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RIO DE JANEIRO
2019
FACULDADE KENNEDY
RIO DE JANEIRO
2019
FACULDADE KENNEDY
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Nome. Professor(a)
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Nome. Professor(a)
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RIO DE JANEIRO
2019
AS FESTAS DE ISRAEL E O POVO JUDEU
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de uma análise breve a respeito das festas Judaicas e sua
influência para o Reino de Israel dentro de uma perspectiva baseada no judaísmo,
fazendo uma intersecção entre relatos bíblicos, históricos e antropológicos em relação
ao povo judeu. Discutindo com algumas ideias dos estudos do fenômeno religioso
abordado pelo historiador MirceaEliade.
Considerando que cada celebração teria sido marcada pelo seu próprio Deus, eles
organizam toda sua agenda em função destes momentos religiosos que afetam
diretamente seu modo de vida, como: Alimentação, vestuário e vida social num todo.
De geração em geração os ritos transcendem da vida comum para religiosa quase que
sem distinção.
Compreendendo a dinâmica de onde e como celebrar estas festas dentro do ciclo anual
Podemos traçar a perspectiva deste povo em relação a divindade e seu mundo.
This article aims at a brief analysis of the Jewish festivals and their influence on the
Kingdom of Israel from a perspective based on Judaism, intersecting biblical, historical
and anthropological accounts with the Jewish people. Discussing with some ideas of the
studies of the religious phenomenon approached by the historian MirceaEliade.
Considering that each celebration would have been marked by their own God, they
organize their entire agenda according to these religious moments that directly affect
their way of life, such as: Food, clothing and social life as a whole. From generation to
generation the rites transcend from ordinary to religious life almost without distinction.
Understanding the dynamics of where and how to celebrate these holidays within the
annual cycle We can trace this people's perspective on divinity and their world.
AS FESTAS JUDAICAS
INTRODUÇÃO
As festas para o povo de Israel são parte de um conjunto de regras que remontam um
caminho de volta para os propósitos do seu Deus, este caminho recebe o nome: de
Teshuva. Uma definição prática sobre este conceito, relatada por TovaSender é que:
Teshuva é um termo hebraico que significa retorno, resposta ao arrependimento. Refere-
se a possibilidade sempre presente de revisão dos atos, tento em relação a Deus como
em relação ao semelhante. Pois se observa que como na maioria dos fenômenos
religiosos, a tradição de cada festa também os faz reconectar com elementos da Criação
que seriam necessários para uma regeneração espiritual. Assim como MirceaEliade
conta no Mito do Retorno que:
A partir da vida de Adham; ou seja, sua formação, sua vida dentro do jardim criado por
seu Deus, e sua expulsão para a terra de onde foi formado. É que se fundamentam a
maioria das tradições agrícolas das festas, que a maior parte deste povo pratica à partir
da fé que professa através do judaísmo.
1. A CRIAÇÃO E ESSÊNCIA
Sabe-se que existem várias linhas investigativas também sobre a origem do homem,
mas uma compreensão que se pode explorar através do relato das Escrituras, junto a
literatura judaica. Um ponto de partida pode ser que a história do Genesis começa
falando da criação, e não da formação, tomando como exemplo a visão judaica descrita
por TovaSender (2001) ela cita sobre quatro mundos.
Assim concluiu-se que nesta ordem só se forma o que já foi criado, ela diz que: “O
projeto original da Criação se manifesta na sua totalidade como que inscrita em
semente, como idéia. Toda genialidade do intelecto e toda profecia do espírito resultam
deste plano.” .” (TovaSender pág..93)
A partir das teorias apresentadas por TovaSender, pode se dizer ,que antes do homem
ser formado do pó da terra, o Eterno já havia criado o homem em seu “mundo criativo”.
