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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE FÍSICA
LABORATÓRIO DE ELETRICIDADE
PRÁTICA 6: INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Prof. Nildo Loiola Dias

6.1 OBJETIVOS

- Verificar experimentalmente a indução eletromagnética;


- Conhecer o princípio de funcionamento de transformadores, geradores e motores
elétricos.

6.2 MATERIAL

- Fonte de tensão contínua (regulável de 0 ... 12 V);


- Galvanômetro;
- Multímetro digital;
- Resistor de 10Ω/20W;
- Imã;
- Chave liga/desliga;
- Bússola;
- Bobinas (1200, 300, 1600 e 400 espiras);
- Motor Simples;
- Gerador;
- Cabos (seis);
- Núcleo de ferro.

6.3 FUNDAMENTOS

O eletromagnetismo é o ramo da física que estuda a relação entre eletricidade e


magnetismo. É sabido que uma corrente elétrica ou um campo elétrico variável produz um
campo magnético e um campo magnético variável produz um campo elétrico.

Em 1820, o físico e médico dinamarquês Hans Christian Oersted descobriu os


efeitos magnéticos da corrente ao observar que a agulha de uma bússola sofria deflexão na
vizinhança de um fio condutor por onde passava uma corrente. A agulha não era nem
atraída nem repelida, em vez disso, ela tendia a formar ângulos retos com o condutor.
Assim, ele descobriu que todo condutor com uma corrente elétrica é envolvido por um
campo magnético.

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Na Figura 6.1 está representado o campo magnético em torno de um fio percorrido
por uma corrente elétrica i e a regra da mão direita para identificação da orientação do
campo magnético.

Figura 6.1 – Campo magnético ao redor de um fio conduzindo uma corrente elétrica.

Fonte: Campo magnético: o que é, propriedades, fórmulas (preparaenem.com). Acesso em 08 de jun. 2023.

No começo da década de 1830, o físico inglês Michael Faraday e o físico americano


Joseph Henry, descobriram, independentemente, o princípio da indução eletromagnética
ao observar que movendo um imã próximo a uma mola de fio de cobre, o mesmo causava
o aparecimento de uma corrente elétrica no fio. Essa corrente é chamada de corrente
induzida e o trabalho realizado por unidade de carga durante o movimento dos portadores
de carga que constituem essa corrente é denominada de força eletromotriz (fem)
induzida. Uma fem induzida só se estabelece quando o número de linhas do campo
magnético estiver variando.

Considere uma superfície, que pode ou não ser plana, limitada por uma espira
fechada. Representa-se o número de linhas magnéticas que atravessam aquela superfície
pelo fluxo magnético B através da superfície. Este fluxo é definido por:

 
B   B  d A (6.1)
 
em que B é o campo magnético que se estabelece através da superfície e d A é um
elemento diferencial de área da superfície. A unidade do SI para o fluxo magnético é o
tesla-metro2, denominado de weber (abreviatura Wb).

Depois de estabelecida a definição de fluxo magnético, a lei da indução de


Faraday pode ser anunciada. Sob a forma de equação esta lei se escreve:

   ddt B
(6.2)

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Variando o fluxo magnético através de uma bobina com N espiras, uma fem
induzida aparecerá em cada espira e estas devem ser somadas. Se o fluxo através de cada
espira for o mesmo, a fem induzida na bobina será:

   N ddt B
(6.3)

Em 1834, três anos depois de Faraday ter formulado sua lei de indução, o cientista
alemão Heinrich Friedrich Lenz estabeleceu uma regra (conhecida como Lei de Lenz) que
permite determinar o sentido de uma corrente induzida numa espira condutora fechada:

"Uma corrente induzida surgirá numa espira fechada com um sentido tal que ela
se oporá à variação que a produziu."

Analisando a lei de Lenz pode-se afirmar que esta é uma conseqüência do princípio
da conservação da energia.

Só podemos aplicar a lei de Lenz diretamente a espiras condutoras fechadas. Porém,


tendo uma espira não fechada, podemos pensar no que aconteceria se ela o fosse e
determinar o sentido da fem induzida.

Estes princípios de Faraday e Lenz são aplicados na geração de eletricidade para o


fornecimento de corrente elétrica alternada.

6.4 PROCEDIMENTOS

PROCEDIMENTO 1: Campo magnético em torno de um fio condutor.

1.1 Utilizando a fonte de alimentação da bancada, monte um circuito como o apresentado


na Figura 6.2. Coloque uma bússola sobre a mesa e sobre esta um fio condutor
perpendicular a agulha da bussola (posição 1). Pressione a chave S brevemente e
observe o que acontece. Depois coloque o fio paralelo a agulha da bussola (posição 2)
e repita o procedimento. Descreva o que ocorre em ambos os casos.

