entReVista z RODRIGO PACHECO FALA DE SuA ATuAçÃO COMO

PRESIDENTE DO SENADO, DA COVID-19 E DOS PLANOS PARA O FuTuRO

Ano XIX | Nº 235 www.revistaencontro.com.br

A designer de interiores
Cícera Gontijo, o construtor
Alexandre Lodi e a arquiteta
Manuela Senna (da esq.
para a dir.): mercado
continua com boas
perspectivas para 2021
9 77167 9 01400

ISSN 1679-0146
0 0 235

ConstRUção

UM SETOR QUE CRESCE

EM MEIO À CRISE
Procura por novos imóveis após implantação da política de isolamento
social, taxa de juros baixa e adaptação das empresas ao ambiente digital
fez com que venda de casas e apartamentos crescesse mais de 20% no ano
passado na Grande BH. Escritórios de arquitetos e designers de interiores,
além das lojas de material de construção, também têm muito a comemorar
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matrícula Nº 116.509 em 17/09/2020 no 4º Ofício de Registro de Imóveis de BH. Imagem meramente ilustrativa, a vista não condiz com o real. Materiais, acabamentos, revestimentos e infraestrutura para automação serão entregues conforme memorial descritivo. Os móveis e
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e Casa Mineira Imóveis: Razão social: Moderna Corretora de Imóveis LTDA. CNPJ: 18.207.935/0001-09. Rua Conde de Linhares, 264 - Cidade Jardim Belo Horizonte - MG CEP: 30380-030 - CRECI: 4698. Sujeito a alteração.
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Pádua de Carvalho

22 
ENTREVISTA
Rodrigo Pacheco fala
de seus planos como
presidente do Senado

32 
CIDADE
Coworkings ganham
força durante a pandemia

36 
EDUCAÇÃO
As dificuldades
de estudantes que
trocaram de escola
em tempos de
ensino on-line

40 
BATE-PAPO
Médica pediatra Carolina
Capuruço fala sobre
a importância da volta
às aulas presenciais

44 
NEGÓCIOS
Empreendedora Natália
Lima lança marca
de bolsas exclusivas

46 
AROMATERAPIA
Conheça os mais diversos
usos dos óleos essenciais

50 
SAÚDE
Tratamentos anti-estresse
podem recuperar
vitalidade do cabelo

54 
CULTURA
Yara Tupynambá
comemora 70 anos
de carreira com
exposição no CCBB

58 58 
PET
Como animais que estavam
abandonados mudam
a vida de seus adotantes

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Débora Gabrich/divulgação

62 
VEÍCULOS
Testamos o XC40 híbrido
84 da Volvo, aposta
da montadora para
aposentar modelos
exclusivamente a combustão

68 
CAPA
Mesmo com a crise
da Covid-19, mercado
da construção comemora
bons resultados

84 
PÁSCOA
Dez boas ideias
para comprar –
e se deliciar com
– ovos de chocolate

94 
GASTRÔ
Chef Matheus Paratella
assume cozinha do
Tragaluz, em Tiradentes

ARTIGOS
20  PEDRO LOBATO
Inflação volta
a incomodar

30  PATRÍCIA DE
CASTRO VÉRAS
O STF e o direito
ao esquecimento

82  RODRIGO A. FONSECA
Degustando... um
pouco de história!

98  PAULA PIMENTA
Cachorros x gatos

FOTO CAPA: Uarlen Valerio

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Diretor-Presidente Álvaro Teixeira da Costa aduarte@revistaencontro.com.br

Diretor-Executivo

Vice-presidente de
Negócios Corporativos

Diretor de Publicidade
Geraldo Teixeira
da Costa Neto

Josemar Gimenez
Rezende
Mário Neves
Boas notícias em meio à crise
As notícias dos jornais, revistas, sites e mesmo redes sociais são, quase sempre, desa-
Diretor Jurídico Joaquim de Freitas
nimadoras. Vacinação lenta, número de mortos e infectados pelo novo coronavírus em
curva ascendente, hospitais lotados, toque de recolher nas ruas... Para conter a Covid-19,
Diretor-Geral/Editor André Lamounier até o Campeonato Mineiro foi paralisado em sua quinta rodada. Mas apesar do cenário
Editores Colaboradores Alessandro Duarte
Fábio Doyle
desanimador, há um setor que parece alheio à crise, o da construção. Os números de ven-
Neide Magalhães
das de imóveis em 2020 foram para lá de animadores. De acordo com dados do Sindicato
Jornalismo Daniela Costa
Marcelo Fraga
da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), só em BH e
Marina Dias
Rafael Campos em Nova Lima a comercialização de casas e apartamentos cresceu mais de 20% no ano
Colaboradores Gui Torres
passado, em relação a 2019. Isso se refletiu positivamente na geração de empregos. Nú-
Marinella Castro meros do Sinduscon-MG mostram que foram criadas 25 mil novas vagas no setor, um
Editor de Arte Roger Simões alívio e tanto em um cenário em que o desemprego atinge níveis alarmantes no país.
Equipe de Arte Antônio de Pádua
Carvalho Para saber como o mercado está lidando com esses índices, nos dividimos em duas
Gerente Administrativa Solange Rabelo frentes. O jornalista Rafael Campos ficou responsável por conversar com proprietários e
Gerente Comercial Laila Soares executivos de grandes construtoras mineiras. O entusiasmo foi unânime. “Foi o melhor
Departamento Comercial Agata utsch
Andreza Braga
ano da empresa desde 2013”, disse o diretor de marketing e vendas da construtora Cano-
pus, Tarcio Barbosa. “Nós praticamente zeramos nosso estoque de unidades”, confiden-
Assistente Comercial Roberta Magalhães
Distribuição André Lima
ciou Alexandre Lodi, que comprou a Caparaó no segundo semestre de 2019. “Em 2020,
Projeto Gráfico Editora Encontro registramos um crescimento vertiginoso, o melhor ano da história da empresa. E 2021
Impressão Coan vai ser espetacular”, afirmou Alex Veiga, CEO do Grupo Patrimar. Isso para ficar somente
Distribuição Encontro Log em três entrevistados da reportagem de capa, que começa na página 68.
Para Assinar (31) 2126-8770
Em outra frente se deslocou a repórter Da-
Para Anunciar (31) 2126-8000
Atendimento ao Leitor (31) 2126-8000
niela Costa. Ela conversou com arquitetos, desig- Divulgação

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de construção e de artigos de decoração para ver
se o cenário era favorável para eles também. É.
O arquiteto Júnior Piacesi deu o tom de como
anda o mercado: “Belo Horizonte está em refor-
ma”, disse. Tudo porque o nosso lar doce lar, que
muitas vezes servia apenas como um lugar para
recarregar as baterias depois de um dia de tra-
balho longe dali, se transformou em escritório,
escola, restaurante, academia e muito mais. O
tão falado isolamento social nos fez olhar para
o que muitas vezes passava despercebido ou
era negligenciado mesmo. Para Júnior, quem
antes priorizava viagens e festas, por exemplo,
passou a investir pesado em casa. Tanto que, diz
ele, já começa a faltar mão de obra especializada
por aqui. Os números corroboram essa tese. De
acordo com a Associação Brasileira da Indústria
de Materiais de Construção (Abramat), o fatura-
mento desse setor teve uma alta de quase 13% Lançado pela Patrimar na segunda
em janeiro deste ano, em comparação com o quinzena de dezembro, o edifício 2300 Rio
de Janeiro, em Lourdes, já teve suas
mesmo mês de 2020. Bons ventos que parecem 17 unidades vendidas: cada apartamento
não vão parar de soprar tão cedo. z mede 385 metros quadrados

14 |Encontro
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 FaLe CoM a enContRo
algumas das mensagens enviadas para a redação no mês passado e postadas em nosso site e nas redes sociais
eLe aRReBentoU na PandeMia
Na edição de fevereiro, contamos
a história do mineiro Alexandre
Birman, empresário do ramo
da moda que levou a marca fundada
por seu pai a ser uma das mais
prestigiadas do setor
Nunca entendi um mineiro de BH não ter
uma loja física na cidade...
Gabriel Figueiredo (@gabrielfigueiredoam)
Nuuuu. Que edição, hein.
edson Junior (@edsonjunior1007)
O Alexandre é realmente um grande
empresário. Desde a adolescência
já demonstrava sua ambição e sua
competência, sobretudo a vontade de se
destacar, atingir e permanecer no topo.
um guerreiro!
José Kallas (@kallas101)
esPaços da Casa ViRaM
LoCais de aPRendiZaGeM e
diVeRsão PaRa a CRiançada
Sem aulas presenciais, quintais, quadras e
varandas são usadas por pais e profissionais
para prosseguir com o processo de educação
na pandemia
Parabéns pela matéria! Tenho plena
confiança na competência de Pablo
Árabe, esse projeto é um sucesso.
Regina Cruz
dia MUndiaL do Gato
É CoMeMoRado
eM 17 de FeVeReiRo
Perguntamos a nossos seguidores se
eles são mais fãs de cães, ainda mais
populares, ou gatos, presentes em
20% dos lares brasileiros
Tenho 20 gatos. A maioria foi resgatado
das ruas ou nasceram na minha casa,
pois a fêmea já estava prenha. Todos são
castrados e convivem bem com cinco
cães sem raça definida.
Cristina Freitas (@cgfcris)
BH ReGistRa PRiMeiRo Caso de
aniMaL CoM noVo CoRonaVÍRUs
Ainda no tema pets, noticiamos o
primeiro caso estudado de um cão,
em BH, com Sars-Cov-2. Seguidores
protestaram, receosos pelo aumento
do abandono - ainda que a nota
tenha informado que os bichinhos
não transmitem para humanos
(mas sim vice-versa)
/revistaencontro
Fale com a Revista ENCONTRO: Comentários sobre o conteúdo editoral da Encontro, sugestões e críticas a matérias: R. Buenos Aires, 10, 3° e 4° andar - Carmo - CEP: 30315-570,
Belo Horizonte, MG | E-mail : cartas@revistaencontro.com.br. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço do autor. Por motivos de espaço ou clareza, elas poderão
ser publicadas resumidamente. PARA ANUNCIAR: R. Buenos Aires, 10, 3° e 4° andar, Carmo. CEP: 30.315-570 - Belo Horizonte, MG | Tel.: (31) 2126-8000 | Fax: (31) 2126-8008
ReLeases: redacao@revistaencontro.com.br | Fax: (31) 2126-8781 | ASSINATURAS: Tel.: (31) 2126-8770
16 |Encontro
Importante atentar para a chamada da
reportagem, tendo em vista as mais
diversas interpretações que podem
trazer consequências negativas. No final
da reportagem que é comentado sobre a
transmissão do homem ao cão. Mas nem
todos leem até o final...
Karin Hahn (@karinvhahn)
Que notícia ruim, já há tanta maldade
com os cães e gatos que são
abandonados pelas ruas. Espero que os
donos tenham compaixão e entendam
sobre os cuidados e isolamento.
Junio Cesar (@juniocteles)
CaRRos FaZeM FiLa PaRa
aBasteCeR deVido À aMeaça
de GReVe dos tanQUeiRos
Motoristas correram para os postos da
capital no dia 26 de fevereiro com medo
de desabastecimento, mas greve não
persistiu e o transporte de combustível
se normalizou no dia seguinte
Impossível entender isso. O ICMS foi
aumentado no governo Pimentel e só
agora com o estado quebrado que os
caminhoneiros resolvem reivindicar a
redução do tributo? Essa história está
mal contada.
Washington Gama (@washington_gama)
O pior é que ainda aumentam o preço do
combustível
Cristiane abreu (@cristianeabreu11)
Sem falar nos folgados tentando burlar fila.
Leandro domingues
(@urbancavemoveisem)
BH VoLta À estaCa ZeRo
O prefeito Alexandre Kalil anunciou
medidas restritivas em 5 de março e
endureceu ainda mais o fechamento
uma semana depois
Esse é o prefeito que nenhum de nós
escolhemos e foi eleito
Janete Coelho (@janeteslvacoelho)
Muitos comentários sem empatia
nenhuma pelo próximo. Antes de criticar
o prefeito coloque um saco plástico na
cabeça e feche. Experimenta respirar
10 minutos assim… Experimentou?
Achou boa a experiência? Agradável?
Pois é assim que alguém com os
pulmões comprometidos pela covid se
sente, tá bom?
no ateliê do abrahão
(@noateliedoabrahao)
revista_encontro
E o futebol continua podendo, meu
grande governante?
Luciano Regis (@personallucianoregis)
seCRetÁRio estadUaL
de saÚde É deMitido
dePois de esCÂndaLo de
“FURa-FiLa” das VaCinas
Carlos Eduardo Amaral foi afastado
depois de autorizar a imunização de
servidores da saúde fora dos grupos
prioritários (ele mesmo inclusive)
“Aquele sem pecado atire a primeira pedra”
adriane Maia (@adrianerincoalvesmaia)
Tem que demitir!!
Regina Bastos (@reginacunhabastos)
eMPResÁRios MineiRos
se UneM PeLa VaCina
Fiemg anuncia que está mobilizando
empresários para compra de insumos de saúde
para aplicação de vacinas contra a Covid-19
Temos que tentar de todos os lados, já que
o governo federal está deixando a desejar
Carla Lima (@carlavallima)
Parabéns à Fiemg e ao empresariado.
é disso que o país precisa: ação.
adriane oliveira (@adriane.oliveira.921)
Reprodução/Redes Sociais
Para um momento de leveza em meio
a tanto caos, a foto deste mês é de
Milton Nascimento, que publicou em
suas redes sociais uma imagem sem
suas famosas tranças. Bituca usava o
look há 25 anos. Agora voltou a outro
visual que também o caracteriza, a
boina. Entre os comentários em seu
post, famosos como Vanessa da Mata,
Maria Gadu e Fafá de Belém elogiaram.
“Mais jovem”, escreveu Flávio Venturini.
E não é que ficou mesmo?
Amo de todo jeito!
Laura Fischer (@fischerlaurahelena)
Tá mais bonito!
Rosa Márcia (@rosamarcia4302)
 tecnologia Fotos: Geraldo Goulart

Automação
em alta
Especializada em soluções
e projetos para ambientes
residenciais e comerciais, a Smart
Automação Áudio e Vídeo comemora
o bom momento do mercado
A obrigatoriedade de ficar em casa ampliou a percep- Procura por sistemas de automação residencial aumentou consideravelmente.
“Ter a experiência de ficar em casa, tendo som e imagem de altíssima qualidade,
ção de muita gente para a necessidade de se ter algumas passou a fazer mais sentido”, diz o empresário Natan Nogueira Rijhsinghani
comodidades e funcionalidades ao alcance das mãos. E,
é claro. A tecnologia chegou com tudo para dar aquela
forcinha. Especializada em soluções e projetos para am-
bientes residenciais e comerciais, desde 2006, a Smart
Automação Áudio e Vídeo vem se tornando referência
no mercado nacional. Seguindo os demais segmentos
do setor, a demanda por home theaters, automação re-
sidencial e, principalmente, sala de cinema, aumentou
consideravelmente. “Ter a experiência de ficar em casa,
tendo som e imagem de altíssima qualidade, passou a
fazer mais sentido”, diz o empresário Natan Nogueira
Rijhsinghani. Muitos consumidores, diz ele, entenderam
que é preciso buscar a solução correta, em loja especiali-
zada, para garantir um sistema prático e eficiente. 
A busca por aperfeiçoamentos na rede cabeada e
na rede sem fio, em toda a residência, tem sido uma
das primeiras preocupações. Seguida pelo tão desejado
home theater que permite às famílias se reunirem para
descontrair assistindo a filmes, lives e shows. O que só se Tecnologia de ponta: projetos de infra-estrutura que englobam sistema de
torna perfeito se vier acompanhado de um eficiente som automação de luz, cortinas, ar-condicionado, sistema de áudio e vídeo, além
do acesso e monitoramento remoto através de tablets e smartphones
ambiente conectado aos principais serviços de streaming
como spotify, deezer, youtube music e iTunes. Com áudio
e vídeo alinhados, trabalhar em home Office e participar e seus parceiros. Agora com atendimento realizado tam-
de videoconferências se tornam ainda mais agradável. bém via vídeo chamada. “O ideal mesmo é o cliente ter
“A exigência por rede de sistema wifi de qualidade tem a experiência ao vivo, vivenciando a sensação que cada
sido enorme”. E as melhorias não param por aí. A tecno- produto proporciona, o que  facilita a sua escolha no ato
logia também possibilita a automação das luzes, cortinas da compra”, diz Natan.  A linha high-end de som e vídeo,
e ar-condicionado. Bem como o acesso e monitoramento por exemplo,  é o ápice da modernidade, tecnologia, de-
remoto através de tablets e smartphones.  sign e desempenho. 
Além das soluções em áudio e vídeo, a SMART tam- Com atendimento exclusivo, criação de espaços dinâ-
bém trabalha com sistemas de aspiração central, acús- micos, confortáveis e inteligentes, a Smart oferece so-
tica, segurança, cabeamento estruturado e controle de luções que visam atender à necessidade e ao orçamento
residência por meio de assistente de voz, como, por de cada cliente. “Desenvolvemos projetos de infra-es-
exemplo, a Alexa, da Amazon. Em seu showroom, lo- trutura que englobam várias tecnologias”.  A empresa
calizado no Vale do Sereno, em Nova Lima, conta com também atua na área de acústica arquitetônica, isola-
ambientes planejados para demonstração dos principais mento acústico, controle de ruídos, forros e marcenaria
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Barbara Dutra/Divulgação
O poder da
iluminação
Há trinta e dois anos no mercado,
a A. De Arte tem a sua trajetória
marcada pela criação de projetos
únicos e comemora a expansão
da marca para todo o Brasil
O que a decoração e a iluminação têm em comum?
Tudo! Ambas se completam e desenham histórias de
vida. E não se trata apenas da valorização estética
dos ambientes. Para além do encanto e da beleza que
As empresárias Natalia e Adriana Vasconcelos dedicam-se à expansão
um projeto luminotécnico pode gerar, a luz também do negócio e à criação de novos projetos: “Estamos entusiasmadas
influencia diretamente no bem-estar de cada um. Há em expandir nossa linha para outras revendas pelo Brasil”, diz Natalia
trinta e dois anos no mercado, a A. De Arte tem sua
Barbara Dutra/Divulgação
trajetória marcada pela criação de cenários únicos. Por
onde passa, inspira sensações e desperta emoções
que remetem a conforto e acolhimento.
Com uma gama de possibilidades, os projetos de
iluminação compõem a decoração conferindo persona-
lidade, valorizando detalhes e trazendo funcionalidade
a cada espaço. E tem para todos os gostos. Modelos
criativos, delicados, excêntricos e, até mesmo, diverti-
dos, assinados por talentosos designers. A A. De Arte
também conta com marca autoral, a AVL, e desenvol-
ve peças exclusivas. “O ano de 2020 apresentou no-
vas necessidades e, com isso, novas criações. Estamos
entusiasmadas em expandir nossa linha para outras
revendas pelo Brasil”, diz a empresária Natalia Vascon-
celos. As grandes novidades, revela, serão lançadas
em breve, com o e-commerce.
Ao lado da sócia, Adriana Vasconcelos, ela se dedi-
ca à expansão do negócio, sempre encarando novos
desafios. Alguns, bem especiais. “Tivemos a satisfação
de participar de um projeto da arquiteta Estela Netto,
realizado em todo um andar do hospital Life Center. A
ideia é levar o aconchego de casa para os pacientes”,
diz Natalia. Para ela, a necessidade de passar mais
tempo em casa provocou profundas mudanças na re-
lação com o lar, levando a uma reflexão sobre estilo
de vida. “Temos orientado nossos clientes a investir
em peças que reflitam o que levam na alma e que, de
fato, tenham significado e conteúdo”. Atemporais, diz
ela, os itens de design refletem bem esse sentimento
e podem ser levados por toda vida.
Entre as tendências que chegaram para ficar, aponta

Mundo corporativo: no projeto assinado pelo
arquiteto Junior Piacesi, a iluminação minimalista
e eficiente traz identidade ao ambiente
o surgimento do Led que levou a uma fase mais mini-
malista nos projetos de iluminação. Assim, fontes de luz
menores e mais potentes trazem um conceito clean e
moderno. O que não tira o brilho das luminárias decora-
tivas. Clássicos e arrojados, abajures com cúpulas tra-
zem aquele ar de comodidade que os novos tempos pe-
dem, sem jamais perder a sofisticação. Já as luminárias
rústicas, feitas a mão, com material de palha, corda,
bordado e tricô, tem conquistado cada vez mais espaço.
“A demanda por produtos novos em 2020 foi grande.
Fotos: Daniel Mansur/divulgação
Arquitetura hospitalar: o projeto da arquiteta Estela Netto
usa a iluminação para levar o aconchego de casa para os
pacientes de um andar do hospital Life Center
A. De Arte
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Gustavo Xavier/divulgação
Com isso lançamos vários produtos”, diz Adriana.
Para as empresárias, o segredo para vencer a crise
foi apostar nas relações humanas, realizando parce-
rias sólidas com clientes, fornecedores, arquitetos e
colaboradores. “Aproveitamos o momento de parali-
sação para renovar nossas parcerias e atualizar nossa
instalação física, inclusive no que tange às medidas de
segurança”, afirma Natalia. O espaço de atendimento
ao cliente também foi repaginado e o investimento na
equipe de projetos, reforçado.
Projetos residenciais: clássicos e arrojados, abajures
com cúpulas trazem aquele ar de sofisticação e
aconchego no projeto da arquiteta Graziella Nicolai
 ARTIGO | pedro lobato

Inflação volta a incomodar

Antigo fantasma da economia brasileira volta a dar as caras e merece a
atenção de todos. A inflação não é problema só para as autoridades mo-
“Na verdade, os
netárias, mas para empreendedores, consumidores e, é claro, poupadores índices de preços já
e investidores. Os brasileiros que já eram adultos antes da chegada do
Plano Real (1994) conhecem os efeitos dessa doença.
vinham subindo há
Sabem, também, que com esse vírus não se brinca, não vale a pena alguns meses, mas
deixar de combatê-lo e, mais ainda, quando sua letalidade dá sinais de era ainda de forma
crescimento. E esses sinais estão muito claros neste começo de ano. Na
verdade, os índices de preços já vinham subindo há alguns meses, mas localizada no setor
era ainda de forma localizada no setor de alimentos. Esse parecia ser de alimentos. Esse
um fenômeno passageiro e sem perigo de contaminar o resto das
cestas de consumo. parecia ser um
Parecia, mas não era. A perda de valor da moeda brasileira em relação ao fenômeno passageiro
dólar e o aumento das cotações internacionais dos derivados do petróleo
persistiram e engrossaram o bloco de fatores inflacionários. Entre eles, não e sem perigo de
se pode desprezar a importância do desequilíbrio das contas públicas, for- contaminar o resto
temente aumentado em 2020 pelos gastos com a pandemia da Covid-19.
Por todos esses fatores, o que se temia era que o atual aumento de das cestas de
preços se espalhasse para os demais setores. Longe do “achômetro” ou da consumo. Parecia,
versão mais conveniente politicamente, há termômetros confiáveis e eles
devem ser consultados. mas não era”
Por exemplo, todo mundo sabe que, antes de chegar ao consumidor, a
maioria das mercadorias, inclusive alimentos, passa por atacadistas. São
eles que viabilizam o fluxo rápido e contínuo do abastecimento. É funda-
mental medir e acompanhar a variação dos preços nesse nível para se ter
uma ideia do que virá quando o produto chegar ao consumidor.
Nem sempre o atacadista pode repassar imediatamente ao varejo
os preços que pagou ao produtor. Mas ele não consegue segurar por E o pior é que os dados de fevereiro
muito tempo todo o aumento de custo que passou a ter em determi- indicam o início de um temido espalha-
nado período. O termômetro usado nesse caso é o Índice Geral de mento para muitos itens do atacado,
Preços (no conceito da) Disponibilidade Interna – IGP-DI, medido pela além dos alimentos. Esse é um dos fenô-
Fundação Getúlio Vargas. Trata-se de um indicador em que o atacado menos que ajudam a compor uma ten-
tem o maior peso, 60%. Os demais são os preços ao consumidor (30%) dência inflacionária. É o caso de vários
e construção civil (10%). insumos e matérias primas industriais,
Quando há uma perda geral de renda da população, o consumo cai e o os chamados bens intermediários, como
estoque do atacadista escoa devagar, já que ele não consegue repassar o aços, fertilizantes e quase tudo que é im-
preço que pagou pela mercadoria. Isso vinha ocorrendo desde a recessão portado. Nos últimos 12 meses, eles acu-
de 2015/2016. mulam em média 33,68% de alta.
Um alívio parcial ocorreu em seguida, mas foi interrompido pela pan- Não será, portanto, surpresa se o
demia. No fim do ano passado, no entanto, os preços represados no ata- Banco Central reagir, retirando a taxa
cado começaram a descer rapidamente para o consumo. Em janeiro deste Selic dos 2% anuais, vigentes enquanto
ano o IGP-DI subiu 2,91% em relação a dezembro. Em fevereiro, baixou um escrevo este artigo. As dúvidas são duas:
pouco, para 2,71%. Mas nada indica que a tendência seja de queda. Pelo até onde vão os juros e se isso vai mesmo
contrário. É preciso levar em conta a soma do que está ainda acumulado conter a inflação. A certeza é só uma: me-
em 12 meses: 29,95%. lhor estar prevenido. z

