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PORTUGUÊS

Literatura
Versificação – Parte III

Prof.ª Isabel Vega


Versificação – Parte III

► PAUSA e CAVALGAMENTO (enjambement): nem sempre o final do


verso é o final do período rítmico.

Ex.: “Nel mezzo del camin...” (fragmentos), de Olavo Bilac.

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
Versificação – Parte III

(cont.)
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

► TIPOS DE ESTROFES: quantidade de versos.


1) Dístico 3) Quadra ou Quarteto 5) Sextilha
2) Terceto 4) Quintilha 6) Oitava...
Versificação – Parte III

► POEMAS DE FORMA FIXA: são aqueles em que se constata regularidade


quanto á disposição dos versos nas estrofes.

1) Quadra – poema de cunho popular, com 1 estrofe de 4 versos.


Ex.: Tanto limão, tanta lima,
Tanta silva, tanta amora,
Tanta menina bonita...
Meu pai sem ter uma nora!

2) Haicai – poema de origem japonesa, composto de três versos, com


cinco, sete e cinco sílabas, que geralmente tem como tema a natureza ou
as estações do ano.
Versificação – Parte III

Ex.: “Nós dois”, de Guilherme de Almeida.

Chão humilde. Então,


riscou-o a sombra de um voo.
"Sou céu!" disse o chão.

3) Soneto – constituído por 14 versos, pode-se apresentar em duas formas:

a) o soneto italiano – composto por 2 quartetos e dois tercetos;


b) o soneto inglês – composto por 3 quadras e 1 dístico final.
Versificação – Parte III

a) Soneto italiano
Ex.: “Soneto de Fidelidade”, de Vinicius de Moraes.
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
Versificação – Parte III

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

b) Soneto inglês (ou shakespeariano)

Ex.: “Soneto inglês nº 2”, Manuel Bandeira


Versificação – Parte III

Aceitar o castigo imerecido,


Não por fraqueza, mas por altivez.
No tormento mais fundo o teu gemido
Trocar um grito de ódio a quem o fez.

As delícias da carne e pensamento


Com que o instinto da espécie nos engana
Sobpor ao generoso sentimento
De uma afeição mais simplesmente humana.
Versificação – Parte III

Não tremer de esperança nem de espanto.


Nada pedir nem desejar, senão
A coragem de ser um novo santo
Sem fé num mundo além do mundo. E então

Morrer sem uma lágrima, que a vida


Não vale a pena e a dor de ser vivida.

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