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JUNHO 2022 3
FICHA TÉCNICA SUMÁRIO
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ANO XXII
REVISTA N.º 267 • JUNHO 2022
Propriedade Publicidade
Ordem dos Contabilistas Departamento
Certificados de Comunicação
e Imagem da Ordem
Avenida Barbosa
du Bocage, 45 Produção editorial
1049-013 Lisboa e revisão
Contribuinte n.º 503 692 310 Departamento
Telefone: 217 999 700 de Comunicação
e Imagem da Ordem
Diretora
Paula Franco Telefone:
217 999 715/17/18/19
Diretores adjuntos Fax: 217 957 332
Joaquim Jorge Barbosa comunicacao@occ.pt
Cristina Pena Silva Entrevista a Tiago Pitta e Cunha.
Manuel Teixeira www.occ.pt
Helena Costa
32
Álvaro Costa Impressão
Pedro Nuno Ferreira LiderGraf
Redação Tiragem
Jorge Magalhães 10 001 exemplares
Nuno Dias da Silva
Depósito legal
Design e paginação N.º 150317/00
Duarte Camacho
João Martins ISSN
Sara Brás 1645-9237
Fotografia Organismos
Jorge Gonçalves internacionais
Micaela Neto a que a Ordem pertence:
Raquel Wise
Secretariado
Raquel Carvalho
Alexandre Sousa Pinheiro na conferência «A lei do Whistleblowing».
Colaboram nesta edição
António Bentes de Oliveira
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Cecília Duarte
Cristina Góis
Davide Ribeiro
Eduardo Sá e Silva
Miguel Gonçalves
Paula Franco
Tiago Mariz
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SUMÁRIO
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Cerca de 250 profissionais estiveram presentes na inauguração da nova casa dos contabilistas, em Braga.
NOTÍCIAS
18 7.º Congresso dos Contabilistas Certificados
20 Conferência «A Contabilidade e Gestão na atividade agrícola»
25 Inauguração da nova representação permanente de Braga
32 Conferência «A lei do Whistleblowing»
36 Conferência dos colégios das especialidades
42 Dever de cumprimento de 30 créditos | Simulador de incentivo fiscal à recuperação | Relato integrado intercalar
43 Bastonária em mesa-redonda sobre o futuro da contabilidade | IPSASB Public Sector Forum | Resultados dos exames |
Formação eventual com 9 300 presenças | Tomada de posse na ESTG/IPP44 Conferência do Sindicato dos Trabalhadores dos
Impostos | Vice-presidente em webinar sobre o «Contabilista de sucesso»
45 Livro «Saúdo-vos – Crónicas da vida do autor» | Apresentação do plano de transição digital da Segurança Social
46 10 anos de Conselho das Finanças Públicas | Sistema previdêncial de Segurança Social em livro | Tomada de posse do reitor
da Universidade do Porto | ISCAC com novo presidente
47 Ordem nos media
COLABORAÇÃO ISCAC
48 O Código de Boa Conduta de Prevenção e Combate ao Assédio Laboral – Obrigação legal patronal
COLABORAÇÃO ISCAP
50 Prestação de contas
COLABORAÇÃO ISCA-UA
54 Atividade agrícola: alguns apontamentos relacionados com o tratamento contabilístico e fiscal
CONTABILIDADE
68 Uma questão de orgulho para a profissão: os primeiros contabilistas certificados em Portugal (1770)
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PERFIL
«A contabilização do capital
natural vai competir aos
contabilistas certificados»
Distinguido na última edição do “Prémio Pessoa”, Tiago Pitta e Cunha antecipa a
sua participação no 7.º Congresso, em setembro, com reflexões pertinentes sobre a
posição geográfica marítima do país e a imperiosa necessidade de preservar as espécies
marinhas do oceano. O administrador executivo da Fundação Oceano Azul, que faz
da defesa dos mares uma causa de vida, defende que «o sistema fiscal ainda não
está ao serviço da sustentabilidade ambiental» e acredita que o capital natural,
especialmente o marinho, vai fazer parte da riqueza das nações, cabendo aos
profissionais da contabilidade a sua contabilização.
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ritório europeu é um dos pecados públicas e prioridades relacionadas se desresponsabilizar. Isso é errado.
da nossa república democrática com esta geografia. Se compreen- A pretexto disso desenvolveu-se o
contemporânea. Em termos maríti- dêssemos a nossa geografia, o co- que costumo chamar o «Síndrome
mos, o máximo da jurisdição nacio- rolário de uma nova atitude podia do Luxemburgo».
nal – que inclui a Zona Económica passar, por exemplo, pelo aumento
Exclusiva (ZEE) portuguesa – temos do peso da Marinha no cômputo das Contabilista – O que é o «Síndro-
praticamente dois milhões de qui- forças armadas e defesa nacional. me do Luxemburgo»?
lómetros quadrados. Somos um dos T.P.C. – Corria o ano de 2011, duran-
dois gigantes europeus do mar, na Contabilista – Admite que não é te a crise económica e a intervenção
companhia da Noruega. Os nórdicos adepto da conversa de políticos da troika, quando um aluno meu
dispõem de uma ZEE mais extensa sobre o país pequeno, pobre e ir- questionou-me sobre o motivo pelo
do que a nossa, mas a plataforma responsável. Falta a ambição de qual um país pequeno como o Lu-
continental de Portugal consegue pensar em grande e incorporar o xemburgo era rico e bem-sucedido
ser mais vasta. Por isso, lideramos mar e o oceano num novo modelo e Portugal, uma nação igualmente
no que à jurisdição sobre o leito ma- económico? pequena, estava sempre a debater-se
rinho diz respeito, ou seja, o solo e T.P.C. – Não me queria referir con- com imensos problemas. Para aque-
o subsolo do oceano. Estes dados cretamente aos políticos, até porque le estudante, Portugal assemelhava-
deviam a mudar a nossa perceção. considero extremamente populista -se, em dimensão, a um microestado
Se a geografia entrasse nos nossos fazer a divisão entre a sociedade e os como o Luxemburgo. E isso é um
objetivos estratégicos, seguramen- políticos. Mas reconheço que exis- erro profundo e que resulta de um
te este seria um país com objetivos tem e existiram decisores políticos enviesamento que se calhar resul-
mais concretos e concretizáveis. No- portugueses que, com o argumento tou do desaparecimento do império
meadamente, a adoção de políticas de apequenarem o país, acabam por e dos territórios ultramarinos. No
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fundo, de uma certa megalomania riquezas do país está seguramente – e ponencial de zonas desoxigenadas,
do Estado Novo. Atenção que não assim continuará nas próximas duas temos de nos começar a preocupar
sou defensor de uma nova megalo- ou três décadas – no capital natural. seriamente na forma como aceder a
mania e de pensar de uma maneira O capital natural vai ser parte da ri- serviços que tínhamos em mente que
desequilibrada relativamente ao queza das nações e a sua contabiliza- eram gratuitos e infinitos. E é esta re-
país. Mas o que precisa de ser inte- ção vai competir também aos conta- volução mental que temos de come-
riorizado é que Portugal é um país bilistas certificados. çar a equacionar. E em alguns setores
de dimensão média europeia. ela é contabilizável.
Contabilista – No próximo mês de
Contabilista – Pela experiência setembro será orador no 7.º Con- Contabilista – O capital natural é
que teve na Comissão Europeia, gresso dos Contabilistas Certifi- mensurável?
essa é uma recorrente postura de cados, na Altice Arena. Escolheu o T.P.C. – É mensurável, já hoje em dia,
inferioridade manifestada por tema: «O oceano e o capital natu- em alguns dos serviços ecossistémi-
Portugal no estrangeiro? ral azul. Contabilizável?» Pode le- cos. É preciso abrir novos quadros
T.P.C. – Tive uma experiência con- vantar a ponta do véu sobre o que mentais e começar a fazer escolhas
creta quando trabalhei no gabine- vai falar? de longo prazo, enquanto socieda-
te do comissário europeu de Malta. T.P.C. – Ainda há muito trabalho a de. Por existirem muitas políticas de
Quando os malteses negoceiam com realizar por parte das escolas de eco- curto prazo é que acabamos por hipo-
a Alemanha e com a França julgam nomia do ponto de vista dogmático. tecar o futuro. É isso que explica que
que são do tamanho de Portugal. A teoria dos extra market values tem exploremos os recursos naturais do
Pelo contrário, Portugal quando ne- origem no século passado, especial- Planeta como se não houvesse ama-
goceia com a Alemanha e a França mente em grandes universidades nhã ou como se não tivéssemos des-
parece que é do tamanho de Malta. É norte-americanas. O capital natural, cendentes.
este tipo de enviesamento cultural e hoje em dia, já se encontra generali-
complexo de inferioridade que tem de zado na Europa, e foi particularmente Contabilista – Mas, como refere
ser profundamente alterado uma vez desenvolvido a partir do mundo an- repetidamente, a natureza é es-
que limita muitíssimo as aspirações glo-saxónico. A natureza é um bem cassa…
da nossa sociedade. O país desenvol- tão escasso, mas ao mesmo tempo é T.P.C. – A natureza nos dias de hoje
veu-se muito nos últimos 20 anos do aquilo que suporta tudo aquilo que é é extremamente escassa. Tornou-se
século passado e nestas últimas duas a nossa própria economia. É sabido um bem escasso. De acordo com as
décadas ficou, de alguma forma, sen- que nenhuma atividade económica teorias da economia ortodoxa do
tado “à sombra da bananeira”. Falta – e inclusive a própria sociedade - encontro da oferta e da procura, a
uma exigência maior, por exemplo, sobrevive sem oxigénio ou sem água natureza tornou-se um bem mais
com as atividades e as profissões. Não potável. Se continuarmos a queimar valioso. O que acontece é que va-
raro, deparamo-nos com situações florestas, adulterarmos profunda- mos necessitar de uma verdadeira
de falta de brio, de bem fazer e isso mente o oceano, com o aumento ex- revolução cultural na forma como
acaba por se repercutir em toda a so-
ciedade.
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enquadramos a natureza neste sé- fugindo dos grandes predadores, formada em madeira. Uma árvore
culo XXI, para conseguir migrar dos incêndios e das tempestades, imóvel não vale dinheiro porque
da economia ainda hoje prevale- para, de alguma forma, explorar a não contabilizamos, ainda, o ser-
cente, com origens no século XX, e natureza com o início da revolução viço ecossistémico da árvore. Na
que se caracteriza por ser extrativa, agrícola há dez mil anos. Os gran- verdade, até já o fazemos, na me-
linear e predadora do Planeta e da des predadores terrestres já esta- dida em que já existe legislação em
extinção maciça de outras espécies. vam, praticamente, todos extintos. Portugal porque o proprietário de
A crise de biodiversidade existe Já tínhamos tido os mamutes, as uma parcela de terreno numa flo-
precisamente porque promovemos preguiças gigantes, os grandes fe- resta obtém uma renda pelos servi-
uma economia predadora dessas linos. E iniciou-se a dominação da ços ecossistémicos dessa floresta, já
espécies. O atual modelo de desen- natureza pelo homem, com o quei- que está, pelo menos, a contribuir
volvimento económico é pernicioso mar de florestas, o secar dos pânta- para gerar oxigénio e absorver CO2.
e urge migrar para um novo para- nos e o desviar dos cursos de alguns E aqui entra a problemática do capi-
digma, assente na economia verde. rios. Aquando da revolução indus- tal natural. Se as florestas europeias
As ameaças existenciais provoca- trial e da ciência, no século XVII, o continuarem a arder como este ano,
das pelos grandes desequilíbrios domínio da natureza transita para a em 2050 não vão existir florestas na
aos grandes sistemas de suporte de fase seguinte: a da colonização por Europa. Vamos ter árvores nos jar-
vida do Planeta vão obrigar a uma parte dos humanos. Deixámos de dins botânicos e, em consequência,
mudança drástica nas nossas prio- ser parte do ecossistema, para nos a qualidade do ar no “velho” conti-
ridades políticas e económicas. situarmos num patamar superior. nente será muito pior do que é hoje.
Agora estamos confrontados com a E aqui é que o papel da contabilida-
Contabilista – E no que é que se necessidade de alterar isso, mas tal de é fundamental.
traduzirá esse novo paradigma? obriga a mudar os nossos principais
T.P.C – Depois do período da revo- institutos civilizacionais. Contabilista – Fale-me de alguns
lução industrial, no século XVIII, ativos intangíveis gerados, por
iniciado com as luzes e o advento da Contabilista – A que institutos ci- exemplo, no ecossistema mari-
ciência, é tempo agora de inaugurar vilizacionais se refere? nho…
uma nova era de sustentabilidade T.P.C. – A religião, a ética, a eco- T.P.C. – O oceano produz muitos
ambiental, equilíbrio da natureza e nomia e o direito são institutos serviços ecossistémicos, que dividi-
respeito pelas outras espécies. Pro- civilizacionais que desvalorizam mos entre bióticos e abióticos. Mas
curar perceber não só o que é bom profundamente a natureza e hiper- para além dos serviços do oceano
para nós, mas o que é bom para as valorizam o homem, enquanto es- que não são da biologia, temos tam-
outras espécies, sejam elas animais pécie dominadora do Planeta. Por bém a biomassa gerada. O oceano
ou vegetais. A revolução cultural exemplo, no domínio da ética am- gera uma biomassa e que é apropria-
que se exige explica-se pelo seguin- biental, o sofrimento animal não é da pela nossa economia ortodoxa
te: a existência do homem na Terra é algo que seja tido como importante. tradicional que a designa por stocks
uma luta contra a natureza. Come- Na economia uma árvore vale di- pesqueiros. A partir daqui essa bio-
çámos por ser vítimas da natureza, nheiro quando é cortada e trans- massa passa a integrar a economia.