Figura 6.2 – Verificação do campo magnético em torno de um fio por onde passa corrente
elétrica.

Fonte: o autor.
IMPORTANTE: NÃO DEIXE O CIRCUITO LIGADO POR MUITO TEMPO.

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Descreva o observado:

PROCEDIMENTO 2: Verificação da indução eletromagnética.

2.1 Ligue a bobina de 300 espiras ao galvanômetro, como mostra a figura 6.3. Onde a figura
6.3 mostra uma espira, utilize a bobina de 300 espiras para intensificar o efeito.

Introduza o pólo norte do imã (vermelho) na bobina.

Figura 6.3. Movimento de um imã em uma bobina.

Fonte: Física Ilustrada: Indução eletromagnética (fisicailustrada.blogspot.com). Acesso em 08 jun. 2023.


(com adaptações).

Observe o galvanômetro e descreva.

2.2 Puxe o imã, observe e descreva.

2.3 Repita o procedimento, agora com o polo sul.

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2.4 Qual o efeito de se introduzir ou retirar o imã mais rápido?

2.5 Monte os circuitos apresentados na Figura 6.4 e descreva o que ocorre ao ligar ou
desligar a chave S.

Figura 6.4. Circuitos para verificação da indução eletromagnética.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/fluxo-magnetico-lei-faraday.htm. Acesso em 13 de dez. 2019


(com adaptações).

Ligue o galvanômetro à bobina com 1200 espiras.

(R = 10Ω/20W e E = 10 V)

Se um núcleo de ferro estiver presente no interior de uma bobina, um efeito especial


acontece que permite um alto grau de alinhamento dos momentos magnéticos elementares
do mesmo.

2.6 Repita o item 2.5, desta vez com um núcleo de ferro no interior das bobinas, observe e
descreva a diferença.

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PROCEDIMENTO 3: Representação de B por linhas de indução.

3.1 Da mesma maneira que o campo elétrico é representado por linhas de força, o campo
magnético também pode ser representado por "linhas de indução". As linhas de indução
são traçadas de tal maneira que a reta tangente a uma linha de indução num ponto qualquer

dá a direção do vetor B neste ponto.

VERIFIQUE: Coloque a bússola em várias posições em torno de um ímã de modo a


identificar as linhas de indução do campo magnético. A Figura 6.5 mostra a orientação das
linhas de indução do campo magnético em alguns pontos.

Figura 6.5. Orientação das linhas de indução magnética em alguns pontos em torno de um
ímã.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_magn%C3%A9tica Acesso em 16/12/2019.

Representação das linhas de indução magnética em torno de um ímã.

PROCEDIMENTO 4: Transformador.

4.1 TRANSFORMADOR SIMPLES

Um tipo simples de transformador consiste em duas bobinas enroladas em torno de


um núcleo de ferro, Figura 6.6. Aplicando-se uma tensão alternada no enrolamento

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primário (na entrada do transformador), um fluxo magnético alternado B será produzido
no núcleo de ferro. O núcleo de ferro faz com que o fluxo magnético seja essencialmente
o mesmo em cada espira, tanto no primário como no secundário (o outro enrolamento).

Figura 6.6. Transformador simples.

.
Fonte: (https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-um-transformador.htm) Acesso em
26/12/2019

Assim, pela Lei da Indução de Faraday, a força eletromotriz induzida por espira, Ei , é a
mesma nos dois enrolamentos (primário e secundário):

dB
Ei  (6.4)
dt
Supondo NP espiras no primário, a tensão induzida no primário é dada por:

dB
V p  N p Ei  N p (6.5)
dt

E para as NS espiras no secundário:

dB
Vs  N s Ei  N s (6.6)
dt

onde VP e VS são as tensões induzidas no primário e secundário respectivamente.

Dividindo a Equação (6.5) pela Equação (6.6) temos:

Vp Np
 (6.7)
Vs Ns

Para o caso ideal (transformador sem perdas), pela conservação da energia,


podemos igualar a potência no primário à potencia no secundário:

i pV p  isVs (6.8)

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Combinando com a Equação (6.7), vem:

ip Ns
 (6.9)
is Np

Um transformador é dito ELEVADOR quando a voltagem no secundário é maior


do que no primário; e ABAIXADOR quando ocorre o contrário. As correntes, por outro
lado, se comportam de maneira inversa, como mostra a Equação (6.9).

