Você está na página 1de 64

CAPÍTULO 2

CAPACIDADE DE CARGA
DE FUNDAÇÕES RASAS
DEFINIÇÕES
• A fundação de uma construção é um elemento
estrutural que transmite as cargas da supra-estrutura
ao terreno;
• Um maciço de fundação é o terreno, abaixo ou ao
longo do elemento estrutural de fundação, que
efetivamente suporta as cargas provenientes deste
elemento;
• Uma fundação rasa ou superficial é um elemento
estrutural que compreende blocos, sapatas e radiers,
rígidos ou flexíveis, localizando-se à profundidade D,
abaixo da superfície, igual ou menor que a menor
dimensão B da fundação (D  B), em planta (Terzaghi,
1943). Pela NBR 6122, esta relação é D/B  2.
DEFINIÇÕES

• Profundidade de assentamento (fundação rasa) ou


de embutimento (fundação profunda) (D) é a
profundidade de apoio da base da fundação, em relação
ao nível do terreno (NT);
• Esta profundidade fica limitada a D/B  2, pela NBR
6122 – Projeto e Execução de Fundações;
TABULEIRO DA PONTE

NA

NT PILAR DA PONTE
D

NT

NT1

D
CONTENÇÃO

NT

NT2
D
DEFINIÇÕES
• Capacidade de carga última é a máxima tensão que o
solo pode suportar;

• Capacidade de carga líquida última (qu) é a máxima


tensão que o solo pode suportar, sem levar em conta a
tensão efetiva à cota de apoio da fundação;

• Capacidade de carga bruta ou total última (qúlt) é a


máxima tensão que o solo pode suportar, levando-se em
conta a tensão efetiva à cota de apoio da fundação
(qúlt = qu + v = qu + D);
DEFINIÇÕES
• Capacidade de carga admissível ou de serviço ou de
trabalho (qadm) é a máxima tensão que o solo pode suportar, a
fim de que haja garantia de segurança contra o colapso da
estrutura, pela ruptura por cisalhamento do solo. Geralmente,
esta tensão é apenas uma fração da capacidade de carga
líquida última (qu);

• Fator de segurança é a relação entre a capacidade de carga


líquida última e a capacidade de carga admissível (FS
= qu / qadm). Pode ser global (neste caso, terá um único valor) ou
parcial (vários valores). Em fundações rasas, adota-se,
normalmente, FS = 3;

• Estado limite último (ELU) define uma tensão ou força limite


que não deve ser excedida, durante a vida útil da fundação;

• Estado limite de serviço ou de utilização (ELS) define uma


deformação ou recalque limite que não deve ser excedido,
durante a vida útil da fundação, a fim de que a mesma não
prejudique a estrutura que suporta;
TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS
TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS
TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS
TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS
TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS
ARRANJOS DE FUNDAÇÕES RASAS
Combination Spread & Strip Footing
REQUERIMENTOS DE UMA FUNDAÇÃO
1. Capacidade de carga, ou carga última, ou
carga de ruptura;
2. Carga de trabalho, de serviço ou admissível.
Capacidade de carga qu Resistência da massa de solo,
líquida última descontando-se sua tensão efetiva;

Capacidade de carga qúlt Resistência da massa de solo em um


total última ponto ao longo da superfície de
ruptura (qúlt = qu + D);

Carga de segurança qs Coeficiente de segurança FS aplicado


à qu (qs = qu / FS);

Carga admissível qadm Coeficiente de segurança FS aplicado


à qúlt. Recalque admissível pode ditar
o comportamento
{qadm = [(qu / FS) + D]}
MODOS DE RUPTURA DE FUNDAÇÕES
RASAS

Ruptura Ruptura por Ruptura


generalizada puncionamento localizada

Solo bastante Solo mole, Solo de


incompressível muito condição
(denso) compressível intermediária
DESEMPENHO DA FUNDAÇÃO RASA (KÉZDI,
1970)
Carga vertical
carga de carga máxima carga última
segurança de serviço
Elástico
Deslocamento vertical

recalque máximo
tolerável Plástico

Estado Limite de Serviço


Estado Limite Último Iminência
da ruptura
Carga Máxima Admissível =
mín [carga de segurança, carga máx serviço]
ESTADOS LIMITES

Serviço Último
ESTADO LIMITE DE SERVIÇO

Carga Máxima na qual


a estrutura ainda possui
Deslocamento vertical

desempenho
satisfatório para:
• Recalque;
• Movimento horizontal;
• Rotação
• Deslizamento

Força (kN)
Carga Aplicada
DEFINIÇÕES

Pressão Admissível: q = F/A

F Área Plana, A

Capacidade de Carga: qúlt = Fruptura / A


RUPTURA DE FUNDAÇÃO

Ruptura Rotacional Força

Levantamento Resistência
do Solo
SILO DE GRÃOS – Transcosna, Canada
(18/10/1913)

