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JULHO 2022 3
FICHA TÉCNICA SUMÁRIO
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ANO XXII
REVISTA N.º 268 • JULHO 2022
Propriedade Publicidade
Ordem dos Contabilistas Departamento
Certificados de Comunicação
e Imagem da Ordem
Avenida Barbosa
du Bocage, 45 Contactos
1049-013 Lisboa 217 999 715/17/18/19
Contribuinte n.º 503 692 310 comunicacao@occ.pt
Telefone: 217 999 700 www.occ.pt
Diretora Impressão
Paula Franco LiderGraf
16
Álvaro Costa
Pedro Nuno Ferreira ISSN
1645-9237
Redação
Jorge Magalhães Organismos
CONGRESSO
Nuno Dias da Silva internacionais
a que a Ordem pertence:
Design e paginação
Duarte Camacho ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
João Martins ALTICE ARENA 21, 22 E 23 SETEMBRO 2022
Sara Brás
Fotografia
Jorge Gonçalves
Raquel Wise
Secretariado
Raquel Carvalho
Sete mil profissionais são esperados na Altice Arena.
Colaboram nesta edição
António Gil
Armando Almeida Tavares
26
Eduardo Sá e Silva
Elsa Marvanejo da Costa
Paula Franco
Pedro Lima
Telma Lopes
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SUMÁRIO
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Quinze anos depois, o Encontro Nacional regressou à Quinta da Malafaia, para o maior convívio de sempre.
NOTÍCIAS
COLABORAÇÃO ISCAP
29 Relatório não financeiro
COLABORAÇÃO ISCA-UA
32 A fixação de um nível mínimo mundial de tributação para os grupos multinacionais na União Europeia
FISCALIDADE
34 Alienação de viatura ligeira de passageiros
TOConline
49 Importação de mercadorias no TOConline (II)
CONSULTÓRIO TÉCNICO
60 Perguntas e respostas
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ENTREVISTA
Contabilista – A DECO – Associa- não havia qualquer estrutura, quer líquido mensal total, por agrega-
ção Portuguesa para a Defesa do judicial quer extrajudicial, que do familiar, a rondar os 1100 eu-
Consumidor é há 48 anos a «voz prestasse ajuda aos agregados fa- ros. São famílias multi-endivida-
dos consumidores» portugueses. miliares. E muito menos se falava das que acumulam cinco ou mais
O seu Gabinete de Proteção Fi- do termo sobre-endividamento. A créditos: por norma, um crédito à
nanceira (GPF) foi criado no ano DECO tem, por isso, o mérito de habitação, dois créditos pessoais
2000, tendo ajudado 152 famílias ter colocado na ordem do dia esta e ainda dois cartões de crédito.
nesse primeiro ano. De lá para problemática que afeta milhares Quando nos pedem ajuda, grande
cá, o volume de pedidos não tem de famílias. Os mecanismos atual- parte desses créditos encontram-
parado de crescer. Que balanço mente existentes para apoiar as fa- -se em situação de incumprimento
faz de mais de duas décadas de mílias, sem esquecer a prevenção ou à beira de estarem nessa con-
atividade? do sobre-endividamento, estão dição. Os cartões de crédito e os
Natália Nunes – A DECO teve o disponíveis, em boa medida, pelo créditos pessoais estão à frente na
mérito de, no final dos anos 90, ter trabalho desenvolvido pela nossa maior taxa de incumprimento re-
detetado a existência de um pro- associação. gistada, seguindo-se o crédito au-
blema que ainda não estava, de um tomóvel e só, em última instância,
modo geral, suficientemente reco- Contabilista – Qual tem sido a é que o crédito à habitação entra
nhecido pela sociedade portugue- evolução dos pedidos de ajuda em incumprimento. Nas situações
sa e pelas entidades oficiais. E esse que chegam à DECO? mais críticas, as pessoas chegam
problema dá pelo nome de endi- N.N. – Normalmente é um agrega- mesmo a recorrer a outros rendi-
vidamento excessivo e das conse- do familiar composto por três ele- mentos e poupanças, e inclusive a
quências ao nível do sobre-endivi- mentos, um deles menor a cargo. A saldos dos cartões de crédito, para
damento. Recordo-me que quando idade dos pais situa-se entre os 40 pagar a prestação do crédito à ha-
começamos a apoiar as famílias, e os 50 anos e têm um rendimento bitação.
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ENTREVISTA
PERFIL
Natália Nunes nasceu a 25 de dezembro de
1968, no distrito de Castelo Branco. Jurista
de formação – licenciada em Direito pela
Universidade Moderna e com pós-gradua-
ções em Direito pela Faculdade de Direito
da Universidade de Coimbra e uma pós-gra-
duação em Direito do Consumo – coordena
o Gabinete de Proteção Financeira da DECO,
desde o ano em que foi criado, em 2000.
Contudo, a sua relação como colaboradora
da Associação Portuguesa para a Defesa do
Consumidor remonta a 1991. É a porta-voz
da DECO para assuntos relacionadas com o
sobre-endividamento das famílias, surgin-
do com frequência na Comunicação Social
como comentadora destas matérias.
Contabilista – Chegam até à consumidores que é, o foco da significa que a maior parte das famí-
DECO casos de insolvência pes- DECO são apenas as famílias e os lias dispõe de rendimento, mesmo
soal? consumidores. sendo baixo. Durante a pandemia
N.N. – Claro que sim. Gostaria de registou-se uma grande redução de
referir que a nossa intervenção é Contabilista – A crise financeira, rendimentos nos agregados familia-
extrajudicial e, neste caso espe- a pandemia e agora a crise energé- res, formais ou informais. Contudo,
cífico, é um processo que já corre tica e a inflação, provocadas pela o governo lançou medidas de apoio
termos nos tribunais. Se cons- guerra, são três momentos parti- que aliviaram a situação financeira e
tatarmos que aquela família, ex- cularmente desafiantes para os o próprio confinamento gerou pou-
trajudicialmente, não conseguirá consumidores. O que distingue e panças em determinados agregados
recuperar, um dos caminhos que aproxima estes marcos? que, em abono da verdade, estão a
propomos é a possibilidade de re- N.N. – São três momentos que têm ser muito úteis agora.
curso à insolvência. Segundo da- em comum o facto de representarem
dos divulgados pelo Ministério da graves dificuldades financeiras para Contabilista – Essa rede de prote-
Justiça, mais de 70 por cento das as famílias. O momento que estamos ção está a tornar esta fase de difi-
insolvências declaradas em Por- a viver, atualmente, é completamen- culdades menos abrupta?
tugal são de particulares, ou seja, te diferente do que vivemos entre N.N. – A poupança acumulada
famílias. 2008 e 2012. Durante a crise finan- nos dois últimos anos permitiu
ceira, as taxas Euribor e os níveis de amortecer os efeitos que a inflação
Contabilista – Só para que fique desemprego eram extraordinaria- está a ter desde o início do ano e
claro, não aceitam pedidos de mente elevados. Atualmente, a taxa o próprio impacto da Euribor nas
ajuda de empresas? de desemprego encontra-se num prestações das casas. Mas esta
N.N. – Não. Como associação de nível historicamente baixo. O que poupança acabará por esgotar-se.
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ENTREVISTA
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ENTREVISTA
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ENTREVISTA
importante quanto isto, é a taxa de 2021, verificamos que a taxa de es- N.N. – As explicações são várias.
esforço, que corresponde ao peso forço média das famílias que nos Durante muitos anos, até talvez
que as prestações com crédito têm pedem ajuda é superior aos 70 por final da primeira década deste sé-
no meu rendimento líquido men- cento. Mas temos casos de pessoas culo, falou-se dos três “D” como as
sal. Aquilo que a DECO recomen- com perto dos 100 por cento de taxa grandes causas de sobre-endivida-
da há anos é que as famílias não de esforço. São casos em que o cré- mento: desemprego, doença e o di-
se devem endividar para além dos dito absorve praticamente a totali- vórcio. Com o passar do tempo fo-
35 por cento do seu rendimento dade do salário. ram surgindo outras dificuldades,
líquido mensal. Ou seja, se o meu como é o caso do apoio dos filhos
rendimento líquido mensal for de Contabilista – Uma má gestão aos pais. O curioso é que nesta últi-
mil euros, devo saber que, para das finanças pessoais não expli- ma situação o papel desempenhado
acautelar possíveis dificuldades ca tudo, até porque há outros por pais e filhos alterou-se visto
financeiras, não devo gastar com argumentos, como é o caso da que, entre 2008 e 2012, em plena
créditos (considerando o crédito à perda repentina de rendimentos, crise financeira, foram os pais a
habitação e outras prestações exis- uma doença, o divórcio/separa- ajudar os filhos, quando estes fo-
tentes) mais de 350 euros. A banca ção, etc… ram confrontados com situações de
está atenta e, geralmente, quan-
do se ultrapassa ligeiramente esta
margem, começa a pedir garantias
«As empresas de recuperação de crédito começam a
aos seus clientes, nomeadamente a gerir a dívida de particulares, mas não existe legislação
questão dos fiadores. a regulamentar esta atividade. São, por isso, frequentes
práticas de recuperação de créditos, mais ou menos
Contabilista – Têm recebido pe- agressivas, que acabam por atropelar e lesar os direitos
didos de ajuda de pessoas com
dos consumidores.»
enormes taxas de esforço?
N.N. – Se olharmos para dados de
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ENTREVISTA
desemprego e perda de rendimen- do crédito estava completamente venha a ter um grande aumento,
tos. Nessa altura fomos confronta- fechado e quando se deu a abertu- já a partir de outubro. É, por isso,
dos com famílias a entregarem as ra, a corrida ao crédito foi enorme. fundamental para as famílias que a
casas ao banco e até a recorrerem a Grande parte do endividamento é opção de mudança seja agilizada,
insolvências. E isso obrigou muitos com crédito à habitação, mas esta é visto que o peso de serviços essen-
a regressarem, com os seus agrega- também uma forma de investimen- ciais, como a água, a luz e o gás, é
dos familiares, à casa dos pais. to. O nosso grande endividamento muito significativo nos orçamentos
é para a compra da nossa habitação familiares. O passado recente diz-
Contabilista – No atual contexto, própria permanente, sabendo-se, -nos que algumas medidas de apoio
ter emprego deixou de ser garan- como já aqui referi, as dificuldades adotadas e que obrigavam a alguma
tia para não passar dificuldades? que existem em aceder ao mercado burocracia, acabaram por desmo-
N.N. – Sim, isso é reconhecido por de arrendamento. Custa-me, por bilizar muitos consumidores. E é
todos. Atualmente, temos taxas de isso, assistir à conotação, nomea- preciso não esquecer outro aspeto:
desemprego historicamente baixas damente por parte de dirigentes parte dos consumidores tem gás
e vemos que quem nos pede ajuda políticos estrangeiros, que no auge natural, mas ainda são muitos os
encontra-se, de uma forma geral, a da crise financeira, passaram a que utilizam gás de botija. O apoio
trabalhar. Seja no setor privado ou ideia de que os portugueses eram «Botija Solidária» foi agora reati-
no setor público. Também é preci- um povo algo irresponsável, endi- vado. Para ter uma botija por mês,
so não esquecer os reformados, que vidando-se muito para além do re- a pessoa tem de dirigir-se a um bal-
quando passam da vida ativa para a comendável. cão dos CTT munido de uma fatura
reforma sofrem uma redução subs- ou um elemento que demonstre que
tancial dos seus rendimentos, sen- Contabilista – Portugal é o tercei- é portador de tarifa social ou que
do que os encargos, cada vez mais, ro país, entre 25 países europeus, beneficie de prestação social mí-
se prolongam para lá da idade da onde a energia mais pesa no or- nima, para obter a devolução de 10
reforma. Basta recordar que há uns çamento das famílias de menores euros. Esta é uma medida que já es-
anos, o crédito à habitação só ia até rendimentos. Antecipa-se um In- teve em vigor, aproveitada por um
aos 60 ou 65 anos e hoje, em muitos verno muito duro com o aumento número muito reduzido de famílias,
casos, já chega aos 75 anos. dos preços da eletricidade e do em particular pela falta de informa-
gás. Como escapar aos aumentos ção e pela burocracia associada.
Contabilista – O país tem um gigantes do gás, mudando para Mas há mais casos. Os agregados
histórico que aponta para uma o mercado regulado? Num país familiares aproveitaram o «Auto-
situação crónica de endivida- onde a burocracia impera em voucher», mas muitos outros não
mento de famílias, empresas e do muitos setores, é viável transferir o fizeram. Para aceder era preciso
próprio Estado. Pode falar-se de 1,2 milhões de consumidores de ter internet e email, e sabemos que
uma questão cultural de difícil gás de um operador para outro? há muitos consumidores que ainda
erradicação? N.N. – Espero que a mudança para não dispõem destas ferramentas in-
N.N. – No caso das famílias exis- o mercado regulado do gás seja um formáticas e digitais. Em resumo,
te uma explicação cultural por- processo simples e com a menor há uma série de barreiras que im-
que gostam de ser proprietárias de burocracia possível, até porque a pedem as famílias de beneficiar de
imóveis. Até aos anos 80 o mercado fatura do gás é a que se antecipa determinados apoios.
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ENTREVISTA
Contabilista – Portanto, mais va- rem estes níveis de inflação, os mais dificuldades que estão a impactar a
les e tarifas sociais só serão úteis frágeis continuarão a necessitar de classe média. E só assim se explica
se o maior número de portugue- ajuda nos próximos tempos. que os apoios tenham sido alargados
ses conseguirem aceder a eles? até aos 2 700 euros de rendimen-
N.N. – Os apoios têm de ser ágeis Contabilista – O governo não to, por indivíduo. Mas este tipo de
e não podem ser burocráticos e, anunciou qualquer medida no apoios não elimina, de um dia para
preferencialmente, não devem de- âmbito do IVA dos produtos essen- o outro, as dificuldades com que as
pender muito da iniciativa do con- ciais, por exemplo. Com o cabaz famílias estão confrontadas, nem
sumidor, na medida em que muitas básico a preços muito elevados, sequer vai ter repercussões no cabaz
vezes ele acaba por não ter acesso à uma deslocação ao supermercado básico das famílias porque, nomea-
informação. Não nos podemos es- vai continuar a ser um exercício de damente nos produtos essenciais,
quecer que a Autoridade Tributária difíceis escolhas? não se registou descida no IVA.
e a Segurança Social têm a possibi- N.N. – O governo preferiu dar o
lidade de sinalizar os particulares apoio de 125 euros para salários bru- Contabilista – As famílias estão
economicamente vulneráveis. E tos até 2 700 euros. Pelo menos, há hoje mais protegidas e sensibili-
não temos dúvidas que, a continua- o reconhecimento de que existem zadas em casos de debilidade fi-
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ENTREVISTA
nanceira ou em casos de créditos acabam por recorrer a crédito para Contabilista – As criptomoedas
enganosos? fazer face ao pagamento das presta- e os pagamentos em “MB Way”
N.N. – As famílias continuam a ter ções. Os consumidores, por deses- também são outras formas fre-
baixas competências de literacia pero e por falta de conhecimento, quentes de cometer ilícitos. As
financeira, mas é preciso subli- acabam por recorrer a entidades, pessoas com pouca destreza digi-
nhar que algum trabalho se tem como o caso dos falsos intermediá- tal tornam-se presas mais fáceis?
feito neste domínio. Os próprios rios de crédito, que lhes aconselham N.N. – Sim, sem dúvida. As pessoas
reguladores, o Banco de Portugal, negócios lesivos dos seus interesses. quando utilizam ferramentas que
a CMVM e a Autoridade de Super- Os consumidores, por disporem de desconhecem acabam, facilmen-
visão de Seguros já têm programas informação negativa na Central de te, por cair em situações de fraude.
de literacia financeira e esta é uma Responsabilidades de Crédito, op- Isto aplica-se à realidade digital,
matéria que já começa a estar pre- tam por ir para a internet pesquisar como acontece nas criptomoedas,
sente nos currículos escolares. Está e chegam a estas entidades que su- mas também na aplicação de pou-
em consulta pública a possibilidade postamente prometem ajuda e res- panças ou em investimentos. Se o
de introduzir, de forma transversal, postas aos seus problemas. O resto consumidor não tiver a informação
a questão da literacia financeira no da história já se sabe. Vão atrás do toda pode ser lesado. E isso chegou
programa da Matemática do ensino engodo, desconhecendo que os in- a acontecer em Portugal, pelo me-
secundário. Mas é sabido que to- termediários têm de estar devi- nos com um banco, que penalizou
dos estes esforços não dão frutos no damente registados e autorizados muitas pessoas. Enquanto con-
imediato. Contudo, é preciso referir pelo Banco de Portugal, quando a tinuar a faltar, à generalidade da
que no período entre 2008 e 2012, primeira coisa que deviam verifi- população, informação, cultura fi-
coincidindo com a crise financei- car no site da autoridade monetária nanceira e competências em termos
ra, as famílias apreenderam alguns
conceitos, muitos deles difundidos
com o apoio da comunicação social.
