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39º Encontro Anual da ANPOCS

26 a 30 de outubro de 2015/ Caxambu-MG

GT37 - Sociologia e Antropologia da Moral

Quem precisa do Bolsa Família? “Necessidade”, “merecimento” e “direito” no


cotidiano da implementação do Programa Bolsa Família

Pedro Francisco Guedes do Nascimento1

1
Professor do Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal da Paraíba – Campus IV, e do
Programa de Pós-Graduação em Antropologia/ CCAE/CCHLA/UFPB.
1 Introdução

Este trabalho baseia-se em duas pesquisas que têm como foco o Programa Bolsa
Família (PBF). A primeira, em desenvolvimento, iniciada em 2013, aborda
condicionalidades da saúde e seu monitoramento em Rio Tinto, Litoral Norte da Paraíba.
A segunda pesquisa é parte de minha atuação como consultor do Ministério de
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) entre os meses de setembro de 2014
e setembro de 2015 em uma pesquisa acerca da comunicação entre beneficiários e o
MDS, desenvolvida em outros quatro municípios em diferentes regiões do país, além de
Rio Tinto2.

A motivação inicial em pesquisar a relação entre serviços de saúde e as


condicionalidades do Bolsa Família surgiu de estudos anteriores que desenvolvi sobre
saúde reprodutiva na rede pública de saúde. Repetidas vezes ouvi as agentes comunitárias
de saúde perguntarem às mulheres com quem trabalhavam: “Já levou seu filho pra
pesar?”. Quando perguntava as razões dessa recorrência elas me falavam de sua
preocupação de que as mulheres poderiam “perder o Bolsa Família”. A partir disso se
aprofundou meu interesse na relação entre as visões correntes sobre os pobres, por parte
dos profissionais de saúde. Os discursos controlistas; a percepção dos pobres como
aqueles que não se cuidam e, assim, são responsáveis por suas condições de vida, se
explicitavam ali. (NASCIMENTO; MELO, 2014).

Dessa experiência, passei a me interessar pelo acompanhamento feito pelos


serviços de saúde das famílias beneficiárias do PBF, fazendo parte de um conjunto
crescente de pesquisas sobre esse Programa no Brasil (SILVA, 2007; COHN, 2012;
EGER, 2013; PIRES; REGO, 2013; REGO; PINZANI, 2014, PIRES; JARDIM, 2014,
entre outros). O interesse era entender, de modo mais amplo, quem são os sujeitos
responsáveis pelo monitoramento das famílias beneficiárias e os pressupostos que

2
A primeira pesquisa, em desenvolvimento, conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq 482213/2013-2) e a segunda foi desenvolvida com apoio da UNESCO,
Projeto 914BRZ3002, Contrato Nº SA-2879/2014, por meio do Departamento de Condicionalidades da
Secretaria Nacional de Renda de Cidadania, do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Para o desenvolvimento do trabalho de campo em Rio Tinto contei com a colaboração de Marcia
Alexandrino de Lima; Adneuse Targino; Yago Ono Xaxa; Andreza Katyuscya da Costa Santos; Marcelo
Fernandes Gorgonho e Ivandiely Menezes, bolsistas de Iniciação Científica em diferentes momentos entre
2013 e 2015. Em Rio Tinto e nas demais localidades Patrícia Oliveira dos Santos trabalhou como assistente
de pesquisa. A participação de cada uma/um foi fundamental para o desenvolvimento desse trabalho.
1
descrevem quem são esses beneficiários. O desenvolvimento da segunda pesquisa ajudou
a aprofundar algumas das questões formuladas inicialmente, ao mesmo tempo em que
despertou o interesse para questões relacionadas a compreensões mais amplas acerca do
PBF, por parte dos interlocutores. O interesse nas rotinas de monitoramento das
condicionalidades feitas pelos serviços de saúde manteve-se se somando à atenção sobre
o processo de inscrição no Cadastro Único; as fontes de informação utilizadas pelas
pessoas, sejam beneficiárias ou não; a interação com diversos sujeitos, para além dos
profissionais de saúde.

É a partir da articulação desses diversos cenários que esse texto se organiza. O


acompanhamento de situações que envolvem pessoas beneficiárias e aquelas que não
recebem o benefícios, além das que eventualmente deixaram de receber constituiu-se em
um cenário profícuo para a identificação de comparações, críticas e acusações, além de
narrativas de dificuldades para acesso e permanência no Programa.

