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Professoras:
Esp. Jaqueline Andrea Custódio Trevisan
Letícia Godoy S. Floriano
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Ambientalizar sobre o que é inovação e como desenvolvê-la.
•• Demonstrar como a inovação acompanha o processo evolutivo do homem
e como a gastronomia contribuiu sistematicamente para esta evolução.
•• Orientar a necessidade de um Chef ou Gestor criativo para liderar um es-
tabelecimento de cozinha e trazer exemplos reais deste tipo de pessoas
dentro do cenário nacional.
PLANO DE ESTUDO
Bons estudos!
introdução
6 Pós-Universo
falando de inovação
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saiba mais
Uma das figuras mais significativas nesta área da teoria econômica foi Joseph
Schumpeter, que escreveu muito sobre o assunto. Ele teve uma carreira
notável como economista e foi ministro das finanças do governo da Áustria.
O que ele defendia era simples: os empresários procuram fazer o uso de ino-
vação tecnológica – um novo produto/serviço ou um novo processo para
produzi-lo – a fim de obter vantagem estratégica. Por certo tempo, esse
será o único exemplo de inovação, e o empresário pode esperar ganhar
um bom dinheiro com ele – o que Schumpeter chama de “lucros de mo-
nopólio”. Contudo, é claro que outros empresários verão o que foi feito e
tentarão imitá-lo, resultado disso que outras inovações surgirão e o aumento
de novas ideias amortizará os lucros de monopólio até que um novo equilí-
brio seja alcançado. Nesse ponto, o ciclo se repete – o empresário inovador,
ou outro qualquer, estará buscando a próxima inovação, que por sua vez,
reescreverá as regras do jogo, e lá vamos nós outra vez. Schumpeter fala de
um processo de “destruição criativa”, em que há uma constante busca de
algo novo que simultaneamente destrói velhas regras e estabelece novas
– tudo orientado pela busca de novas fontes de lucratividade.
Fonte: Tidd e Bessant(2015).
A inovação dentro das organizações deve ser sistemática, principalmente com a agi-
lidade de pensamento e de mentes receptivas que as permeiam. O fato é que nem
sempre temos uma empresa com cem por cento de colaboradores com mentes
inovadoras.
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Cabe aqui destacar que o líder destas organizações tem um papel importante no setor
inovador,precisando principalmente que consiga infectar os demais colaboradores.
Diante de tal motivação, toda a empresa passa a promover este ato e, consequente-
mente, consegue se consolidar no mercado.
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Os líderes devem estar sempre se reinventando, criando desafios, orien-
tando os processos de mudança e comportamento em todos os níveis da
organização, por meio de comunicação claras e eficientes, para aproveitar as
oportunidades, de modo a estabelecer empatia com seus empregados e a
desenvolver o consenso de relação a mudança(ROCHA, 2009, p. 104).
Aceita
Idéia/
Novidade
Não aceita
Tentativa
falha
(rejeitada por
inadaptação)
O autor ainda destaca que “a inovação faz parte das estratégias empresariais, pela
geração de valor, foco na produtividade, no atendimento das necessidades de con-
sumidores e na redução de custos” (CARRETEIRO, 2009, p. 10).
Obviamente temos que prestar muita atenção se aquela ideia extremamente
inovadora vai gerar receita, se ela é viável em relação aos custos, o que ela demanda
para sua produção,se acarretará reestruturação na empresa, se oquadro de colabo-
radores tem condições de ser suporte para realizar esta tarefa de maneira eficaz e,
principalmente, se o mercado vai receber bem a isso. Após esta análise, com respos-
tas positivas, trace seu plano e estratégias para que a ideia inovadora tome corpo.
No quadro demostrado a seguir temos algumas vantagens estratégicas trazidas
por meio da inovação:
Quadro 1 - Vantagens estratégicas pela inovação
inovação ao longo da
história alimentar
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Essa dupla natureza da alimentação de necessidade congênita e ineludí-
vel de sobrevivência e de prazer culturalmente organizado é destacada por
diversos autores, que tem claro que a comida é a primeira necessidade do
homem, mas que também é um prazer. A comida, assim como a respiração
e o sono, faz parte das necessidades básicas, mas também é expressão de
desejos humanos (CARNEIRO, 2003, p. 11).