Pedro Lobato é jornalista

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 ENTREVISTA | RODRIGO PACHECO
A nova estrela
da política
Eleito presidente do Senado, Rodrigo Pacheco fala de sua rápida
ascensão, dos planos futuros e conta o que se pode esperar
de seu trabalho à frente de uma das casas do Congresso Nacional
Rafael Campos
Há seis anos, o advogado Rodrigo
Pacheco assumia seu primeiro cargo po-
lítico: o de deputado federal pelo MDB.
No ano seguinte, em 2016, decidiu plei-
tear a prefeitura de Belo Horizonte. De
candidato desconhecido da capital mi-
neira, aparecendo entre os nanicos nas
primeiras pesquisas de intenção de voto,
concluiu a empreitada eleitoral em ter-
ceiro lugar. Naquela ocasião, a fala polida,
bem articulada e o sangue frio deram
mostras de que o advogado não havia
entrado na política para passear. Dois
anos depois, em 2018, resolveu que era
hora de um salto ainda maior e concor-
reu ao cargo de senador, desta vez pelo
Democratas. Foi eleito. Este ano, assumiu
o posto de presidente da casa, com 57
votos a favor (de um total de 81 senado-
res). Com essa biografia, Rodrigo é a mais
nova estrela da política brasileira. E isso
não é exagero. Tão logo assumiu a princi-
pal cadeira do Senado, houve quem
especulasse que Rodrigo poderia embar-
car em voos ainda mais ousados: a
disputa da cadeira mais importante do
país, a de Presidente da República.
“Venho fugindo desse debate muito ex-
tremado que tomou conta da política
brasileira”, diz Rodrigo, sobre um dos
possíveis motivos para sua ascensão me-
teórica. Entusiasta do diálogo, durante a
campanha para presidência do Senado
22 |Encontro
QUEM É
Rodrigo Pacheco, 44 anos
ORIGEM
Porto Velho (RO)
FORMAÇÃO
Direito pela PUC Minas
CARREIRA
Eleito deputado federal pelo
MDB, em 2014; foi presidente
da CCJ (Comissão de Constituição
e Justiça e de Cidadania) da
Câmara dos Deputados.
Disputou a Prefeitura de Belo
Horizonte, em 2016, terminando
em terceiro lugar. Em 2018,
foi eleito senador pelo
Democratas. Este ano, foi
escolhido para presidir o Senado.
ganhou a simpatia de Jair Bolsonaro e até
de partidos de oposição ao presidente,
como PT e PDT. Quis o destino que
Rodrigo assumisse importante protago-
nismo político em um ano conturbado
para o país, marcado pelo avanço des-
truidor da pandemia do novo
coronavírus e pelas crises política e eco-
nômica. À Encontro, Rodrigo falou sobre
as primeiras ações como presidente do
Senado, a vacina contra a Covid-19 e,
claro, o que pensa sobre seu futuro.
ENCONTRO - O senhor assume a
presidência do Senado em um mo-
mento ímpar: pandemia, crise e
polarização política. Com qual senti-
mento inicia a empreitada?
RODRIGO PACHECO - Iniciei com
uma atuação assentada em bases da pa-
cificação, de consenso, de trabalho, de
muita energia para resolver os proble-
mas, dentro de um trinômio de saúde
pública, de desenvolvimento social e
crescimento econômico do país. E esse
ambiente de pacificação deve ser bus-
cado dentro da compreensão de que os
poderes são autônomos, livres, e têm
de conviver harmoniosamente. Não há
muito segredo nisso: é obedecer à
Constituição e fazer com que as insti-
tuições cumpram seus papéis com
independência. Minha escola política é
Minas Gerais e a política mineira sem-
pre foi de busca por consensos, de
respeito, de moderação e de equilíbrio.
O senhor foi bem votado para pre-
feito de BH, assumiu, em seu primeiro
mandato como deputado federal, a
Comissão de Constituição e Justiça e
de Cidadania (CCJ) e, no primeiro
mandato como senador, a presidên-
cia da casa. Você se considera uma
estrela em ascensão na política?
Faço parte de um movimento de reno-
vação que começou também no Senado
com o ex-presidente Davi Alcolumbre,
Fotos: Divulgação
 ENTREVISTA | RODRIGO PACHECO
senador mais novo a ser eleito para o
cargo de presidente nas últimas déca-
das. A minha eleição, de certa forma, dá
continuidade a esse movimento que
começou há dois anos. Fui eleito com 57
votos e com apoio de diversos partidos,
da base de governo e da oposição, que
viram no meu nome o preparo necessá-
rio para presidir o Senado e conduzir os
trabalhos na Casa.
Você tem uma curta trajetória na
política, mas já deixa marcas.
Consegue fazer uma leitura dessa
ascensão?
Venho fugindo desse debate muito ex-
tremado que tomou conta da política
brasileira. Acredito que o diálogo e a
busca pelos consensos são o melhor ca-
minho para darmos as respostas que os
brasileiros esperam, fazendo do con-
gresso um verdadeiro agente de
transformação social e um palco de pa-
cificação das instituições. Eu sempre tive
o compromisso com a efetividade das
normas constitucionais e venho defen-
dendo isso na minha atuação
parlamentar. Quero acreditar que
vamos superar a crise sanitária, social e
econômica que nos assola, por meio da
pacificação que o país necessita.
Como recebeu o apoio do presi-
dente da República, que vem sendo
bastante criticado na condução da
crise sanitária e chegou a ser amea-
çado com a abertura de processo de
impeachment?
A pandemia atingiu o Brasil e o mundo
de maneira muito severa e trágica. Não
há um país ou um estado da federação
brasileira que tenha só acertado. Há um
estado de incertezas que nos faz ter
compreensão de que a sanha de achar
culpados a qualquer custo deve dar
lugar a um ambiente em que a ciência
prevaleça e amadureça, e que façamos
um enfrentamento mais inteligente ao
que nos exige o momento: facilitar, o
máximo possível, o acesso à vacina.
Logo que foi eleito, o senador Flavio
Bolsonaro lhe passou o telefone
para receber os cumprimentos do
presidente Jair Bolsonaro. Cenas
como essa podem arranhar a ima-
gem de independência do Senado?
24 |Encontro
A presidência
do Senado
transcende
essas relações
político-eleitorais.
Transcende
as relações
de ideologia”
A minha candidatura foi uma candida-
tura dos senadores e agregou vários
partidos, da base governista e da oposi-
ção. Sou de um partido político,
portanto, a minha candidatura se origi-
nou também de uma indicação do
Democratas. Houve uma manifestação
de simpatia por parte do presidente à
minha candidatura, algo que eu recebi
com honra. Com minha eleição, mante-
nho uma relação de respeito e de
diálogo para poder solucionar os pro-
blemas do país, mas sempre garantindo
independência do Senado para a to-
mada de decisões livres, autônomas e
com bastante respeito. Naquele ins-
tante, um senador me passa o telefone,
eu recebo o telefone e recebi o cumpri-
mento do presidente da República,
como podia ser de qualquer outra auto-
ridade que assim quisesse fazer. Isso
não fere a independência, isso é cordia-
lidade. Independência é outra coisa.
O tema impeachment retornou à
pauta das conversas cotidianas, da
imprensa e dos bastidores da política
brasileira. Acredita que há elementos
para a abertura do processo?
O que tenho dito sempre: impeachment
é algo muito sério. Tivemos dois recente-
mente na história do Brasil que foram
episódios tristes para o país, e nesse mo-
mento que estamos no ápice de uma
pandemia, com índice de desemprego
grande, como necessidade de fazer o
Brasil crescer, precisando entregar va-
cina, eu não me permito em falar de
impeachment nesse momento, até por-
que isso é uma atribuição da Câmara
dos Deputados, então não vou falar
sobre hipótese porque eu não conheço,
seria leviano.
Em suas primeiras declarações
como presidente do Senado mos-
trou que vai batalhar pelas
“reformas estruturantes” e que quer
vacina para todos os brasileiros e
brasileiras. Na sua avaliação, por
que não estávamos caminhando
nessa direção?
No meu discurso de posse, eu destaquei
um trinômio de prioridades da minha
gestão. Destaquei a importância de o
Congresso Nacional trabalhar para garan-
tir saúde pública, desenvolvimento social
e crescimento econômico no Brasil. A
minha proposta de trabalho no sentido
de agilizar a tramitação de projetos estra-
tégicos para o país é por meio do diálogo
e do consenso, mas sempre tendo o inte-
resse público como prioridade. O diálogo
entre senadores, deputados e represen-
tantes do Executivo e o trabalho em
conjunto desses agentes públicos au-
mentam as chances de aprovação das
reformas e dos projetos de lei que o país
precisa. E essa postura já vem dando re-
sultados, pois aprovamos projetos que
asseguram a maior oferta de vacinas,
aprovamos no âmbito do Senado Federal
a PEC emergencial e já estabelecemos um
calendário de tramitação das reformas
Tributária e Administrativa.
Como o senhor avalia a aprovação
pelo Senado da PEC Emergencial?
O fato é que aquilo que nos comprome-
temos desde o início da nossa gestão
como presidente do Senado, de pautar
 ENTREVISTA | RODRIGO PACHECO
a PEC Emergencial e aprová-la como
uma condição de protocolo fiscal ne-
cessário para o auxílio emergencial foi
cumprida. Agora, dentro da responsa-
bilidade fiscal, das limitações impostas
pela PEC, o objetivo do Congresso
Nacional é sempre ter o valor mais
digno possível para as pessoas. E nós
temos também que começar a discutir
de maneira muito firme e segura a pos-
sibilidade da perenização de um
programa social no Brasil, de renda mí-
nima, renda cidadã, que possa dar
dignidade a essa camada social que pre-
cisará desse alento do Estado até que
nós possamos ter uma recuperação
plena da economia para gerar emprego.
O senhor foi candidato a prefeito de
BH e conseguiu atrair muitos votos
mesmo, à época, desconhecido da
população. Agora, senador e presi-
dente da casa, sonha com um cargo
executivo, como prefeito de BH ou
mesmo governador de Minas?
Não me permito discutir eleições ou
questões partidárias sentando na ca-
deira de presidente do Congresso. O foco
é o mandato de presidente do Senado.
Serei o mais colaborativo possível em
relação aos outros poderes, obviamente
resguardando a independência do
Senado, além de buscar ajudar o go-
verno a executar políticas públicas. Mas,
obviamente, acho que ser prefeito da
sua cidade ou governador do seu estado
é uma honra para qualquer político.
Há quem diga que o seu estilo polido
e entusiasta do diálogo podem o
credenciar a uma disputa presiden-
cial em 2022. Qual a avaliação você
faz dessa opinião?
Como disse, o foco é o mandato de pre-
sidente do Senado. E a minha postura
sempre será a busca por consensos, de
respeito e de equilíbrio. É o que espera
a sociedade brasileira.
Durante a campanha para a presi-
dência do Senado chegou a se reunir
com o prefeito de BH. Como foi esse
encontro depois de já ter externado
diferenças em relação a Kalil?
A Presidência do Senado transcende
essas relações político-eleitorais.
Transcende as relações de ideologia. É
26 |Encontro
Quero acreditar
que vamos
superar a crise
sanitária, social
e econômica
que nos assola,
por meio da
pacificação que
o país necessita”
fundamental nos dias de hoje afirmar-
mos a democracia, a defesa do
federalismo, especialmente com foco
nos municípios. Isso fez com que unís-
semos divergentes. Tenho verdadeira
adoração pela divergência. É a divergên-
cia que nos permite construir soluções
adequadas. E o apoio do PSD, que é uma
bancada com muita qualidade, com 11
senadores, foi muito importante. Aquela
união com o PSD representava não só a
união com 11 senadores, mas o apoio de
dois senadores do meu Estado. Fechar a
bancada de Minas Gerais era uma sinali-
zação muito positiva para a minha
campanha também. O apoio dos sena-
dores Carlos Viana e Antonio Anastasia
foi fundamental, junto com o PSD, que
tem no prefeito Alexandre Kalil um dos
seus principais líderes, e também dos
outros partidos que ajudaram a consoli-
dar a nossa candidatura.
Com a sua chegada à presidência do
Senado, os mineiros podem esperar
por soluções que vem se arrastando
ao longo dos anos e até décadas,
como a expansão do metrô e a
construção do Rodoanel?
Eu me reuni com a banca mineira e es-
tabelecemos como projetos de extrema
importância melhorias e duplicação na
BR-381, ampliação do metrô de Belo
Horizonte, intervenções no Anel
Rodoviário, projetos das barragens do
Norte de Minas, mudança do nível da
Represa de Furnas e a inclusão da re-
gião do Vale do Rio Doce na Sudene.
No discurso de posse e em suas pri-
meiras entrevistas o senhor citou
Juscelino Kubitschek, demons-
trando que tem o ex-presidente do
Brasil como referência na política.
Por que JK o inspira?
Na minha opinião, foi o maior político
da história brasileira. E, orgulhosa-
mente, um mineiro. JK pautou-se pela
ética, pela decência e pela ideia de de-
senvolvimento do Brasil. Trouxe a
interiorização, industrializou o país e
abriu o Brasil para o mundo com uma
lógica muito inteligente. Ele fez o que
fez como prefeito de BH e presidente
da República: a Pampulha e, depois,
Brasília. Juscelino Kubistchek deve ser
sempre lembrado, cultuado, e seu
exemplo sempre sentido pelos que
estão na política. Temos de ter um
guia. Nosso guia político, em Minas
Gerais, na minha opinião, deve ser
Juscelino Kubitschek.
Desde que assumiu o cargo de de-
putado federal em 2014 qual foi o
seu maior aprendizado no dia a dia
em Brasília?
Aprendi que devemos honrar ainda
mais nossas tradições, nossas origens e
o estado de Minas Gerais. Que precisa-
mos a todo instante buscar soluções ao
Brasil em um momento de crise sem
precedentes, com uma pandemia que
será histórica e lembrada por séculos
mundo afora. E que devemos defender
insistentemente a república, o federa-
lismo e o estado democrático de direito,
com amor à divergência, buscando en-
contrar soluções por meio da
conciliação das diferenças. z
 ARTIGO | Patrícia de Castro Véras

O STF e o direito ao esquecimento

O direito ao esquecimento, ou direito a ser esquecido, significa o di-
reito de alguém de ter suas informações verídicas e lícitas, mas despro-
“Segundo entendimento
vidas de atualidade e relevância para o público e consideradas ofensivas do ministro Dias Toffoli,
ao interessado, removidas ou desindexadas de conteúdo dos mecanis-
mos de busca da internet, bem como de não serem veiculadas. O direito
admitir um direito
ao esquecimento tem sido invocado sobretudo no âmbito digital, no ao esquecimento seria
qual o acesso à informação é fácil e amplo, tendo como embasamento uma restrição excessiva
a garantia fundamental de proteção da intimidade e da vida privada.
O Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, concluiu recen- e peremptória às
temente que o direito ao esquecimento é incompatível com a Consti- liberdades de
tuição Federal Brasileira. O Recurso Extraordinário n. 1.010.606 foi jul-
gado em fevereiro deste ano, em uma ação ajuizada por familiares da expressão e de
vítima de um crime de grande repercussão nos anos 1950, que busca- manifestação de
vam reparação pela reconstituição do caso, em 2004, no programa
“Linha Direta”, da TV Globo, sem a sua autorização. pensamento, assim
O tema já foi objeto de decisões divergentes de vários Tribunais de como ao direito que
Justiça e do Superior Tribunal de Justiça, mas a mencionada decisão do
STF tem repercussão geral reconhecida, ou seja, deve uniformizar a todo cidadão tem de
interpretação constitucional daqui para frente. se manter informado
O relator do voto vencedor, ministro Dias Toffoli, defendeu que não
existe no ordenamento jurídico brasileiro um direito genérico com essa a respeito de fatos
conformação, seja expressa ou implicitamente, nem mesmo na Lei relevantes da história
Geral de Proteção de Dados (LGPD). Segundo seu entendimento, admi-
tir um direito ao esquecimento seria uma restrição excessiva e peremp-
social, podendo
tória às liberdades de expressão e de manifestação de pensamento, caracterizar
assim como ao direito que todo cidadão tem de se manter informado
a respeito de fatos relevantes da história social, podendo caracterizar
censura prévia”
censura prévia. No caso concreto, o relator entendeu que o programa
cumpriu o papel jornalístico não apenas de informar, mas de promover ao apagamento de dados pessoais é ex-
debates importantes, como da violência contra a mulher, não tendo pressamente assegurado pelo Regula-
havido divulgação desonrosa à imagem ou ao nome da vítima falecida. mento Geral de Proteção de Dados Eu-
Em contraponto, os votos vencidos, proferidos pelos ministros Gil- ropeu, que estabelece as condições e as
mar Mendes, Edson Fachin e Nunes Marques reconheceram o direito ao exceções para a remoção, nas quais se
esquecimento como direito fundamental implícito, com base na veda- incluem o exercício da liberdade de ex-
ção à adoção de pena de caráter perpétuo, do direito à reabilitação e dos pressão e de informação. Com isso,
princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade, da proporcio- competirá ao controlador dos dados
nalidade e da razoabilidade. Defenderam uma análise caso a caso para decidir qual direito deve prevalecer em
solução do conflito entre dois direitos constitucionalmente assegurados cada situação.
(o direito à intimidade, à vida privada e à imagem e o direito à livre ma- Como no Brasil a legislação não esta-
nifestação do pensamento, da liberdade jornalística e de comunicação), belece tal regra, a Corte Suprema fir-
devendo ser considerados: (i) o fator do decurso do tempo entre o fato e mou entendimento de que o direito ao
a publicização; (ii) interesse histórico, social e público atual na divulga- esquecimento não encontra guarida
ção dos fatos e dados pessoais; (iii) o grau de acessibilidade da informa- em nosso ordenamento constitucional,
ção; (iv) e a possibilidade de divulgação anonimizada dos dados pessoais sem prejuízo do direito do interessado
sem que se desnature a essência da divulgação. Esta é a mesma compre- de ver suprimidas ou corrigidas infor-
ensão do Tribunal de Justiça da Comissão Europeia. No entanto, o direito mações falsas, ilícitas ou ofensivas. z

Patrícia Campos de Castro Véras é advogada, mestre em direito administrativo,

procuradora do Estado e sócia do escritório Veiga, Hallack Lanziotti, Castro Véras
30 |Encontro
Da mesa farta
ao acolhimento
típico de todo
mineiro
Quem é de Minas tem um
extensão da sua própria
casa em Brasília: o
Kubitschek Plaza Hotel.

Dá para sentir nossa vontade de

receber bem pela nossa mesa cheia de
sabores próprios e que carregam nossa
história. O cardápio do Restaurante
Diamantina é cuidadosamente
preparado pelo chef Teixeira e sua
equipe, contendo os pratos preferidos
de Juscelino Kubitschek.

Mais que hóspedes, recebemos

convidados e por isso nosso cuidado
e atenção sempre foram prioridade.
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 Cidade | TRABALHO

Coworkings
em
alta
Alternativa para
empresas de todos
os tamanhos,
Ariel Rodrigues, CEO do WO
Experience Center, sempre
os escritórios
leva a sua cadela Fumaça para
o trabalho: “Aqui é muito mais
do que um local para trabalhar,
compartilhados
é um centro de convivência”
ganham força
durante a pandemia
GaBRieL MaRQUes

No primeiro andar, a recepção. No

segundo, parte da administração. Em
um pavimento mais elevado, a sala do
chefe. Durante muito tempo, as sedes
da empresa funcionaram como uma
fortaleza, onde todo o trabalho era
centralizado e os andares divididos
por funções ou importância. Porém,
veio a pandemia e, com ela, a mudança
na forma de trabalhar. No home office,
os escritórios acabaram sendo transfe-
Geraldo Goulart

ridos para dentro da tela, com aplica-

tivos de gestão de produtividade e vi-
deoconferências. Muitos empresários
aproveitaram a parada para colocar na
ponta do lápis os custos de se manter
uma sede que não estava sendo com-
pletamente utilizada. Quem procura-
va por uma maneira de poupar recur-
sos durante esse período complicado
encontrou nos espaços de coworking,

32 |Encontro

locais onde várias empresas compar-
tilham a mesma infraestrutura, uma
opção interessante. “Foi justamente
durante a crise econômica de 2008,
nos Estados Unidos, que o coworking
começou a se popularizar”, diz Rober-
ta Vasconcellos, criadora do BeerOr-
Coffee, plataforma que liga empresas
Divulgação
Hoje CEO, Anna Martins
também foi uma das
fundadoras do Órbi
conecta: “A ideia era
criar um ambiente que
conectasse as soluções
propostas por startups
aos problemas das
grandes empresas”.
e pessoas a esses espaços de trabalho
compartilhado. “As empresas de tecno-
logia que estavam começando foram
os primeiros clientes.
O catálogo de opções montadas por
Roberta conta com mais de 1 mil ende-
reços, espalhados por Brasil e Portugal.
O que começou como uma opção para
startups que davam os seus primei-
ros passos logo se tornou um lar para
gigantes de áreas diversas como Itaú,
MRV, Banco Inter, iFood, e Renault. “Um
dos principais pontos é a facilidade
na hora de expandir”, afirma Roberta.
“Em vez de administrar imóveis para
quantidades diferentes de funcioná-
rios em cada cidade, você pode contar
uma rede de espaços compartilhados.”
De acordo com a empresária, os tra-
balhadores também saem ganhando
com a parceria, com a possibilidade de
escolher um lugar mais perto da sua
casa para fazer as suas demandas do
dia. Outro grande ponto positivo são
as salas de descompressão. A conhe-
cida pausa do cafezinho ou para des-
cansar pode acabar se tornando uma
oportunidade interessante de network
com pessoas de outras empresas. “Es-
trutura, comodidade, produtividade
e qualidade de vida são os pilares do
coworking”, diz Roberta. “Dando essa
liberdade de escolha para que o fun-
cionário decida em qual espaço ele se
sinta melhor, você terá um trabalha-
dor mais feliz e com mais resultados.”
Inaugurado em março do ano pas-
sado, o WO Experience Center, no Buri-
tis, tinha metade de um piso ocupado
logo após a abertura. Hoje, está com
75% de ocupação em dois pisos. Isso,
mesmo sendo considerado o maior
coworking do estado e um dos maio-
res do Brasil, com mais 5 mil metros
quadrados. “Em maio, vamos inaugu-
rar mais um andar voltado só para o
coworking, no terceiro piso do WO”, diz
o CEO Ariel Rodrigues. Ele o pai, Isaías,
começaram a trabalhar no ramo em
2016, quando decidiram transformar
o escritório da empresa de incorpo-
ração imobiliária, no Venda Nova, em
um espaço compartilhado de trabalho,
criando o Open Place Coworking. Ape-
sar das expansões ao longo dos anos,
o espaço de mil metros quadrados na
avenida Padre Pedro Pinto acabou fi-
cando pequeno demais para as ideias
da família. Era hora de inovar, de novo.
“O WO é muito mais que um local para
trabalhar, é um centro de convivência”,
afirma Ariel. Além dos andares que
só podem ser acessados pelos cola-
boradores das empresas assinantes, o
complexo conta com espaços que ofe-
Encontro | 33
 Cidade | TRABALHO
Fotos: Divulgação
Responsável por ligar pessoas aos
coworkings, Roberta Vasconcellos,
criadora do BeerOrCoffee avalia os
benefícios do formato: “um dos principais
pontos é a facilidade na hora de expandir.
Ao invés de administrar um imóvel para
quantidades diferentes de funcionários
em cada cidade, você pode contar uma
rede de espaços compartilhados”

recem os mais diversos serviços, tanto

para funcionários quanto para os mo-
radores do Buritis ou trabalhadores de
empresas vizinhas. O espaço gastro-
nômico conta com cozinhas que agra-
dam todos os gostos, com estandes de
comida mineira, saladas, culinária me-
diterrânea, carnes, sushis e hambúr-
gueres. E na hora do happy hour, basta
uma viagem de elevador para brindar
com drinques, chopes ou vinho. O WO
também conta com barbearia e espaço
para crossfit, ginástica artística e judô,
para adultos e crianças. “Também te-
mos uma empresa que cuida de pets,
mas toda a nossa estrutura é pet frien-
dly”, diz Ariel, que sempre leva a Fuma-
ça, sua vira-lata, para o trabalho.
Criado por meio de uma parceria
entre MRV, Banco Inter e Localiza, o Órbi
Conecta é um espaço de coworking que
vive cheio e ocupado por um público
Segundo Lucas Mendes, diretor
selecionado, como conta a cofundado- geral da WeWork, a noção de
ra e CEO do espaço, Anna Martins. “Fa- que apenas pequenas empresas
procuravam os coworkings já
zemos um processo de curadoria para ficou no passado: “60% dos
selecionar os parceiros. Queremos ter nossos clientes tem um plantel
uma diversidade de ideias e empresas de mais de 1 mil funcionários.
Pode-se dizer que trabalhamos
aqui, então não seria bom se uma mar- com várias ex-startups”
ca segurasse muitas posições”. Inaugu-
rado em 2017, o espaço foi criado para
facilitar as conexões entre os proble-
mas de grandes empresas e as soluções
inovadoras apresentadas por novas
marcas. “Conecta é muito mais que
um nome, é o nosso lema.” E não foram
poucas conexões ao longo de quatro
anos de história. Mais de 200 empre-
sas já chamaram as mesas do Órbi de
casa. Uma das características mais in-
teressantes do espaço de coworking é
que ele é totalmente compartilhado.
“Nós não temos escritórios fechados
apenas para uma marca. Todos com-
partilham as mesas. Queremos incen-
tivar a troca de experiências entre pes-
soas de áreas diferentes”, conta Anna.
Áreas para trabalhar, ou para aliviar a
cabeça, é o que não falta. Além dos lo-
cais para o trabalho mais concentrado,