Outro elemento importante para o desenvolvimento do argumento nessa


comunicação é como a categorização oficial do MDS com base na renda familiar e com
critérios definidos para inserção ou não no Cadastro Único é percebida de modos
diversos pelas pessoas envolvidas na implementação dos programas – potenciais
beneficiários e gestores. Deparei-me seguidamente com questionamentos desses critérios
pelo fato de as pessoas definirem a participação com base em elementos como a
“necessidade” e o “merecimento”. Nesse caso, dá-se um processo cotidiano de
comparação entre os vários sujeitos com espaço para compreensão das distintas
condições de cada pessoa, mas igualmente para acusações e sentimentos de injustiça.
Esse contexto permite visualizar as queixas e comparações e uma constante avaliação da
própria política, não só de seus critérios, mas de suas formas de implementação e mesmo
dos valores recebidos por cada pessoa.

Nesse texto apresentarei alguns elementos acerca da forma como as pessoas com
quem interagi ao longo da pesquisa percebem esses critérios e as interpretações feitas
dessas percepções onde se destacam noções como necessidade e direito acionadas de
formas particulares, ao mesmo tempo que são definidas na interação com diferentes
sujeitos. Dentre esses sujeitos, destacarei aqui os profissionais com quem essas pessoas

2
interagem no cotidiano de cadastramento e acompanhamento do Bolsa Família, bem
como outros beneficiários e potencias beneficiários desse programa.

2 O desenvolvimento da pesquisa

Como informado acima, a pesquisa teve início em 2013 e, posteriormente, incorporou


as demais questões formuladas para a consultoria junto ao MDS. Para o desenvolvimento
dessa segunda parte da investigação foi desenvolvida pesquisa etnográfica entre os meses
de novembro de 2014 e abril de 2015 em cinco diferentes localidades nas cinco regiões
brasileiras, a saber: Rio Tinto/ Paraíba; Belo Horizonte/ Minas Gerais; Garopaba/ Santa
Catarina; Ceilândia/ Distrito Federal e Belém/ Pará.

Do ponto de vista metodológico a pesquisa teve por base o trabalho de observação


descrição etnográfica nos termos propostos por Clifford Geertz enquanto uma descrição
densa que é interpretativa e microscópica (GEERTZ, 1989: 31). Deste ponto de vista é
enfatizada a convivência com os agentes sociais e compreende-se que a etnografia
consiste em revelar como no processo da pesquisa é possível nos situarmos em distintos
contextos para inscrever e anotar certo discurso social (GEERTZ, 1989: 23-29).

Parte-se da concepção de que os comportamentos e práticas só podem ser


compreendidos adequadamente se tomarmos como referência o contexto social onde os
sujeitos atuam. Desse modo, torna-se essencial entender o ponto de vista dos sujeitos,
famílias e grupos pesquisados, em busca não de uma causalidade, mas do significado das
práticas para essas pessoas. Como parte dessa compreensão, a etnografia é resultado da
interação entre pesquisador e pesquisados. Essa interação é um fenômeno eminentemente
dialógico e intersubjetivo cujo produto – a descrição etnográfica – é uma interpretação do
antropólogo que é pesquisador e, ao mesmo tempo, autor (cf CABRAL, 2003;
CLIFFORD, 2002; DESCOLA, 2006; GEERTZ, 1989; 2001; 2002; MARCUS;
CUSHMAN, 1982).

A importância da explicitação da dinâmica do trabalho de campo é parte fundamental


do processo de análise dos dados. Destaco que a diversidade de contextos investigados
deve ser entendida como elemento central no objetivo de identificação das estratégias de
3
comunicação e dos mecanismos específicos através dos quais os beneficiários, as pessoas
em processo de cadastro e os gestores interatuam. Na discussão sobre a definição das
localidades onde a pesquisa seria realizada, e sua caracterização por regiões, preocupava-
me que os resultados apresentados não fossem tomados como uma amostra a partir da
qual se pudesse fazer generalizações frágeis. Ao final do trabalho de campo percebo com
mais clareza que essa escolha foi positiva no sentido de que multiplicou questões e
perspectivas a partir do perfil de cada etapa da pesquisa.

Essa diversidade pode ser pensada a partir de vários elementos como o porte de cada
localidade (grandes centros urbanos; cidades de pequeno porte; áreas rurais); o número e
o perfil das pessoas que foram contatadas/entrevistadas (por exemplo, beneficiárias; ex-
beneficiárias; em processo de cadastramento); o tipo de inserção do pesquisador em
campo; a forma local de organização da gestão e os mecanismos de interlocução com
beneficiários e a população em geral, entre vários outros. Ao mesmo tempo, essa
diversidade não inviabilizou a identificação de vários pontos em comum entre as cinco
regiões.