Existe uma maneira prática de compreender este conceito de forma didática. Segundo
Rosh Marco Andrade Abraão (2014) em uma das Parashot (porção semanal da Torá) de
Bereshit (2014), que seria como uma exposição do livro de Genesis. Ele comenta que
existem dois princípios na criação, e a forma ideal de lermos o capitulo primeiro e
versículo 1 seria: “Em um principio...”; Ou seja, existem dois princípios. Definindo
como um sendo da criação, e outro da formação.
Segundo este raciocínio o primeiro capítulo do livro de Gênesis, está narrando apenas
um principio da criação, como um projeto que está na mente ou um “mundo” na cabeça
de um arquiteto. E apenas no capítulo 2, que seria o segundo principio que seria da
formação, Ele começa a dar forma ao que está no projeto de sua criação.
E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê
fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. E a terra
produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie e árvore frutífera, cuja
semente está nela conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. (Gênesis 1:26,27)
No projeto do seu Criador, toda a sorte de vegetal está sendo criada, conforme espécie e
natureza específica, mas é apenas um processo criativo, como o rascunho de um pintor
que ainda está por colocar tinta na tela, mas já esboçou sua ideia no papel com lápis; ou
seja, podemos chamar de uma espécie de arquétipo.
Agora perceba que o capítulo 2 revela o que foi criado ainda não é existente no mundo
físico, pois os mesmos vegetais são citados como estando fora deste mundo.
Esta é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que foram criados:
Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus, toda planta do campo ainda não estava na
terra, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito
chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo. (Gênesis 2:4,5)
Perceba que a tela do “pintor” da criação ainda está sendo preenchida com seu projeto e
ainda não havia vegetais e nem o próprio homem sobre a terra - e o mesmo já havia sido
criado em seu projeto “artístico”.
Em tese eles creem que assim como homem tirado do pó da terra, quando este mesmo
precisa trabalhar sobre ela, existe uma conexão entre a sua natureza e a divindade.
Dentro desta concepção não fica limitado a visão do sacerdócio somente a partir do
Sinai quando o Eterno estabelece leis e princípios para Moisés e seu povo. Nota-se que
a tarefa do sacerdócio começa no jardim do Éden,
“E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para cultivar e zelar. E
ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás
livremente...”(Gen.2:15)
O cultivo e o zelo pelo Jardim como função designada pelo Eterno para o homem, nada
mais era que o estabelecimento de um sacerdócio e domínio.
Portanto, por causa do pecado concebido, ele e sua esposa são expulsos do Jardim e
perdem a autoridade sobre a extensão deste Reino aqui na terra.
“ Por issoo Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do
qual fora tirado.“ (Gen.3:23)
Todo trabalho agrícola em conexão com as festas seriam o retorno e regeneração da sua
essência como o Deus Criador.
2. O TEMPO E OS CALENDÁRIOS
A sincronia das celebrações religiosas está totalmente ligada ao tempo para os povos
antigos, e a contagem do tempo e estações climáticas ligadas aos corpos celestes.
Segundo MiceaEliade:
“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e
a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.”(Gen.1:
9-14)
O que é importante observar nestes primeiros versos de Gênesis é que a palavra para
estações no original hebraico é a mesma palavra para festa, que é: MOED, que também
significa encontro.
Segundo site: Chabad que pertence ao movimento chassidico Fundado por Rabi Yisrael
Ben Eliezer, o Baal ShemTov, há dois séculos e meio, o Chassidismo segue o
calendário na seguinte perspectiva:
O calendário judaico é baseado no ciclo lunar; ou seja, a lua orbita em volta da terra e
não ciclo solar. Assim a terra trabalha girando em torno do sol há razões muito
específicas para isso.
• Cada mês começa com o surgimento da Lua Nova, e a mesma pode ser
observada de qualquer lugar do planeta Terra.
• Diferente das estações climáticas a lua nova no Brasil é a mesma Lua Nova em
Jerusalém; ou seja, mesmo com os fusos horários todos estão seguindo um padrão
através dos astros.