Figura 6.7. Transformador com bobinas de 1600 e 400 voltas.

4.1 Faça uma montagem como indicado na Figura 6.7.

4.2 TRANSFORMADOR?

Ajuste a fonte de tensão CONTÍNUA em 6V. Ligue a fonte de tensão ao primário (1600
espiras) do transformador. Meça VP e VS . Anote.
OBS: NOS PROCEDIMENTOS 4.2, 4.3 E 4.4 CERTIFIQUE-SE DE QUE HÁ UM BOM
CONTATO ENTRE AS PARTES DO NÚCLEO DE FERRO DO TRANSFORMADOR.

4.3 TRANSFORMADOR ABAIXADOR.

Ligue, desta vez, a saída ALTERNADA de 6V da fonte de tensão ao primário do


transformador (bobina com 1600 espiras). Meça VP e VS .
(lembre-se de selecionar no multímetro uma escala de tensão alternada apropriada).
Anote.

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4.4 TRANSFORMADOR ELEVADOR.

Use o transformador como ELEVADOR de tensão, isto é, use a bobina com 400 espiras
como primária e a de 1600 espiras como secundária. Deixe o circuito do secundário
ABERTO. Aplique 6V AC no primário e meça VP e VS .
Anote.

PROCEDIMENTO 5: Motor elétrico.

Neste procedimento faremos uso de um motor elétrico simples alimentado com


corrente contínua. O motor, Figura 6.8 e 6.9 (mostrando detalhes), consiste de um conjunto
de espiras suportado por dois contatos elétricos. Sob o conjunto de espiras há um ímã
permanente. O fio da espira é revestido por uma película isolante. Essa película é raspada
totalmente em um dos lados e raspada parcialmente no outro. Isso permite que ora haja
contato nos dois lados e uma corrente elétrica circule pela espira e ora haja contato apenas
em um dos lados e a corrente é interrompido. Quando a corrente circula na espira surge um
campo magnético que tende a se alinhar com o campo magnético do ímã, a espira sofre
uma rotação. Quando a espira gira de 180 o um dos contatos elétricos é interrompido e não
mais circula corrente elétrica. Por inércia a espira continua a girar até o ponto onde o
contato elétrico novamente é restabelecido e o ciclo se repete.

Figura 6.8. Motor elétrico simples.

Fonte: o autor.

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Figura 6.9 – Motor simples (detalhes).

5.1 Ajuste o motor elétrico como indicado na Figura 6.9. Raspe as extremidades como
indicado no detalhe da Figura 6.9 para melhorar os contatos elétricos. Cuidado! Uma
das extremidades deve ser raspada somente em um dos lados.
5.2 Monte o circuito da figura 6.10 para alimentar o motor elétrico. Aplique uma tensão
contínua de 10 V. Utilize uma resistência de 10 Ω/20W para proteger a fonte de tensão
contra curto circuito. Pressione a chave liga/desliga e dê um pequeno giro no conjunto
de espiras (induzido) e observe.

Figura 6.10 - Arranjo para o motor elétrico.

5.3 Troque a polaridade da tensão aplicada, dê um pequeno giro no induzido e observe.


5.4 Descreva suas observações dos procedimentos 5.2 e 5.3.

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PROCEDIMENTO 6: Gerador.

6.1 Um gerador está montado como mostra a Figura 6.11. Ao girar o imã, uma corrente
alternada faz o LED brilhar levemente. Experimente e descreva como funciona este
gerador.

Figura 6.11 - Gerador.

6.5 QUESTIONÁRIO

1- Explique com suas próprias palavras a diferença entre um campo magnético e o fluxo
de um campo magnético. Estas grandezas são escalares ou vetoriais? Em que unidades cada
uma delas pode ser expressa? Como se relacionam estas unidades?

2- Explique os resultados do PROCEDIMENTO 1.

3- Explique o que aconteceu no item 2.1 da parte prática.

4- Qual a função do núcleo de ferro no item 2.2? Comente.

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5- Uma espira circular de área 0,50 m2 é colocada em um campo magnético como mostra
a Figura 6.12. O campo magnético mantém-se perpendicular ao plano da espira, porém sua
intensidade diminui com o tempo, de 40 T para 20 T, a uma razão uniforme de 2,0 T/s.
Calcule a intensidade de corrente que circula pela espira, se sua resistência vale 4,0 Ω.

Figura 6.12 - Espira em um campo magnético variável.

6- Justifique o resultado negativo do item 4.2.

7- Descreva os resultados obtidos com o transformador, itens 4.3 e 4.4. Justifique.

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