cada um
de nós teria que trabalhar. Porém, o desemprego é uma condição de existência
do capitalismo. Para a burguesia, é fundamental manter e até aumentar o índice
de desempregados, para assim poder diminuir os salários dos trabalhadores e
aumentar a sua exploração. Assim, na sociedade capitalista que vivemos, não é
possível empregar todos, porque a lógica dominante não é a de garantir os inte-
resses do conjunto da sociedade, mas sim de aumentar a exploração dos traba-
lhadores a fim de garantir o maior lucro possível.
Por outro lado, o ritmo da vacinação pelo mundo também revela a última faceta
do capitalismo, que assume na época que vivemos a forma de uma brutal domi-
nação por parte dos países imperialistas da economia mundial. É isso que explica
que nos países mais ricos a vacinação tenha sido realizada a ritmo acelerado, en-
quanto que os países mais pobres tenham sido os últimos a receber doses signi-
ficativas de vacinas, apesar de terem sido parte dos responsáveis por seu desen-
volvimento. É essa dominação imperialista que explica, também, o fato do Brasil
ser um dos maiores produtores de comida do mundo, mas ainda existir fome em
larga escala no país, pois a comida aqui produzida é reservada quase toda para a
exportação para os países mais ricos do mundo. Toda a produção e economia do
país estão subordinadas aos interesses dos países centrais do sistema capitalista,
o que significa, para os trabalhadores, ainda mais opressão e exploração.
Tudo isso coloca para os trabalhadores e para sua juventude as seguintes alter-
nativas: ou lutar infinitamente contra os diversos ataques da burguesia às nos-
sas condições de vida, ou mudar de vez o sistema que vivemos. O único jeito de
satisfazer definitivamente as reivindicações da juventude e dos trabalhadores é
destruindo o capitalismo. Enquanto não mudar o sistema, todas as nossas lutas, e
todas as vitórias que delas podemos obter, serão parciais, breves ou insuficientes.
A única forma de fazer isso é mostrando para os trabalhadores, para os jovens que
se mobilizam, a necessidade de se organizar, não apenas para lutar por seus di-
reitos, mas também contra o sistema capitalista. Para tirar o poder da sociedade
das mãos da burguesia, que causa todos esses problemas que vemos, e colocar
nas mãos dos trabalhadores. Para construir uma sociedade em que aquilo que é
produzido pelos trabalhadores pertença aos trabalhadores, sirva para melhorar
suas vidas. Uma sociedade sem exploração e sem opressão.
O PAPEL DO REBELDIA
De tempos em tempos, a classe trabalhadora dos diversos países do mundo se
rebela contra a exploração capitalista. Todo ano vemos diferentes exemplos disso,
revoluções que estouram por todo o canto do planeta, pelos motivos mais diver-
sos, mas que no fundo tem uma mesma explicação, que é o sistema capitalista. O
único jeito de mudar de verdade a situação dos trabalhadores é transformar es-
ses processos de insurreição em verdadeiras
revoluções socialistas, que acabem com o
sistema capitalista e coloquem os tra-
balhadores no poder.
Se nosso objetivo é
fazer uma revolução,
porém, que tarefa
devemos cumprir
para a sua prepara-
ção? Já que todas
as vitórias que pode-
mos obter no capitalismo são apenas parciais e temporárias, e só a revolução
pode mudar de fato a situação, então não podemos fazer nada enquanto elas não
aconteçam? Não, é evidente que temos muito a fazer. Pois a verdade é que quan-
do esses processos revolucionários acontecem, se não há uma organização políti-
ca com um programa revolucionário para dirigir esses ascensos para a tomada do
poder, então eles nunca serão vitoriosos na luta contra o capitalismo. É isso que
vimos em todos os processos revolucionários dos últimos tempos. Por maiores e
mais radicais que sejam, se não há uma vanguarda revolucionária capaz de ga-
nhar esses movimentos de massas para a tomada do poder, então eventualmen-
te eles acabarão por perder força e a burguesia retomará o controle da situação.
Para nós, todos os problemas da sociedade, que dia após dia causam a mobili-
zação da juventude, só podem ser resolvidos verdadeiramente pelo socialismo.
Agora, só podemos mostrar essa ligação entre as lutas mais imediatas com a luta
pelo socialismo se estivermos presentes em todas as lutas da juventude, por
menores que elas possam parecer.
Além disso, muitas vezes é na nossa juventude que temos o primeiro contato
com os movimentos e as lutas. Assim, se coloca para nós a tarefa urgente de nos
formar e autoeducar nas lutas cotidianas dos trabalhadores e de sua juventude,
virarmos os mais experientes e reconhecidos combatentes de nossa classe, para
que possamos ter experiência de causa para falar da insuficiência da luta quando
ela não está ligada à batalha pelo socialismo. É apenas nos formando na luta dos
trabalhadores e de sua juventude, no seu cotidiano, passando pelas vitórias, pelas
derrotas, tirando suas lições, que teremos o conhecimento e a moral para dispu-
tar o conjunto da sociedade para nossas ideias, para o socialismo.
Porém, quando nos colocamos a estudar mais a fundo sobre a sociedade que
vivemos e as que vieram antes dela, a figura que vemos é o exato oposto daquilo
que nos fazem acreditar. O capitalismo é, na verdade, apenas uma das formas
possíveis de organização social. Uma forma que, diga-se de passagem, dura há
pouco tempo se comparado com o quanto as outras duraram. E que conta, em
sua própria essência, com as contradições que levarão à sua derrota final. Essa
concepção de mundo foi primeiro sistematizada por Marx, e ficou conhecida por
marxismo.
