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DESIGREJISMO – crentes caindo fora da igreja Texto Básico: 

Hebreus 10.25
Leitura Diária: D 1Pe 2.1-10 – A pedra que vive /S 2Jó 7 – 11 – Deixando de fora o herege
T Ap 2.12-17 – Zelando pela igreja /Q Mt 18.15-20 – Trazendo o irmão de volta
Q 1Co 5.1-13 – O impuro rejeitado /S 1Jo 4.15 – Confissão de fé /S 1Tm 3.1-13 – A qualificação dos
oficiais
 INTRODUÇÃO

Talvez você não saiba o que significa a palavra “desigrejismo” e fique muito desconfiado ao ver uma
lição sobre isso. Afinal, será mesmo que este é um dos “ismos de nossos dias”. Se é, então por que
nunca ouvi falar dele? Bem, embora a palavra seja desconhecida de muitos cristãos e seja bem esquisita,
com certeza você já se deparou com aquilo que ela representa. Desigrejismo é a tendência atual de
muitos crentes acharem que podem ter um cristianismo sem igreja e, por isso, abandonam a igreja e
tentam viver a fé cristã sozinhos. Será que isso é possível? Será que é certo?

 1. O DESIGREJISMO: EM QUE CREEM OS DESIGREJADOS


A igreja institucional e organizada está hoje no centro de acirradas discussões em praticamente todas as
denominações da cristandade. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o poderio
apostólico de igrejas neopentecostais, a institucionalização e secularização das denominações históricas,
a profissionalização do ministério pastoral, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo Estado, a
variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas, de sucesso pastoral, os escândalos ocorridos
nas igrejas, a falta de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes – tudo isso
tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada.

Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Mas outros querem abandonar apenas a igreja e
manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja. Alguns, além de não mais frequentarem a igreja,
tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a
necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos
encontrar Cristo. São os desigrejados.

Em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos.

1) Cristo não deixou nenhuma forma de igreja organizada e institucional.

2) Já nos primeiros séculos, os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma
instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios e elaborando hierarquias para proteger e
defender a própria instituição e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora.
Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja
corrompeu-se completamente.

3) Apesar de a Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram
caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de
hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao
elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé que engessaram a mensagem de Jesus e
impediram o livre pensamento teológico.

4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios,
ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.

5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que creem nele, ali está a igreja, pois Cristo está
com eles, conforme prometeu em Mateus 18.
6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos e
prestado um desserviço ao evangelho.

Infelizmente, os desigrejados estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja
organizada com a igreja de Cristo e lutam com unhas e dentes para defender sua denominação e sua
igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo
também que a igreja de Cristo subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em
casas, cavernas, vales, campos e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a
oficialização do Cristianismo por Constantino, no quarto século.

Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a
hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. E
também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no
decorrer de sua longa história. Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja
institucional e seguirmos um cristianismo solitário.

2. IGREJISMO: O ENSINO BÍBLICO


É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse
algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no
período apostólico e muito antes de Constantino.

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o
Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a
pessoa de Jesus (1Pe 2.4-8). O que se desviar desta não é igreja cristã. As igrejas foram instruídas pelos
apóstolos a rejeitar os livre-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes,
como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap
2.6, 14-15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos
apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados,
advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.

3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos
de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20) e não
demonstrou arrependimento. Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém
endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser
tratado como parte dela (Mt 18.17), como aconteceu com o “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5).
Isso não pode ser feito numa fraternidade informal e livre onde não existe a consciência de
pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo.

4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo e que os batizassem e
ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos organizaram os
convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram
líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os
faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e
suas funções (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14).

5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou
confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de
base para o ensino e a instrução dos novos convertidos e para examinarem e rejeitarem os falsos
mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores
gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de
que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma
ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14).
O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em
Jerusalém para tratar de um caso de doutrina (At 15.1-6).

6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o
vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem e reuniam-se regularmente para
celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas
para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34).É curioso que a
passagem predileta dos desigrejados (Mt 18.20) foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada.
Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e
reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para
preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer
sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.Muito antes do período pós-
apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino, a igreja de
Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular,
credos e confissões. A ponto de o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com
os demais cristãos (Hb 10.25).

No final, fico com a impressão de que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada
meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original –
pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo
Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no
que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a
uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm
autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas idéias e nossa maneira de
viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir
demais.