Nessa fase do trabalho, a pesquisa de campo foi realizada em média no tempo de uma
semana em cada uma das localidades, no entanto, a forma como transcorreu o trabalho
variou em virtude de diversos elementos. Desde a primeira etapa, em Rio Tinto,
compreendia-se que um dos principais elementos para o êxito da pesquisa etnográfica
seria a forma da entrada em campo. Diante da impossibilidade de realizar a pesquisa
apenas onde o pesquisador tivesse uma entrada prévia, foram consideradas duas
estratégias principais para o desenvolvimento da pesquisa de campo: 1) identificar
moradores e/ou lideranças que pudessem mediar a entrada em campo em cada região; 2)
realizar contato com beneficiários ou pessoas em processo de inscrição e/ou atualização
no Cadastro Único nas unidades gestoras dos municípios visitados.

Essa orientação levou em conta os obstáculos que poderiam advir de um contato


formal mediado apenas pelos gestores, o que poderia comprometer o desenvolvimento da
pesquisa. Por outro lado, uma abordagem direta nas casas das pessoas sem uma
intermediação que agregasse confiança a esse contato inviabilizaria tratar de um tema

4
como o Programa Bolsa Família – em função do receio das pessoas de serem
prejudicadas no recebimento do mesmo.

A pesquisa articulou o contato com moradores em suas residências com a frequência


à Secretaria de Assistência Social, onde as pessoas eram abordadas em sala de espera no
momento em que seriam atendidos por profissionais ligados ao PBF. Além dessas
estratégias contamos com a mediação de lideranças locais (particularmente nas regiões
Sul e Centro Oeste) para entrada em campo sem fazer-se uso de salas de espera ou
contato direto com gestores e outros profissionais. Isto permitiu, além de abrir mão da
realização de sala de espera, focar o trabalho direto com as pessoas a partir do
desenvolvimento de uma rede de interlocutores na vizinhança, no estilo “bola de neve”,
onde uma pessoa contatada indica alguém de sua rede de relações.

Há pontos positivos e negativos para o uso de cada uma dessas estratégias e não
se pretende uma hierarquização das mesmas, sendo possível afirmar que essa diversidade
de entradas em campo trouxe resultados positivos. No total foram entrevistadas 87
pessoas diretamente. Além das entrevistas, foi lançada mão da observação participante e,
em pelo menos dois municípios, realizamos conversas em grupo com pessoas articuladas
a partir de uma entrevista com uma primeira pessoa.

Com relação ao trabalho desenvolvido especificamente em Rio Tinto este se


mantém com base em incursões semanais da equipe de pesquisa nas unidades de saúde e
nos serviços desenvolvidos pela rede de Assistência Social. A maior permanência nesse
campo trás uma forma de interação mais direta com os interlocutores e uma maior
diversidade dos espaços de interação que incluem serviços, além das residências dos
sujeitos.

3 Percepções sobre o Programa Bolsa Família e a quem se destina

O Programa Bolsa Família (PBF) é definido oficialmente como um programa de


transferência direta de renda condicionada direcionado a famílias em situação de pobreza
e de extrema pobreza em todo o país. São consideradas famílias de extrema pobreza
aquelas que têm renda per capita inferior a R$ 77. Foi desenvolvido a partir dos
5
princípios de garantia de renda básica, inclusão produtiva e acesso a serviços públicos
(especialmente saúde e educação). Ser um programa de transferência condicionada de
renda implica que as famílias beneficiadas do programa devem cumprir certos
compromissos (condicionalidades); o não cumprimento pode implicar que essas famílias
serão advertidas, terão seus benefícios bloqueados ou suspensos. Por exemplo, as
famílias com filhos até 5 anos de idade devem mantê-los na escola e fazer
acompanhamento de saúde, incluindo a vacinação. Da mesma forma, mulheres grávidas
ou lactantes devem ter acompanhamento de saúde em serviço comunitário de saúde.

A seleção das famílias para o Bolsa Família é feita com base nas informações
registradas pelo município no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal (CadÚnico), instrumento de coleta e gestão de dados que tem como objetivo
identificar todas as famílias de baixa renda existentes no Brasil. Com base nesses dados,
o MDS seleciona as famílias que serão incluídas para receber o benefício. No entanto, o
cadastramento não implica a entrada imediata das famílias no programa e o recebimento
do benefício. O valor do benefício é definido com base na renda mensal per capita
considerando-se elementos como o número de crianças, de adolescentes e de mulheres
grávidas ou nutrizes na residência3. A seguir apresentarei como esses critérios são
percebidos e as formas como compreensão desses valores é acionada pelas pessoas com
quem dialogamos.