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tar muito mais massa, com menos criado pela guerra da Ucrânia não a guerra na Ucrânia passamos a ter
energia. Explico: ao navegarem no vem facilitar essa transição, mas não uma razão adicional: a segurança de
oceano, os navios são sustentados pode, de maneira alguma, travar essa fornecimento de energia. Por isso,
por esse serviço ecossistémico que transição. Temos duas espadas sobre são várias as razões objetivas para
é produzido pelo oceano. Esse ser- a nossa cabeça: a do défice energético mudar as nossas fontes energéticas,
viço ecossistémico abiótico que é o europeu e a da destruição das flores- o que para Portugal pode ser uma
transporte de mercadorias por mar tas europeias a curto prazo. Estas são oportunidade muito grande. Somos
é contabilizável? Portugal consegue duas preocupações que têm de andar um país rico em energias renováveis
faturar com os corredores de trá- em paralelo com a destruição dos re- e fomos sempre destituídos quer de
fego que tem ao largo da sua costa cifes de corais. carvão, quer de petróleo e gás natu-
e por onde passam mais de 60 por ral. Nos últimos 200 anos procurá-
cento das frotas de marinha mer- Contabilista – O verão que estamos mos acompanhar o passo dos países
cante da União Europeia? A respos- a viver é mais uma machadada na ocidentais da Europa mais desenvol-
ta a ambas as questões é não. É este mancha verde florestal de Portugal? vidos, mas sem sucesso. É aquilo que
serviço ecossistémico do capital na- T.P.C. – Portugal já não tem flores- denomino um período de escuridão
tural do mar que poderia ser susce- tas. Destruiu-as. Um dos casos mais das fontes energéticas tradicionais.
tível de apropriação económica, de flagrantes aconteceu com a floresta Por isso, entendo que a transição para
monetização e, consequentemente, de Monchique, no Algarve. Primeiro, uma economia verde pode ser a opor-
de contabilização. com os incêndios no início do sécu- tunidade de que Portugal precisa para
lo e, posteriormente, nos fogos de agarrar o século XXI.
Contabilista – A covid-19 e a guer- 2018. O que temos são plantações de
ra da Ucrânia relançaram a temá- árvores, desordenadas, extensíveis Contabilista - Temos recursos e
tica dos recursos energéticos e da demais, que por sua vez vão alimen- competência para tal?
sua escassez. Este contexto vai au- tando novos incêndios. Se já tínha- T.P.C. – Portugal pode ser um país
mentar a apetência pelo oceano? mos necessidade de migrar do petró- de charneira nesta nova economia
T.P.C. – Não é possível escondê-lo, leo e do gás natural por uma questão da descarbonização e aproveitando
a situação geopolítica que vivemos é de sustentabilidade energética, com a nossa invejável posição geográfi-
extremamente prejudicial para este
paradigma de evolução para uma
economia verde. O pacto ecológico
europeu é o elemento político, jurí-
dico e institucional mais redefinidor
do que é o papel e a estratégia de
crescimento sustentável da União
Europeia e aquilo que serão as nos-
sas sociedades e as nossas econo-
mias no século XXI. Temos de cana-
lizar os nossos recursos (humanos,
financeiros e organizativos) para
migrar, da dita economia extrativa
linear do século XX para uma nova
economia ambientalmente susten-
tável, circular e descarbonizadora
do século XXI.
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do oceano. Vamos lá contabilizar tima, em 2022, em Lisboa. cativa desse nosso papel. Estive na
isso, porque é contabilizável. Há cimeira da ONU em Nova Iorque e
estudos que demonstram a quan- Contabilista – É relevante ter ou posso garantir que essa sessão teve
tidade de energia que depositamos, não ter uma COP? um décimo do tamanho do evento
todos os anos, através do aumen- T.P.C. – Faz toda a diferença. Exis- de Lisboa. Isto porque a sociedade
to de temperatura, no oceano. O te um Painel Intergovernamental civil despertou, nos últimos cinco
maior protagonismo que agora é sobre Mudanças Climáticas (IPCC), anos, para a questão do oceano,
dado ao clima deve-se, precisa- mas não existe, por exemplo, um nomeadamente com o mediatiza-
mente, ao facto de se ter criado um painel idêntico para o mar. Falta, do alerta da poluição dos plásticos
sistema de governação para as al- por isso, o valor acrescentado da no mar. A este ritmo, em 2050, se
terações climáticas, assente numa ciência para promover as decisões continuarmos com sobrepesca ex-
convenção quadro e na realização políticas. Falta um painel que afira cessiva dos recursos pesqueiros, a
de Conferências das Partes (COP) e meça a dimensão da deteriora- tal biomassa, vamos ter mais mas-
do clima, onde intervêm especia- ção que está a acontecer. Portu- sa de plástico no nosso oceano do
listas de órgãos técnico-jurídicos e gal tem-se afirmado na liderança que biomassa gerada pelo oceano,
científicos. Por seu turno, os ocea- na discussão de questões relacio- ou seja, peixe, trocado por miúdos.
nos não têm COP e só tiveram duas nadas com o oceano na ONU e na Caso lá cheguemos, não haverá
cimeiras, a primeira em 2017 e a úl- UE e a recente cimeira foi signifi- maior demonstração de estupidez
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humana! De uma vez por todas, te- Contabilista – Basicamente, o que com «um papel significativo na
mos de interiorizar que a natureza está a dizer é que temos de, defi- vida cultural e científica do país»,
é o último e mais valioso recurso e nitivamente, olhar para o capital o júri quis sinalizar e mediatizar
ativo económico. Tal levaria a que natural como um dos nossos trun- uma causa que deve ser de todos?
alguns elementos deste capital na- fos para as próximas décadas… T.P.C. – Acho que foi essencialmente
tural possam vir a ser, verdadeira- T.P.C. – Podemos, claramente, ser isso, visto que não sou propriamente
mente, as novas moedas do século um país muito mais valioso no sécu- um homem da ciência e da cultura. O
XXI, as denominadas currencies of lo XXI do que fomos no século passa- prémio é muito maior do que eu e foi
the future. A água potável já é uma do ou no anterior. É com estas refle- atribuído à compreensão por parte
delas. O próprio banco inglês HSBC xões que gostaria de desinquietar as do júri do “Prémio Pessoa” de que a
anuncia na publicidade que faz, mentes dos membros da Ordem dos sociedade portuguesa devia, verda-
por exemplo, em diversos aeropor- Contabilistas Certificados para que deiramente, focar-se nestes temas. E
tos que water is the new currency. pensem out of the box, saindo da sua antes da minha distinção, é preciso
Mas há mais. A capacidade de os zona de conforto, atentando nas me- referir que já existiu outra sinaliza-
sistemas naturais reterem carbo- todologias de contabilização de ca- ção prévia. Foi o caso do geógrafo
no vai ser outra mais-valia com- pital natural já existente em outros Miguel Bastos Araújo, vencedor em
petitiva para as nações e, no caso países ou em escolas de economia 2019, que trabalha nesta área, no-
português, temos no estuário do para que possam dar o seu contribu- meadamente na biodiversidade e na
Tejo um dos maiores armazéns de to. Não tenhamos dúvidas: a legis- sustentabilidade do território. Este
carbono da Europa. Para além dis- lação e a taxonomia financeira vão prémio tem a particularidade de
so, temos um dos principais bancos evoluir neste sentido. coincidir com um novo período de
mundiais de carbono azul. Ou seja, visualização concreta de como o país
para Portugal é altamente estraté- Contabilista – Na manhã do pas- pode ser mais pertinente no século
gico que esse capital natural venha sado dia 17 de dezembro tocou o XXI, compreendendo que a ligação
a ser mainstream economics tão cedo telefone em sua casa e recebeu a ao oceano pode ser fundamental
quanto possível. Por sermos um notícia que tinha sido distingui- neste novo paradigma. Espero que
país rico em capital natural e pobre do com o “Prémio Pessoa” 2021. não cheguemos atrasados a este
em capital manufaturado iremos Para além de enaltecer e reconhe- novo paradigma, como aconteceu no
beneficiar muitíssimo disso. cer a atividade de um português século XX e XXI.
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NOTÍCIAS
CONGRESSO
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ALTICE ARENA 21, 22 E 23 SETEMBRO 2022
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NOTÍCIAS
e desafios suscetíveis de abrirem novos hori- da IFAC, o 7.º Congresso encerrará com cha-
zontes e acrescentarem motivos para novas ve de ouro: Marcelo Rebelo de Sousa, Presi-
reflexões (e preocupações). dente da República.
Neste dia é igualmente dado a conhecer o O programa está definido, mas pode sempre
novo projeto formativo da Ordem, o "CCClix", sofrer ajustes pontuais, por imprevistos de úl-
bem como será apresentado e distribuído o tima hora. Sugere-se, por isso, a consulta re-
«Livro da Contabilidade», uma obra gigan- gular do microssítio. As inscrições entraram
te, a rondar as mil páginas, que se pretende na segunda fase, encontrando-se agora no
constituir como um manual de referência para valor intermédio: 35 euros até 31 de agosto,
todos quanto lidam com as questões conta- passando para os 50 euros para quem se ins-
bilísticas. Ainda há fôlego? Terá que existir, crever em setembro. Tenha sempre presente
porque o dia só terminará com o jantar de que as inscrições são limitadas e, se ainda
gala (já esgotado) e com o concerto da fadis- não o fez, reserve o seu lugar o quanto antes.
ta Mariza que poderá ser visto e ouvido por Como aqui se demonstrou, há muitos motivos
todos os congressistas ou inscritos no jantar. para não faltar.
Dia 3, 23 de setembro, último dia do congres- De referir, por fim, que no âmbito do regula-
so. A sustentabilidade continuará a ser objeto mento de formação profissional contínua são
de discussão na primeira parte da manhã. De- atribuídos 15 créditos.
pois, tempo para o lançamento da certificação Caso pretenda, pode remeter a sua dúvida ou
de qualidade e para um espetáculo cénico de pedido de esclarecimento para o email oficial
música e dança, que terá como tema «História do evento: viicongresso@occ.pt.
da profissão – passado e futuro».
A fechar, e para além das presenças da basto-
Microssitio
nária Paula Franco e Alan Jonhson, presidente
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NOTÍCIAS
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NOTÍCIAS
agrícola e pecuária, existem 1 229 ta- formação não é fácil, mas quem não Coordenação e Desenvolvimento Regio-
xas diferentes. É inacreditável! Isto de- acompanhar esta evolução dificilmente nal do Norte.
monstra bem o padrão atual em que nos terá o mesmo sucesso.» Uma inevitabi- Para testemunhar a forma como a tec-
encontramos. Às vezes, até para pagar lidade que, no caso dos contabilistas, é nologia está presente no dia-a-dia dos
estas taxas é difícil.» já bem conhecida e que deverá conhe- agricultores, José Palha, presidente da
Antes de passar a palavra a Paula Fran- cer novos passos: «A integração dos Associação Nacional de Produtores de
co, Luís Mira abordaria ainda a impor- processos contabilísticos é importante, Cereais, apresentou o exemplo de uma
tância dos subsídios concedidos aos sendo agora necessário evoluir para das suas explorações, no caso da Her-
agricultores em resultado da Política a abolição do papel. A informação fi- dade de Santo Isidro, em pleno Ribatejo.
Agrícola Comum (PAC) e que ajuda a nanceira é importante, mas só o será Com cerca de 550 hectares, a gestão da
que os produtos cheguem aos consumi- verdadeiramente se for fornecida em propriedade assenta em três vetores:
dores a preços mais comportáveis. «A tempo real.» sustentabilidade ambiental, eficiência e
PAC é uma política para todos os consu- Aqui chegados, falta juntar um parcei- rentabilidade, dedicando-se sobretudo
midores. Todos os que estão nesta sala ro fundamental ao processo. «Para que à exploração florestal, pecuária e agri-
beneficiam da PAC.» tudo isto evolua da forma natural é ne- cultura (cereais e alguma horta indus-
A bastonária da OCC, depois de re- cessária a ajuda do Estado. É preciso trial, sobretudo ervilhas).
forçar a importância da parceria com que o Estado simplifique processos, dê Desde o uso de sensores que fazem o
a CAP, lembrou precisamente que a respostas atempadas, esteja presente mapa da condutividade elétrica do solo,
questão destes subsídios (e não só) na quando realmente é necessário. É neces- passando por tratores equipados com
atividade agrícola «exige uma dedica- sário que crie um "Simplex" a sério, sem o sistema autotrack, de condução autó-
ção e interligação mais profunda entre complicações», defendeu a bastonária, noma, que aplicam os adubos de acor-
estes empresários e os contabilistas acrescentando ainda que «o Estado tem do com as necessidades detetadas ou
certificados. Os empresários dificil- que ser um fator facilitador deste cres- o uso de drones para verificar o vigor
mente conseguem andar sozinhos sem cimento e não um parceiro que coloque vegetativo das plantas ou mapear, por
os contabilistas e estes necessitam dos pedras na engrenagem.» exemplo, a invasão por parte de ervas
empresários», sintetizou a responsável infestantes, esta propriedade deita mão
máxima da OCC. Agricultura a uma panóplia de equipamentos tecno-
Porque nesta conferência, e na FNA em com tecnologia de ponta lógicos de última geração.
geral, um dos motes era precisamente a «A gestão da atividade agrícola na era Porque as questões ambientais não
transformação tecnológica, Paula Fran- digital – desafios para o contabilista». podem ser descuradas, a Herdade de
co defendeu que «todos os empresários Foi este o mote lançado para o primei- Santo Isidro, garantiu o empresário,
agrícolas, tal como os contabilistas, es- ro painel, moderado por Jorge Sobrado, «tem um balanço energético zero. Toda
tão a viver grandes desafios. Esta trans- assessor do presidente da Comissão de a energia consumida é produzida na
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NOTÍCIAS
exploração, através do uso de painéis recebemos muita informação por email Xavier de Basto é a CEO do grupo Your
solares.» Afinal, rematou José Palha, ou whatsapp, o que facilita o contacto Finance e contabilista certificada.
socorrendo-se de uma frase de Ghandi: com os nossos contabilistas.» A oradora fez a ligação do mundo agrí-
«O futuro dependerá daquilo que fizer- Afinal, defendeu este responsável as- cola com a importância da digitalização,
mos no presente.» sociativo, «tem de existir uma relação referindo que «a transformação digital
Francisco Pavão, presidente da Associa- muito próxima entre o agricultor e o é uma inevitabilidade de qualquer ativi-
ção de Produtores e Proteção Integrada contabilista, de forma que as decisões dade, mas na atividade agrícola permite
de Trás-os-Montes e Alto Douro, cen- sejam tomadas tendo por base a ges- uma melhoria de processos, aumento da
trou-se na interligação e sinergias que tão.» eficiência e produtividade, maior vanta-
a sua corporação tem com os contabi- Pavão confessou ainda que «a digitali- gem competitiva, redução de custos e
listas. zação é fundamental para a tomada de controlo de gestão.»