Mas o que é um facto é que as famí-
lias continuam com baixas compe-
tências de literacia financeira, sem
saber o que fazer perante problemas
financeiros e a tomar más decisões
quando estão confrontadas com si-
tuações difíceis.
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ENTREVISTA
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Às portas do maior
Congresso de sempre!
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António Costa Silva, ministro da Eco-
nomia e do Mar, Ana Mendes Godinho,
ministra do Trabalho, Solidariedade e Segu-
rança Social, António Mendonça Mendes,
secretário de Estrado dos Assuntos Fiscais,
Alan Johnson, presidente da IFAC, a maior
organização mundial de contabilistas, Tia-
go Pitta e Cunha, administrador executivo
da Fundação Oceano Azul e Prémio Pessoa
António Costa Silva 2021; D. Américo Aguiar, Bispo Auxiliar Alan Johnson
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XVI Encontro Nacional dos Contabilistas Certificados
Mais de duas mil pessoas participaram no XVI convívio anual dos contabilistas certificados
outdoors junto à autoestrada não dei- dos contabilistas certificados e dos seus Atividades para todos
xam margem para dúvidas: «A festa que familiares, provenientes de um pouco os gostos e idades
até faz parar o trânsito»; «Venha dançar de toda a geografia nacional. O sol in- No ato de credenciação uma dezena de
na melhor festa popular»; ou «Catedral clemente de um mês de julho abrasador colaboradores da Ordem procuravam
da alegria». levou a que as sombras, as garrafas de dar vazão a uma fila que começava a
A «festa» ou «catedral» dá pelo nome de água e os protetores solares fossem ganhar dimensão. Bolos de gema para
Quinta da Malafaia e ergue-se num dos muito disputados. Os lenços tradicionais uns; cavacas para outros e powerbanks
extremos do distrito de Braga, paredes minhotos, uma das ofertas a que os fo- eram as ofertas para os adultos, a par
meias com Viana do Castelo. Foi este liões tiveram direito e que são também dos já referidos lenços. Para os mais pe-
o local escolhido para a realização do conhecidos por lenços dos namorados – quenos, o saco continha um cubo mági-
XVI Encontro Nacional dos Contabilistas característicos pelos bordados com fra- co e um livro da coleção «A Joaninha e
Certificados, no passado dia 9 de julho e ses e motivos variados – eram usados de os impostos», obra editada pela Ordem
foi este o epicentro do maior evento do múltiplas formas: em redor do pescoço, e que tem na educação e literacia fiscal
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XVI Encontro Nacional dos Contabilistas Certificados
o seu grande desiderato. fotos para a posteridade no photo oppor- Camila Silva aproveitaria, aliás, a visita de
No sentido de facilitar a ordeira disposi- tunity com desenhos de minhotas, ou com Paula Franco à sua banca para oferecer
ção das mais de duas mil pessoas no in- os jogos populares disponibilizados. O um tabuleiro com motivos minhotos alu-
terior do espaço para o almoço, ao lado jogo da malha, o pião, a corrida de sacos sivos ao XVI Encontro.
da credenciação marcava-se, antecipada- ou os insufláveis para os mais jovens fo-
mente, o lugar para o repasto. Qualquer ram algumas das atrações matinais. Uma oleada máquina
questão era respondida pelos elementos Mas não só. No piso superior do edifício organizativa
do staff, facilmente identificáveis com as foi criado um parque infantil improvisado, Com o aproximar da hora do almoço, au-
suas t-shirts vermelhas. em ambiente climatizado, com escorre- mentava a concentração de pessoas junto
Já que aqui se disse que a Quinta da Ma- gas, raquetes e pinturas faciais, estas ao coreto, próximo do corredor de acesso
lafaia recebeu contabilistas certificados sempre muito requeridas e recheadas de ao interior do enorme salão. Uma arrua-
de todas as regiões do país. Alguns, mui- cor e imaginação. da com cabeçudos, gigantones, bombos e
tos, chegaram de autocarro, em excur- Houve alternativas para todos os gostos gaiteiros despertava a atenção. O grupo
sões propositadamente organizadas para porque no exterior, enquanto não chega- de bombos dos Voluntários de Fornelos,
o efeito. O primeiro a chegar ao Minho va a hora do almoço, a cargo de um DJ de Barcelos, com as gaitas de foles e a
foi o que partira de Lisboa, pouco depois ficaram os primeiros sons do dia, para os concertina, deu o ritmo.
das 5 horas da madrugada. O transporte mais afoitos para um pezinho de dança. A entrada para o repasto e para o muito
dos membros do Porto e Braga chegaria Para os apaixonados pelas artes e pela mais que se lhe seguiria fez-se de forma
pouco depois. cultura popular, houve um workshop de espaçada e sem atropelos. As 320 mesas
Enquanto isso, nos bastidores da festa, bordados do Minho e olaria de figurado disponíveis ficaram preenchidas ao fim de
dezenas de colaboradores da Quinta da de Barcelos com artesãos. Camila Rio quase 45 minutos. O speaker de serviço
Malafaia afadigavam-se nos últimos pre- Silva, também conhecida por “Mi-linha”, deu as boas-vindas e garantiu, se dúvidas
parativos. Seis porcos começaram, bem e os irmãos Baraça, Vitor e Moisés, esti- houvesse, que a comida chegaria para
cedo, a ser assados no espeto, depois de veram disponíveis para partilhar ensina- todos. A oleada máquina da organização
preparados o louro e o molho que iriam mentos e alguns dos segredos aos parti- fez com que o processo fosse célere, o que
conferir um sabor especial à carne. cipantes interessados, primeiro ao ar livre para muito terá contribuído o serviço de
Por aqueles lados, em ambiente aberto e, posteriormente, no interior do edifício mesa integral, em que só as sobremesas
e aproveitando a sombra das árvores, o que albergou o almoço e o convívio, com se localizam num local distinto.
tempo era passado à conversa, a tirar a exposição de um considerável espólio. Para depois do almoço ficaram as atra-
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Afonso Costa está longe de ser um es- Viajou de Lisboa com o marido e o filho mentando que «em todas as profissões
treante nestas andanças – leia-se en- para passar o fim de semana, ficando há conflitos.» Na companhia deste trio
contros dos contabilistas – e recorda-se instalada em Esposende. Os prazos e feminino encontrava-se Raúl Guimarães,
mesmo de ter estado presente em ante- as obrigações ficaram, temporariamen- que também reside em Braga. Nada tem
riores edições, em Viseu e Vila Flor. Vin- te, à margem das suas preocupações. a apontar à organização e lamenta ape-
do do Porto, este profissional considera «Fomentar a união entre colegas» é, na nas a elevada temperatura verificada,
que eventos desta natureza são uma for- sua perspetiva, a grande mais-valia do fazendo votos para que a próxima edi-
ma de «reunir a família dos contabilistas Encontro, à semelhança, aliás, da festa ção do Encontro seja novamente no Mi-
certificados», promovendo o intercâmbio de Natal anual também promovida pela nho. Em alternativa, sugere «um sunset
de ideias e pontos de vista entre pessoas OCC. Ana Lima promete repetir a pre- na praia». Uma ideia à consideração do
que representam uma profissão que «é sença no próximo ano, sempre com a sua conselho diretivo da Ordem.
muito valiosa.» Rosalina Machado afina inseparável família por perto. José Gomes apresentou-se em Esposen-
pelo mesmo diapasão. Assídua neste tipo de com uma atitude peculiar. «Mesmo
de eventos, «alegres e descontraídos», a Lazer e parcerias numa jornada de convívio, é possível que
bracarense sente-se «perfeitamente in- Isabel Silva fez uma curta viagem até existam oportunidades para negócios e
tegrada» pelo facto de o Encontro possi- à Quinta da Malafaia. Viajou de Braga outras parcerias», sustenta o contabilis-
bilitar o convívio entre amigos e colegas, com duas amigas, ambas professoras, ta certificado de Lamego. «Nunca con-
alguns dos quais «há muito tempo que e um amigo contabilista. Garantiu ter- seguimos, completamente, por de lado a
não mantinha contacto.» -se «divertido muito», especialmente profissão, mesmo num dia de descanso.
Ana Lima travou conhecimento do even- a dançar e a beber. Rejeita a teoria de Os contabilistas estão sempre em des-
to através das reuniões livres online. que a profissão está «desunida», argu- canso ativo», acrescenta.
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XVI Encontro Nacional dos Contabilistas Certificados
O Encontro em números
A organização de um encontro que juntou mais de duas mil pessoas, exigiu um grande esforço e articulação logística, tanto
da Quinta da Malafaia, como da Ordem. Como se pode imaginar, e pelo número de inscritos, a vertente alimentar foi a mais
sensível. As quantidades, em quilos e em unidades, usadas para o Encontro são impressionantes, como provam os números:
150 colaboradores
Quinta da Malafaia
No serviço das 320
Sumos de mesas, cada um
Laranja com 4 mesas
518 unidades a seu cargo. Bolo do evento
203 Kg
Espumante Balões
332 unidades 1000 unidades
Broa
556 Kg
Vinho
144 garrafas de vinho branco
332 garrafas de vinho tinto
356 garrafas de vinho verde branco
Pão de ló
352 Unidades
Cerveja
700 litros Sardinhas
2100 Unidades
Sangria
Farinha para
500 litros as farturas
100 Kg
Águas Salgados
2100 unidades de 1.5l 2000 pastéis de bacalhau
2304 unidades de 0.33cl 445 rissóis Reportagem 1
760 croquetes
Reportagem 2
Galeria fotográfica
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NOTÍCIAS
Digital Leaders
Ordem esteve presente no lançamento de plataforma online
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NOTÍCIAS
«Obra atual» de um
«fazedor de pontes»
Reportagem Jorge Magalhães | Fotos Raquel Wise
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NOTÍCIAS
Ana Abrunhosa, que desde logo fez ques- editora «Edições Esgotadas» e é o resul-
tão de clarificar que marcou presença tado do percurso profissional do autor ao
como «amiga e não como ministra da longo de três décadas, apresentando uma
Coesão Territorial» não poupou nas pala- análise da medição realizada em platafor-
vras para traçar um breve perfil do autor, mas digitais entre a oferta e a procura,
vincando tratar-se de «uma pessoa com identificando os fatores de inovação do
um humor maravilhoso e com caracterís- comércio online e analisando-os à luz das
ticas únicas.» Nesse sentido, revelou, «é transformações que ocorrem atualmente
das pessoas mais leais que conheci em nas sociedades.
toda a minha vida profissional. Trabalha- Desde 2012 e durante quase uma década,
mos juntos quase uma década e sou teste- Luis Caetano foi vice-presidente da Comis-
munha de que essa lealdade se transmitia são de Coordenação e Desenvolvimento
em todos os atos. É um fazedor de pon- Regional do Centro e, desde 2018, é mem-
tes, alguém sempre pronto para encontrar bro do Conselho Jurisdicional da Ordem
soluções.» Sobre a obra, a responsável dos Contabilistas Certificados. É professor
governativa foi clara: «Mostra-nos com adjunto do Instituto Superior de Educação
clareza que Luís Caetano anda, muitas das e Ciências (ISEC Lisboa) na área da Gestão
vezes, à frente do seu tempo.» Autárquica.
