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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - CAMPUS FLORESTA

CENTRO MULTIDISCIPLINAR – CMULTI

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Pedro Rian Souza da Silva Santos e Paulo Henrique Pedrosa Evangelista

FICHAMENTO DO PREFÁCIO DA OBRA “FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO:


PARTE I”, DE GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL.

CRUZEIRO DO SUL, ACRE


2023
Pedro Rian Souza da Silva Santos e Paulo Henrique Pedrosa Evangelista

FICHAMENTO DO PREFÁCIO DA OBRA “FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO:


PARTE I”, DE GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL.

Trabalho apresentado à disciplina de Filosofia


Política, do Curso de Bacharelado em Direito,
ofertado pela Universidade Federal do Acre –
UFAC, Campus Floresta, como atividade
assíncrona para obtenção de nota, ministrado
pelo professor Júlio Ivo Celestino Ferreira.

CRUZEIRO DO SUL, ACRE


2023

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HEGEL, Georg. Prefácio. In: HEGEL, Georg. Fenomenologia do Espírito:
Parte I. 2º. ed. Rio de Janeiro: Vozes Ltda, 1988. p. 21- 62.

Nesse extenso e imensuravelmente complexo prefácio de Georg Hegel, o


caráter inteligível e acessível das palavras fogem do entendimento do autor, mas
se não fosse difícil de compreensão não seria Hegel, por isso pode-se enveredar
no pensamento do autor na obra Fenomenologia do Espírito para dela extrair
algum esclarecimento. A construção do seu pensamento se objetiva nos
parágrafos que se sucedem. Uma consideração deve ser feita acerca do
idealismo que muni o pensamento hegeliano, “idealismo”, na acepção posta,
significa o “ver e “a imagem”, que se traduz no observar das imagens ou
representação do mundo. Conjectura-se que o autor à princípio intenta, em seu
parágrafo um, uma exposição acerca das verdades filosóficas - ou uma/a
verdade que perpassa pelo âmbito da filosofia -, contudo destoando do de praxe
que se repleta de “afirmações e asserções sobre o que é verdadeiro”,
caminhando por outras veredas, da qual a filosofia, como matéria
universalizante, permite que se observe o reflexo da Coisa mesma não nos
“resultados últimos”, mas no fim, e nem nele, pois o fim seria apenas uma
passagem, um processo de transformação, sendo nele não possível explicar o
que é a Coisa Mesma – que posteriormente o autor vai se contradizer. Em
seguida, traz um exemplo interessante na qual faz analogia a anatomia do
“conhecimento das partes do corpo, segundo sua existência inanimada”, no caso
o conhecimento dos pedaços que fazem parte de um todo, e assim, essa ciência-
ou dita ciência -, entenderia que fragmentando esse conhecimento se poderia
compreender a Coisa Mesma, ou o que ela é. Com isso, finaliza o parágrafo
afirmando que a filosofia não se colocaria na posição de esmiuçar e fragmentar
esse conhecimento para “conhecer as partes do corpo”, mas ela nem conseguiria
e , resolutamente, firmaria que seria “incapaz de apreender o verdadeiro”.
Seguidamente, no parágrafo dois, postula que, diferente de outras obras
filosóficas, que “obscurecem” os caminhos para entender o conhecimento da
verdade, pois, assim como uma opinião comum, somente vê uma oposição entre
o “verdadeiro ou falso”, ou seja, é um ou outro, e deixa de lado a pluralidade dos
“sistemas filosóficos” – interessante mencionar que aqui é uma das
características do pensamento hegeliano, que observa a filosofia como um

