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José Augusto Scudilio Junior

Hermenêutica – Me. Pe. Marcos Eduardo Coró

RESENHA
HERMENÊUTICA - Raymond E. Brown.

O contexto apresentado no artigo pelos seus autores, vai buscar refletir a


hermenêutica dentro da interpretação dos textos sagrados, da Bíblia. Para isso,
primeiramente é necessário compreender o significado da hermenêutica e suas
compreensões. Hermenêutica é apresentada como interpretação e esclarecimento,
temática que tem sido estudada e expandida através dos estudiosos contemporâneos. Ela
vai contemplar tudo o que se refere a dimensão da fala, do modo com que a língua é
expressada, o que deseja transmitir um autor, etc.
Através dela é possível que se transmita as visões de uma determinada cultura
para outras, através do estudo e utilização de seu método apropriado, para que se faça
uma interpretação correta do que está fora relatado.
Ao longo do seu desenvolvimento, seus métodos, com ressalvas, foram
utilizados, empregados pelos primeiros Santos Padres, exegetas, como São Jerônimo,
que buscou fazer a leitura apropriada, interpretativa da bíblia, pela conhecida exegese
literal. Tal como também, São Tomás de Aquino, posteriormente, entre outros com a
exegese supraliteral.
Os métodos interpretativos buscaram descobrir os profundos sentidos literais
empregados e presentes nos mais variados textos e contextos bíblicos, nos relatos da
História da Salvação, como do Antigo Testamento, do Novo, do Livro do Apocalipse.
No entanto, para tal, se faz necessário compreender os gêneros literários, as formas
culturais da época, os costumes, e os tipos diferentes de autores, onde, muitos relatos
não foram escritos por uma única pessoa, muitas vezes escritos em conjunto com a
participação de várias pessoas.
Também, considerando o aspecto de que embora o texto seja de transmissão
humana, é considerado de pura inspiração divina, neste entendimento, é necessário
compreender que primeiramente os relatos buscam transmitir na intencionalidade, Deus
que se dirige ao povo, na qual ele seria o autor, e propriamente fala aos seus
interlocutores, seu povo, através de seus escritos.
Nos estudos para o entendimento e interpretação dos textos sagrados, conforme
aponta o autor no decorrer do texto, é necessário ir para além da interpretação dos
gêneros, contextos, eventos situacionais, mensagem literal, etc. Mas, desdobrar-se aos
estudos, pelos estudiosos que desejam ensinar e transmitir os conhecimentos bíblicos, se
dedicarem também a compreensão das línguas quais a bíblia foi escrita, como o grego,
hebraico, quais a terminologias empregadas, os tempos verbais, o significado das
expressões, e principalmente as dimensões simbólicas, que eram representadas pelo
povo da época, tal qual é possível ver, especialmente no livro do Apocalipse.
Tal qual, na dimensão interpretativa dos textos sagrados, deve-se ter a cautela de
não empregar significados de termos atuais, para mesmos que podem possuir
significado diferente da época. Pois, se trata de uma cultura que se passou há dois mil
anos, e assim, necessário compreender como as coisas se davam na realidade do autor
para entender o que buscava transmitir e assim, a partir desta essência, elevar a
compreensão a dimensão da realidade vivencial atual.
Assim buscaram ao longo da Idade Média, os estudiosos exegetas, encontrar os
significados das palavras utilizadas pelos profetas, autores sagrados, tal como estudos
aprofundados sobre os mais variados contextos envoltos em cada texto, para buscar
fornecer a Igreja uma interpretação correta daquilo que se transmite a Bíblia.
Neste período surgiram muitos questionamentos e divergências de pensamento a
respeito da compreensão literal e a contextual, no intuito de entender qual seria a mais
correta de se aplicar, com isso, surgiram muitos comentários, anexos, a respeito dos
textos bíblicos que os padres da Igreja se dedicaram a apontar para esclarecer e ensinar
o povo de modo mais claro a respeito dos ensinamentos Cristãos. Em vista de que
primeiramente, a tradição oral era mais forte, e foram através deles que a Igreja
organizou os escritos sagrados na Bíblia como é conhecida desde então.
Após a Idade média, com os avanços da época, o rompimento com o estilo de
sociedade adotado até então, abriu-se novamente, com as novas correntes de
pensamentos filosóficos não cristãos, a “oportunidade” de interpretação da Bíblia no
sentido pessoal, a partir daí, muita força ganharam movimentos, tal como conhecemos
por protestantes, que interpretavam a Bíblia no seu sentido literal, sem necessariamente
buscar uma profundidade nos estudos e sua contextualização, na compreensão das
alegorias ali presentes.
Embora o traga muitas outras temáticas não abordadas nesta resenha, como a
respeito da Crítica Literária, Exegese Avocatória, Crítica Canônica, entre outros, é
importante destacar e compreender que o processo Hermenêutico está e esteve presente
ao longo de todo o processo de desenvolvimento do conhecimento, seja dos
aprofundamentos cristãos na compreensão dos textos sagrados, como também, nos
avanços paralelos a fé. E mesmo que não estruturada na época, como conhecemos a
Hermenêutica hoje, o processo interpretativo, é fundamental para buscar compreender
aspectos relevantes que um autor tinha como fundamento e princípio para propagar no
seu devido tempo.

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