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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Larissa Rosa de Lima

TAREFA ABERTA 6 DE CULTURA RELIGIOSA -


Textos sagrados: Fontes de estudo e experiência espiritual

Belo Horizonte
2022
Cultura Religiosa: fenômeno religioso – Tarefa Aberta 6

A partir das informações apresentadas na Unidade II – Textos sagrados: Fontes


de estudo e experiência espiritual, descreva a dinâmica geradora da sacralidade
de um texto, fazendo o que se pede nos itens a seguir.

a) Indicar como nasce um texto sagrado, as condições para que ele se perpetue, os
conflitos e opções no momento da passagem da oralidade para o registro escrito. (1
ponto)

Resposta: Segundo Vasconcelos, nem sempre os textos sagrados surgem com a


intenção de sacralidade e normatividade, como no caso dos textos do Novo
testamento cristão, pois muitos deles eram cartas e não necessariamente textos
normativos. Existem também os casos em que os textos surgem já com intenção de
serem sagrados, mas são considerados insuficientes e são reelaborados e
canonizados apenas pela posteridade. O alcorão, por outro lado, nasceu já com a
intenção de ser o livro sagrado dos muçulmanos, contendo as revelações de
Maomé. Entende-se que os textos sagrados podem surgir em épocas, situações e
circunstâncias diversas, como no caso da Bíblia judaico-cristã, que possui textos
cujos cenários eram a cozinha, ou os santuários, os palácios, as praças públicas, as
viagens etc. Mais importante que as circunstâncias de criação dos textos sagrados e
condição necessária para a sua perpetuação é a sua capacidade de sobrevivência
ao longo tempo, devido a sua relevância e significação para o povo que os produz.
(VASCONCELOS, 2001)
A escrita dos textos sagrados geralmente é precedida de toda uma tradição oral,
perpetuada pela memória coletiva e fonte de costumes, rituais, provérbios etc. A
passagem da oralidade para a escrita não ocorre de forma automática e simples,
visto que se trata de um produto da sociedade, que, por sua vez, é composta de
conflitos sociais diversos, sofrendo estratificações em decorrência de sexo, raça,
etnia ou classe social. Com isso, o processo de escrita da tradição religiosa é
marcado por conflitos e tensões diversas, com inúmeras possibilidades diante de si,
podendo absorver os preconceitos dos grupos dominantes que o desenvolvem.
Nesse contexto, as escrituras podem acabar servindo de legitimação sagrada para a
reprodução de certas estruturas de opressão, como, por exemplo, o patriarcado, o
que faz com que as mulheres quase sempre sejam apagadas e marginalizadas
tanto nos textos sagrados, quanto na vida prática dos povos que criam essas
tradições religiosas em questão. (VASCONCELOS, 2001)

b) Explicar as diferenças entre as bíblias católica e protestante, explicitando as


razões para a existência de “duas bíblias”. (1 ponto)

Resposta: Após a tradução grega dos Setenta, a Bíblia incluía mais livros do que na
versão hebraica original e nesse ponto repousa a diferença entre a Bílbia
protestante a católica, pois, por volta do ano 1550,

[…] Lutero adotou a lista mais curta e mais antiga da Bíblia


hebraica para a tradução da Bíblia protestante ,e os
católicos ficaram com a lista mais longa da tradução grega dos
Setenta e, no Concílio de Trento ,em 1546,
reconheceram esses livros como inspirados do mesmo
modo que os outros livros, mas os chamaram de
deuterocanônicos ,ou seja, da segunda (deutero ) lista
(cânon ),enquanto os protestantes chamam-nos de livros
apócrifos,rejeitando-os como inspirados por Deus.Portanto,
há sete livros a menos na edição da Bíblia dos
protestantes, que são: Judite, Tobias, le 2 Macabeus,
Sabedoria, Baruc, Eclesiástico e parte do livro de Daniel
(13-14).” (SENA, 2001, p.11)

c) Listar a literatura sagrada da humanidade, identificando cada livro ou conjunto de


livros (Por exemplo, Vedas: Esta coletânea pertence à tradição religiosa hindu, se
divide em quatro conjunto de textos (RigVeda, Yajurveda, Samaveda e
Atharvaveda) e suas origens remontam a mais de 2000 a.C.). (1 ponto)