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sistema, que seria, a grosso modo, uma “acumulação” de pensamentos e de
contradições anteriores que são necessárias, pois é repudiando suas
contradições equivocadas ou, melhor dizendo, antinomias; dessa maneira que
se pode avançar- como um “desenvolvimento progressivo da verdade” – e aqui
vê-se o princípio da sua dialética, da contradição e choque com o mesmo. Assim,
faz breve analogia com ao botão de uma flor que desaparece com o desabrochar
da flor, assim como a flor é “refutada” pelo fruto que se refuta pela planta, ou
seja, umas vão se contradizendo e se confrontando entre si. Pois são mais do
que contradições porque são “igualmente necessárias”. Por isso a contradição
seria mais que isso, muitas vezes “não sabe geralmente libertá-la – ou mantê-la
viva- de sua unilaridade; nem sabe reconhecer no que aparece sob a forma de
luta e contradição contra si mesmo, momentos mutuamente necessários”. Em
ilações breves, podemos entender a frase como um entendimento que se pode
reunir para que caminhem junto os movimentos de contradição sem que esses
se neguem, mas se movimentem. No parágrafo três, Hegel expõem inicialmente
que:

Todavia essa tarefa, quando pretende ser mais que o quando pretende
ser mais que o início do conhecimento, e valr por conhecimento efetivo,
deve ser contada entre as invenções que servem para dar voltas ao
redor da coisa mesma, combinando a aparência de seriedade e de
esforço com a carência efetiva de ambos.(HEGEL,1988, pg. 22).

Nessa linha de raciocínio, quando se pretende conhecer a coisa em si, acaba-


se muitas vezes por pender nas invenções que rondam a coisa, mas elas
deveriam ser o princípio do conhecimento, não o ser efetivo, aquilo que explica
a coisa. Aqui o autor faz brevemente uma crítica a essas invenções que são, a
certo modo, “entraves” e “ilusões”. Em seguida, um dos mais interessantes se
apresenta, no excerto:

A coisa mesma não se esgota em seu fim, mas sua atualização; nem
o resultado é o todo efetivo, mas sim o resultado junto com o vir-a-ser.
O fim para si é o universal sem vida, como a tendência é o mero
impulso ainda carente de sua efetividade; o resultado nu é o cadáver
que deixou atrás de si a tendência. Igualmente, a diversidade, é, antes,
o limite da Coisa: está ali onde a Coisa deixa de ser; ou é o que a
mesma não é (HEGEL, 1988, pg.23).

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A Coisa em Si não somente como algo estático, parado, como um “cadáver”,
mas está em movimento e, essa coisa em si, é o que é juntamente com o seu
dever-ser, não somente a coisa em si, sem movimento. Outro ponto, acerca das
“diversidades”, que são, em suma, a ideia de que as conjecturas, as
determinações do que essa coisa é, nada mais são do que limite para essa
Coisa, não a explicam, a definem e, por fim, a impedem, e, como o autor aborda,
é bastante fácil definir a coisa, é confortante, entende-la sem as amarras da
definição são inteiramente mais complexas e difíceis. Por isso, pode-se se
perguntar, que é essa Coisa em si? A Coisa em si é a própria coisa e o autor
tenta caminhar para entender a relação dessa coisa e o externo. Logo após, no
parágrafo quatro, infere seus conceitos acerca do geral e particular, ou seja, que,
para alcançar a verdade absoluta e entender a “imediatez da vida substancial” –
que no caso seria o concreto de sua dialética, e aqui o concreta se caracteriza
como a coisa em si, não sua aparência -, deve-se ter um certo rigor no conceito,
uma certa paciência para alcançar tal entendimento e, acima de tudo, para não
confundir a coisa e a sua aparência – para o autor, a aparência se difere da
coisa, contudo não de forma dualística, dicotômica, mas a aparência seria o
brilho da coisa-. Assim, iniciar em um plano geral/universal e seguida adentrar-
se no particular, pois esse particular, claro, compõem um todo e entendendo que
esse todo há particulares/partes que preenchem a totalidade, assim, o saber
absoluto. No parágrafo cinco, expõem uma de suas concepções mais
interessantes, “da meta em que deixe de chamar-se amor ao saber para o saber
efetivo” colocando seu ponto vista de defesa da filosofia como meio cientifico de
entendimento, eleva a filosofia à categoria de ciência, pois ela é necessária e
demonstra o ser-ia de uma época. No parágrafo seis, postula no quesito acerca
do conceito – no pensamento hegeliano o conceito tem entendimento próprio -,
assim, entende que só se pode alcançar o absoluto por meio da razão, sendo o
conceito necessário para isso, aqui o autor dá mais um passo em sua dialética.
Em seguida, dá continuidade No parágrafo sete, nesse pedaço se demonstra o
primeiro ponto acerca do espírito e da consciência-em-si, afirmando de como o
espírito foi além de “si sobre si”, ultrapassando a “carência da substância”. Após
isso, No parágrafo oito, o autor expõe que é com muito zelo e rigor demonstrar
o espírito da coisa, sendo necessário retirar e redirecionar os olhos do homens
do “vulgar” para “as estrelas”, ou seja, a um além do espírito. Aqui se postula,