34 |Encontro
com mesas e cadeiras, o Órbi também
conta com um jardim feito pela MRV
para quem precisar de tomar um ar,
um espaço gourmet procurado pelos
fãs do cafezinho da tarde e uma pisci-
na de bolinhas, para brincar com um
companheiro ou amigo. Afinal, nunca
se sabe quando uma oportunidade de
negócio pode surgir. Hoje, o espaço de
coworking conta com o apoio de outras
duas marcas, Rede Mater Dei de Saúde
e Colégio Agostinianos, aumentando o
leque de possibilidades.
Mesmo em meio à pandemia, algu-
mas empresas começaram a operar. É o
caso da Grow Workspace, que pertence
à construtora Concreto e abriu as por-
tas em julho do ano passado, um dos
momentos mais críticos da Covid-19
em Belo Horizonte. Mas a história da
nova empresa começa bem antes da
chegada da pandemia. “Nós quería-
mos transformar alguns andares que
pertenciam à Concreto em escritórios
compartilhados de ponta, inspirados
nas grandes empresas de tecnologia”,
lembra Tomaz Gomide. De acordo
com o gestor do Grow Workspace, os
escritórios de Apple, Facebook, Google
e várias outras marcas inovadoras ser-
viram como fonte de inspiração para o
projeto. E apesar de ter sido inaugura-
do durante um período conturbado na
economia, a rede de espaços compar-
tilhados já conta com três unidades,
localizadas nos bairros Centro, Sion e
Vila da Serra, sendo que a última conta
com um auditório e terraço com vista
para o Vale do Sereno. “Também esta-
mos com planos de expansão dos nos-
sos coworkings, além da inauguração
de um novo espaço em 2022, perto do
Pátio Savassi”.
A multinacional que é famosa no
ramo também viu o seu público au-
mentar ainda mais durante a pande-
mia. Após os primeiros meses de des-
confiança sobre como seria o futuro,
a WeWork viu a volta dos seus antigos
membros, acompanhados por novas
empresas, que repensaram os seus
escritórios. “Hoje, estamos com as
nossas duas casas cheias”, conta Lucas
Mendes, diretor geral da WeWork. “Vi-
mos a demanda por novas unidades,
no Vila da Serra e em outras cidades
de Minas, crescer durante a pande-
mia, mas o momento ainda é muito
incerto.” E se engana quem pensa que
o espaço é povoado por pequenas star-
tups, com equipes pequenas. Hoje,
cerca de 60% das empresas que tra-
balham no WeWork possuem mais de
1 mil funcionários. “Pode-se dizer que
trabalhamos com várias ex-startups”,
brinca Lucas. No começo deste ano, o
espaço de coworking viu um novo tipo
de cliente entrar pela sua porta. Em fe-
vereiro, o Cruzeiro Esporte Clube mo-
veu as suas operações da sede locali-
zada no Barro Preto para a unidade do
Boulevard Shopping. Segundo o clube,
a mudança deve gerar uma economia
de aproximadamente 2 milhões de
reais por ano. Eles estão com um espa-
ço personalizado bem bacana, amplo,
com sinuca. É um ambiente fantásti-
co”, diz Lucas Mendes. z

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 EDUCAÇÃO | COMPORTAMENTO
A aluna da 1ª série do ensino médio Maria
Clara Costa Paschoalin: “Achei muito difícil
mudar para uma escola que eu nunca tinha
ido visitar e onde eu não conhecia ninguém”
Novatos
na
pandemia
Como é a experiência de estudantes que
mudaram de escola sem terem tido um dia
sequer de aula presencial na nova instituição
36 |Encontro
Geraldo Goulart
Marina Dias
Os irmãos Tiago e Melina Barbi Ter-
ra, de 9 e 7 anos de idade, moravam
em São Paulo com a família e, por uma
mudança no trabalho do pai, voltaram
para a cidade-natal, Belo Horizonte. As
escolas tinham acabado de suspender
as aulas presenciais devido ao início
da pandemia do novo coronavírus. A
mãe dos meninos, Ana Carolina Barbi,
fez a transferência escolar dos filhos
quando ainda estavam fora de Mi-
nas, para que começassem na nova
instituição na modalidade online, en-
quanto agilizava a mudança para BH,
no intuito de que os pequenos já es-
tivessem na cidade quando as escolas
reabrissem as portas. Isso foi em abril
do ano passado.
 Os irmãos nunca tiveram aula pre-
sencial na nova escola, em que já estão
matriculados há quase um ano. Ana ex-
plica que um dos motivos pelos quais
optou por uma instituição menor, que
vai até o quinto ano do fundamental,
foi o espaço físico amplo e apropria-
do para a infância, para que os filhos
ainda pudessem brincar e aproveitar
o tempo de criança enquanto possível.
Contudo, a pandemia chegou e trans-
A aluna do sexto ano
feriu a educação dos dois para dentro Júlia Ferreira Pinto
de casa. A instituição, afirma a mãe, fez Queiroz diz que sente
muita vontade de
sua parte no acolhimento. “Professoras conhecer melhor
ligaram antes de as aulas começarem, a escola: “Nunca
fizeram chamadas de vídeo, pediram entrei no ginásio, na
biblioteca. Só guardei
fotos deles para apresentarem à turma a informação de que
e teve também o momento de os me- a biblioteca fica perto
de um dos banheiros”
ninos se apresentarem para os colegas”,
conta. “Fizeram o possível para deixar o
processo menos frio.”
Mudar de escola em tempos nor-
mais é um processo que já carrega
certo nível de ansiedade, segundo es-
pecialistas. A começar pelo fato de que
nem sempre a mudança é por desejo do
aluno (pode ser por mudança de ende-
reço ou da condição financeira dos pais,
por exemplo). Ainda que seja por vonta-
de da criança ou adolescente, o fato de
entrar em um local novo, com pessoas
desconhecidas, é desafiador. “A mu-
dança de escola no contexto presencial
exige do aluno o trabalho de se incluir
naquele grupo. É preciso ler o ambiente Pádua de Carvalho
e conseguir construir um lugar para si,
e isso é um esforço, envolve atravessar
medos, inseguranças”, diz a psicanalis- Um dos pontos é o desconhecimento que essa expectativa pode gerar, como
ta e mestre em psicologia Alice Oliveira das instalações da escola, que, de cer- um tour gravado por celular, um mapa
Rezende. Por isso mesmo é que insti- ta forma, dizem sobre a identidade da interativo, uso de ferramentas de reali-
tuições de ensino costumam ter planos instituição. “O espaço físico da escola dade virtual, entre outros.
estabelecidos para esse tipo de situação. tem dimensão pedagógica”, explica a A aluna do sexto ano Júlia Ferreira
A gestão de acolhimento dos novatos mestre em educação Manu Bezerra, Pinto Queiroz mudou de escola no iní-
envolve preparo dos professores (que professora em pós-graduações de pro- cio 2021, pois a anterior ia apenas até
podem ajudar a enturmá-los por meio cessos de transformação digital e edu- o fim do ensino fundamental, anos
de trabalhos em grupo com diferentes cação criativa. “A partir da forma como iniciais. Ela diz que se adaptou bem à
estratégias para formação dos grupos), ela é organizada, o aluno tem clareza de nova instituição e se sentiu bem rece-
conversa com os veteranos para que se- como é seu funcionamento, e isso traz bida pelos colegas e professores, muito
jam receptivos, organização das turmas autonomia para ele”, diz. Segundo ela, o por se considerar “extrovertida’’. Con-
de modo a distribuir bem estudantes ambiente físico da escola fica no imagi- tudo, afirma que sente muita vontade
recém-chegados e velhos de casa, assim nário da criança quando ela vai mudar de conhecer melhor a escola. “Nunca
como reuniões com a família e com o de instituição. Ela se pergunta: será que entrei no ginásio, na biblioteca”, afir-
aluno para apresentá-los à estrutura fí- tem piscina? Como é o ginásio? E apesar ma. “Só guardei a informação de que
sica e ao modo de organização da escola. de esta não ser a prioridade no formato a biblioteca fica perto de um dos ba-
Neste momento em que as ativida- remoto, é importante escutar a deman- nheiros.” Em relação aos professores e
des são todas remotas, o acolhimento, da do aluno quanto a isso e oferecer colegas, Júlia afirma que se apresenta-
como era conhecido, fica prejudicado. estratégias para amenizar a ansiedade ram várias vezes ao longo da primeira

Encontro | 37
 EDUCAÇÃO | COMPORTAMENTO
Pádua de Carvalho
semana de aula, para que todos pudes-
sem se conhecer. Na hora do recreio,
conta, criaram uma brincadeira que
é feita pelo chat da plataforma usada
pela escola, no intuito de interagirem
em um momento mais livre. “Quero
muito conhecê-los pessoalmente”, diz. 
A interação entre os alunos e, tam-
bém, dos alunos com os professores,
é muito diferente no ensino online. A
estrutura das aulas é outra (sem recreio
em conjunto e sem momentos de “por-
ta da escola” para jogar conversa fora),
e a dinâmica da aula também. Alunos
muitas vezes ficam com as câmeras
desligadas, o que dificulta a troca en-
tre educadores e estudantes.  “Escutei
relatos de alguns alunos que ficaram
um pouco ‘de fora’, como espectadores,
como se a aula fosse um programa”, diz
Alice Rezende. “Mas também outros
que se sentiram mais confortáveis, já
que a modalidade remota não impõe
o desafio da inserção nos grupos, de se
incluir, lidar com as diferenças. Ado-
lescentes, às vezes com questões com
o próprio corpo, não têm de se haver
com elas, pois a maioria nem liga a câ-
mera e até assiste aula de pijama.” 
Os irmãos Tiago e Melina Barbi
A aluna da 1ª série do ensino médio Terra vieram de São Paulo para
Maria Clara Costa Paschoalin também BH: “Professoras ligaram antes
de as aulas começarem, fizeram
achou a mudança de escola em tempos chamadas de vídeo, pediram
de pandemia mais desafiadora. Ainda fotos deles para apresentarem
à turma e teve também o
que tenha escolhido mudar de institui- momento de os meninos se
ção este ano por vontade própria, para apresentarem para os colegas.
investir mais em habilidades como em- Fizeram o possível para deixar
o processo menos frio”, conta
preendedorismo, não viu a transição a mãe, Ana Carolina Barbi
de maneira tão simples. “Achei muito
difícil mudar para uma escola que eu
nunca tinha ido visitar e onde eu não
conhecia ninguém”, conta.  Segundo promovam interação, como “traba- ras. Dentro do possível, penso que as
ela, a recepção virtual do novo colégio lhos colaborativos, grupos de discus- escolas devem tentar ampliar essa mo-
foi muito boa, com direito a live para são, convidar alunos veteranos para dalidade de interação entre os alunos”,
apresentar as instalações e explicar o compartilharem casos sobre a escola afirma. “A instituição de ensino susten-
funcionamento da escola e das aulas, e criar pequenas pílulas de encontros tar lugar de escuta é o único caminho
inclusive da plataforma de atividades. que sejam menos orientados e estrutu- e, a partir daí, inventar jeitos novos,
“Todos os alunos se apresentaram nos rados”. Ela menciona também que dá numa espécie de subversão do que está
primeiros dias, mas é muito difícil. para fazer combinados com os alunos, sendo imposto como ‘novo normal”. E
Não se consegue formar muito vínculo dentro do que é possível e confortável completa: “Assim que permitido pelas
com os colegas”, diz. Ainda assim, afir- para cada um, como momentos de câ- condições sanitárias, precisamos prio-
ma que não se arrepende da mudança mera aberta para maior interação. Já rizar o retorno de aulas presenciais.” 
e está animada para o retorno às aulas a psicanalista Alice Rezende ressalta a O retorno à sala de aula física, se-
presenciais, quando acontecer.  importância de escutar o aluno para, gundo as especialistas, não será neces-
De acordo com Manu Bezerra, a a partir daí, desenvolver estratégias. “O sariamente mais complicado para os
escola deve proporcionar momentos que as crianças me contam é que há, de recém-chegados da pandemia. A volta
de atividades que potencializem as modo geral, pouco espaço para trocas será depois de tanto tempo que, de
relações, que humanizem o digital e de experiências, conversas e brincadei- certa forma, todos serão novatos. z

38 |Encontro
 ARQUITETURA

Sofisticação
entre quatro Ana Paula Paolinelli: “O segredo é acompanhar todas
as etapas de cada projeto, desde a sua concepção
arquitetônica, decoração até a entrega das chaves”

paredes
Fotos: Jomar Bragança

Arquiteta e designer de interiores

Ana Paula Paolinelli aposta na
integração de ambientes para
criar espaços multifuncionais 
Em 2014 ganhou o Prêmio Amide de Decoração
em arquitetura e decoração de casas. “Nesta edição
vou participar apresentando o projeto de um aparta- Ambientes interagem entre si, dando a sensação de
mento multifuncional com espaços integrados”, diz. amplitude: piso integrado em porcelanato de grande formato
italiano Calacata e obras de arte dão sofisticação ao projeto
Para Ana Paula, o segredo do sucesso de seu trabalho
é acompanhar todas as etapas de cada projeto, desde
sua concepção arquitetônica, decoração até a entrega
das chaves. Para quem pretende aproveitar o tempo
em casa para renovar o ambiente, dá a dica: “Tudo
começa com a contratação de um bom profissional
que combine com o seu perfil e tenha disponibilidade
para atendê-lo da maneira certa.”
A partir daí é só deixar a criatividade fluir. Espaços
como o home office, área gourmet e home theater
alinham praticidade e conforto. O living room ganha
ares mais elegantes com móveis sofisticados. Os ba-
nheiros se transformam em salas de banho, com ba-
nheiras que proporcionam horas de prazer. Os tape- Acabamentos que se completam: iluminação ganha um charme
tes e as obras de arte se tornam essenciais para dar extra com o lustre de cristal preto, valorizando os objetos
aquele toque final. “Estar mais em casa aumentou o
padrão de exigência dos moradores”, diz a arquite-
ta. Tudo isso aliado às comodidades que a tecnologia
traz, entre elas poder se conectar com o mundo exte-
rior através de videoconferências e aulas online.
Cada vez mais, cresce a demanda por projetos en-
xutos e inteligentes. A integração de ambientes traz
inúmeras possibilidades entre quatro paredes.  Com
mais de 230 projetos realizados, Ana Paula Paolinelli
aposta nos modelos híbridos e surpreende. No Es-
paço Deca da Casa Cor Minas 2020, projetou uma
sala de banho inspirada em uma caixa de joias, dando
destaque para as peças que compunham o ambiente.
Atenta aos detalhes, ela confere a cada projeto a per- Espaços multifuncionais: cozinha transformada em
sonalidade do cliente. um “living gourmet” torna-se uma extensão da sala

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 BATE-PAPO | Carolina Capuruço

“No Brasil, as crianças estão

atrás até da bebida alcóolica”
Médica pediatra, cardiologista e intensivista critica postura de governos
em relação às escolas em Minas, fechadas desde março do ano passado por
causa da pandemia do novo coronavírus, e defende que estabelecimentos
sejam abertos em um movimento híbrido, seguro e gradual
Fotos: Pádua de Carvalho
Marinella Castro

No último dia 18 de março, Belo Ho-

rizonte completou um ano com todas
as suas escolas fechadas, tanto as da
rede pública quanto da rede privada. É
uma marca singular. Dados da Unesco
para a educação em tempos de pande-
mia mostram que, nas cidades mundo
afora, em algum momento as escolas
foram reabertas, mesmo que um novo
fechamento voltasse a ocorrer em pe-
ríodos de maior transmissão do novo
coronavírus. Em Minas Gerais, 1,5 mil
médicos (pediatras, neuropediatras,
psiquiatras e infectologistas, entre ou-
tras especialidades) assinaram mani-
festo a favor que as escolas sejam “as
primeiras a abrir e as últimas a fechar”.
Uma das signatárias do documento é a
médica pediatra, cardiologista, inten-
sivista e mestre pela UFMG Carolina
Capuruço. Para ela – que é mãe de duas
crianças, de 9 e 12 anos de idade – as
escolas devem ser reabertas em um
movimento híbrido, seguro e gradual
para atender principalmente a neces-
sidade daqueles que mais precisam.
Carolina diz que os médicos se preocu-
pam com questões que afetam mais de
470 mil crianças e adolescentes só em
BH, como adoecimento infantil, cres-
cimento da violência e criminalidade e
evasão escolar. Há ainda os riscos a que
são expostas crianças que ficam sozi-
nhas em casa ou em creches montadas
sem protocolos de higiene ou seguran-
ça com objetivo de atender a demanda
de famílias que precisam trabalhar.

40 |Encontro
Na sua opinião, por que as escolas
demoram tanto para abrir no Brasil
e, ainda mais, em Minas Gerais e em
Belo Horizonte?
Sinceramente, não sei. Diante de da-
nos reais e inequívocos, a alegação de
precaução ou prevenção não pode ser
utilizada. Por que não se adotam todas
as providências necessárias para se as-
segurar, de forma prioritária e imedia-
ta, o direito fundamental à educação?
Países da África, Ásia, Europa, América
e Oceania mantêm suas escolas aber-
tas ou assumem uma postura de que
a escola é a última a fechar e sempre a
primeira a abrir, colocando a educação
como pilar estrutural da sociedade,
da luta contra a pandemia e da recu-
peração das sociedades no futuro. Ao
longo desses 12 meses, ainda ouvimos
as mesmas desculpas: falta de tem-
po, de dinheiro e de estruturação. O
fechamento das escolas, que deveria
ser temporário e excepcional, tornou-
-se permanente e o último serviço a
ser priorizado, infelizmente. Estamos
constantemente em péssimas posições
nos rankings de testes internacionais e
agora, só em Belo Horizonte, abando-
namos 471.084 crianças e adolescentes
fazendo a educação por conta própria,
muitas vezes sem supervisão ou com
supervisão não treinada e inapropria-
da. Foram mais de 30 mil crianças que
não se alfabetizaram no tempo certo e
79.636 crianças que não aprimoraram
suas habilidades de matemática e lin-
guística e que, certamente, terão preju-
ízos no processo de alfabetização.
Como fica a situação das escolas
com o cenário de agravamento da
pandemia e também do medo dos
governantes, dos médicos e das
famílias?
Devemos ter consciência de que, em
períodos de pico, é necessário exacerbar
as medidas de mitigação como o distan-
ciamento social, a lavagem de mãos e o
uso de máscara. Os grandes propagado-
res do vírus são os adultos jovens, e essa
população deve ter absoluta consciên-
cia da importância de se adotar essas
medidas. Não queremos a volta a qual-
quer custo. As premissas para que as es-
colas permaneçam abertas são: retorno
facultativo (cada família sabe da sua rea-
lidade e devemos respeitar todos) híbri-
do e gradual (redução ou aumento do
percentual de alunos por ambiente de
acordo com a taxa de transmissão), boa
estrutura ambiental e complacência das
medidas de acordo com a avaliação con-
tínua dos parâmetros e mudança das
estratégias sempre que necessário. Se
estamos em um período de risco altíssi-
mo, que sejam fechadas para voltarem
a avançar com segurança rapidamente
quando esses índices melhoram.
Estou muito
preocupada
porque em 15 anos
de consultório
nunca fiz tantos
encaminhamentos
para psiquiatria.
Nos últimos meses
atendi mais que
em todos esses
anos casos de
ideação suicida”
Por que há tanta discordância sobre
o tema?
Os médicos não discordam de que a
escola seja essencial. Podemos discordar
de quando começar ou como começar, e
essa é uma discussão saudável. Nenhum
infectologista acha adequado abrir es-
tabelecimento não essencial e fechar a
escola. Isso, vindo de um médico, é ab-
surdo. As escolas não podem ficar em
último lugar. Aqui, infelizmente, nós es-
tamos depois de serviços não essenciais.
No Brasil, a escola está depois de bebida
alcóolica. Precisamos priorizar a saúde e
a educação de crianças e adolescentes.
Em muitos países, as escolas foram
prioridade na abertura e esse é um
pedido de entidades como OMS e
Unicef. O que se verificou nesses
lugares? Houve crescimento da
contaminação? No Brasil a epide-
mia aterroriza mesmo com as
escolas fechadas...
Estudos do mundo inteiro, inclu-
sive em países com menor desenvol-
vimento que o Brasil, mostram que
a abertura das escolas não levou ao
aumento das taxas de transmissão
comunitária ou resultou em maior
mortalidade. A comunidade escolar
pode refletir a taxa de transmissão
local, mas, definitivamente, não é a
escola aberta com protocolos sanitá-
rios que impulsiona a disseminação
do vírus.
Pesquisas apontam que a depressão
e a violência doméstica cresceram
no Brasil durante a pandemia. De que
maneira esse cenário atinge as
crianças?
Esse cenário atinge as crianças de
todas as formas possíveis e imaginá-
veis. Devemos lembrar que as crian-
ças são vulneráveis, por sua condição
de indivíduos em desenvolvimento,
independentemente de sua condição
social. As crianças são as principais
vítimas de violência doméstica física,
moral e sexual, infelizmente. Mesmo
quando não atingidas diretamente,
muitas vivenciam um ambiente vio-
lento 24 horas por dia, não têm o su-
porte da escola para relatar o ocorrido,
não têm nenhum socorro além do
ambiente domiciliar. Nesse contexto
podem se tornar violentas ou desen-
volver distúrbios psiquiátricos graves.
Muitas vezes a escola faz esse papel
de detectar que a criança vem sofren-
do algum tipo de abuso ou violência.
Muitas vezes, parte da escola esse diag-
nostico inicial.
Além do conteúdo acadêmico, quais
os principais danos de ficar tanto
tempo sem ir à escola?
O prolongamento do isolamento
social e a falta de convivência com
seus pares vem trazendo graves danos
à saúde física e mental das crianças,
o que vai muito além do conteúdo
pedagógico interrompido. Principal-
mente para os menos favorecidos, o
fechamento das escolas tem agrava-
do a insegurança alimentar e a fome
em nosso país. A vida social ativa que
as crianças usufruem na escola tem
impacto direto na construção da per-
sonalidade e no senso de identidade
Encontro | 41
 BATE-PAPO | Carolina Capuruço
infantil. O afastamento dos amigos
pode levar a sentimentos de depres-
são, culpa, baixa autoestima e raiva
em muitas crianças. Além disso, as
atividades escolares fornecem estru-
tura, ritmo e rotina na vida diária das
crianças e jovens, contribuindo para
estarem mais ativos fisicamente e
passarem menos tempo em frente a
TVs, videogames e celulares. Durante
os períodos de fechamento das esco-
las, crianças correm maior risco de
violência doméstica e perdem a rede
de detecção, denúncia e apoio que a
escola muitas vezes representa nestes
casos. Fora as consequências a curto
prazo, como o aumento das gestações
e abortos na adolescência, a longo pra-
zo o abuso sexual infantil contribui
significativamente para o desenvolvi-
mento de transtornos mentais e abu-
so de substâncias.
Como tem observado, na prática,
em seu consultório, os danos que
citou?
Em relação aos transtornos men-
tais, nós, médicos, já detectamos au-
mento significativo de ansiedade,
depressão e das tentativas de suicídio
em crianças e adolescentes – e, infeliz-
mente, também dos casos consuma-
dos. Estou muito preocupada porque
em 15 anos de consultório nunca fiz
tantos encaminhamentos para psi-
quiatria. Nos últimos meses atendi
mais que em todos esses anos casos de
ideação suicida.
Como você percebe os prejuízos
acadêmicos?
Em relação aos danos educacio-
nais e acadêmicos, a disparidade só-
cio-econômico-cultural já existente
aumentou absurdamente. Com aulas
remotas, a dificuldade no acesso à
internet e aos dispositivos de infor-
mática só acentuou o abismo educa-
cional entre famílias mais abastadas
e mais vulneráveis. E, mesmo para
os poucos que têm acesso garanti-
do à internet e aos computadores,
nem todas as crianças dispõe de um
adulto disponível e qualificado para
acompanhá-la nas aulas on-line, o
que se faz ainda mais imprescindível
quanto menor é a criança.
42 |Encontro
Sem dúvida, após
a vacinação de
idosos e pessoas
com comorbidades
que podem vir
a se agravar com
a Covid-19, os
professores são
essenciais e devem
ser vacinados
prioritariamente
aos demais grupos”
Você falou em mais de 30 mil crian-
ças em idade de alfabetização em
Belo Horizonte. Como fica a situa-
ção desses meninos?
A faixa etária até 6 anos foi a mais
afetada em termos de construção do
desenvolvimento. Existe um fenôme-
no fisiológico, que acontece por volta
dos 3 anos de idade, que é chamado
“poda neuronal”. Quando um bebê
nasce, o cérebro desenvolve inúme-
ras ramificações neuronais para que a
criança seja capaz de aprender as mais
diversas habilidades. Mas, ali, por vol-
ta dos 3 anos, ocorre esse mecanismo
do neurodesenvolvimento que faz
com que o cérebro selecione os neu-
rônios mais e os menos utilizados, eli-
minando aqueles que não vêm sendo
desenvolvidos. Assim, nas crianças
pequenas que vinham desenvolvendo
determinadas habilidades e subita-
mente são privadas desse desenvolvi-
mento, o cérebro entende que aquelas
ramificações neuronais que não são
mais utilizadas podem ser descarta-
das, correndo o risco de que aquela
criança possa perder, para sempre,
determinada habilidade. Além disso,
crianças pequenas precisam da con-
vivência com outras da mesma idade
para aprender a dividir, ter comporta-
mento social, respeitar regras, trocar
experiências e construir sua identida-
de. E, de uma hora para outra, isso foi
simplesmente abortado. E, o pior, sem
nenhuma perspectiva ou proposta de
retorno.
Muitos podem pensar: “mas antiga-
mente a escola não começava tão
cedo...”
Antigamente era diferente. Na épo-
ca dos nossos avós, as famílias eram
numerosas, conviviam entre si, havia o
quintal, a rua, as trocas entre famílias.
Hoje, a escola é imprescindível.
E quanto aos mais crescidinhos, do
fundamental I, de 7 a 10 anos?
Em todas as faixas etárias ob-
servamos as alterações e danos que
comentei. Nessa idade, crianças pre-
cisam brincar, correr, pular e compar-
tilhar experiências sempre rodeadas
de outras crianças. Os efeitos desse
isolamento prolongado – e estamos
falando de um ano! – são devastado-
res para o processo de aprendizado,
conhecimento, habilidade social e
formação da personalidade. A exposi-
ção exagerada a telas aumenta com-
provadamente o risco de alterações
visuais como a miopia, além de expor
a criança à visualização de conteúdos
inadequados, porém muito atraentes
para os olhos e o cérebro imaturos,
que podem causar alterações compor-
tamentais graves, como distúrbios de
sono, hiperatividade, agressividade e
sexualização precoce.
E como vê os impactos do isola-
mento para os adolescentes?
Todos os danos são observados
também em crianças mais velhas, po-
rém, sem a proteção social da escola,
os pré-adolescentes e adolescentes es-
tão ainda mais expostos à violência
física, sexualidade e gestação precoces,
drogadição e envolvimento em com-
portamentos ilícitos, como o tráfico de
drogas. Esta é uma realidade particular-
mente verdadeira para aquelas crian-
ças e adolescentes de condições sociais
menos favorecidas, que permanecem
sozinhos o dia inteiro e muitas vezes es-
tão nas ruas, já que, na imensa maioria
das famílias, os pais já retornaram ao
trabalho. Para alguns economicamente
mais favorecidos, e que estão isolados
em seus domicílios, a solidão tem leva-
do ao desenvolvimento de transtornos
mentais e psiquiátricos importantes,
como depressão, ansiedade, ideação
suicida, comportamentos de automu-
tilação e abuso de substâncias. No en-
sino médio, particularmente, estamos
lidando sobretudo com a evasão escolar
de jovens que engravidaram, casaram,
começaram a trabalhar e nunca mais
retornarão para a escola. Isso traz um
impacto negativo direto na capacidade
profissional, social e financeira desses
adolescentes, com consequências irre-
paráveis para a sociedade.
Na sua opinião, os professores de-
veriam entrar na lista de prioritários
para a vacinação?
Sem dúvida, após a vacinação de
idosos e pessoas com comorbidades
que podem vir a se agravar com a Co-
vid-19, os professores são essenciais e
devem ser vacinados prioritariamente
aos demais grupos. A educação exer-
ce papel único e inquestionável para
uma sociedade.
O que os pais devem explicar para
seus filhos no momento de retorno
às escolas? Quais as orientações
mais importantes?
Os pais e responsáveis exercem um
papel de protagonismo junto aos pro-
fessores. A criança aprende a partir de
exemplos. Elas são capazes de apren-
der muito mais facilmente do que nós,
adultos, enraizados em nossos precei-
tos e preconceitos. As famílias devem
ter conversa franca sobre as dúvidas
e medos das crianças, mostrar a im-
portância de se seguir regras, lavar as
mãos, respeitar o próximo...
O que a levou a assinar o texto que
pede a reabertura das escolas?
Eu me recuso a ficar em silêncio
diante de tantos abusos e omissões.
E não sou a única. Vários médicos,
alguns pediatras como eu, outros
neurologistas e psiquiatras, têm vi-
venciado situações de grande perigo
para a vida das crianças e adolescentes
e resolveram se unir em prol da saú-
de dessa população. Todos reconhe-
cemos como complexo o debate em
torno do equilíbrio entre os direitos
fundamentais à vida, à saúde e à edu-
cação, mas insistimos em ressaltar
que a suspensão das atividades esco-
lares presenciais foi medida absolu-
tamente excepcional e temporária,
inicialmente adotada como necessá-
ria para o entendimento da doença
e proteção coletiva. Contudo, esta-
mos prestes a completar um ano de
escolas fechadas. Mesmo diante das
centenas de variantes já sabidas e da-
quelas ainda ignoradas, as medidas de
mitigação são bem conhecidas e cabe-
-nos ensinar aos adultos que parem de
transmitir para as crianças e os idosos,
até que a vacina esteja disponível para
todos, e não continuar com as escolas
fechadas. A criança é um ser em situ-
ação de vulnerabilidade absoluta e
se a sociedade não a proteger em sua
integralidade, chegará em sua vida
adulta marcada por vieses pessoais e
sociais e irremediavelmente corrom-
pida. Crianças não têm sindicatos, elas
têm protetores: os pais e a família,
mas também os professores e o médi-
co pediatra, historicamente compro-
metido na defesa dessa população. E,
por sorte, nem todos se acovardaram
e tampouco se omitiram em defender
quem ficou sem voz. Eu sou uma des-
sas pessoas. z
 NEGÓCIOS | MODA

