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Matéria:Hermenêutica 1

Livro: A Bíblia e seus intérpretes, segunda parte


Nome; Lucas Davi Moreira Nunes

1 - Resumo

A partir do capítulo 8, Rev. Augustus Nicodemus L. aborda a interpretação feita


pelos chamados pais latinos, especificamente Tertuliano, Jerônimo e Agostinho. O autor cita
a preferência desses pais da igreja pelo método de interpretação defendida por Antioquia
demonstrando seus argumentos com algumas evidências dos trabalhos deles. Augustus
cita a interpretação literal feita por Tertuliano, na obra Resposta aos Judeus, da passagem
de Gênesis 1 e 2, contrariando o costume de seu tempo. O exemplo que o autor faz uso
para sustentar seu argumento quanto ao Jerônimo é a tradução feita por este da sagrada
escritura para o latim, a vulgata latina. Quanto a Agostinho, o autor cita a interpretação do
mesmo quanto ao relato da criação na obra Cidade de Deus e a sua crítica às sete regras
de interpretação de Ticônio na obra Doutrina Cristã para demonstrar a preferência deste a
interpretação literal da escritura. Ainda nesse capítulo o autor demonstra como os pais
latinos levaram em conta em seu método de interpretação o contexto histórico, a intenção
do autor, a interpretação da Escritura com a própria Escritura, dos textos sagrados de modo
predominante. O autor não deixa de contrastar as virtudes hermenêuticas dos pais com os
deslizes pontuais dos mesmos, citando episódios como a disputa teológica entre Jerônimo e
Joviniano e a suposta autoria da ‘quadriga’ atribuída a Agostinho. O autor conclui o capítulo
lamentando o fato de que apenas uma das características da hermenêutica de Agostinho, o
mais influente dos pais da igreja, predominou na hermenêutica da igreja.
No capítulo 9 o autor trata de um longo período da história da igreja que vai do
século 5ª d.C. até o século 16ª d.C. chamado de Idade Média. Essa época, segundo o
autor, é caracterizado pelo método alegórico de interpretação, pela quadriga, por inovações
litúrgicas embasadas em interpretações alegóricas de textos do antigo testamento. O autor
aborda que, apesar do sistema alegórico de interpretação de Alexandria defendido por
Orígenes ter predominado nesse período, nem toda produção exegética desse período foi
alegórica. Existiu um núcleo que, em alguns sentidos, antecipou os princípios do método
histórico-gramatical que os reformadores defenderam no final do século 16. Nessa seção o
autor apresenta um breve relato histórico de eventos que provam uma preservação do estilo
de interpretação literal, apesar dos intérpretes serem filhos de sua época, do texto bíblico. O
autor cita o surgimento do escolas teológicas que estudavam o texto bíblico de forma mais
acadêmica, a escrita da obra A Imitação de Cristo de Tomás à Kempi, a tradução das obras
de Aristóteles, a influência do literalismo de Rashi, a tradução da escritura para o vernáculo,
o rompimento dos huerguenses com a quadriga e o retorno a uma interpretação literal da
escritura como evidências para mostrar o desenvolvimento da interpretação literal no
período da idade média que mais tarde seria defendido na reforma protestante e mostrar
que o método alegórico, apesar de não poder ser acusado como o fator responsável, foi um
fator determinante para a decadência da igreja na idade média.
O autor prossegue agora abordando a Reforma Protestante e a Escolástica
Protestante que foi desdobramento da reforma. Para o autor a Reforma é um movimento
hermenêutico que traz os ideais e princípios da escola de Antioquia. Na Reforma a Bíblia
passa a ter um papel central. A hierarquia da igreja encabeçada por um papa infalível é
questionada e a escritura passa a ser a palavra final nas controvérsias de fé e prática da
igreja. O autor evidencia este fato quando aborda a questão do tratamento dos
reformadores