 CONCLUSÃO

Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu
for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção,
falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do
Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos
ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da
Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares.

 APLICAÇÃO

Como está sua frequência aos cultos da igreja? Você tem se reunido regularmente com seus irmãos em
Cristo para adorar ao Senhor, ser instruído por ele e participar dos sacramentos?Autor da lição: Vagner
Barbosa
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na Revista Nossa Fé – “ISMOS DE NOSSOS
DIAS – Ideias atuais à luz da Bíblia”. Usado com permissão.
[Adaptada de artigo de Augustus Nicodemus em Ó Tempora, ó Mores]
O argumento (usado pelos “desigrejados”) de que Deus não habita em templos

Data: 21 janeiro, 2018Autor: -2 Comentários


Texto: Atos 7:48
O termo desigrejado foi escolhido por eles mesmos. Por quem? Por pessoas que afirmam ser a
igreja embora não frequentem templos, nem precise deles. É difícil realmente compreender o
que eles entendem sobre a ordem de congregar, porém, ofereço este pequeno artigo (que
estará se complementando mais) a esses amigos que por alguma decepção, ou pelo motivo
que aleguem, preferem estar isolados.
A forma mais fácil de negar que templo também é todo e qualquer lugar em que as pessoas
praticam a koinonia (comunhão física entre irmãos – Atos 2:42; 1º João 1:6-7, etc) é
simplesmente  espiritualizar o termo da Bíblia. Ou seja, interpretar a palavra como apenas o
símbolo do nosso ser, pois de fato somos o Templo do Espírito Santo.
Entretanto, em nenhum lugar da Bíblia, Deus aboliu que seu povo participe do templo de
paredes para congregar, louvar, ouvir a Palavra, confraternizar-se, servir a Deus batizado num
corpo, participar da Santa Ceia, viver em comunhão entre irmãos. Vamos porém mostrar 3
coisas importantes sobre a passagem de Atos 7:48 que é um texto tão usado para os
desigrejados não congregarem.
1. Habitar e Estar:
Muitos usam o versículo em questão para dizer que não precisam ir a nenhuma igreja (templo,
local) já que Deus não está lá. Então vamos esclarecer melhor que os verbos “habitar” e
“estar” são dois verbos muito diferentes.
Você pode estar lendo isso num ônibus, mas você não habita num ônibus! Você pode estar na
rua, mas isso não significa que você more na rua. Habitar é morar! Você habita apenas naquele
lugar que repousa, que chega do trabalho, que está com sua família, que é o seu lar! Mas você
pode estar visitando ou presente em diferentes lugares.
Deus por ser onipresente, Ele pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo! Porém Deus
habita dentro de nossos corações e também nos Céus, e também habita com o contrito e aflito
(que quer dizer que ele habita COM eles, não NELES!! Mas Deus habita no mesmo lugar que
estão vivendo os aflitos!). Deus somente habita dentro daqueles que após Ele bater na porta,
eles abrem e o recebem dentro.
Deus com certeza não habita no Templo, mas Ele está no Templo e ONDE quer que se reúnam
duas ou três pessoas (seja numa casa, na rua, nos templos): “ALI estarei”!! (veja que as
palavras ‘onde’ e ‘ali’ de Mateus 18:20 se referem a lugares). Negar que Deus esteja também
numa reunião dentro de um edifício é negar também a onipresença de Deus!
Outro exemplo que seria uma contradição é Salmos 11:4, onde diz: “Deus está no seu santo
templo“. Se não entendemos bem a diferença entre habitar e estar pensamos que esses dois
versículos estão em contradição! Afinal, Deus está ou não no Templo? Sim eles está, porém
não habita (tal como lemos nos dois versículos que NÃO se contradizem!).
2. Edifícios:
Dizer que o significado desse versículo é que Deus não está em nenhum edifício seria uma
ignorância muito grande, já os que dizem isso, geralmente se reúnem apenas dentro de casas
e toda casa não deixa de ser um edifício!
O Senhor Jesus também teria caído em contradição ao dizer: “Entra no teu quarto e fecha a
porta…”. Já que a casa da pessoa também é uma construção humana, uma edificação feita
também por mãos humanas.
3. O significado real de Atos 7:48:
A Igreja estava pregando Atos 7:48 porque os judeus estavam “enclausurando” Deus no seu
templo! A ideia era que Deus era algo exclusivo deles! Que eles tinham conseguido “enjaular”
a Deus, deixando-O preso entre as quatro paredes de seu templo em Jerusalém!
Deus habita entre os louvores! (Sl 22:3)
Seria, numa péssima comparação, mais ou menos como se Deus fosse uma atração que eles
possuíam dentro daquelas formosas paredes e teto! É a mesma jogada de marketing que usam
os circos para dizer que somente ali há uma atração que ninguém ainda viu: A mulher peluda
ou o leão verde, etc…
A igreja cristã estava pregando que Deus não podia ser limitado no tempo nem espaço! Era
essa a intenção de pregar essa palavra. Os primeiros cristãos em muitos lugares não tinham
quase que o direito de se reunirem num único lugar. E por ainda não terem um lugar
apropriado e exclusivo para isso, o faziam de casa em casa.
Naquelas épocas a “luz” não se podia colocá-la num candeeiro, mas escondê-la debaixo de
uma bacia (Mateus 5:14-16). Já hoje, não precisamos mais (pelo menos em alguns países
livres) esconder-nos como se fossemos uma sociedade secreta! Mas devemos hoje brilhar
publicamente nossa luz e deixá-la acessível a todos os homens para que eles a vejam e
glorifiquem a nosso Pai que está nos Céus!
Temos, por exemplo, um exemplo de um homem na Bíblia que alugou um local para reunir a
igreja ali! Esse homem foi o apóstolo Paulo! (ver Atos 28:23,30,31). “Sem impedimento
algum”, ou seja, de maneira livre, com liberdade diferente de lugares como Israel na época,
Paulo pôde alugar um lugar que o transformou numa “igreja” tal como conhecemos hoje! Ali
ele recebia todas as pessoas que quisessem entrar para receber a Cristo e para ouvir a Palavra
de Deus!
A partir daí, se não tivermos impedimento algum, podemos seguir o mesmo modelo e alugar
edifícios (independente do tamanho) para recebermos pessoas em nome de Cristo (tal como
diz em Mateus 18:20).