A “necessidade” como o principal critério de elegibilidade

Como afirmei acima, quando dizia para as pessoas que estava desenvolvendo uma
pesquisa sobre o Bolsa Família, solicitada pelo MDS ouvi alguma variação da afirmação
a seguir: “É muito importante que o governo esteja fazendo pesquisa. Porque tem muita
gente que precisa e não está recebendo e tem muita gente que não precisa e recebe”. Essa
compreensão de que há pessoas que recebem o Bolsa Família e não precisam e seu

3 As famílias que estão aptas a receber o benefício são aquelas com renda familiar inferior a R$140,00 por
pessoa. Os benefícios variáveis pagos por gestante, criança ou adolescente até 15 anos de idade é de R$ 35,
com limite de R$ 175 mensais por família (até cinco crianças por família); e o benefício variável vinculado
ao adolescente até 17 anos é de R$ 42 mensais, até o limite de R$ 84 mensais por família (até dois jovens
por família). (http://www.mds.gov.br/bolsafamilia).

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corolário de que outras pessoas precisam e não recebem foi recorrente em todas as etapas
da pesquisa e aparece em outros estudos (ÁVILA, 2013).

Alimentando essa compreensão de quem “deve” ou “precisa” receber o Bolsa


Família um dos principais elementos acionados era a comparação entre os valores
recebidos por cada pessoa e uma tentativa de definir o que era justo ou não. Sempre foi
muito comum ouvir comentários sobre pessoas conhecidas ou moradoras na vizinhança
que recebiam valores diferentes. Por exemplo, na Ceilândia, ao conversar com Adriana4,
uma mulher de 34 anos, mãe de quatro filhos, perguntei como ela tomou conhecimento
do PBF e ela disse: “Eu sempre via pessoas que recebiam e não precisavam e pessoas que
precisavam e não recebiam. Aqui embaixo mesmo tem uma mãe que recebe quase mil
reais; tem outra que recebe quinhentos, outras quinhentos e pouco”. Eu lhe disse que
nunca vi alguém recebendo esse valor e ela rebateu enfaticamente dizendo: “Pois tem!”.
No desenrolar desse diálogo ela sempre enfatizava os valores recebidos e reclamava da
diferença entre as pessoas nesse aspecto. Ela fazia esses comentários associando ao
número de filhos que cada mulher teria e remetendo ao fato de que ela, tendo quatro
filhos, recebia menos que algumas mulheres que só tinham um filho. Eu lhe perguntei se
ela achava que ocorria sempre dessa forma: se uma mulher só com um filho deveria
ganhar menos e quis saber também como ela achava que isso poderia ser esclarecido para
se saber o valor que cada pessoa receberia. Ela respondeu: “Eu acho que eu preciso.
Essas contas deles são meio complicadas porque a pessoa é quem sabe o quanto precisa”.

Com base nesse idioma da “necessidade” e da “precisão”, pelo menos duas


mulheres que eram aposentadas e moravam com seus filhos adultos estavam em busca de
ter a Bolsa para seu filho “especial”. Um casal com quem conversei na zona rural de Rio
Tinto, e tinha um filho que recebia o Benefício de Prestação Continuada (BPC)5
discordava da impossibilidade de articular BPC e Bolsa Família, conforme teriam lhe
informado na Secretaria de Assistência Social. O ponto central nesse caso era a avaliação

4
Todos os nomes de interlocutores foram alterados
5
O BPC - Benefício de Prestação Continuada é um direito constitucionalmente assegurado e
regulamentado pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, Lei nº. 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
É um benefício da assistência social que garante o repasse de um salário mínimo mensal a: 1) Idosos com
idade de 65 anos ou mais cuja renda per capita da família seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente; 2)
Pessoas com deficiência, em qualquer idade, incapacitadas para a vida independente e para o trabalho, cuja
renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente”. (http://www.mds.gov.br)

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das necessidades de cada um. Josilene diz que primeiro teriam lhe dito na Secretaria que
iam deixar seu filho de fora do cadastro para ela “poder receber o Bolsa Família”. Após
essa orientação, algum tempo depois ela parou de receber e agora lhe diriam na secretaria
que ela não pode receber ao mesmo tempo os dois benefícios. Ela fala sobre essa
explicação de forma impaciente, parecendo não acreditar ou concordar: “Eu conheço
muita gente que tem benefício e recebe o Bolsa Família. Tem gente que tem até duas
aposentadorias e recebe... O que eu recebo dele é pras despesas dele, pra remédio”. Por
essa razão ela não via sentido na objeção a receberem também o benefício do PBF.

Quando conversamos6 com um grupo de mulheres em Belém uma delas estava


inscrita no Cadastro Único, mas não recebia o Bolsa Família e tinha uma filha que
recebia o BPC. Ela entendia a orientação que recebera no CRAS para que ela optasse por
um dos benefícios como sendo uma “chantagem”. Ela disse: “Na época o salário era
trezentos e pouco; aí a mulher perguntou ‘você quer ficar recebendo os 300 do benefício
ou quer receber os 60 reais do Bolsa Família?’. Fez chantagem!”. Ela repetia o tempo
todo o mesmo argumento de Josilene de que suas necessidades, sobretudo por ter filha
cadeirante, “especial”, demandavam mais recursos e, por essa razão, não deveria haver
impedimento em receber concomitantemente os dois benefícios.