A empreendedora Natália
Lima, que também é
jogadora de golfe e está De pilota
a estilista
prestes a se formar em
nutrição, se reinventa na
pandemia e lança marca
de bolsas exclusivas
Fotos: Mayarinha Torres/divulgação
Rafaela Matias

O dia da belo-horizontina Natália

Lima, de 32 anos, começa cedo e se
divide entre quatro paixões que po-
dem parecer não ter nenhuma ligação
umas com as outras: nutrição, golfe,
aviação e moda.
De segunda a sexta, às 8 da manhã,
está preparada para o estágio e as aulas
do último período da faculdade de nu-
trição na Una. Apaixonada por saúde e
bem-estar, ela pretende abrir um con-
sultório em parceria com o irmão, en-
docrinologista, assim que se formar, no
final deste semestre. Aliás, nutrição não
foi a primeira faculdade de Natália, já
Graduada em Ciências Aeronáuticas, Natália diz que não perde uma
graduada em Ciências Aeronáuticas pela oportunidade de pilotar: “É o momento em que me sinto no comando”
Fumec, com autorização para pilotar avi-
ões privados. Embora não exerça mais a
carreira, ela não dispensa uma oportuni-
dade de passar pelo hangar e colocar em
prática os movimentos que aprendeu – e
pelos quais se apaixonou. “É o momen-
to em que me sinto no comando”, diz.
“Sempre que posso, mesmo com a vida
corrida que levo, quando me chamam
para voar, não penso duas vezes.”
E onde que a moda entra na vida
dessa pilota e quase nutricionista? Em
meio à pandemia do novo coronavírus,
em setembro do ano passado, ela resol-
veu que era hora de uma reviravolta
profissional. Natália viu que abrir o pró-
prio negócio poderia fazer seu coração
bater ainda mais forte que as manobras
nos voos. Ela conta que sua primeira
experiência como empreendedora foi
aos 10 anos de idade, quando começou
a vender bijuterias e miçangas para
as amigas. Agora, criou uma marca de
bolsas com seu nome, por incentivo da No final deste semestre, a estudante se forma em nutrição: planos de abrir consultório com irmão

44 |Encontro
 Wolf Wagner/divulgação
amiga estilista Bárbara Maciel, da marca
B. Bouclé. “Ela sabia que eu era apaixo-
nada por esse mercado e tinha material
de costura, porque me dediquei a pro-
Natália Lima resolveu
empreender na pandemia e
duzir máscaras quando começou o iso-
investiu na marca própria de lamento social”, diz. “Então, me convi-
bolsas: “É tudo personalizado, dou para desenhar uma bolsa exclusiva
feito à mão, com couro bovino
e peças banhadas a ouro” para a marca dela. Foi um sucesso e eu
decidi dar continuidade.”
Natália conheceu então o designer
de joias Táiguel  Rievers, com quem
passou a dividir um ateliê em Lourdes.
“Tínhamos ideias em comum e decidi-
mos fazer algo juntos, com aplicação
das joias dele nas minhas bolsas”, afir-
ma. A parceria garantiu exclusividade
às peças, já que não existem duas bol-
sas iguais. “É tudo personalizado, feito
à mão, com couro bovino e peças ba-
Legendas
nhadas a ouro”. Natália cria os modelos
sozinha, mas já não precisa cuidar de
Nátalia com a bolsa. Crédito Wolf Wagner
todas as etapas. Além da parceria com
Natália Lima resolveu empreender na pandemia e investiu
Rievers, a empresária terceiriza o traba-
na marca própria de bolsas: “É tudo personalizado, feito à mão,
lho de cortador, costureira e modelista.
com couro bovino e peças banhadas a ouro”
Além das vendas com horário mar-
cado no ateliê, Natália começou a en-
Natália no avião. Crédito: Mayarinha Torres
tregar produtos fora de Minas Gerais,
Graduada em Ciências Aeronáuticas, Natália diz que não
com clientes no Rio de Janeiro e em
perde uma oportunidade de pilotar: “É o momento em que
São Paulo. Isso, graças ao alcance de seu
me sinto no comando”
Instagram (natalialima.br). O próximo
passo da marca já está em andamen-
Natália como nutricionista. Crédito xxxxx
to e deve ser lançado nos próximos
No final deste semestre, a estudante se forma em nutrição:
meses. “Comecei a desenhar sapatos
planos de abrir consultório com irmão
e essa será a segunda etapa da Natália
Lima”, diz. “Os calçados terão a mesma
pegada das bolsas, de serem itens ex-
clusivos, com a aplicação de joias.”
Para relaxar da rotina faculdade-
-ateliê, Natália se dedica ao golfe. Há
quatro anos ela dá suas tacadas no cam-
po Thermas, em Esmeraldas, na Grande
BH. Com a rotina corrida, ela raramente
consegue pegar a estrada de segunda
a sexta. Mas quem disse que ela con-
segue deixar o campo só para o lazer?
Natália tratou de fazer do hobby mais
uma tarefa: se tornou capitã do campo,
responsável por organizar torneios, con-
seguir patrocínio e fazer a ponte com os
jogadores de outros campos mineiros.
Mesmo depois de se formar, ela não
pretende deixar nenhuma de suas ativi-
dades. “Vou ter meu consultório como
nutricionista, manter minha marca de
bolsas, continuar jogando golfe e pilotar
nas horas vagas”, garante. “Assim, consi-
go unir todas as minhas paixões.” z

Encontro | 45
 BeM-estaR | AROMATERAPIA
Ana Boaventura/divulgação

A aromaterapeuta Pollyanne
Lessa Boczar, que trouxe para
o Brasil a doTERRA: “Óleos
essenciais nos ajudam a lidar
melhor com as questões
do nosso cotidiano”

Óleos essenciais
são usados para
ativar a memória e a
disposição, além de
ajudar a dormir melhor
ou aguçar os sentidos
na gastronomia
MaRineLLa CastRo

Eles podem ser inalados ou simples-

mente aplicados na pele. Exalam aro-
mas que, segundo especialistas, acor-
dam os sentidos e têm a capacidade de
se conectar com as emoções, trazendo
disposição ou a sensação de descanso
para o dia. São os óleos essenciais, es-
pécie de elixir que promete promover
o bem-estar e ativar memórias perdi-
das, além de atuar como aliado para a
longevidade da pele e ainda, de forma
aromática, levar mais sabor para a gas-
tronomia. Essas essências fazem parte
de um mundo que reúne em pequenos

46 |Encontro
 Pádua de Carvalho
vidrinhos a “força” das plantas. Cheiros
intensos, cítricos, suaves e sofisticados
em algumas gotas. No ocidente, os óle-
os essenciais já são usados há várias
décadas, mas a cultura é milenar. A te-
rapeuta Marguerite Maury, pioneira da
aromaterapia ocidental na Inglaterra,
manipulava os óleos essenciais desde os
anos 1930, com particular interesse na
prática medicinal do rejuvenescimento.
De forma pedagógica, ela costumava
explicar que a essência das plantas seria
a “mais pura forma de energia viva que
podemos usar em nós mesmos”.
Aos poucos, o uso dos óleos essen-
ciais vem crescendo em Minas, mas
os próprios especialistas da área re-
forçam que o tratamento de forma
alguma substitui o acompanhamen-
to medico. É complementar na busca
pelo bem-estar. A psicanalista e aro-
materapeuta Isabela Savassi Palmer
explica que os óleos podem agir como
estimulantes, para promover a recu-
peração do vigor vital e o equilíbrio
das emoções. Ajudam ainda no alívio
de dores e do estresse diário, sendo
benéficos também como cosméticos,
podendo ser adicionados a óleos ve-
getais ou a cremes de base neutra. “O
sistema olfativo aciona uma central
de memórias e emoções, além de po-
tencializar o sistema imunológico”, diz
Isabela. “O tratamento com a aromate-
rapia vai trabalhando os sentimentos a
partir dos sintomas.” Imagine falar em O mixologista Filipe Brasil prepara drinques com óleos essenciais: “Pequeninas quantidades, às vezes
uma anamnese terapêutica sobre os menos que uma gota, já são suficientes para um aroma fantástico, que aumenta a percepção do sabor”

cheiros que mais gosta, o que trazem

de lembranças e como afetam o ânimo
e a energia. Pensar sobre aqueles que
são intoleráveis ou alérgicos também
faz parte da consulta. Isabela trabalha
com formulações individuais e diz
que elas devem ser usadas na medida
certa para ter sua função terapêutica.
“Se usados de forma incorreta, alguns
podem queimar a pele ou não serem
bem tolerados”, alerta. “Os óleos es-
senciais são compreendidos como a
expressão ou a alma da planta.” Isabela
Palmer desenvolveu o Loop, um portal
de notícias sobre a aromaterapia em
que internautas podem acessar infor-
mações sobre os óleos essenciais. O
site tem até com uma calculadora para
orientar sobre dosagens dos óleos, em
cosméticos, por exemplo.
Confira dicas de especialistas
Para acalmar e conciliar o sono, é possível usar no difusor ultrassônico:
6 gotas de lavanda ou 6 gotas de laranja doce
Para fortalecer o sistema imunológico, coloque
no difusor, por cerca de duas horas:
3 gotas do óleo de hortelã pimenta
3 gotas do óleo essencial eucalipto globulus
Para funcionar como desodorante, fazer uma mistura com:
50 ml de leite de magnésio
50 ml de água filtrada
10 gotas de oléo essencial de lavanda
8 gotas de óleo essencial de mameluca
Creme antioxidante para o rosto:
10 ml de óleo vegetal ou 10 gramas de creme de base neutra
3 gotas do óleo essencial de olibano
Fonte: especialistas consultados

Encontro | 47
 BEM-ESTAR | AROMATERAPIA
Verônica Viana/divulgação
O mineiro Fabian Laszlo está há
mais de 20 anos à frente de um grupo
que reúne empresas de aromaterapia
e bem-estar, incluindo também edito-
ra e instituição para cursos livres. Em
parceria com a UFMG ele desenvolveu
um processo de cromatografia capaz
de identificar a composição e a pureza
dos óleos essenciais. “Os usos da aro-
materapia são cada vez maiores, che-
gando a ser opção na agricultura orgâ-
nica, para controle de pragas e doenças,
e até mesmo na gastronomia”, diz. Ele
lembra que os óleos essenciais já são
usados como coadjuvantes na área de
obstetrícia em Belo Horizonte e tam-
bém com aplicações na cirurgia cardí-
aca. Segundo Fabian, na Europa, testes
mostraram que um medicamento fei-
A psicanalista e aromaterapeuta Isabela Palmer: “O sistema olfativo aciona uma
to à base do óleo essencial de lavanda central de memórias e emoções, além de potencializar o sistema imunológico”
seria eficaz como calmante, com efeito Divulgação
similar ao do fármaco lorazepam, usa-
do para controle da ansiedade. Óleos
de eucalipto, lavanda, hortelã, limão,
canela e até plantas desconhecidas são
uma pequena parte de um mundo.
Para quem tem curiosidade de come-
çar a mergulhar nesse universo pode
começar a ler sobre o assunto. “Um
bom começo é o livro Aromaterapia: a
cura pelos óleos essenciais, de Marcel
Lavabre”, indica Fabian.
Aromaterapeuta e consultora,
Pollyanne Lessa Boczar trouxe para o
Brasil a “doTERRA”, empresa america-
na líder no mercado mundial de óleos
essenciais. Presente em mais de 50 pa-
íses, a marca só utiliza, para fabricação
de seus óleos, matéria prima dos locais
de onde ela é originária. Assim, a lavan-
da, por exemplo, vem da França, e a
copaiba, do Brasil. “Os óleos essenciais
nos ajudam a lidar com as questões
O mineiro Fabian Laszlo é uma referência nacional no setor: “Os usos da
do dia a dia, a equilibrar as emoções”, aromaterapia são cada vez maiores, chegando a ser opção na agricultura
diz Pollyanne. Como são substâncias orgânica, para controle de pragas e doenças, e até mesmo na gastronomia”
naturais extremamente concentradas
é necessário ter o auxílio de profissio- Filipe Brasil passou a criar drinques ex- téis com óleo de abacate e com óleo de
nais para o correto uso do produto, seja clusivos com essas gotinhas aromáticas. camomila. O óleo de limão também
para quem procura dormir melhor, ter “Essências sintéticas não correspondem vai bem em sopas e na finalização de
mais disposição para começar o dia ou ao aroma dos óleos naturais, que mos- saladas”, afirma. Filipe, no entanto,
mesmo está em busca de mais saúde tram toda a força da planta”, diz. Um dos alerta que é preciso saber dosar o uso
para cabelos e pele. “Introduzir óleos coquetéis criados por Filipe leva o óleo do produto, que por ser extremamente
essenciais na rotina pode ajudar as pes- essencial de laranja e recebeu o nome concentrado pode causar danos à saú-
soas a ter um maior bem-estar e quali- de old fatshioned, uma brincadeira com de. “Pequeninas quantidades, às vezes
dade de vida de forma natural”, afirma. fat (gordura) e old fashioned (antiqua- menos que uma gota, já são suficientes
Depois de estudar o uso de óleos es- do), uma referência aos ingredientes, para um aroma fantástico, que aumen-
senciais na gastronomia, o mixologista uísque e azeite trufado. “Tenho coque- ta a percepção do sabor.” z

48 |Encontro
 CONSTRUÇÃO

Exclusividade
e proximidade
Brisa Residencial:
20 apartamentos
com planta
inteligente,
em formato

com a natureza
de cata-vento,
com vista
exclusiva para
os quatro cantos,
descortinando
Com projetos arrojados, residenciais um cenário de
encher os olhos
lançados pelo Grupo EPO, no Vale
do Sereno, aliam infraestrutura,
sofisticação e sustentabilidade
Já pensou em morar em um lugar rodeado por na-
tureza e que oferecesse a mesma infraestrutura dos
grandes centros? Essa é a proposta dos residenciais
Luar Residencial:
Brisa e Luar, lançados pelo Grupo EPO, no Vale do com 28 pavimentos,
Sereno, em Nova Lima. Seguindo o mesmo conceito sendo quatro
apartamentos por
dos projetos Sol e Terra, já construídos, também farão andar, é focado
parte do Complexo Botânico Casa Natureza. O bairro, em pessoas que
totalmente planejado para o crescimento e desenvolvi- buscam conforto
e praticidade em
mento sustentável do vetor sul, alia qualidade de vida, espaços menores,
comodidades, sofisticação e fácil acesso. “A convivên- sem abrir mão
cia harmoniosa entre moradia, trabalho, comércios, do alto padrão

serviços, preservação ambiental e mobilidade urbana

são algumas características da região”, destaca Gilmar
Dias, presidente do Grupo EPO. Outro diferencial é pos-
suir terrenos maiores que na área centro-sul, permitin-
do plantas amplas e projetos arrojados.
O Brisa Residencial chega trazendo um novo es-
tilo de vida. Projetado para surpreender, tem planta
inteligente, em formato de cata-vento, que oferece
vista exclusiva para os quatro cantos, descortinando Perspectivas ilustrativas/Tearte/divulgação

um cenário de encher os olhos. Ao todo serão 20 apar-

tamentos, sendo um por andar, com 377 metros qua-
drados cada um. As unidades contarão com quatro su-
ítes, uma delas equipada com closet, hidromassagem
e banheiros individuais para senhor e senhora. Além
da sala para três ambientes, o apartamento também
terá varanda gourmet, lavabo, sala de refeições, cozi-
nha com despensa, área de serviço com dependência
de empregada e rouparia. Na garagem, quatro vagas
espaçosas. E não para por aí. Em um espaço de 764
metros quadrados, a cobertura é composta por sala
para dois ambientes com pé direito duplo no primeiro
andar e elevador interno. No segundo andar, piscina,
espaço gourmet, lavabo, academia, escritório, home
theater, três varandas e academia.
Já o Luar Residencial será erguido em torre única,
com 28 pavimentos, sendo quatro apartamentos por
andar. O empreendimento é focado em pessoas que
buscam conforto e praticidade em espaços menores,
sem abrir mão do alto padrão. O projeto é composto
por 80 unidades de 93 metros quadrados a 142 metros
quadrados, além de quatro coberturas de 231 metros
quadrados a 240 metros quadrados. Todos com vene-
zianas integradas, tomadas USB e tratamento acústico
nos pisos dos quartos. No pilotis do prédio, o espaço
de convivência contempla sala de reuniões, salão de
festas climatizado, espaço gourmet, espaço kids, mini
quadra, academia, piscinas, saunas e até um Pet Place.
Com arquitetura assinada por Gustavo Penna e de-
coração das áreas sociais elaborada por Patrícia Her-
manny, os residenciais aliam sofisticação e sustentabi-
lidade. Entre as soluções encontradas estão medidores
individuais de água quente e fria e gás. Nas áreas co-
muns, lâmpadas de LED com sensores de presença,
torneiras com temporizadores e irrigação automática
nos jardins. Conceitos que harmonizam com a propos-
ta de um estilo de vida consciente e diferenciado.