Deus abençoe a todos!

Desigrejismo – “anomalia” ou opção?

Posted by Ultimatoonline

*Conteúdo “Especial” da edição 374 da revista Ultimato

 
Cresce o número daqueles que intencionalmente não se ligam a uma igreja ou que deixaram as igrejas
que frequentavam. Estima-se que sejam quase 10 milhões. Este grupo não é homogêneo. Há desde os
que deixaram a igreja por terem sofrido decepções com a liderança aos que se apegam a uma teologia
que ataca a igreja institucionalizada. 
Esta realidade está relacionada também ao modo de vida na sociedade contemporânea. Em todo o
mundo a quantidade dos “sem-igreja” cresce em países secularizados e também em cidades maiores de
países que ainda possuem maioria cristã, como o Brasil. 
Stott usa uma palavra dura para descrever a situação dos crentes que estão fora da Igreja: “anomalia”.
Nelson Bomilcar, autor de Os Sem-Igreja, declara: “Continuo acreditando na igreja do Senhor. Estou na
igreja porque fui colocado nela pelo Espírito Santo. É possível viver o evangelho na comunidade, apesar
de todas as suas ambiguidades, para balizarmos aqui e ali sinais do reino de Deus”. Ultimato reafirma
que a igreja é projeto de Deus (veja matéria de capa). Mas, ao mesmo tempo, quer se aproximar com
misericórdia dos sem-igreja e entender melhor este universo. O debate entre “igrejados” e
“desigrejados” assumiu contornos de polarização. Há zombarias, desrespeito, acusações generalizadas e
falta de amor cristão entre os dois lados. A reação dos crentes deveria ser outra: “Quando um irmão se
afasta da igreja, devemos lamentar e sentir saudades” (Lissânder Dias). Ultimato publica as respostas de
oito entrevistados que já estudaram o fenômeno, acompanharam pessoas fora da Igreja e que até
viveram a condição de desigrejados.
Quais são os tipos de desigrejados?

Idauro Campos – São dois os tipos principais: os decepcionados e os críticos do sistema. Os


decepcionados deixaram de congregar por alguma decepção pessoal ou institucional. Trata-se de
decepção pessoal quando envolve a relação direta com a liderança (pastores, bispos, “apóstolos” etc.),
geralmente marcada por “abuso espiritual”, expressão empregada por Marília de Camargo César no
livro Feridos em Nome de Deus (Mundo Cristão). Os críticos do sistema são aqueles desigrejados que
afirmam não possuir decepção alguma, mas que explicam sua deserção institucional por meio da
compreensão que alcançaram de que a institucionalização da igreja, com seus templos, liturgia,
programas, nada mais é do que um empreendimento humano sem relação com o evangelho.
Um desigrejado perguntou se, em vez de o foco estar na ação de abandono à igreja, não deveria estar
nos motivos pelos quais “miríades de pessoas estão abandonando a canoa furada do que se denomina
cristianismo”.