«Comércio eletrónico» tem a chancela da Galeria fotográfica
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ORDEM NOS MEDIA
∞ IVA – Localização das prestações de serviços ∞ IRS – Atividades empresariais e profissionais OE 2022 - Alterações ao "IRS
∞ IVA – Transmissão de património ∞ Pagamento especial por conta Jovem"
∞ IVA – Taxas ∞ Ativos intangíveis Artigo de Bernardo Correia, consultor
∞ IRC – Dupla tributação internacional ∞ Adiantamentos da Ordem
∞ IRC – Transparência fiscal ∞ Donativo
IRC – encargos não dedutíveis
Artigo de Júlio Wilson, consultor da
*Mais informação em: https://www.occ.pt/pt/noticias/pareceres-tecnicos/ Ordem
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COLABORAÇÃO ISCAP
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COLABORAÇÃO ISCAP
relações empresariais, os seus pro- Para efeitos deste Decreto-Lei n.º apoia a capacidade da empresa em
dutos ou serviços suscetíveis de ter 98/2015: gerar valor no curto, médio e longo
impactos negativos nesses domí- «3 - Consideram-se médias entidades prazo;
nios e a forma como esses riscos são aquelas que, de entre as referidas no • Modelo de negócios: qual é o modelo
geridos pela empresa; artigo 3.º, excluindo as situações refe- de negócios da empresa e como é que
e) Indicadores-chave de desempe- ridas nos números anteriores, à data do este se adequa ao meio envolvente;
nho relevantes para a sua atividade balanço, não ultrapassem dois dos três • Riscos e oportunidades: que riscos
específica.» limites seguintes: e oportunidades específicos afetam a
Para efeitos deste artigo 66.º-B, consi- a) Total do balanço: 20 000 000 capacidade da empresa em gerar va-
dera-se, basicamente: euros; lor e como é que a empresa os gere;
- Entidades de interesse público, as b) Volume de negócios líquido: • Estratégia e alocação de recursos:
assim qualificadas pelo artigo 3.º do 40 000 000 euros; para onde a organização deseja ir e
Regime Jurídico de Supervisão de c) Número médio de empregados du- como pretende chegar lá;
Auditoria, aprovado nos termos do rante o período: 250. • Desempenho: até que ponto a em-
artigo 2.º da Lei n.º 148/2015, de 9 de 4 - Grandes entidades são as entida- presa já alcançou seus objetivos es-
setembro. De acordo com esta regula- des que, à data do balanço, ultrapas- tratégicos para o período e quais são
mentação, as entidades de interesse sem dois dos três limites referidos no os impactos no tocante aos efeitos so-
público são essencialmente: os emi- número anterior.» bre os capitais;
tentes de valores mobiliários admiti- • Perspetiva: quais são os desafios e
dos à negociação num mercado regu- Aspetos que devem constar as incertezas que a empresa provavel-
lamentado situado ou a funcionar em de um relatório não financeiro mente enfrentará ao perseguir a sua es-
Portugal e as instituições de crédito; A título exemplificativo, elencam-se tratégia e quais são as potenciais impli-
- Grandes empresas, aquelas que alguns aspetos que devem constar de cações para o seu modelo de negócios e
excedam pelo menos dois dos três um relatório (demonstração) não fi- seu desempenho futuro;
limites definidos no n.º 3 do arti- nanceiro: • Base para apresentação: como é que
go 9.º, apurados nos termos do ar- • Visão geral organizacional e am- a empresa determina os temas a se-
tigo 9.º-A, ambos do Decreto-Lei biente externo: o que a empresa faz e rem incluídos no relatório não finan-
n.º 158/2009, de 13 de julho, com a sob que circunstâncias atua; ceiro e como estes temas são quanti-
redação dada pelo Decreto-Lei n.º • Governo: como é constituído o go- ficados ou avaliados
98/2015, de 2 de junho. verno da empresa e como é que este Refira-se que, em termos interna-
30 CONTABILISTA 268
COLABORAÇÃO ISCAP
cionais, a abordagem para a elabo- ra equilibrada e isenta de erros ma- • Permitem a comparação entre o
ração de um relatório não financeiro teriais. As informações num relatório desempenho internamente, e entre
baseia-se essencialmente em prin- não financeiro devem ser apresenta- empresas e setores.
cípios e não em regras. A intenção é das: em bases coerentes ao longo do Na prática só são obrigadas a este re-
encontrar um equilíbrio adequado tempo; e de maneira a permitir uma latório (demonstração) não financeiro
entre flexibilidade e prescrição que comparação com outras empresas. as empresas com valores mobiliários
reconheça a grande variedade de cir- cotados em mercados organizados
cunstâncias individuais de diferentes Vantagens dos relatórios (desde que sejam consideradas gran-
organizações, e que permita um grau não financeiros des empresas) e as instituições de
suficiente de comparabilidade entre Em termos gerais, podemos afirmar crédito. Deste modo, em Portugal
organizações para atender a impor- que os relatórios não financeiros têm e em grande parte dos países euro-
tantes necessidades de informação. as seguintes vantagens: peus este relatório é maioritaria-
Deste modo, não são impostos indi- • Aumentam a compreensão dos mente facultativo, o que faz com que
cadores de desempenho específicos, riscos e oportunidades; os utentes da informação tenham
métodos de mensuração ou divulga- • Enfatizam a ligação entre o desem- algumas dificuldades quando pre-
ção de assuntos individuais. penho financeiro e não financeiro; tendem comparar empresas.
Basicamente, um relatório não fi- • Influenciam a estratégia, políti- No nosso entendimento, deveria a
nanceiro deve estar orientado para o ca de gestão e planos de negócios a legislação fomentar que outras em-
futuro, fornecendo uma visão da es- longo prazo; presas também produzissem este
tratégia da empresa. Deve evidenciar • Racionalizam os processos, redução tipo de informação. Os mercados
como é que os diversos fatores afetam de custos e melhoria da eficiência; ganhariam com mais transparên-
a capacidade da empresa em gerar • Comparam e avaliam o desempenho cia e divulgação de informação ne-
valor. Como é que a empresa respon- de sustentabilidade em relação às leis, vrálgica que ajudaria os utentes, se-
de aos legítimos interesses das partes normas, códigos, padrões de desem- jam eles quais forem, a decidir com
interessadas. Um relatório não fi- penho e iniciativas voluntárias; maior assertividade. Esperemos que
nanceiro deve ser conciso e abranger • Ajudam a empresa a evitar falhas se caminhe nesse sentido.
todos os assuntos relevantes, tanto ambientais, sociais e de governação
positivos como negativos, de manei- públicas; *Docente do ISCAP
JULHO 2022 31
COLABORAÇÃO ISCA-UA
32 CONTABILISTA 268
COLABORAÇÃO ISCA-UA
Medidas comuns para de euros nas suas demonstrações fi- 2022, numa reunião dos ministros das
a tributação mínima efetiva nanceiras consolidadas em, pelo me- Finanças da União Europeia, a Hun-
A proposta de diretiva enquadra-se nos, dois dos últimos quatro exercí- gria veio inesperadamente afirmar
assim no acordo internacional e esta- cios fiscais consecutivos, prevendo, que não apoia a introdução do impos-
belece as modalidades de aplicação no entanto, algumas exceções. to mínimo global, pelo que os esforços
prática dos princípios da taxa de im- As regras propostas preveem que se a desenvolvidos nos últimos anos nesta
posto efetiva de 15 por cento na UE, taxa de imposto efetiva mínima não matéria voltam a dar um passo atrás.
incluindo um conjunto de regras so- for aplicada pelo país em que se en- O mundo global em que vivemos está
bre o método de cálculo desta taxa de contra estabelecida uma empresa su- marcado por inúmeros desafios, sen-
imposto efetiva, para que seja aplica- jeita a uma baixa tributação, existem do a fiscalidade internacional sub-
da de forma coerente em toda a UE. disposições que permitem que o Esta- jacente à globalização da economia
Conforme referido na proposta de do-membro da empresa-mãe aplique uma matéria de elevada complexi-
diretiva, são estabelecidas medidas um imposto complementar. dade pelas características inerentes
comuns para a tributação mínima Por outro lado, a proposta de direti- e pela concorrência fiscal em parti-
efetiva dos grupos de empresas mul- va prevê igualmente determinadas cular.
tinacionais sob a forma de: exceções, nomeadamente a possibi- A definição de regras contra a erosão
- Uma regra de inclusão de ren- lidade, em determinados casos, das das bases tributáveis mantém-se con-
dimentos segundo a qual uma empresas poderem excluir um mon- tinuamente na agenda política tendo
entidade-mãe de um grupo de tante de rendimentos equivalente a como objetivo um sistema de tribu-
empresas multinacionais ou de cinco por cento do valor dos ativos tação global mais justo e de comba-
um grande grupo nacional calcula tangíveis e a cinco por cento dos ven- te à concorrência fiscal prejudicial.
e cobra a sua percentagem de afe- cimentos. Neste âmbito, a União Europeia tem
tação do imposto complementar Em maio de 2022, o texto da propos- um papel crucial ao estabelecer um
no que respeita às entidades cons- ta de diretiva foi aprovado no Parla- equilíbrio entre os vários interesses
tituintes do grupo sujeitas a baixa mento Europeu com algumas altera- dos Estados-membros. No entanto, a
tributação; e ções que se encontram patentes no unanimidade requerida reflete igual-
- Uma regra de pagamentos sub- relatório sobre a proposta de diretiva mente a dificuldade na obtenção do
tributados segundo a qual uma do Conselho relativa à fixação de um consenso necessário sobre esse mes-
entidade constituinte de um grupo nível mínimo mundial de tributação mo equilíbrio.
de empresas multinacionais cobra para os grupos multinacionais na
uma percentagem de afetação do União Europeia, tendo como relatora
imposto complementar calculado Aurore Lalucq 2 . Neste âmbito, é tam- *Professor adjunto convidado do ISCA-UA
pela entidade-mãe final do grupo bém indicado que o Grupo do Código Contabilista certificado
que não foi cobrada ao abrigo da de Conduta do Conselho (fiscalidade Revisor oficial de contas
regra de inclusão de rendimentos das empresas) deve acompanhar em
no que respeita às entidades cons- permanência o desenvolvimento das Bibliografia disponível em («A Ordem – Publica-
tituintes do grupo sujeitas a baixa normas de contabilidade e a sua apli- ções – Revista Contabilista – Bibliografia»)
tributação. cação para efeitos fiscais mínimos e
se necessário apresentar propostas de Notas
Âmbito de aplicação da diretiva ajustamento das regras para determi- 1
Comissão Europeia, COM (2021) 823 final,
Quando ao âmbito de aplicação a nação dos lucros devendo a Comissão 22.12.2021
proposta de diretiva prevê a sua prestar assistência neste domínio. 2
Parlamento Europeu, Comissão dos As-
aplicação às entidades constituin- No entanto, importa referir que o tex- suntos Económicos e Monetários, «Relató-
tes localizadas na União que sejam to final da diretiva terá que ser apro- rio sobre a proposta de diretiva do Conse-
membros de um grupo de empresas vado por unanimidade dos Estados- lho relativa à fixação de um nível mínimo
multinacionais ou de um grande -membros para que a diretiva possa mundial de tributação para os grupos mul-
grupo nacional com receitas anuais ser efetivamente aplicada. tinacionais na União» (COM (2021)0823 –
iguais ou superiores a 750 milhões Mais recentemente, em junho de C9-0040/2022 – 2021/0433(CNS)), 3.5.2022
JULHO 2022 33
FISCALIDADE
A venda de uma viatura que se económicos do seu uso como, por os proventos líquidos da alienação,
configure como um elemento exemplo, abate por obsolescência ou se os houver, e a quantia escriturada
do ativo fixo tangível é uma ope- sinistros, doação, atribuição na par- do item.
ração suscetível do apuramento de tilha, entre outras. Em complemento ao registo con-
mais ou menos-valias quer conta- O registo do desreconhecimento do tabilístico deverá ser efetuado um
bilísticas quer fiscais. Consideran- item será efetuado pela quantia es- cálculo extracontabilístico para
do a prática relativamente comum criturada à data. Por definição, a apuramento da mais-valia ou me-
que existe de praticar depreciações quantia escriturada de um ativo é nos-valia. A fórmula para apurar
atendendo ao período de vida útil a sua quantia recuperável no final essa mais-valia ou menos-valia con-
estabelecido para efeitos fiscais, e do período, ou seja, será o respetivo tabilística será como segue na tabela
não pela realidade económica, as- custo líquido de quaisquer deprecia- em baixo.
sim como a não utilização de valor ções e/ou perdas por imparidade já Os registos contabilísticos a efetuar
residual, importa analisar o efeito reconhecidas. serão:
destes procedimentos aquando da O ganho ou perda decorrente do - Pela anulação das depreciações
venda da viatura e consequente cál- desreconhecimento de um item do acumuladas e determinação da
culo da mais-valia. ativo fixo tangível deve ser incluí- quantia escriturada:
Acresce que as viaturas cujo valor de do nos resultados do período, sendo Débito: 438 - Ativos fixos tangíveis -
aquisição excede o limite fiscalmen- que este resulta da diferença entre Depreciações acumuladas
te aceite para as mesmas, também
comportam algumas especificida-
des aquando da sua alienação. Com Mais-valia ou menos-valia contabilística
este artigo pretendemos exemplifi- Mvc ou mvc = VR - (Vaq (ou Vreav) - DAc/PIac)
car o efeito das depreciações prati-
Em que:
cadas aquando do cálculo da mais-
-valia resultante da alienação de Mvc ou mvc - Mais-valia contabilística ou menos-valia contabilística
viatura. VR - Valor de realização, líquido dos encargos que lhe sejam inerentes
Vaq - Valor de aquisição
Tratamento contabilístico
O desreconhecimento de itens do Vreav - Valor de reavaliação
ativo fixo tangível deve ocorrer no DAc - Depreciações acumuladas contabilizadas
momento da alienação ou quan-
PIac - Perdas por imparidade acumuladas contabilizadas
do não se espere futuros benefícios
34 CONTABILISTA 268
FISCALIDADE
Débito: 439 - Ativos fixos tangíveis - credores (valor de venda) rosa de bens do ativo fixo tangível,
Perdas por imparidade acumuladas Débito: 6871 – Outros gastos - Gas- qualquer que seja o título por que
Por contrapartida a: tos em investimentos não financei- se opere e, bem assim, os decorren-
Crédito: 434 - Ativos fixos tangí- ros – Alienações (menos-valia, que tes de sinistros ou os resultantes da
veis – Equipamento de transporte será a diferença negativa entre o va- afetação permanente a fins alheios à
Pelo montante das depreciações e/ lor de venda e a quantia escriturada) atividade exercida, nos termos pre-
ou perdas por imparidade acumu- Por contrapartida a: vistos no artigo 46.º do Código do
ladas Crédito: 434 - Ativos fixos tangí- IRC.
- Pelo desreconhecimento do ati- veis – Equipamento de transporte Admitindo a existência de uma
vo fixo tangível considerando a (quantia escriturada) mais-valia, esta configura um ren-
existência de mais-valia contabi- No caso dos itens do ativo fixo tan- dimento tributável nos termos do
lística: gível já se encontrarem totalmente disposto na alínea h) do n.º 1 do ar-
Débito: 278 – Outras contas a re- depreciados, ou seja, a sua quantia tigo 20.º do Código do IRC. Por sua
ceber e a pagar – Outros devedo- escriturada é zero, no momento do vez, sendo apurada uma menos-va-
res e credores (valor de venda) respetivo abate, deverão ser des- lia, esta configura uma perda dedu-
Por contrapartida a: reconhecidos do ativo da entidade, tível nos termos previstos na alínea
Crédito: 434 - Ativos fixos tangí- bastando efetuar um registo con- l) do n.º 2 do artigo 23.º do Código
veis – Equipamento de transporte tabilístico de anulação da conta do do IRC, com a limitação resultante
(quantia escriturada) ativo por contrapartida da anulação da alínea l) do n.º 1 do artigo 23.º-
Crédito: 7871 – Outros rendimen- do montante das depreciações e/ou A do Código do IRC, cuja fórmula se
tos - Rendimentos em investimen- perdas por imparidade acumuladas. encontra na Circular n.º 6/2011, de
tos não financeiros – Alienações O valor de realização, neste caso, 5 de maio.
(mais-valia, que será a diferença configura um rendimento (7871) na As mais-valias e as menos-valias são
positiva entre o valor de venda e a sua totalidade, movimentado por dadas pela diferença entre o valor
quantia escriturada) contrapartida do devedor (278). de realização, líquido dos encargos
- Pelo desreconhecimento do ativo que lhe sejam inerentes e o valor de
fixo tangível considerando a exis- Enquadramento fiscal aquisição, deduzido das deprecia-
tência de menos-valia contabilísti- Em termos fiscais, consideram-se ções e amortizações aceites fiscal-
ca: mais ou menos-valias realizadas os mente, das perdas por imparidade e
Débito: 278 – Outras contas a rece- ganhos obtidos ou as perdas sofri- outras correções de valor previstas
ber e a pagar – Outros devedores e das, decorrentes da alienação one- para efeitos fiscais, atualizado pelo
coeficiente de desvalorização mo-
Mais-valia ou menos-valia fiscal netária (quando tenham decorridos
dois anos desde a sua aquisição).