Rua Turim, 99, Santa Lucia

www.epo.com.br
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(31) 3581-2526 (31) 99678-4422
 BELEZA | CABELOS

Estudos mostram
que Covid-19 pode Cabeça
feita
resultar em
enfraquecimento
e queda, mas
tratamentos
anti-estresse são
capazes de devolver
saúde aos fios
Arquivo Pessoal
Marinella Castro

Manter os cabelos com volume, bri- Emilene Torres vivenciou a queda

lho e fios saudáveis não é tarefa fácil, de fios após enfrentar a infecção
pelo novo coronavírus: “Percebo
mesmo em tempos tidos como “nor- que muitos fios novos estão
mais”. A situação fica ainda mais com- nascendo, mas ainda não recuperei
o volume de antes da infecção”
plicada em tempos tão angustiantes
quanto os que estamos vivendo. A cabe-
leira sente como qualquer outra parte
do nosso corpo os efeitos de uma baixa
das emoções. Um dos efeitos sobre ela
é o chamado eflúvio telógeno, distúrbio
que provoca o enfraquecimento tem-
porário dos fios e sua queda precoce,
geralmente motivado por um estresse
agudo e com grande impacto na vida de
cada um – a perda de uma pessoa queri-
da, do emprego, uma grande mudança
na rotina, uma cirurgia, são exemplos.
Estudos recentes mostram que a infec-
ção por Covid 19 também pode desen-
cadear o distúrbio. A boa notícia é que
esse tipo de queda costuma ser um
evento pontual e há tratamento para
diminuir seus danos.
O cirurgião plástico André Giannini,
coordenador do serviço de Cirurgia Plás-
tica do Hospital Lifecenter e especialista
em restauração capilar, diz que estudos
recentes demonstram relação direta
entre a Covid-19 e a queda dos fios. A hi-
pótese mais aceita até o momento é que
a infecção pelo novo coronavírus de-
sencadeia o eflúvio telógeno. “Estudos
mostram uma brutal perda capilar em
pacientes acometidos pela doença. A
queda é temporária, mas pode-se levar
meses para recuperar o cabelo perdido”,

50 |Encontro
 Arquivo Pessoal
explica André. Segundo ele, o contexto
atual da pandemia, com isolamento dos
amigos e familiares que já dura um ano,
além do cenário de medo e depressão
pela perda de pessoas queridas, estão
diretamente ligados ao estresse e, as-
sim, ao aumento da queda. “Notamos
um crescimento próximo a 80% na
procura pelos tratamentos capilares”,
diz o médico.
Os sintomas descritos por André
Débora Ramos
intensificou os
Giannini foram, de certa forma, expe-
cuidados com rimentados pela empresária Emilene
os fios durante Torres. Em novembro do ano passado,
a pandemia:
“O autocuidado ela se contaminou com o novo coro-
ajuda a equilibrar navírus. “Fiquei 10 dias de cama, me
as emoções”
sentindo muito mal”, lembra. Emilene
felizmente conseguiu se recuperar e
retomar sua rotina. Mãe de duas crian-
ças, de 6 e 10 anos de idade, durante a
pandemia ela acumulou funções da
sua empresa, com a missão de acom-
panhar os filhos nas aulas on-line, além
de assumir tarefas domésticas extras.
Um conjunto que ajudou a fazer cres-
cer o estresse. Dona de cabelos longos
e brilhantes, que recebem elogios dos
amigos, os fios sentiram a infecção pelo
Renata Mello/divulgação
coronavírus e do ambiente estressante
da pandemia. Emilene viu os cabelos
caírem muito depois da doença e por
isso fez um acompanhamento médico.
“Mesmo tendo muito cabelo, senti uma
grande queda depois da Covid. Percebo
que muitos fios novos estão nascendo,
A dermatologista
Daniela Menin
mas ainda não recuperei o volume de
explica que após antes da infecção.” Como parte dos cui-
um estresse dados com os cabelos, ela procura man-
agudo os cabelos
podem cair de ter a alimentação equilibrada e pratica,
forma precoce e sempre que possível, ou que a pande-
vão precisar de
um tempo para mia permite, aulas de boxe.
voltar a crescer: Esse ciclo enfrentado por Emile-
“A hidratação, o
uso de protetores
ne é explicado pelos dermatologistas
solares e anti- como um comportamento esperado.
térmicos, os Daniela Menin, dermatologista, espe-
produtos certos
para cada tipo de cialista em tricologia e cirurgia capilar,
cabelo, e a menor diz que depois da queda associada a
quantidade
possível de um estresse agudo, o cabelo vai preci-
química ajudam sar de alguns meses para ir retomando
nos cuidados da
haste capilar”
seu crescimento. Caso esse movimento
não aconteça, pode haver uma calvície
associada. É preciso ficar atento tam-
bém a esse fator. A queda de cabelos
pode também estar relacionada a algu-
ma carência de vitaminas, de ferro ou
proteína, além de enfermidades, mas
só uma investigação médica pode con-

Encontro | 51
 BELEZA | CABELOS
cluir a causa exata. A boa notícia é que
existem tratamentos que unem medi-
camentos, tópicos e orais, uso de LED,
mesoterapia (uso de substâncias que
estimulam o crescimento) e até trans-
plante capilar. O modelo de vida saudá-
vel ajuda na busca por cabelos brilhan-
tes e bonitos. “A hidratação, o uso de
protetores solares e anti-térmicos, além
da opção por produtos certos para cada
tipo de cabelo, e a menor quantidade
possível de química ajudam nos cuida-
dos da haste capilar”, ensina Daniela. Ela
reforça que o estresse diário, com preo-
cupações rotineiras, também pode agir
sobre os cabelos, acelerando um outro
efeito: a canície, ou o envelhecimento
dos fios, que ficam brancos.
O estresse é mesmo um vilão e por
isso a melhor saída pode ser, na medi-
da do possível, controlar as suas causas.
Dermatologista e especialista em trico-
logia, Kédima Nassif explica que além
de momentos agudos como a infecção
pelo coronavírus, que traz uma modi-
ficação no metabolismo, esse estresse
do dia a dia, com noites de insônia e
longos períodos de vigília e preocupa-
ções pode trazer outros danos, como
uma piora do couro cabeludo a partir
do aparecimento de sintomas como a
seborreia ou psoríase, impactando na
saúde dos fios. O ganho de peso tam-
bém pode favorecer a produção de
hormônios que interagem com a raiz
aumentando a queda. Kédima obser-
va que existem tratamentos variados,
inclusive que prolongam o crescimen-
to da haste, o que tem efeito positivo
melhorando a queda. “O mais indicado
é controlar a causa da ansiedade, com
alimentação saudável, atividade física
e psicoterapias.” Esse foi o caminho
trilhado pela consultora de beleza Dé-
bora Ramos. Dona de um supercabelão
loiro, Débora recebe elogios quase que
diariamente, mas já passou momentos
de dificuldades com o estresse, que se
refletiram nos fios. Mesmo antes do
início da pandemia, ela sentiu os efei-
tos do estresse no couro cabeludo e
precisou da ajuda de um dermatolo-
gista para controlar os sintomas. Ape-
sar das dificuldades emocionais tra-
zidas pelo novo coronavírus, Débora
conta que não abandonou a rotina de
cuidados. Ela usa produtos indicados
52 |Encontro
Especialista em tricologia, Kédima Nassif
diz que o controle do estresse e uma rotina
saudável tem impactos positivos nos fios:
“O mais indicado é controlar a causa da
ansiedade, com alimentação saudável,
atividade física e psicoterapias.”
Dicas do especialista
Fique atento:
Não devemos somente nos preocupar
com o volume de cabelo que cai,
devemos observar o volume que fica.
Se você tem a sensação de que pode
estar com uma queda mais acentuada,
procure o um médico
Controle o estresse:
O estresse agudo gera altas taxas de
cortisol no organismo, o que também
leva à perda dos cabelos. Em situações
de estresse, o corpo não entende que
os cabelos são importantes. Havendo
demandas maiores de vitaminas e
proteínas, o organismo usará também
os nutrientes que antes eram
direcionados aos fios.
Em caso de estresse, a produção de
estriol, substância que impede a
entrada de nutrientes na região capilar,
é acelerada e, consequentemente, freia
o crescimento dos cabelos
para seu tipo de cabelo, hidratações de
rotina e cremes. “Acho que a possibili-
dade do autocuidado ajuda a equilibrar
as emoções nesse momento de pande-
mia, o que reflete na saúde.”
Apesar de todas as preocupações
que causam a queda dos cabelos, é pre-
ciso ressaltar que ela, em si, é normal.
Fotos: divulgação
André Giannini diz que no período da pandemia
a busca por tratamentos capilares cresceu
em até 80%: “Estudos mostram uma brutal perda
capilar em pacientes acometidos pela doença.
A queda é temporária, mas pode-se levar meses
para recuperar o cabelo perdido”
Para atenuar
a perda capilar:
Tenha uma alimentação
variada, com ingestão de sucos
de frutas e vegetais e consumo
de vitaminas como biotina.
 ualquer atividade que
Q
diminua o estresse
é bem-vinda como ioga,
psicoterapia, massagem
capilar, meditação,
atividades físicas regulares
e atividades lúdicas.
 vite o uso de álcool,
E
cigarros e drogas ilícitas, pois
podem pioram a queda capilar.
 o lavar os cabelos
A
diariamente use água
morna para fria e tome
sol com moderação.
Fonte: André Giannini
“Diariamente perdemos cerca de 100
fios”, diz André Giannini. No couro cabe-
ludo, há, simultaneamente, fios em dife-
rentes estágios: alguns estão crescendo,
outros estabilizados e outros caindo. O
cabelo cai e se renova diariamente. Um
ciclo que pode até nos inspirar nesse
momento da pandemia. z
 DÉCOR

“Barco”
A designer
Cícera Gontijo:
“Sem paixão
você não
consegue fazer

premiado
nada e sou
eternamente
apaixonada pelo
meu trabalho”

em Recife
Projeto de Cícera Gontijo para
Fotos: Divulgação
Jomar Bragança/divulgação

agência de publicidade da capital

pernambucana recebe prêmio
da Associação Brasileira de
Designers de Interiores (ABD)
Quando a Agência Um, maior agência de publicidade
do Norte/Nordeste, localizada em Recife, chamou o es-
critório da designer de interiores mineira Cícera Gontijo
Recepção da Agência Um, localizada em Recife (PE):
para realizar o projeto da sua nova sede na capital per- escolhido o melhor projeto corporativo do Brasil
nambucana, tinha entre seus planos ampliar conside-
ravelmente o número de funcionários, criar espaços de
conveniência agradáveis para os colaboradores e inte-
grar departamentos. Tudo contemplado pela belíssima
vista de 360º da cidade. A agência estava em busca de
um “ar mais dinâmico”, em que conceitos caros para os
proprietários, como criatividade, integração, ética, con-
sistência, ousadia, leveza, encantamento e inteligência
fossem valorizados e transmitidos para o ambiente fí-
sico. “Nossa missão era imprimir esses conceitos em
cada canto da empresa, para torná-la inspiradora, esti-
mulante e confortável”, diz Cícera.
Terminado o projeto, ele foi inscrito no primeiro prê-
mio da Associação Brasileira de Designers de Interiores Janelas internas lembram escotilhas: sensação de se estar em uma embarcação
(ABD) e levou o primeiro lugar na categoria corporativo,
entre inscritos do Brasil inteiro. “Podemos dizer que só
de sermos escolhidos para esse trabalho já foi um re- Projeto privilegiou
vista de 360º
conhecimento, mas o prêmio nos encheu de orgulho”, da capital
afirma Cícera. O ponto de partida foi o projeto arqui- pernambucana:
tetônico do edifício comercial em que a agência está, valorização de
conceitos como
que lembra um barco. A partir daí surgiram soluções criatividade,
como janelas internas que lembram escotilhas de navio. integração, ética,
consistência,
A ambientação leva quem está na agência a se sentir ousadia, leveza,
em uma grande embarcação e a sensação se dá já na encantamento
recepção. Quem chega ao escritório se vê entre duas e inteligência
caixas laterais, como se fossem contêineres navais.
Com mais de 30 anos de atuação em todo o país,
o escritório de Cícera Gontijo, transferiu sua sede re- xão você não consegue fazer nada e sou eternamente
centemente da Savassi para o Vila da Serra e é reco- apaixonada pelo meu trabalho.” Prêmios como o da
nhecido pelo bom gosto tanto em projetos residenciais Associação Brasileira de Designers de Interiores mos-
quanto corporativos. “Quando escolhi ser designer, tram que a união de paixão com capacidade técnica
me encontrei totalmente”, afirma Cícera. “Sem pai- continua a render bons frutos.

Cícera Gontijo – Design de Interiores e Arquitetura

Rua Ministro Orozimbo Nonato, 102 - sala 2106, Vila da Serra, Nova Lima.
(31) 3261-5759 e (31) 99301-1771
www.ciceragontijo.com.br ciceragontijo /company/ciceragontijo
 CULtURa | ARTES PLÁSTICAS
Raquel Guerra/divulgação

Yara Tupynambá, sobre a

mostra que celebra sua
carreira: “Para entrar no
CCBB precisa ser nota 9,5 ou
um 10. Isso é uma coisa que
me gabarita, uma declaração
de que eu valho a pena”

Ela transforma
Minas em pinturas
Yara Tupynambá comemora
suas sete décadas de carreira
com exposição no CCBB-BH
MaRina dias

A pandemia não alterou muito a rotina da artista minei-

ra Yara Tupynambá. Ela já passava a maior parte do dia em
seu ateliê, em casa, criando. Chegou o novo coronavírus e o
convívio com amigos diminuiu, bem como as idas ao Belas
Artes e ao Cine Humberto Mauro. A energia para fazer arte,
no entanto, continuou intacta. Tanto que ela inaugurou, no
final de fevereiro, do alto de seus 89 anos, uma exposição
no Centro Cultural do Banco do Brasil em comemoração às
sete décadas na ativa como artista plástica.
A mostra exibe obras de diferentes fases de sua carrei-
ra, mas todas voltadas para a temática do meio ambiente.
“Abordei a natureza sob os mais diversos aspectos, desde
florestas selvagens, intocadas, até natureza cultivada”, ex-
plica. Há obras ligadas às matas mineiras, como do Vale A Trepadeira

54 |Encontro
 Fotos: Arquivo pessoal/divulgação

Parque das Mangabeiras Pedras no Alto da Serra do Cipó

Mata do Brigadeiro A Menina com Balões

do Rio Doce, quadros com cenas dos parques de BH, obras

sobre os jardins do Inhotim e também uma série sobre o
próprio jardim da casa da artista, que ela cultiva com mui-
to carinho. “Em casa, todo mundo pode ter contato com
seus pequenos vasos, sabendo que flor não dá o ano intei-
ro”, alerta a mineira de Montes Claros. “Eu gosto muito da
íris, por exemplo, a planta do Van Gogh, mas ela só dá em
novembro e dezembro, e tenho de cuidar dela sem floração
o resto do ano, o que exige paciência.”
Yara fala com propriedade, pois faz arte a partir de sua
experiência. No caso das festas populares e outros símbo-
los de Minas que tanto retratou, ela cria a partir de elemen-
tos que vivenciou, dos quais participou e que valoriza. Filha
de engenheiro, Yara conta que morou em diversas cidades
do interior. “Papai acompanhava a construção de estrada, e
nós o acompanhávamos”, conta. Assim, teve contato com a
cultura mineira em suas mais variadas facetas, do congado
à siderurgia, passando pela história, pelas festas, pelo arte-
Entrada da Mata do Tripui sanato. “Sou bastante viajada. Morei em Nova York como

Encontro | 55
 CULTURA | ARTES PLÁSTICAS

O ateliê de Yara: artista de 89 anos cancelou as idas ao cinema, mas não deixou de trabalhar durante a pandemia

André Senna/divulgação
bolsista, conheço a Europa, China, Ja-
pão, Índia”, diz Yara. “A vida inteira fui
do mundo, mas, amorosamente, sou
de Minas.” Ela, que foi aluna dos reno-
mados artistas brasileiros Alberto da
Veiga Guignard e de Oswaldo Goeldi,
cita uma famosa frase atribuída ao es-
critor russo Tolstói para explicar a pre-
sença tão profunda de Minas em sua
arte. “Se queres ser universal, começa
por pintar a tua aldeia.” 
E não só nas obras relativas à cul-
tura do estado, mas também àquelas
com tema de natureza, Yara vai à cam-
po. Literalmente. “No Vale do Rio Doce,
fui com guia, fiquei em acampamento,
comi e dormi lá”, afirma. Para visitar as
velócias-gigantes, árvores com mais de
500 anos que existem na Serra do Cipó,
teve de pedir autorização para o Ibama,
pois deixou de ser permitida a circula-
ção de pessoas no local, já que elas esta-
vam destruindo as plantas em questão.
No meio da mata do Parque Jacques
Cousteau, em BH, ela pintou uma pa-
rede que encontrou por lá, toda grafi- Inhotim X

56 |Encontro

A Velha Parede Esquecida
tada com arabescos de azulejos e cuja
história ninguém lhe soube contar. O
quadro A Velha Parede Esquecida, aliás,
é um de seus favoritos na exposição.
“Pelo mistério que tem nele”, explica.
Segundo o artista plástico mineiro Fer-
nando Pacheco, colega e amigo de Yara
há mais ou menos 40 anos, a temática
de sua obra vem de suas raízes. “Yara
se mistura à sua arte através de suas
origens”, afirma. “É uma obra muito
marcante pela verdade que contém, a
verdade da vida dela”, explica.  A trajetória de Yara mostra como
A artista diz que seu talento para as
artes plásticas veio de sua avó paterna,
Diva, que estudou pintura e desenho.
Desde menina, Yara gostava de dese-
nhar e tinha até professora de desenho
na escola. Porém, ninguém da família
esperava que ela fosse escolher essa
carreira. “Não era uma carreira para
mulheres, que eram normalmente
professoras. Uma ou outra muito es-
tranha ia ser médica ou advogada”,
conta. Ela trabalhou em outros ofícios
– foi funcionária da Caixa Econômica
Estadual, por exemplo, como datiló-
grafa –, pois, segundo conta, sua gera-
ção não fez arte como profissão. Mas
em nenhum momento abandonou o
chamado da cultura.
nunca foi uma mulher conformada, ao
contrário. Sempre foi atrás de seus de-
sejos e objetivos, com muita coragem
e honestidade. De acordo com Pache-
co, pode-se definir a pintora, gravado-
ra, muralista e desenhista como uma
pessoa batalhadora, corajosa e guerrei-
ra. “Ela vai à luta, atrás do sonho dela,
das realizações”, diz. “E fala o que tem
que ser falado, briga pelo que tem que
ser brigado”, completa. Em 1969, quan-
do criou o painel Inconfidência Minei-
ra, de 40 m de largura e 4 m de altura,
que fica na reitoria da UFMG – onde foi
professora e diretora na Faculdade de
Belas Artes da UFMG – não abaixou a
cabeça para os militares que acompa-
nhavam o processo de produção do
mural. Ela ia trabalhar na obra sob os
olhos vigilantes dos militares com ar-
mas em punho. Ainda assim, acrescen-
tou à obra, ao final,  a frase “Condição
primeira para a cultura é a liberdade”.
Esse é um de seus mais de 104 painéis
e murais (sete dos quais tombados
pelo Patrimônio Histórico Cultural de
Belo Horizonte).
A artista, que já participou de sa-
lões de arte moderna, bienais, mostras
nacionais, exposições coletivas no ex-
terior e individuais das mais diversas,
diz que a exposição no CCBB-BH é um
momento muito especial em sua vida.
“Para entrar no CCBB precisa ser nota
9,5 ou um 10”, brinca. “Isso é uma coi-
sa que me gabarita, uma declaração de
que eu valho a pena”, completa. Ela afir-
ma que uma mostra em galeria atrai
um público já mais acostumado com a
arte e que, no CCBB, ela terá um público
que não teria em outros espaços.  Aos
quase 90 anos, com toda a energia cria-
tiva que ainda tem de sobra, Yara já es-
colheu o próximo projeto a que vai se
dedicar no seu ateliê. “Quero fazer algo
sobre a cultura popular”, conta. Quan-
to à impossibilidade de participar de
eventos da cultura mineira na pande-
mia, ela garante que não será proble-
ma. “Eu já estive em quantas? Ainda
nova, eu ia acompanhar congadeiros
em Itaúna, meu pai achava o fim da pi-
cada, mas eu ia mesmo assim.” z
EXPOSIÇÃO
“Yara Tupynambá – 70 anos de carreira”
- em cartaz até 20 de maio no CCBB-BH,
de quarta a segunda, das 10h às 22h
(mediante agendamento, dependendo
das medidas de contenção da
Covid-19). Há a opção de visita virtual
Encontro | 57
 Pet | COMPORTAMENTO
Pádua de Carvalho

A professora universitária
Giulia Villela Giovani convive
com cinco pets, entre eles a
golden retriever Amelie e o
gato sem raça definida Fidel:
“O bem que eles me fazem é
tão grande quanto a minha
dedicação por eles”

58 |Encontro
 Bruno Hanelt

Animais que sofreram

as tristes consequências Os irmãos Aurora (cinza) e Romeu nem de longe lembram
os filhotes desnutridos resgatados em uma escola pública.
A micro empreendedora Cassilene Ribeiro e a filha Larissa

do abandono, com altos de Almeida se divertem com os pets: “É o casal furacão. Por
onde passam, não deixam nada inteiro”, brinca Cassilene

índices na pandemia,
transformam a vida
de seus adotantes
levando amor e
alegria a novos lares
Daniela Costa

A noite já ia longe quando se deu

o início dessa história. Em uma das
acentuadas curvas da estrada que dá
acesso ao distrito de São Sebastião das
Águas Claras, mais conhecido como
Macacos, em Nova Lima, uma situa-
ção triste, mas cheia de solidariedade,
aconteceria. Já era final do último mês
de fevereiro e após vencer mais um dia
de trabalho, o motoboy Júnior Franco
de Souza Oliveira tomou o rumo de
casa, seguindo o sentido do bairro Jar-
dim Canadá, onde mora. Parou, sur-
preso, no meio do caminho. “Eu me
deparei com duas mulheres que tenta-
vam pegar um cachorro que estava de-
sorientado na pista. A princípio, achei
que fosse delas”, diz ele. Já se passavam
das 22 horas e a falta de segurança do
local, propício tanto a assaltos quanto a
acidentes, o deixou apreensivo. “Quan- esforços foram redobrados. Após dois aumento do número de abandono de
do perguntei o que estava acontecendo dias de tentativas, Ursa foi resgatada. cães, gatos e até cavalos durante a pan-
e soube que, na verdade, o animal ha- “Ficamos mais de três horas nos apro- demia fez surgir um questionamento:
via sido abandonado, tive ainda mais ximando e conquistando sua confiança. isso estaria ocorrendo por causa da crise
vontade de ajudar.”  Nada paga a emoção que senti ao vê- financeira que assola muitas famílias
Enquanto Júnior se colocava a par -la salva”, diz Júnior. A companheira de ou estaria sendo usado apenas como
da situação, a cadelinha Ursa, da raça Ursa não teve a mesma sorte. Morreu justificativa para algo que já seria feito?
chow chow, reunia as poucas forças que atropelada na BR. “Em momentos assim é que provamos
lhe restavam para tentar se esconder Apesar de a relação entre bicho e o nosso verdadeiro respeito e amor
em meio ao mato. Sua saga por aqueles gente ser milenar, segue marcada por aos nossos irmãos não humanos”, diz
lados havia começado no dia anterior, sentimentos e atitudes contraditórias. Adriana Araújo, coordenadora do Movi-
quando ela e sua parceira “surgiram” do No Brasil, ao mesmo tempo em que em mento Mineiro pelos Direitos Animais
nada no local. A notícia logo se espalhou algumas regiões os animais têm até san- (MMDA). “Seríamos capazes de abando-
pelos grupos da região. “Soube que ou- to protetor, a exemplo de São Francisco nar um ente querido à próxima sorte,
tras pessoas já haviam tentado resgatá- de Assis e São Lázaro, também continu- ainda mais sendo ele incapaz de se cui-
-las, mas estavam muito assustadas e am sendo vítimas de todos os tipos de dar e defender sozinho?”, questiona ela.
não deixavam ninguém se aproximar.” negligência e violência. Em pleno século Em Belo Horizonte, dados da Se-
Mensagens de que acabariam sendo XXI, nota-se que as leis de proteção evo- cretaria Municipal de Meio Ambiente
atropeladas começaram a circular e os luíram, mas muitas consciências não. O da PBH estimam que existam cerca de

Encontro | 59
 Pet | COMPORTAMENTO
Após dois dias de tentativas,
a chow chow Ursa foi
resgatada em uma estrada:
“Ficamos mais de três
horas nos aproximando e
conquistando sua confiança.
Nada paga a emoção que
senti ao vê-la salva”, diz
o motoboy Júnior Franco
40 mil cachorros nas ruas da cidade. A
população de gatos não é mensurada,
mas ativistas preocupam-se com a pro-
criação descontrolada. “Além da questão
social e cultural, o aumento do abando-
no pode estar relacionado também ao
vírus da desinformação. Muitas pessoas
acham que os animais transmitem o
coronavírus, o que não é verdade”, escla-
rece o veterinário Leonardo Maciel, ge-
rente de Defesa dos Animais da SMMA.
A solução encontrada foi atuar em vá-
rias frentes. Nos Centros de Controle de
Zoonoses (CCZ) da capital, castrações
gratuitas são realizadas continuamen-
te. O projeto Maloca acolhe os cães de
moradores de rua que se recusam a ir
para os abrigos para não se separarem
de seus companheiros de quatro patas.
E a inauguração do primeiro Hospital
Público Veterinário de BH é um marco
importante de melhoria da saúde públi-
ca e bem-estar dos pets.
Em Nova Lima, o índice de abando-
no e maus-tratos também é desolador.
Histórias como a da cadela Ursa são
frequentes, a maioria sem finais feli-
zes. Sob novo comando, a Secretaria
60 |Encontro
de Meio Ambiente promete escrever
novas páginas nesse roteiro. Entre as
medidas previstas estão a promoção
de campanhas educativas de conscien-
tização sobre o crime de maus-tratos,
a guarda responsável e a realização de
campanhas de castração gratuitas nas
comunidades de baixa renda. “O nos-
so primeiro passo foi criar um fórum
permanente de discussão com os pro-
tetores da causa animal da cidade”, diz
o secretário Gabriel Coutinho.
Os irmãos Aurora e Romeu nem de
longe lembram os filhotes desnutridos,
com vastas falhas nos pelos provocadas
por fungos e barrigas enormes repletas
de vermes. Dos sete filhotes tidos por
uma cadela sem raça definida dentro
de uma escola municipal, sobraram
apenas dois. Os demais não resistiram
à fome e à doença. “Quando os resgata-
mos, um terceiro filhote agonizava em
meio ao pátio do local. Nunca vi cena
tão triste”, diz a micro empreendedora
Cassilene Ribeiro Oliveira. Hoje ela e a
família se divertem com os pets que
ganharam um apelido para lá de cari-
nhoso. “É o casal furacão. Por onde pas-
Bruno Hanelt
sam, não deixam nada inteiro”, brinca
Cassilene. A filha, Larissa Kaylane Reis
de Almeida, virou a mãe adotiva dos
pequenos que já esbanjam simpatia em
página pessoal no Instagram.
A opção pela adoção ajuda a redu-
zir o número de animais abandonados,
além de não contribuir com o comér-
cio clandestino de venda de filhotes de
raça, no qual, muitas vezes, cadelas são
mantidas como matrizes, em estado
permanente de maus-tratos. Dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS)
apontam que 30 milhões de animais
vivem nas ruas do Brasil, sendo 10 mi-
lhões deles gatos e 20 milhões de ca-
chorros. Em grandes cidades, como
Belo Horizonte, a estimativa é que para
cada cinco humanos, um cachorro está
abandonado. A professora universitária
Giulia Villela Giovani já teve de tudo
em casa. Gato, cachorro, coelho, peixe,
galinha. Atualmente convive com cin-
co pets, entre eles os bichanos Fidel,
Tigrinho e Chantilly, todos adotados e
sem raça definida. “O bem que eles me
fazem é tão grande quanto a minha de-
dicação por eles”, diz ela. z
 No site da Encontro, iNformação
de qualidade é siNôNimo de audiêNcia
em 2020, nossas reportagens on-line tiveram um aumento
de 30% no número de visualizações, em comparação com 2019

61,9%
AudiênciA feminino
(em total de pageviews)

2020 17.157.301 sexo 38,1%

masculino
2019 13.297.943
2018 11.173.025

Acesse www.revistaencontro.com.br
e fique muito bem informAdo
 VEÍCULOS | IMPRESSÕES
Fotos: Fábio Doyle

O XC40 T5 plug-in Hybrid: desempenho similar a um carro esportivo, com aceleração de 0 a 100km/h em apenas 7,3 segundos

Eletrificação geral
Com autonomia de 45 quilômetros, uso Fábio Doyle

planejado do XC40 híbrido da Volvo pode Trancados em casa, nesta época

de pandemia, respirar novos ares, vi-
resultar em redução de 39 reais por dia, ou sitar culturas diferentes, só mesmo
de forma virtual. Ou então, para nos
14.235 reais por ano nas despesas com gasolina. sentirmos um pouco mais próximos
da civilidade, uma alternativa é abrir a
Marca sueca mandou motores exclusivamente porta e entrar em um Volvo, com seu
já característico cheiro de Suécia.
a combustão para o museu e agora só vende Foi a sensação que tivemos ao
receber para avaliação um XC40 T5
híbridos. Em breve chegam os 100% elétricos plug-in Hybrid, versão R-Design. O