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nessas partes iniciais, o chamado saber sensível, aquele que pode ser
descoberto e “sentido”, não tocado, quiçá sim, mas conjeturado ou visto. Daí que
vem o idealismo de Hegel, um idealismo absoluto, que buscar o “ver” e “a
imagem” do mundo e das coisas. No parágrafo nove, sumariamente, entende
que “a filosofia deve guardar-se de querer ser edificante”, pois como diz, ser
edificante é estar munido em “fantasiar algo e ficar assim bem pago”. No
parágrafo dez, o que marca esse fragmento é que entende que a força do espírito
se faz tão enormemente quanto sua exteriorização, e sua profundidade só se
entende quando permite-se expandir-se e perder-se no seu desdobramento.
Assim, quando o saber substancial tem pretensão de mergulhar-se, contudo
carente-de-conceito, esconde de si mesmo e deixa livre o campo de si mesmo à
contingência do conteúdo. No parágrafo onze, mostra um dos pontos principais
do intento desta obra que seria o caminho da progressão do espírito e suas
metamorfoses, no caso o caminhar do espírito, e, de forma suscita, afirma como
o próprio espírito rompe com o mundo e com seu ser-ia – ou dever-ser – e sua
representação para se transformar, e complementa que o espírito está sempre
em movimento para frente, mas gradativamente, devagar e acumulativamente,
rechaçando o que foi e produzindo o que vai ser. No parágrafo doze, coloca que,
como criança nascida, o espírito de transforma mas não por completo, não se
completa em seu princípio, pois falta-lhe uma “imediatez do novo mundo” ou o
conceito, que a grosso modo seria o concreto do espírito, no caso a sua
essência. Dessa maneira, demonstra no excerto:

Quando queremos ver um carvalho na robustez de seu tronco, na


expansão de seus ramos, na massa de sua folhagem, não nos damos
por satisfeitos se em seu lugar nos mostram uma bolota. Assim a
ciência, que é a coroa de um mundo do espírito, não está completa no
seu começo. O começo do novo espírito é o produto de uma ampla
transformação de múltiplas formas de cultura, o prêmio de um itinerário
muito complexo, e também de um esforço e de uma fadiga multiformes.
Esse começo é o todo, que retornou a si mesmo de sua sucessão [no
tempo] e de sua extensão [no espaço]; é o conceito que-veio-a-ser
conceito simples do todo. Mas a efetividade desse todo simples
consiste em que aquelas figuras, que se tornaram momentos, de novo
se desenvolvem e se dão nova figuração; mas no seu novo elemento,
e no sentido que resultou do processo ( HEGEL, 1988, p. 27).