A compreensão geral era de que o Bolsa Família é um programa voltado para as


pessoas “mais pobres”. Alzira, em Garopaba, disse que chegou a ir à Secretaria quando
estava trabalhando “com carteira assinada” e também quando não estava. Em ambos os
casos lhe disseram que não poderia receber o Bolsa Família porque seu marido tinha
carteira assinada, mesmo sem pedir a carteira dele e nem a dela para a realização do
cadastro. Isso fez com que ela entendesse que o critério para participar do Bolsa Família
era ter ou não carteira assinada. Por essa razão ela ficava insatisfeita, pois dizia conhecer
gente que “ganha mais de um salário mínimo e recebe”. Ela dizia que só conhece três
pessoas que moram no Morro do Fortunato que recebem o Bolsa Família e ao dizer quem
são essas pessoas parecia ir apontando os critérios como base nos quais entendia quem
são as pessoas que deveriam receber: uma tia que tem filhos, uma vizinha que tinha cinco
ou seis filhos, e uma prima com três filhos pequenos, “os que mais precisavam”; “mais
por necessidade”.
6
A alternância entre o uso da primeira pessoa do singular e terceira do plural nesse texto deve-se ao fato de
algumas situações terem sido vivenciadas diretamente por mim e outras terem se dado em grupo.
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Alzira dizia que o Bolsa Família era “pra quem tem criança na escola e
precisando mais”. Sobre a possibilidade de um homem sozinho ser beneficiário ela diz
que “aí cada caso é um caso; tem que ver as condições; tinha que se ver se fosse o caso
de o homem ter a guarda dos filhos”, por exemplo. Eu continuava insistindo nesses casos
hipotéticos: E se for só um casal sem filhos pode receber? E ela dizia: “Não pode. Eles
não têm braço pra trabalhar?!”. Quando eu lhe perguntava o que ela achava que deveria
ser feito nesses casos ela dizia: “Devia ser feita uma investigação a fundo pra saber quem
tem necessidade mesmo”.

Essa definição da necessidade se expressou de formas diversas e sempre com base


na comparação e no diálogo com os profissionais responsáveis pelo cadastro e pelo
acompanhamento das famílias beneficiárias. Foi o que disse Adriana, em Belo Horizonte,
que tinha três filhos e cujo marido trabalhava como pedreiro. As pessoas lhe diziam:
“Você tem que ir lá, você tem direito... Pode olhar na carteira dele. Ele não ganha bem
assim, é mil e cem reais”. A mulher que lhe atendeu no setor de cadastramento teria visto
a carteira e dito que ela não poderia receber, mas Adriana insistia: “Não tem nada a ver
isso! Só se a pessoa ganha muito aí não tem necessidade”.

Para Marisa, em Belo Horizonte, a ideia de que receber o Bolsa Família tem a ver
com “direito” foi dita de forma peculiar por “uma mulher no CRAS”, onde a ideia de
ajuda se repete: “Você sempre trabalhou, sempre contribuiu, agora chegou a hora de o
governo te ajudar”. “Chegou minha vez”, disse ela. No CRAS lhe teriam dito antes de ela
se cadastrar: “Você tem benefício; você, seu filho e a criança” (de quem ela estava
grávida). Vincula seu direito ao benefício pelo fato de “ter trabalhado; ter tido carteira
assinada, tem direito também”, considerando como se o Bolsa Família talvez fosse uma
espécie de seguro desemprego do trabalho informal associado a ter filhos na escola. No
entanto, ela entendia que se essa experiência de trabalho se dá presente inviabiliza o
recebimento: “Minha mãe fez o cadastro, mas não era no meu nome. Ela nunca recebeu,
disseram que quem trabalha não pode receber... Tem gente que trabalha e recebe. Não sei
como consegue essa proeza! Mas estamos no Brasil, não é?”.

Como parte dessa diversidade de interpretações, Bianca, em Belo Horizonte,


comentou inicialmente que era “uma ajuda de custo do governo. As pessoas dizem que é
muito pouco, mas imagina se a Dilma fosse dar um salário mínimo pra cada um ninguém
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ia querer trabalhar”. Ela fala ainda sem que precisemos perguntar sobre como ela entende
o que é o PBF: “Eles dão o dinheiro, mas aí a gente vai e compra as coisas, aí acaba
voltando pra eles, por causa dos impostos que a gente vai pagar... Então quer dizer, eles
dão e tomam em seguida”.