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Dos mais frequentes achados arqueológicos, as peças de cerâmica culinária
têm uma presença extremamente discretas nos textos, mas é bastante para
que se possa afirmar serem usadas em todos os meios sociais para cozinhar
legumes e sopas (FLANDRIN; MONTANARI, 1998, p.511-512).
vida do homem, e não mais um ato de matar a fome, a necessidade de obter novas
formas de se chegar a este prazer também foi crescendo.
A engenhosidade aplicada na fabricação de utensílios foi fundamental para o de-
senvolvimento posterior de fábricas e industrias, por exemplo. Como civilizações se
concentravam onde havia a estocagem dos alimentos, também surgiram trabalhos
maiores, que eram realizados pelos povos locais. A partir daí, com o trabalho fora de
casa, a industrialização é o próximo passo de desenvolvimento.
A mente humana passa então e ser mais inteligente e a projetar novos trabalhos
e novas possibilidades, a gastronomia também é uma vertente que passa ser objeto
de estudos. O desenvolvimento inovador dos pós-guerra trouxe ainda mais facilida-
des, como a invenção de geladeiras, fornos elétricos, micro-ondas.
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A origem do restaurante:
As origens do restaurantes recuam aos limites da pré-história e da história.
E este tipo de comercio surgiu com os mercados e as feiras, que obrigavam
os camponeses e artesãos a deixarem seu domicílio durante um ou vários
dias e, portanto a se alimentarem ao mesmo tempo que se estabelecem
ou mantêm relações sociais, de amizade ou de negócios. Tomou uma am-
plitude e diversificou-se no mesmo ritmo da urbanização à qual, de modo
especial, permaneceu ligado. Todavia, desde a antiguidade, tanto no Império
Romano quanto na China existem estalagens ou postos de correio situa-
dos nas principais estradas, às vezes em plena zona rural. Ali, se procede a
mudança das montadas, as pessoas repousam e restauram (palavra da qual
deriva “restaurante”) suas forças comendo e bebendo, distraem-se graças
ao pessoal da casa ou aos encontros fortuitos que venham ocorrer; enfim,
podem pernoitar.
Fonte: Flandrin e Montanari(1998, p. 751).
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a importância de mentes
inovadoras no mercado
gastronômico
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Vamos agora falar sobre as inovações dentro da cozinha, bem como a importân-
cia deste processo, também veremos como conseguimos, com o passar do tempo,
avanços magníficos através de mentes que impulsionam estas inovações.
Como já vimos, a síntese maior de inovação são as ideias, e retratando uma
cozinha, podemos colocar que ela é um canteiro de ideias a cada minuto. Notamos
que uma cozinha que se mantem refém de práticas já existentes, sem aprimorá-las,
com certeza não alcançará grande sucesso, nem se lançará em um mercado cada
dia mais competitivo e promissor como são os ambientes gastronômicos.
Destacamos aqui a importância de desenvolver e consolidar competências ino-
vadoras no que diz respeito ao domínio das técnicas, à sensibilidade estética, à
expressão de criatividade e, principalmente, ao entendimento de todas estas com-
petências dentro da cultura local.
Para tal direcionamento, é necessário que dentro de cada cozinha, independente
da vertente que ela execute, haja uma mente brilhante, capaz de pensar, gerir e in-
teragir com as novas ideias que serão lançadas aos consumidores. Estamos falando
da importância de um bom chef/gestor do estabelecimento gastronômico.
Um chef/gestor inovador deve mobilizar competências, participar de transforma-
ções culturais e sociais, se manter integrado com os processos do meio, e também
externos ao restaurante. Também é importante focar a mente em novidades, ao que
o mercado diz, e manter-se atualizado e informado mediante às leituras de literaturas
sobre este universo. Tais informações garantirão que dentro do âmbito da cozinha
a mente gere produção inovadora, fazendo com que isto reverta na produtividade
total deste estabelecimento.