Mvf ou mvf = VR - (Vaq - Pim - Daf) x Coef.
Sendo que a Autoridade Tributária
Sendo: e Aduaneira emitiu esclarecimen-
Mvf ou mvf - Mais-valia fiscal ou menos-valia fiscal tos – a Circular n.º 6/2011, de 5 de
maio – considerando que no caso de
VR - Valor de realização, líquido dos encargos que lhe sejam inerentes
alienação de viatura ligeira de pas-
Vaq - Valor de aquisição sageiros adquiridas acima do limite
Pim - Perdas de imparidade (aceites fiscalmente) nos termos dos artigos legal previsto, deve considerar-se o
valor das depreciações praticadas (e
28.º-A e 31.º-B do Código do IRC
não as fiscalmente aceites).
Daf - Depreciações ou amortizações acumuladas aceites fiscalmente (ou Ou seja, a Circular n.º 6/2011, de 5
praticadas no caso das viaturas ligeiras de passageiros adquiridas acima de maio, além de clarificar a inter-
pretação da alínea l) do n.º 1 do arti-
do limite fiscal)
go 23.º-A do Código do IRC, através
Coef. - Coeficiente de desvalorização da moeda (Portaria do Ministro das da disponibilização da fórmula para
Finanças) cálculo desse limite, veio também
JULHO 2022 35
FISCALIDADE
referir-se quanto ao disposto no n.º do qual as depreciações das viatu- é de 25 mil euros ou de 50 mil euros
2 do artigo 46.º do Código do IRC. ras ligeiras de passageiros ou mis- caso se trate de viaturas exclusiva-
Ainda que o n.º 2 do artigo 46.º do tas (desde que tais bens não estejam mente elétricas.
Código do IRC estabeleça que no afetos ao serviço público de trans- Para as viaturas ligeiras de passa-
cálculo da mais-valia deve consi- portes nem se destinem a ser aluga- geiros ou mistas adquiridas em 2015
derar-se o valor das depreciações dos no exercício da atividade normal ou nos anos seguintes, o montante
fiscalmente aceites, a AT através do sujeito passivo) não são fiscal- do limite passa a ser de:
de doutrina, impõe que no caso de mente aceites, importa analisar o - 62 500 euros relativamente a
viaturas ligeiras de passageiros ad- disposto na Portaria n.º 467/2010, de veículos movidos exclusivamente
quiridas acima do limite legal, deve 7 de julho. a energia elétrica;
considerar-se as depreciações pra- Este limite está dependente da data - 50 000 euros relativamente a
ticadas. Se assim não fosse, o sujeito de aquisição da viatura. veículos híbridos plug-in;
passivo que ao longo dos anos teve Para as viaturas adquiridas durante - 37 500 euros relativamente a veí-
que acrescer o excesso do gasto com o ano de 2010 o limite é de 40 mil eu- culos movidos a gases de petróleo
depreciações praticadas acima do ros. Nas viaturas adquiridas durante liquefeito ou gás natural veicular;
limite legal, iria “recuperar” a pe- o ano de 2011 o limite é de 30 mil eu- - 25 000 euros relativamente às
nalização sofrida aquando do cálcu- ros ou de 45 mil euros caso se trate restantes viaturas não abrangidas
lo da mais-valia pela venda do item. de viaturas exclusivamente elétri- nas alíneas anteriores.
(ver tabela da página anterior). cas. As viaturas adquiridas durantes Para as viaturas adquiridas antes de
No que se refere ao limite a partir os anos de 2012, 2013 e 2014 o limite 2010, o limite fiscal das depreciações
*Desde que tais viaturas não estejam afetas ao serviço público de transportes nem se destinem a ser alugados no exercício da
atividade normal do sujeito passivo.
A acrescer
739:Diferença positiva entre as mais-valias e as menos-valias fiscais sem intenção de reinvestimento (art.º 46.º)
740: 50% da diferença positiva entre as mais-valias eas menos-valias fiscais com a inteção expressa de reinvestimento (art.º 48.º n.º1)
752:Outros acréscimos
A deduzir
36 CONTABILISTA 268
FISCALIDADE
estava fixado em 29 927,87 euros, sen- regime de tributação com base nas A sociedade “XYZ” alienou uma via-
do este limite a ter em consideração, regras da contabilidade organiza- tura de turismo em 2021 por 7 000
conforme entendimento da Autori- da, então os campos a preencher do euros A viatura havia sido adquirida
dade Tributária e Aduaneira através quadro 04 do anexo C à declaração em 2017 por 20 000 euros e já se en-
de Informação Vinculativa (Proc.: modelo 3 serão os constantes tabela contrava totalmente depreciada.
816/2011, com despacho concordan- em baixo. Cálculo da mais-valia contabilística:
te do diretor-geral dos Impostos em MVc / mvc = VR - (Vaq.(ou Vreav) -
20.05.2011, proferido no parecer n.º Exemplos DAc/PIac)
16/2011, do Centro de Estudos Fiscais). De seguida, iremos considerar vá- Mais-valia contabilística = 7 000 –
As correções fiscais nesta matéria rios exemplos, em sede de IRC, com (20 000 – 20 000) = 7 000
são efetuadas aquando do preenchi- o intuito de demonstrar a aplicação Registos contabilísticos:
mento do quadro 07 da declaração prática dos diversos normativos. Débito: 438x – Depreciações acu-
modelo 22. Num primeiro momento, Para simplificação utilizamos os se- muladas
o resultado contabilístico será ex- guintes pressupostos: Crédito: 434x – AFT Equipamento de
purgado do efeito da venda do ativo - Nunca se considera a utilização do transporte – Viatura
fixo tangível, isto é, a mais-valia regime do reinvestimento; Valor: 20 mil euros
A acrescer
434:Diferença positiva entre as mais-valias e as menos-valias fiscais sem intenção de reinvestimento (art.º 46.º)
435: 50 por cento da diferença positiva entre as mais-valias eas menos-valias fiscais com a inteção expressa de reinvestimento (art.º 48.º
n.º1)
A deduzir
contabilística será deduzida e/ou - É sempre considerada a taxa de IRC Débito: 278x – Outros devedores e
a menos-valia contabilística será de 21 por cento; credores
acrescida. Posteriormente, impor- - Não se considera a penalização de Crédito: 7871 - Rendimentos e ganhos
ta adicionar o resultado fiscal, pelo 10 por cento na taxa de tributação em investimentos não financeiros –
que será acrescida a mais-valia fis- autónoma pela existência de prejuí- Alienações
cal (ou 50 por cento no caso de ser zos fiscais; Valor: 7 mil euros
utilizado o regime do reinvestimen- - Nos exemplos 4, 5 e 6 é considerada Cálculo da mais-valia fiscal:
to) e/ou será deduzida a menos-valia a taxa de 17,5 por cento admitindo Mvf ou mvf = VR líquido - (Vaq - Pim
fiscal ou parte dela, por aplicação da que a viatura se enquadra no n.º 18 - Daf - Vgf) x Coef
alínea l) do n.º 1 do artigo 23.º-A do do artigo 88.º do Código do IRC; Mais-valia fiscal = 7 000 – (20 000 –
Código do IRC. - Para determinação do coeficiente 20 000) x 1,01 = 7 000
Assim, aquando do preenchimento de desvalorização monetária foi uti- Neste caso, como a viatura está total-
do quadro 07 da declaração modelo lizada a Portaria n.º 220/2021, de 22 mente depreciada a mais-valia con-
22 são relevantes os campos cons- de outubro. tabilística é igual à mais-valia fiscal,
tantes da segunda tabela da página Exemplo 1 - Venda de viatura ligeira pois o coeficiente de desvalorização
anterior. de passageiros adquirida abaixo do não produz qualquer efeito, uma vez
Caso se trate de um sujeito passi- limite fiscal e que se encontra total- que a quantia escriturada é zero.
vo pessoa singular enquadrado no mente depreciada. Preenchimento do quadro 07 da de-
JULHO 2022 37
FISCALIDADE
38 CONTABILISTA 268
FISCALIDADE
Exemplo 1 Exemplo 2
Ativo fixo tangível 20 000,00 Ativo fixo tangível 20 000,00
D438 D438
1 1
C434 20 000,00 C434 15 000,00
Acrescer Acrescer
739: Dif. positiva sem intenção rein- 7 000,00 739: Dif. positiva sem intenção rein- 1 950,00
vestimento vestimento
Deduzir Deduzir
Observações: Observações:
"Potencial" redução IRC c/depr. -4 200,00 "Potencial" redução IRC c/depr. -3 150,00
Com os exemplos 1 e 2 pretende-se o próprio cálculo da mais-valia seja limite fiscal que não está totalmente
alertar para o diferente momento influenciado pelo coeficiente de des- depreciada e de cuja alienação resul-
de sujeição a IRC. Isto é, no exemplo valorização monetária. Não são aqui ta uma menos-valia.
1 foi considerado o período de vida equacionados outros elementos que A sociedade “RTS” alienou uma via-
útil mínimo, resultando deste pro- podem conduzir a diferentes con- tura de turismo em 2021 por 3 000
cedimento um gasto com deprecia- clusões, nomeadamente o facto de euros. A viatura havia sido adquirida
ções superior, comparativamente ao existirem prejuízos fiscais que po- em 2017 por 20 000 euros e, à data,
exemplo 2, em que o período de vida derão não permitir a utilização total o valor das depreciações acumuladas
útil considerado foi superior e, logo, do gasto (nesse ano) e que podem ter ascendia a 15 000 euros.
a taxa de depreciação mais baixa. O conduzido à penalização da taxa de Cálculo da mais-valia contabilística:
facto de a viatura estar totalmente tributação autónoma em dez pontos MVc / mvc = VR - (Vaq.(ou Vreav) -
depreciada aquando da sua aliena- percentuais. DAc/PIac)
ção conduz a que a totalidade do va- Exemplo 3: venda de viatura ligeira Menos-valia contabilística = 3 000 –
lor de venda seja tributado, sem que de passageiros adquirida abaixo do (20 000 – 15 000) = -2 000
JULHO 2022 39
FISCALIDADE
Registos contabilísticos:
1) Débito: 438x – Depreciações acu-
muladas
Crédito: 434x – AFT Equipamento de
«No que se refere à tributação de imposto sobre o rendimento,
transporte – Viatura além da tributação autónoma a que estas viaturas estão sujeitas,
Valor: 15 000 as políticas adotadas acerca da determinação do período
2) Débito: 278x – Outros devedores e de vida útil esperado e da atribuição, ou não, de valor residual,
credores: 3 000 podem também ser relevantes.»
Débito: 6871 – Gastos e perdas em
investimentos não financeiros –
Alienações: 2 000 Coluna (12) – Mais-valia ou menos- DAc/PIac)
Crédito: 434x – AFT Equipamento de -valia fiscal - Sinal: - (negativo) Menos-valia contabilística = 3 000 –
transporte – Viatura: 5 000 Coluna (13) – Mais-valia ou menos- (20 000 – 0,00) = - 17 000
Cálculo da mais-valia fiscal: -valia fiscal - Valor: 2 050 Registos contabilísticos:
Mvf ou mvf = VR líquido - (Vaq - Pim Observações: Débito: 278x – Outros devedores e
- Daf - Vgf) x Coef Total de gastos registados com de- credores: 3 000
Menos-valia fiscal = 3 000 – (20 000 preciações: 15 000 Débito: 6871 – Gastos e perdas em in-
– 15 000) x 1,01 = - 2 050 Tributação autónoma sobre as depre- vestimentos não financeiros – Alie-
Preenchimento do quadro 07 da de- ciações praticadas (taxa 10%): 1 500 nações: 17 000
claração modelo 22: Potencial “redução” IRC com as de- Crédito: 434x – AFT Equipamento de
A acrescer: preciações, considerando taxa de IRC transporte – Viatura: 20 000
Campo 736: Menos-valia contabilís- a 21 por cento: 3 150 Cálculo da mais-valia fiscal:
tica – 2 000 Menos-valia dedutível: 2 050 Mvf ou mvf = VR líquido - (Vaq - Pim
A deduzir: Potencial “redução” de IRC com a - Daf - Vgf) x Coef.
Campo 769: Diferença negativa en- menos-valia, considerando taxa de Menos-valia fiscal = 3 000 – (20 000
tre as mais e as menos-valias fiscais IRC de 21 por cento: 430,50 – 10 000) x 1,01 = -7 100
(art.º 46.º) – 2 050 Neste caso, como o valor de aquisição Referimos que, neste caso, ainda que
Preenchimento do mapa de mais- da viatura foi abaixo do limite fiscal não tenham sido praticadas depre-
-valias: previsto, a menos-valia apurada é ciações, no cálculo da mais-valia ou
Coluna (2) – Valor de realização: 3 dedutível na totalidade. menos-valia fiscal teremos que con-
000 Exemplo 4 - venda de viatura ligeira siderar as quotas mínimas, pois estas
Coluna (3) – Valor de aquisição para de passageiros adquirida abaixo do configuram-se como gastos perdi-
efeitos fiscais: 20 000 limite fiscal sobre a qual não foram dos.