No parágrafo treze e quatorze conjuntamente, o autor desenlaça algo


interessante acerca da ciência que ali tendo seu princípio, que, como outras,
ainda está em sua incubadora, não é cabal, ainda paulatinamente vai se

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desenvolver, e sempre jaz no campo da crítica, do confronto, do choque, pois,
sem as diversas correntes de pensamento para contrariar, não se desenrola. Em
seguida, no parágrafo quinze, coloca como acerca do formalismo, que até então
o desenvolvimento da ciência apenas tem estado em seu “começo”, por colocar-
se em um processo do mesmo e idêntico do que há, ou seja, pega-se esse novo
e coloca-o munido do que já é conhecido, assim, tem-se a ideia de que o
conhecido somente por isso. No parágrafo dezesseis, expõe como o formalismo,
aquele que faz parte da filosofia de seu tempo e tampouco ela irá se livrar dele,
e que, para compreender o absoluto, a representação geral se faz presente para
melhor compreensão antes dos pormenores. No parágrafo dezessete, entende
que tudo decorre de compreender o verdadeiro também como sujeito e não só
como substância, que inclui a substância que não só é universal ou imedeiatez
do saber, mas que também é imediatez o ser e para o saber. No parágrafo
dezoito, sendo a substância algo vivo que no verdadeiro e o sujeito,
movimentando-se a si mesmo se pode tomar-se outro. “o verdadeiro é o vir-a-
ser de si mesmo” ou seja, só pode vir a ser consigo mesmo, não tendo princípio
nem fim sem sua metamorfose. No parágrafo dezenove, aqui se demonstra a
relação da forma e da essência, sendo a forma necessária a essência, pois a
essência não pode ser em si para si mesmo ou como uma auto-intuição, não
devendo prescindir do progresso da essência e do desenvolvimento da forma.
Por isso, afirma em seu final que se deve expor igualmente à forma e com toda
a riqueza da forma desenvolvida, assim que a essência pode se expor como algo
efetivo. No parágrafo vinte, aqui, contradizendo tudo o que antes tinha dito, o
verdadeiro é o todo, mas esse todo se faz na essência, e que só no fim é que se
há a verdade sobre o todo. O começo ou o princípio é somente o universal, mas
nem esse universal pode aglutinar o que nelas contém, pois somente exprimem
uma intuição imediata, e, para a passagem, tomar-se Outro é a mediação para
tal conquistar tal resultado. No parágrafo vinte e um, traz consigo o entendimento
acerca da dita mediação supracitada que faz também parte do conhecimento
absoluto que seria então uma relação do Eu consigo mesmo ou uma “igualdade
consigo-mesmo-semovente”, no caso, o “simples vir-a-ser”. Tanto o vir-a-ser
geral se mediatiza tem realação com o vir-a-ser e com o mesmo imediato. Um
vir-a-ser que se torna simples, se contrapõem e esse Ser-retorna à simplicidade.
Outrossim, traz o valor imensurável a razão para o conhecimento do homem em

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si e não somente em si, mas para si. No parágrafo vinte e dois, toma como
expressão uma frase interessante “a razão é o agir conforme a um fim”, sendo,
assim como a natureza como entendia Aristóteles, o ser para si, o movimento
para si que ao mesmo tempo é estático mas é motor, que assim é também
sujeito. Dessa maneira, o “começo é o fim”, o resulta é o mesmo que o começo
pois tem como fim o próprio Si. No parágrafo vinte e três, expõem a questão de
colocar o absoluto/saber absoluto como sujeito, já que sujeito é o que guia o
conteúdo e o conceito, já que o que é pra si se pode refletir pra si, contudo, como
coloca Hegel, o absoluto como sujeito não se “automovimento” para ser um
saber efetivo, tem determinações e estaticidade. No parágrafo vinte e quatro, tal
como o fundamento ou o princípio do sistema é o seu começo, assim, somente
se pode ser exposto o saber efetivo por meio da ciência ou do sistema, e , por
ser apenas princípio ou fundamento, é fácil refuta-la, refutar aqui se faz como
uma indicação de falha, observar as lacunas que precisam ser preenchidas no
todo, sendo a refutação radical, distanciando-se das asserções ou simples
palpites. Ou seja, a refutação se faz como uma atualização pois parte da
observância da falha do princípio, sendo aqui o começo e fim presentes. No
parágrafo vinte e cinco, uma frase que se mostra nesse pedaço é que “ a ciência
é efetividade do espírito, o reino que para si mesmo constrói em seu próprio
elemento”, assim pode-se depender que é só através da ciência ou do sistema
que se pode tomar por relação de sujeito e objeto, da mesma maneira que o
sujeito pode ser objeto, o objeto é sujeito de si mesmo, um ser para si mesmo
junto com seu ser-ia. No parágrafo vinte e seis, o solo da ciência ou o saber em
sua universalidade é por meio do puro o reconhecer-se-a-si-mesmo no absoluto
ser-outro, sempre necessitando do outro e do consigo para conhecer a si
mesmo. O solo da ciência é a própria existência coadunado ao que é pensar, um
ser que se faz reflexão sobre si mesmo, sua imediateza. Assim, a ciência para
consciência-de-si se faz juntamente com o inverso do mesmo. Enfim, o Em-si
deve se exteriorizar e vir-a-ser para si mesmo. No parágrafo vinte e sete, expõe
que a fenomenologia do espírito – ou melhor dizendo, essa teoria acerca das
manifestações em que se apresentam o espírito – se coloca como o vir-a-ser da
ciência e do saber, no caso o que pode-ser, deve-ser; o saber, o espírito
imediato, carece de espírito, que seria a consciência sensível, aquele de um
momento, ele necessita ser trabalhado paulatinamente em vereda dificultosa