Resposta:
1- Livros sagrados do hinduísmo: Vedas, Brahmanas, Araniakas e Upanixades.
Acredita-se que os vedas foram transmitidos por espíritos santos e esses textos
sagrados existem sob 4 formas: O Rig-Veda, o Yajurveda, a Samaveda e a
Atharvaveda. (BARROS, 2001)
2- Livros sagrados do budismo: A Tríplice Cesta. Esta era constituída por um
conjunto de textos sagrados como o Sadd-harmapundarika (“o loto da boa
religião”), que propõe a ética da compaixão para com todos os seres. (BARROS,
2001)
3- Livros sagrados do confucionismo: os povos antigos da China acreditavam que
o conhecimento da palavra de Deus dava-se a partir das falas do sábio Confúcio,
que escreveu seus ensinamentos morais em defesa da sabedoria e do bom senso.
Esses ensinamentos foram reunidos nos textos chamados Wu-ching, sendo este
formado por cinco livros considerados canônicos. O livro mais conhecido é o I
Ching, “[…] o livro das mutações e dos oráculos, que dirige o dia e a vida de muita
gente.” (BARROS, 2001, p.6)
4- Livro sagrado do taoísmo: Tao-te-ching. Ele foi deixado por Lao-tzé, que foi o
sábio chinês que disseminou a palavra considerada divina ao sul da China,
ensinando o equilíbrio pessoal como caminho para alcançar a virtude. (BARROS,
2001)
5- Livros sagrados dos judeus (que professam o judaísmo) e dos cristãos (que
professam o cristianismo): A Torá e a Bíblia Sagrada. A Torá é composta pelos
livros da Lei, dos Profetas e dos Escritos, equivale à palavra de Deus para os povos
judeus (e o judaísmo) e constitui o Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, sendo esta
última o livro sagrado dos cristãos. As primeiras comunidades cristãs “[…]
acrescentaram escritos, ligando a vida e a palavra de Jesus Cristo com a tradição
bíblica. Esses 27 escritos têm o nome de Novo Testamento.” (BARROS, 2001, p.7)
Os judeus e os cristãos acreditam que os ensinamentos de Deus são intermediados
pelas palavras humanas, que repassam à coletividade as revelações divinas e
ensinam que Deus “[…] tem para o universo um projeto de vida e amor e chama a
humanidade a viver a intimidade com seu Espírito, através da solidariedade e da
justiça.” (BARROS, 2001, p.7)
6- Livro sagrado dos muçulmanos (que professam o islamismo): o Alcorão (que
significa “escritura”). O Deus dos muçulmanos é o mesmo Deus dos judeus e dos
cristãos e essas 3 religiões são abraâmicas. Para os muçulmanos, o profeta
Maomé é uma figura central e eles acreditam que foi ele quem escreveu o Alcorão
após receber o Anjo Gabriel e a revelação divina. (BARROS, 2001, p.7)
7- Livro sagrado dos maias: Popol Vun. Este livro contém a cosmogonia do povo
maia, relatando a história da criação do mundo e de seu povo. (BARROS, 2001, p.7)

d) Identificar os três métodos de interpretação dos textos sagrados. (1 ponto)

Resposta:
1- Método histórico-crítico (diacrônico): Pergunta-se como o texto foi formado e
pode-se romper com a tradição. Esse método surgiu no período do
Iluminismo e propunha uma crítica aos textos bíblicos, partindo de 3 eixos:
fontes, forma e redação. Nessa visão entende-se que a interpretação literal
da bíblia pode ser incorreta.

2- Método histórico-gramatical ou fundamentalista (também diacrônico):


Pergunta-se também como o texto foi formado e defende-se a permanência
da tradição. O referido método propõe uma interpretação literal do texto e da
intenção do autor, entendendo, porém, que o uso do texto depende do
contexto histórico. Nessa perspectiva o texto tem um único sentido possível e
não deve ser relativizado.

3- Método de leitura da Hermenêutica pós-moderna (análise sincrônica do


texto): Pergunta-se sobretudo o que o texto em si está dizendo, deixando o
contexto a respeito de como ele foi formado para segundo plano, pois o
mesmo texto pode ser interpretado de maneiras diversas, relativizando-se a
sua mensagem.

e) A partir dos cuidados que se tem que ter ao ler um texto sagrado, posicione-se
sobre o quanto a leitura deles pode trazer de benefícios para a vida das pessoas e
das comunidades, ao mesmo tempo que pode ser perniciosa, quando se faz uma
leitura fundamentalista, tendenciosa e fechada. (2 pontos)

Resposta: Os livros sagrados são muito importantes para as culturas que os


desenvolvem e, via de regra, costumam conter bons ensinamentos que podem
auxiliar na construção dos valores e do ethos dos diversos povos. Quando a leitura
desses escritos sagrados é feita numa perspectiva ecumênica, crítica e com fins
pacíficos, ela pode colaborar na construção de uma sociedade melhor, com menos
conflitos, injustiça e preconceitos, levando a uma estrutura social democrática, ética
e justa.

REFERÊNCIAS:

BARROS, Marcelo. “Palavras divinas em escritos humanos: os livros sagrados


das religiões “.Revista Diálogo – Religião e Cultura, São Paulo, Ano VI - Nº 21,
março/ 2001. Disponível em: < SENA,Luzia .RevistaDiálogo–Religiãoe Cultura,
São Paulo, Ano VI - Nº 21, março/ 2001.>

SENA, Luzia .” A bíblia: uma biblioteca sagrada livro da formação cultural do


cidente “. RevistaDiálogo–Religiãoe Cultura, São Paulo, Ano VI - Nº 21, março/
2001. Disponível em: < SENA,Luzia .RevistaDiálogo–Religiãoe Cultura, São
Paulo, Ano VI - Nº 21, março/ 2001.>

VASCONCELOS, Pedro Lima. “A Vida tece o venerável - dinâmicas geradoras


da sacralidade nos textos “ Revista Diálogo – Religião e Cultura, São Paulo, Ano
VI - Nº 21, março/2001. Disponível em: < SENA,Luzia .RevistaDiálogo–Religiãoe
Cultura, São Paulo, Ano VI - Nº 21, março/ 2001.>

TORRALBO, Pr Elias. “Os pentecostais e os métodos de interpretação bíblica”.


Disponível em: <https://www.faesp.org/post/artigo-blog-os-pentecostais-e-os-m
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