Coluna (4) – Ano de aquisição: 2017 praticadas depreciações. Alertamos que desconhecemos qual
Coluna (5) - Valor de aquisição para A sociedade “LPY” alienou uma via- a interpretação da Autoridade Tri-
efeitos contabilísticos: 20 000 tura de turismo em 2021 por 3 000 butária acerca deste tipo de “pla-
Coluna (6) – Depreciações/amorti- euros. A viatura havia sido adquiri- neamento”. Efetivamente, não ten-
zações e perdas por imparidade re- da em 2017 por 20 000 euros e, até à do sido considerado o gasto com as
gistadas: 15 000 data, não foram praticadas deprecia- depreciações, não houve lugar ao
Coluna (7) – Mais-valia ou menos- ções. apuramento da tributação autónoma
-valia contabilística - Sinal: - (ne- Do ponto de vista contabilístico esta- nesses anos. Este procedimento deve
gativo) mos perante um erro contabilísticos ser analisado ao abrigo do disposto
Coluna (8) – Mais-valia ou menos- que importaria corrigir nos termos no artigo 38.º da Lei Geral Tributária
-valia contabilística - Valor: 2 000 previstos na NCRF 4. Não obstan- sob a epígrafe de «Ineficácia de atos e
Coluna (10) – Depr./amort. e perdas te, nas situações em que tal não se negócios jurídicos.»
por imparidade aceites fiscalmente: verifique, o procedimento a adotar Preenchimento do quadro 07 da de-
15 000 aquando da venda seria o seguinte. claração modelo 22:
Coluna (11) - Coeficiente de desvalo- Cálculo da mais-valia contabilística: A acrescer:
rização da moeda: 1,01 MVc /mvc = VR - (Vaq.(ou Vreav) - Campo 736: Menos-valias contabilís-
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Exemplo 5 Exemplo 6
Ativo fixo tangível 60 000,00 Ativo fixo tangível 60 000,00
Depreciações acumuladas 60 000,00 Depreciações acumuladas 42 000,00
Venda 20 000,00 Venda 20 000,00
Mais-valia contabilística 20 000,00 Mais-valia contabilística 2 000,00
Registo contabilístico Registo contabilístico
D438 D438
1 1
C434 60 000,00 C434 42 000,00
D278 20 000,00 D278 20 000,00
2 C434 0,00 2 C434 18 000,00
C781 20 000,00 C781 2 000,00
Coeficiente desvalorização monetária 1,01 Coeficiente desvalorização monetária 1,01
Depreciações fiscalmente aceites 50 000,00 Depreciações fiscalmente aceites 35 000,00
Mais-valia fiscal 20 000,00 Mais-valia fiscal 1 820,00
Preenchimento Q07 Preenchimento Q07
Acrescer Acrescer
739: Dif. positiva sem intenção reinvestimen- 20 000,00 739: Dif. positiva sem intenção reinves- 1 820,00
to timento
Deduzir Deduzir
767: Mais-valia contabilística 20 000,00 767: Mais-valia contabilística 2 000,00
Observações: Observações:
Valor depreciações sujeito TA 60 000,00 Valor depreciações sujeito TA 42 000,00
TA 17,5% 10 500,00 TA 17,5% 7 350,00
Gastos não aceites 10 000,00 Gastos não aceites 7 000,00
"Potencial" redução IRC c/ depr. 10 500,00 "Potencial" redução IRC c/ depr. 7 350,00
Mais-valia sujeita a IRC 20 000,00 Mais-valia sujeita a IRC 1 820,00
IRC 21% 4 200,00 IRC 21% 382,20
Alertamos que nestes exemplos foi híbridas plug-in, cuja bateria possa nas alíneas a), b) e c) do n.º 3 são,
considerado um cenário em que a ser carregada através de ligação à respetivamente, de 5%, 10% e 17,5%
viatura reunia as condições para rede elétrica e que tenham uma au- (...).»
enquadramento no n.º 18 do artigo tonomia mínima, no modo elétrico, Numa situação em que a viatura seja
88.º do Código do IRC: «(…) no caso de 50 km e emissões oficiais inferio- sujeita a uma taxa de tributação au-
de viaturas ligeiras de passageiros res a 50 gCO2/km, as taxas referidas tónoma de 35 por cento, o efeito seria
Observações Observações
"Potencial" redução IRC c/depr. 10 500,00 "Potencial" redução IRC c/depr. 7 350,00
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acórdão do TCA Sul de 24-10-2006, compreendem as trazidas pelo sujeito radores. Aparentemente exige-se, no
proferido no processo 00763/05, afir- passivo e que se encontram em análi- presente, ou no passado, que tenha
mando-se: se, convém integrar no respetivo âm- sido constituído um vínculo laboral.
«O legislador fiscal, por motivos de bito de aplicação os requisitos que te- O regime fiscal é atrativo não só para
ordem política e social, entendeu rão de verificar-se de forma positiva e as empresas que assim podem ver o
considerar como gastos outras des- negativa, a saber: que “as realizações gasto deduzido ao lucro tributável su-
pesas que, apesar de se considerarem de utilidade social, feitas em benefício jeito a IRC, mas também para o cola-
despesas facultativas, poderão ter al- do pessoal da empresa dos reforma- borador, porquanto, apesar de quan-
guma conexão com a realização dos dos e respetivos familiares, tenham tificável na sua esfera patrimonial
rendimentos, designadamente as fei- carácter geral e não revistam a natu- como regalia, está excluída de tribu-
tas no âmbito da solidariedade social reza de rendimentos de trabalho de- tação em sede de IRS.
de que aproveita o pessoal da empresa pendente ou, revestindo-o, sejam de Prevê o n.º 1 do artigo 43.º CIRC a
e respetivos familiares. Nesse senti- difícil ou complexa individualização possibilidade de deduzir gastos, in-
do, dentro do espírito de liberalida- relativamente a cada um dos benefi- cluindo depreciações ou amortiza-
de das empresas, muitas entidades ciários.”» ções e rendas de imóveis, relativos à
conseguem prosseguir o seu escopo Assim, gastos que não seriam acei- manutenção facultativa de creches,
social graças ao contributo dado pelas tes, por não terem enquadramento no lactários, jardins-de-infância, canti-
empresas com realizações de carácter disposto no artigo 23.º do CIRC, são nas, bibliotecas e escolas, bem como
social. dedutíveis para efeitos fiscais, face à outras realizações de utilidade social
É de realçar que, para além das rea- norma especial do artigo 43.º do men- como tal reconhecidas pela Autori-
lizações de utilidade social taxativa- cionado código, mesmo que a deduti- dade Tributária e Aduaneira, feitas
mente enumeradas no n.° 1 do art.º bilidade se encontre, posteriormente, em benefício do pessoal ou dos re-
40.°, outros benefícios poderão ser sujeita a específicas condições adicio- formados da empresa e respetivos
concedidos ao pessoal da empresa e nais. familiares, desde que tenham caráter
seus familiares e considerados como Estas realizações assumem natureza geral e não revistam a natureza de
de utilidade social, desde que reco- social sobre a esfera patrimonial dos rendimentos do trabalho dependente
nhecidos pela DGCI. seus ex-trabalhadores, trabalhado- ou, revestindo-o, sejam de difícil ou
Para melhor compreensão do con- res e respetivos familiares, sem que complexa individualização relativa-
ceito “outras realizações de carácter a contrapartida económica decorra, mente a cada um dos beneficiários.
social”, uma vez que as enumeradas necessariamente, da prestação de Este normativo introduz uma válvula
exemplificativa e taxativamente não trabalho exercida pelos seus colabo- de escape, permitindo a introdução
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dele não cura” e que a “interpretação pal de que o contribuinte dispõe para sedimentado pelo STA, por Despacho
económica das normas fiscais”, para quantificar o resultado do exercício, n.º 227/2020 – XXII, do secretário de
quem a advogue, tem o seu campo sendo ponto de partida para a deter- Estado dos Assuntos Fiscais, prola-
de aplicação por excelência na inter- minação da matéria coletável – con- tado no âmbito da informação vin-
pretação das normas de incidência, forme, de resto, o determina o artigo culativa n.º 2020 000298, foi decidi-
que não nas de benefícios fiscais, as 17.º do CIRC. do rever a posição defendida pela AT
quais, por se traduzirem em exceções Sobre esta temática as decisões ar- no passado (Informação Vinculativa,
ao princípio da generalidade da tri- bitrais do CAAD têm alinhado o Processo n.º 695/1996, com despacho
butação, não devem ver o seu âmbito diapasão com aquele que é o en- de 1996.06.21 do SEAF) aderindo-se,
de aplicação alargado a casos que o tendimento da jurisprudência dos assim, àquele que é o entendimento
legislador não tenha expressamente tribunais superiores, infirmando a convergente da jurisprudência dos
contemplado.» ideia de que a interpretação da AT tribunais tributários e das decisões
Recorre-se à interpretação estrita constituía uma restrição ao conceito arbitrais do CAAD nesta matéria.
precisamente em virtude do risco que de «despesas com o pessoal escritu- Ultrapassada a controvérsia que con-
é fazer uso da interpretação extensiva radas a título de remunerações, or- tende com o apuramento do limite
perante a natureza antissistemática denados ou salários respeitantes ao estabelecido nos números 2 e 3 do
do benefício fiscal. exercício.» (Decisões proferidos nos artigo 43.º do CIRC para efeitos de
No mesmo sentido temos outro acór- processos 8/2001-T e 4/2012-T, do quantificação do gasto dedutível ao
dão do STA de 22/03/2018, proferido CAAD, disponíveis no sitio da Inter- abrigo deste regime, é pertinente ter
no processo 01169/17: «Para determi- net www.caad.org.pt e do TCAS, de em conta que esta dedutibilidade está
nação desse limite as despesas com o 2012.09.25-P.05073/11) sujeita ao preenchimento cumulativo
pessoal que relevam são aquelas que, Conclui-se, pois, que para a deter- dos pressupostos previstos no seu n.º
em termos contabilísticos, devam ser minação do limite referido, as des- 4 – e que, de algum modo, visa trazer
escrituradas como remunerações, or- pesas com o pessoal que relevam são objetividade à motivação que subjaz
denados ou salários, não se vislum- aquelas que, em termos contabilís- à decisão de incorrer neste tipo de
brando na lei outro critério que per- ticos, devem ser escrituradas como encargos por parte das empresas.
mita considerar apenas as despesas remunerações, ordenados ou salá-
que sejam objeto de descontos para a rios, não se vislumbrando na lei ou- *Docente na Universidade Lusófona de Huma-
Segurança Social.» tro critério que permita considerar nidades e Tecnologias de Lisboa
Trata-se, em suma, de um critério apenas as despesas que sejam objeto **Jurista
contabilístico, perfeitamente coeren- de descontos para a Segurança So-
te com o princípio de que a contabili- cial. Bibliografia disponível em («A Ordem – Publica-
dade constitui o instrumento princi- Perante o entendimento sufragado e ções – Revista Contabilista – Bibliografia»)
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Importação de mercadorias
no TOConline (II)
Este artigo apresenta-lhe, de forma simples e prática, e em complemento de um outro
trabalho aqui publicado, a melhor maneira de lançar faturas de importações no TOConline,
em que a fatura do fornecedor terceiro dos bens, a fatura do despachante, e o recibo do
pagamento do IVA, chegam em períodos de imposto diferentes para contabilização.
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Figura 1:
pras mercadorias» o valor do servi-
ço de despacho: 150 euros 6 . Na linha
2 com “2431001 IVA importação”, o
valor do IVA da importação: 2 415,00
euros. (ver imagem 7)
No módulo contabilidade, teremos:
(ver imagem 8)
Sexto passo - Criamos uma nova
fatura de compra preenchendo de
novo os elementos da fatura do
fornecedor terceiro. Como data do
documento, sugiro por exemplo a
data do recibo do pagamento do IVA
emitido pela tesouraria da DGAIEC.
Na linha 1 preenchemos com «311
- Compras mercadorias» o valor
aduaneiro em euros (10 500 euros 7),
indicando no IVA a taxa respetiva
(por exemplo, 23 por cento), na li-
nha 2, a negativo com “2431001 IVA
importação”, o valor do IVA dedutí-
vel (-2 415,00 €), na linha 3 preen-
chemos com 318 o valor da diferença
entre a fatura do fornecedor e o va-
lor aduaneiro 8 e por fim na linha 4
a negativo com «314 - Compras ou-
tras mercadorias» o valor original Fonte: elaboração própria
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fatura de compra preenchendo de fim na linha 3 a negativo com «314 22 devidamente preenchidos. (ver
novo os elementos da fatura do - Compras outras mercadorias» o imagem 18)
fornecedor terceiro. Como data valor original da fatura 20 000 eu- Com o presente artigo pretendeu-se,
do documento, sugiro tal como no ros. Neste lançamento devemos ter de forma simples e prática, satisfazer
exemplo três, a data do recibo do em atenção, escolher o código «M08 os utilizadores no pedido reiterado
pagamento do IVA emitido pela te- – Artigo 2.º n.º 1 alínea i), j) ou l) do ao Apoio TOConline, de completar
souraria da DGAIEC. Na linha 1 CIVA (IVA – autoliquidação)».13 o artigo anterior com mais exemplos
preenchemos com «311 - Compras Compras > Faturas > Faturas de ilustrativos, alargando assim a base
mercadorias» o valor aduaneiro em compra > + Fatura de compra. (ver de consulta e sua aplicação a outras
euros (21 000 euros 11), indicando no imagem 16) especificidades da vida prática do
IVA a taxa zero por cento, na linha No módulo contabilidade, teremos: contabilista certificado.
2 preenchemos com 318001 o valor (ver imagem 17)
da diferença entre a fatura do for- Em termos da declaração periódica *Contabilista certificado
necedor e o valor aduaneiro 12 e por do IVA teremos os campos 18, 19 e Formador, Consultor
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CONSULTÓRIO
IVA - Isenções
Determinada empresa tem como ob-
jeto social o «comércio por grosso
e a retalho de rações para animais;
máquinas e equipamentos agrícolas;
adubos e produtos químicos para
agricultura; animais de companhia;
sementes; frutas e produtos hortíco-
las; mercearia e gás de garrafa.» Tem
CAE 47191 (principal) e CAE 47890,
47784, 47762 (secundárias).
A Lei n.º 10-A/2022, de 28 de abril,
passou a consagrar uma isenção
aplicável a determinados bens para
a produção agrícola, aos quais se
aplicava a taxa de seis por cento de
IVA, com base na verba 3.1 e verba
3.3 da Lista I - Bens e serviços à taxa
reduzida;
A empresa tem clientes consumido- ção agrícola, estes clientes devem missão dos referidos bens.
res finais e outros que têm atividade apresentar algum comprovativo Em conformidade com o disposto no
aberta. desta atividade aberta? Se sim, qual artigo 1.º do Código do IVA, estão su-
Não obstante os esclarecimentos do comprovativo? jeitas a imposto sobre o valor acres-
Ofício-Circulado n.º 30246, subsistem centado as transmissões de bens e as
dúvidas. prestações de serviços efetuadas no
Os fornecedores da empresa enten- A questão colocada refere-se à aplica- território nacional, a título oneroso,
dem que as suas vendas, feitas depois ção da isenção temporária prevista no por um sujeito passivo agindo como
de 29 de abril de 2022, continuem a artigo 4.º da Lei n.º 10-A/2022, de 28 tal; as importações de bens; e as ope-
aplicar a taxa de IVA de seis por cen- de abril, relativamente às transmissões rações intracomunitárias efetuadas no
to e não a isenção de IVA. Está corre- dos seguintes bens, quando normal- território nacional, tal como são defini-
to este procedimento do fornecedor? mente utilizados no âmbito das ativi- das e reguladas no Regime do IVA nas
Caso a fatura do fornecedor esteja dades de produção agrícola: Transações Intracomunitárias.
incorreta (em que deveria ter aplica- - Adubos, fertilizantes e corretivos de Por outro lado, determina o artigo 18.º
do a isenção), deve emitir nota de cré- solos; e do referido Código que as transmis-
dito do IVA indevidamente liquidado - Farinhas, cereais e sementes, incluin- sões de bens e as prestações de servi-
a seis por cento? do misturas, resíduos e desperdícios ços serão tributadas à taxa de seis por
A empresa a partir de 29 de abril de das indústrias alimentares, e quaisquer cento caso constem da lista I anexa ao
2022 deve aplicar esta isenção nas outros produtos próprios para alimen- Código, à taxa de 13 por cento caso
suas vendas a consumidores finais tação de gado, aves e outros animais, constem da lista II anexa ao Código, ou
que adquirem estes bens ou só deve referenciados no Codex Alimentarius, à taxa de 23 por cento caso não es-
aplicar a isenção para clientes que te- independentemente da raça e funcio- tejam especificamente nomeadas em
nham atividade aberta de produção nalidade em vida, incluindo os peixes nenhuma das referidas listas anexas.
agrícola? de viveiro, destinados à alimentação Não estando os bens em questão pre-
Caso na resposta anterior só se deva humana. vistos em qualquer verba da Lista I ou
aplicar a isenção para clientes que Antes de respondermos concretamente da Lista II, serão tributados à taxa nor-
tenham atividade aberta de produ- às questões colocadas iremos dar um mal de imposto atualmente fixada em
enquadramento geral sobre a trans- 23 por cento.