Lado Oeste afundou 7 m


RUPTURA GENERALIZADA (VESIĆ, 1963)
q

Linhas de
Ruptura
do Solo
Recalque

passivo
cisalha-
mento
Solos Rígidos (Densos) radial
espiral logarítmica
RUPTURA LOCALIZADA (VESIĆ, 1963)

menor superfície
de levantamento
do solo
Recalque

Solos Medianamente
Densos
RUPTURA POR PUNCIONAMENTO (VESIĆ,
1963)
q

Não há superfície
de levantamento Recalque
do solo

Solos fofos
ou moles
ENSAIO EM MODELOS REDUZIDOS (VESIĆ,
1973)
GUIA GERAL
• Fundações em argilas duras:
- ruptura generalizada;

• Fundações em areias densas (Dr > 67%):


– ruptura generalizada;

• Fundações em areias fofas a medianamente compactas


(30%< Dr < 67%) e argilas de consistência média:
– ruptura localizada;

• Fundações em areias muito fofas (Dr < 30%) e argilas


muito moles
– ruptura por puncionamento.
FÓRMULAS DE CAPACIDADE DE CARGA

• Terzaghi (1943, 1967)


• Skempton (1951)
• Meyerhof (1951, 1963)
• Brinch Hansen (1961, 1970)
• De Beer and Ladanyi (1961)
• Vesić (1973, 1975)
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE
• As equações de capacidade de carga usadas em
engenharia geotécnica foram derivadas usando um
método analítico, chamado de método do equilíbrio
limite, desenvolvido por Prandtl (1920);
• Prandtl (1920) mostrou teoricamente que uma cunha de
solo é aprisionada abaixo de uma placa rígida, quando
esta é sujeita a um carregamento concentrado;
• Terzaghi (1943) derivou equações de capacidade de
carga, baseadas no mecanismo de ruptura de Prandtl
(1920);
• Os passos para se usar este método são: i) seleção de
uma superfície de ruptura; ii) determinação das forças
agindo ao longo da superfície; e, iii) use de equações de
equilíbrio da estática, para se determinar a carga de
colapso ou de ruptura (Pu).
ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA –
MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE
A solução é geralmente baseada em:

  a) Ruptura do tipo generalizada;

b) Fundação corrida:

 largura B;

 comprimento L = ;

 profundidade de assentamento D.

c) Solo: homogêneo e isotrópico, peso específico 

d) Resistência do solo: parâmetros c and 


FUNDAÇÃO SUPERFICIAL, B x L = 

qméd = Q/B por m


SOLO Força, Q
Tensão

Comportamento
do solo
rígido-plástico B

Deformação Resistência do
Solo, c′ and ′
ESCOLHA DOS PARÂMETROS DE
RESISTÊNCIA

AREIA ARGILA
• Areia pura • Saturada, NC
• c = 0 = c • Carregamento não
drenado?
 , , 
  não afetado pela  u = 0
saturação • geralmente mais
crítico
• Mas menor valor de qu!
• Carregamento drenado?
• c, 
MECANISMO DE RUPTURA

L
B
Circular, para u = 0

Cunha de solo na ruptura


LIMITE SUPERIOR PARA SOLOS COM u = 0

qu
Centro de
rotação?

Raio, B
SOLUÇÃO

Tomar os momentos em relação ao centro de


rotação:
Momento solicitante = Momento resistente

quB(0.5B) = (cuB)B

qu = (2)cu

qu = 6.3 cu
LIMITE INFERIOR PARA SOLOS COM u = 0

45 B 45

Ha Hp
Cunha Cunha
ativa passiva

Ka = Kp = 1
SOLUÇÃO
qu = 4cu
Tensão
cisalhante
cu

Hp = Ha qu
0

Estado passivo Estado ativo


Tensões principais
CAPACIDADE DE CARGA FINAL

• Limite inferior (seguro): qu = 4cu

• Limite adotado: q u = 5.14cu

• Limite superior (não seguro) qu = 6.3cu


FÓRMULAS DE CAPACIDADE DE CARGA

qult  N c su   zD
FÓRMULA DE CAPACIDADE DE CARGA DE
TERZAGHI
ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA –
EQUAÇÃO DE TERZAGHI
Hipóteses de Terzaghi (1943):

  a) Ruptura do tipo generalizada;

b) Fundação corrida:

 largura B;

 comprimento L = ;

 profundidade de assentamento D (D  B).

c) Solo: material semi-infinito, homogêneo, isotrópico, sem peso e de


ruptura rígida-plástica;

d) O ângulo  da cunha de ruptura é igual a . Mais tarde, foi encontrado


que  =  + 45º (Vesić, 1973);
ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA –
EQUAÇÃO DE TERZAGHI
Hipóteses de Terzaghi (1943):

  e) A resistência do solo acima da fundação é negligenciável.


Meyerhof (1951) considerou a resistência ao cisalhamento
acima da base da fundação;

f) O solo acima da base da fundação pode ser trocado por uma


pressão devida à sobrecarga (= D);

g) A base da fundação é rugosa.