Idauro Campos – Sim. Os quase 10 milhões de desigrejados no Brasil devem levar as lideranças a pensar
nas razões que levaram tantas pessoas a deixarem as congregações. Explicar o fenômeno do “niilismo
eclesiástico” apenas de forma superficial, como, por exemplo, classificar os desigrejados como “gente
complicada” ou “falsos crentes” não resolve o problema. Muitas vezes a igreja institucional dá causa à
deserção.
Como se alimentam espiritualmente os desigrejados?

Idauro Campos – Geralmente fazem suas reuniões com irmãos na mesma situação. Mas há também
aqueles que não querem nenhuma relação com encontros para adoração. Seguem sozinhos, com suas
leituras e vídeos na internet. Há trabalhos acadêmicos que tratam da espiritualidade dos desigrejados
nas redes sociais.
Os desigrejados são parte da “igreja virtual”? As novidades em tecnologia contribuíram para o aumento
das pessoas que deixaram suas igrejas?

Marcos Botelho – Acredito que a tecnologia seja apenas uma fatia do bolo, uma parte que ajudou nesse
fenômeno, pois hoje todos podem ter acesso às melhores pregações on-line, que provavelmente sejam
melhores do que a pregação que uma pessoa ouviria em uma igreja perto de sua casa. Mas há também
outras causas: uma geração desacreditada de qualquer tipo de instituição; um fenômeno pós-
neopentecostais, em que milhares de pessoas decepcionadas com a teologia da prosperidade saíram
dessas igrejas e não se engajaram em outras; e, por último: como crescemos muito numericamente, é
normal parte de nós continuar acreditando no que acreditamos, mas não sentir necessidade de
congregar semanalmente em um lugar; simplesmente alguns não sentem falta e não vão a uma igreja.
A maior parte dos que deixam a igreja são jovens. Este abandono tem a ver com os conflitos geracionais
ou com o perfil da juventude?

Marcos Botelho – Um levantamento feito pelo Ibope, para o jornal O Estado de São Paulo, mostra que,
no final de 2012, 56% das pessoas diziam não ter preferência partidária, contra 44% que apontavam
preferência por alguma legenda; isso acontecia pela primeira vez desde 1988. Podemos pensar que isso
esteja ocorrendo por causa dos escândalos políticos dos últimos tempos. Pode até ser, mas essa
pesquisa veio antes da Lava Jato e todos esses escândalos, por isso acredito que nessa geração
emergente está surgindo um pensamento que vai além de abandono de uma legenda partidária. Vejo
cada vez mais um desapego das instituições organizadas e um apego ao que chamo de causas primárias.
A cidade ganha importância, a união perde; o time de futebol ganha, a seleção perde; o ensino informal
cresce, o ensino formal cai; o ministério de uma igreja ganha importância, a denominação perde. Assim
também cresce a cada dia o número de jovens e adultos desapegados das denominações protestantes.
Lembro-me de, na infância, ouvir brincadeiras entre amigos, que expressavam a forte rixa entre
presbiterianos e batistas. Hoje essas piadas não têm mais graça nem mexem com ninguém. Vejo
pessoas frequentando por três anos uma igreja sem nem pensar em se tornar membro. Sim, é uma nova
geração muito mais desapegada de sistemas e instituições, e não estou dizendo que mudou pra melhor
ou pior. Apenas mudou. E essa mudança ajudou no fenômeno desigrejados, ou, como eles gostam mais
de se autodenominarem, desinstitucionalizados.
Alguns têm defendido que os desigrejados são um campo missionário. Você concorda com isto?

Marcos Botelho – Aprendi ao longo do ministério que existe um campo missionário gigante entre os
evangélicos, entre os que vão à igreja semanalmente, pois são religiosos que precisam se converter à
graça de Cristo, são como o irmão mais velho da parábola do “filho pródigo”. Por que não enxergarmos
entre os desigrejados esse campo missionário? Grande parte das pessoas que tomam a decisão de
seguir a Cristo na igreja que pastoreio são jovens que já frequentaram alguma igreja, mas que
precisavam de uma palavra bíblica, não para voltarem à igreja, mas para voltarem a ter fervor pelo
Cristo e sua missão, para fazerem parte como sinalizadores do reino.
Existe uma intolerância exagerada da liderança das igrejas com os desigrejados?