Composta por cerca de mil e 400 agri- decisão imediata, mas também para a Porque a digitalização tem dado empur-
cultores, muito focalizados no olival, tomada de decisões no futuro», reve- rão decisivo para os tempos que se vi-
amendoal, vinha e castanheiro, bem lando que a associação a que preside vem, Filipa Xavier de Basto revelou que,
como nas pastagens, esta associação está integrada «num conjunto de pro- na sua organização, «a transformação
criou, «há cerca de dez anos, um gabi- jetos de inovação e investigação muito digital na contabilidade levou a que
nete que tem dois contabilistas certifi- ligados à digitalização na agricultura e exista um lema: “Temos que passar de
cados que apoiam os nossos associados à forma de a tornar mais acessível aos contabilistas a consultores”. Num con-
naquilo que são as decisões de gestão, nossos produtores.» texto destes, os processos de digitaliza-
mas também na contabilidade», referiu Escutados estes empresários agrícolas, ção são fundamentais. Se não tivermos
o orador, que fez questão de recordar tempo para ouvir outra empresária, processos ágeis, não conseguimos dar
que «no caso dos jovens agricultores já mas do ramo da contabilidade. Filipa informação atempada aos gestores.»
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Outro aspeto importante prende-se o conceito de subsídio/subvenção, bem exceções. Entre elas, «de acordo com o
com o conhecimento do negócio por- como os tipos de subsídios e a tributa- artigo 16.º n.º 5 al. a) do CIVA, um sub-
que, «o relato financeiro não são só os ção em sede de IVA. sídio/subvenção será incluído no valor
números, apesar de os números terem Afeto Dias lembrou que «não existe um tributável das operações, e consequen-
que estar certos, mas também toda a conceito de “subsidio/subvenção”, quer temente tributado, caso tenha a natu-
atividade que envolve determinada en- no plano do Direito da União quer no reza de subsídio/subvenção diretamente
tidade. É um fator capital», anotou a Direito interno». Contudo, decorren- conexa com o preço de operações tribu-
empresária. te de vária jurisprudência comunitária táveis», referiu a oradora. Também «to-
Na sua alocução, Filipa Xavier de Bas- pode entender-se como a «atribuição das as ajudas concedidas no âmbito do
to deixou ainda alguns desafios para o a um sujeito passivo, por parte de um POSEIMA são sujeitas a IVA.» De referir
contabilista, garantindo que «se os pro- organismo internacional ou de um orga- ainda que a diretiva IVA prevê a possi-
cessos estiverem a ser feitos de forma nismo público nacional, de uma presta- bilidade de tributação das subvenções,
mais automática, a libertação das pes- ção de caráter patrimonial, assumindo como consta do seu artigo 73.º.
soas para o processo de análise pode o sujeito passivo subvencionado o com- A apresentação da diretora dos servi-
criar aumento de sinergias e produtivi- promisso de adotar uma determinada ços do IVA terminaria com a chamada
dade. Teremos uma tomada de decisão conduta, prosseguir um dado objetivo de atenção para o caso particular de di-
mais informada e consciente.» ou realizar um certo projeto ou tarefa, reitos RPB – Regime de pagamento base
de que a entidade que concede a sub- (art.º 17.º da Portaria n.º 57/2015),
IVA, subsídios e subvenções venção não é a direta beneficiária ou referindo que a relevância das ativi-
Após o intervalo, o segundo painel destinatária, mas que visa a satisfação dades que são exercidas «devem estar
apontou baterias para «Os subsídios e de uma necessidade coletiva ou ir ao atualizadas ao nível do cadastro, com
apoios na atividade agrícola», que teve encontro de um interesse público consi- o correto enquadramento em sede de
como moderador António Nabo, conta- derado relevante.» IVA porque essa informação influencia
bilista certificado. No que toca à tributação em sede de o resto, como a própria atribuição dos
Cláudia Afeto Dias, diretora de serviços IVA, garantiu Cláudia Afeto Dias, «em subsídios ou subvenções.»
do IVA da AT, abordou o «Enquadramen- princípio, os subsídios/subvenções con-
to de subsídios e subvenções em sede de sideram-se fora do campo do imposto, Relato integrado
IVA». Na sua alocução, centrou-se nas e, como tal, não sujeitos a IVA, dado como inevitabilidade
atividades exercidas, no respetivo en- corresponderem, por regra, à atribui- Pedro Pinheiro, presidente do Instituto
quadramento em IVA, abordando depois ção gratuita de fundos.» Há, contudo, Superior de Contabilidade e Adminis-
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Queridos membros,
mudamos de casa!
Textos Nuno Dias da Silva | Jorge Magalhães | Fotos Jorge Gonçalves
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Auditório projetado
O autarca bracarense foi o último a
usar da palavra. Ricardo Rio declarou
que a abertura da representação cor-
responde «a um reforço do compro-
misso da Ordem com os membros da
região.» Rio não regateou elogios ao
«espaço notável» da Quinta do Pinhei-
ro, que «já merecia esta valorização.»
O presidente da edilidade minhota
acredita que o projeto em carteira ain-
da valorizará mais este espaço com
uma área de 10 hectares. «O proje-
to em carteira», acrescente-se, diz
respeito a um auditório envidraçado,
com capacidade máxima para 600/700
pessoas, e um estacionamento subter-
râneo, capaz de acolher todos os que
pretendam assistir aos eventos que ali
se realizem.
Crença no projeto
O pavilhão central da Quinta do Pi-
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Transmissão integral
Galeria fotográfica
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TESTEMUNHOS
vência natural que propicia, ainda pode resultar melhor no esforço de maior
interação entre colegas. E isso pode estreitar os laços entre nós, criando, quem
sabe, novas amizades através de eventos lúdicos ou jantares à margem da con-
tabilidade para promover o aprofundar de relações entre profissionais. Pode
ser atrativo até para outras profissões, como economistas e administradores
de insolvência, por exemplo.»
Reportagem 1
Reportagem 2
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Preparação e sensibilização
dos operadores de informação
denúncias.» Paula Franco salientou, ain- Pinheiro enfatizou as diferenças entre a Entrando no âmbito da figura do denun-
da, o «papel de dever ético e de rigor» versão da diretiva europeia e a versão ciante, Alexandre Sousa Pinheiro de-
que cabe aos contabilistas certificados aprovada no Parlamento português, em clarou que o canal de denúncia interno
em prol do «interesse geral e de uma vigor desde 18 de junho. Esta legislação deve garantir a «confidencialidade e o
sociedade melhor.» visa a proteção do interesse público, anonimato». Já quanto aos respon-
mas nem tudo é meio para a sua prosse- sáveis pelo canal, defendeu que deve
«Incoerências» cução, como é o caso do sigilo profissio- prevalecer a «isenção e o princípio da
na legislação nacional nal de certas profissões. Por exemplo, independência», evitando-se, a todo o
Alexandre Sousa Pinheiro é um dos a diretiva de Bruxelas não menciona o custo, os «conflitos de interesses.» Por
maiores especialistas em matérias rela-
cionadas com a proteção de dados, sen-
do mesmo o encarregado neste domínio
no Ministério das Finanças. O professor
«Os dados pessoais que manifestamente
universitário recordou que no princípio
não forem relevantes para o tratamento
do presente século surgiu legislação
da denúncia e não são conservados, de-
para o combate à fraude e corrupção,
vem ser imediatamente apagados.»
especialmente com origem nos Estados
Alexandre Sousa Pinheiro
Unidos, sendo a Lei Sarbanes-Oxley,
datada de 2002, a mais emblemática.
Sousa Pinheiro preencheu uma boa par-
te da sua extensa intervenção com o
âmbito de aplicação da nova legislação,
tendo realçado que à margem desta lei
ficam os casos de assédio, seja de natu-
reza moral ou sexual. O orador desta-
cou a importância dos casos envolvendo
a contratação pública, «uma área onde,
ciclicamente, existem problemas de
fraude e corrupção.» Alexandre Sousa
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-se abusiva qualquer sanção disciplinar suspeitas, mas o certo é que o legislador apresentada pelo governo», o que refor-
aplicada ao denunciante nesse período nacional não os dispensou, no quadro do ça o efeito dissuasor pretendido pelo le-
de dois anos. Filipa Magalhães salientou interesse público das funções que desem- gislador. A saber, entre mil e 25 mil euros
que o autor da denúncia, no seguimento penham, do dever de comunicar «obriga- para pessoas singulares e entre 10 a 250
da mesma, «não tem que carrear provas ções suspeitas, desconformes ou de ori- mil euros para pessoas coletivas. «Daqui
para o processo», mas se existe prote- gem duvidosa», esclareceu a formadora. se constata que a mensagem que se pre-
ção para o denunciante, o mesmo acon- Nesse sentido, a Ordem já alertou o tendeu passar é que “isto é para levar a
tece com a pessoa visada pela queixa, presidente do comité executivo da Co- sério!”, sendo o interesse público perspe-
numa espécie de in dubio pro reo. missão de Coordenação de Políticas de tivado como um bem maior, prevalecen-
Prevenção e Combate ao Branqueamen- do uma nova cultura organizacional»,
Contabilistas to de Capitais e ao Financiamento do esclareceu Teresa Almeida.
querem tratamento igualitário Terrorismo que a transposição da dire- Ainda de acordo com a oradora, «nenhu-
Teresa Almeida começou por identificar tiva «carece de revisão». Para Teresa ma organização está imune ao risco e a
«questões» que precisam de ser «es- Almeida, os contabilistas certificados conduta de uma organização de excelên-
clarecidas» na transposição da diretiva devem juntar-se aos advogados e aos cia exige esforço de adaptação compor-
europeia para o Direito nacional. A as- solicitadores que foram «dispensados de tamental e procedimental.» Enquanto
sessora da bastonária da Ordem, entida- concretizar comunicações obrigatórias os esclarecimentos e as clarificações não
de que por ser uma associação pública de operações suspeitas». Teresa Almeida chegam, a lei já se encontra em vigor e
já tem em funcionamento um canal de concorda com a promoção de uma cultu- o anglicismo whistleblowing promete dar
denúncia interno e externo, para além ra de denúncia e transparência, mas ao muito que falar e… denunciar.
de prestar aconselhamento gratuito aos mesmo tempo defende que se impõem
seus membros, apontou que a presente «clarificações».
lei «não considera o segredo profissio- No que às coimas diz respeito, por in- Transmissão integral da conferência
nal dos contabilistas certificados, nem frações na gestão e tramitação das de-
a lei de combate ao branqueamento de núncias e à proteção do denunciante, a Apresentações disponíveis na
capitais e ao financiamento do terro- oradora salientou que as penalizações Pasta CC
rismo.» A diretiva 2015/849 isentou os «foram elevadas no Parlamento portu-
profissionais de comunicarem operações guês relativamente à proposta inicial Galeria fotográfica
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consultor na área das autarquias lo- de decisão, a qualidade da prestação dada pela digitalização. Para rematar,
cais, apontou ainda que neste domínio de contas, as boas práticas na gestão Robalo aconselhou «as entidades for-
da administração pública falta «dar o de processos e eliminar redundâncias. madoras a investirem em formação de
passo para a contabilidade de gestão», contabilidade em contextos de tecno-
no sentido de «tomar decisões oportu- Contabilistas certificados: logias digitais.»
nas e dotar a informação produzida de scorekeepers ou business Apesar de entrar na conferência por
maior qualidade.» partners? via remota, o tema chamado à colação
«A reforma das finanças e a contabili- José António Moreira preside ao colé- por Luís Monteiro foi, porventura, dos
dade pública: a transição digital» foi a gio da especialidade da Contabilidade mais atuais de todos quantos passa-
proposta que Ambrósio Teixeira trouxe de Gestão e coube-lhe a moderação ram pelo auditório da Ordem: o au-
da Madeira, onde coordena a unida- do terceiro painel. O professor da Fa- mento do preço das matérias-primas,
de de implementação da reforma das culdade de Economia da Universidade na construção civil, fruto da pandemia
finanças públicas na secretaria regio- do Porto desafiou «os contabilistas a e da guerra na Ucrânia. Diretor-geral
nal das Finanças. O orador sustentou educarem o pessoal das empresas e os de contabilidade num grupo da espe-
que a transição digital só se concretiza gestores para a importância da conta- cialidade, Luís Monteiro debruçou-se
assente em quatro pilares: processos, bilidade de gestão», até porque, justi- sobre o disparar de preços sem pre-
resultados, tecnologia e pessoas. ficou, «de pouco vale aos profissionais cedentes, nomeadamente na aquisição
Para Ambrósio Teixeira a reforma do estarem a produzir informação se ela do alumínio, vidro e transportes, bem
processo orçamental e financeiro «só não for útil à tomada de decisão.» como o seu impacto nas demonstra-
se faz com as pessoas» e «orientada Rui Robalo avançou com uma pergunta ções financeiras. Sendo fundamental
para os resultados», com a capacidade de partida para discussão: na era digi- o papel do contabilista/controlller de
para mudar o paradigma de gestão e tal o papel dos contabilistas certifica- gestão na produção de informação, o
os processos administrativos. É neste dos é mais de scorekeepers ou business orador destacou ainda a importância
particular que se deve procurar envol- partners? O professor coordenador do de isolar os efeitos dos acontecimentos
ver os contabilistas no apoio às entida- Instituto Politécnico de Santarém con- presentes e perspetivar o futuro nes-
des, bem como todos os colaboradores cluiu que há uma «coabitação» de am- ta «nova normalidade.» Ou seja, urge
da administração pública. Ambrósio bos: o profissional não abandona o seu adotar uma contabilidade e uma infor-
Teixeira concluiu referindo que «só um papel tradicional de «monitor financei- mação de gestão «tecnicamente mais
sistema de informação contabilístico e ro», mas envolve-se mais como parcei- adequada e focada na organização que
fiável» permitirá melhorar o processo ro estratégico, muito devido à boleia estamos a representar.»