Nesse sentido, a teoria revolucionária é uma arma nas mãos da juventude e dos
trabalhadores. Com o estudo profundo da sociedade capitalista, podemos en-
tender não apenas quais são as origens dos problemas que nos afligem todos os
dias, mas também como fazer para derrotar o capitalismo e construir uma socie-
dade diferente.
Portanto, para conseguirmos ser vitoriosos, o Rebeldia deve ser uma escola de
formação de revolucionários. Que permita à juventude se educar, através dos es-
tudos teóricos do marxismo e com a experiência da luta de classes, sobre o capi-
talismo, as formas de derrotá-lo, e o socialismo. Porém, que sirva não apenas para
isso, mas também permita nossa educação sobre como disputar essas ideias en-
tre a sociedade, e vencer a disputa teórica e de concepção de mundo entre a
juventude, não apenas contra a burguesia e suas instituições ideológicas, mas
também contra as demais alternativas que se dizem de “esquerda”, mas que na
verdade preparam nossa derrota.
Todas essas funções do Estado são importantes para o capitalismo, porém a mais
importante de todas é, sem dúvida, a manutenção da ordem burguesa. Isso é,
garantir, através da força e da violência, que os trabalhadores continuem a ser
explorados e oprimidos. É para isso que existem as polícias, os exércitos, a lei e os
tribunais. Podemos notar isso todos os dias, como com os assassinatos de jovens
negros nas periferias pelas mãos das polícias militares.
Portanto, o objetivo final de todas as lutas dos revolucionários deve ser voltado
para uma principal tarefa: tirar o poder da sociedade das mãos da burguesia e
coloca-lo nas mãos dos trabalhadores. Isso significa destruir o Estado capitalis-
ta que oprime e reprime os trabalhadores, e construir um outro tipo de Estado,
onde quem mande sejam os próprios trabalhadores, através de sua autoorgani-
zação, seja através de conselhos de bairros, comitês de fábrica, entre outros. To-
das as outras tarefas do Rebeldia devem ter como principal perspectiva ganhar
o máximo possível de jovens para essa ideia. Nossos estudos, nossa inserção nos
movimentos e nas lutas, nosso trabalho de base, tudo isso está subordinado a
essa tarefa mais central, de agitar e propagandear a necessidade da tomada do
poder e do socialismo, ganhando as pessoas para esse programa a partir das suas
necessidades, lutas e consciência mais imediatas. Demonstrando, de forma que
não sobre dúvidas, de que é apenas através de uma revolução que coloque os tra-
balhadores no poder, que poderemos acabar com o sistema capitalista, construir
uma sociedade socialista, e assim melhorar de verdade nossas vidas.
Por esses motivos, o Rebeldia nasce desde seu começo ligado à LIT-QI – Liga In-
ternacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional. É na LIT que está consolida-
do o que há de melhor do movimento revolucionário operário internacional. É ela
a continuidade da genuína teoria e do programa revolucionários, passando por
Marx, Engels, Rosa Luxemburgo, Lênin, Trotsky, Moreno, e tantos outros.
No Brasil, a sessão da LIT é o PSTU, e é a esse partido que nos ligamos. Não temos
medo de sermos “partidários”, de tomar partido frente aos problemas que exis-
tem no mundo. Temos problemas sim é com os partidos eleitorais, que prome-
tem qualquer coisa para ganhar cargos e gabinetes, que traem e vendem a luta
dos trabalhadores e da juventude, ou com os partidos degenerados e burocráti-
cos. Todas essas organizações geram um sentimento de repúdio muito legítimo
entre grande parte dos jovens. Porém, não podemos deixar que isso nos leve a
uma posição contra qualquer organização ou partido. No mundo que vivemos,
não existem aqueles sem partido. Ou tomamos um partido próprio, ou deixamos
que os outros tomem por nós. E nós tomamos o partido da LIT e do PSTU.
Isso não quer dizer que sejamos uma mera sombra dessas organizações. O Re-
beldia é uma organização com vida própria, com projetos próprios, que toma
suas próprias decisões sobre nossas lutas. Porém, nas questões mais gerais, no
que toca o programa revolucionário, a conjuntura nacional e, especialmente, a
internacional, nos subordinamos à LIT e ao PSTU. Entendemos as limitações de
uma organização de juventude, e justamente por isso temos uma postura não de
arrogância, mas de aprendizagem, e buscamos nessas organizações uma orien-
tação sobre nossos projetos, nossas ideias e nosso programa.
Muitas vezes, portanto, o Rebeldia pode acabar servindo de espaço para unificar
os ativistas de vários movimentos, coletivos. Ou pode servir como o principal meio
de organização das mobilizações em uma escola. Ou talvez, para auxiliar os grê-
mios, CAs e DCEs em suas lutas. Para nós, o importante é que o Rebeldia esteja
ligado cotidianamente nas lutas da juventude trabalhadora. E que, no interior do
Rebeldia, existam ativistas que não necessariamente concordem com tudo, mas
que tenham disposição para discutir e se formar no marxismo e no programa da
classe operária.
Por isso, se você quer fazer parte do Rebeldia, procure uma célula na sua escola,
faculdade, cidade! Se ela ainda não existe, entre em contato com a Coordenação
Nacional do Rebeldia, para iniciar o processo de fundação de uma célula. Dentro
das células do Rebeldia, quatro coisas são fundamentais:
@rebeldia_ juventude
/rebeldiajuventude
@rebeldia_ juv