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INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

BACHARELADO EM ANTROPOLOGIA
SOCIOLOGIA I

Aluna: Millene Gonçalves Lima

01) Encontrar uma definição para a pobreza é um desafio, visto que


pode ser observada a partir de diferentes perspectivas. O Estado Brasileiro e
algumas organizações internacionais como a ONU, por exemplo, utilizam-se de
critérios determinantes (no caso específico de ambos, a renda), esses critérios
nos possibilitam aumentar o escopo de análise, podendo assim nos aprofundar
nas causas, efeitos e na busca de soluções. Outros critérios de análise que
podem ser utilizados são condições mínimas para se ter uma vida digna e
acesso a saúde, educação, segurança, saneamento básico.
Estudar a pobreza é de extrema importância, além do fator social
evidente, por ser algo que afeta a todos na sociedade, mesmo que
aparentemente afete apenas um grupo específico. A pobreza trata-se de um
problema na distribuição de riquezas, onde poucos detêm muito e muitos
detém pouco, com as constantes crises que o capitalismo necessita para
manter-se os problemas de distribuição de riquezas tornam-se cada vez mais
evidentes e alarmantes.
Para tratar sobre como esse fenômeno afeta e é afetado pelos princípios
típicos das sociedades modernas capitalistas, utilizo-me do texto de Bauman
proposto na disciplina, no qual o autor traz justamente a questão da
concentração de riquezas nas mãos de poucos, que acaba por gerar um ciclo
vicioso, no qual os pobres dotados de certeza são submetidos a um sistema
que não escolheram e acabam por se tornarem exemplos vivos as demais de
como devem prezar por suas riquezas ou acabaram daquela maneira, e
aqueles que detêm os meios de produção cercados por constantes incertezas
e crises vivem sob o medo ambiente, para livrar a consciência em relação a
situação de tantos outros brasileiros, praticam ações de caridade sazonal. Ao
meu ver, com tudo que foi abordado em sala, bem como com o texto em
questão, acabamos por compor as engrenagens de um sistema falho, os
princípios sociabilizantes nos dizem que está tudo bem, afinal de contas em
datas esporádicas estendem a mãos aos menos afortunados, mas sempre
atentando-nos para não sermos os próximos a ocuparmos tal lugar.
A abordagem “culturalista” acerca do tema da pobreza está ligada a uma
visão que naturaliza os acontecimentos, culpabilizando, assim, os pobres por
sua pobreza, como se estivessem confortáveis com sua situação e por vontade
ou acomodação permanecem nela. A abordagem “estruturalista” por outro lado,
visa a desculpabilização desses sujeitos, trazendo o contexto histórico, os
sistemas sociais e econômico instituídos como forma de explicar a pobreza,
utilizando-se de dados como o crescente índice de desemprego, por exemplo.
Atualmente com o crescimento do pensamento neoliberal vem se difundindo a
ideia da incapacidade do Estado, sendo assim, fica mais fácil eximi-lo da culpa,
uma vez que não é capaz e todos sabemos como podemos cobrar algo?
Através dessa ideia vem crescendo a corrente de pensamento que defende a
privatização dos setores atualmente coordenados pelo Estado.

02) A tabela apresentada em conjunto com os dados trazidos no


enunciado pelo índice Palma é possível perceber quantitativamente a
crescente desigualdade social brasileira. O fato de 10% com maiores
rendimentos receberem cerca de três vezes e meia mais que 40% por cento
com menos rendimentos, e o aumento na porcentagem de pessoas que se
encontram na linha da pobreza ou abaixo dela entre 2016 e 2017, deixa esse
problema bastante evidente.
Infelizmente ainda temos forte em nossa sociedade a noção de
meritocracia, do esforço recompensado, enquanto os dados mostram uma
realidade bastante divergente. Outra onda crescente no Brasil, principalmente
agora aos olhos de um governo neoliberal, é o afastamento do Estado visando
a privatização, com o discurso de que o Estado não dá conta de suprir a
necessidade do povo e do país como um todo, como única forma de solucionar
os problemas da União, políticas públicas, remanejamento de verba, uma
reforma política ficam cada vez mais em segundo plano. Prezando pelo que
aparenta ser economicamente mais eficaz e indubitavelmente menos
trabalhoso para a classe política, as decisões de cunho social são colocadas
em segundo plano ou deixadas de lado.
  Questões como a desigualdade apresentada nos dados
presentes nessa pergunta,  o direito a dignidade que não alcança a população
com menos rendimentos, condições básicas de sobrevivência sendo ignoradas
ou mal guiadas pelo Estado, eventos de caridade esporádicos, políticas
públicas sofrendo ataques de todos os lados, nos mostram como lidamos com
a questão no Brasil, e como é perigosa essa abordagem, por ignorar não
somente a situação de pessoas abaixo da linha da pobreza, como também
toda a sociedade brasileira, mesmo que sem se dar conta disso.

03) Através de uma ótica Durkheimiana a pobreza e vulnerabilidade


social são fenômenos considerados “anormais”  por serem uma quebra na
ordem social e consequentemente na solidariedade orgânica e coesão social
de modo que torna-se inviável o bom funcionamento da sociedade. Para que
essa anomia seja solucionada seria necessária a instituições de normas e
regras suficientes e eficazes.
Através do pensamento Weberiano pode-se olhar a pobreza como
consequência do capitalismo moderno, uma vez que o lucro aqui é visto como
fim e meio ao mesmo tempo, a noção de trabalho como vocação e acúmulo de
riquezas com fim último na vida corroboram para a manutenção deste
capitalismo, e de todos os seus problemas estruturais que geram cada vez
mais desigualdades sociais.
Analisando o tema a partir do que é teorizado por Marx, a pobreza está
intimamente ligada a luta de classes, de um lado o proletariado se vê obrigado
a vender sua força de trabalho aos proprietários dos meios de produção, pela
produção de riquezas através de seus serviços, que tem valor de uso,
recebem, como valor de troca, o salário. Esse salário, porém, não leva em
conta o excedente do lucro, esse valor é chamado de mais valia, Com o tempo
esse excedente do lucro concentra-se cada vez mais nas mãos de empresários
e a mão de obra torna-se mais barata, o desemprego cresce, uma nova crise
tem início, e as desigualdades sociais aumentam.  

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