Jorge Barbosa, vice-presidente da OCC, moderou painel do Colégio da Especialidade de Impostos sobre o Rendimento
tendo como oradores Joaquim Alexandre, Pinheiro Pinto e António Dias
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Colégio da Especialidade de Contabilidade de Gestão: José Impostos sobre o Património: Vasco Valdez moderou; Carlos
António Moreira, Rui Robalo e Luis Monteiro (à distância) Lobo, José Mendes e Vítor Campos (à distância) intervieram
Quem para a obsessão da AT nhecido contabilista da “velha guarda”, também o pecador», preconizou Antó-
contra os contribuintes? no âmbito da sua apresentação sobre nio Dias, que defendeu que, «o Estado,
O colégio da especialidade de Impostos «IRC – depreciação e regime fiscal das como pessoa de bem, deve rever as tri-
sobre o Rendimento foi o último antes mais-valias e das menos-valias de via- butações autónomas», alterando o seu
da pausa para almoço. Jorge Barbosa, turas ligeiras de passageiros.» Talvez «caráter punitivo.» «Punir todos, de
vice-presidente da OCC, referiu ser este por ter passado pelos serviços da AT forma cega, é um contrassenso, sobre-
«um imposto que está nas nossas mãos é um crítico impiedoso da postura do tudo quando aplicada a despesas que
(dos contabilistas) todos os dias.» Cer- fisco, acusando-o de «má-fé e falta de são fiscalmente dedutíveis, necessárias
tamente antecipando o que se seguiria, transparência», tendo partilhado com à atividade empresarial e à procura de
o moderador lançou perguntas oportu- a plateia casos concretos. «Quem é obtenção de rendimentos», disse.
nas, nomeadamente sobre a justiça das que para esta obsessão da AT contra
taxas aplicadas e a justiça tributária, os contribuintes? Quem não nos trata O fim das fábricas
num plano mais global. Os intervenien- bem, também não merece ser bem tra- de pouco valor acrescentado
tes responderiam a essas e a outras tado», sentenciou. O colégio de especialidade de Conta-
questões com a clarividência que se ob- As tributações autónomas foram as ver- bilidade Financeira inaugurou a sessão
servará. dadeiras protagonistas da intervenção vespertina. Na moderação, Carla Car-
«Regime de transparência fiscal – que seguinte. António Dias, o primeiro espe- valho referiu que, no âmbito do impacto
futuro?» foi a proposta de José Alberto cialista deste colégio, já lá vão 12 anos, da transição digital nesta área, os «con-
Pinheiro Pinto. O conhecido professor partilhou reflexões sobre a tributação tabilistas certificados não estão sensi-
e contabilista certificado lembrou que, autónoma em tempos de crise, desde bilizados para a necessidade de alterar
em 1989, com as taxas de tributação as origens à atualidade. O professor da procedimentos mais rotineiros, dedican-
aplicáveis, «o regime de transparência Universidade de Trás-os-Montes e Alto do-se a acrescentar valor ao seu clien-
fiscal era favorável aos contribuintes.» Douro (UTAD) referiu-se a este impos- te.» A professora da Universidade de
Contudo, atualmente, o panorama mu- to como sendo «no mínimo, híbrido.» Aveiro mostrou-se partidária que a
dou. «Com as atuais taxas de tributa- Recaindo, na sua esmagadora maioria importância do relato não financeiro
ção já não é claro que assim seja. Nem sobre viaturas, este imposto deverá ter seja reforçada junto dos profissionais
vantajoso ou desvantajoso para os su- um aumento «previsível e significativo», até porque, referiu, «este é apenas um
jeitos passivos e para o próprio Esta- fruto do disparar da inflação e dos pre- dos filões de oportunidades que temos
do», resumiu. Tudo acaba por depender ços ao nível dos combustíveis, fatores à nossa disposição.»
das taxas de tributação em vigor para o produtivos e taxas de juro. «As empre- «A transformação digital e a robotiza-
IRC e o IRS. sas em dificuldades vão pagar mais tri- ção na contabilidade financeira» foi o
Apesar de já reformado, Joaquim Ale- butações autónomas e o que acontece tema que trouxeram Rui Almeida e Jor-
xandre é a voz autorizada de um reco- é que acaba por pagar o justo e paga ge Carvalheiro. O professor do ISCAL
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NOTÍCIAS
Contabilidade Financeira: Carla Carvalho moderou; Ana Isabel Neves Raimundo (à distância), Clotilde Palma, Jorge Louro e José
Lopes, Rui Almeida, Paulo Ribeiro e Jorge Carvalheiro (à distância) Roriz: Colégio da Especialidade dos Impostos sobre o Consumo
lembrou que a Covid-19 acelerou ten- projeto.» desfraldar uma bandeira sua que não
dências e a preponderância da interven- Paulo Ribeiro apresentou o caso prático é de agora: a urgente reforma da tri-
ção das máquinas, tendo sentenciado da empresa OLI. Sediada em Aveiro, di- butação do imobiliário. O também an-
«o fim anunciado das fábricas de fazer vulga, de forma voluntária, desde 2015, tigo secretário de Estado dos Assuntos
tarefas de pouco valor acrescentado.» informação não financeira e o relato Fiscais admite que «os impostos sobre
A intervir à distância, Jorge Carvalhei- integrado e de sustentabilidade. «As o património são o “patinho feito” do
ro, docente no ISCAL e na Universidade áreas da sustentabilidade e da inovação sistema fiscal, mas é preciso e possível
Católica, identificou soluções de auto- sempre fizeram parte do nosso ADN discutir e evoluir para termos um país
matização disponíveis «não tão dis- industrial», declarou o contabilista e mais moderno e eficiente.» Para come-
pendiosas» como no passado e deu o diretor financeiro desta empresa com çar, reformando o que está «obsoleto e
exemplo de empresas que monitorizam, 68 anos de história e que se dedica ao ultrapassado no nosso sistema fiscal»,
com a ajuda de robôs, os seus clientes fabrico e comercialização de artigos sa- como é o caso, afirma, do imobiliário ur-
que entrem em insolvência. Se for este nitários. bano e rústico. Conhecedor da dinâmica
o caso, a máquina envia, de imediato, tributária, Lobo finalizou apontando ao
uma notificação. Reformar Estado a criação, no domínio tributário,
A tendência acentua-se: as entidades a tributação do património de sucessivas «ineficiências, entropias e
reguladoras e os stakeholders preten- É o colégio da especialidade que con- custos excessivos.»
dem saber, cada vez mais, informa- tabiliza apenas um especialista, pre- Como único especialista deste colégio,
ção não financeira sobre as empresas. cisamente José Mendes, um dos in- José Mendes lançou um apelo para no-
Pressão social para conhecer mais so- tervenientes. Está bom de ver que os vas candidaturas, referindo que uma
bre o histórico de negócios, os efeitos Impostos sobre o Património não são especialização neste domínio possibi-
no meio ambiente, o bem-estar social, propriamente dos mais populares e litaria aos contabilistas «um melhor
a governance, a ética, a corrupção e a atrativos para os contabilistas, mas a aconselhamento aos seus clientes e
gestão do risco são os múltiplos pilares verdade é que os temas para discussão também a particulares.» Presente de
que apontam nesta direção, segundo estão longe de ser escassos. Bem pelo forma telemática, Vítor Campos mos-
Ana Isabel Lopes. contrário. Vasco Valdez Matias, anti- trou-se cauteloso perante grandes
A professora do ISCTE Business School go secretário de Estado dos Assuntos reformas, sustentando que «devemos
acrescentou que ainda está por definir Fiscais, moderou o debate, tendo nas pensar, antes de avançar para qualquer
se o contabilista será o preparador da palavras introdutórias identificado «os alteração.» Sobre o estado da arte do
informação não financeira ou se apenas receios dos sucessivos governos em património, Campos advogou que «te-
contribuirá para ela. Contudo, o profis- avançar com uma reforma da proprie- mos cadastro a mais para a proprieda-
sional possui «conhecimento e capaci- dade rústica.» de em Portugal e depois temos insufi-
dade para participar, em pleno, neste Por seu turno, Carlos Lobo voltou a ciência de informação relativamente ao
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património rústico.» zadas através do comércio eletrónico. O e cujo trabalho – em especial durante
orador debruçou-se ainda sobre o MOSS a pandemia – desencadeou o reconhe-
Portugal, um «paraíso fiscal» (Mini One Stop Shop), uma iniciativa da cimento público de várias entidades. A
das criptomoedas Comissão Europeia que entrou em vigor consagração das “férias contributivas”
O penúltimo colégio a entrar em cena foi em janeiro de 2015, tendo como objeti- no Orçamento do Estado para 2022,
o dos Impostos sobre o Consumo, tendo vo a simplicidade, o mínimo de encargos pela primeira vez em pleno neste verão,
sido moderado por José Neves Raimun- no cumprimento das obrigações e a re- representou mais um sinal.
do, histórico contabilista certificado do colha adequada de impostos. «O estatuto dos profissionais da área
Alto Alentejo. «O IVA e as criptomoe- José Soares Roriz abordou «Os novos da Cultura» foi a abordagem a cargo
das» foi o tema escolhido por Clotilde regimes do balcão único», tendo co- de Suzana Fernandes da Costa. O setor,
Celorico Palma que abordou, nos 15 meçado por referir-se à legislação co- que emprega 131 mil pessoas, passou a
minutos que lhe estavam destinados, munitária aplicável sobre o pacote IVA beneficiar, desde 2022, de um estatu-
o «novo mundo» das divisas virtuais. do comércio eletrónico. O ex-diretor de to próprio, criando um regime especial
«Portugal é um “paraíso fiscal” das Finanças de Braga incidiu a sua análise para os trabalhadores por conta de ou-
criptomoedas por não haver tributação sobre a diretiva (UE) 2017/2455, em trem, para os trabalhadores indepen-
de mais-valias em sede de IRS. Por seu particular sobre os três regimes espe- dentes e para as entidades beneficiárias
turno, a Espanha e os Estados Unidos ciais: o Regime da União, o Regime Extra na área da Cultura com regras próprias
tratam a moeda virtual como proprie- União e o Regime de Importação – cuja em matérias de Segurança Social, Direi-
dade», declarou a presidente do colégio. inscrição está disponível no Portal das to do Trabalho e de Direito Fiscal. Para
O entendimento da AT sobre as cripto- Finanças. o próximo dia 1 de outubro estão pre-
moedas remonta a 2016 e mantém-se vistas entrarem em vigor as novas taxas
inalterado, facto que tem atraído bas- Um investimento e obrigações contributivas.
tantes investidores, o que se intensificou que vale a pena Na presença do trio que integrou a co-
com a guerra na Ucrânia. Perante este The last, but not the least, o colégio da missão organizadora da conferência
contexto, Clotilde Palma acredita ser especialidade da Segurança Social en- – composto por Clotilde Celorico Pal-
provável que a AT «altere o enquadra- cerrou o desfile de intervenções. Amân- ma, Helena Saraiva e António Dias – a
mento legal.» dio Silva, assessor da bastonária e mo- bastonária procedeu ao encerramento
Jorge Louro veio falar sobre «O IVA no derador do painel, lembrou que este da sessão, não ocultando o seu regozijo
comércio eletrónico online», estimando- colégio foi introduzido na última altera- pelo desenrolar dos trabalhos. «Foi um
-se que, fruto de um «crescimento impa- ção aos estatutos da Ordem, sendo uma dia memorável, de elevação, reflexão e
rável deste fenómeno», até 2040 cerca «matéria que está cada vez mais pre- de conhecimento para os contabilistas
de 95 por cento das vendas sejam reali- sente nas atribuições dos contabilistas» certificados. Todos devemos investir
nos colégios das especialidades porque
se tratam, na verdade, de uma mais-
-valia», sintetizou Paula Franco. Após
mais de dois anos suspenso por causa
da pandemia, o estudo, a análise e a
investigação das matérias da Contabi-
lidade e da Fiscalidade retornaram em
força. Fica apenas por aferir a resposta
e a mobilização dos profissionais aos
reiterados apelos lançados nesta con-
ferência.
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NOTÍCIAS
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NOTÍCIAS
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NOTÍCIAS
«Litigância entre a AT
e os contribuintes é muito elevada»
Conferência do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, em Braga
Paula Franco participou, a 22 de ju- sob o tema «Trabalhadores da Auto- -la para que a Autoridade Tributária
nho, em Braga, numa conferência su- ridade Tributária e Aduaneira - Que (AT) se dedique ao que é «verdadei-
bordinada ao tema «Que futuro no futuro?» Na ocasião, a bastonária ramente importante». Por outro lado,
combate à fraude e evasão fiscal e defendeu que a litigância com os con- mostrou-se ainda preocupada com o
aduaneira», promovida pelo Sindicato tribuintes continua «muito elevada» elevado número de funcionários da
dos Trabalhadores dos Impostos (STI), e «muitas vezes sem justificação», AT que nos próximos anos atingirão a
no âmbito de um ciclo de encontros considerando ser necessário diminuí- idade da reforma.
O vice-presidente da Ordem participou vai perder tempo com os registos, vai sim
a 21 de julho na 2.ª edição do webinar ocupar-se da análise desses registos, para
«Contabilista de sucesso - Histórias de as empresas tomarem decisões atempa-
Vida, Visões de Futuro», organizado pela das. Vai, por isso, ser um parceiro cada
Bidzocs e a IT Insight. Jorge Barbosa fez vez mais próximo da gestão da empresa»,
uma evolução histórica nas últimas déca- declarou o vice-presidente da OCC. Na
das da profissão de contabilista certifi- primeira edição deste ciclo de conferên-
cado. A transformação digital, responsá- cias digitais, que tem como objetivo com-
vel pela automatização dos processos e preender tendências do presente e futuro
pela maior dedicação do profissional ao nas empresas, num quadro de mudança
apoio à gestão das empresas, foi outro económica e tecnológica, sem esquecer
dos tópicos abordados pelo responsável os desafios da digitalização, participou a
da Ordem. «O contabilista do futuro não bastonária da Ordem, Paula Franco.
