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Dinâmica das estruturas de desigualdade e o direito à bens de cidadania

A ideologia da não interferência do Estado na realidade, típica do liberalismo


econômico, base do pensamento econômico e social atuais, torna, muitas vezes, a
análise das desigualdades sociais mais restrita e menos eficiente
A percepção das desigualdades sociais por diferentes setores sociais, notadamente das
elites, é afetada por essa perspectiva não intervencionista.
O Estado como se sabe intervém no sentido de dirimir as desigualdades e para distribuir
a renda produzida e concentrada por força da dinâmica do capital.
A academia como não está imunizada das ideologias dominantes, se não for um
pleonasmo chamar de dominantes as ideologias, acaba por reproduzir nas seleções dos
seus objetos de pesquisa essas doutrinas tornando, no mínimo, a desigualdade social um
tema desprivilegiado nas Ciências Sociais.
De um ponto de vista mais objetivo das posições e dos pontos de vista a cerca das
políticas públicas é notório, principalmente com o ascenso das extrema-direitas no
cenário político contemporâneo, as críticas aos programas sociais por parte dos
governos progressistas, apontados como os responsáveis pela crises moral e financeira
da sociedade graças à aplicação dos programas sociais como o sistema de cotas, o bolsa
família, o mais médicos, fome zero, auxílio gás, programas de transferências de rendas
apontados como a razão pela diminuição da renda das classes médias brasileiras,
encolhida pelo processo inflacionário, desemprego e proletarização, desindustrialização
e na própria ampliação das desigualdades sociais e concentração absurda da renda
mundo afora.
As elites se mostram favoráveis aos processos de privatizações e investimentos no setor
privado que se incumbiria então de criar “naturalmente” as oportunidades para os
setores mais pobres da população, o que pode a grosso modo ser demonstrado na
máxima de que “o empresário gera empregos”.
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falta uma noção de responsabilidade social entre as elites que projetam no Estado a sua
inação
a ameaça da desigualdade pesa sobretudo como uma ameaça à manutenção da ordem,
da da segurança pessoal (medo das classes perigosas) e do respeito à propriedade.
Apresentam forte resistência a medidas distributivistas diretas e a aposta na educação
como fórmula
nossas elites não incluem a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades entre
os seus interesses de fato
as elites não acreditam na capacidade do Estado para combater o problema, essa visão
crítica não implica reconhecer que outros atores poderiam assumir maior importância no
cumprimento de tais funções sociais. É quase um consenso entre elas a crença que o
Estado é e deve ser o responsável pelo combate à pobreza. Essa percepção é tão
difundida nesses grupos quanto a ideia de que a liberação do comércio, a privatização
das empresas estatais e o encolhimento do Estado são transformações extremamente
positivas.
as elites nacionais tendem a ver a pobreza, e mesmo a desigualdade, basicamente como
corolários de insuficiente crescimento econômico (falácia típica do período do “milagre
econômico” do período da ditadura militar em que apesar do crescimento a reiqueza não
foi distribuída todavia ideia que não encontra paralelo nos fatos econômicos podendo
antes ser creditada a modelos metodológicos que se mostraram equivocados e
insuficientes para mostrar que na verdade o que houve foi a concentração brutal de
renda).
Entre elas, não há dúvida que as ações voluntárias e filantrópicas em geral são
percebidas como os mais eficazes e desejáveis para fazer frente à pobreza e à miséria e
não a própria mobilização, organizações e movimentos sociais.

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