O contexto apresentado no artigo pelos seus autores, vai buscar refletir a
hermenêutica dentro da interpretação dos textos sagrados, da Bíblia. Para isso, primeiramente é necessário compreender o significado da hermenêutica e suas compreensões. Hermenêutica é apresentada como interpretação e esclarecimento, temática que tem sido estudada e expandida através dos estudiosos contemporâneos. Ela vai contemplar tudo o que se refere a dimensão da fala, do modo com que a língua é expressada, o que deseja transmitir um autor, etc. Através dela é possível que se transmita as visões de uma determinada cultura para outras, através do estudo e utilização de seu método apropriado, para que se faça uma interpretação correta do que está fora relatado. Ao longo do seu desenvolvimento, seus métodos, com ressalvas, foram utilizados, empregados pelos primeiros Santos Padres, exegetas, como São Jerônimo, que buscou fazer a leitura apropriada, interpretativa da bíblia, pela conhecida exegese literal. Tal como também, São Tomás de Aquino, posteriormente, entre outros com a exegese supraliteral. Os métodos interpretativos buscaram descobrir os profundos sentidos literais empregados e presentes nos mais variados textos e contextos bíblicos, nos relatos da História da Salvação, como do Antigo Testamento, do Novo, do Livro do Apocalipse. No entanto, para tal, se faz necessário compreender os gêneros literários, as formas culturais da época, os costumes, e os tipos diferentes de autores, onde, muitos relatos não foram escritos por uma única pessoa, muitas vezes escritos em conjunto com a participação de várias pessoas. Também, considerando o aspecto de que embora o texto seja de transmissão humana, é considerado de pura inspiração divina, neste entendimento, é necessário compreender que primeiramente os relatos buscam transmitir na intencionalidade, Deus que se dirige ao povo, na qual ele seria o autor, e propriamente fala aos seus interlocutores, seu povo, através de seus escritos. Nos estudos para o entendimento e interpretação dos textos sagrados, conforme aponta o autor no decorrer do texto, é necessário ir para além da interpretação dos gêneros, contextos, eventos situacionais, mensagem literal, etc. Mas, desdobrar-se aos estudos, pelos estudiosos que desejam ensinar e transmitir os conhecimentos bíblicos, se dedicarem também a compreensão das línguas quais a bíblia foi escrita, como o grego, hebraico, quais a terminologias empregadas, os tempos verbais, o significado das expressões, e principalmente as dimensões simbólicas, que eram representadas pelo povo da época, tal qual é possível ver, especialmente no livro do Apocalipse. Tal qual, na dimensão interpretativa dos textos sagrados, deve-se ter a cautela de não empregar significados de termos atuais, para mesmos que podem possuir significado diferente da época. Pois, se trata de uma cultura que se passou há dois mil anos, e assim, necessário compreender como as coisas se davam na realidade do autor para entender o que buscava transmitir e assim, a partir desta essência, elevar a compreensão a dimensão da realidade vivencial atual. Assim buscaram ao longo da Idade Média, os estudiosos exegetas, encontrar os significados das palavras utilizadas pelos profetas, autores sagrados, tal como estudos aprofundados sobre os mais variados contextos envoltos em cada texto, para buscar fornecer a Igreja uma interpretação correta daquilo que se transmite a Bíblia. Neste período surgiram muitos questionamentos e divergências de pensamento a respeito da compreensão literal e a contextual, no intuito de entender qual seria a mais correta de se aplicar, com isso, surgiram muitos comentários, anexos, a respeito dos textos bíblicos que os padres da Igreja se dedicaram a apontar para esclarecer e ensinar o povo de modo mais claro a respeito dos ensinamentos Cristãos. Em vista de que primeiramente, a tradição oral era mais forte, e foram através deles que a Igreja organizou os escritos sagrados na Bíblia como é conhecida desde então. Após a Idade média, com os avanços da época, o rompimento com o estilo de sociedade adotado até então, abriu-se novamente, com as novas correntes de pensamentos filosóficos não cristãos, a “oportunidade” de interpretação da Bíblia no sentido pessoal, a partir daí, muita força ganharam movimentos, tal como conhecemos por protestantes, que interpretavam a Bíblia no seu sentido literal, sem necessariamente buscar uma profundidade nos estudos e sua contextualização, na compreensão das alegorias ali presentes. Embora o traga muitas outras temáticas não abordadas nesta resenha, como a respeito da Crítica Literária, Exegese Avocatória, Crítica Canônica, entre outros, é importante destacar e compreender que o processo Hermenêutico está e esteve presente ao longo de todo o processo de desenvolvimento do conhecimento, seja dos aprofundamentos cristãos na compreensão dos textos sagrados, como também, nos avanços paralelos a fé. E mesmo que não estruturada na época, como conhecemos a Hermenêutica hoje, o processo interpretativo, é fundamental para buscar compreender aspectos relevantes que um autor tinha como fundamento e princípio para propagar no seu devido tempo.