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para alcançar a ciência e, seu dever-ser, ao ser alcançado, não será nada de
esperado nas suas representações e figuras que se mostram. No parágrafo vinte
e oito, coloca acerca do caminho que pode levar o indivíduo ao ápice que é o
saber, o indivíduo aqui é um espírito incompleto em que uma só determinidade
está no todo, enquanto o resto ali é somente “rasura”. E, assim como os
indivíduos, o singular deve se enveredar na trilha para alavancar-se no saber
absoluto, galgando os percalços e indo gradativamente, de degrau a degrau pela
formação-cultural do espírito. Visto da perspectiva do espírito absoluto, esse
caminho seria apenas um amálgama para vir-a-ser a auto reflexão da coisa
mesmo e do indivíduo. No parágrafo vinte e nove, nesse momento postula
acerca da ciência e de que apresenta seu momento nas metamorfoses e
necessidades na formação cultural e, sendo isso algo que pode ser impaciente,
produz uma “obtenção dos fim sem os meios” daí o quão laborioso é. Outrossim,
para o indivíduo tem consciência-de-si é tão grande o trabalho que deve ser feito,
menos não lograria o resultado. Sendo aquele conteúdo já pensado, para o
indivíduo basta “rememorar” o que já se foi pensado para a reflexão de si para
si. No parágrafo trinta, “o saber é o agir do Si universo, e interesse de
pensar”(HEGEL,1988, p.37) a representação e o modo-de-conhecer do si é o
que carece no indivíduo, coadunado ao ser-aí se tornando um bem-conhecido,
assim é só movimento do ser-aí que que não se concebe a si mesmo. Por isso,
o saber, contrariadamente, vai em contramão a essa representação, contra o
saber-bem-conhecido, assim, como exposto, é o si do universo e a pretensão de
pensar. No parágrafo trinta e um, traz no fragmento uma mera crítica ao fato de,
por ser o bem-conhecido algo que se pressupõem ser conhecido e deixa-lo como
está, engana a pessoa e outros com tal proposição, assim, apreender e examinar
tal bem-conhecido fugindo de sua superfície se torna necessário para ter
conhecimento como o que é em si. No parágrafo trinta e dois, coloca o panorama
sobre a análise da representação, que se faz da cisão da própria
figura/representação e do concreto, no caso a sua essência, e, malgrado essa
dicotomia possa ser inefetiva, essa separação é a força e o trabalho do
entendimento, ou seja, a potência absoluta. Essa cisão, que às vezes pode
parecer negativa, pois o todo só é efetivo em sua conexão, permite que
separados tenham um encontro consigo mesmo, conduz a energia do pensar
que é o próprio Eu. Por isso que se torna tão importante esse dilaceramento do

