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SÉCULO XIX
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Os avanços radicais na ciência humana criaram uma confiança popular no método científico, que
por sua vez produziu um método revolucionário e mais científico para estudar a história.
A Bíblia não escapou do impacto dessas mudanças. Os eruditos, especialmente aqueles que
ensinavam em universidade alemãs, buscaram abordar a Bíblia de forma semelhante através do
chamado meio objetivo, científico. Assim nasceu a abordagem conhecida como método histórico-
crítico, um método interpretativo guiado por vários pressupostos filosóficos fundamentais.
Além disso, o método histórico-crítico pressupunha uma visão de mundo naturalista que explicava
tudo em termos de leis naturais e excluía a possibilidade da intervenção sobrenatural.
Por fim, os eruditos supunham que a maior contribuição da Bíblia reside em seus valores morais e
éticos, não em seus ensinos teológicos ou afirmações históricas.
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F.C. Baur [...] defendeu que as cartas de Paulo refletem uma divisão profunda no cristianismo
apostólico. Por um lado, disse Baur, se situava a igreja de Jerusalém [...] que ensinava uma forma
judaica de cristianismo. Do outro lado estava Paulo e os gentios convertidos por ele que insistiam
que o Evangelho na verdade aboliu as exigências legalistas do judaísmo.
Sob essa premissa ele datou tanto Atos quanto os Evangelhos no século II, negando, na prática, a
sua autoridade como fontes de inspiração para a vida e o ministério de Jesus e dos apóstolos.
Nos estudos do AT, Julius Wellhausen completou uma longa discussão acadêmica sobre as fontes
do Pentateuco.
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O último erudito alemão cuja obra foi tipifica o pensamento do século XIX é Adolf von Harnack.
Em suma, Baur, Wellhausen e Harnack afirmavam que a crítica histórica desvendava uma história
literária e religiosa complexa por trás das seções da Bíblia atual.
Para eles, o seu propósito não era determinar o sentido do texto presente, mas encontrar as fontes
e a história à espreita por trás dele.
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Na América do Norte, figuras como B.B. Warfield, W.H. Green e W.J. Beecher não somente
criticaram de forma habilidosa as suposições da nova crítica, mas também promoveram uma nova
crítica alternativa e vibrante, chegando assim a uma defesa, possivelmente até revertendo a
invasão da crítica europeia.
Enquanto isso, longe do cenário acadêmico, o tema anabatista de retorno ao cristianismo primitivo
do NT reapareceu em dois movimentos novos que como se pode esperar, deram uma nova
prioridade na interpretação ao NT.
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A maneira pela qual as duas experiências se relacionavam com a interpretação da bíblia, se
tornariam um tópico de discussão entre os seus descendentes espirituais no próximo século.
SÉCULO XX
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Mas durante o século XIX, os arqueólogos encontraram inúmeros textos escritos do Egito antigo, da
Siro-Palestina, da Babilônia e da Assíria. Esses textos deram aos especialistas novas percepções
sobre as religiões da época da Bíblia.
Tais comparações logo deram lugar à abordagem de história das religiões, um método que tentava
traçar o desenvolvimento de todas as religiões do Oriente Médio. Especificamente, ela afirmava
demonstrar como as religiões antigas vizinhas tinham influenciado profundamente as práticas
religiosas dos israelitas.
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A partir daí (abordagem da história das religiões) a interpretação bíblica adequada exigiria uma
consulta de evidências culturais relevantes do mundo antigo para se familiarizar com o seu meio
cultural.
O pai da crítica da forma foi Herman Gunkel
A crítica da forma do AT começou a se concentrar mais nos tipos literários do texto escrito atual do
que nos estágios orais anteriores à Bíblia. Por essa razão, a crítica da forma permanece um método
valioso na caixa de ferramentas de todos os estudantes sérios da Bíblia.
SÉCULO XXI
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As discussões sobre hermenêutica a partir de uma perspectiva pentecostal que surgiram no final do
século XX continuaram a se desenvolver e a obter espaço nas publicações acadêmicas. Fundado em
1979, a publicação Pneuma (Brill) publicou p seu trigésimo sétimo volume em 2015, enquanto que
o Journal of Pentecostal Theology (agora publicado pela Brill) no mesmo ano publicou o volume 24
e também produziu uma série de monografias especializadas que chegou ao número quarenta.
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Tanto os especialistas em AT quanto (em menor extensão) os em NT continuam a aplicar a
abordagem da crítica do cânon proposta pelo já falecido professor Brevard Childs. Uma coleção de
teses reage à crítica que se opõe ao método, e outra explica as consequências do cânon para a
interpretação de vários textos bíblicos e para sua interpretação teológica em geral.
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Um acontecimento fascinante desse século é o surgimento de um movimento amplamente
conhecido como a Interpretação Teológica da Escritura (em inglês TIS) e associado com as obras de
K.J. Vanhooser, C.G. Bartholenew e D.J. Treier.
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Por fim, uma tendência notável que se inicia de forma paralela ao movimento de Interpretação
Teológica da Escritura merece ser mencionada os debates sobre o relacionamento entre a exegese
e as práticas espirituais antigas como a lectio divina.