62 |Encontro
 O modelo mais completo
custa 279.950 reais:
22º lugar entre os SUVs
emplacados no Brasil neste
ano, e o mais vendido entre
os concorrentes premium

elétrico, com 82 Hp, e outro turbo, de

SUV compacto da Volvo, que desde
seu lançamento no Brasil é um dos
mais desejados do mercado, agora é
ofertado apenas na versão elétrica
híbrida plug-in, seguindo a política
internacional da marca sueca, a pri-
meira a levar para o museu carros
movidos exclusivamente com moto-
res a combustão e ter toda sua linha
de produtos com a tecnologia híbrida
elétrica plug-in. Isso neste primeiro
momento, enquanto se prepara para
investir em carros 100% elétricos. A
promessa é que em 2030 todos serão
eletrificados.
Falar das qualidades de segurança,
do acabamento primoroso, do conte-
údo tecnológico, do moderno câmbio
automático de sete velocidades de
dupla embreagem, e das soluções de
conectividade e controles eletrônicos
que o XC 40 traz é ser repetitivo, é
chover no molhado. Como os demais
modelos da Volvo, o XC 40 é com-
pletíssimo. Tem tudo o que se pode
pensar, desde sensor hands free para
abrir o porta-malas até carregador de
smartphone por indução. O preço,
como não podia deixar de ser, é salga-
do. O modelo avaliado sai por 279.950
reais. Mesmo assim ele é sucesso em
vendas, ocupando o 22º lugar entre
os SUVs emplacados no Brasil neste
ano, e o mais vendido entre os concor-
rentes premium, com 464 unidades
licenciadas nos dois primeiros meses
deste ano e 2.868 no ano passado, se-
gundo dados da Fenabrave, a associa-
ção de revendedores.
Vamos nos ater, portanto, a co-
mentar sua principal novidade: a
motorização elétrica híbrida plug-in.
O modelo traz o conjunto T5 Twin
Engine FWD, com dois motores, um
três cilindros, a gasolina, 1.5L e 180 Hp.
Combinados, produzem 262 Hp de
potência e 425 Nm de torque.
A autonomia de cerca de 45 qui-
lômetros do sistema de propulsão
elétrica soa, a princípio como muito
limitada. A Volvo explica que é uma
autonomia que permite ir e voltar
com folga de casa ao trabalho sem
gastar gasolina, carregando a bateria
durante a noite na garagem de casa e,
no turno diário de trabalho, no esta-
cionamento do escritório.
Colocando na ponta do lápis, o re-
sultado para quem roda 90 quilôme-
tros por dia impulsionado pelo motor
elétrico pode gerar a economia, em 20
dias, de cerca de 130 litros de gasolina,
que nos dias atuais representa econo-
mizar algo em torno de três tanques
de combustível nesse período, ou seja
780 reais em redução de consumo de
gasolina aos valores atuais, de 6 reais
por litro. Ou ainda uma economia de
39 reais por dia ou 14.235 reais por ano.
Há que se considerar nesse cálculo o
custo da energia elétrica para a carga
das baterias, que por enquanto é infi-
nitamente inferior.
No trajeto de 605 quilômetros
que rodamos com o XC40 T5 plug-
-in Hybrid que a Volvo nos cedeu,
percorrendo rodovias e trechos ur-
banos na região metropolitana de
Belo Horizonte, a média de consumo
de gasolina registrada no sistema de
informações do carro foi de 14 km/l.
A Volvo não divulga o consumo de
combustível, mas há testemunhos de
analistas que na configuração híbrida
o XC40 pode chegou a 18 km/l. Vai de-
pender de como cada um dirige e em
que tipo de vias e topografias o carro
é utilizado.
A recarga da bateria do motor
elétrico pode feita na garagem de
casa, usando o cabo oferecido pela
Volvo como item de série do carro,
conectando-o a uma tomada (com
aterramento) de 220V e 16A, sendo

Encontro | 63
 VeÍCULos | IMPRESSÕES
Divulgação
necessário somente instalar a tomada
redonda de três pinos específica para
conectar o cabo. A recarga total com
esse equipamento é obtida em cerca
de 4 horas, segundo especialistas da
Valborg/Volvo.
Outra opção são os eletropostos,
que aos poucos vem sendo instala-
dos pelas marcas que vendem carros
elétricos em locais estratégicos como
estacionamentos de shoppings, su-
permercados, condomínios e aero-
portos, entre outros. No caso da Volvo,
o equipamento, conhecido como Vol-
vo Wallbox, pode ser adquirido pelos
clientes ao preço sugerido de 8.950
reais, fora o serviço de instalação. A
recarga utilizando o Wallbox, que tem
as opções de recarga rápida, normal e
lenta, leva duas horas e meia no modo
normal, informou a Valborg/Volvo.
Para encontrar o mais próximo bas-
ta entrar no aplicativo Waze e digitar
Eletroposto, esclarece a Volvo. São 700
pontos de recarga instalados no país
que, até o final deste ano deve atingir 1
mil, informa a Volvo.
Potência, torque e desempenho é o
que não falta no XC40 T5 Hybrid. Seu
desempenho é similar a um carro es-
portivo e faz de 0 a 100km/h em ape-
nas 7,3s. O sistema T5 Twin Engine do
XC40 híbrido pode ser otimizado para
privilegiar a redução dos gases po-
luentes e configurado de acordo com
as opções do motorista. Há o modo
Hybrid que aciona a utilização combi-
nada do motor elétrico e combustão
otimizando potência e consumo de
combustível. O modo Pure seleciona
o uso exclusivo do motor elétrico, in-
dicado para uso urbano. A terceira op-
ção é o Power, de condução esportiva,
que privilegia potência e torque má-
ximo disponível com respostas mais O Wallbox pode ser adquirido por 8.950 reais, fora o serviço de instalação:
com o equipamento a recarga no modo normal leva duas horas e meia
rápidas do acelerador e trocas de mar-
cha Sport com foco em performance.
Há também o modo Off-Road, para Após a estreia da versão mais com- da entre os eletrificados plug-in, com
condução em terrenos fora de estrada pleta do XC40 com motorização elé- mais de 3.200 unidades comercializa-
entre 20 e 40 km/h. Para garantir pra- trica híbrida plug-in a Volvo acrescen- das no ano, o que representa 63% das
ticidade e a melhor forma de condu- tou as versões menos caras com essa vendas no País. Segue ocupando o pri-
ção em qualquer situação, o modelo é modalidade: a Inscription T5 (274.950 meiro lugar entre os SUVs Premium
equipado com as teclas Hold, que blo- reais) e a Momentum (244.950 reais). no país e o XC60 é o veículo híbrido
queia o uso da bateria para uso poste- Em 2020, a Volvo Car Brasil fechou brasileiro que menos desvaloriza em
rior, e a tecla Charge, que recarrega a o ano na segunda posição do segmen- um ano dentre todos os modelos co-
bateria em até 1/3 com o uso do motor to Premium, com 17,6% de participa- mercializados por aqui, segundo pes-
à combustão. ção no mercado. A marca é líder isola- quisa da Auto Informe. z

64 |Encontro
 CONTROLE DE PORTARIA
VISITANTES Acesso somente de pessoas
ave digital para autorizadas pelo morador.
ores de serviço Registro de visitantes e

CENTRAL DE
e permissão de prestadores de serviço,
acesso. consultas e relatórios diversos,
agendamento de visitas e
registro de encomendas.

SISTEMAS DE CÂMERAS
MONITORAMENTO EMIVE APLICATIVO EMIVE SMART
CONTROLE DE PORTARIA
Aplicativo para Android e iOS com as
DE VISITANTES AVocêMAIOR
A EMIVE conta com a mais alta
tecnologia de CFTV DIGITAL.
monitorar
ma chave digital
pode
paraatravés de suas câmeras
DA AMÉRICA LATINA. principais funcionalidades para
Acesso somente de pessoas
utilização dos condôminos. Abertura
de portas e portões, agenda de autorizadas pelo morador.
estadoreso seu Patrimônio, tudo isso em tempo
de serviço Registro de visitantes e
ambientes, ocorrência e visualização
ição e permissão de disso, os projetos são
real. Além das câmeras. prestadores de serviço,
acesso. sob medida para atender
desenvolvidos consultas e relatórios diversos,
cada necessidade específica. agendamento de visitas e
registro de encomendas.

O E GESTÃO ALARME MONITORADO

APLICATIVO EMIVE SMART
eb e aplicativo,SISTEMAS DE CÂMERAS A Emive
Aplicativo para Android e iOS com asoferece diversas opções em
e desenvolvido A EMIVE conta com a mais alta alarmes e soluções em segurança
principais funcionalidades para
a Automaçãotecnologia
e de CFTV DIGITAL. Você pode utilização dos condôminos. eletrônica.
Abertura Você pode optar por um
o e Segurançamonitorar através de suas câmeras de portas e portões, agendasistema
de de alarme COM ou SEM FIO,
u condomínio.o seu Patrimônio, tudo isso em tempo além da proteção perimetral,
ambientes, ocorrência e visualização
real. Além disso, os projetos são das câmeras. complementando o seu sistema com
desenvolvidos sob medida para atender cerca elétrica ou outras tecnologias
cada necessidade específica. para controle de acesso,

ÇÃO E GESTÃO ALARME MONITORADO

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A ÚNICA empresa a possuir os 3 pilares da Segurança Eletrônica.
ia web e aplicativo,
ado e desenvolvido A Emive oferece sensores que alarmes e soluções em segurança
para Automação e podem ficar na área externa, cerca eletrônica. Você pode optar por um
cação e Segurança elétrica monitorada, sensores IVA sistema
de de alarme COM ou SEM FIO,
no seu condomínio. barreira com duplo feixe, câmeras além da proteção perimetral,
complementando o seu sistema com
com inteligência artificial e detecção
de movimento, e monitoramentocerca de elétrica ou outras tecnologias
grandes áreas com fibra ótica. para controle de acesso,

1- INIBIÇÃO 2 - DETECÇÃO 3 - AÇÃO

Um local monitorado pela EMIVE fica 36 VEZES Para detectar as ações dos meliantes PROTEÇÃO
A Emive PERIMETRAL
possui mais de 280 unidades volantes
distribuídos em locais estratégicos da cidade.
MAIS SEGURO do que qualquer outro que não com rapidez, a EMIVE oferece aos clientes A Emive oferece sensores que
possua um sistema de segurança eletrônica equipamentos de ponta com ALTA TECNOLOGIA podem Quando
ficar naoárea
vistoriador mais próximo geograficamente
externa, cerca
da EMIVE. A maior empresa de segurança EMBARCADA, além de especialistas em domonitorada,
elétrica local é acionado
sensorespela Central de Monitoramento,
IVA de
barreira com duplo feixe, câmeras
ele se desloca em tempo hábil ao estabelecimento,
eletrônica da América Latina protegendo seu segurança eletrônica para elaborar um projeto com inteligência artificial e detecção
patrimônio e sua família 24 horas por dia. de segurança personalizado. minimizando
de movimento, o tempo e de
e monitoramento a ação do meliante.
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 ARQUITETURA

Repaginando lares Uarlen Valério

No escritório da arquiteta
e designer de interiores
Manuela Senna, projetos
realistas, apresentados em 3D,
priorizam a personalidade
de cada cliente, alinhando
estética e funcionalidade

O surgimento da pandemia trouxe uma ressig-

nificação do lar, que acabou virando palco para vá-
rias atividades. Separar vida pessoal da profissional
se tornou “quase” impossível e a solução encontrada
por muitas famílias foi repaginar a casa. Em meio à
crise, nunca se viu tanta procura por profissionais
da arquitetura e decoração. “Houve uma valorização
do lar enquanto refúgio e local sagrado. É o único
espaço onde ainda é possível ter algum controle”, diz
a arquiteta Manuela Senna, especializada em design
de interiores.
Há 17 anos no mercado, ela e sua equipe se des-
dobram para atender às demandas. Algumas delas,
bem específicas. O home office chegou com força to- Em meio à crise, nunca se viu tanta procura por profissionais da
tal e com ele a necessidade de adequar o antigo escri- arquitetura e decoração, segundo a arquiteta Manuela Senna:
tório. “Muitos dos nossos clientes participam de vídeo “Houve uma valorização do lar enquanto refúgio e local sagrado.
É o único espaço onde ainda é possível ter algum controle”
conferências, audiências online, e tudo isso precisa
ser pensado com cuidado para trazer boas soluções”, Jomar Bragança 

diz ela. A convivência com as crianças se tornou in-

tensa e, apesar de prazerosa, exigiu mudanças no
ambiente familiar. Mesmo estando em casa, os pe-
quenos também precisam de espaço adequado para
brincar, estudar e respirar ar puro. 
Por esses motivos, diz a arquiteta, muitos clientes
decidiram mudar para apartamentos maiores com co-
bertura ou área privativa e, até mesmo, para casas.
“A procura por reformas no quarto dos filhos cresceu
exponencialmente, assim como a busca por espaços
que permitam o contato com a natureza.” Com foco
no atendimento ágil, exclusivo e atencioso, Manuela
e sua equipe acreditam que estética e funcionalidade
devem mesmo caminhar juntos, seja em projetos re-
sidenciais, corporativos ou comerciais. 
O objetivo principal é ajudar o cliente a tirar o pro-
jeto do papel e acompanhá-lo em todas as etapas
Tons suaves mesclados ao aconchego que o extenso
do processo. Para isso, investe em apresentações painel de madeira, que chega até a cozinha, propicia:
realistas, em 3D, que permitem uma experiência pontos de cor no tríptico de Marco Vinhal

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@manuelasennaarquitetura
 Fotos: Jomar Bragança 
Detalhe da cozinha que se conecta com a varanda, com marcenaria
que deixa tudo a mão no dia a dia: ilha em Nano Glass, que serve
como mesa de lanche, cria um interessante contraste
O home office, com 2 estações de trabalho, atende muito bem à família
nas atividades remotas da atualidade: recebeu marcenaria desenhada
cuidadosamente em tons neutros com leve pincelada de verde
Manuela Senna Arquitetura & Design
Rua Matias Cardoso, 271, Cj.801 | Santo Agostinho | (31) 3215-8119
Pórtico em mármore travertino romano, que abriga o bojo esculpido, espelho e
luminárias: destaque para os metais pretos trazendo imponência ao lavabo
Harmonia entre tons terrosos: presença marcante de obras de arte
sensorial única. “A sensação é de poder vivenciar a
futura casa.” Com o mercado de construção e refor-
mas aquecido, as vendas online aumentaram. Para
Manuela, o atendimento virtual é um forte aliado,
mas nada que substitua o contato direto com tecidos,
madeiras, entre outros produtos do setor de decora-
ção.  “Ao vivo faz toda a diferença.” Por outro lado,
quando se trata de negociar, muitos clientes preferem
reuniões on-line e o envio de vídeos, fotos e detalhes
do projeto via whatsapp. 
Sempre atuando entre o clássico e o contemporâ-
neo, seu trabalho é conhecido pelo uso da madeira
e tons pastéis. Muitos de seus projetos foram apre-
sentados nas principais mostras de decoração do es-
tado: Decora Líder BH, Modernos Eternos BH e Casa
Cor MG. Em seu escritório, profissionais graduados e
treinados estão preparados para criar desde o projeto
luminotécnico, às plantas, até a montagem final dos
ambientes, sempre priorizando a personalidade e os
sonhos de cada cliente.
 CAPA | IMÓVEIS

Os bons
ventos da
construção
Crise? Apesar dos solavancos da economia por causa
da pandemia da Covid-19, mercado imobiliário vem
ignorando essa palavra. Construtoras comemoram
excelentes resultados em 2020, contratam e
projetam ainda mais crescimento para este ano
Rafael Campos das construtoras adotarem medidas frenético como aponta o dado acima.
de contenção da doença, os canteiros E o motivo é bem conhecido: taxa Se-
A pandemia aterrissou há um ano de obras não foram abandonados. E a lic no chão (2,75% ao ano, depois da
no país. Setores de todo o tipo foram demanda já era grande, afinal, as uni- elevação decidida pelo Copom no dia
impactados e alguns seguem se arras- dades que estavam em estoque come- 17 de março) e flexibilização das linhas
tando em meio às incertezas impostas çaram a serem vendidas em um ritmo de financiamento existentes. “Com
pela crise sanitária. Mas há um seg- o trabalho em home office, notamos
mento que segue em uma toada dife- que as pessoas estavam com mais
rente: o da construção civil. Números Números tempo, e passaram a buscar por novas
não mentem. Não há, portanto, como e melhores moradias, sobretudo, com
iniciar esta reportagem ignorando-
animadores varanda, que passou a ser uma priori-

-os. Conforme o Sinduscon-MG, no
conturbado 2020, BH e Nova Lima re-
gistraram crescimento de 22,66% nas
vendas de imóveis, em relação ao ano
anterior. Ainda conforme a entidade,
a construção civil foi o ramo da eco-
nomia que mais gerou empregos no
estado. Na contramão de uma taxa de
desemprego recorde no país – com 13,4
milhões de pessoas sem trabalho – o
setor assinou mais de 25 mil carteiras
em Minas Gerais. Há uma explicação
para isso. Durante a pandemia, apesar
22,66%
dade em detrimento até da garagem”,
diz Geraldo Linhares, presidente do
Sinduscon-MG.
foi o crescimento na venda Há mais números animadores.
de imóveis em BH e Nova Lima Segundo o Instituto Data Secovi, da
em 2020 em relação
ao ano anterior
Câmara do Mercado Imobiliário e Sin-
dicato das Empresas do Mercado Imo-
25 mil
empregos foram gerados
biliário do estado, o segundo semestre
de 2020 puxou a retomada. Foi anota-
do o crescimento de 9% em relação ao
no ano passado no setor mesmo período de 2019, superando
de construção civil em 52% a quantidade de imóveis ven-
didos no primeiro semestre de 2020.
Fontes: Sinduscon-MG

68 |Encontro
 Samuel Gê

Alex Veiga, CEO do

Grupo Patrimar: “Em
2020, registramos um
crescimento vertiginoso,
o melhor ano da história
da empresa. E 2021
vai ser espetacular”

Encontro | 69
 CAPA | IMÓVEIS
A leitura feita na época era de que o
temor gerado pela Covid-19 nos pri-
meiros meses do ano havia se arrefe-
cido e as pessoas começaram a buscar
imóveis mais espaçosos, já que o lema
“Fique em Casa” havia ganhado força.
“Foi o melhor ano da empresa
desde 2013”, afirma Tarcio Barbosa, di-
retor de marketing e vendas da cons-
trutora Canopus. “Crescemos mais de
100%.” De acordo com ele, o mercado
ficou praticamente parado até 2018.
Leia-se: juros altos e muitos imóveis
“nas prateleiras”. Para se ter ideia, a
taxa Selic, que influencia diretamen-
te no valor dos financiamentos, che-
gou ao patamar de 14% ao ano, entre
2014 e 2016. Para este ano, a empresa
prevê um VGV (Valor Geral de Ven-
das) em torno de R$ 1 bilhão de reais.
Neste semestre, a ideia é realizar um
lançamento por mês em sua área de
atuação: BH, São Paulo e Rio de Janei-
ro. Um desses empreendimentos, na Tarcio Barbosa, diretor
de marketing e de vendas
capital mineira, está previsto para ser da Canopus: “2020 foi o
em frente à igreja da Boa Viagem, no melhor ano da empresa
bairro de mesmo nome, em uma área desde 2013. Crescemos
mais de 100%”
de 7 mil metros quadrados. “Talvez o
maior terreno disponível na região”,
destaca Tarcio, sobre a escassez de áre-
as na parte centro-sul da cidade. Outra
construção de destaque da Canopus já
está em andamento com a promessa
de conclusão em abril de 2022. É o In-
finity Art Residences, no bairro Santo
Antônio, na rua São Domingos do Pra-
Pádua de Carvalho
ta, que irá harmonizar com 13 casas
tombadas, dentre elas, a que morou o Divulgação

escritor Guimarães Rosa.

Alex Veiga, CEO do Grupo Patri- Alberto Viotti,
mar, afirma que a estagnação do setor sócio-proprietário
da Construtora
durante a pandemia durou apenas Altti: “Muita
dois meses, março e abril. “Em 2020, gente adiou a
registramos um crescimento vertigi- aquisição do
imóvel por causa
noso, o melhor ano da história da em- da pandemia.
presa. E 2021 vai ser espetacular”, diz. Acredito que
quando a vacina
O crescimento foi na ordem de 88,4%, alcançar mais
com lucro bruto de R$ 168 milhões e pessoas, e o
número de casos
líquido de R$ 94 milhões. “As baixas de Covid-19
taxas de juros, disponibilidade de cré- começar a cair,
dito, formação de poupança e excesso vamos ter um
verdadeiro boom,
de liquidez na economia ajudaram a uma euforia
impulsionar o mercado imobiliário neste mercado”

em 2020”, explica Alex.

Em 2021, a Patrimar, em parceria
com a Somattos, prevê a entrega de
parte do La Reserve no segundo semes-

70 |Encontro

Alexandre Lodi, presidente da
Caparaó: “A conta é simples,
quando cai a Selic, caem os
juros de financiamento. Nós
praticamente zeramos nosso
estoque de unidades”.
Uarlen Valério
Divulgação
Ricardo Paixão, CFO da MRV,
aposta na expansão para
imóveis de médio padrão: “Por
mais confiável que o FGTS seja,
é importante trabalharmos com
outras fontes de financiamento”
tre. Será um empreendimento de altís-
simo luxo no Vila da Serra, em Nova
Lima. O condomínio será composto
pelos edifícios Apogée e L’Essence,
cujas unidades já foram 80% comer-
cializadas, e serão entregues em julho
deste ano. Já o Unique, lançado por
último, com mais de 40% dos aparta-
mentos vendidos, será concluído em
setembro de 2024. Ainda em parceria
com a Somattos, a Patrimar lançou o
2300 Rio de Janeiro que está sendo er-
guido no bairro de Lourdes. De acordo
com Alex Veiga, todas as 17 unidades
com metragem a partir de 385 metros
quadrados já têm donos. Para o CEO
do grupo, os próximos meses serão
marcados pelo retorno da construtora
na categoria de média renda.
Essa é também a meta da MRV,
que está comemorando os bons ven-
tos do setor. Ricardo Paixão, CFO da
companhia, afirma que em 2020, 18%
das vendas da empresa foram para o
segmento da média renda e este ano a
meta é aumentar essa fatia. “Por mais
confiável que o FGTS seja, é importan-
te trabalharmos com outras fontes de
financiamento”, diz Ricardo, sobre os
negócios irem além do segmento da
baixa renda, que abrange o programa
Casa Verde e Amarela, antigo Minha
Casa, Minha Vida, categoria que o gru-
po mineiro domina. A MRV se trans-
formou em uma plataforma habita-
cional que conta com outras empresas
do mercado imobiliário. Desta forma,
o grupo passou a se chamar MRV&Co,
formada pela MRV, Urba, Luggo, HS e
Sensia, esta última voltada a empre-
endimentos de médio padrão. Resul-
tado: 2020 foi marcado pela venda
de 54 mil unidades, o que equivale a
8,7 bilhões de reais. Foi considerado o
maior volume de vendas da MRV&Co
em um ano. A tendência, segundo o
diretor da MRV, é o mercado continuar
aquecido. “A valorização da casa veio
para ficar. Temos a nossa subsidiária,
Urba, que trabalha com loteamentos.
Notamos que a demanda aumentou
bastante durante a pandemia”, diz.
Há ainda outra tendência que a cri-
se sanitária acelerou, a possibilidade
de comprar uma casa quase sem sair
de casa. “Sempre investimos muito
em tecnologia. Os nossos clientes con-
Encontro | 71
 CAPA | IMÓVEIS
Alexandre Sandrini/divulgação
tam com uma plataforma que facilita
e muito esse processo”, diz. Com as
restrições físicas impostas pela pande- Gilmar Dias Santos, presidente
do grupo EPO, que acaba de
mia, a compra de imóvel foi transferi- lançar um complexo de uso
da em grande parte para o ambiente misto na Lagoa dos Ingleses:
“Com apenas três meses
on-line. O Sinduscon-MG promoveu de comercialização, 70% das
em novembro do ano passado uma unidades foram vendidas”
feira virtual, que atraiu mais de 11 mil
pessoas que tiveram à disposição para
venda pelo menos 2 mil imóveis de
baixa renda a alto padrão.
Alberto Viotti, sócio-proprietário
da Construtora Altti, acredita que
apesar dos bons números do setor,
ainda há uma demanda reprimida
de novos compradores. “Muita gente
adiou a aquisição do imóvel por causa
da pandemia. Acredito que quando a
vacina alcançar mais pessoas, e o nú-
mero de casos de Covid-19 começar a
cair, vamos ter um verdadeiro boom,
uma euforia nesse mercado”. Em 2021,
a previsão é aumentar 30% as vendas
em relação ao ano passado. Mas, o ce-
nário não é só positivo. Alberto se diz
preocupado com a falta de terreno em
Belo Horizonte e o preço elevado de Divulgação

alguns materiais de construção. Outra

questão que está deixando os constru-
tores e compradores bem atentos é o
novo Plano Diretor de BH, que restrin-
giu a construção, sobretudo, em regi-
ões já adensadas como a Centro-Sul.
Em outras palavras, vai ficar mais caro Amarildo Oliveira,
sócio-diretor
erguer prédios em determinadas áre- comercial da
as da cidade. Aprovado em 2019, o pla- incorporadora
Minas Brisa:
no ainda não foi totalmente aplicado, aumento de 80%
já que há um período de três anos de das vendas em
2020 em relação
transição. Depois disso, especialistas ao ano anterior
acreditam que os valores devem ficar
um pouco mais salgados.
O bom momento do segmento
não favorece apenas quem adquire
um imóvel para morar, mas também
quem compra para investir. “O valor
do investimento no imóvel, ou seja,
o quanto ele irá valorizar, acrescido
do que será arrecadado pelo aluguel,
alcança um valor maior que as aplica- ela estará livre para levar a carteira de pandemia intensificou a procura por
ções que têm como base o CDI””, diz financiamento para qualquer outro imóveis mais espaçosos e com boa
Cássia Ximenes, presidente da CMI/ banco, caso encontre uma opção me- área de lazer. No nosso caso, registra-
Secovi. Ela lembra que, além das li- lhor para comprar”, diz Cássia. Para mos uma demanda por terrenos na
nhas de financiamento terem sido Breno Donato, diretor comercial da Grande BH.”
flexibilizadas, há a chamada porta- imobiliária Anuar Donato, o mercado “A conta é simples, quando cai a
bilidade de financiamento. “Hoje, a está aquecido também na busca por Selic, caem os juros de financiamento.
pessoa pode fazer com tranquilidade terrenos. Segundo ele, há muita gente Nós praticamente zeramos nosso es-
o financiamento com o agente, pois atrás de lotes para erguerem casas. “A toque de unidades”, revela Alexandre

