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RELAÇÕES HISTÓRICAS JUDAICAS E CRISTÃS QUANTO O LIVRO

SAGRADO – A BÍBLIA

BARRERA, Julio Trebolle. A Bíblia


judaica e a Bíblia cristã: Introdução
à história da Bíblia. Trad. Pe. Ramiro
Mincato. Vozes: Petrópolis. 1995.

Julio Trebolle Barrera, ex-diretor do Instituto de Ciências da Religião até 2000


da Universidade de Complutense em Madri, atualmente professor do
Departamento de Hebraico e Aramaico da Faculdade de Filosofia desta, doutor
em filosofia, letras e teologia, licenciado em filosofia e letras e diplomado na
I`École Biblique et Archéologique Française de Jerusalém com vários livros
publicados na área bíblica e membro do Comitê Internacional de Edição dos
Manuscritos do Mar Morto, é o autor do compêndio A Bíblia judaica e a Bíblia
cristã: Introdução à história da Bíblia, que reúne os conhecimentos científicos
sobre a história da Bíblia: a formação das coleções dos livros canônicos e
apócrifos; a transmissão e tradução de textos da Bíblia; a interpretação da
Bíblia no judaísmo e cristianismo; os paralelos entre a literatura canônica e
apócrifa, o escrito e o oral, a literatura bíblica e os grupos sociais, a tradição e a
inovação, o judeu e o cristão, a tradição bíblica e a tradição grego-romana, a
exegese dos rabinos e escritores cristãos.

Seu escrito é magnífico pela demonstração, ao mesmo tempo, descritivo-


reflexiva do conhecimento do mundo bíblico o que faz dividindo em cinco
partes, além da introdução que trata sobre problemas e perspectivas atuais,
sendo elas: A Bíblia e o livro na Antigüidade, Coleções de livros Bíblicos,
História do texto e das versões do Antigo e Novo Testamento, Crítica Textual
destes, Hermenêutica, textos e interpretações. A clareza se deve ao fato de ter
sido o livro fruto de aulas sobre a literatura do Antigo Testamento, seminários e
apontamento, tornando o livro profundo, mas dialogal.

É muito difícil encontrar no mundo acadêmico um trabalho que possa enfrentar


a complexidade do assunto e que mantenha a simplicidade na exposição, e
quando isto acontece muitas vezes à tradução para outra língua deprecia o
trabalho, o que graças ao padre Ramiro Mincato não é uma verdade quanto à
tradução do livro para o vernáculo português.

As exposições do autor são diretas a partir da consciência adquirida pela


“descoberta” de manuscritos que tornaram o mundo bíblico mais tangível e
mensurável, do fato de que as “relações entre” culturas, povos são
imprescindíveis para uma compreensão exata do mundo bíblico, da idéia
central de que a Bíblia não é um corpo de idéias, nem de verdades ou muito
menos de doutrinas. È basicamente uma história. Narra à vida no presente e
quanto ao futuro do povo de Israel e suas relações diárias com outros povos,
culturas.

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Sendo assim, todo o livro segue o norte do texto bíblico como prioridade para a
interpretação: narrações, leis, profetas, hinos e lamentações, preceitos e
tratados sapientais, visões apocalíptica e muito mais se tornando
indispensáveis à compreensão destes para uma hermenêutica correta por
parte do pesquisador.

Alguns requisitos são impostos a fim de garantir o método e resultado eficaz na


investigação bíblica, segundo o autor, àqueles que desejam ser biblicistas,
estudiosos da bíblia ou pregadores: precisam ser poliglotas devido às zonas
fronteiriças em que precisam navegar conhecerem o desenvolvimento e
sistemas de procedimentos técnicos da língua dos povos envolvidos, terem a
consciência da necessidade de uma hermenêutica não somente escrita, mas
oral analisando as formas e funções dessa ao longo da história bíblica,
interagirem com as diversas traduções buscando, cada vez mais, o texto mais
próximo do original, terem a consciência da história da exegese bíblica e seus
gêneros entendendo o contexto da época em que foram forjadas, além de ser
essencial a compreensão do evento histórico do êxodo como um fato
paradigmático, modelo para a historicidade judaica.

O desafio deixado pelo autor após lermos sua obra é de caminharmos para o
entendimento da composição histórica do povo de Israel e seus vizinhos,
buscando compreender a aliança de Deus com o seu povo dentro da história
como chave principal para um entendimento correto do texto e para
norteamento de perguntas e respostas no estudo bíblico.

Cada capítulo é tão instigante que pode ser desdobrado por quem deseja ir
além a seus estudos em várias camadas de pesquisa. A bibliografia, o
glossário, as siglas, e o índice temático deixada pelo autor no final do livro são
impressionantes e vale a pena conferir.

A impressão que fica depois de ler o livro é que se precisa ir além, muito além
do que normalmente se tem ido se realmente se quer compreender a Palavra
de Deus – a Bíblia, como foi escrita e composta, objetivando mensagens
contextuais, mas bíblicas; conceitos contemporâneos, mas com raízes
históricas; hermenêutica eficaz, mas verdadeiras.

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