• Uma vez que o ciclo lunar é de 29 (½) dias no mês, o meio do mês cai no dia 14
ou 15 com a lua cheia. Que conecta com a saída do Egito no primeiro mês da contagem
anual e alinha-se aos ciclos agrícolas.
Segundo este calendário, todo mês do ano, exceto três, tem um número determinado de
dias:
• Nissan – 30
• Iyar – 29
• Sivan – 30
• Tamuz – 29
• Av – 30
• Elul – 29
• Tishrei – 30
• Cheshvan – 29 ou 30
• Kislev – 29 ou 30
• Tevet – 29
• Shevat – 30
Já nas últimas três festas, também chamadas: “festas do outono” estes grupos possuem
linhas que conjecturam que o ciclo de outono apontam para a segunda vinda do
Messias. A festa das Trombetas representa o arrebatamento, o YonKipur a redenção e
Tabernáculos o Reino do Messias manifesto.
3. OS CICLOS FESTIVOS
Na Tora a palavra festa é encontrada de três formas. E cada uma dessas palavras traz
consigo um ensinamento próprio sobre o sentido da festa: Moed (encontro),
KodeshMikrav(santa convocação) e Chag (Ciclo). Quem faz uso desta mesma didática e
o Doutor Grady Shannon Mcmurtry (2016), no seu livro: As festas Judaicas do Antigo.
“Celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado. No dia catorze deste
mês, pela tarde, a seu tempo determinado a celebrareis; segundo todos os seus estatutos,
e segundo todos os seus ritos, a celebrareis” (Números 9.2.3)
Por isso é normal sempre ser usado como principio alguns detalhes da Criação, fazendo
referência a números relacionados aos dias, esta arte rabínica se da o nome de:
Guematria. Exemplo: O quarto dia em que o Senhor cria os luminares, e o sétimo
quando Ele proclama o descanso, são pontos de partida para essa reflexão.
Os luminares como: Sol, Lua e estrelas criados no quarto dia como diz Gênesis 1:14,
são bussolas espirituais das festividades descritas em Números 28, Levítico 23,
Deuteronômio 16, e outros trechos que tratam do assunto.
E o sétimo dia quando o Senhor finda toda a sua obra e santifica este dia e tempo como
uma solenidade de reverência e devoção.
“Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que
criara e fizera...” (Genesis 2:3)
Segundo Chuck D. Pierce (2013) em parceria com Robert Heidler em seu livro: É
tempo de prosperar. A palavra para abençoar aqui é: “kadash”, Um dos seu significados
é: Separar como sagrado, consagrar, dedicar, honrar como sagrado, santificar.
Pois nisto todos eles acreditam que o Eterno não criou este dia para ser como os outros
Ele abençoou para um fim. E seu descanso nunca quis dizer que Este ser supremo que é
Criador de Tudo e Todos estava cansado.
Robert Heidler(2013) defende que Deus concedeu autoridade para este dia ser diferente
dentre todos os outros dias. E muitas linhas como o Judaísmo Nazareno por Tsadok
Bem Derech (2013) defendem que ainda não está se falando de Lei, e nem de Israel. E
sim apenas um relato de um Deus e sua criação submetida a sua Soberania .
Em Êxodo 20.8-10, torna-se esclarecedor para eles que Deus os entregou o descanso do
shabat como um mandamento: “dia de sábado, para o santificar...” “o sétimo dia é o
sábado do SENHOR, teu Deus...”. Por isso para um judeu o shabat não deve ser um dia
como os outros.
O texto mais abrangente e didático para as festas é Levítico 23, onde todas são citadas
com grande importância para um ciclo anual de acontecimentos que faziam parte da
vida dos povos na época como: Agricultura e Agropecuária.
Uma palavra que se encontra muito nos originais é: Chag, ou Châgag - – חגגCírculo.
