A PEDAGOGIZAÇÃO DO CONHECIMENTO NO

CAMPO DA RECONTEXTUALIZAÇÃO

Neste texto Bernstein (2003) trabalha os conceitos de competência e

desempenho tão presentes na educação contemporânea. Para tanto, no
início do texto ele explica acerca dos vários tipos de títulos que o seu atual
artigo poderia receber conforme os significados e teorias prevalecentes
entre a década de 1950 até os dias de hoje.

Para trabalhar os dois conceitos já citados, o autor faz uma análise da

convergência contextual nos campos sócio-psicolinguístico e linguístico do
início da década de 1990 trazendo a ideia de uma recontextualização dos
dois conceitos no campo da recontextualização pedagógica.

O autor trabalha o conceito de conhecimento enquanto competência quando

diz: "O conceito de conhecimento que tenho em mente passou por todas as
principais ciências sociais de uma forma ou de outra, trata-se do conceito de
competência" (p.77).

Então, Bernstein (2003) continua explicando o conceito de competência por

meio de sua lógica social. De forma bastante suscinta isto seria:

1º por meio de uma democracia universal de aquisição;

2º que todo sujeito é ativo e criativo para a construção do mundo;

3º entendimento de que o sujeito é capaz de se auto-regular, acarretando

assim, em um desenvolvimento positivo;

4º visão crítica e cética das relações hierárquicas e

5º mudança da perspectiva temporal para o tempo presente,

compreendendo que o ponto de realização da competência revela o passado
e prenuncia o futuro.

Neste sentido, o autor chama a atenção para o fato de que é necessário

atentarmos para a questão de que esse idealismo da competência tem o
preço de separar os indivíduos da análise e compreensão da distribuição do
poder e tem a função de especializar modos de aquisições e realizações
diferentes.

O conceito de competências é trabalhado por Bernstein conforme as

ideologias liberais, progressivistas e radicais da década de 60, juntamente
com os seus patrocinadores. Para ele, os teóricos da
competência tinham pouca ou nenhuma preocupação com
a educação e isto se devia a uma dificuldade de compreensão das teorias
educacionais, levando-os a misturar, por exemplo, Piaget com os
behavioristas, Chomsky com os gramáticos, etc. Para o autor, apesar do
conceito de competência ter raízes diferentes e até mesmo opostas , em
todos os teóricos daquela época havia uma postura anti-positivista.

Bernstein (2003) também salienta acerca de dois campos que são: o campo
de recontextualização pedagógica e o campo oficial de recontextualização.
Para ele, a recontextualização tanto na prática pedagógica quanto no
modelo oficial trouxe posturas, modelos, produção, avaliação, espaço,
tempo, controle, textos pedagógicos, regiões de disciplinas que se dividem
em identidades retrospectivas e identidades prospectivas, entre outras
questões. Todos estes aspectos são inerentes a um novo modelo de
identidade ao qual as instituições, o Estado e os indivíduos buscam se
adequar na reorganização do capitalismo.

Gostaria de salientar que Bernstein (2003) chama a atenção do leitor ao

fazer um apelo ao sagrado quando explica que o que vem ocorrendo no final
do século XX tem a ver com a "redução do espaço para o sagrado" (nota de
rodapé, p.108). Percebe-se que ele faz uma defesa ao avanço das religiões
fundamentalistas como meio para a recuperação da identidade coletiva ante
a política, a modernização, às tecnologias ocidentais e também ante aos
problemas de assimilação identitários por parte, por exemplo, dos jovens.

Referência:
BERNSTEIN, Basil. A pedagogização do conhecimento: estudos sobre
recontextualização". In: Cadernos de pesquisa.n. 120, p.75-110, nov. 2003.

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Texto produzido por Maria do Rosário Teles de Farias

Fonte: http://praticassocioeducativas.blogspot.com/2014/1...

¹Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da

Universidade Federal de Goiás/FE-UFG. Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos (EJA). Linha de
pesquisa "Educação, Trabalho e Movimentos Sociais".