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Chefs de cozinha inovadores devem possuir e desenvolver capacidades de
utilizar os conhecimentos adquiridos e potencializar a geração de novas
tecnologias a fim de produzir criações gastronômicas diferenciadas. Esses
profissionais procuram reinterpretar ingredientes e técnicas já conhecidos,
de modo a desenvolverem tanto a inovação radical, quanto a incremental.
Portanto, a ideia de inovação tornou-se implícita nos serviços gastronômi-
cos já que, por meio da prática criadora dos chefs de cozinha, a gastronomia
busca se diferenciar da culinária (HU, 2010 apud FRANÇA et al., 2010, p. 1).
Certos de que parte da mente do chef deve focar na inovação, é preciso que nos
movamos em direção a isso. A cozinha não é somente o ato de alimentar pessoas,
ele deve gerar prazer. “É impossível não se encantar com a mágica da cozinha, com
o prazer de transformar inerente a ela, com a habilidade de se expressar através de
um prato, de servir; de gerar prazer em um comensal” (ATALA; CHAGAS, 2007, p. 173).
Daremos um destaque, dentro do cenário nacional, a algumas mentes inovadoras
que devemos tomar como base, sendo eles Alex Atala, dono do D.O.M.; Dalva e Dito,
Açougue Central e o mais novo Bio.; Helena Rizo, à frente do Maní; e Felipe Bronze,
dono do Oro e Pipo. Cada um destes tem uma relevância na gastronomia brasileira.
Atala, é renomado e premiado por defender e ser um entusiasta da cozinha de raiz
e de ingredientes brasileiros, porém, vale destacar que cada um de seus restaurantes
tem uma particularidade. Helena vem à frente de uma cozinha com atributos mais
naturais e orgânicos, premiada no cenário mundial. Felipe, conhecido inicialmente
pela pratica da culinária molecular, posteriormente vem se consagrando com sua
cozinha feita em brasa.
Todos eles trazem impressos em suas característicasa inovação. Cada um, em sua
denominação e atuação, consegueextrair de suas mentes ideias que os elevaram no
padrão nacional e internacional. O fato de relevância entre eles é justamente ode se
colocarem em uma incansável corrida atrás de processos, ingredientes, formas de co-
zinhar, e compreender que a cozinha deve ser cuidada, elaborada e, principalmente,
amada, para que seu fim, que é a chegada dos pratos à mesa dos clientes, seja um
resultado encantador e sublime.
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O que acabamos de ver mostra a mente como principal guia de ideias. Visto
que o principal nome de inovação relacionado à gastronomia brasileira é
Alex Atala, vemos em uma recente palestra ministrada no Taste of São Paulo
(evento que envolve refeições e aulas incríveis) como trabalha sua mente
e sua forma de trabalho.
Saiba mais pesquisando em: <http://infood.com.br/alex-atala-gastrono-
mia-e-colocar-o-ingrediente-no-seu-melhor-momento/>. Fonte: as autoras
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Além do âmbito de executar e trazer um prato com perfeição, todos eles consegui-
ram enxergar além da cozinha, trazer todo o processo inovador para dentro de suas
casas como um todo. A preocupação se estende afornecedores, controle de suase-
quipes, atendimento, espaço, tudo corrobora para que eles conseguissem solidificar
a máxima ação inovadora, com um retorno excelente.
reflita
Qual atitude devo elevar para que minha mente possa se manter inovando
e com isso trazer um bom retorno ao meu estabelecimento gastronômico?
a) Devem estar sempre utilizando o modelo de cozinha pelo qual eles foram gerados.
b) Não é relevante o emprenho em desenvolver as técnicas já existentes ou
aprimorá-las.
c) A gastronomia, mesmo com o processo de inovação, se mantem no mesmo lugar
que a culinária.
d) Um bom chef de cozinha precisa ter uma boa base de conhecimento e enfatizar
a geração de novas tecnologias, com o intuito de sempre renovar a gastronomia.
e) Aquilo que não é criativo ou útil não deve ser explorado.
resumo
Notamos que o ato de alimentar-se teve um relevante espaço dentro da evolução humana. O
olhar observador do homem para a natureza trouxe perspectivas diferentes, fazendo com que
sua curiosidade desse espaço ao pensamento, para seu desenvolvimento.