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NOTÍCIAS
Decorreu, a 15 de julho, na Biblioteca Ordem poder apresentar uma obra de astrofísica» e uma terceira parte voltada
da Ordem dos Contabilistas Certifica- um CC» e destacou a família como mo- para a infância e adolescência. Contudo,
dos, em Lisboa, a apresentação do livro tivo inspirador. «Escrever é um ato que referiu José Custódio, «o mais importan-
«Saúdo-vos – crónicas da vida do au- nos permite deixar a nossa marca para te é a família. É o elo que liga todas estas
tor». Saída da pena e das vivências de a posteridade», referiu ainda Paula Fran- histórias.» Jorge Molder, por seu lado,
José Custódio, contabilista certificado, co antes de se ouvir, do autor, uma bre- autor da fotografia de capa, referiu que
esta obra revela, nas palavras de Paula ve resenha da obra, composta por três «é de louvar e realçar que uma pessoa
Franco «uma coragem assinalável para partes: um primeiro período entre 2015 que está a viver um período negativo na
partilhar momentos difíceis da sua vida e 2018; segunda parte mais dedicada às sua vida, consiga transformar esse sofri-
com todos os leitores.» A bastonária sub- ciências sociais, dando especial atenção mento numa atividade criativa.» A obra
linhou o facto de ser um «orgulho para a à astronomia e «com laivos também de tem a chancela da editora Europa.
Apresentado Plano
de Transição Digital da Segurança Social
No Museu da Eletricidade, em Lisboa
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NOTÍCIAS
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ORDEM NOS MEDIA
Normativo contabilístico
Pareceres técnicos mais vistos em junho Artigo de Sónia Lucas, consultora
da Ordem
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COLABORAÇÃO ISCAC
Por António Luís Bentes de Oliveira* e Tiago Mariz** | Artigo recebido em maio de 2022
48 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCAC
prática de uma contraordenação nização garantirá o conhecimento 10.º/1/2.ª parte/b), e do artigo 140.º, da Lei
grave. do seu teor a trabalhadores e chefias n.º 110/2009, de 16 de setembro) até porque
Apesar de a lei não ter densificado o e permitirá prosseguir o efeito pre- lhe são aplicáveis os direitos de personali-
conteúdo destes códigos, parece in- ventivo (geral e especial) a alcançar dade, igualdade e não discriminação. Por
suficiente que se limitem a reprodu- a sua finalidade 8 . fim, é a doutrina unanimemente crítica
zir a letra da lei, pois de outra forma do critério de obrigatoriedade do código
tal tornaria quase desnecessária a *Inspetor da ACT (Autoridade para as Condi- de conduta caso existam sete trabalhado-
obrigação legal em análise 6 . ções do Trabalho); res (ou mais), já que o legislador ignorou a
Antes de mais, este código deverá **Professor especialista do ISCAC – Coimbra tipologia dos empregadores constante do
conter uma declaração de compro- Business School artigo 100.º do CT.
misso dos representantes legais na 6
Poderá ser relevante para qualificar a
promoção de uma política “oficial” Notas intenção do empregador e refletir-se na
preventiva e repressiva do assédio 1
A http://cieg.iscsp.ulisboa.pt/inves- moldura contraordenacional. Outra opção
moral. Deverá ainda definir assédio, t i g a c a o/proj eto s/proj eto s- c on clu i do s/ poderia ter sido consagrar a mera afixa-
tipos (moral, sexual; vertical - entre item/120-assedio-moral-e-sexual-no-lo- ção completa em lugar bem visível, no(s)
superiores hierárquicos e subordi- cal-de-trabalho. local(ais) de trabalho, dos preceitos legais/
nados, horizontal – entre colegas), 2
Direito do Trabalho, 19.ª Edição, atualiza- informação relativos ao assédio, confor-
consequências do mesmo, desti- da e aumentada Almedina, Coimbra, 2019, me sucede com os direitos e obrigações
natários da denúncia, forma de co- p 301 e ss. de igualdade e não discriminação (art.º
municação e responsável pelo pro- 3
Contrato de Trabalho, noções básicas, 3.ª 24.º/4, do CT), parentalidade (art.º 127.º/4,
cedimento no seio da organização; Edição, 2019, Almedina, Coimbra, 2019, do CT), ou informação sobre os direitos e
garantia de sigilo quanto a testemu- p.218-220. obrigações dos sinistrados e responsáveis
nhas e denunciante (whistleblower), 4
Apesar da Lei será de aplicar-se e a qual- (art.º 177.º/1, da Lei 98/2009, de 4 de se-
medidas cautelares para salvaguar- quer entidade patronal pessoa coletiva ou tembro). Palma Ramalho alvitra que o as-
da destes e consequências de denún- (empresário em nome) individual. sédio constasse expressamente no dever de
cias infundadas. Ademais, afigura- 5
Parece curial que o critério ocupacional proporcionar boas condições de trabalho e
-se pedagógico que estes códigos abrangesse: trabalhadores cedidos ocasio- fosse incluído nas causas de despedimen-
contenham exemplificativamente nalmente (artigo 289.º e seguintes do CT), to, Tratado de Direito, Parte II, Situações
condutas suscetíveis de ser conside- prestadores de (serviço)/independentes Laborais Individuais, 7.ª Edição. Revista
radas assédio, como as mencionadas sem subordinação jurídica mas depen- e atualizada, 2019, Almedina, Coimbra,
pela CITE 7, na sua página web. dentes economicamente (artigo 10.º, do p.200.
Pese embora a lei não o exija, é pa- CT, quando exerçam a sua atividade em 7
Vide https://assedio.cite.gov.pt/ onde
tente que só a publicitação do Código mais de 80 por cento para um mesmo be- consta também um guia para a elabo-
de Boa Conduta no âmbito da orga- neficiário/contratante, conforme o artigo ração do código de conduta https://
c i te .g ov.p t/d o c u m e n t s/14 3 3 3/19 3 2 3 8/
Guia+para+a+elabora%C3%A7%C3%A3o+
do+c%C3%B3digo+de+boa+conduta+para+
a+preven%C3%A7%C3%A3o+e+combate+a
o+ass%C3%A9dio+no+trabalho/395a274d-
7df7-4cd8-a6a8-b917f90b19d4.
8
Pedro Barrambana Santos “Do assédio
laboral. Pelo reenquadramento do assé-
dio laboral no ordenamento jurídico por-
tuguês”, 2.ª Edição, Almedina, Coimbra,
2019, preferia a solução de este “código”
ser um regulamento interno (artigo 99.º,
do CT), que careceria necessariamente da
publicitação do seu conteúdo, e seria dota-
do de eficácia contratual.
JUNHO 2022 49
COLABORAÇÃO ISCAP
A prestação de contas
A prestação de contas é o meio pelo qual uma entidade apresenta aos seus detentores
de capital e terceiros a atividade desenvolvida e os resultados obtidos durante
o período de relato. É um momento nobre na vida de uma empresa
ou instituição que terá de obedecer a diversos requisitos.
50 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCAP
Elementos da prestação de contas passivo nos três primeiros meses como uma descrição dos principais
A prestação de contas é o meio pelo do ano imediato (n.º 1, artigo 65.º, riscos e incertezas com que a mesma
qual uma entidade apresenta aos seus CSC). se defronta, devendo incluir, quando
detentores de capital e terceiros a ati- Assim, os membros da administra- adequado, uma referência aos mon-
vidade desenvolvida e os resultados ção devem elaborar e submeter aos tantes inscritos nas contas do exercí-
obtidos durante o período de relato, órgãos competentes da sociedade cio e explicações adicionais relativas
bem como a posição financeira no o relatório de gestão, as contas do a esses montantes.
final desse período, apresentando exercício e demais documentos de Deve abranger tanto os aspetos fi-
ainda os valores obtidos no período prestação de contas previstos na lei. nanceiros como, quando adequado,
anterior. Os elementos de prestação de contas referências de desempenho não fi-
A obrigação de apresentar contas de- são constituídos por: nanceiras relevantes para as ativi-
corre do cumprimento de diversa re- • Relatório de gestão; dades específicas da sociedade, in-
gulamentação, nomeadamente: • Anexo ao relatório de gestão (apli- cluindo informações sobre questões
– Código Comercial; cável a sociedades anónimas); ambientais e questões relativas aos
– Código das Sociedades Comer- • Balanço; trabalhadores.
ciais; • Demonstração dos resultados por O relatório de gestão deve indicar em
– Sistema de Normalização Conta- naturezas; especial:
bilística (SNC); • Demonstração dos resultados por – Condições do mercado, investi-
– Normalização Contabilística para funções – facultativa; mentos, custos, proveitos e ativi-
Microentidades (NCM); • Demonstração de fluxos de caixa; dades de investigação e desenvol-
– Legislação avulsa. • Demonstração das alterações no vimento;
Realce-se que a Informação Empre- capital próprio; – Os factos relevantes ocorridos
sarial Simplificada (IES) não substi- • Anexo. após o termo do exercício;
tui a elaboração do relatório de ges- – A evolução previsível da socieda-
tão e das demonstrações financeiras O relatório de gestão de;
das entidades. A IES decorre do re- De acordo com o artigo 66.º do Có- – As aquisições de ações próprias;
latório de gestão e contas aprovadas. digo das Sociedades Comerciais, o – Dívidas à Segurança Social e Es-
De acordo com o artigo 62.º do Códi- relatório da gestão deve conter, pelo tado;
go Comercial: menos, uma exposição fiel e clara da – As autorizações concedidas a ne-
• Todo o comerciante é obrigado evolução dos negócios, do desempe- gócios entre a sociedade e os seus
a dar balanço anual ao seu ativo e nho e da posição da sociedade, bem administradores;
JUNHO 2022 51
COLABORAÇÃO ISCAP
52 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCAP
sócios. É desnecessária quando todos nistradores/gerentes, os membros do De acordo com o artigo 33.º do CSC
os sócios sejam gerentes e todos eles conselho fiscal ou do conselho geral não podem ser distribuídos aos só-
assinem as contas, salvo quanto a e de supervisão, e os revisores ofi- cios os lucros do exercício que sejam
sociedades sujeitas a revisão legal de ciais de contas que tenham exami- necessários para cobrir prejuízos
contas. nado as contas. transitados ou para formar ou re-
Nas sociedades anónimas (artigo De acordo com o artigo 63.º do CSC, a constituir reservas impostas pela lei
377.º do CSC), as assembleias ge- ata deve conter, pelo menos: ou pelo contrato de sociedade, ou en-
rais são convocadas pelo presiden- - A identificação da sociedade, o lu- quanto as despesas de constituição,
te da mesa ou, nos casos especiais gar, o dia e a hora da reunião; de investigação e de desenvolvimen-
previstos na lei, pela comissão de - O nome do presidente e, se os hou- to não estiverem completamente
auditoria, pelo conselho geral e de ver, dos secretários; amortizadas, exceto se o montante
supervisão, pelo conselho fiscal ou - Os nomes dos sócios presentes ou das reservas livres e dos resultados
pelo tribunal. Quando sejam nomi- representados e o valor nominal transitados for, pelo menos, igual ao
nativas todas as ações e o contrato das partes sociais, quotas ou ações dessas despesas não amortizadas.
social permita, pode substituir-se de cada um, salvo nos casos em que Igualmente de acordo com o artigo
a publicação: por cartas registadas; a lei mande organizar lista de pre- 32.º do CSC não podem ser distribuí-
ou por correio eletrónico com recibo senças, que deve ser anexada à ata; dos aos sócios:
de leitura, em relação aos acionistas - A ordem do dia constante da con- • Bens de sociedade quando a situa-
que comuniquem o seu consenti- vocatória, salvo quando esta seja ção líquida desta, tal como resulta
mento. anexada à ata; das contas elaboradas e aprovadas
De acordo com o n.º 1, artigo 54.º do - Referência aos documentos e rela- nos termos legais, for inferior à
CSC, podem os sócios, em qualquer tórios submetidos à assembleia; soma do capital e das reservas que a
tipo de sociedade, tomar delibera- - O teor das deliberações tomadas; lei ou o contrato não permitem dis-
ções unânimes por escrito e bem - Os resultados das votações; tribuir aos sócios ou se tornasse in-
assim reunir-se em assembleia ge- - O sentido das declarações dos só- ferior a esta soma em consequência
ral, sem observância de formalida- cios, se estes o requererem. da distribuição.
des prévias, desde que todos estejam O registo comercial (depósito) das • Os incrementos decorrentes da
presentes e todos manifestem a von- contas consubstancia-se na entrega aplicação do justo valor através de
tade de que a assembleia se constitua da Informação Empresarial Simplifi- componentes do capital próprio,
e delibere sobre determinado assun- cada (IES) e respetivo pagamento do incluindo os da sua aplicação atra-
to. depósito, até ao 15.º dia do 7.º mês - 15 vés do resultado líquido do exercí-
O n.º 1, artigo 376.º do CSC especifica de julho. cio, apenas podem ser distribuídos
as deliberações da assembleia geral: O registo das contas fora do prazo aos sócios quando os elementos ou
- Deliberar sobre o relatório de ges- previsto implica o pagamento dos direitos que lhes deram origem se-
tão e as contas do exercício; valores em dobro. Por seu turno, a jam alienados, exercidos, extintos,
- Deliberar sobre a proposta de falta de registo obsta ao registo de liquidados ou, também quando se
aplicação de resultados; outros factos sobre a entidade, com verifique o seu uso, no caso de ati-
- Proceder à apreciação geral da ad- exceção: de registos de designação e vos fixos.
ministração e fiscalização da socie- cessação de funções, dos membros Refira-se que as seguintes reservas
dade e, se disso for caso e embora dos órgãos de administração e de fis- não podem ser distribuídas aos só-
esses assuntos não constem da or- calização; de atos emanados de au- cios (artigos 295.º e 296.º do CSC):
dem do dia, proceder à destituição, toridade administrativa; das ações, – Reserva legal
dentro da sua competência, ou ma- decisões, procedimentos e providên- – Prémios de emissão (ágios) de
nifestar a sua desconfiança quanto cias cautelares; a falta de registo du- ações ou quotas;
a administradores; rante dois anos consecutivos é moti- – Reservas de reavaliações mone-
- Proceder às eleições que sejam da vo para ser instaurado oficiosamente tárias;
sua competência. pelo conservador um procedimento – Importâncias correspondentes a
Na assembleia geral devem estar pre- administrativo de dissolução da em- doações.
sentes os sócios/acionistas, os admi- presa/entidade. *Docente do ISCAP
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COLABORAÇÃO ISCA-UA
54 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCA-UA
Quadro 1
JUNHO 2022 55
COLABORAÇÃO ISCA-UA
Figura 2: Regra geral na mensuração (inicial e subsequente) dos ativos biológicos havido uma alteração significativa
nas circunstâncias económicas
entre a data dessa transação e a do
balanço;
- Os preços de mercado de ativos
semelhantes com ajustamento para
refletir diferenças; e
- Referências do setor tais como o
valor de um pomar expresso por
contentores de exportação, hectare
Fonte: elaboração própria. ou outra unidade de medida do
setor e o valor do gado expresso em
Assim, de acordo com o parágrafo biológicos de uma entidade deve ser quilo de carne.