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espírito, pois o mesmo somente alcança a verdade por meio dele. Assim, o
confronto do “negativo e positivo” vem à tona para realizar tal movimento. No
parágrafo trinta e três, em síntese, o representado se torna consciência-de-si,
sendo isto apenas um aspecto, assim, educando-se particularmente acerca dos
aspectos pode-se chegar à universalidade, mas a tarefa a ser feita não é formar
o indivíduo a pensar e em ser pensante, mas moldar a universalidade que molda
e sobrepõem o indivíduo, alterar aquilo que é determinado e fixo. Assim, o puro
pensamento tornando conceitos após mediantes movimentos que perpassam a
imediatez e o em-si, somente assim serão o que são de verdade,
automovimentos, círculos etc. No parágrafo trinta e quatro, o caminho que esse
movimente permeia é a necessidade e a expansão do mesmo num todo
orgânico. Por isso, esse caminho, contrariamente a outros, aglutina em seu
movimento a mutabilidade completa da consciência em sua necessidade. No
parágrafo trinta e cinco, expõe como tal representação constitui uma primeira
parte da ciência, pelo fato de o ser-aí do espírito não é o começo nem o imediato,
pois o começo não faz o retorno em si mesmo, assim, é esse ser-aí imediato que
diferencia de outras ciências. No parágrafo trinta e seis, o ser-aí imediato do
espírito, permeia esse movimento que se faz na experiência, na qual o em-si,
sujeito, torna-se também objeto de seu Si, pois transforma-se no Outro, após
isso se aliena e se liberta da alienação, nessa conversação, assim, somente
depois é exposto em sua efetividade e verdade.

No parágrafo trinta e sete, a desigualdade na consciência é igual a


diferença entre o Eu e a substância, que por sinal, é conhecido como negativo.
Levando para um lado matemático – o que não seria tão sugestível – acabamos
encontrando uma igualdade entre desigualdade e negativo. É dito que seria falha
de ambos, mas não é tão claro a quem se refere: a desigualdade e o negativo
ou o Eu e a substância? Seja qual for, é a alma, é o motor que alguns utilizaram
o vazio. O negativo também era um motor que movia, mas não era o negativo
como Si. Existe uma semelhança de pensamento entre Sartre e Hegel neste
seguinte ponto, da ação exterior ser o agir próprio. Sartre em seu livro “O
existencialismo é um humanismo”, declara essa ideia da mudança ser resultado
da ação ou, tal qual o livro, a ação teria um resultado, sendo você causador dele,
podendo saber ou não – aqui entraríamos no conceito de desamparo do

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existencialismo, ao menos, o abordado no livro – sendo você o centro dessas
metamorfoses (um otimismo). Quando a substância apresentar completamente
o que já foi citado, o espírito terá seu ser-aí igual à sua essência. Supera-se
então, o abstrato da imediatez, a segregação entre saber e verdade. No
parágrafo trinta e oito, o sistema empírico do espírito capta somente sua
aparição, assim o negativo é considerado o caminho à ciência do verdadeiro que
se encontra na forma do verdadeiro. Esse negativo aparenta ser o especulativo,
isso levando a questão do jogo de palavras: positivista é a ciência como única
fonte de conhecimento verdadeiro, logo, o negativo seria esse especulativo para
chegar ao científico – oras, como se chegaria a tal ideia ou idealização sem viajar
e/ou especular? A resposta se encontra em parágrafos mais abaixo, com
explicação da natureza do negativo e sua falsidade no geral. No parágrafo trinta
e nove. O verdadeiro e falso se valem da própria essência, isso porque lhe és
carente-de-movimento, sendo isolados entre si por diferenças. A verdade não é
algo que a ser apropriada e o falso não existe. É confuso, mas pegando a lógica
desenvolvida anteriormente, sendo o negativo o falso no geral e este, uma
especulação, não seria errado afirmar, que após achar o verdadeiro, o anterior
é descartável, uma ilusão do que há. Todavia, ele é verdadeiro como conteúdo
do saber – não tem como saber o que é verdadeiro até saber o que é falso, logo,
o falso foi verdadeiro para se considerar e seguinte da conclusão é falso por sua
essência negativo (especulação). Como no texto, esse processo tem
desigualdades (ou origina elas), mas é delas que se tem a igualdade. Entretanto,
não é descartável, ela existe no verdadeiro, assim como o negativo, mas não o
falso. Ele existirá ante o positivo quando mediador. No parágrafo quarenta,
dogmatismo seria um conhecimento imediato, melhor dizendo, a verdade
imediata. Exemplo é quando perguntam sua idade, lógico que você a irá sem
rodeios. É objetivo. Entretanto, a natureza dessa verdade é diferente da
filosófica. No parágrafo quarenta e um, no que se concerne às verdades
históricas, elas, quando exclusivamente no campo da história, admite-se um ser-
aí singular – diante de uma pouca pesquisa, o singular seria o particular perfeito.
Porém a verdade não é ausente do movimento da consciência-de-si, isso
independente para qualquer uma, seja as partidas do negativo ou das fatuais.
No parágrafo quarenta e dois, conhecer algo de forma superficial, não sua
aplicação, desmerece a matéria. O exemplo dado por Hegel, se concerne na