Nelson Bomilcar – Vivemos um momento não favorável ao diálogo sobre este assunto, principalmente
no Brasil, mesmo com vasta literatura sobre o tema a partir de diversas óticas. É preciso destacar
também que muitos não estão desigrejados (o termo acaba não se aplicando), mas caminham em
outras formatações que não as tradicionais “templárias” ou denominacionais. Algumas causas do
desinteresse: 1) não há disposição para a promoção de fóruns nos seminários, missões denominacionais
e interdenominacionais para conversarmos com humildade e genuíno interesse sobre este fenômeno na
história da igreja. Envolve pessoas com suas histórias, gente por quem Jesus morreu e ressuscitou e que
muitas vezes são atropeladas em nossas estruturas religiosas em sua dinâmica relacional, dinâmica de
serviço e dinâmica de crescimento de igreja nos moldes empresariais de resultados; 2) intolerância e
polarização, em que ninguém ouve de fato ninguém e participantes já chegam com seus conceitos e
preconceitos; 3) as pessoas somente se sensibilizam quando percebem que seus queridos, familiares e
amigos, vão deixando a experiência comunitária. Quando as dores se instalam no coração por
perceberem o grande número de pessoas queridas que estão ausentes ou se afastaram da comunidade
local, parece que a ficha começa a cair; 4) desinteresse das lideranças por discutirem o assunto, pois são
os principais alvos das críticas e avaliações. São muitas vezes os protagonistas de abuso espiritual na
vida de ovelhas do Senhor e de escândalos que se multiplicam. Alguns líderes são protagonistas de
projetos pessoais personalistas, que nada têm a ver com a natureza e missão da igreja. A igreja é uma
instituição divino-humana, onde muitos se machucam e se decepcionam. Mas o evangelho traz sempre
oportunidade do recomeço relacional, em que perdão, misericórdia, reconciliação, busca do interesse
do outro, amor ao próximo, acolhimento e o exercício de ouvir os reclamos responsáveis dos
desigrejados (como chamei no meu livro) estão presentes.
Se o fenômeno dos desigrejados tem a ver com insatisfação pessoal, inquietação desta época,
incapacidade de ouvir e resolver problemas (pastores e ovelhas, líderes e liderados), entre outros, que
passos poderiam ser dados para prevenir novos casos de afastamento?

Nelson Bomilcar – Como afirmei, a igreja é uma instituição onde muitos se machucam e se
decepcionam, como acontece numa família nuclear comum. E nela temos que resolver nossos
problemas relacionais. Temos também que ajustar expectativas e reconhecer a ambiguidade presente
na vida da igreja. Somos uma comunidade de pecadores, ambiente onde a graça deveria ser vivenciada.
Quando a igreja não vive os valores e a cultura do reino, não prioriza o aspecto relacional, a simplicidade
e profundidade do que Jesus ensinou no Sermão do Monte, ela vai se tornando apenas uma instituição
religiosa com relacionamentos superficiais e sem saúde ou sanidade espiritual. Quando a igreja vive seu
pior, ela machuca e destrói. Quando, porém, vive o seu melhor, ela abençoa, encoraja, acolhe em amor
incondicional e cria o ambiente relacional desejável para preparar todos para a obra de Deus. Temos
que buscar caminhos de esperança na experiência comunitária. Temos que pregar, refletir e ensinar o
que significa de fato, em sua amplitude, “ser igreja”. Muitos equívocos nesta compreensão levam,
portanto, ao não diálogo, à polarização, à incapacidade de ouvir o outro e de tirar as traves de nossos
próprios olhos. Igreja é congregação e espaço de amor, acolhimento e aperfeiçoamento relacional que
deve refletir a pessoa e o caráter de Cristo, onde estamos para servir e não para sermos servidos.
Precisamos de uma pastoral a muitos que são negligenciados na ação pastoral. Precisamos ser
preventivos para não perdermos mais do que já perdemos nas igrejas locais.
Estar desigrejado significa necessariamente estar fora da comunhão com outros irmãos?