13, um ativo biológico deve ser mensurado pelo seu justo valor menos Em alguns casos, os preços ou
mensurado, no reconhecimento os custos de vender no momento da valores determinados pelo mercado
inicial e em cada data de balanço, colheita. Tal mensuração é o custo podem não estar disponíveis para
pelo seu justo valor menos os custos nessa data aquando da aplicação da um ativo biológico na sua condição
de alienação (que são os custos NCRF 18. atual. Nestas circunstâncias, na
incrementais diretamente atribuíveis Para a determinação do justo valor, a determinação do justo valor, uma
à alienação de um ativo, excluindo os NCRF 17 aponta várias soluções, tais entidade usará o valor presente dos
gastos de financiamento e os gastos como: fluxos de caixa líquidos de um ativo,
de impostos sobre o rendimento). - Se existir um mercado ativo para descontados a uma taxa pré-imposto
Na situação em que exista uma um ativo biológico ou produto determinada no mercado corrente
incapacidade de mensurar agrícola, o preço cotado nesse (parágrafo 20).
fiavelmente o justo valor (caso mercado é a base apropriada para O objetivo do cálculo do valor presente
descrito no parágrafo 30), o que determinar o justo valor desse ativo de fluxos de caixa líquidos esperados
poderá ocorrer quando não estão (as cotações oficiais de mercado é o de determinar o justo valor de
disponíveis por exemplo preços disponibilizadas pelo SIMA - um ativo biológico no seu local
cotados de mercado e cujas Sistema de Informação de Mercados e condição atuais. Uma entidade
mensurações alternativas do justo Agrícolas são um exemplo) . 1
considerará isto na determinação
valor estão determinadas como sendo - No caso de não existir um de uma taxa de desconto apropriada
claramente pouco fiáveis, então, mercado ativo: a ser usada e ao estimar os fluxos de
nesse caso, esse ativo biológico deve - O preço mais recente de transação caixa líquidos esperados.
ser mensurado pelo custo menos no mercado, desde que não tenha Em seguida abordaremos de uma
qualquer depreciação acumulada
e qualquer perda por imparidade Figura 3: Tipos de ativos biológicos
acumulada.
Note-se que o pressuposto de que
o justo valor pode ser mensurado
com fiabilidade para um ativo
biológico pode ser refutado apenas no
reconhecimento inicial de um ativo
biológico. Quando o justo valor desse
ativo biológico se tornar fiavelmente
mensurável, uma entidade deve
mensurá-lo pelo seu justo valor
menos os custos estimados do ponto
de venda.
O produto agrícola colhido dos ativos Fonte: elaboração própria
56 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCA-UA
forma mais detalhada os aspetos Figura 4: Reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos de produção
relacionados com o reconhecimento
e mensuração dos ativos biológicos
bem como do produto agrícola no
ponto de colheita. Note-se que
os ativos biológicos poderão ser
classificados como de produção ou
consumíveis.
JUNHO 2022 57
COLABORAÇÃO ISCA-UA
consumíveis o gado destinado à pro- Figura 5: Reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos consumíveis
dução de carne, gado detido para ven-
da, peixe em aquacultura, colheitas tal
como milho e trigo e árvores que este-
jam em desenvolvimento para obtenção
de madeiras.
Conforme estipulado no parágrafo 13,
no reconhecimento inicial de um ativo
biológico consumível, quer seja por nas-
cimento ou por aquisição, este deverá
ser reconhecido no ativo pelo respetivo
justo valor menos custos de alienação.
No final do período ou na data de balan-
ço, dever-se-á efetuar nova mensura-
ção, dos ativos biológicos consumíveis,
Fonte: elaboração própria
pelo seu justo valor (menos custos de
alienação) a essa data.
A aplicação do justo valor é a melhor Não é aplicável aos ativos biológicos Entende-se por colheita quer a separa-
medida de mensuração sempre que consumíveis a mensuração ao custo ção de um produto de um ativo bioló-
possa ser fiavelmente determinada con- prevista no parágrafo 30 da NCRF 17 gico (por exemplo a colheita de fruta)
forme refere o parágrafo 30 da NCRF 17, atendendo que esta possibilidade só é quer a cessação dos processos de vida
pelo que existe um pressuposto de que o aplicável aos ativos biológicos não cor- de um ativo biológico (vitelas abatidas
justo valor pode ser mensurado com fia- rentes. para produção de carne). São exemplos
bilidade para um ativo biológico. de produtos agrícolas o leite, as uvas,
De acordo com os parágrafos 26 a 29, um Produto agrícola cortiça, laranjas, entre outros.
ganho ou uma perda proveniente do re- (reconhecimento e mensuração) O produto agrícola colhido dos ativos
conhecimento inicial ou de alterações do A NCRF 17 é aplicada ao produto agrí- biológicos de uma entidade deve ser
justo valor (menos os custos de aliena- cola colhido dos ativos biológicos da mensurado pelo seu justo valor me-
ção) dos ativos biológicos consumíveis entidade no momento da colheita. nos os custos de vender, no momento
que resultem da variação de preços de Após este momento, é aplicada a NCRF da colheita. Tal mensuração é o custo
mercado à data de balanço, transforma- 18 – Inventários, ou uma outra norma nessa data aquando da aplicação da
ção biológica, venda ou abate, deverão contabilística e de relato financeiro NCRF 18 - Inventários, ou uma outra
ser reconhecidas no resultado líquido do aplicável, conforme referido no pará- norma contabilística e de relato finan-
exercício do período em que surjam. grfao 4 da NCRF 17. ceiro aplicável.
Âmbito: NCRF 18
Âmbito: NCRF 17 - Agricultura
- Inventários
58 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCA-UA
A contabilização das principais operações relacionadas com ativos biológicos no regime geral do SNC
Ativos biológicos de produção - Contabilização dos ativos biológicos de produção ao justo valor
372 – Ativos biológicos de produção 271x – Fornecedores de investimentos ou Pelo valor de aquisição do bem
1 - Meios financeiros líquidos
- Em situações normais, na data da compra o valor de aquisição corresponde ao justo valor. No entanto, caso
tal não se verifique, dever-se-á proceder ao ajustamento no reconhecimento inicial para o justo valor. Nesse
caso, no momento da compra, também deverá ser registado o ajustamento da seguinte forma:
372 – Ativos biológicos de produção 774 – Ganhos por aumentos de justo valor Pela variação do justo valor face ao custo
de aquisição (se positiva)
664 – Perdas por redução do justo valor 372 – Ativos biológicos de produção Pela variação do justo valor face ao custo
de aquisição (se negativa)
372 – Ativos biológicos de produção 774 – Ganhos por aumentos de justo valor Pelo justo valor no momento do nasci-
mento
372 – Ativos biológicos de produção 774 – Ganhos por aumentos de justo valor Pelo ajustamento em cada data de balan-
ço (aumento do justo valor)
664 – Perdas por redução do justo valor 372 – Ativos biológicos de produção Pelo ajustamento em cada data de balan-
ço (diminuição do justo valor)
7871 – Rendimentos e ganhos em investi- 372 – Ativos biológicos de produção Pelo ajustamento em cada data de balan-
mentos não financeiros por alienação de ço (aumento do justo valor)
ativos biológicos de produção, ou
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COLABORAÇÃO ISCA-UA
6873 – Gastos e perdas em investimentos 372 – Ativos biológicos de produção Pelo desreconhecimento do ativo biológico
não financeiros - Abates - Ativos biológicos de produção por abate
372 – Ativos biológicos de produção 271 – Fornecedores de investimentos e/ou Aquisição de ativos biológicos de produ-
745 – Trabalhos para a própria entidade - ção mais, se for relevante, o somatório de
ativos biológicos de produção todos os custos necessários à sua aquisi-
ção e colocação em condições e no local
pronto a ser usado (gastos já registados
em contas da classe 6)
372 – Ativos biológicos de produção 745 – Trabalhos para a própria entidade - Somatório de todos os custos necessários
ativos biológicos de produção ao seu nascimento e que já foram regista-
dos em contas da classe 6
644 – Gastos de depreciação e de amor- 3728 – Depreciações acumuladas – Ativos Pelo registo da depreciação do ativo bio-
tização – Ativos biológicos de produção biológicos mensurados ao custo lógico de produção mensurado ao custo
mensurados ao custo
659 – Perdas por imparidade – Ativos bio- 3729 – Imparidades acumuladas – Ativos Pelo registo da imparidade do ativo bioló-
lógicos de produção mensurados ao custo biológicos mensurados ao custo gico de produção mensurado ao custo
3728 – Depreciações acumuladas – Ativos 7871 – Rendimentos e ganhos em investi- Pelo desreconhecimento das depreciações
biológicos mensurados ao custo mentos não financeiros por alienação de registadas
ativos biológicos de produção, ou
6871 – Gastos e perdas em investimentos
não financeiros por alienação de ativos
biológicos
60 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCA-UA
3729 – Imparidades acumuladas – Ativos 7871 – Rendimentos e ganhos em investi- Pelo desreconhecimento de eventuais
biológicos mensurados ao custo mentos não financeiros por alienação de imparidades registadas
ativos biológicos de produção, ou
6871 – Gastos e perdas em investimentos
não financeiros por alienação de ativos
biológicos
7871 – Rendimentos e ganhos em investi- 372 – Ativos biológicos de produção Pelo desreconhecimento do ativo biológico
mentos não financeiros por alienação de de produção
ativos biológicos de produção, ou
6871 – Gastos e perdas em investimentos
não financeiros por alienação de ativos
biológicos
21 – Clientes/1 – Meios financeiros líquidos 7871 – Rendimentos e ganhos em investi- Pelo valor da venda
mentos não financeiros por alienação de
ativos biológicos de produção, ou
6871 – Gastos e perdas em investimentos
não financeiros por alienação de ativos
biológicos
3728 – Depreciações acumuladas – Ativos 6873 – Gastos e perdas em investimentos Pelo desreconhecimento das depreciações
biológicos mensurados ao custo não financeiros por alienação de ativos registadas
biológicos
3729 – Imparidades acumuladas – Ativos Pelo desreconhecimento de eventuais
biológicos mensurados ao custo imparidades registadas
6873 – Gastos e perdas em investimentos 372 – Ativos biológicos de produção Pelo desreconhecimento do ativo biológico
não financeiros por alienação de ativos de produção
biológicos
313 – Compra de ativos biológicos 22 – Fornecedores / 1 – Meios Financeiros Pelo valor de aquisição
Líquidos
613 – Custo das mercadorias vendidas 313 – Compra de ativos biológicos Pelo reconhecimento do custo das com-
e das matérias consumidas de ativos pras (lançamento a efetuar no momento
biológicos2 da compra, se estivermos a utilizar o
sistema de inventário permanente, ou no
final do período, se estivermos a utilizar o
sistema de inventário intermitente)
371 – Ativos biológicos Consumíveis 774 – Ganhos por aumentos do justo valor3 Pelo reconhecimento do ativo biológico
(lançamento a efetuar no momento da
compra, se estivermos a utilizar o sistema
de inventário permanente, ou no final do
período, se estivermos a utilizar o sistema
de inventário intermitente)
371 – Ativos biológicos consumíveis 774 – Ganhos por aumentos de justo valor Pelo reconhecimento em ativos biológicos
consumíveis ao justo valor
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COLABORAÇÃO ISCA-UA
371 – Ativos biológicos consumíveis 774 – Ganhos por aumentos de justo valor Pelo ajustamento em cada data de balan-
ço (aumento do justo valor)
664 – Perdas por redução do justo valor 371 – Ativos biológicos consumíveis Pelo ajustamento em cada data de balan-
ço (diminuição do justo valor)
664 – Perdas por redução do justo valor4 371 – Ativos biológicos consumíveis Pelo desreconhecimento do valor do ativo
biológico vendido
664 – Perdas por redução do justo valor 371 – Ativos biológicos consumíveis Pelo desreconhecimento do valor do ativo
biológico vendido
345 – Produtos acabados e intermédios - 774 - Ganhos por aumentos de justo valor Pelo reconhecimento do produto agrícola
produtos agrícolas5 – Em ativos biológicos ao justo valor menos custos estimados no
ponto de venda
- Pelo reconhecimento aquando da colheita, se forem para incorporar num processo produtivo:
3314 - Matérias-primas -produtos agrí- 774 - Ganhos por aumentos de justo valor Pelo reconhecimento do produto agrícola
colas – Em ativos biológicos ao justo valor menos custos estimados no
ponto de venda
- No caso de produtos agrícolas que resultam de cessação de processo de vida de um ativo biológico, no caso
de não serem para incorporar num processo produtivo:
345 - Produtos acabados e intermédios – 387 - Reclassificação e regularização de Pela passagem de ativo biológico para
produtos agrícolas ativos biológicos produto agrícola ao justo valor menos
custos estimado no ponto de venda
62 CONTABILISTA 267
COLABORAÇÃO ISCA-UA
- Saídas de produtos acabados: no final do período (no caso de sistema de inventário intermitente) pelo apu-
ramento do custo das vendas:
731 - Variação nos inventários de produção 345 – Produtos acabados e intermédios - Pelo apuramento do custo da venda do
produtos agrícolas produto agrícola
- No caso dos produtos agrícolas que vão incorporar um processo produtivo, no final do período (no caso de
sistema de inventário intermitente) pelo apuramento do custo das matérias-primas (produtos agrícolas) in-
corporadas:
612 - Custo das matérias consumidas 3314 – Matérias-primas – produtos Pelo apuramento do custo no final do
agrícolas período pelas matérias-primas incorpo-
radas.
