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Condutos Equivalentes 57

6. CONDUTOS EQUIVALENTES

6.1 Definição

O estudo de condutos equivalentes é importante para a solução de diversos


problemas de hidráulica, principalmente quando se deseja substituir determinada
tubulação ou um sistema de tubulações por outra ou outros condutos, sem perder
as características hidráulicas do escoamento.

Do mesmo modo, utiliza-se o conceito de condutos equivalentes para resolver um


sistema hidráulica, como veremos a seguir. Diz-se que um conduto é equivalente a
outro ou outros, quando fornece a mesma vazão, sob a mesma perda de carga
total.

Serão utilizadas as fórmulas de Hazen-Williams e de Darcy-Weisbach, válidas para


diâmetros superiores a 50 mm, na demonstração dos casos seguintes.

6.2 Condutos simples

Deseja-se determinar a relação entre o conduto equivalente a uma tubulação


simples, isto é, um único tubo de diâmetro D 1, comprimento L1, e coeficiente de
perda de carga C1 ou f1 (tubo 1), conforme ilustração abaixo.

D1 tubo 1

L1 , C1 ou f1

De
tubo equivalente
Le , Ce ou fe

Pela própria definição de condutos equivalentes, para que um conduto seja


equivalente ao tubo 1, é necessário que a vazão e a perda de carga nos dois sejam
as mesmas.

 Fórmula de Hazen-Williams

As expressões da perda de carga para os dois tubos são:


Hidráulica 58

10, 641 Q 185,

Perda de carga no tubo 1: hf  L1


C 11,85 D 14,87

10, 641 Q 185


,

Perda de carga no tubo equivalente: hf  4,87


Le
C 185
e
, D e

185
, 4,87
L 1  C1   D1 
Dividindo-as, tem-se:    
Le  Ce   De 
(6.1)

 Fórmula de Darcy-Weisbach:

8 f1 Q 2
Perda de carga no tubo 1: hf  L1
 2 g D 15

8 fe Q 2
Perda de carga no tubo equivalente: hf  Le
 2 g D 5e

5
L1 f  D1 
logo,  e   (6.2)
Le f1  De 

6.3 Condutos em série

São os constituídos por trechos de tubulações com diâmetros diferentes. Neste caso
objetiva-se determinar a relação entre o conduto equivalente e uma tubulação que
apresenta trechos com diâmetro diferentes (ver ilustração seguinte).

hf1
hf2
hf3 hf

D3,L3
D2,L2
D1,L1

De, Le
Condutos Equivalentes 59

Por se tratar de condutos equivalentes, a vazão transportada e a perda de carga


nos tubos em séries e no conduto equivalente são iguais. Desprezando as perdas
singulares nas mudanças de seção, a perda de carga total é igual a somatória das
perdas de carga em cada trecho. Assim,

h f  h f1  h f 2  h f 3

generalizando as duas fórmulas utilizadas, podemos escrever a perda de carga


como

Qn
hf  K L
Dm

onde n assume os valores 1,85 ou 2 e m os valores 4,87 ou 5, respectivamente,


dependendo do uso das fórmulas de Hazen-Williams ou de Darcy-Weisbach. Logo,
a perda de carga para cada um dos trechos, será

Qn
hf 1  K 1 m L1
D1

Qn
hf 2  K 2 m L2
D2

Qn
hf 3  K 3 m L3
D3

Para o conduto equivalente, a perda de carga pode ser escrita como

Qn
hf  K e m L e
De

substituindo as relações acima na equação da perda de carga total, tem-se:

Qn Qn Qn Qn
K e m L e K e m L 1 K 2 m L 2 K 3 m L 3
De D1 D2 D3

simplificando,

Le L L L
Ke m
K 1 m1  K 2 m2  K 3 3m (6.3)
De D1 D2 D3

se o coeficiente de atrito f de todos os tubos forem iguais, então


Hidráulica 60

Ke = K1 = K2 = K3 e, (6.4)

Na prática, pode se dispor de uma extensão menor ou maior de tubulação para


transportar a vazão Q sob a mesma perda de carga h f . Se não for encontrado um
diâmetro comercial que satisfaça as condições exigidas, é aconselhável dividir em
dois trechos o comprimento total L do conduto. Faz-se, portanto,

L = L 1 + L2

e as perdas contínuas podem ser escrita da forma:

JL = J1 L1 + J2 L2
das duas últimas equações, tiram-se,

e (6.5)

6.3 Condutos em paralelo

Caracterizam-se por constituírem canalizações que apresentam os mesmos pontos


extremos (A e B da fig. abaixo). No ponto inicial (A) a vazão total se divide pelos
diversos condutos do feixe e é por eles conduzida até o ponto final (B), conforme
demonstra a ilustração a seguir.