A palavra “chagag” lembra a ideia de círculo. Esse termo é aplicado às três festas de
peregrinação que se inscrevem no ritmo cíclico da natureza. A Celebração das três
principais festas como: Páscoa, Pentecoste e a festa dos Tabernáculos, leva o homem
assumir de maneira lucida o ritmo da natureza para afirmar a sua ordem. Assim essas
três denominações das festas revelam organização do ano.
“Também guardarás a Festa das Semanas, que é a das primícias da sega do trigo, e a
Festa da Colheita no fim do ano. Três vezes no ano, todo homem entre ti aparecerá
perante o SENHOR Deus, Deus de Israel. Porque lançarei fora as nações de diante de ti
e alargarei o teu território; ninguém cobiçará a tua terra quando subires para comparecer
na presença do SENHOR, teu Deus, três vezes no ano.” (Êxo34:22-24)
A abertura deste ciclo é a Páscoa onde o Senhor fez recomeçar a contagem dos meses
segundo relato de êxodo 12, mas o que chama atenção é que esta foi única celebração
que ainda ficou sendo lembrada de maneira diferente pelos cristãos com outra
perspectiva apenas na morte e ressureição do Messias. No entanto seguindo o
pensamento Chassidico é preciso deixar claro que a páscoa tem três fases importantes
para compreender os ciclos. Ela não se ressume na morte do Messias.
A Páscoa celebra a libertação dos filhos de Israel depois de mais de dois séculos de
escravidão no Egito, no segundo milênio antes de Cristo. A ocasião, também chamada
de ChagHacherut (Festa da Liberdade), relembra essa passagem, os anos de sofrimento
em terras estrangeiras e também as dez pragas que Deus enviou para tirar seu povo do
Egito. Celebrada em 14 de Nissan e nos sete dias seguintes, Páscoa marca o
renascimento dos judeus como um povo livre.
Por isso, cada festa dentro da perspectiva de autores detentores de uma visão Judaico
Cristã como, Chuck D. Pierce (2013), Dr. Richard Booker (2016) e o Dr. Grady
Shannon Mcmurtry (2016), e linhas do judaísmo Messiânico como Ensinando de Sião,
ao qual o Rabino Marcelo Guimarães e MaheusZandona (2007) de Minas Gerais,
acreditam que estas festas possuem um caráter escatológico, na junção de seus discursos
podemos traçar o seguinte paralelo:
1. Páscoa – Resgate do Primogênito, também fomos resgatados;
“ Disse o Senhor a Moisés: "Diga o seguinte aos israelitas: Estas são as minhas festas,
as festas fixas do Senhor, que vocês proclamarão como reuniões sagradas:
"Em seis dias realize os seus trabalhos, mas o sétimo dia é sábado, dia de descanso e de
reunião sagrada. Não realizem trabalho algum; onde quer que morarem, será sábado
dedicado ao Senhor. "Estas são as festas fixas do Senhor, as reuniões sagradas que
vocês proclamarão no tempo devido:”(Lev.23:1-4)
Segundo a Torá,Deus define as festas para serem fixas e como santas convocações, ou
seja, são convocações para uma assembleia sagrada para o seu povo.
Cada celebração é o resgate de uma conectividade com o que Adão perdeu ao sair do
jardim com sua mulher, com a degradação na terra do Egito devido à escravidão
imposta por Faraó, com exilio dos babilônicos.
Cada ciclo anual sempre esteve ligado à agricultura, e remonta para eles uma
perspectiva de restauração do Reino um dia confiado ao homem; ou seja, uma espécie
de "salvação" periódica para o homem encontrar um correspondente imediato na
garantia de alimento para o ano seguinte (consagração da nova colheita).
10. MELAMED, Rabino Meir M.Torá: A Lei de Moisés. Editora Sêfer, 1962.
12. SÊNDER, Tova. Iniciação ao Judaísmo.1ª edição. Editora: Nova Era, 2001.