Para solos com ruptura localizada, Terzaghi (1943) sugeriu que


os valores de p´ (coeficiente de atrito interno de pico)
sejam reduzidos a 2/3 daqueles valores.
EQUAÇÃO DE CAPACIDADE DE CARGA DE TERZAGHI –

RUPTURA GENERALIZADA

Para fundações contínuas:


qúlt  cN c   zD N q  0 ,5 BN

Para fundações quadradas:


qúlt  1,3cN c   zD N q  0 ,4 BN

Para fundações circulares:


qúlt  1,3cN c   zD N q  0 ,3 BN
EQUAÇÃO DE CAPACIDADE DE CARGA DE TERZAGHI –
RUPTURA LOCALIZADA

Para fundações contínuas:


qúlt  0 ,66 cN´c  zD N´ q 0 ,5 BN´

Para fundações quadradas:


qúlt  0 ,867 cN´c  zD N´ q 0 ,4 BN´

Para fundações circulares:


qúlt  0 ,867 cN´c  zD N´ q 0 ,3 BN´
FATORES DE CAPACIDADE DE CARGA DE
TERZAGHI

a2
Nq 
2 cos (45    / 2)
2

a  exp( 3 / 4    / 2 ) tan  
Nc  5.7 quando   0
Nq 1
Nc  quando   0 tg  K p 
tg N   1
2  cos 2  
Kpy = coeficiente de empuxo passivo
FATORES DE CAPACIDADE DE CARGA DE
TERZAGHI
GRÁFICO DOS COEFICIENTES DE
CAPACIDADE DE CARGA DE TERZAGHI (1943)
EQUAÇÃO DE CAPACIDADE DE CARGA DE MEYERHOF
(1951, 1963)
Para cargas verticais:

q  cN s d   N s d  0.5BN s d
últ c c c zD q q q   

Para cargas inclinadas:

q  cN s d i   N s d i  0.5BN s d i
últ c c c c zD q q q q    
GRÁFICO DOS COEFICIENTES DE
CAPACIDADE DE CARGA DE MEYERHOF
(1951, 1963)
FATORES DE MEYERHOF (1951, 1963)

Para  Forma Profundidade Inclinação

Qq.  sc = 1 + (0,2KpB/L) dc = 1 + 0,2 Ic = iq =

 = 0° sq = s = 1,0 dq = d = 1,0 i = 1

  10° sq = s = 1+0.1Kp53 dq = dy = 1 + 0,1 i =

Kp=tan2
Α=angle of resultant measured from vertical axis

When triaxial is used for plane strain, adjust  to obtain ps=1.1-0.1
FATORES DE MEYERHOF (1951, 1963)

For Shape Depth Inclinati


Any  Sc=1+0,2KpB/L dc=1+0.2ξ 𝑘 𝐷ൗ
𝐵 Ic=iq=൫1
∝ൗ ൯2
90°
For =0° Sq=S=1.0 dq=d=1.0 i=1
For sq=s=1+0.1KP𝐵ൗ
𝐿 dq=dy=1+0.1ට 𝐾𝑝 𝐷ൗ i=ቀ1 −
=10° 𝐵
EQUAÇÃO GENERALIZADA DE HANSEN (1961,
1970)

qúlt  cN c sc d cicbc g c   zD N q sq d q iq bq g q  0.5 BN  s d i b g

Fatores de forma: sc, sq e s


Fatores de profundidade: dc, dq e d
Fatores de inclinação de carga: ic, iq e i
Fatores de inclinação da base da fundação: bc, bq e b
Fatores de inclinação do terreno: gc, gq e g
GRÁFICO DOS COEFICIENTES DE
CAPACIDADE DE CARGA DE HANSEN (1961)
FATORES DE FORMA DE VÉSIC (1975), PARA SEREM
APLICADOS NA EQUAÇÃO GENERALIZADA

 B  N q 
sc  1    
L
  c N
 B
s q  1    tg
L
B
s  1  0.4 
L
FATORES DE INCLINAÇÃO DE CARGA DE VÉSIC
(1975), PARA SEREM APLICADOS NA EQUAÇÃO
GENERALIZADA

 mH  2  B/ L
i  1    mm 
 BLcN
c
1 B / L
B

c 
Carga inclinada paralela
m
à menor dimensão B
 H 
i  1  
V  BLc cot '
q
  2 L/B
m m 
1 L / B
L

m 1

 H 
i  1   Carga inclinada paralela
 V  BLc cot ' 

à maior dimensão L
FATORES DE PROFUNDIDADE DA FÓRMULA
DE VÉSIC

1 D 
k  tg  
B
d c  1 0.4k
2
d q  1  2ktg(1  sin )

d  1
COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS
EFEITO DA POSIÇÃO DO NÍVEL D´ÁGUA (NA)
EFEITO DA POSIÇÃO DO NÍVEL D´ÁGUA (NA):
Caso 1

1. Modificar ′zD;
2. Calcular ´ como segue:

´  sub   sat   w


EFEITO DA POSIÇÃO DO NÍVEL D´ÁGUA (NA):
Caso 2

1. Nenhuma variação em ′zD;


2. Calcular ´ como segue:

  Dw  D  
´  sat   w 1    
  B 
EFEITO DA POSIÇÃO DO NÍVEL D´ÁGUA (NA):
Caso 3

1. Nenhuma variação em ′zD;


2. Nenhuma variação em ′.



Você também pode gostar