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DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
Discente:
Hélio Pelembe
Docentes:
Objetivo
Conceptualização
Segundo estudo realizado por Fernandes (2017) a questão do emprego está hoje
colocada como a principal dificuldade enfrentada pelo modo de produção capitalista. As
recentes modificações pelo qual tem passado o mercado de trabalho têm exigido dos
trabalhadores cada vez mais, uma melhor qualificação, para poder se manter
empregado.
Em 1952, graças ao trabalho de Richard Stone e sua equipe, a Organização das Nações
Unidas (ONU) apresentou a primeira metodologia de cálculo das Contas Nacionais ou
System of National Accounts 1952 (SNA). Essa primeira proposta tinha por objetivo
padronizar o cálculo do produto, a fim de analisar o comportamento dos
macroagregados keynesianos e ter um instrumento que possibilitasse a realização de
comparações internacionais. O SNA original sofreu duas grandes modificações, em
1968 e em 1993, com vistas a incorporar tanto novas demandas dos formuladores de
políticas econômicas quanto as novas características do mundo globalizado.
Coleman (1997:42) relata que suas pesquisas mostram que no período, anteriormente ao
desenvolvimento da manufatura, o trabalho produtivo da mulher na agricultura era
quase a metade do trabalho e da produção necessária das áreas rurais, embora
houvesse uma nítida fronteira entre o que seria a divisão do trabalho entre os
gêneros.
No campo das ciências sociais, a ciência econômica é a mais dominada pelos homens e
a que apresenta maior resistência em incorporar a questão das mulheres. Embora a
análise feminista venha penetrando no campo da economia, esta continua sendo a
ciência social menos permeável aos desafios propostos pelo feminismo. Os esforços
realizados pelas economistas feministas em tratar do tema das mulheres não se
reverteram no sentido de que o gênero como categoria de análise tenha transformado os
estudos econômicos e alterado seus pressupostos fundamentais.
O conceito de construção social de gênero e seu vínculo com a análise econômica ainda
não havia surgido. Foi nas décadas de 1970 e 1980 que cresceu a influência do
feminismo sobre as análises econômicas. Suas contribuições têm-se dirigido a distintas
áreas, incluindo tanto as análises históricas, como as teóricas e as empíricas. Na década
de 1950 as mulheres começaram a ingressar maciçamente no mercado de trabalho.
O indivíduo participa da força de trabalho sempre que o salário de mercado exceder seu
salário de reserva, entendido como sendo o quanto o indivíduo exige de remuneração
adicional para abrir mão de uma hora de lazer, quando não está trabalhando. Para os
neoclássicos o salário de reserva tem um papel crucial na determinação da entrada ou
não no mercado. O aumento na renda dos outros membros do domicílio e do número de
adultos tende a aumentar o salário de reserva da mulher, levando a uma menor
possibilidade de sua participação no mercado de trabalho. Análise estritamente
econômica (Benería, 2004:26).
O ingresso maciço das mulheres no mercado de trabalho desde os anos 60 não pode
estar significando uma reorganização das atividades com os cuidados do lar entre os
membros da família?
As contas satélites focam a sua atenção em setores específicos, como, por exemplo,
transportes, viagens e turismo, e na produção doméstica fora do mercado, apontando
que a percepção da importância do trabalho não pago passa por dois aspectos cruciais.
O trabalho de Chandler (2003) sobre o trabalho não remunerado no Canadá usa os dois
métodos. Mostra que aproximadamente dois terços do trabalho não remunerado é
realizado pelas mulheres. Pelo custo de oportunidade para 1986, a média do valor do
trabalho não pago dos homens era de US$ 6.160, contra US$ 10.270 das mulheres (dois
terços a mais do que o masculino), e, pelo custo de substituição, era de US$ 6.830 e
US$ 13.660 respectivamente (praticamente o dobro). Chandler (2003) mostra também
que, em percentual do PIB, o trabalho não remunerado oscila, nas províncias e nos
territórios, entre 35% e 79% pelo custo de oportunidade e entre 25% e 65% pelo custo
de substituição.
Dados da Austrália mostram como estudos sobre o trabalho não remunerado podem
evidenciar inter-relações fundamentais entre ele e o setor de mercado. Por exemplo,
entre 1992 e 1997, caiu a participação das mulheres no total do valor não remunerado, e
a contribuição do valor não remunerado para o PIB também se reduziu, em função de
uma maciça incorporação das mulheres no mercado de trabalho.
Conclusão
A nos últimos 50 anos a mulher vem ganhando destaque ao mercado laboral, no entanto,
a sua carga de trabalho dentro do lar permanece estável. O trabalho não é contabilizado
sobre tudo da mulher, cria uma distorção, uma vez que a sua condição de invisíbilidade,
não tem como ser objeto de políticas macroeconômicas. Nesse sentido, o escasso
reconhecimento dado ao trabalho não remunerado e a não inclusão do recorte de gênero
na elaboração dos orçamentos públicos são as duas faces da mesma moeda. Avanço
significativo tem sido a elaboração de contas satélites para estimar a contribuição de
setores específicos ao PIB.
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