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matemática: saber a fórmula de Euclides e não sua prática, é algo a baixo da
geometria. Também é colocado o lado contrário, nem tudo precisa ser aplicado
para valer. Valendo-se de um exemplo próprio, imagine se Freud escreve-se
estudo sobre todos seus pacientes ou vítimas de seus estudos psicanalíticos?
Oras, ele fala do geral, da ausência paterna influenciar no desenvolvimento da
criança, assim tornando a tona uma natureza já existente e escolhida de forma
inconsciente: a homossexualidade. Viu? Não foi dito a exceção, mas o geral. No
conhecimento filosófico, o vir-a-ser do ser-aí como ser-aí difere do vir-a-ser da
essência. O conhecimento filosófico possui ambos, mas o matemático somente
o primeiro. Não é tão complicado quando se compara ao básico; O quadrado da
hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos seria o vir-a-ser do ser-aí
que seria um triângulo retângulo. Sabemos o que será, mas em essência,
diferente da filosofia que saberá (ou deduzira, melhor dizendo) a essência da
coisa. No parágrafo quarenta e três, no conhecimento matemático, a Coisa é
alterada pelo agir exterior. Como já dito, a construção e demonstração possui
proposições verdadeiras, mas há falso conteúdo. O que se segue já foi explicado
anteriormente de forma precoce – ou só por ansiedade. No parágrafo quarenta
e quatro, a falha do desse conhecimento afeta tanto ele próprio quanto sua
matéria. A imposição de seguir à risca regras e propriedades matemáticas – que
você nem sabe de onde surgiu, por exemplo, por que qualquer número elevado
a zero, é igual a 1? É raso e cego seguir essa trilha – levam uma exclusão de
conclusões infinitas, não se sabe a finalidade, apenas é movida por uma
finalidade exterior. No parágrafo quarenta e cinco, a matemática se orgulha de
algo desprezado pela filosofia; seu fim é a grandeza, o inessencial carente-de-
conceito. Por este motivo, o saber matemático na chega em sua essência ou
conceito, ficando na superfície do todo. A sua matéria que deveria ser rica em
verdades, é o espaço e o uno. O espaço é o ser-aí, no quão o conceito inscreve
suas diferenças, sendo imóvel. A inefetividade existente é sem vida e rígido, sem
continuidade ou fluidez entre si. É como cada episódio de “Love, death & robots”,
você pode ver o primeiro episódio fim dos mundos e das máquinas que o
herdaram, e isso não interferirá em nada no episódio a terceira temporada da
revolução dos ratos. Voltando ao parágrafo, com o que foi dito, a matemática
não iria se preocupar da relação de uma reta com a superfície, iria ignorar
diversos aspectos ali presentes, por isso não chegastes a sua essência.

