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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas


Departamento de Sociologia

A Classe Média: Ascensão e Declínio

Tiago Simões – 46196

Trabalho desenvolvido para disciplina de Temas da Sociedade Contemporânea

Licenciatura em Sociologia
(1º ciclo de estudos)

Professora: Filomena Santos

Covilhã, Maio de 2021


O que se tem visto nos últimos anos na Europa é uma redução dos direitos
laborais e sociais que faz com que ataque ferozmente a classe média, este
acontecimento deve-se muito a fatores que acabam por estar interligados, o
primeiro da crise de 2008 que obrigou a troika a vir para Portugal, essa crise
fez com que se aumentasse o desemprego e também fez com que se aumentasse
os níveis de austeridade, agora com a crise devido à covid-19 têm se voltado
assistir as mesma coisas. A classe média sentiu mais porque é uma classe
3muito baseada no setor público e o “principal canal de mobilidade ascendente
para as classes trabalhadoras em geral entrou em perda (…) agravando os
problemas sociais”.

Segundo o autor isto deve-se muito ao sistema neoliberal que se aplicou nos
anos 80 com a Margaret Teacher e com Ronald Reagen que acabou por ter um
intervencionismo por todos os sítios, esse tipo de política está a fazer-nos afetar
fazendo com que tenhamos de dar um passo atrás e a trazer “velho princípio
mercantilista puro e duro” que está a por todos os direitos que se tem vindo a
lutar.

Em Portugal como o desenvolvimento nos últimos 30 anos em vários setores,


com o surgimento de vários novos trabalhos qualificados com a ida de muita
gente para o ensino superior isso tem levado a um desenvolvimento da classe
média que também começou a ser mais gastadora o que fez com que a afetasse
de forma grave nos tempos da crise principalmente a classe média baixa.

Este desenvolvimento como já referido também tem aspetos negativos a nível


de trabalho onde cada vez se assiste à diminuição de contratos permanentes e
ao aumento de cargos a prazo e também ao aumento do trabalho a recibos
verdes, trabalho temporário e a tempo parcial. Aqui e no desemprego foram os
mais jovens que mais sofreram.

A nível de pobreza com o dados apresentados pelo INE em 2010 podemos


concluir o estado de gravidade em que se contra muita gente em risco de
pobreza (18%), aumento de 36% no rendimento social de inserção, 2% no
incumprimento do crédito há habitação e 7% no incumprimento do crédito há
habitação, assim dá para concluir que a sociedade portuguesa é uma sociedade
instável, onde basta um abanão na economia portuguesa que afete todos os
setores que muitas famílias entraram em estado de pobreza e os dados ao
crédito aumentaram, outro assunto interessante dado pelos jornal de Negócios
é que desde de 2008 não se dava tantos créditos há habitação como este ano, e
se podermos concluir em 2008 estavam perante outra crise.

Também se tem assistido ao aumento das ajudas a famílias por baixo de


instituições quer a nível de pagamento de despesas, empréstimos, comida, e no
qual quando as pessoas vão pedir ajuda já estão num estado muito mal, porque
as pessoas tem receio dos preconceitos, do que as pessoas vão achar, de
conhecidos verem a pedir ajuda isto porque o estatuto social dentro da
sociedade continua a ser muito importantes na sociedade portuguesa, por isso
mesmo quando as pessoas pedem ajuda já se encontram num estado muito
mau, outra coisa se tem assistido é as pessoas não pedirem também tentativa
de subsídios com receio que as pessoas mais próximas descubram.

Para se combater o sobre-endividamento é bastante difícil porque não se pode


só olhar para o espeto desemprego, porque há outros fatores que contribuem
para tal como o da doença e o da crise em geral, “Segundo a DECO, 42,2% dos
processos referem-se a um número de 1 a 3 créditos, mas 39,8% dizem respeito
a um número de 4 a 7 créditos e cerca de 18% correspondem a um número de
8 ou mais créditos” este número grande de créditos muitas vezes é a tentativa
de as pessoas tentarem pagar créditos já existentes e também mostra o quanto
as famílias portuguesas estão muitas vezes na corda bamba, e muitas vezes “os
pedidos chegam quando já não é possível socorrerem-se da retaguarda
familiar” e também quando se pensa que são só as pessoas com um emprego
em que se recebe menos tem se visto “chegam pedidos de professores,
advogados, engenheiros, profissões que nada fazia prever que precisariam de
ajuda institucional” a conclusão que se pode tirar é que este é um problema do
sistema económico capitalista, também se pode dizer como acontece em todo o
mundo o enriquecimento de classes privilegiadas trás a consequência do
empobrecimento de grupos sociais mais carenciados.
Os dados mais recentes comprovam que as desigualdades se acentuaram entre
1995 e 2005 e desde então tem vindo a diminuir aos poucos, “o coeficiente de
Gini, que revelou um agravamento de 34,4% em 1995, para 35,1% em 2005,
tendo subido para 36% em 2008.