Ao observar a maneira que os outros animais caçavam e como os vegetais nasciam, a inteligên-
cia começa a despontar, a se desenvolver. Então, a reprodução daquilo que ele via começa a ser
aplicada para sua subsistência. Ele vai rompendo com sua natureza animal e se tornando mais
humano, fazendo sua própria caça, cultivando o plantio de cereais. E o que a história conta, é
que a inovação não para, mostrando que cada vez mais o homem se desenvolve psicológica e
intelectualmente.
Constatamos que a inovação há tempos nos acompanha, sendo fonte maior de todo o seu de-
senvolvimento. Visto que nada mais é que a geração de uma ideia e sua realização,constatamos
que este processo (o inovador) nunca se extinguirá. Ele é como um círculo vicioso, quanto mais
se incentiva e se executa, mais probabilidades surgem. Novos caminhos se abrem. De acordo
com a aptidão de cada ser humano e cada empresa, ele se torna real e eficaz.
Até hoje podemos entendê-la como uma vertente em constante mutação, reinvenção e expan-
são. Prova disso foi conseguir aliar ao ato de cozinhar a ciência, o que desmistificou e melhorou,
e muito, os resultados da alimentação, como podemos notar através da gastronomia molecular
e o que ela nos deixou de legado. A nutrição deixa de ser exclusivamente planejada para matar
a fome e passa a ser algo muito prazeroso, tanto para que executa como para quem degusta.
Finalizamos dizendo que a inovação está em tudo que podemos observar. Tecnologia,produtos,
serviços, processos gerenciais, gestão de empresas, gestão de pessoas, enfim, um infinito de apli-
cabilidade norteia a geração de ideias e sua concretização.A grande sacada aqui é estar sempre
um passo à frete, com o foco no objetivo. Devemos utilizar a inovação como uma escada de co-
nhecimento para o sucesso.
material complementar
Na Web
Chef da cozinha de vanguarda francesa, Pierre Gagnaire, tem uma mente inovadora, precur-
sor da cozinha de fusão, tem um jeito poético de trazer a mesa o sabores combinados com
a modernidade. Seu site é repleto de caminhos, poesias, receitas e curiosidades.
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.pierre-gagnaire.com/pierre_gagnaire/
cuisinez>.
O site do SEBRAE apresenta um caso de como a inovação pode se tornar um diferencial com-
petitivo para o seu negócio.
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/
tipoconteudo/inovacao?codTema=4>.
referências
ATALA, A.; CHAGAS, C. Escoffianas Brasileiras, São Paulo: Larousse do Brasil, 2007.
CARNEIRO, H. Comida e sociedade: uma história da alimentação, Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
FRANÇA, I. F. et al. O processo de inovação em serviços gastronômicos sob o marco da cultura local:
uma reflexão sobre as competências inovadoras dos chefs de cozinha. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
DE CIÊNCIAS E SERVIÇOS. 1., 2010, Brasília. Anais… Brasília, 2010, p. 1-2. Disponível em: <http://
www.redlas.net/materiali/priloge/slo/76927.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2018.
ROCHA, L. C. Criatividade e inovação: como adaptar-se as mudanças, Rio de Janeiro: LTC, 2009.
TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação: integrando tecnologia, mercado e mudança organiza-
cional, 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
3. d) Um bom chef de cozinha precisa ter uma boa base de conhecimento e enfati-
zar a geração de novas tecnologias, com o intuito de sempre renovar a gastronomia.