- Reconhecimento dos produtos em curso no final do período (em sistema de inventário intermitente):
36 - Produtos e trabalhos em curso 73 - Variações nos inventários de produção Mensurado ao custo de produção acumu-
lado até essa fase de produção, apurado
através de contabilidade de custos ou
analítica (com recurso à digrafia) ou com
recurso à concentração de gastos em
centros de custo e respetivo tratamento
posterior - Neste custo também estão
refletidos os produtos agrícolas incorpo-
rados.
34 - Produtos acabados 73 - Variações nos inventários de produção Mensurado ao custo de produção acumu-
lado até essa fase de produção, apurado
através de contabilidade de custos ou
analítica (com recurso à digrafia) ou com
recurso à concentração de gastos em
centros de custo e respetivo tratamento
posterior.
Neste custo também estão refletidos os
produtos agrícolas incorporados.
JUNHO 2022 63
COLABORAÇÃO ISCA-UA
Aspetos de natureza fiscal surados ao custo menos qualquer delo 22, sendo acrescidas no cam-
- Ativos biológicos de produção depreciação acumulada e qualquer po 713 ou deduzidas no campo 759.
Modelo do custo - A introdução perda por imparidade acumulada, Note-se, no entanto, que de acor-
dos ativos biológicos no elenco a depreciação será aceite do ponto do com o n.º 3 do artigo 45.º-A do
dos elementos passíveis de serem de vista fiscal de acordo com o de- CIRC (alteração decorrente da Lei n.º
depreciados para efeitos fiscais foi finido no CIRC e no Decreto Regu- 2/2014 de 16 de janeiro), o custo de
efetuada com a Lei do Orçamento lamentar n.º 25/2009. aquisição dos ativos biológicos não
do Estado para 2012 (Lei n.º 64- Modelo do justo valor - No caso consumíveis, que sejam subsequen-
B/2011, de 30 de dezembro). dos ativos biológicos de produção temente mensurados ao justo va-
No caso de os ativos biológicos de serem mensurados ao justo valor, lor, é aceite como gasto para efeitos
produção serem mensurados pelo em termos fiscais, os ajustamen- fiscais, em partes iguais, durante o
modelo do custo, as depreciações tos contabilísticos decorrentes da período de vida útil que se deduz da
praticadas serão fiscalmente de- aplicação desse justo valor (quer quota mínima de depreciação que
dutíveis, na medida em que, do no reconhecimento inicial, quer seria fiscalmente aceite caso esse
elenco dos ativos sujeitos a de- nos períodos subsequentes por ativo permanecesse reconhecido ao
perecimento para efeitos fiscais variações do justo valor) não con- custo de aquisição.
(n.º 1 do artigo 1.º do Decreto Re- correm para a formação do lucro Neste caso deduz-se no Q07 este
gulamentar n.º 25/2009 de 14 de tributável, conforme o disposto no montante (campo 792), aceitando-se
setembro e artigo 29.º do Código n.º 9 do artigo 18.º do CIRC, sendo a existência de uma “depreciação”
do IRC (CIRC)), constam os ativos apenas considerados como ren- fiscal mesmo não existindo depre-
biológicos não consumíveis (ou dimentos ou gastos no período de ciação contabilística.
seja, aqueles em relação aos quais tributação em que o ativo biológi-
é permitida a aplicação do modelo co for vendido ou abatido. Mais e menos-valias de ativos
do custo). Assim, as variações negativas ou biológicos de produção
Assim, no caso de os ativos bio- positivas do justo valor são corri- Nos termos do art.º 46.º n.º 1 a) e
lógicos de produção serem men- gidas ao nível do quadro 07 da mo- art.º 48.º ambos do CIRC, as vendas
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COLABORAÇÃO ISCA-UA
de ativos biológicos não consumí- Ativos biológicos consumíveis equivalente à percentagem que a ex-
veis (de produção), originam, a ní- Relativamente aos ativos biológicos tração efetuada no período de tribu-
vel fiscal, uma mais ou menos-valia consumíveis, o justo valor releva tação represente na produção total
fiscal, sujeita ao regime das mais e para efeitos fiscais. Assim, os gan- do mesmo produto, e ainda não con-
menos-valias fiscais (art.º 46.º, n.º hos e perdas resultantes da aplica- siderada em período de tributação
1) relativamente à qual poder-se-á ção do justo valor nos ativos bioló- anterior, podendo ainda ser atuali-
aproveitar do benefício do reinves- gicos consumíveis concorrem para zada de acordo com a aplicação dos
timento dos valores de realização a formação do lucro tributável, con- coeficientes de correção monetária.
previsto no art.º 48.º do CIRC. forme alínea g) do n.º 1 do artigo 20.º Assim, os gastos e os rendimentos
No caso da tributação das mais-va- e alínea k) do n.º 1 do artigo 23.º do das atividades silvícolas só serão
lias fiscais, a mesma será tributada CIRC. reconhecidos para efeitos fiscais no
a 100 por cento ou, se manifesta- No entanto, encontram-se excecio- ano da venda, aplicando-se aos gas-
da a intenção de reinvestir o valor nadas do referido anteriormente, as tos a correção monetária prevista no
de realização, será tributada ape- explorações silvícolas plurianuais, 47.º do CIRC.
nas em 50 por cento, cumpridas as cujo tratamento fiscal se encontra
condições do artigo 48.º do CIRC, estabelecido no artigo 18.º n.º 7 do Produto agrícola
nomeadamente se valor de realiza- CIRC, o que significa que para efeito Nos termos do artigo 26.º, n.º 1, alí-
ção correspondente à totalidade dos da determinação do lucro tributável nea d) do CIRC, os produtos agrí-
referidos ativos seja reinvestido na em IRC o justo valor, dos ativos bio- colas colhidos de ativos biológicos,
aquisição, produção ou construção lógicos consumíveis de atividades são mensurados ao preço de venda
de ativos fixos tangíveis, de ativos silvícolas, não é aceite fiscalmente. no momento da colheita, deduzi-
intangíveis ou, de ativos biológicos De acordo com o artigo 18.º do CIRC, do de custos estimados no ponto de
não consumíveis, no período de tri- os gastos das explorações silvícolas venda, excluindo os de transporte e
butação anterior ao da realização, no plurianuais podem ser imputados outros necessários para colocar os
próprio período de tributação ou até ao lucro tributável tendo em con- produtos no mercado.
ao fim do segundo período de tribu- sideração o ciclo de produção, caso Temos nesta situação uma coinci-
tação seguinte. em que a quota-parte desses gastos, dência entre as regras da fiscalidade
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COLABORAÇÃO ISCA-UA
e o respetivo tratamento contabi- produto o capítulo 11 - Inventários A NCRF-PE pressupõe que, para um
lístico, permitindo que os ganhos e da NRCF-PE. ativo biológico ou para um produto
perdas resultantes da aplicação do Um ativo biológico deve ser men- agrícola no ponto de colheita, o seu
justo valor concorram para a forma- surado, no reconhecimento inicial justo valor pode ser mensurado com
ção do lucro tributável. e em cada data de balanço, pelo seu fiabilidade, com as cotações oficiais
justo valor menos custos de aliena- de mercado, designadamente as dis-
A atividade agrícola ção, exceto no caso descrito no pa- ponibilizadas pelo SIMA. Contudo,
e o regime das pequenas entidades rágrafo 20.10 em que o justo valor se esse pressuposto não se verificar,
e microentidades não pode ser fiavelmente mensura- esse ativo biológico ou produto agrí-
Regime das pequenas entidades - O do. cola colhidos dos ativos biológicos
capítulo 20 da norma contabilística O produto agrícola colhido dos ati- deve ser mensurado pelo custo me-
e de relato financeiro para pequenas vos biológicos de uma entidade deve nos qualquer depreciação acumula-
entidades (NCRF-PE) - Agricultura, ser mensurado pelo seu justo valor da e qualquer perda por imparidade
trata a contabilização dos ativos bio- menos custos de vender no momen- acumulada. Quando o justo valor
lógicos, do produto agrícola colhido to da colheita. Tal mensuração é o desse ativo biológico ou produto
dos ativos biológicos da entidade custo nessa data aquando da aplica- agrícola se tornar fiavelmente men-
somente no momento de colheita, e ção do capítulo 11 – Inventários da surável, deve ser mensurado pelo
dos subsídios das entidades públicas NCRF-PE. seu justo valor menos os custos de
relacionados com ativos biológicos. A NCRF-PE considera como justo alienação.
Este capítulo é aplicado também ao valor fiavelmente mensurável as Ao determinar o custo, depreciação
produto agrícola, que é o produ- cotações oficiais de mercado, desig- acumulada e perdas por imparidade
to colhido dos ativos biológicos da nadamente as disponibilizadas pelo acumuladas, uma entidade toma em
entidade, somente no momento da Sistema de Informação de Mercados consideração os capítulos 7 – ativos
colheita. Após isso, é aplicado a esse Agrícolas (SIMA)6. fixos tangíveis e 11 – inventários da
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COLABORAÇÃO ISCA-UA
NCRF-PE, bem como, se for o caso, a da conta 313 - Ativos biológicos. Note-se balanceamento entre os gastos e os rendi-
NCRF 12 – Imparidade de ativos. que o lançamento preconizado respeita o mentos.
Regime das microentidades - No estabelecido nesta nota de enquadramento, Assim, concluem que tendo em conta que o
caso das microentidades a mensu- apesar de no nosso entender não traduzir reconhecimento dos ativos biológicos está
ração dos ativos biológicos é feita a realidade das operações, na medida em a ser feito pela aplicação do justo valor e
pelo método do custo (não sendo que é reconhecido um gasto na conta 613 não pelo balanceamento de gastos já regis-
aplicável o justo valor). e um rendimento na conta 774, quando na tados, então o que está em causa é um au-
De acordo com o parágrafo 7.2 da realidade apenas ocorreu uma operação de mento do justo valor pelo que a aplicação da
norma contabilística para microen- compra. conta 774 – Ganhos por aumento do justo
tidades (NC-ME), os ativos biológi- 3
Note-se que no registo dos rendimentos valor e consequentemente a apresentação
cos de produção, são reconhecidos associados a ganhos de valor dos ativos que na demonstração de resultados na rubrica
como ativos fixos tangíveis, estando se encontrem valorizados ao justo valor e de aumentos/reduções do justo valor en-
sujeitos a depreciações conforme as cuja variação de valor deve ser reconhe- quadra do ponto de vista conceptual a ope-
regras gerais definidas para os ati- cida em resultados, não é utilizada a conta ração corretamente.
vos fixos tangíveis (capítulo 7 da 73 - Variação de inventários de produção, 4
Não é usada a conta 73 Variação de inven-
NC-ME). atendendo que os ativos não são valoriza- tários de produção atendendo que os ativos
Já de acordo com o parágrafo11.2 da dos pelo método de custeio de produção. não são valorizados pelo método de custeio
NC-ME, os ativos biológicos consu- Saliente-se, no entanto, que existem auto- de produção.
míveis e os produtos agrícolas são res que nesta situação, bem como em outras 5
A movimentação direta da conta 345 -
reconhecidos como inventários, ou apresentadas em seguida e a que faremos Produtos acabados e intermédios - pro-
seja, mensurados em função dos referência, procedem ao registo dos ativos dutos agrícolas, quer em inventário per-
critérios previstos no capítulo 11 – biológicos consumíveis por contrapartida manente quer em inventário intermitente,
Inventários da NC-ME, pelo que na da conta 73 – Variação dos inventários de poderá na prática trazer algumas dificul-
sua mensuração aplica-se o custo ou produção. dades, perdendo-se informação relevante.
o valor realizável líquido entre os Admitindo outras opiniões, neste trabalho Assim, no sentido de existir detalhe e his-
dois o mais baixo. optaremos também por não utilizar a con- tórico das operações, por questões de con-
ta 73 – Variação dos inventários de produ- trolo interno, ou no sentido de ser possível
*Professor adjunto convidado ção nessas situações, atendendo também o preenchimento de algumas declarações
do ISCA-UA ao preconizado por Franco e Pena (2020, fiscais (por exemplo o quadro dos inventá-
CC n.º 38 114 p.146), que referem que a utilização da rios da IES), poderá ser conveniente a utili-
ROC n.º 1 544 conta 73, não vai ao encontro do preconi- zação da conta 387 - Ativos biológicos, que
zado nas NCRF, na medida em que a conta registará, de acordo com as notas de en-
Bibliografia disponível em («A Ordem 73 – Variação nos inventários de produ- quadramento, as reclassificações de ativos
– Publicações - Revista Contabilista – ção inclui a diferença entre os inventários biológicos para inventários.
Bibliografia») no fim e no início do período dos produtos 6
A Comissão de Normalização Contabi-
acabados e intermédios, dos subprodutos, lística, em resposta à Confederação dos
Notas resíduos e refugos e dos produtos e traba- Agricultores de Portugal, refere que existe
1
A informação do SIMA está disponível no lhos em curso, valorizados pelo método de a possibilidade de serem usadas outras co-
site do Gabinete de Planeamento, Políticas custeio de produção. tações disponíveis, desde que sejam cota-
e Administração Geral (GPP): http://www. As autoras referidas sustentam esta opção, ções oficiais, eventualmente as estabeleci-
gpp.pt/sima.html podendo os preços dos referindo que o procedimento contabi- das em bolsas regulamentadas de produtos
produtos agrícolas ser consultados por data lístico relativo ao registo da variação dos agrícolas internacionais, efetuados que
e mercado. inventários de produção não se encontra sejam os devidos ajustamentos de compa-
2
De acordo com as notas de enquadramen- expresso em nenhuma NCRF (não se en- rabilidade. Não existindo cotação oficial
to ao Código de Contas, constante da Por- contra na NCRF 17 nem na NCRF 18 nem disponível deverá, nos termos do parágrafo
taria n.º 218/2015 de 23 de julho, a conta na NCRF 20). A necessidade da utilização 20.10, esse ativo biológico ou produto agrí-
613 - Ativos biológicos (compras), recolhe dessa conta, como uma conta de balancea- cola ser mensurado pelo custo menos qual-
as aquisições de ativos biológicos consumí- mento resulta do parágrafo 93 da estrutura quer depreciação acumulada e qualquer
veis efetuadas durante o ano, transferidas conceptual onde se refere a necessidade de perda por imparidade acumulada.