O livro acaba por apontar uma solução do Estado e da Europa uma nova forma
de racionalização onde a gestão dos recursos seja mais assertiva e que garanta
a viabilidade e sustentabilidade das políticas publicas.

O fenómeno mobilidade social está associado a classe média, é preciso dar


atenção às mudanças da estrutura do emprego no seu conjunto e aos efeitos
sociais que implica. “Ação concertada de dinâmicas sociais e institucionais
acciona processos estruturais cuja complexidade transporta consigo
contradições, continuidades e rupturas, dando lugar a renovadas lógicas de
mudança e de estabilidade, em que as desigualdades de uma geração
necessariamente incidem e condicionam as trajetórias e as desigualdades das
gerações seguintes” Olhando para duas décadas a de 60 e a de 90 podemos
verificar que as categorias assalariados manuais na agricultura e na industria
perderam peso na população portuguesa, os operários diminuíram de 30,7%
para 26,8% e na agricultura de 28,3% para 2%.

O status social tem se vindo a modificar e um estudo da OCDE mostra que o


status social é que faz a mudança da mobilidade social, e conclui-se que as
habilitações alcançadas pelos pais são os que vão afetar a dos filhos, isto é, se o
pai tiver ou não o ensino secundário completo ou não é o fator mais importante
na conclusão de um curso superior por parte do filho, também nas situações
“background socioeconómico incide negativamente nos objetivos escolares nos
descendentes, os baixos níveis de educação tendem a reproduzir-se através das
gerações, ou seja, a desigualdade tende a exacerbar os seus impactos nos níveis
educacionais mais alcançados.

Ao nível do status social temos muitas pessoas que tem uma projeção da
autoidentificação de cada um que é quando alguém se vê a si mesmo como
membro de um grupo posicionado num estrato superior, estrutura na base de
um processo mimético (por imitação) isso faz com que “diversos setores da
classe trabalhadora a experimentar, subjetivamente, a vivência de um
movimento ascensional em direção há classe média resulta desse jogo de
espelhos” Esta ambiguidade de classes que num lado à classe subordinada e por
outras a classe dominadora faz com que acentue diferentes aspetos nos quais
há a discrepância, isso faz com que a classe subordinada que muitas vezes
seguiu as ordens e que começou a manifestar a querer mais direitos, a querer
acabar com os privilégios da outra classe, isto claro dentro da classe média. Os
processos de recomposição têm se visto uma modificação lenta porque o passar
de uma sociedade agro-industrial para uma sociedade de serviços leva fatores
atrás como a escolaridade, o grau de pessoas em ensino superior tem que ser
alto, e também entre outros fatores. Com essa transição também tem se visto o
desaparecimento de outro tipo de trabalhos.

O peso e o contorno da classe média exprimem o padrão de desenvolvimento


em que essa sociedade se encontra. Depois das teorias sobre as classes feitas
por Marx e por neo-marxistas, têm se mudado muito as conceptualizações
sobre a classe média onde tiveram um papel importante na “ação de
estruturação foi um reflexo de um processo paulatino de expansão das
qualificações, do assistencialismo, da burocracia, da tecnologia e seus impactos
no sistema produtivo e na sociedade em geral” e também “ papel da organização
sindical e da pressão desencadeada de setores influentes da classe média na
conquista de regalias salariais e de condições de trabalho asseguradas por uma
contratação coletiva bastante avançada. O Estado-providência teve um papel
importante na construção da classe média europeia e portuguesa.

A mobilidade social como já foi referido manteve sempre uma estreita


interdependência com os grupos de pressão e com as lutas corporativas,
processos de recomposição do mercado de trabalho. Os movimentos sociais e
estudantis é sempre um fenómeno cíclico no qual emerge fica um bom bocado
na esfera pública, acaba mais tarde por desaparecer e no futuro emerge outro.

Numa abordagem culturalista da classe média podemos olhar através da


década de 60 um olhar positivo e não pejorativo. A imagem que se mostrava de
um classe “boa vontade cultural, que tenta mimetizar os hábitos e modalidades
de gosto das elites, mas que apenas consegue aproximar-se de pálidas
imitações” é uma ideia que deve ser revista. Por exemplo movimentos
estudantis, pacifistas, ambientalistas, feministas tiveram um papel bastante
importante da classe média.

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