Karen Bomilcar – Acredito que não necessariamente. Respondo com sinceridade e baseada não apenas
na minha percepção teológica do que é ser igreja, mas também na experiência das dores de ter vivido
um momento como desigrejada (da instituição “formal”). Encontrei caminhos para nutrir a comunhão,
até que retornasse ao convívio “formal” da igreja. O que faz a comunhão com os irmãos é a
intencionalidade, a disponibilidade em ser vulnerável junto com as pessoas que também seguem a Jesus
e caminhar junto no amadurecimento espiritual e emocional e no compromisso com o serviço e a
missão do Pai. Juntos refletimos o Pai. Mas você pode estar “igrejado” e ainda assim estar apenas
envolvido no ativismo comunitário, cumprindo papéis sem reflexão e desprovido de relacionamentos
sinceros e significativos ou transformações concretas na sua vida. Conheço muita gente “igrejada” fora
da igreja e muitos “desigrejados” dentro dela. A linha é tênue, mas tendo vivido tantas experiências com
a igreja e acompanhado tantas pessoas em suas lutas, hoje sou muito cautelosa para falar sobre esses
aspectos, não desprezando a importância e o significado da igreja. 
Como cultivar, nas crianças, a ideia de comunhão com o povo de Deus?

Karen Bomilcar – Com crianças a questão é em especial o exemplo. A intencionalidade e o compromisso


dos pais em nutrir as relações comunitárias são fundamentais para que compreendam a importância da
comunidade como espaço de comunhão e ensino da Palavra. E uma outra dimensão prejudicada hoje na
comunidade é a interação intencional entre as diferentes faixas etárias. Com a ênfase nos ministérios
específicos (crianças, adolescentes etc.), que, claro, são importantes para a comunicação do evangelho
aos pequenos, temos perdido de vista a importância da intergeracionalidade. É preciso promover
espaços para que todas as gerações convivam, para que crianças e adolescentes compreendam que a
comunhão da comunidade, do Corpo de Cristo, é inteira quando estamos todos juntos. Parece algo
simples, mas faz toda a diferença na percepção e construção relacional e de igreja. Uma vez que se
sintam parte, incluídos nas relações comunitárias e com espaço para convivência conjunta, percebem
naturalmente seu papel e amadurecem ao longo dos anos neste espaço e no aprendizado nas relações e
discipulado.
Com o avanço do “desigrejismo”, o que as igrejas perdem em termos do exercício dos dons, da unidade
do Corpo de Cristo, da comunhão? 

Maurício Zágari – A Igreja não é chamada de “Corpo” à toa: um corpo plenamente funcional demanda
que cada membro não apenas esteja conectado aos demais, mas seja, também, totalmente funcional. O
sangue, os nutrientes e o oxigênio precisam fluir entre os membros, e as toxinas precisam ser
eliminadas mediante essa conexão. Membros decepados ou disfuncionais paralisam ou gangrenam e
morrem. Torna-se evidente, então, que as igrejas perdem com o desigrejismo o seu potencial máximo
de saúde, vigor e funcionalidade. No entanto, quem mais sofre são os membros desconectados do
corpo. Não é à toa que entre os desigrejados encontre-se tanto rancor e ressentimento: são membros
importantes que se voltam contra os demais, como numa doença autoimune: o corpo atacando o corpo.
O resultado é óbvio: o corpo, como um todo, enferma. 
O que a igreja pode aprender com os desigrejados?

Maurício Zágari – Acima de tudo, pode aprender a amar. O fenômeno do desigrejamento deveria nos
conduzir ao exercício do amor. As pessoas que se afastaram não se desigrejaram do nada. Algo
aconteceu. E, se queremos trazê-las de volta à comunhão, precisamos agir com graça, empatia e amor
extremo. Ortodoxia sem ortopatia não é cristianismo, é legalismo. Lamentavelmente, quando se fala de
desigrejados no meio da igreja institucional, via de regra, a postura de muitos é meramente farisaica, no
sentido de criticá-los, ofendê-los e tratá-los como rebeldes ou, até, inimigos. Mesmo pastores e teólogos
de maior visibilidade têm errado – muito! – nesse sentido. O fenômeno do desigrejamento tem como
única e exclusiva solução a prática do amor, com paciência e mansidão. E amar demanda tempo e
esforço. Então, é mais fácil, rápido e popular postar cinco linhas nas redes sociais atacando os
desigrejados do que sentar dia após dia com eles para tratar suas feridas e amá-los. Precisamos
aprender a amar melhor, e os desigrejados podem ser excelentes meios de nos exercitarmos na prática
do amor. 
Há algo que a igreja institucional e os desigrejados possam fazer juntos?