hf

pA / L1 , Q1 , D1
pB /

Q L2 , Q2 , D2 Q
A B

L3 , Q3 , D3

Q Q
tubo equivalente

Le , Q , De
Pela equação da continuidade, tem-se
Condutos Equivalentes 61

Q = Q1 + Q2 + Q3

A perda de carga total entre A e B, é a mesma para cada um dos condutos do feixe.
Por isso, pode-se escrever :

Q 1n Q n2 Q n3
hf  K 1 L 1  K 2 L 2  K 3 L3
D1m D m2 D m3

Para o conduto equivalente, escreve-se a perda de carga como,

Qn
hf  K e Le
D me

Assim, tem-se :

h f D 1m h f D m2 h f D m3 h f D me
Q1  n ; Q2  n ; Q3  n ; Qn
K 1L 1 K 2L 2 K 3L 3 K eL e

substituindo as expressões acima na equação da continuidade, encontra-se

h f D me
n  (6.6)
K eL e

Se os comprimentos e os coeficientes K forem iguais,

(6.7)

se além disso todos os condutos tiverem o mesmo diâmetro D i ,

n
D me  Nn D mi

D m  NnD mi

(6.8)

onde N é o número de condutos em paralelo.


Exemplos de aplicação
Hidráulica 62

1) Um encanamento de 250 mm de diâmetro possui 360 m de comprimento.


Determinar o comprimento de uma tubulação equivalente de 200 mm de diâmetro.

Neste caso, aplicando a fórmula de Darcy-Weisbach,

5
L1 f  D1 
 e  
Le f1  De 

o coeficiente f é o mesmo para as duas tubulações.

5 5 5
L 1  D1  D   200 
logo,    L e  L 1  e   360 
Le  De   D1   250 

Le = 118 m

2) Um conduto é constituído por 2 trechos, o primeiro com 250 mm de diâmetro e


830 m de comprimento e o segundo com 175 mm de diâmetro e 350 m de
comprimento. Deseja-se substituir esses condutos por um único de diâmetro
uniforme, mesmo material, ligando os pontos extremos que distam 950 m.

Utilizando a fórmula de Darcy-Weisbach, temos

Le L L 950 830 350


5
 15  25  5
 5

D e D1 D 2 De 250 175 5

De  200 mm

Exercícios propostos
Condutos Equivalentes 63

6.1) A perda de carga entre os pontos A e F no sistema hidráulico mostrado abaixo


é de 61 mca. Adotando-se a fórmula de Hazen-Williams com C = 120 para todos os
tubos, pede-se calcular as vazões nos ramais de comprimento L 1 e L2.

L2 = 1525 m
D2 = 300 mm

L1 = 3050 m L4= 2450 m


A B E F
D1 = 600 mm D4 = 500 mm
L3 = 915 m
D3 = 400 mm

6.2) Tem-se dois tubos, C = 120, ligados em série com comprimentos de 9000 m e
1500 m, e diâmetros de 250 mm e 150 mm, respectivamente. Determinar qual deve
ser o comprimento de um conduto de 200 mm e C = 120, equivalente ao sistema
acima.

6.3) Um sistema de abastecimento de água apresenta um conduto AB que se divide


em B, em três outros condutos, conforme esquematizado na figura abaixo. Pelos
trechos AB e CD escoa a vazão de 440 l/s. Sabe-se que os tubos que compõem o
trecho BC são de ferro fundido, com 15 anos de uso. Calcular a vazão em cada um
desses condutos, bem como a diferença de pressões entre os pontos B e C.

L1 = 600 m; D1 = 300 mm

B L2 = 450 m; D2 = 250 mm C
A D

L3 = 750 m; D3 = 375 mm

6.4) Calcular a vazão de R 1 para R2 no sistema da figura seguinte, Adote f = 0,03


para todos os tubos.

hf = 6,31 m

R1
R2
D2 = 400 mm

D1 = 200 mm

K2 = 0,50
K1 = 1,0
Hidráulica 64

L2 = 2100 m

L1 = 1200 m

6.5) Qual a vazão de uma tubulação composta de três seções de 150 m cada e
diâmetros 900 mm, 600 mm e 750 mm nas seguintes condições: a tubulação de
maior diâmetro sai do reservatório e a de 750 mm descarga na atmosfera ? A
diferença de nível entre o NA do reservatório e a descarga é de 2,70 m. Adote C da
fórmula de Hazen-Williams igual a 120.

6.6) Tem-se dois reservatórios de grandes dimensões, mantidos às cotas 154 e


140. A sua interligação será feita com uma tubulação constituída de três trechos. O
primeiro trecho tem 2,4 km de comprimento e foi executado com tubulação de
concreto (acabamento comum) com diâmetro de 20”. O segundo trecho, também
em concreto comum, tem 1,8 km de comprimento e 16” de diâmetro. Calcular qual
deve ser o diâmetro do terceiro trecho, a ser construído com tubos de concreto,
numa extensão de 600 m, para que seja garantida uma vazão de 160 l/s.

154 m

R1
140 m
L1
D1
L2
D2 R2
L3
D3

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