com a literatura antiga foi crítica, avaliando a teologia da igreja até então a luz das
escrituras, rejeitando o que estava em desacordo com a Bíblia e abraçando o que estava de
acordo com a escritura, inclusive fazendo uso desse material para se defender dos ataques
papistas que alegavam que os reformadores estavam ensinando uma religião nova. Isso
posto, os reformadores defendiam a ideia de que os textos bíblicos tinham apenas um
significado que se determina pela intenção do autor original no momento a qual passagem
fora escrito. Os reformadores entendiam que para se alcançar a compreensão do correto
sentido da passagem era necessário observar questões como contexto histórico e a
gramática do texto. Por isso que consideravam que em algumas passagens a correta
interpretação era alcançada levando em conta algumas peculiaridades da passagem como
figuras de linguagem segundo a intenção dos autores, o que, curiosamente, os papistas não
observavam realizando uma interpretação literal onde o autor usava uma linguagem
figurada. Além disso, entendiam que tinham em mão um livro que carregava, além do
caráter divino, o caráter humano, o que exigia a necessidade de se estudar a escritura para
se alcançar a correta compreensão do texto bíblico. Sobretudo, os reformadores afirmavam
que era necessário uma divina iluminação do Espírito Santo para uma salvadora
compreensão das escrituras. O posicionamento dos reformadores foi o que serviu de base
para a consolidação do método gramático-histórico na Escolástica protestante. O Autor
apresenta como a Escolástica é um desdobramento natural da reforma. Uma vez negada a
autoridade do papa como palavra final e introduzindo conceitos de livre exame das
escrituras era inevitável que o movimento protestante se dividisse em linhas teológicas cada
vez mais. Dadas as necessidades de preservar a doutrina, o surgimento de várias linhas
teológicas, de se defenderem da contrarreforma e da necessidade de catequizar os fiéis, o
período do Escolástica foi marcado por uma grande produção de tratados teológicos,
dentres os quais se destacam os padrões de Westminster. A confissão de fé de
Westminster foi confeccionada pelos Puritanos e logo se tornou padrão de fé das igrejas
reformadas da Escócia e das igrejas presbiterianas em todo o mundo. O autor ressalta que
é na Escolástica Protestante, em especial com o puritanismo, que a interpretação Pós-
Reforma alcançou sua maturação e isso se pode verificar nos tratados teológicos
produzidos neste período.
O autor continua sua análise da história da interpretação bíblica apresentando como
o movimento Iluminista do século 18 afetou a interpretação das escrituras. O autor
apresenta como o movimento movido por correntes filosóficas como o racionalismo e o
empirismo gerou um movimento contra a religião, em especial a religião institucionalizada,
que tinha como o objetivo retirar Deus do conhecimento humano. Muitos teólogos da época
adotaram a corrente filosófica de seu tempo gerando uma nova escolha de teologia
humanista. A revelação de Deus, a sua providência e os relatos dos milagres bíblicos
passaram a ser tratados como mitos de fé da antiga nação de Israel e da Igreja Cristã
primitiva. Até o pilar central do Cristianismo, a ressurreição de Cristo, teve sua historicidade
atacada e rejeitada pelos teólogos deste período. A teologia desse período foi fruto da
tentativa de unir o racionalismo à exegese bíblica o que levou à criação de um novo método
de interpretação das escrituras denominado método histórico-crítico.
O trata na sequência da interpretação do texto bíblico na pós-modernidade, das
vertentes de interpretação que surgiram nesse período e dos desafios atuais que a pós-
modernidade tem apresentado referente à interpretação do texto bíblico. Em primeiro lugar,
o autor apresenta as principais características do pensamento pós-moderno que
influenciará a forma de interpretar a escrita. Segundo o autor o pensamento pós-moderno é
caracterizado por uma “pluralidade de verdades”. Diferente do modernismo, no pós-
modernismo o conceito de verdade absoluta não existe. A verdade passa a ser relativa à
percepção do indivíduo. Outra característica apresentada pelo autor é a “morte da razão”, o
pós-modernismo rejeita a ideia da verdade ser alcançada pela análise racional. O pós-
modernismo também abandona a neutralidade por concluir que é impossível realizar
pesquisas ou análises sem a influência de preconceitos e pressupostos. Por fim, o autor
apresenta os conceitos de inclusivismo e politicamente correto como marcas do
pensamento pós-moderno. Com relação a interpretação do texto bíblico, como esperado, as
novas ideias também geraram uma nova forma de interpretação do texto bíblico. Na pós-
modernidade abandonou-se as análise diacrônica das escrituras, ou seja, realizada uma
investigação histórica com respeito a formação con cânon e do relato bíblico, e abraçou-se
uma abordagem síncrona onde o foco está na relação entre o leitor e o texto a luz de si
mesmo. Desse modo, questões como “quem escreveu?”, “quando escreveu?”, "porque
escreveu?” e questões relacionadas a formação do cânon se tornaram questões sem
importância. Esse tipo de pensamento resultou em uma variedade de correntes
hermenêuticas que o autor discorre nos capítulos 14 e 15 desta obra. Embora essas
correntes hermenêuticas sejam muito diferentes entre si, elas têm como pressupostos
conceitos comuns tais como: a rejeição da intenção do autor, a hermenêutica como
interpretação do ser ou do processo de entendimento, a centralização do sentido no leitor, a
valorização das pressuposições do leitor e a subjetividade na interpretação. Por fim o autor
apresenta alguns desafios atuais com relação ao uso do método histórico-crítico e das
hermenêuticas pós-modernas. Afinal, essas ferramentas são úteis? O autor ao discorrer
sobre cada uma delas, apesar de concluir a superioridade do método gramático-histórico
sobre os demais, reconhece que os métodos utilizados pela modernidade e pela pós-
modernidade trazem coisas proveitosas e que, caso o cristão tenha a capacidade de purgar
desses métodos os pressupostos racionalistas e existencialistas, podem fazer uso delas
para pesquisas, porém, o autor não aceita os métodos em sua totalidade como métodos
fiéis de interpretação da escritura, uma vez que esses métodos abrem mão da inerrância e
infalibilidade das escrituras, e apresenta os métodos apresentados pela modernidade e pela
pós-modernidade como métodos antagônicos ao gramático-histórico defendido nesta obra.
Como intérpretes da escritura sempre estaremos desafiados por muitas correntes teológicas
que surgem constantemente, porém cabe ao intérprete das sagradas escrituras sempre
estar pronto para se ajustar aos assuntos tratados na atualidade sem perder o foco de que,
nas palavras do autor, “Deus se revela nas Escrituras”.