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CONSULTÓRIO
Existem diversos tipos de produtos aplicação em jardins e plantas orna- Posto isto, e respondendo concreta-
químicos utilizados no âmbito das ati- mentais, sem prejuízo, porém, de po- mente às questões colocadas, referi-
vidades agrícolas que constam da lista derem também ser aplicados na agri- mos o seguinte:
I anexa ao CIVA, como sendo nomea- cultura em geral.» Os fornecedores da empresa enten-
damente os constantes da verba 3. Sobre esta matéria aconselhamos dem que as suas vendas, feitas depois
Os bens constantes das verbas 3.1 a a leitura da informação vinculati- de 29 de abril de 2022, continuem a
3.10 da Lista I anexa ao Código do va, processo n.º 6 943, Despacho de aplicar a taxa de IVA de seis por cento
IVA, nomeadamente os adubos, ferti- 2014-05-14. e não a isenção de IVA. Está correto
lizantes e corretivos de solos, produ- O artigo 4.º da Lei n.º 10-A/2022, de este procedimento do fornecedor?
tos fitofarmacêuticos, são tributados 28 de abril, prevê a partir de 29 de Nesta situação, os fornecedores da
à taxa reduzida (seis por cento no abril uma isenção temporária até 31 empresa, ao venderem bens previstos
Continente e quatro por cento nas Re- de dezembro de 2022 aos produtos nas verbas 3.1 e 3.3 da Lista I anexa
giões Autónomas), independentemen- elencados nas verbas 3.1 e 3.3 da lista ao CIVA, deverão aplicar a isenção
te do seu destino, já que a verba 3 da I anexa ao CIVA. temporária prevista no artigo 4.º da
referida lista não põe qualquer condi- Sobre a isenção prevista no artigo 4.º Lei n.º 10-A/2022 até final do ano de
ção para a aplicação da taxa reduzida da Lei n.º 10-A/2022, de 28 de abril, a 2022.
àqueles produtos. Autoridade Tributária divulgou o Ofí- Caso a fatura do fornecedor esteja in-
Em relação aos adubos, a verba 3.1 cio-Circulado n.º 30246, de 29 de abril correta (em que deveria ter aplicado a
da Lista I anexa ao CIVA, inserida no de 2022. isenção), deve emitir nota de crédito
grupo subordinado ao tema «Bens de De acordo com o ponto 1 do OFCD do IVA indevidamente liquidado a seis
produção da agricultura», abrange os n.º 30 246, de 29 de abril de 2022, é por cento?
«adubos, fertilizantes e corretivos de referido: De facto, o fornecedor deverá aplicar
solos.» «1- Âmbito da isenção a isenção. Não tendo sido aplicada a
A verba 3.3 da Lista I anexa ao CIVA, De acordo com o disposto no n.º 1 do referida isenção, em bom rigor deve-
abrange «Farinhas, cereais e semen- artigo 4.º da Lei n.º 10-A/2022, de 28 rá corrigir a fatura inicial através de
tes, incluindo misturas, resíduos e des- de abril, estão isentas do imposto as emissão de nota de crédito.
perdícios das indústrias alimentares e transmissões de: A empresa a partir de 29 de abril de
quaisquer outros produtos próprios i) Adubos, fertilizantes e corretivos de 2022 deve aplicar esta isenção nas
para alimentação de gado, de aves e solos; suas vendas a consumidores finais
outros animais, referenciados no Co- ii) Farinhas, cereais e sementes, in- que adquirem estes bens ou só deve
dex Alimentarius, independentemente cluindo misturas, resíduos e desper- aplicar a isenção para clientes que
da raça e funcionalidade em vida, in- dícios das indústrias alimentares, e tenham atividade aberta de produção
cluindo os peixes de viveiro, destina- quaisquer outros produtos próprios agrícola?
dos à alimentação humana.» para alimentação de gado, aves e ou- Como já foi referido neste parecer, a
As orientações administrativas vei- tros animais, referenciados no Codex venda dos produtos previstos na ver-
culadas pelo Ofício-Circulado n.º 100 Alimentarius, independentemente da ba 3.1 e 3.3 é aplicável a isenção in-
216, de 11 de julho de 1990, do SAI- raça e funcionalidade em vida, incluin- dependentemente de o adquirente ser
VA, DSCA, cuja leitura se aconselha, do os peixes de viveiro, destinados à particular ou sujeito passivo.
esclarecem o âmbito daquela verba, alimentação humana, quando normal- Caso na resposta anterior só se deva
importando para o caso o que é re- mente utilizados no âmbito das ativi- aplicar a isenção para clientes que
ferido no ponto 4 que se transcreve: dades de produção agrícola. tenham atividade aberta de produ-
«Assim, devem considerar-se tributá- 2. A lei vem, assim, estabelecer uma ção agrícola, estes clientes devem
veis à taxa normal as transmissões de isenção temporária, com direito a de- apresentar algum comprovativo desta
adubos e fertilizantes líquidos ou só- dução a montante, aplicável, nas mes- atividade aberta? Se sim, qual com-
lidos, acondicionados em embalagens mas condições, aos bens abrangidos provativo?
inferiores a 1l ou 1kg, porquanto, se pelas verbas 3.1 e 3.3 da lista I anexa Não aplicável.
deve entender que, nesses casos, se ao Código do IVA.
trata de adubos ou fertilizantes para (...).» Resposta de maio de 2022
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CONSULTÓRIO
IVA - Regras passivos do imposto, a regra geral de Regulamento de Execução (UE) n.º
de localização localização atende ao lugar em que 282/2011 do Conselho, de 15 de mar-
estes disponham da respetiva sede, de ço de 2011, para a aplicação da Direti-
Determinado sujeito passivo, com um estabelecimento estável ou do do- va 2006/112/CE, consideram-se “bens
residência em Portugal, iniciou a ati- micílio fiscal (alínea a)). imóveis”:
vidade como prestador de serviços Quando o destinatário dos serviços a) Qualquer parcela delimitada do
(CIRS - 1519). O trabalho consiste em não seja um sujeito passivo de IVA, a solo, situada à sua superfície ou sob a
fazer inspeções às eólicas recorrendo operação é tributada no lugar da sede, sua superfície, que possa ser objeto de
a drones. O trabalho vai ser realizado estabelecimento estável ou domicílio um direito real;
em Portugal, Espanha, Itália e Alema- do prestador dos serviços (alínea b)). b) Qualquer edifício ou construção
nha, mas a empresa para quem vai É preciso sempre, no entanto, ave- fixado ao solo ou no solo, acima ou
trabalhar e faturar tem sede na Co- riguar se a situação exposta não se abaixo do nível do mar, que não possa
reia do Sul. Em termos de IVA, aplica- encontra prevista nas exceções (nú- ser facilmente desmantelado ou deslo-
-se a regra da localização do trabalho meros 7 e 8 para sujeitos passivos e cado;
(UE), ou seja, aplica-se a regra do IVA não sujeitos passivos; números 9, 10 e c) Qualquer elemento que tenha sido
- regime intracomunitário, ou apli- 11 apenas para não sujeitos passivos; instalado e faça parte integrante de
ca-se a regra da sede da empresa a e os números seguintes são para situa- um edifício ou de uma construção, sem
quem vai faturar (Coreia do Sul), que ções residuais). o qual estes não estão completos, tais
está sujeita a IVA normal? Analisando estas exceções, verifica- como portas, janelas, telhados, esca-
mos que as prestações de serviços re- das e elevadores;
lacionadas com imóveis possuem uma d) Qualquer elemento, equipamento
As questões colocadas referem-se ao regra específica (alínea a) dos núme- ou máquina permanentemente insta-
enquadramento, em sede de IVA, de ros 7 e 8), da qual resulta que estes lado num edifício ou numa construção
prestações de serviços relacionadas serviços localizar-se-ão no local onde que não possa ser deslocado sem des-
com inspeções. esteja sito o imóvel. truir ou alterar o edifício ou a cons-
No caso concreto, estamos peran- Salientamos, neste âmbito, a exis- trução.»
te um sujeito passivo cuja atividade tência do Ofício-Circulado n.º 30 Face ao disposto na alínea d), parece-
«consiste em fazer inspeções às eóli- 191/2017, de 8 de junho, cujo título é: -nos que uma turbina eólica poder-se-
cas através de drones.» «IVA - Lugar das prestações de servi- -á enquadrar, de facto, em princípio,
Embora não resulte claro da questão, ços relacionadas com bens imóveis», como um «bem imóvel» para efeitos
partimos do pressuposto de que ao cuja leitura recomendamos e que po- de IVA, nomeadamente no tocante à
dizer-se «eólicas» estará a referir-se derá encontrar no seguinte link: aplicação da regra de localização es-
a turbinas eólicas. Ou seja, o sujeito http://info.portaldasfinancas.gov.pt/ pecífica constante da alínea a) dos nú-
passivo irá utilizar o drone para ve- pt/informacao_fiscal/legislacao/ins- meros 7 e 8 do artigo 6.º do CIVA.
rificar o estado das hélices destas trucoes_administrativas/Documents/ Este entendimento é corroborado pe-
mesmas turbinas, dada a altura a que Oficio_circulado_30191_2017.pdf los pontos 64 e 65 das notas explica-
estas se encontram. Este Ofício-Circulado procedeu ao es- tivas emitidas pela Comissão Europeia
Uma vez que o sujeito passivo irá clarecimento das alterações introduzi- sobre esta matéria, que referem o se-
prestar um serviço neste âmbito a ou- das no Regulamento de Execução (UE) guinte:
tro sujeito passivo sediado na Coreia n.º 282/2011 do Conselho, de 15 de «2.2.2.1. What is meant by buildings
do Sul, pretende saber-se o enquadra- março de 2011, em particular, como o and constructions under Article 13b(b)?
mento em sede de IVA desta operação. nome indica, questões suscitadas rela- 64. A building can be defined as a (man-
Em sede de IVA, estão previstas duas tivamente ao lugar das prestações de -made) structure with a roof and walls
regras gerais de localização das pres- serviços relacionadas com bens imó- such as a house or factory.
tações de serviços que constam no nú- veis. 65. The term ‘construction’ has a broa-
mero 6 do artigo 6.º do Código do IVA. Ora, esclarece o ponto 1 deste Ofício- der meaning and encompasses other
Nas prestações de serviços que te- -Circulado que: (manmade) structures that do not typi-
nham como destinatários sujeitos «De acordo com o artigo 13.º-B do cally qualify as a building (for additional
62 CONTABILISTA 268
CONSULTÓRIO
explanations on items, equipment and Este Ofício-Circulado, no mesmo pon- ração localizada e, desse modo, tri-
machines that can qualify as immovable to 2, possui exemplos de operações butada em território nacional, nos
property, see from point 2.2.3 to 2.2.4 que se consideram relacionadas com termos da alínea a) do número 8 do
below). Constructions may include civil bens imóveis. Devido à descrição for- artigo 6.º do CIVA, devendo o sujeito
engineering work, such as roads, brid- necida («inspeções às eólicas»), os passivo, deste modo, liquidar IVA nos
ges, airfields, harbours, dikes, gas pipeli- serviços em causa poderão ser incluí- termos gerais;
nes, water and sewerage systems as well dos em, pelo menos, duas alíneas, de- - Por outro lado, caso o trabalho seja
as industrial installations such as power pendendo dos serviços efetivamente prestado noutro país (ou países), tal
generating plants, wind turbines, refine- prestados: operação considerar-se-á como não
ries, etc.» «(...) localizada em Portugal, não sendo,
Poderá encontrar estas notas explica- f) O estudo e avaliação do risco e da deste modo, sujeita a qualquer IVA
tivas através do seguinte link: integridade dos bens imóveis; português. Neste cenário, a fatura a
https://ec.europa.eu/taxation_cus- (...) emitir pelo sujeito passivo nacional
toms/system/files/2016-09/explana- n) A manutenção e reparação, ins- deverá conter a menção: «IVA - Não
tory_notes_new_en.pdf peção e fiscalização de máquinas ou sujeito, alínea a) do número 7 do ar-
Ora, tendo já presente que uma tur- equipamentos no caso de estes pode- tigo 6.º do CIVA» (ou similar). Estas
bina eólica deverá, para efeitos de rem ser considerados bens imóveis.» operações deverão ser incluídas no
IVA, ser considerada como um bem Partindo do pressuposto de que o campo 8 do quadro 06 da declaração
imóvel, será preciso avaliar se os serviço de «inspeção» em causa cum- periódica. Eventuais obrigações fiscais
serviços prestados têm, ou não, uma pre, de facto, as condições para ser nesses países deverão ser averiguadas
relação suficientemente direta com considerado como tendo relação di- junto das respetivas autoridades fis-
este imóvel para ficar abrangidos reta com o bem imóvel (o que nos pa- cais;
pela regra de localização específica rece ser o caso), esta operação, nos - Poder-se-á, ainda, dar o caso de o
acima referida. termos da alínea a) dos números 7 e serviço ser repartido por vários paí-
De acordo com o ponto 2 do já referi- 8 do artigo 6.º do CIVA, localizar-se- ses/jurisdições. Neste caso, somos de
do Ofício-Circulado n.º 30 191/2017, -á no local onde as turbinas eólicas opinião de que deverá o sujeito pas-
uma das situações em que esta condi- se encontrem. sivo arranjar uma base de repartição
ção é cumprida é quando: Uma vez que se refere que os tra- (por exemplo, número de turbinas ins-
- Os mesmos derivam de um bem imó- balhos poderão ser feitos em vários pecionadas num país/número total de
vel; e países («Portugal, Espanha, Itália e turbinas inspecionadas) e aplicar, com
- Esse bem é um elemento constituti- Alemanha»), tenha-se em conta o se- as devidas adaptações, o disposto nos
vo do serviço e constitui um elemento guinte: pontos anteriores.
central e essencial para a prestação - Caso o trabalho seja prestado em
dos serviços. Portugal, considerar-se-á tal ope- Resposta de maio de 2022
JULHO 2022 63
CONSULTÓRIO
IRC - Isenções efetuando-se a tributação pelo lucro con- des alheias aos próprios fins da coopera-
na tributação de lucros tabilístico (de resultados e capital próprio), tiva. Assim, a isenção de IRC abrangerá
corrigido pelas disposições do código des- as atividades efetuadas pela cooperativa
Uma cooperativa tenciona adquirir te imposto, conforme previsto na alínea a) no âmbito do seu objeto principal, a de-
uma participação de 40 por cento do n.º 1 do artigo 3.º e n.º 1 do artigo 17.º finir estatutariamente e de acordo com o
numa empresa. Essa empresa dis- ambos do Código do referido imposto. Código Cooperativo, realizadas com coo-
tribui resultados, anualmente, pelos Em termos de benefícios fiscais, as coo- perantes, ficando, pois, excluídas da isen-
seus sócios. Pode uma cooperativa perativas podem aplicar as isenções pre- ção operações realizadas com os clientes
beneficiar do regime previsto no arti- vistas no artigo 66.º-A do Estatuto dos que não sejam cooperantes ou operações
go 51.º do CIRC (eliminação da dupla Benefícios Fiscais (EBF), desde que cum- alheias aos próprios fins da cooperativa,
tributação económica de lucros e re- pridos os requisitos exigidos. Assim, em aquelas que não estão relacionadas com
servas distribuídos)? termos do n.º 1 do artigo 66.º-A do EBF, o seu objeto.