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CONTABILIDADE
Por Miguel Gonçalves*, Cecília Duarte* e Cristina Góis* | Artigo recebido em junho 2022
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CONTABILIDADE
instituições económicas nas quais, à A legislação principal: a Carta do Erário Régio, Junta do Comércio,
época, exerciam a profissão. de Lei de 30 de agosto de 1770 companhias monopolistas de co-
Em consequência, com recurso a da- A legislação em epígrafe era com- mércio (com especial saliência para
dos primários (fontes manuscritas) posta por 18 parágrafos. Como an- a Companhia Geral do Grão-Pará e
de arquivo localizados no Arquivo tedito, veio estabelecer a obriga- Maranhão e para a Companhia Ge-
Nacional da Torre do Tombo (ANTT), toriedade de matrícula na Junta do ral de Pernambuco e Paraíba) e Real
em Lisboa, o presente artigo tem Comércio, em livro próprio, dos Fábrica das Sedas, isto apenas para
como objetivo preencher a lacuna de guarda-livros dos organismos pú- citar os exemplos mais paradigmá-
investigação detetada, apresentan- blicos e privados nacionais, sob ticos e mais contemporaneamente
do pela primeira vez à comunidade pena de nulidade das suas escritura- conhecidos.
portuguesa da história da contabi- ções, contas e pareceres técnicos em No sentido de evitar ordenados de-
lidade, a relação dos guarda-livros, casos de contencioso judicial; quem sajustados, tanto para as casas de
portugueses e estrangeiros, matri- assim não procedesse não poderia comércio portuguesas, como para
culados na Junta do Comércio por integrar o corpo geral do comércio os guarda-livros formados pela Aula
força da Carta de Lei de 30 de agosto nem concorrer a empregos públicos do Comércio de Lisboa, o legislador
de 1770, profissionais a quem a ini- (parágrafo 4 da «Carta de Lei de 30 fixou o montante da retribuição
ciativa legislativa assegurava uma de agosto de 1770»). anual a ser paga nos três primeiros
reserva de mercado, típica da socie- Os interessados teriam de se matri- anos de atividade à categoria pro-
dade corporativista do Antigo Regi- cular entre o período temporal de 30 fissional de caixeiros: 72$000 réis,
me português. de agosto a 31 de dezembro de 1770 96$000 réis e 120$000 réis, respeti-
Estruturado em quatro secções, o (parágrafos 1 e 4 da «Carta de Lei de vamente (parágrafo 12 da «Carta de
texto desenvolve-se da seguinte for- 30 de agosto de 1770»). De 1770 em Lei de 30 de agosto de 1770») 3 . Para
ma. Depois da introdução, a segun- diante, o exercício da profissão de além deste ordenado anual, obriga-
da secção centra a sua atenção nos guarda-livros seria restringido aos va-se a entidade patronal a forne-
preceitos legais presentes na Carta diplomados pela Aula do Comércio cer ao guarda-livros, casa, cama e
de Lei de 30 de agosto de 1770. A ter- de Lisboa, sendo-lhes assegurada mesa (parágrafo 12 da «Carta de Lei
ceira secção dá a conhecer a princi- uma reserva de mercado (parágrafos de 30 de agosto de 1770»). A partir
pal fonte primária da pesquisa, o li- 5 a 11 da «Carta de Lei de 30 de agos- do terceiro ano, as partes ficavam
vro 340 da Junta do Comércio, o qual to de 1770»). Os privilégios assegu- livres para negociar o salário anual
se encontra à guarda do ANTT, como rados para os diplomados diziam do guarda-livros (parágrafo 13 da
se fez notar. O trabalho encerra com respeito a empregos nas contado- «Carta de Lei de 30 de agosto de
uma breve conclusão. rias (repartições de contabilidade) 1770»).
De um ponto de vista global, a fis-
calização dos aspetos relacionados
com o cumprimento da Carta de
Lei de 30 de agosto de 1770 cabia ao
lente da Aula do Comércio de Lisboa
(parágrafo 17 da «Carta de Lei de 30
de agosto de 1770»), o professor suí-
ço, naturalizado português, Alberto
Jaquéri de Sales (1731-1791) 4 (à data
da publicação desta Carta de Lei).
Os privilégios estipulados pela Car-
ta de Lei de 30 de agosto de 1770
vigoraram até à Implantação do Li-
beralismo em Portugal, concreta-
mente até à promulgação do Código
Comercial de 1833, cujo autor-líder
foi José Ferreira Borges (1786-1838).
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70 CONTABILISTA 267
CONTABILIDADE
Isto dito, a tabela 1, constituindo-se contabilistas matriculados na Junta da matrícula, exerciam o ofício de
num contributo inédito da presente do Comércio sob a égide da Carta de guarda-livros. A listagem dos guarda-
investigação, mostra, pela primeira Lei de 30 de agosto de 1770, bem como -livros da tabela 1 segue a ordem de
vez na literatura da história da con- evidencia as instituições económi- matrícula no livro 340 da Junta do Co-
tabilidade portuguesa, o nome dos cas portuguesas em que eles, na data mércio. Consulte-se, assim, a tabela 1.
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Guarda-livros de Comércio da Ponciano José Maria da Costa, matriculado por Despacho de 11 de janeiro ANTT, Junta do
Praça da cidade de Angra da Ilha de 1816. Comércio, livro
Terceira 340, fólio 30.
O livro 340 estava rubricado por An- tela (1715-1775), José da Silva Leque centralizador das finanças públicas
tónio Álvares de Aguiar, deputado da (1718-1798), Manuel Pereira de Faria portuguesas, o Erário Régio. Esta
Junta do Comércio desde 1767, pelo (?-1787), Policarpo José Machado circunstância indicia que a execu-
menos. O provedor (isto é, presiden- (1716-1792) ou Silvério Luís Serra, to- ção da Carta de Lei de 30 de agosto
te) da Junta do Comércio aquando da dos eles pertencentes à elite dos 100 de 1770 não foi plena. Ademais, tam-
promulgação da Carta de Lei de 30 de maiores grandes negociantes do pe- bém se sabe que a contadoria da Real
agosto de 1770 era Joaquim Inácio da ríodo pombalino (cf. Pedreira, 1995, Fábrica das Sedas era composta por
Cruz (1725-1781), também, em 1770, pp. 164-167). um maior número de guarda-livros
tesoureiro-mor do Erário Régio, em Os fólios do livro 340 da Junta do do que aqueles que efetivamente se
acumulação (Duarte, Gonçalves e Comércio mostram os guarda-livros apresentaram matriculados no re-
Góis, 2020). das repartições de contabilidade das ferido livro da Junta do Comércio
Salta à vista na tabela 1 que alguns principais instituições económicas (Duarte, Gonçalves e Góis, 2021).
nomes foram acrescentados poste- nacionais, nomeadamente, a Junta
riormente a 1770. Ainda assim, a lis- do Comércio, as companhias mono- Conclusão
tagem dos 100 nomes mostrados na polistas de comércio, a Impressão O presente documento permitiu co-
tabela 1 permite observar também o Régia, o Contrato do Tabaco, a Real locar sob as luzes da ribalta um ma-
nome de alguns dos maiores capita- Fábrica das Sedas, a Companhia Ge- nuscrito setecentista português, o
listas e homens de negócios da Praça ral das Carnes e, bem assim, os guar- livro 340 da Junta do Comércio, cujo
de Lisboa no tempo de Pombal, como da-livros das casas de negócio dos conteúdo consiste num tesouro con-
sejam Anselmo José da Cruz (1728- comerciantes por grosso da Praça de tabilístico nacional que convém pre-
1802), António Soares de Mendonça, Lisboa. Porém, nesta listagem de im- servar no acervo patrimonial da Or-
Domingos de Basto Viana, Francis- portantes instituições portuguesas dem dos Contabilistas Certificados, a
co Manuel Calvet, Francisco Nicolau da segunda metade do século XVIII mais representativa das associações
Roncon (?-1789), Inácio Pedro Quin- destaca-se a ausência do organismo públicas profissionais portuguesas.
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CONTABILIDADE
O artigo revelou os primeiros con- A terminar, um voto: que este traba- 1435 até 1911 e que o seu plural se denomi-
tabilistas certificados inscritos em lho possa vir a contribuir para a va- nava réis. O cifrão ($) indicava a quantia de
1770 no organismo regulador da pro- lorização e reconhecimento nacional mil réis, seguido de três casas decimais. A
fissão na época de Pombal, a Junta dos contabilistas portugueses, um título exemplificativo, a importância de 72
do Comércio. Esta contribuição, des- grupo profissional que tem desem- mil réis escrevia-se 72$000. Aquando da
vendando um mistério com mais de penhado um papel decisivo para o necessidade de identificar um milhão de
250 anos, permitiu adicionar conhe- desenvolvimento de Portugal, so- réis (ou um conto de réis) recorria-se ao
cimento contabilístico àquele que é bretudo na sua vertente económica. símbolo “:”. Assim, para designar 3 contos
designado na historiografia portu- de réis ou 3 milhões de réis, a expressão nu-
guesa da história da contabilidade Dedicatória: mérica correspondente era 3:000$000. Ve-
por período de ouro da contabilidade À Ordem dos Contabilistas Certificados. ja-se, para o assunto relativo a esta nota de
nacional (1755-1777) (veja-se, com rodapé, Gonçalves, Lira e Marques (2013).
este sentido, Gonçalves, 2019). * ISCAC - Coimbra Business School 4 Sales ocupou o cargo de lente da Aula do
bem estudada, especialmente no que Bibliografia») vros que instituiu a contabilidade por par-
se filia com a sua execução prática, tidas dobradas na segunda administração
a qual, registe-se novamente, não Notas (1745-1747) da Companhia da Fábrica das
foi efetivada com plenitude. Como 1 O CCI estipulava o seguinte: «Na contri- Sedas (Carvalho, Rodrigues e Craig, 2007).
se viu, a iniciativa da matrícula não buição industrial haverá três grupos: o gru- Ele era de Veneza e filho de Lorenzo Corti-
partiu de uma associação privada de po A, com tributação incidente nos lucros novis, cônsul de Veneza em Lisboa (Gonçal-
profissionais, mas de um organismo efetivamente obtidos pelos contribuintes, ves, 2017).
estatal – a Junta do Comércio –, o e determinados através da sua contabili- 6 João Baptista Dourneau era francês; ele
que reforça a ideia de que em Por- dade; o grupo B, com tributação sobre os foi o guarda-livros principal da Companhia
tugal, pelo menos até 1945, ano da lucros que presumivelmente os contribuin- Geral do Grão-Pará e Maranhão, tendo sido
fundação da Sociedade Portuguesa tes obtiveram; e o grupo C, com tributação também o responsável pela adoção inicial
de Contabilidade, a contabilidade baseada nos lucros que os contribuintes das partidas dobradas na contabilidade da
se desenvolveu sobretudo graças ao normalmente podiam ter obtido (cf. artigo empresa em 1755 (Ratton, 1813; Oliveira,
Estado e não tanto por intermédio do 6.º do Código da Contribuição Industrial). 2009; Gonçalves, 2016, 2017).
associativismo dos profissionais. Ao grupo A pertenciam, por exemplo, as 7 Domingos Roche Macragh era irlandês,
Apoiada em fontes primárias de in- sociedades anónimas, as instituições de havendo sido o guarda-livros principal da
vestigação, a informação inédita crédito, empresas de seguros, e as demais Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba
aqui aduzida traduz-se numa ques- sociedades com capital social superior a 3 e o tecnocrata responsável pela introdução
tão de orgulho evidente para a pro- 000 contos. Apenas os técnicos de contas das partidas dobradas na contabilidade da
fissão contabilística portuguesa, responsáveis pelas contabilidades de em- companhia em 1759 (Gonçalves, 2017). O
seja porque atesta com verdade his- presas contribuintes do grupo A teriam de seu antropónimo era Dominic.
tórica a máxima contemporânea de proceder à inscrição junto da DGCI. 8 José Feliz Venâncio Coutinho (1739-18--)
que a contabilidade corresponde a 2 O nome original do Marquês de Pombal foi aluno do 2.º curso da Aula do Comércio
uma profissão de interesse público, era Sebastião José de Carvalho e Melo. Em 6 de Lisboa e foi para sua instrução que em
seja porque permite desenvolver, de junho de 1759, foi agraciado com o título 1765 se copiara o manuscrito Arte da Escri-
aprofundar e ampliar a identidade nobiliárquico de Conde de Oeiras e, em 17 tura Dobrada que Ditou na Aula do Comér-
profissional dos contabilistas portu- de setembro de 1770, com o de Marquês de cio João Henrique de Sousa Copiada para
gueses, mormente no que concerne à Pombal (Gramoza, 1882). Instrução de José Feliz Venâncio Coutinho
consolidação do sentimento de per- 3 A título comparativo, em 1759 um profes- no ano de 1765, cuja autoria diz respei-
tença a um dos grupos ocupacionais sor do ensino público de latim em Lisboa ou to precisamente a João Henrique de Sousa
com mais história e prestígio no pa- no Porto ganhava anualmente 100$000 réis (1720-1788), primeiro professor da Aula do
norama das ciências empresariais do (Maxwell, 2004). Cumpre esclarecer que o Comércio de Lisboa, em 1759 (Carqueja,
nosso país. real foi a unidade monetária utilizada de 2010).
74 CONTABILISTA 267
MERCHANDISING
INSTITUCIONAL
30€ 30€ 20€ 20€
AGENDA DO
CONTABILISTA 2022 GARRAFA DE VIDRO CANECA OCC FRASCO ÁLCOOL GEL
6€ 16€ 2€ 6€
A B C D
4€ 5€ 6€ 10€ 2.45€
C
D
A
Os produtos, até rutura de stock, encontram-se disponíveis para encomenda através da Pasta CC.
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