2 - Tese

A tese do autor consiste em, ao fazer uma análise crítica do conteúdo histórico a
qual está apresentando, mostrar que o método de exegese gramático-histórico é o método
que melhor atende às características e peculiaridades da escritura sagrada ao mesmo
tempo que apresente os pontos fortes e fracos de outros métodos;

3 - Pontos Positivos
A obra expõe o método de interpretação e a fundamentação histórica, da
perspectiva hermenêutica, sobre o desenvolvimento do cristinianismo.
A obra apresenta a ameaça do liberalismo teológico à fé cristã, apresentando como
seus pressupostos desconstrói o cristianismo ortodoxo.
O autor também aborda a interpretação do texto bíblico à luz do pensamento pós-
moderno. De forma que a leitura da obra proporciona uma compreensão das dificuldades
que os teólogos e pastores enfrentam na atualidade.

4 - Pontos Negativo

A única crítica que vejo ser possível a apresentar é a falta de uma análise crítica dos
pressupostos do método defendido como superior na obra, a saber, do método gramático
histórico, tais como inspiração, autoridade, inerrância e infalibilidade das escrituras
sagradas. Uma vez que se apresenta a realizar uma análise crítica de outros métodos de
hermenêutica, seria interessante apresentar uma análise do método defendido como
superior.

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