Maurício Zágari – Desigrejados ou não, continuamos sendo irmãos, com todas as implicações que a
fraternidade em Cristo traz. Os desigrejados estão equivocados em suas decisões? A meu ver, sim, pois
desigrejar-se não cura feridas, não evita novas feridas nem resolve os males da igreja institucional. Ou
seja, desigrejar-se não resolve absolutamente nenhum dos problemas que levaram alguém a se
desigrejar. Porém, por mais equivocados que estejam os desigrejados, ninguém deixa de ser filho do
mesmo pai porque comete equívocos. Igreja institucional e desigrejados devem seguir como irmãos (e
não inimigos), amando, exercendo os dons e ministérios e fazendo o reino de Deus vicejar nesta Terra. E
creio, até, que, se caminharem juntos nesse propósito, com o tempo se reaproximarão e voltarão a se
conectar. Porque o amor faz isso. 
A ética do mercado – marca da sociedade contemporânea – tem a ver com o fenômeno dos
desigrejados?

Ricardo Bitun – Creio que em parte sim. As relações se tornam cada dia mais utilitaristas, clientelistas. A
lógica da oferta e procura acaba de uma maneira ou outra interferindo na relação fiel–Igreja. O fiel
começa a procurar a igreja que lhe “cabe” melhor; por sua vez, a igreja, conscientemente ou não,
procura oferecer facilidades e conforto ao fiel. Por fim, depois de consumidas todas as possibilidades
(ofertas), o fiel acaba por optar pela não ida à igreja. Não tendo compromisso, ele se sente à vontade
para ir e vir e até não ir. As relações, agora superficiais e descompromissadas, acabam permitindo a
possibilidade para o desigrejado.
Entre as lideranças das igrejas que lamentam e que “condenam” o desigrejismo, há aqueles que o fazem
por receio de perder prestígio e poder?

Ricardo Bitun – Não tenho certeza quanto a essa relação. Pessoalmente, acredito que prestígio e poder
não se encaixam no perfil de um líder espiritual; seria quase uma contradição de termos. Caso o líder se
permita entrar nesta equação, ele ficará refém do seu público, dando ao povo somente aquilo que ele
deseja. Isso é muito desgastante, pois o alimento que você dá ao povo é aquilo que você sempre terá
que fornecer; caso contrário, as pessoas irão embora (Jo 6).
É possível prescindir da igreja?

Augustus Nicodemus – Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e
continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia reformada não deixa dúvidas quanto ao
estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no
presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao
mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos
outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e
dos cultos regulares. Acho que eles [os desigrejados] querem mesmo é liberdade para serem cristãos do
jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a
ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são
confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas ideias
e nossa maneira de viver ao crivo do evangelho, conforme entendido pelo cristianismo histórico. Para
muitos, isto é pedir demais. 
Como ajudar os crentes a amar a igreja e a enfrentar juntos problemas que favorecem o afastamento e
aumentam o número dos desigrejados?

Ricardo Moreira – Não há milagres ou métodos revolucionários. O ensino da Escritura é o melhor


caminho. O fenômeno dos desigrejados é o efeito colateral de uma igreja que desconhece a Bíblia em
sua riqueza e profundidade. Precisamos ensinar o que é ser igreja não baseados em livros e propostas
de administração eclesiástica. Precisamos ouvir o texto sagrado sobre o que é a Igreja, o que significa ser
parte dela e sua importância. Cristãos maduros, conhecedores da Bíblia, estão equipados a enfrentar
todo e qualquer desafio para o fenômeno de distanciamento da igreja local. Os crentes, naturalmente,
amarão mais a Igreja quando amarem mais o Senhor dela. Quanto mais conhecermos Cristo através de
sua Palavra, mais o amaremos. 
O senhor pode relatar histórias de desigrejados que regressaram?

Ricardo Moreira – O grupo dos evangélicos sem igreja não é estático, tampouco hermético. Está aberto
para receber novos desigrejados e também está perdendo os que retomam a vida eclesiástica. Na
caminhada pastoral testemunhei muitos regressando à comunidade local. Infelizmente nem todos
permaneceram, mas algumas histórias ainda me trazem muita alegria. Estas histórias sempre envolvem
uma comunidade amorosa, que ajuda a quebrar barreiras e curar traumas.

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