A “necessidade” e o “direito” das mães e das crianças

Dentre todas essas compreensões que indicam o que o Bolsa Família é e a quem
se destina sobrepõe-se o que foi citado inicialmente acerca da prioridade para mulheres
que têm filhos. Fabrícia, em Rio Tinto, contou que “descobriu” que poderia receber
quando ficou grávida: “Quando a gente tem um filho e a gente é de maior pode fazer [o
cadastro] no nome da gente”. Sílvia, sua vizinha, diz ter “ido atrás” do Bolsa Família
apenas quando estava grávida do primeiro filho, pois achava que era “só pra quem tem
filho de menor, por isso não liguei de correr atrás”. Além dessa informação reforçada
pela agente comunitária de saúde ela diz que “ouvia no colégio também” as professoras
dizerem que “vem um dinheiro aí pra quem estuda”. Ela diz que “quando saía esse
boato” ela ouvira dizer que “mulher grávida pode fazer, mas não sabe se vem”.

Em Belo Horizonte, tanto Jéssica como Marisa e Bianca disseram que quando
eram casadas ou trabalhavam (Marisa) nunca pensaram em fazer o cadastro, pois “não
precisavam”. A mudança a um novo estado (separação, viuvez ou desemprego) em suas
vidas as fez perceber, também por influência de outras pessoas que “agora precisava da
ajuda do governo”. Foi da parte de Jéssica que a definição do PBF partilhada por várias
pessoas se expressou de forma mais clara: “uma ajuda do governo pras pessoas carentes”,
e depois uma “ajuda do governo pras mães carentes ajudarem os filhos”.
Como em um primeiro momento o PBF é sempre entendido como sendo “pras
mães”, a hipótese de um homem receber a Bolsa foi sempre induzida por uma pergunta
nossa. Algumas vezes se falou, como Alzira, de quem falei acima, que “tinha que ver o
caso”, mas na maioria das vezes o entendimento foi de que homens não deveriam
receber. Jéssica, ao reafirmar que “a bolsa é só pra criança” considerou que se um casal
sem filhos recebesse seria “um desaforo”.
Lailma, em Belém, ao tentar entender a variação no valor que recebia, diz: “Eu
acho que é conforme a idade; os filhos vão crescendo e vai saindo”, mas Luzia discorda
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dizendo que conhece uma vizinha cujos filhos “estão grandes e não cortaram. Antes só
cortava quando pessoa pegava maioridade, mas hoje com 16, 17 anos tá cortando... É que
com 18 tá no ponto de pegar no pesado”. Essa compreensão particular sobre até que
idade os filhos poderiam receber e a convicção de que depois da maioridade dos filhos
não teriam direito a receber corrobora a noção de uma política voltada às mulheres e
crianças. Insere-se na mesma lógica de que homens sozinhos e casais sem filhos não
deveriam receber. Por ser uma ajuda e não um direito, o recurso deveria ser destinado aos
que mais precisam - as mulheres e as crianças.

Embora em poucos casos algumas pessoas tenham se referido ao Bolsa Família


como um direito e não uma ajuda, é importante observar que muitas vezes operavam com
concepções muito específicas de “direito” e “obrigação”. Por exemplo, quando perguntei
a Dona Mariinha em Garopaba o que ela pensava quando ouvia falar em Bolsa Família
ela disse que teria ouvido na TV: “Quem tem filho na escola tem obrigação de receber o
Bolsa Família”. Em Belém também ouvimos que “não é uma obrigação deles, do
governo, de fazerem as coisas. É direito nosso”. Na Ceilândia, Andrea disse: “Toda
criança quando nasce você tem obrigação de receber o auxílio natalidade” [um benefício
específico do Governo do Distrito Federal].

Embora não se vá aqui fazer uma análise minuciosa dessa variação, o ponto a ser
destacado é que o número de referências ao Bolsa Família como um direito feitas de
modo espontâneo foi bastante reduzido. Ao contrário do uso dessa expressão presente nas
cartas endereçadas o Presidente Lula, analisadas por Amélia Cohn (COHN, 2012), no
caso dessa pesquisa ocorre de modo semelhante ao descrito na obra Vozes do Bolsa
Família (REGO; PINZANI, 2014). Muitas vezes a referência a direito era induzida pela
pergunta se as pessoas achavam ser o Bolsa Família um direito ou uma ajuda e há que se
refletir se faz mesmo sentido um tipo de pergunta como essa. Apenas como um exercício
para explorar inicialmente as categorias com que essas pessoas operavam essa discussão
se justifica. De todo modo, como vimos na discussão acima sobre a possibilidade de
articular outros benefícios com o PBF, essa defesa de um “direito” era feita, ao mesmo
tempo, com base no argumento de que as pessoas tinham “necessidade” e precisavam ser
ajudadas pelo “governo”, compreensão presente em outras pesquisas (e.g. PIRES, A.
2012; AHLERT, 2013).