72 |Encontro

Geraldo Linhares, presidente
Sinduscon-MG: “Com o trabalho
em home office, notamos que
as pessoas estavam com mais
tempo, e passaram a buscar por
novas e melhores moradias”
Divulgação
Cássia Ximenes, presidente da CMI/Secovi:
“O valor do investimento no imóvel, ou seja, o
quanto ele irá valorizar, acrescido do que será
arrecadado pelo aluguel, alcança um valor maior
que as aplicações que têm como base o CDI”
Lodi, presidente da Caparaó. Segundo
Alexandre, que adquiriu a construto-
ra no segundo semestre de 2019, ano
passado foi um período de reestrutu-
ração da empresa, mas os próximos
meses serão marcados por novidades
na cena de BH. “Adquirimos os terre-
nos mais especiais do mercado na re-
gião centro-sul e estruturei um time
Divulgação
Divulgação
Breno Donato, diretor comercial da Imobiliária
Anuar Donato: “A pandemia intensificou a
procura por imóveis mais espaçosos e com
boa área de lazer. No nosso caso, registramos
uma demanda por terrenos na Grande BH”
para conduzir a empresa rumo a um
novo patamar”, afirma. “A construtora
está pronta para vários lançamentos
em 2021, sendo alguns ainda para esse
primeiro semestre.”
Seguindo as demandas impostas
pela pandemia, Jackson Câmara, dire-
tor comercial da construtora Agmar,
diz que houve grande procura por
coberturas. “Não temos mais nenhu-
ma para vender”, diz. “Acredito que a
pandemia acelerou um antigo desejo
das pessoas de morar em casas com
mais espaço e com boa área de lazer”,
diz Jackson, destacando que a empre-
sa prevê a entrega, em junho, do Edifí-
cio Zandona Ephram, no bairro Santo
Agostinho. O empreendimento vai
oferecer, dentre outros atrativos, espa-
ço gourmet, sauna, sala de ginástica e
espaço kids.
Amarildo Oliveira, sócio-diretor
comercial da incorporadora Minas
Brisa, revela que 2020 surpreendeu e
foi responsável por um acréscimo de
80% nas vendas em relação à 2019.
Apenas no primeiro semestre deste
ano, a incorporadora prevê cerca de R$
100 milhões de VGV em lançamentos.
“Acredito que no segundo semestre a
economia deve engatar e devemos fe-
char 2021 melhor que o anterior”. O cli-
ma está favorável também para o gru-
po EPO, que lançou o Navegantes, um
empreendimento de uso misto que vai
reunir em um só lugar, na Lagoa dos In-
gleses, torres comerciais, residenciais e
um centro comercial. “Os projetos das
torres residencial e comercial do Na-
vegantes foram apresentados ao mer-
cado em  janeiro  e já são um sucesso
de vendas”, afirma Gilmar Dias Santos,
presidente do grupo. “Com apenas três
meses de  comercialização,  70%  das
unidades foram vendidas.”
O Banco Central já avisou que a
taxa Selic, a que direciona o valor
dos financiamentos, deve subir ain-
da mais este ano, mas não vai chegar
nem aos pés da alta registrada entre
2014 e 2016, que paralisou o setor
imobiliário. Só o tempo dirá se os bons
ventos continuarão por mais tempo
soprando a favor de quem constrói e
de quem compra. Para o momento, no
entanto, uma coisa é certa: a hora de
investir é agora. z
Encontro | 73
 CAPA | DECORAÇÃO

A palavra
de ordem é
“ressignificar”
Mudanças em Daniela Costa

ambientes De um dia para o outro, a casa que antes era só casa, transfor-
mou-se em escritório, escola, restaurante, academia, entre outras
domésticos e tantas funções. Além, é claro, de precisar manter as características
de um lar aprazível. Verdade seja dita, nesse conflito de atividades
corporativos e interesses, muitos tiveram a vida virada pelo avesso. “O ambiente
levam a corrida doméstico ganhou uma importância nunca vista anteriormente”,
diz a designer de interiores Laura Rabe. Com a mudança na rotina
por reformas, familiar imposta pela pandemia da Covid-19, novos hábitos foram
adotados e os espaços precisaram ser reconfigurados, o que im-
aquecendo o pulsionou o mercado de reformas. “Escritórios, salas de estudos,
cozinhas, salas de estar e até mesmo o hall de entrada têm sido
mercado de os mais modificados. Sempre com o objetivo de trazer conforto e
arquitetura e contribuir para a boa convivência dos moradores.”
A procura por profissionais da área de arquitetura, decoração
decoração, além e design de interiores cresceu tanto que o setor teve de se adap-
tar para dar conta do recado. De pontuais, as necessidades se am-
da venda de pliaram e os projetos passaram a buscar soluções conjuntas para
crianças, jovens, casais, idosos e agregados. A ressignificação do lar
materiais de levou a uma corrida por reformas, aquecendo o comércio. Para o
construção arquiteto Junior Piacesi, quem antes priorizava viagens e festas,
por exemplo, passou a  investir pesado em casa. “Belo Horizonte
está em reforma”, diz. “Com isso, a mão de obra qualificada está
escassa e os preços dos produtos subiram significativamente.” 
O jeito foi se desdobrar para atender a todas as demandas. Ao
mesmo tempo em que lidam com as expectativas dos clientes, os

74 |Encontro
 Geraldo Goulart

O arquiteto Junior Piacesi acredita

que quem antes priorizava viagens
e festas, por exemplo, passou a investir
pesado em casa: “Belo Horizonte está
em reforma. Com isso, a mão de obra
qualificada está escassa e os preços dos
produtos subiram significativamente.” 

Encontro | 75
 CAPA | DECORAÇÃO
Bruna Cabral
profissionais da área precisam usar de
muita diplomacia na arte da negocia-
ção de prazos com os fornecedores. E
cada detalhe faz a diferença. Desde o
tempo necessário para a conclusão da
obra à compra de materiais mais ade-
quados para cada proposta. E sempre
é preciso aliar qualidade ao custo-be-
nefício. Cada vez mais, demandam-
-se projetos enxutos e inteligentes.
Para a arquiteta e design de interiores
Ana Paula Paolinelli, a integração de
ambientes é grande tendência e traz
inúmeras possibilidades entre quatro
paredes. “O design está em foco, mas
além de beleza e conforto também
precisa ser prático e funcional.” 
O antigo escritório ganha ares so-
fisticados e surge repaginado, para
que, mesmo estando no seio familiar,
seja possível participar de vídeoconfe-
rências e assistir a aulas online, entre
outras atividades. A obrigatoriedade
de ficar em casa ampliou a percepção
de muita gente para a necessidade de
se ter algumas  comodidades ao al-
cance das mãos. A tecnologia chegou
com tudo para tornar a rotina mais
interessante – e menos estressante.
Um toque no tablet ou smartphone
e, voilá!, as cortinas se abrem, as luzes
se acendem e até o ar-condicionado
pode ser acionado. Sem falar na qua-
lidade do áudio e vídeo. “Já que é pre-
ciso ficar em casa, ter som e imagem
de altíssima qualidade passou a ser
ainda mais necessário”, diz o empre-
sário Natan Nogueira Rijhsinghani, da
Smart Automação. 
O quarto das crianças também
está se transformando. A nova reali-
dade exigiu mudanças para garantir As diretoras da A. De Arte, Natalia e Adriana
aos pequenos espaço para brincar Vasconcelos: “As pessoas começaram a sentir,
de fato, a casa e a enxergar o que antes não
e estudar. Por isso, muitas famílias tinham tempo para observar”, diz Natalia
têm optado por se mudar para apar-
tamentos maiores, dando prioridade
para coberturas e áreas privativas, bem-estar da meninada. O momento mets. Ideal para aqueles que amam
além de casas. “Uma preocupação que envolve descoberta, liberdade, in- cozinhar e agora dispõem de tempo
recorrente é que as crianças tenham teração e desenvolvimento da imagi- para praticar o hobby. Aproveitar o
contato com a natureza”, diz a arqui- nação, carece de estímulos. E a dica é ambiente para ter um cantinho verde
teta e designer de interiores Manue- ter um local específico com brinque- deixa o clima ainda mais agradável.
la Senna. Segundo ela, houve uma dos, livros e jogos.  “Temos observado que, por estarem
valorização do lar enquanto refúgio Outra estrela em tempos de isola- impossibilitadas de sair, as pessoas
e local sagrado. E que tal uma brin- mento é a varanda, responsável pela começaram a sentir, de fato, a casa e
quedoteca? O brincar em tempos de conexão com o mundo exterior. Mul- a enxergar o que antes não tinham
pandemia se tornou um forte aliado tifuncional, comporta uma variedade tempo para observar”, diz Natália
para garantir a qualidade de vida e de móveis e pequenos espaços gour- Vasconcelos, da empresa especiali-

76 |Encontro
 Violeta Andrada Uarlen Valéria

Com a mudança na rotina familiar, novos hábitos foram adotados A designer de interiores Cícera Gontijo: “Além das preocupações que a
e os espaços precisaram ser reconfigurados, de acordo com a designer Covid-19 trouxe, e que devem ficar por muito tempo, estamos sentindo
de interiores Laura Rabe: “Escritórios, salas de estudos, cozinhas, salas uma necessidade de manter uma ligação forte com a natureza. Gosto
de estar e, até mesmo, o hall de entrada, têm sido os mais modificados’’ de falar que estamos em busca de uma ‘simplicidade sofisticada’”.

zada em iluminação A. De Arte. Vem
crescendo, diz ela, a busca por lumi-
nárias que tragam um toque especial
ao lar, trazendo sensação de acolhi-
mento. “No segundo semestre de
2020, tivemos um aumento de 30%
no faturamento por quatro meses
consecutivos, de agosto a novembro”,
diz Natália.
E não são apenas as residências que
estão sendo ressignificadas. O cha-
mado mercado corporativo também
está se reinventando. A designer de
interiores Cícera Gontijo afirma que
vem sendo chamada por escritórios,
clínicas e consultórios médicos para
repensar o espaço depois das mudan-
ças impostas pela pandemia, como a
necessidade de um maior distancia-
mento entre os profissionais e visi-
tantes. “Em um primeiro momento,
todos ficaram assustados com a pos-
sibilidade de uma paralisação geral,
que não houve”, lembra. “Depois do
choque inicial, as empresas das mais
diversas áreas de atuação começa-
ram a se reestruturar.” Cícera diz que
os novos projetos já vêm todos com
as exigências sanitárias dos tempos
atuais. “Além das preocupações que
a Covid-19 trouxe, e que devem ficar
por muito tempo, estamos sentindo
uma necessidade de manter uma li-

Encontro | 77
 CAPA | DECORAÇÃO
Leca Novo/divulgação Uarlen Valério

Para a arquiteta e
designer de interiores
Ana Paula Paolinelli,
a integração de
ambientes é uma
grande tendência
e traz inúmeras
possibilidades entre
quatro paredes:
“O design está em
foco, mas além de
beleza e conforto
também precisa ser
prático e funcional”

gação forte com a natureza. Gosto de Muitas famílias têm

optado por se mudar
falar que estamos em busca de uma para apartamentos
‘simplicidade sofisticada’”. maiores, dando
Seja para casa ou para o escritório, prioridade para
coberturas e áreas
a escolha certa de pisos e revestimen- privativas, além de
tos agrega valor estético e funciona- casas. “Houve uma
valorização do lar
lidade. Se a ideia é reformar com o enquanto refúgio
menor desgaste e tempo possíveis, e local sagrado”,
diz a arquiteta e
a dica é optar por técnicas rápidas e design de interiores
requintadas.  Aplicada em paredes e Manuela Senna

78 |Encontro

O empresário Natan
Nogueira Rijhsinghani,
da Smart Automação:
“A experiência de ficar
em casa, tendo som e
imagem de altíssima
qualidade, passou a ser
ainda mais necessária”
Geraldo Goulart
Sansclair Medeiros/divulgação
Uma boa dica é optar por técnicas
rápidas e requintadas, diz a
arquiteta Luany Vianna Andrade
Lage, da Decorart.it: “Por ter
um ótimo custo-benefício,
se comparada a pedras
marmorizadas naturais,
a demanda pela textura
marmorato tem sido alta”
tetos, a textura marmorato está dis-
ponível em várias cores, e remete a
pedras de mármore com brilho leve
e aparência acetinada.  “Por ter um
ótimo custo-benefício se comparada
a pedras marmorizadas naturais, a
demanda tem sido alta, especialmen-
te nesse período em que o número
de reformas aumentou”, diz a arqui-
teta Luany Vianna Andrade Lage, da
Decorart.it. Ela conta que as vendas
cresceram cerca de 20% no segundo
semestre do ano passado, em relação
ao mesmo período de 2019.
Se o ano passado foi animador,
as perspectivas não ficam para trás.
O faturamento da indústria de ma-
teriais de construção começou 2021
com alta de 12,8% em janeiro, em re-
lação ao mesmo mês de 2020, segun-
do dados da Associação Brasileira da
Indústria de Materiais de Construção
(Abramat). Dezembro já havia sido
um mês muito bom para a contabi-
lidade das empresas: o faturamento
da indústria subiu 15,7% na compara-
ção com o mesmo período de 2019.
Para este ano, a Abramat estima um
crescimento 4% no faturamento em
relação a 2020. “Um dos principais
movimentos observados foi o ‘Dot It
Yourself’ ou ‘Faça Você Mesmo’. Den-
tre as categorias mais procuradas, as
de ferramentas, pintura e madeira
tiveram maior crescimento durante
o último ano”, diz Junia Sarti, diretora
da loja BH Sul da Leroy Merlin. Duran-
te a pandemia, a rede passou a atuar
100% de forma omnicanal, ou seja,
implementando a integração entre
site e vendas mobile – por meio de
canais como e-commerce, whatsapp
e televendas – para proporcionar aos
clientes novas experiências de com-
pras.  Na Santa Cruz Acabamentos,
a procura por pisos e revestimen-
tos se solidificou. Além da busca de
produtos para espaços gourmet e
relax, como cooktops, fornos, chur-
rasqueiras e banheiras de hidromas-
sagem. “Nesse momento desafiador
do mundo, qualquer mudança que
torne a existência mais acolhedora e
confortável, com certeza, faz grande
diferença”, diz  a sócia-gestora Letícia
Souza. Uma diferença que o setor, cla-
ro, comemora. z
Encontro | 79
 ARQUITETURA Fotos: Jomar Bragança 

Poesia
atemporal
Nos projetos da Piacesi
Arquitetos Associados cada
revestimento, móvel ou objeto
reflete uma passagem da vida.
Espaços amplos e decoração
minimalista potencializam
a vivência nos ambientes

“O espaço é a minha história. Cabe tudo. Meu

passado, meu presente. Cabe o que vier”. Na Pia-
cesi Arquitetos Associados é assim. O depoimento
dos clientes reflete na prática o conceito de leveza
e bem-estar adotado por seu fundador, o arquiteto
Junior Piacesi. Para ele, cada projeto deve ser con-
cebido de forma simples, consciente e, ao mesmo
tempo, encantadora. “Vendemos sonhos que se tor-
narão realidade. Por isso, é preciso apurar todas as
expectativas do contratante para que o planejamen-
to proposto atenda às suas necessidades de forma
plena e transparente.”  O arquiteto Junior Piacesi: “Vendemos sonhos que irão se tornar realidade.
Uma reforma, diz ele, é um plano de trabalho e Por isso, é preciso apurar todas as expectativas do cliente para que o
projeto atenda às suas necessidades de forma plena e transparente”
cada etapa requer atenção especial. “Ter bom gosto
é necessário, mas entender todo o processo, desde
o orçamento à escolha dos materiais a serem utili-
zados, além da gestão da obra, é primordial.” Cada
revestimento, móvel ou objeto de um lar reflete uma
história de vida. E o olhar do profissional precisa ser
apurado para não perder os detalhes. Mesmo o que
parece óbvio precisa ser bem elaborado. 
Há quinze anos no mercado, Piacesi trouxe de
Milão, onde fez especialização, a linguagem inter-
nacional que agrega às suas propostas. Foi lá que
aprendeu que “se não se escuta bem no começo, não
se consegue justificar o fim do trabalho”. Para ser
arquiteto, diz ele, é preciso também entender as fra-
gilidades e anseios de cada um. Entre cálculos, medi-
ções e volumetrias tem de haver espaço para a poe-
sia. Conceito seguido à risca em projetos grandes ou
pequenos, residenciais, comerciais ou corporativos.
“Não importa o tamanho. O cuidado é o mesmo.” 
Espaços amplos e decoração minimalista que po-
tencializam a vivência nos ambientes são caracterís-
ticas fortes do seu trabalho. A sofisticação é mantida

www.piacesi.com
administrativo@piacesi.com @piacesiarquitetura
Espaços amplos e decoração minimalista, que permite ao usuário trazer
suas memórias e seus afetos: a sofisticação é mantida de maneira a evitar
os excessos, cuidadosamente substituídos por uma atmosfera simples,
onde cada móvel, objeto e elemento têm sua função de existir

de maneira a evitar os excessos, cuidadosamente

substituídos por uma atmosfera simples, onde cada
móvel, objeto e elemento têm sua função de existir.
Tanto esmero trouxe ao escritório grandes projetos,
entre eles a sede da  Anglo American em Belo Ho-
rizonte e os hotéis da bandeira Mercure e Caesar
Business, da rede Accor. A equipe multidisciplinar é
composta por arquitetos e engenheiros, que desen-
volvem projeto, orçamento e gestão da obra, todos
alinhados nos mesmos valores da arquitetura con-
temporânea e autoral.

Piacesi Arquitetos Associados

Av. do Contorno, 5351 – Salas 106/107, Cruzeiro | (31) 3227-7861
 ARTIGO | O MUNDO DO VINHO

POR RODRIGO A. FONSECA

rfonseca@revistaencontro.com.br

Degustando... um pouco de história!

As regiões Chianti e Alto Douro (Porto) reivindicam o título de primeira
região demarcada para a produção de vinhos com denominação de ori-
“Chianti foi a primeira
gem. Entretanto, fatos históricos ligados a essas regiões e mudanças nos região demarcada,
estilos dos vinhos revelam-se mais interessantes que as datas em si.
As colinas de Chianti foram mencionadas pela primeira vez na segunda
mas o Alto Douro foi
metade dos anos 1200, e referiam-se às elevações próximas a Castellina, pioneira ao incorporar
Radda e Gaiole, entre Florença e Siena. A partir dos anos 1300 Florença à demarcação
tornou-se uma das cidades mais prósperas e poderosas da Europa, e teve
comércio de vinhos muito ativo por vários séculos. Provinham de diversas requisitos de
regiões da Itália e do Mediterrâneo, e boa parte era exportada. Predomi- qualidade para o vinho
navam vinhos brancos, com alto teor de açúcar para resistir a viagens e
deterioração. O vinho Chianti propriamente dito foi mencionado pela com denominação
primeira vez em 1398, e era vinho branco. de origem. Foram
Em 1716 quatro regiões vizinhas produtoras de vinhos foram delimita-
das: Chianti, Carmignano, Pomino e Valdarno. Chianti englobava as três os primeiros passos
cidades já citadas mais Panzano e Greve, ao norte. Até hoje este é o núcleo para uma longa e
principal da região do Chianti Classico. Pouco se sabe sobre a composição
do Chianti dos primórdios; estima-se que Canaiolo era a variedade mais conflituosa evolução
importante por volta de 1770, mas Sangiovese e outras variedades tintas até as denominações
e brancas podiam fazer parte da mescla. Mais de um século se passou até
que se sugerisse a Sangiovese como seu componente principal. A fama do de origem atuais”
vinho provocou grande expansão da região produtora de Chianti, que
atualmente tem oito sub-regiões. Chianti Classico, mesmo expandida em Incluíam-se entre seus objetivos: promo-
1932, manteve-se como a mais relevante. Os melhores Chianti figuram ver a demarcação da região autorizada a
atualmente entre os grandes vinhos do mundo. produzir vinhos do Porto, fazer a qualifi-
Portugal beneficiou-se da guerra de 1678 entre França e Inglaterra, cação dos produtos (de primeira/se-
tornando-se grande fornecedor de vinhos aos ingleses – mesmo sendo gunda/terceira), controlar a autentici-
boa parte constituída por vinhos franceses desviados para Portugal. Em dade dos vinhos, aplicar a taxação,
1703 os tratados comerciais (e políticos) de Methuen garantiram privilé- arrecadar impostos, remunerar com
gios alfandegários aos portugueses. Nesta época a cidade do Porto já tinha justiça os lavradores, equilibrar oferta e
uma comunidade importante de comerciantes ingleses de vinhos, que demanda evitando grandes variações de
gradativamente foram substituindo os vinhos leves do Minho, exporta- preços. Detinha o monopólio do comér-
dos para a Inglaterra desde o século XII, pelos mais escuros, alcoólicos e cio e da distribuição, dos embarques para
adstringentes do Douro, aos quais ainda era adicionada uma fração de Brasil (que recebia muitos vinhos adulte-
aguardente para preservação durante o transporte. Entretanto, o vinho do rados), e limitou a preponderância dos
Porto, doce e alcoólico como o conhecemos hoje, foi ‘descoberto’ em 1678 ingleses no comércio do vinho. Seu ser-
em uma abadia de Lamego, onde se adicionava aguardente ao mosto em viço mais notável foi a chamada “Demar-
fermentação, e não após esta. Sua popularidade cresceu, assim como a cação Pombalina da Região do Douro”,
implantação de vinhedos no Douro e as exportações. realizada entre 1758 e 1761.
O sucesso resultou em grandes escândalos, com venda de vinhos de Concluindo, Chianti foi a primeira re-
baixa qualidade, de procedências diversas, aos quais se acrescentavam suco gião demarcada, mas o Alto Douro foi
de frutas e açúcar para simular Porto. Os preços oscilavam fortemente, e a pioneira ao incorporar à demarcação
reputação do vinho do Porto degradou-se continuamente entre 1730 e 1755. requisitos de qualidade para o vinho
Os preços desabaram. Os comerciantes ingleses e os produtores culpavam- com denominação de origem. Foram os
-se mutuamente. Pressionado, em 1756 o primeiro-ministro Sebastião José primeiros passos para uma longa e con-
de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) estabeleceu a Companhia Geral flituosa evolução até as denominações
da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (hoje Real Companhia Velha). de origem atuais. z

Rodrigo A. Fonseca é engenheiro, chef, sócio do restaurante francês Taste-Vin e consultor de vinhos do Super Nosso.

82 |Encontro
 Tranquilidade
e confiança.
Quando o assunto é
segurança
e medicina
do trabalho,
o compromisso é nosso.

(31) 3228 2250

R. Gonçalves Dias, 229, 2º andar | Funcionários | Belo Horizonte
 GASTRÔ | CHOCOLATE

Docemente
artesanais Com a pandemia, os consumidores andam valorizando
cada vez mais os produtores locais. Encontro sugere dez lugares
onde comprar ovos de Páscoa. Feitos a mão, eles aparecem
com de tudo quanto é jeito: para comer de colher,
com casca recheada, rendados e até os que parecem joias
Carolina Daher no mercadinho ou açougue do bairro. Estamos mais
próximos dos pequenos.
No ano passado veio o susto. Bem às vésperas da E, já que a Semana Santa tem (de novo) tantas res-
Páscoa, o mundo parou. O comércio fechou e ficamos trições, nada como adoçar a vida em tempos tão som-
todos trancafiados em casa escondendo-nos de um brios. Melhor ainda, consumir ovos feitos por gente
inimigo invisível. Quase não dá para acreditar que a de Belo Horizonte, produtores locais que vêm lutando
Páscoa já chegou novamente. Se existe um lado bom para manter as portas abertas.
nessa história toda é que redescobrimos o prazer de fi- Conheça o trabalho de dez marcas que oferecem
car em casa, rodeados pela família – ou por parte dela. ovos e outras gostosuras para encher o dia de alegria.
Passamos a conhecer um pouco mais do caminho do Tem opções diversas: para presentear, comer sozinho,
alimento até nossas mesas. Passamos a comprar mais compartilhar...

