No §5 os pastores de Westminster apresentam a lei moral, suas características e
função. O conceito acerca da lei moral da assembleia de Westminster está registrado na pergunta 93 do Catecismo Maior de Westminster, que aborda a questão “o que é lei moral?” E a resposta que assembleia de Westminster deu a questão diz que “A lei moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao gênero humano, dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência perfeita e perpétua a ela - nos apetites e disposições do homem inteiro, alma e corpo, e no cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e retidão que se devem a Deus e ao homem, prometendo vida pela obediência e ameaçando com a morte a violação dela.” Na pergunta anterior a assembleia de Westminster, por meio do catecismo maior, apresenta que a lei moral é a primeira regra de obediência revelada por Deus ao homem. Diz o Apóstolo Paulo em sua carta aos romanos, no capítulo 2, versos 14 e 15, que Deus escreveu a lei no coração do homem. A assembleia de Westminster apresenta um resumo dessa lei moral na pergunta 102 do catecismo maior que dizendo: “O resumo dos quatro mandamentos que contêm o nosso dever para com Deus é amar ao Senhor nosso Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todas as nossas forças e de todo o nosso entendimento.” Na redação da confissão de fé de Westminster, parágrafo 5, é abordado aspectos como a autoridade, vigência, jurisdição e a relação de Cristo com a Lei. A autoridade da lei moral, segundo a confissão, é a autoridade de seu autor, Deus, o Criador. E como Criador, tem direito sobre toda a criação e é o legislador natural da mesma, definindo o que é o certo e o errado. Esses conceitos foram dados de forma autoritativa, sendo escritas no coração do homem, obrigando a todo homem a cumprí-la para sempre. Fazendo assim a jurisdição dessa lei alcançar a todo homem e sua vigencia ser para sempre. Cristo, nos seus dias nessa terra, afirmou não veio para revogar a lei e, em outro momento, disse que “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” Demonstrando o papel da lei na vida do povo de Deus. No §6 a Confissão vai abordar sobre os usos da lei. Ela vai propor, em harmonia com o que o mesmo documento apresentou com respeito a salvação do homem, que a lei não tem o propósito de justificar o homem. Como Paulo diz, a salvação é “pela graça, mediante a fé”, efésios 2:8. Por isso, a confissão apresenta alguns usos legítimos da santa lei de Deus. Em primeiro lugar, a confissão apresenta que um dos usos da lei é revelar a vontade de Deus. Como diz Paulo em Romanos 7.7, “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei”. A lei, portanto, revela a vontade de Deus. Em segundo lugar, a lei traz o conhecimento do pecado, segundo o que afirma em Romanos 3.20. Em seguida, o texto da confissão vai dizer que a lei permite ao homem “examinar-se por meio dela, alcançam maior convicção do pecado, maior humilhação por causa deles e maior aversão a eles”, além de dar a consciência da necessidade de Cristo, como diz Paulo, “o fim da lei é Cristo”, Romanos 10.4. De modo que a lei um uso legítimo da lei é o autoexame. O texto da confissão continua afirmando que a lei também é útil aos regenerados para conter o pecado, uma vez que expressamente proíbe o pecado. Outra utilidade da lei é apresentar a justiça de Deus. Ao se deparar com os castigos e as maldições prescritas na lei, esta mostra o que merecia o homem por conta de seus pecados e a severidade de Deus contra o pecado. Em sétimo lugar, a confissão apresenta a graça de Deus em abençoar seus filhos, que ele mesma santifica, pela sua obediência, uma vez que tais bênçãos não são devidas aos homem pela lei enquanto pacto das obras. Deste modo, a obediência a lei é um uso aprovado da lei e revela a graça de Deus ao abençoar os seus filhos por sua obediência. Por fim, o capítulo 6 da confissão finaliza afirmando que guardar a lei não significa não estar debaixo da lei e não da graça uma vez que tal guarda da lei não visa a justificação diante de Deus, mas sim as questões já apresentadas nos usos legítimos da lei. No §7 a confissão inicia reafirmando o fato de que os usos anteriormente citados da lei não contrariam a graça de Deus, pelo contrário, apresenta uma harmonia entre o uso da lei e a graça de Deus. As obras decorrentes das dos usos da propostos da lei são abordadas pela assembléia de Westminster no capítulo 16 da confissão dizendo que “estas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva e verdadeira; por elas os crentes manifestam a sua gratidão, robustecem a sua confiança, edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho, tapam a boca aos adversários e glorificam a Deus, cuja feitura são, criados em Jesus Cristo para isso mesmo, a fim de que, tendo o seu fruto em santificação, tenham no fim a vida eterna.” Dessa forma, evidencia-se ainda mais a harmonia entre os usos da lei e a graça de Deus. Os usos da lei são apresentados como uma expressão da obra do espírito santo que nos inclina, por meio da santificação operada em nós, a cumprir os preceitos de Deus revelados em sua santa palavra. Deste modo, os usos citados da lei são, na verdade, resultados da operação da graça de Deus em nós, não havendo nenhum conflito entre a os usos da lei e a graça de Deus.Esta afirmação harmoniza com o conceito de santificação já apresentado na confissão, no capítulo 8, onde a confissão afirma que “Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito, que neles habita; o domínio do corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais é mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvadores, para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá a Deus.” Que demonstra que os usos citados da lei são pertinentes e próprias à mudança de natureza resultante da santificação operada em nós pelo Espírito Santo. Por fim, a confissão apresenta que aqueles que são santificados tem a suas vontades submetidas e habilitadas “a fazer livre e alegremente aquilo que a vontade de Deus, revelada na lei, requer se faça”. Isso demonstra que tais usos da lei são o que se espera de um cristão verdadeiro. Paulo diz em sua carta aos romanos, capítulo 6.10, “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.” nos mostrando que o cristão de fato regenerado andará de acordo com a lei. Uma vida dedicada a Deus, repleta de amor e gratidão a Deus pelo favor imerecido recebido na cruz do calvário é a expressão do cumprimento da lei, pois “(...) o cumprimento da lei é o amor”, Romanos 13:10. De modo que o cumprimento da lei não vem desacompanhada de uma vida de devoção pessoal que é fruto da obra de Deus em nós.