estão isentas de IRC as cooperativas agrí- A referida isenção de IRC não abrange ain-
colas, culturais, de consumo, de habitação da os rendimentos sujeitos a IRC por reten-
O pedido de parecer está relacionado e construção e solidariedade social. ção na fonte, a qual tem caráter definitivo
com a tributação da distribuição de lu- Estão ainda isentas de IRC as cooperati- no caso de a cooperativa não ter outros
cros quando o detentor do capital é uma vas dos demais ramos do setor cooperati- rendimentos sujeitos a imposto, aplicando-
cooperativa. vo desde que, cumulativamente: -se as taxas que lhe correspondam, confor-
No caso em apreço, é questionado se na - 75 por cento das pessoas que nelas aufi- me o n.º 5 do artigo 66.º-A do EBF.
distribuição de lucros a uma cooperativa ram rendimentos do trabalho sejam mem- O n.º 6 estabelece ainda que são isentos
se pode aplicar a dispensa de tributação bros da cooperativa; de IRC:
prevista no artigo 51.º do CIRC. - 75 por cento dos membros da cooperati- «(...) a) Os apoios e subsídios financeiros
Para efeitos de IRC, as cooperativas serão va nela prestem serviço efetivo. ou de qualquer outra natureza atribuídos
consideradas como entidades que exer- Todavia, essa isenção de IRC não pode pelo Estado, nos termos da lei às coope-
cem, a título principal, uma atividade de ser aplicada aos resultados provenientes rativas de primeiro grau, de grau superior
natureza comercial, industrial ou agrícola, de operações com terceiros e de ativida- ou às régies cooperativas como compen-
64 CONTABILISTA 268
CONSULTÓRIO
sação pelo exercício de funções de in- Sobre a questão colocada, a Auto- que os réditos estiverem a influen-
teresse e utilidade públicas delegados ridade Tributária e Aduaneira, já se ciar a base tributável. E, uma vez que
pelo Estado; pronunciou por intermédio da In- os lucros que a cooperativa venha a
b) Os rendimentos resultantes das formação Vinculativa Processo n.º receber das suas participadas caem
quotas pagas pelas cooperativas as- 1871/2017, despacho de 2017-08-22, fora da isenção estabelecida no ar-
sociadas e cooperativas de grau su- da qual transcrevemos o seguinte: tigo 66.º-A do EBF, estão os mesmos
perior (...).» «O regime previsto no artigo 51.º do sujeitos a IRC.
O n.º 14 vem estabelecer que as isen- CIRC é aplicável desde que os lucros Assim, no período em que esses lucros
ções e demais benefícios previstos distribuídos sejam incluídos na base venham a influenciar a base tributável
no artigo 66.º-A do EBF aplicam-se tributável e esses devem ser incluídos da cooperativa, é possível a aplicação
às cooperativas de primeiro grau, de no período em que se verifica o direito do regime previsto no artigo 51.º do
grau superior e às régies cooperati- aos mesmos. CIRC, não concorrendo esses lucros
vas, desde que constituídas, regista- Para além disso, considera-se que, para a determinação do lucro tributá-
das e funcionando nos termos do Có- quando aos lucros e reservas dis- vel, desde que se verifiquem os requi-
digo Cooperativo e demais legislação tribuídos seja aplicável o regime do sitos aí expressamente referidos.
aplicável. artigo 51.º, há dispensa de retenção Por outro lado, esses lucros, aos quais
A cooperativa tem a possibilidade na fonte, de acordo com o previsto seja aplicável o regime do artigo 51.º
de optar pela renúncia à isenção de na alínea c) do n.º 1 do artigo 97.º, do CIRC, poderão ficar dispensados
IRC, com efeitos a partir do período ambos do CIRC, desde que a partici- de retenção na fonte, desde que a
de tributação seguinte àquele a que pação no capital tenha permanecido participação no capital tenha perma-
respeita a declaração periódica de na titularidade da mesma entidade, necido na titularidade da entidade,
rendimentos em que manifestarem de modo ininterrupto, durante o ano de modo ininterrupto, durante o ano
essa intenção, aplicando-se então o anterior à data da sua colocação à anterior à data da sua colocação à
regime geral de tributação em IRC disposição. disposição.»
durante, pelo menos, cinco períodos Deste modo, o mecanismo do artigo
de tributação. 51.º do CIRC opera no período em Resposta de maio de 2022
JULHO 2022 65
CONSULTÓRIO
Reservas legais e livres possa ser coberto pela utilização de IRS - Rendimentos
outras reservas; de categoria A
Como e quando se podem utilizar as - Para cobrir a parte dos prejuízos
reservas legais? transitados do exercício anterior que Uma trabalhadora de um centro de
não possa ser coberto pelo lucro do dia de apoio a idosos, com a cate-
exercício nem pela utilização de ou- goria profissional de cozinheira, re-
Pretende-se um parecer sobre a utili- tras reservas; cebe 25 euros mensais de subsídio
zação das reservas legais. - Para incorporação no capital. de transporte. Sendo atribuído por
Determina o artigo 218.º do Código Assim sendo, sempre que uma empre- deslocação em automóvel próprio
das Sociedades Comerciais (CSC) que, sa tiver lucros tem de aplicar cinco por de casa para o trabalho e vice-versa,
sempre que uma sociedade tenha re- cento dos lucros na reserva legal até não havendo registo de quilómetros,
sultados positivos (lucros) deve afetar perfazer 20 por cento do capital so- nem o respetivo mapa de desloca-
cinco por cento desses lucros a reser- cial. No caso em que 20 por cento do ções, porque a trabalhadora não faz
vas legais até que perfaça 20 por cen- capital social, é inferior a 2 500 euros deslocações ao serviço da empresa,
to do capital social da empresa. esta empresa tem de ter de reservas este subsídio é tributado em sede de
O artigo 218.º do CSC estabelece que legais 2 500 euros, ou seja, só quando IRS e Segurança Social?
é obrigatória a constituição de uma tiver 2 500 euros de reservas legais é
reserva legal e, no seu número 2, que é que deixa de estar obrigada a aplicar
aplicável o disposto nos artigos 295.º cinco por cento dos lucros em reservas Na questão colocada pretende-se saber
e 296.º, salvo quanto ao limite mínimo legais a tributação em sede de IRS e Segurança
de reserva legal, que nunca será infe- Tratando-se de cobertura de prejuí- Social da atribuição de um subsídio de
rior a 2 500 euros. zos com reservas legais, o movimento transporte a uma trabalhadora de um
Por outro lado, a reserva legal só pode contabilístico a efetuar será 551 - Re- centro de dia de apoio a idosos.
ser utilizada, nos termos do artigo servas legais a 56 - Resultados tran- Começamos por referir que de acordo
296.º do CSC: sitados. com a alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º
- Para cobrir a parte do prejuízo acu- do CIRS, consideram-se rendimentos do
sado no balanço do exercício que não Resposta de maio de 2022 trabalho dependente todas as remune-
rações pagas ou postas à disposição do
seu titular, provenientes de trabalho por
conta de outrem prestado ao abrigo de
contrato individual de trabalho ou de
outro a ele legalmente equiparado. As-
sim sendo, estão sujeitas a retenção na
fonte no momento do seu pagamento ou
colocação à disposição dos respetivos
titulares de acordo com o estipulado no
n.º 1 do artigo 99.º do CIRS.
Os subsídios de transporte que se des-
tinem a compensar o trabalhador dos
dispêndios suportados nas deslocações
de casa para o trabalho e vice-versa,
constituem um benefício ou regalia, não
compreendido na remuneração prin-
cipal, auferido devido a prestação de
trabalho e constituem para o respetivo
beneficiário uma vantagem económica,
sendo por isso, na sua totalidade, con-
siderados rendimentos do trabalho de-
66 CONTABILISTA 268
CONSULTÓRIO
pendente (artigo 2.º, n.º 2). lizar a atribuição dos passes sociais. nos parece ser o caso em análise,
Chamamos a atenção que não é in- Naturalmente, nestes casos a AT estamos perante rendimentos da
diferente se a atribuição referida é aceita o reconhecimento do custo por categoria A pelo que deverá, para o
efetuada em espécie (ou seja, a em- parte da empresa, apesar da atribui- efeito, e conforme resulta do dispos-
presa paga mediante comprovativo ção da regalia não ter sido atribuída to no n.º 2 do artigo 99.º-C do CIRS,
de despesa o valor do passe, desde a todos os trabalhadores. no cômputo da remuneração men-
que nos documentos dessa aquisição Assim, a análise da verificação do sal bruta, considerar-se o montante
conste a identificação da empresa), «caráter geral» tem de ser analisa- pago a título de remuneração atribuí-
ou atribuída em dinheiro, por conse- da caso a caso e compete à empresa da em numerário acrescida de quais-
guinte acrescida à remuneração de demonstrar o motivo da regalia não quer outras importâncias que tenham
cada trabalhador. cumprir aquele requisito. Note-se a natureza de rendimentos do traba-
que o valor do passe social não tem lho dependente pagas ou colocadas
Subsídio transporte em espécie que ser necessariamente igual. à disposição pela respetiva entidade
Com o OE/2009 (Lei n.º 64-A/2008, Em resumo, cumprindo as condições patronal no mesmo período.
de 31 de dezembro) foi aditada a alí- do artigo 43.º do CIRC, os custos su- Na DMR, tais rendimentos devem
nea d) ao n.º 8 do artigo 2.º do Có- portados com a atribuição de subsí- constar com o código «A - Rendimen-
digo do IRS prevendo a não tributa- dio de transporte são aceites como tos sujeitos a IRS, nos termos do ar-
ção do pagamento de passes sociais gasto fiscal na esfera da empresa tigo 2.º do Código do IRS», ou seja,
aos trabalhadores como rendimento não terão que ser considerados ren- devem acrescer a remuneração men-
em espécie, e nos documentos dessa dimento da categoria A, na esfera do sal do trabalhador.
aquisição conste o nome da empresa. beneficiário. Em termos de Segurança Social deve-
Atualmente este benefício encontra- A partir de 2015, todos os rendimen- rá atender-se ao disposto no artigo
-se previsto na alínea d) do n.º 1 do tos em espécie estão dispensados de 46.º, n.º 2, alínea t) do Código Contri-
artigo 2.º-A do CIRS - Delimitação retenção na fonte conforme altera- butivo, que refere o seguinte:
negativa dos rendimentos de catego- ção dada à redação do artigo 99.º, «2 - Integram a base de incidência
ria A. n.º 1, alínea a) do CIRS, pela Lei n.º contributiva, designadamente, as se-
Por seu turno, a mesma lei aditou o 82-E/2014, de 31 de dezembro - Re- guintes prestações: (...)
n.º 15 ao artigo 43.º do Código do forma IRS. t) As despesas de transporte, pecu-
IRC, no sentido de serem aceites os Verificando-se este cenário, o valor niárias ou não, suportadas pela en-
custos suportados com a aquisição deste «benefício» será relevado na tidade empregadora para custear as
de passes sociais em benefício do DMR com o Código «A23 - Outros deslocações em benefício dos traba-
pessoal da empresa, desde que veri- rendimentos não sujeitos - Rendi- lhadores, na medida em que estas
ficados os requisitos enumerados no mentos do trabalho dependente não não se traduzam na utilização de
n.º 1 deste artigo, designadamente sujeitos a tributação nos termos das meio de transporte disponibilizado
«desde que tenham caráter geral.» disposições contidas na alínea b) pela entidade empregadora ou em
Existe um entendimento por par- do n.º 3 do artigo 2.º do Código do que excedam o valor de passe social
te da Autoridade Tributária sobre a IRS», caso o subsídio de transporte ou, na inexistência deste, o que re-
expressão «caráter geral», devendo for pago em espécie mas não cumpre sultaria da utilização de transportes
ser a própria empresa a demonstrar com o «caráter geral», então deveria coletivos, desde que quer a disponi-
e comprovar o não cumprimento, em ser declarados da DMR com o códi- bilização daquele quer a atribuição
certos casos, deste requisito. A título go «A - Rendimentos sujeitos a IRS, destas tenha carácter geral.»
exemplificativo, refira-se o caso de nos termos do artigo 2.º do Código Neste sentido, referimos que se for
trabalhadores que prescindem da re- do IRS», mas não ser aplicada a re- atribuído em dinheiro, o valor con-
galia de lhes ser pago o passe social. tenção. cedido pela entidade, desde que não
Nestas situações, estes trabalhado- exceda o valor do passe social, não
res deverão fazer uma comunicação Subsídio de transporte em dinheiro será tributado em Segurança Social.
por escrito à empresa, de modo que Tratando-se de um subsídio de trans-
esta consiga provar que quis genera- porte atribuído em dinheiro, como Resposta de junho de 2022
JULHO 2022 67
CONSULTÓRIO
IRC - Donativos
As questões colocadas referem-se ao relativos ao mecenato, que se en- dos Unidos da América, pelo que, na
enquadramento fiscal de um donativo contram previstos nos artigos 61.º a nossa opinião, tais interpretações não
efetuado a uma associação não resi- 66.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais poderão ser aplicadas nesta operação.
dente. (EBF). Sem prejuízo do referido anterior-
No caso concreto, uma sociedade por Deste modo, caso estejamos perante mente e de modo a respondermos à
quotas, com sede em Portugal, irá efe- um sujeito passivo beneficiário que se questão concreta, socorrer-nos-emos
tuar um donativo, em dinheiro, a uma enquadre nos artigos 62.º, 62.º-A (me- do penúltimo parágrafo da informa-
fundação humanitária, com sede nos cenato científico) ou 62.º-B (mecenato ção vinculativa referente ao Processo
Estados Unidos da América. cultural) do EBF, então, os donativos n.º 3 094/2020, PIV n.º 17 966, com
Pretende-se saber, neste sentido, o efetuados, incluindo os donativos em despacho da diretora de serviços do
enquadramento fiscal desta operação. espécie, por parte de outras entida- IRC, de 2020-12-02, que passamos a
Em sede de IRC, no tocante à aceita- des, poderão ser considerados como transcrever: «Face ao exposto o do-
ção fiscal, o número 1 do artigo 23.º fiscalmente relevantes na esfera des- nativo atribuído por uma sociedade,
do CIRC indica que «para a determi- tes mecenas, ainda que não se encon- residente em Portugal, a uma entida-
nação do lucro tributável, são dedutí- tre cumprido o disposto no número de não residente, que não desenvolva
veis todos os gastos e perdas incorri- 1 do artigo 23.º do CIRC, dentro dos em território nacional a sua atividade
dos ou suportados pelo sujeito passivo requisitos definidos naqueles artigos. principal, não poderá usufruir dos be-
para obter ou garantir os rendimentos Refira-se que a temática da aceitação nefícios fiscais relativos ao mecenato,
sujeitos a IRC». fiscal dos donativos efetuados a enti- previstos no Capítulo X do EBF.»