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4 Controle e julgamento

A compreensão do Cadastro e do Bolsa Família como dirigidos a quem tem


necessidade algumas vezes apareceu como parte de um recurso mais amplo para
definição de quem deveria ser inserido no Cadastro Único. Ou seja, da parte das pessoas
no momento do cadastro, bem como dos profissionais envolvidos nesse processo,
ouvimos relatos acerca de determinadas “estratégias” ou “critérios” utilizados para a
garantia de inserção no cadastro e consequente recebimento do benefício. Uma tentativa,
por parte de alguns gestores, de identificação dos que “realmente precisam”, bem como o
impedimento de recebimento indevido por parte de outros que não está necessariamente
baseado nos critérios formais do programa.
Uma funcionária do setor de cadastramento certa vez me falou que às vezes eles
“jogam algumas informações pra ver se a pessoa solta alguma coisa. A gente faz assim,
eu digo, por exemplo, ‘aqui consta uma aposentadoria.’”, simulando está vendo no
computador. “Aí a pessoa diz [faz um gesto de baixar a cabeça falando baixo]: ‘é eu tô
aposentada...’”. O mesmo caso seria para cadastros com nomes de maridos que eles
suspeitariam estar trabalhando a quem perguntariam “Quem é fulano de tal?”.
Esse argumento foi recorrente no contato com profissionais no CRAS, bem como
na defesa da possibilidade de se identificar quem são as pessoas que precisam com base,
não apenas no perfil de renda familiar, mas em certos elementos externos que são
observados na interação, como vestimenta, porte, moradia, bens em geral. Certa vez,
conversávamos com um rapaz que acabava de sair do atendimento no cadastramento em
Rio Tinto. Quando perguntamos se ele poderia passar seu número de telefone para um
contato posterior, ele retirou da parte interna de sua bermuda o telefone celular enquanto
olhava para trás para se certificar de que as pessoas que lhe atenderam não estavam
vendo. Ele disse que não deixou verem seu celular porque se isso acontecesse “as pessoas
já iam ficar achando que ele tem as coisas”. Esse cenário de avaliação e de “atestação de
necessidade” acionado na interação de beneficiários e gestores/ cadastradores foi descrito
em pesquisas realizadas em outros contextos como o Rio de Janeiro (MARINS, 2014) e o
Rio Grande do Sul (EGER, 2013) com elementos muito semelhantes aos descritos aqui.

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Conversando com Marisa, em Belo Horizonte, perguntei o que ela pensava de o
Bolsa Família antes de decidir fazer o cadastro e ela disse “Eu era contra! Tem muita
gente que não precisa e recebe e quem realmente precisa não recebe... A gente chega lá e
eles dizem você não tem perfil... Mas aí, por exemplo, teve uma vizinha minha que disse
que mentiu... É só contar um monte de lorota com cara de choro” [que consegue ser
aprovado]. O problema é que não tem vistoria... Eu não sei mentir”. Quando foi fazer o
cadastro, disse que explicou tudo, não escondeu nada. Disse que o marido estava
construindo a casa, mas informou que não moravam juntos, ela morava com a mãe: “Eu
não menti”.
Ao falar da situação de outras pessoas que, ao contrário dela, mentiriam, disse que
“se você levar os documentos não passa. Vão dizer que você está fora do perfil”. Mas ao
mesmo tempo lamentava não receber informações suficientemente claras sobre como se
definem os valores a que cada pessoa tem direito para assim evitar que as pessoas
manipulem as informações. Por exemplo, diz: “Eu tenho uma vizinha que tem três
crianças e recebe 180 reais; já outra tem duas crianças e recebe 320. Como é que pode?
Só na base da mentira...”. Por isso ela diz que “tinha que ter uma vistoria anual”.
Ao mesmo tempo em que fazia o julgamento das pessoas que mentiriam no
cadastramento, ela narra sua forma de apresentar as informações na Regional, o que seria
distinto de mentira, em sua opinião. Teria a ver com a capacidade de cada pessoa
“mostrar a situação” - expressão bastante usada por outras mulheres - no momento do
cadastramento: “Se tiver o PIS e tiver trabalhando não entra”. Ela explica que o nome de
seu marido não está no cadastro porque “de fato ele não mora aqui. Ele está na outra
cidade trabalhando e construindo a casa... É claro, se eu for lá e disser que meu marido é
cabeleireiro todo mundo sabe que cabeleireiro ganha bem, ganha quatro mil, cinco mil
reais por mês... Mas eu não moro com ele. Quando eu me mudar pra lá eu volto e digo
que não preciso, quando terminar de construir minha casa”. Com base nessa
interpretação, com todas as despesas da construção da casa e por não morar com o
marido ela diz que está “no perfil”.