Doce que seja Doce

Páscoa Viva é o tema que a chef Luana Drumond escolheu para 2021. Um respiro doce em meio a tristeza que tomou
conta do mundo real. Entre as muitas opções, as casquinhas recheadas agradam a todos os tipos de chocólatras. Com
250 gramas (R$ 39), são uma boa opção para quem não consegue escolher qual sabor pedir. Pistache com framboesa
ou brownie? Vale os dois! Para agradar o paladar da turma das Minas Gerais, o Mineirinho é feito com ganache de cho-
colate branco com queijo canastra e doce de leite caramelizado. Tem até de pão de mel! Agora, se você não resiste ao
Matilda, bolo mais famoso da casa, ele aparece na versão ovo: casca de caramelo recheada com muito caramelo e
chocolate 60% cacau bem cremoso (R$ 99, 600 g). No mesmo preço, o Ovo Croc de Bisão já caiu no gosto da turma: de
um lado, chocolate branco com Nutella e do outro chocolate ao leite com Ovomaltine. E tem jeito de não ser bom? As
encomendas podem ser feitas no www.docequesejadoce.com.br.

84 |Encontro
Divulgação

Encontro | 85
 GASTRÔ | CHOCOLATE

Fany Bombons
Com mais de três décadas de história, a Fany Bombons continua encantando quem não abre mão
de chocolate de alta qualidade. Foi a marca também, fundada Fany Balabram – e hoje sob co-
mando de seu filho Ari Alberto –, que trouxe para capital embalagens caprichadas capazes de
transformar o doce em presente. Para este ano, a chocolateria oferece mais de 30 itens com o
tema pascoal. Para a criançada, tem ovinhos coloridos e cenourinhas de chocolate ao leite. Outro
sucesso são os pirulitos – de chocolate, claro! Já os ovos aparecem tanto na versão ao leite, meio
amargo, 70% cacau (esse, sem lactose) e branco. E tem os trufados, inclusive o diet preparado
com chocolate belga (R$ 360, o quilo). Já os recheios de torta são um clássico. As casquinhas de
chocolate são recheadas com as tortas mais pedidas da Fany: a tradicional de chocolate; cro-
cante; brigadeiro; e musse de chocolate (R$ 80, pequena; R$ 135, média; e R$ 240, grande). Os
pedidos podem ser feitos pelos telefones (31) 3224-0141 /
3224-2445. O cardápio completo está em www.fanybombons.com.br.

Divulgação

86 |Encontro
 Divulgação

Espetacular Doceria
Um a um, totalmente artesanal. É assim que chef pâtissière Elisa Dayrell desenhou a Páscoa
da Espetacular. Tudo muito delicado e suave. Os tons escolhidos foram candy colors (cores
pasteis) e até o tecido que cobre alguns dos produtos foram pintados a mão, no estilo tie dye
(que em tradução literal significa amarrar e tingir e foi muito usado nos anos 1970). Ela dividiu
a coleção em quatro categorias – Para se deliciar; Para impressionar; Para agradar; e Para
compartilhar. Dentro da seção que impressiona, dois produtos chamam a atenção. Com pro-
dução limitada e totalmente pintada a mão, a barra Pistachio et framboise pesa pouco mais
de 1 quilo e vem recheada com pistache e frutas vermelhas (R$ 206). Já o ovo Oeuf Luxury,
também pintado manualmente, traz um recheio de caramelo crocante de mel (R$ 179). Uma
opção para presentear uma família inteira é a Bon dimanche, ou seja, bom domingo. Embalado
em uma caixa vintage, o kit é composto por uma Colomba Pascal, um espumante, um ovo
trufado, 1 caixa de macarons, um saquinho de ovinhos de chocolate, além de um cartão ex-
clusivo (R$ 330). As encomendas devem ser feitas pelo Instagram @espetacular_doceria.

Encontro | 87
 GASTRÔ | CHOCOLATE
Divulgação

Me Gusta Arte em Açúcar

Izabella Moreira inaugurou a Me Gusta em junho do ano passado. A loja, localizada no Alto
Caiçara, no entanto, ficou pouco tempo com as portas abertas por causa da pandemia. O jeito
foi investir no delivery e pronta-entrega com retirada no balcão. Por ali, a clientela encontra recei-
tas clássicas como bombons de morango, uva e nozes. Em época de coronavírus, em que todos
os cuidados foram redobrados, as fatias de bolo deram lugar aos minibolos, individuais. Entre
eles, o que faz mais sucesso é o de limão siciliano com framboesa. Izabella está esperançosa
com a Páscoa, já que muitos consumidores aprenderam a valorizar os pequenos produtores que
os cercam. São mais de 20 opções, entre ovos e itens pascoais. Para o público maior de idade, os
de brigadeiro de uísque (R$ 89,90) e de Amarula (R$ 59,90) agradam. Os ovos de colher custam
entre R$ 39 e R$ 49 e pesam cerca de 350 gramas. Os sabores variam entre o palha de Oreo e
Ovomaltine na casca de chocolate branco; marshmallow e brigadeiro na casca de chocolate meio
amargo; e bolo de cenoura e chocolate na casquinha de chocolate ao leite. As encomendas
devem ser feitas pelo Instagram @megustaarteemacucar.

88 |Encontro
 Divulgação

Douce Enfance
Em 2015, a jornalista Pollyanna Almeida Palhares resolveu trocar de carreira. Foi para São
Paulo, fez curso e abriu a Douce Enfance, que quer dizer doce infância. E nada tem mais cara
de infância que brigadeiro. A marca é especializada no doce mais brasileiro que existe. São
mais de 50 sabores, de chocolate com pimenta, passando por caipirinha e fechando com
Romeu e Julieta, ou seja, queijo com goiabada. Durante a Páscoa, os brigadeiros viram re-
cheios dos ovos de colher, que aparecem nos seguintes sabores: chocolate belga ao leite,
meio-amargo, leite Ninho com Nutella, Oreo e leite Ninho; chocolate belga ao leite com ce-
noura (R$ 75,90, com cerca de 550 g). A novidade desse ano é o ovo de Ferrero Rocher,
preparado com uma camada de Nutella, crocante de castanha de caju, brigadeiro de leite
Ninho, brigadeiro de chocolate belga, finalizado com morangos e bombons Ferrero Rocher (R$
75,90). Um charme é a casca de chocolate belga ao leite cravejado de avelãs que faz lembrar
um cacau (R$ 39,90, 180g). As encomendas devem ser feitas pelo whatsapp (31) 99276-8444.

Encontro | 89
 GASTRÔ | CHOCOLATE

Fofíssimo Bolos
Personalizados, exclusivos. É nisso que a Fofíssimo está
apostando para esta Páscoa. A marca já trabalha com
bolos personalizados, onde os clientes podem mandar
recadinhos carinhosos nos bolos em formato de cora-
ção. Assim, a empresária Juliana Nunes criou ovos que
são declarações de amor. Dá até para colocar o nome
de quem vai receber o presente. Funciona da seguinte
maneira: o cliente escolhe primeiro a cor do ovo; em se-
guida o sabor do recheio, que pode ser brigadeiro preto
e branco; paçoca e caramelo artesanal; Nutella e palha
italiana de leite Ninho. Aí é só escolher o nome persona-
lizado em letras douradas (R$ 215,90). Fofíssimo mesmo
é o Big Coelho (R$ 289 com 1,2kg), feito em chocolate
branco, coberto por drágeas coloridas e recheado com
chocolate ao leite e palha italiana de brigadeiro. Para
quem quer uma lembrança para compartilhar, a opção é
o kit com nove coelhinhos de chocolate ao leite com pin-
tura de ouro, cobre, pérola ou candy colors, recheados
com Nutella e crispy, leite condensado cremoso e cara-
melo artesanal (R$ 145,90). Os pedidos e encomendas
devem ser feitas pelo whatsapp (31) 9992-4489 e pelo
telefone (31) 3867-2080.

O Granulado
De casa nova, agora na Rua Irmão Gonçalves Xavier, 82,
Savassi, O Granulado tem um jeito diferente de traba-
lhar na Páscoa: não aceita encomendas, apenas
pronta-entrega. Para isso, Joana Moura está com sua
cozinha a todo vapor: até o domingo de Páscoa pre-
tende fazer 4 mil ovos! A empresária e doceira deixou de
lado o ovo de colher e resolveu investir nos ovos que
têm a casca recheada. São seis sabores no total. O
Nutelludo (creme de Nutella com creme de leite Ninho);
chocolate com caramelo; Magnífica (pasta de pistache
com chocolate meio amargo); chocolate branco com bri-
gadeiro de pistache; cheesecake de ganache de cream
cheese com geleia de frutas vermelhas; e cookie in
cream (chocolate branco com pedaços de biscoito em
casca de chocolate meio amargo). Os ovos aparecem
em dois tamanhos, o de 300 gramas (R$ 74) e o de 450
gramas (R$ 89). Para quem quer apenas uma lembranci-
nha charmosa, boa opção é brownie oval embalado no
tecido (R$ 16, 80 g). Os ovos podem ser retirados nas
duas unidades da marca, na Savassi e na loja do Vila da
Serra, ou por delivery.

90 |Encontro
Fotos: Divulgação

Renata Penido
O nome Renata Penido é quase uma grife. Chef chocolatière, ela é uma das professoras preferidas para quem quer
se especializar no universo do chocolate. Renata trabalha com doce desde 11 anos, quando preparava e vendia
brigadeiros para os colegas de escola. Já adulta, fez faculdade de psicologia, mas descobriu que sua história pas-
sava mesmo pelos caminhos do chocolate. Fez tantos cursos que perdeu as contas. Em 2016, investiu em um
carrinho de doces e passou a dar aulas em seu ateliê, no bairro Serra. Já formou mais de 1 mil alunos desde então.
Para essa Páscoa, assina uma linha extremamente sofisticada e limitada. Seus ovos parecem verdadeiras joias.
Pintados a mão e batizados como Passion Flower, os ovos são recheados com três camadas: caramelo de maracujá;
ganache de flor de laranjeira; e gianduia de avelã com coco crocante (R$ 189). Um investimento perfeito para quem
quer impressionar. Outra dica é servi-lo como sobremesa para compartilhar. Ao cortar os pedaços, os convidados
ficarão impressionados com as camadas bem definidas do recheio. Mais informações em www.renatapenido.com.

Encontro | 91
 GASTRÔ | CHOCOLATE

Eu que fiz
O engenheiro mecânico começou a fazer bolo para presentear os amigos. Pouco tempo depois,
Saulo Chiadi resolveu aplicar cálculos nas receitas. Primeiro abriu um ateliê no Cidade Jardim e, em
2019, inaugurou a primeira loja aberta para o público na Savassi. Apesar do seu forte serem os bolos
personalizados de aniversário, na loja é possível encontrar fatias, além de cookies e brownies. Para
a Páscoa, os bolos viraram recheios dos ovos. São quatro sabores: Delírio, brownie, creme de bau-
nilha, camada de cookie e cobertura de ganache de chocolate; Cheesecake, que aparece em três
versões – coberta de frutas vermelhas, caramelo ou ganache de licor de café; Pleonasmo, bolo de
chocolate, recheio de brigadeiro, cobertura de ganache de chocolate meio amargo. E para fechar, o
Red velvet, massa aveludada com recheio de cream cheese. Eles são vendidos partidos ao meio e
custam R$ 55, com cerca de 300 gramas. E ainda tem desconto de 12% para quem comprar 3 uni-
dades e 15% para quem levar seis. As encomendas devem ser feitas pelo Instagram @euquefizbh.

92 |Encontro
Fotos: Divulgação

Carol Gastrô
A mãe, dona Elci, sempre fez salgados para vender. A filha ficava ali, sempre por perto na cozinha, aju-
dando a finalizar as empadas, coxinhas e rissoles. A moça cresceu. Caroline Ramos acabou seguindo os
passos maternos, mas foi para direção contrária, a confeitaria. Começou fazendo bolos na pura intuição.
Fez faculdade de gastronomia e criou a @carolgastro_. Para esta Páscoa, resolveu investir em ovos de
250 gramas com formatos e texturas diferentes. As peças parecem rendadas e são boas opções para
presentear. Entre os nove sabores, os diferentões brigadeiro de uísque e o de brigadeiro de caipirinha
(R$ 85, cada). Para os que não abrem mão do “doce bem doce” tem o de Oreo (R$ 65); Nutella com leite
Ninho (R$ 80) e Kinder Bueno (R$ 80). Para agradar os mineiros, tem o de brigadeiro de doce de leite (R$
65) e o de brigadeiro de café (R$ 65). As encomendas podem ser feitas pelo próprio Instagram da marca
ou pelo whatsapp (31) 8718-1054. z

Encontro | 93
 GASTRÔ | NOVIDADE

Mezzo mineiro,
Carolina Daher

Os quase 200 quilômetros que se-

param a capital de Tiradentes nunca
foram empecilho para os belo-horizon-

mezzo italiano
tinos pegarem a estrada. Muito pelo
contrário. Não é de hoje que a pequena
cidade histórica é refúgio para quem
quer tranquilidade e comida de primei-
ra. Por ali, entre as ruas de pedras, vários
restaurantes carregam um pouco da
história da culinária mineira. Nenhum,
Depois de fechar o D’Agostim di Paratella, no entanto, é tão querido quanto o Tra-
no Santo Agostinho, o chef Matheus Paratella galuz. Fundado há duas décadas pela ex-
-integrante do grupo Corpo Zenilca de
assume a cozinha do Tragaluz, em Tiradentes Navarro, a casa fica localizada na Rua Di-
reita. O casarão de quase 300 anos pre-
Helena Leão/divulgação
serva o charme de outros tempos. Para
completar, flores frescas, velas em cas-
tiçais de estanho, louças inglesas, taças
de cristal... Tudo ali conspira para que os
frequentadores vivam uma experiência
gastronômica completa.
Hoje, sob comando dos sobrinhos
de Zenilca, Pedro e Patrícia Navarro, o
Tragaluz vem se renovando com o pas-
sar dos anos sem perder sua essência.
A galinha d’angola, ingrediente desde
sempre presente no cardápio, conti-
nua reinando em receitas bem elabo-
radas. Mas, assim como quase tudo no
mundo, a gastronomia não é estática.

Bianca Aun/divulgação

Matheus Paratella, que

se mudou de malas, panelas
e colheres para Tiradentes:
“É uma responsabilidade imensa
assumir um restaurante com tanta
Goiabada Tragaluz: goiabada cascão
história, mas estou muito feliz”
prensada na castanha de caju granulada,
frita na manteiga, deitada em queijo cremoso,
servida com sorvete de goiaba artesanal

94 |Encontro
As coisas mudam. “Os ciclos muitas ve-
zes se fecham, mas olhamos para trás
com muito respeito por tudo e todos
que nos trouxeram até aqui”, diz Pe-
dro, referindo-se a chefs importantes
que passaram por ali, como Felipe Oli-
veira (Ora) e Fred Trindade.
E assim, um novo ciclo acaba de co-
meçar. O chef Matheus Paratella está
à frente da cozinha. Depois de anun-
ciar o fechamento do D’Agostim di
Paratella, no Santo Agostinho, em fe-
vereiro, ele se mudou de malas, pane- A fachada e o salão do Tragaluz, fundado há duas décadas:
Fotos: Bianca Aun/divulgação

las e colheres para Tiradentes. “É uma casarão de quase 300 anos preserva o charme de outros tempos

responsabilidade imensa assumir um

restaurante com tanta história, mas
estou muito feliz”, diz Matheus, que
morou durante mais de 20 anos no
interior da Itália e tem reencontrado
os prazeres de viver em uma pequena
cidade. “Outro dia, caminhando, achei
cogumelos comestíveis no meio da
mata. Isso não é incrível?”
Com um currículo marcado por
passagens por restaurantes estrela-
dos como D.O.M (SP), de Alex Atala, e
Osteria La Madernassa e Enoteca di
Canale, ambos na Itália, Matheus quer
imprimir sua assinatura no Tragaluz. E
isso já aparece no novo cardápio – que
agora também ganha um leve sotaque
italiano. É o caso do Plin di Faraona,
ravioli do Plin piemontês recheado de
galinha d’angola, servido no seu pró- Helena Leão/divulgação
prio brodo, com avelãs e minibrotos está criando intimidade com a região e
vindos da região. Outra receita que já alimentando sua rede de fornecedores.
tem feito a cabeça da clientela é o nho- Matheus, que já há algum tempo vinha
que de baroa dourada na manteiga de se aproximando dos produtos de Minas
garrafa, servida com cabecinha de lula Gerais, agora está se sentindo em casa.
flambada na cachaça e finalizado com Conhecendo profundamente o terroir
creme baiano. Os clássicos continuam das Vertentes. Na primeira mexida no
lá, como a Pintada Tragaluz, galinha menu, foram inseridos dez novos pra-
d’angola confitada na manteiga de tos principais, além de uma opção de
garrafa, acompanhada de arroz cal- sugestão do chef semanalmente.
doso com ora-pro-nóbis e hortaliças A maior ousadia da nova gestão de
da estação. A emblemática Goiabada Matheus talvez seja a implementação
Tragaluz (goiabada cascão prensada do menu degustação, no mesmo estilo
na castanha de caju granulada, frita na que era servido no D’Agostim, com seis
manteiga, deitada em queijo cremoso, tempos. “Os clientes vêm à Tiradentes
servida com sorvete de goiaba artesa- querendo vivenciar a gastronomia de
nal) também segue firme no menu. uma forma mais intensa”, diz. O serviço
Quase todos os pratos levam ingre- deve estar disponível ainda em abril e
dientes de produtores locais. O sorvete acontecerá na Sala do Governador, um
é do “seu” Edson, o queijo de cabra do lugar aconchegante e discreto, localiza-
“seu” Onivaldo, os brotinhos vêm do do entre a cozinha e o jardim de inver-
Giarola, a manteiga de garrafa da Caixa O novo winebar e café Tragaluz: instalado
no. Exclusivo, tem inclusive uma saída
D’Água, e a cachaça, de Bichinho. O chef em um imóvel ao lado do restaurante pelo Beco da Hera, evitando exposição

Encontro | 95
 GASTRÔ | NOVIDADE
Studio Tertúlia/divulgação Helena Leão/divulgação

O chef Ivo Faria promete

novidades: “Este,
definitivamente, ao
contrário do que possa
parecer, não é o fim do
Vecchio Sogno”

CM

MY

A tradicional Pintada Tragaluz continua no CY

Mudanças na cena cardápio: galinha d’Angola confitada na manteiga

de garrafa e acompanhada de arroz caldoso CMY

com ora-pro-nóbis e hortaliças da estação

gastronômica de BH K

O ano de 2021 já chegou trazendo notícias tristes para o setor da gastro- para quem prefere a discrição. Recebeu
nomia em Belo Horizonte. Além do D’Agostim di Paratella, que encerrou as esse nome por ter já acomodado mui-
atividades no final de fevereiro, outros estabelecimentos também não su- tas personalidades – incluindo gover-
portaram o peso da pandemia. As medidas de lockdown impostas na tenta- nadores – ao longo das décadas.
tiva de conter o avanço do novo coronavírus acabaram atingindo em cheio Outra novidade, é o novo winebar e
algumas casas importantes da cidade. Com 25 anos de estrada, o Vecchio café Tragaluz, que funciona no imóvel
Sogno, de Ivo Faria, fechou as portas no final de janeiro. “O fechamento se ao lado do restaurante. O espaço foi
dá em função do cenário de instabilidade econômica do país gerado, prin- cuidadosamente restaurado, seguindo
cipalmente, a partir da pandemia e da falta de perspectivas a curto/médio as normas de tombamento do IPHAN.
prazo para sustentação dos negócios que dependendo da presença do pú- As paredes de adobe foram recupera-
blico para funcionar”, anunciou o restaurante em suas redes sociais. “Este, das, assim como uma antiga estrutura
definitivamente, ao contrário do que possa parecer, não é o fim do Vecchio de madeira que forrava o teto, forman-
Sogno”, continuou a nota, afirmando que Ivo está desenvolvendo projetos do duas gamelas. Com um ar mais des-
em parceria com investidores. Logo em seguida foi a vez do Au Bon Vivant contraído, o bar tem capacidade para
se despedir. Depois de 8 anos, o bistrô francês postou no seu Instagram: 30 pessoas e conta com uma carta de
“Optar pelo fechamento, com certeza, foi uma das decisões mais difíceis vinhos de cerca de 60 rótulos, incluin-
que tomamos em nossas vidas”, assinaram em conjunto Philippe e Silvana do alguns mineiros. Para quem não
Wetel, que estão com novos projetos a serem lançados a partir de maio. dispensa um bom café, a casa oferece
Mais recentemente, foi a vez do Soriano. Especializada em culinária dos os grãos premiados (de microlotes de
pampas, a parrilla não sobreviveu. “Infelizmente não demos conta. Esse Minas e São Paulo) moídos na hora.
novo fechamento, não conseguimos segurar”, afirma o chef Fred Curi, que Quando a pandemia deixar, é hora
acabou se mudando para Oliveira, a 159 quilômetros de BH, e inaugurou de pegar a estrada e conhecer o Tragaluz
por lá o restaurante Prato de Girassol. de sempre, mas de um jeito diferente. z

96 |Encontro
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 crônica | paula pimenta
ppimenta@revistaencontro.com.br

Cachorros x gatos
Desde pequena sou apaixonada por cachorros. Na verdade, por
animais de todos os tipos, mas foram os cachorros que conquistaram
“Uma das principais
primeiro meu coração. Por isso, desde que aprendi a falar, comecei a coisas que eu
pedir um para o meu pai. Meu desejo foi atendido bem cedo, lá pelos
meus 3 anos, e a partir daí tive cachorros por toda a minha vida:
acreditava é que
Bianca, Flicts, Luna, Galak, Boomerang, Halley, Dolly, Rambo, Menina, gatos não se davam
Príncipe, Garoto, Luar, Diana, Estrela, Godofredo, Hermione, Winnie, bem com cães. Aqui
Estopa, Bambina, Bellatrix, Duna... Sempre me considerei uma “dog
person”, como se chama em inglês as pessoas que preferem cachor- não teve nada disso.
ros. Porém, exatamente 11 anos atrás, algo mudou a minha vida... a No primeiro dia, até
chegada do Miu Miu.
Eu já havia tido uma gata antes, a Gatilda, mas quando a gente é que os cachorros
criança tem de aceitar o que nossos pais determinam. Por isso, ela era preferiram manter
minha, mas acabou indo morar na casa dos meus avós. Diziam que
ela me dava alergia... Só que o Miu Miu veio para mostrar que se al- distância, mas logo
gum dia tive alergia, ela ficou no passado. Aliás, ele veio para provar começaram a tratar
que nada do que me diziam sobre gatos era real.
Uma das principais coisas que eu acreditava é que gatos não se o Miu Miu como igual”
davam bem com cães. Aqui não teve nada disso. No primeiro dia, até
que os cachorros preferiram manter distância, mas logo começaram
a tratar o Miu Miu como igual. Tanto que ele sempre se sentiu um
deles e até hoje quando chegamos em casa vem correndo até a porta a caixa na frente que ele foi lá sem
para fazer festa e também fica debaixo da mesa pedindo comida, ninguém explicar o funcionamento!
como se fosse um cachorrinho faminto! Foi tão fácil a adaptação que Enquanto escrevo essas palavras, já
logo arrumei outra gata, aliás, duas: a Snow e a Pretinha. Voltando às parei umas cinco vezes para mandar
mentiras que me contavam sobre eles, eu pensava que eram arredios, a Lua deixar de perseguir: a) o cabo do
traiçoeiros... Não tem nada mais irreal que isso. Aprendi com os meus computador, b) a boneca da Mabel, c)
que gatos são carentes, adoram um colo e receber carinho... E têm a cortina, d) o rabo da Pretinha, e) meu
uma grande vantagem sobre os cachorros: não dão o menor trabalho! chinelo. Realmente está difícil. Ela dá
Por essa facilidade, acabei trazendo os gatos comigo quando me muito mais trabalho do que meus
casei e me mudei para um apartamento. Os cachorros ficaram na três gatos juntos. Aliás, provavel-
casa da minha mãe, que tem muito mais espaço. Só que com o tempo mente mais do que uns 10 gatos! E eu
comecei a sentir falta de ter um cachorrinho ao lado no dia a dia. A que achava minha vida agitada antes
gota d’água foi quando a minha filha de 2 anos começou a me pedir de ela chegar... Tem dois meses que a
uma “Lady” igual à do filme “A Dama e o Vagabundo”... Como eu que- casa está de cabeça para baixo e que
ria que ela crescesse tão apaixonada por cachorros quanto eu, não eu grito o dia inteiro! Mas não sou de
tive dúvidas. desistir fácil, tenho esperança de que
A Lua, uma filhote de cocker spaniel, chegou há dois meses. Muito assim que crescer mais um pouco ela
bonitinha, muito fofinha, mas muito levada também! Eu realmente pare com essa mania de morder e
tinha esquecido o quanto cachorros bebês são levados. A Lua morde aprenda direitinho onde fica o seu
tudo que vê pela frente (especialmente os brinquedos e os pés da “banheiro”... Ou isso ou viro uma “cat
Mabel!), bebe água e sai pingando pela casa, faz xixi e cocô em todos person” de vez!
os lugares... É inevitável compará-la com os gatos. Para vocês terem No fundo, não tenho a menor dúvida
ideia, ninguém precisou ensinar o Miu Miu a usar a caixa de areia. de que a Lua vai ficar aqui para sempre...
Nós o encontramos na rua muito pequenininho, mas bastou colocar (E também mais uns 10 gatos!). z

Paula Pimenta é escritora

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