O que significa que, estando em causa dades não residentes já foi objeto de Assim, entende a Autoridade Tribu-
donativos, se não se conseguir provar análise em vários acórdãos do TJUE tária, como vimos, que os donativos
que o encargo foi suportado para a ob- que, com base na legislação cons- efetuados a entidades não residentes,
tenção de rendimentos sujeitos e não tante dos tratados da UE, se opõe caso a sua atividade principal não seja
isentos de IRC (o que, além de outras a que o benefício da dedução fiscal desenvolvida em território nacional,
condições, implica que a entidade que só seja concedido relativamente a não poderão beneficiar dos benefícios
beneficiou do donativo tenha alguma donativos feitos a favor de institui- fiscais associados ao Estatuto do Me-
relação comercial ou de prestação de ção com sede no território nacional, cenato, não sendo, desse modo, o res-
serviços com a empresa), o mesmo devendo sempre ser dada ao contri- petivo gasto aceite fiscalmente.
não será aceite em termos fiscais. buinte a possibilidade de demonstrar A confirmar-se este enquadramento
Assim, em circunstâncias normais, as que a entidade não residente satisfaz (não aceitação do gasto fiscal), deve-
ofertas de bens ou de dinheiro de cariz as condições para a concessão desse rá tal valor ser inscrito/acrescido no
filantrópico, sem quaisquer contrapar- benefício. campo 751 do quadro 07 da declara-
tidas, não serão aceites fiscalmente. De todo o modo, tenha-se em conta ção modelo 22.
Sem prejuízo do exposto, chamamos que, no caso concreto, estamos peran-
a atenção para os benefícios fiscais te uma fundação com sede nos Esta- Resposta de junho de 2022
68 CONTABILISTA 268
CONSULTÓRIO
JULHO 2022 69
CONSULTÓRIO
tério da Saúde que contêm os requi- das operações de coaching e medita- IVA - Reembolso
sitos a observar para o exercício das ção não tem enquadramento no artigo
atividades paramédicas); ii) não foram 9.º do CIVA, então o sujeito passará a Determinado empresário em nome
objeto de regulamentação que os equi- ser um sujeito passivo misto, sujeito e individual, sem contabilidade orga-
pare às profissões paramédicas; iii) isento pelas operações enquadráveis e nizada e no regime do IVA, com a
não se encontram reconhecidos como sujeito e não isento pelas operações atividade de avicultura, tem IVA a
atividades terapêuticas não conven- que não cumprem com as condições, reportar de mais de seis mil euros.
cionais, o que implica o afastamento devendo por esse facto liquidar IVA à Pretende encerrar a atividade junto
do seu exercício do campo de aplica- taxa do serviço realizado. da Autoridade Tributária e Aduaneira
ção da isenção prevista na alínea 1) do Neste caso, exercendo uma atividade (AT) durante mais ou menos um ano.
artigo 9.º do CIVA. que não confere o direito à dedução e Quando voltar a iniciar a atividade na
38. Considerando que os referidos ser- outra que confere direito à dedução, o AT continua a ter direito ao reporte
viços não merecem, igualmente, aco- sujeito passivo será um sujeito passivo do IVA que existia antes de encerrar a
lhimento em qualquer outra isenção misto. atividade ou terá que pedir reembol-
prevista no artigo 9.º do CIVA, cons- Sobre o tratamento em IVA das ope- so antes de encerrar?
tituem a prática de operações sujeitas rações realizadas por sujeitos passivos
a imposto e dele não isentas, passíveis mistos, sugerimos a análise do Ofício-
de tributação à taxa normal prevista -Circulado n.º 30 103/2008, de 23 de O pedido de parecer está relaciona-
na alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º do abril, do gabinete do subdiretor-geral do com a possibilidade de pedido de
CIVA (taxa de 23 por cento em vigor da Área de Gestão Tributária do IVA. reembolso nas situações em que a
no território do Continente).» entidade pretende cessar a atividade
Face ao exposto, no caso em concreto Resposta de junho de 2022 em IVA durante um ano e, posterior-
mente, voltar a reiniciar a atividade.
Em concreto é questionado se perde
o direito ao valor do IVA a favor do
sujeito passivo.
Atendendo à questão colocada, consi-
deramos importante começar por efe-
tuar o enquadramento genérico dos
pedidos de reembolso do IVA.
Regras aplicáveis
aos pedidos de reembolso de IVA
O pagamento e os reembolsos de IVA
encontram-se regulados no Decreto-
-Lei n.º 229/95, de 11 de setembro.
De harmonia com o artigo 14.º do De-
creto-Lei n.º 229/95, com a redação
que lhe foi dada pela Lei n.º 64/2012,
de 20 de dezembro:
«1 - Os reembolsos do IVA são soli-
citados:
a) Nos casos previstos nos n.ºs 5 e 6
do artigo 22.º do Código do IVA, atra-
vés da declaração prevista na alínea c)
do n.º 1 do artigo 29.º ou, tratando-se
de sujeitos passivos abrangidos pelo
regime especial dos pequenos retalhis-
70 CONTABILISTA 268
CONSULTÓRIO
tas, na declaração referida na alínea vado pelo Decreto-Lei n.º 433/99, de casos em que exista crédito de impos-
b) do n.º 1 do artigo 67.º, ambas do 26 de outubro, sem prejuízo de poder to no momento da cessação da ativi-
mesmo Código; ser efetuada a compensação com cré- dade, ou altere o enquadramento do
b) Nos demais casos previstos na lei, ditos tributários, nos termos do artigo regime de tributação de IVA, passando
em formulário de modelo aprovado. 90.º deste Código. a efetuar operações isentas sem direi-
2 - Apresentado o pedido de reembol- 5 - No caso de cessação de ativida- to à dedução ao abrigo do artigo 9.º,
so, fica o sujeito passivo impedido de de, de alteração para um dos regimes ou optando pelos regimes de isenção
proceder à dedução prevista no n.º 4 especiais ou quando o sujeito passivo do artigo 53.º (nas respetivas condi-
do artigo 22.º do Código do IVA pela passe a praticar exclusivamente ope- ções) ou dos pequenos retalhistas (ar-
respetiva importância, até à comuni- rações isentas que não conferem direi- tigo 60.º), se o valor do reembolso for
cação da decisão que recair sobre o to à dedução, os pedidos de reembolso superior a 25 euros.
pedido. apenas são considerados se solicita- Nas restantes situações, só poderá
3 - Para efeitos de concessão do reem- dos em declaração apresentada den- solicitar o reembolso antes do período
bolso, são considerados apenas os tro do prazo fixado no n.º 2 do artigo de 12 meses, se o crédito a favor do
pedidos que constem de declaração 98.º do Código do IVA.» sujeito passivo for superior a três mil
periódica enviada dentro do respetivo Em face do que antecede, para efeitos euros.
prazo legal, ainda que se trate de de- de concessão de reembolso, são consi- A Administração Tributária pode exi-
claração de substituição, sem prejuízo derados apenas os pedidos que cons- gir caução, fiança bancária ou outra
dos respetivos acertos em conta cor- tem de declaração periódica enviada garantia adequada quando a quantia
rente resultantes de valores apurados dentro do respetivo prazo legal, ainda a reembolsar exceder 30 mil euros -
em declarações apresentadas para que se trate de declaração de substi- n.º 7 do artigo 22.º do Código do IVA.
além do referido prazo. tuição. A garantia é ainda obrigatória para
4 - Sempre que o sujeito passivo seja Assim, se o valor do crédito a favor do os casos de primeiro reembolso dos
devedor de IVA é suspensa a conces- sujeito passivo se mantiver durante 12 sujeitos passivos previstos no artigo
são de reembolsos que não estejam meses em relação ao período em que 9.º do Despacho Normativo n.º 18-
garantidos nos termos do artigo 22.º se iniciou o excesso, poderá ser solici- A/2010, de 1 de julho de 2010, quando
do Código do IVA, até que o impos- tado o reembolso, desde que o valor o valor do reembolso solicitado for su-
to seja pago ou garantido nos termos seja superior a 250 euros. perior a 10 mil euros.
do artigo 169.º do Código de Procedi- Poderá ainda solicitar o reembolso an- O pedido de reembolso deverá ser
mento e de Processo Tributário, apro- tes do fim do período de 12 meses nos mencionado em declaração periódica
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critos, a Autoridade Tributária pode de 2012, quer o facto tributário da dis- das referidas distribuições gera, ela
efetuar aquela presunção e tributar a tribuição de lucros e reservas no valor mesma, o facto tributário previsto na
28 por cento. de 595 382,55 euros, nos termos da alínea h) do n.º 2 do artigo 5.º do CIRS.
Sobre o prazo de caducidade para li- alínea h) do n.º 2 do artigo 5.º do CIRS, Caso tivesse sido feita pela Requeren-
quidar tributos previsto no artigo 45.º quer o facto tributário presumido (iuris te a retenção de IRS na fonte ao longo
da Lei Geral Tributária, existe um acór- tantum) de serem lucros ou adianta- dos exercícios em que os sócios-geren-
dão do CAAD muito interessante que mentos de lucros os lançamentos a seu tes se foram apropriando de valores
considera «que o facto tributário pre- favor, em quaisquer contas correntes gerados pela atividade da Requerente,
sumido se deve situar temporalmente dos sócios, escrituradas nas socieda- como deveria ter ocorrido, este facto
no exercício em que se dá a inscrição des comerciais, quando não resultem tributário ulterior, quando das delibe-
contabilística de valores na conta dos de mútuos, da prestação de trabalho rações de distribuição, embora real-
sócios, destinada, precisamente, a re- ou do exercício de cargos sociais. mente existente, não importaria nova
gularizar retiradas de valores ocorri- No entendimento da Requerente, tais liquidação de imposto. No limite, uma
das em períodos anteriores e não de- factos tributários existiram efetiva- nova liquidação de imposto geraria du-
vidamente contabilizadas.» mente no mundo jurídico, mas nos plicação de coleta, nos termos do n.º 1
«Processo n.º 395/2017 exercícios em que os sócios foram do artigo 205.º do Código de Procedi-
Data da decisão: 2018-02-28 fazendo, pelas várias formas acima mento e de Processo Tributário (CPPT),
Valor do pedido: 259 699,66 referidas, apropriações de valores da com efeito de ilegalidade do ato tribu-
Tema: IRS - Adiantamento por conta de Requerente, pelo que a liquidação ad- tário.
lucros - Presunção ministrativa tomando por base a exis- Inversamente, deliberações de distri-
(...) tência de tais factos tributários em buição de lucros (ou reservas), como
Posto isto, a situação dos presentes 2012 está viciada de ilegalidade. as adotadas pelos sócios da Requeren-
autos, no que a esta matéria diz respei- Como se viu, o tribunal dá como prova- te em 2012 ou 2103, geram um facto
to, é análoga à decidida no processo da a retirada de valores, não especifi- tributário na data em que tais saídas
arbitral 3/2017T, onde se julgou que: cados, pelos sócios - rectius, pelos dois de caixa são contabilizadas, sobre o
“O que está em causa é o tratamento sócios que também são gerentes. Tais qual - não tendo havido anteriormente
jurídico-tributário das regularizações valores deveriam ter sido sujeitos a tri- liquidação de IRS, quando das apro-
de caixa, no valor agregado de 595 butação em IRS, por retenção na fonte, priações ou levantamentos - deve ha-
382,55 euros, e da saída do valor de por referência a cada um dos exercí- ver liquidação, ou por retenção na fon-
116 845,08 euros, com destino às con- cios em que ocorreram as retiradas. A te feita pelo substituto tributário, ou
tas de sócios, ambas contabilizadas em Requerente não procedeu às retenções administrativa, na verificação da falta
dezembro de 2012. na fonte, nem, consequentemente, ao daquela, sem que se gere duplicação de
No entendimento da AT, como expla- pagamento do imposto devido nos co- coleta, pois que a Requerente incum-
nado no RIT e replicado na resposta fres do Estado. (...) priu a obrigação de retenção na fonte
apresentada, ocorreram, em dezembro Ora, a deliberação pelos sócios (...) do IRS devido em função de factos tri-
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butários que se tinham verificado nos vias”, nas quais são deliberadas dis- Ou seja, e em suma: não se demons-
exercícios anteriores. tribuições de resultados desses anos.” tra no caso que a utilização de fun-
Não se julga, pois, por verificada qual- Subscrevem-se aqui os fundamentos dos próprios da sociedade em be-
quer ilegalidade do ato de liquidação do aresto transcrito, considerando-se nefício dos sócios no decurso dos
objeto do pedido de decisão arbitral, que o facto tributário presumido se anos anteriores ao exercício sub
designadamente a de caducidade do deve situar temporalmente no exercí- iudice, confessadamente verificada,
direito a liquidar, pelo que improcede cio em que se dá a inscrição contabi- haja sido anteriormente regulari-
o pedido da Requerente. lística de valores na conta dos sócios, zada (contabilística, jurídica e/ou
Aliás, importa acrescentar que repug- destinada, precisamente, a regulari- fiscalmente) pela Requerente (o que
naria à própria axiologia da tributa- zar retiradas de valores ocorridas em implicava, para além do mais, a sua
ção que a obrigação de pagar impos- períodos anteriores e não devidamen- tributação), apenas se verificando
to sobre uma capacidade contributiva te contabilizadas. tal regularização, presumidamente
gerada pela apropriação pelos só- Com efeito, até esse momento a Re- a título de lucros ou adiantamen-
cios gerentes das disponibilidades querente não tinha, por qualquer to de lucros, em 2014, devendo-se,
de caixa da Requerente pudesse ser modo, formalizado a vontade de atri- por isso, considerar verificado nesse
afastada por uma ‘fórmula’ tão ‘bá- buir patrimonialmente aos sócios o ano o correspondente facto tributá-
sica’ quanto a da omissão, ao longo valor que acabou por contabilizar nas rio, não ocorrendo, assim, qualquer
de anos bastantes para a caducidade respetivas contas. A inscrição con- violação do artigo 68.º-A da LGT, ao
do direito a liquidar, de lançamentos tabilística operada pela Requerente contrário do arguido pela Requeren-
na conta Caixa correspondentes aos exterioriza o propósito (pelo menos te.
atos de apropriação, seguida de uma presumido) de tornar definitiva a uti- Deste modo, e pelo exposto, julga-se
ou mais regularizações contabilísticas lização, até aí precária, pelo sócios, ser de improceder também este fun-
retroativas, feitas em data já para lá das disponibilidades financeiras por damento do pedido arbitral.»
do período de exercício do direito a si geradas ao longo dos anos, legi- Assim, a aferição da eventual cadu-
liquidar. E ainda repugnaria mais se timando tal utilização a título de lu- cidade do direito por parte da AT a
essa ‘fórmula’ que se revelasse apta cros, ou adiantamento de lucros, já liquidar o imposto poderá ter a ver
a evadir a tributação fizesse recurso que até essa altura a referida utiliza- com o momento em que as verbas
a atas em que falsamente se faz cons- ção de fundos próprios da sociedade são registadas na conta de sócios e
tar a realização, em certos dias e em pelos sócios, por carente de título, não no momento em que há a respe-
certas horas de anos já abrangidos era abusiva, gerando-se assim naque- tiva regularização de saldos de caixa
pela caducidade do direito a liqui- les sócios um acréscimo patrimonial fictícios.
dar, de reuniões da Assembleia Geral equivalente, que se materializa nessa
“com dispensa de formalidades pré- altura. Resposta de junho de 2022
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