Além dessas “estratégias”, algumas outras referências sobre o momento do


cadastramento indicavam igualmente tentativas de controle sobre quem deveria receber o
Bolsa Família, da parte de cadastradores e de potenciais beneficiários. Na Ceilância
Nascente Mariana falou que na época em que fez seu cadastro “faziam visita na casa das
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pessoas pra saber quem ia receber. Era muito complicado. Eu só consegui porque foi uma
amiga minha que trabalhava com isso [na Secretaria de Assistência Social] foi lá em casa
fazer a entrevista. Não podia ter as coisas. Se tivesse em casa geladeira, televisão, som,
videogame, DVD, não podia receber... As pessoas [que entrevistavam] diziam que quem
tinha essas coisas tinha condições... Se tivesse DVD, videogame, essas coisas, não podia.
Eu só consegui porque minha amiga não botou [no cadastro] que eu tinha essas coisas”.

“Não ter as coisas” indicava “a situação” da pessoa; comprovava que essa pessoa
tinha “necessidade” e deveria receber o benefício. Luiza, em Belo Horizonte, parecia
associar o fato de ela receber o Bolsa Família com a percepção que a pessoa que fez o
cadastro teve de sua “situação”: “Quando a moça chegou lá em casa eu tava comendo
macarrão. Quando ela viu minha situação disse ‘vou legalizar’” [no sentido de que ela
iria receber o benefício]. Em Belém, Joelma ao falar sobre o momento do cadastro disse:
“Aí eu contei minha situação... Falei que eu não tenho renda, que meu marido me
abandonou eu e minha filha. Disse que meu pai é doente e tem que comprar os remédios
dele. É tipo uma entrevista. Depois tive que aguardar um ano pra receber. Quando eu fiz
cadastro eu contei minha história. A moça quase chorou”. Disse ainda que uma amiga
sua não teve o mesmo sucesso - não recebeu, enquanto o seu demorou apenas dois meses
para sair. Ela dizia achar mesmo que o fato de ter recebido e sem demora tem a ver “com
a história que eu contei”.

A percepção de quem “realmente precisa” se relaciona com a repetida ideia de


necessidade de fiscalização que apareceu de diversas formas. Zulmira, em Belém, disse:
“Tem que fazer um critério, né? Tipo uma pesquisa pra saber... Quando eu fui lá no
CRAS a primeira vez pra cadastrar disseram que ia ter uma visita pra saber quem
realmente precisa, mas nunca vieram”. Com o mesmo desapontamento de outras pessoas
que esperaram visitas que não ocorreram ela diz que seria muito bom se houvesse essas
visitas para “saber como a pessoa vive; se é daquele jeito que a pessoa disse”.

5 Comentários finais

Ao longo de toda a pesquisa me deparei com um cenário de baixo conhecimento


sobre o PBF, seus critérios e mecanismos de monitoramente o que contribuía para uma

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busca de entendimento do Programa ao qual aquelas pessoas buscavam estar vinculadas.
A partir do que foi apresentado podemos afirmar que alguns critérios do programa
não foram considerados apenas difíceis de serem entendidos, mas injustos. Por isso,
alguns “problemas de comunicação” pareciam não solucionáveis apenas com base
na garantia de acesso a informações mais detalhadas. Não se trata apenas de
compreender, mas de concordar. A percepção é de que os critérios do programa
mudam todo o tempo e, dessa forma, as pessoas não conseguem se apropriar desses
critérios.

Corroborando essa percepção, a preocupação sobre quem recebe ou não


recebe, quem merece ou não merece receber está na base da compreensão geral do
programa. Nessa compreensão pesam menos os critérios instituídos oficialmente
com base em renda e importa mais a avaliação com base em “necessidade” e
“merecimento”. É essa a razão porque se compara as pessoas em termos de quem
“merece” ou “precisa” receber. É por isso também que algumas pessoas avaliam que
antes “não precisavam” e agora “precisam”, pois identificaram pessoas que, em
situações semelhantes à sua, são beneficiárias. Há comparação entre as pessoas o
tempo todo, e os critérios de pertencimento estão definidos em uma base moral de
merecimento cujos critérios são difusos, diversos, subjetivos.

Dessa forma pretende-se que as questões abordadas possam colaborar para


o debate sobre como esses sujeitos “concreta e diariamente configuram princípios
avaliativos e a compreensão de seus sentidos e efeitos na produção da vida social”
(WERNECK; CARDOSO DE OLIVEIRA, 2014, p. 9). Assim, os elementos apresentados
não podem ser compreendidos apenas com base em uma ausência de informações ou de
domínio das diretrizes oficiais, mas com base em uma prática que se atualiza
cotidianamente na relação entre esses vários domínios e sujeitos.

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