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No parágrafo quarenta e seis, é falado de duas matemáticas: a imanente (pura)
e a aplicada. O diferencial entre ambas é a aplicação do termo tempo. Na
aplicada, o tempo é tratado tal qual merece, mas segue proposições sintéticas.
Assim, gera um vazio que satisfaz. E o que seria o uno falado no parágrafo
anterior? Ele seria a placa de pare ou um adicional inútil, um debuff do
conhecimento. Na matemática pura, o tempo deveria ser considerado uma
segunda matéria após o espaço. Todavia, essa metodologia só atrasa o que já
existe. No parágrafo quarenta e sete, a filosofia, por outro lado, é efetiva e possui
movimento, não é abstrata como a matemática. Sendo a aparição a efetividade
e movimenta da vida da verdade. O verdadeiro é, então, um delírio. Assim sendo,
na totalidade do movimento, entendido como estado de repouso, tem como
diferencial a conservação de algo que se rememora, cujo ser-aí é o saber de si
mesmo. No parágrafo quarenta e oito, a partir daqui, será indicado os pontos
principais do método desse movimento, mas antes se deve algumas
considerações. O conceito já se encontra na apresentação pertence a lógica, na
realidade, sendo ela mesmo. O método é a estrutura do todo, tendo sua pura
essencialidade. A arrogância vista na filosofia é por motivos do método de cultura
desaparecidos; mas não se deve esquecer do respeito do excelente: aplicável e
amável. Entretanto, a verdade não se manifesta somente a partir da
argumentação e contra argumentação, a verdade é o movimento de si mesma;
seno aquele método de conhecer o exterior à matéria. É a capacidade da
matemática essa relação com a grandeza, devendo-se deixar deste modo, mas
isso não a impede de ter outras relações, quando livres. Tal método liberto,
poderia ser usado no cotidiano, na informação histórica e na conversação,
ficando mais na curiosidade do que no conhecimento, de fato. É isso que o
prefácio é, gera curiosidade, não conclusão; instiga, não freia. A consciência da
vida cotidiana é um empirismo constante e fixo. A consciência discorre por esse
conteúdo, as vezes restringindo e se satisfazendo em local de repouso já
conhecido, porém também existe a sensação de manipulação, uma trilha para
algo correto. No parágrafo quarenta e nove, com a necessidade quase imediata
do conceito, temos um discurso arbitrário e profético que menospreza qualquer
conhecimento cientifico. No parágrafo cinquenta, com uma crítica dura a Kant,
dá início ao parágrafo; é algo voltado de seu pensamento inaugurar a ciência
com algo sem vida, sem conceito ou movimento-de-si, que se torna vítima do

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julgamento de Hegel. Esse pensamento é a criação de fórmulas, o que atrasa o
processo, se não, acaba-lo. Há um esquema de oeste ou leste, grande ou
pequeno, esquerdo ou direito, acima ou abaixo, etc; é infinito as possibilidades
desse outro para outro, mas acaba esquecendo a coisa. E quando há o
significante, este é mal trabalho, sem crítica nenhuma, tão descuidado quanto
no cotidiano. É quase como uma bola dentro de um círculo batendo e
ricocheteando nos lados, mas nunca além dessa bola. É previsível muitas das
vezes o movimento, mas nunca entender o porquê ou sua natureza, sempre
seguindo a inercia da coisa, nunca a sabendo. No parágrafo cinquenta e um, a
determinidade da intuição se exprime conforme uma analogia superficial, ao
invés de uma vida interior e do automovimento do ser-aí. Chama-se construção
essa aplicação vazia e exterior de fórmulas. Um formalismo não deixa de aplicar
o que outros formalismo aplica, sendo totalmente compreensível, fazendo de um
curandeiro um médico. Talvez, pensando no contemporâneo, estejamos falando
dos coach; esses abutres se aproveitam da ingenuidade de pobres que querem
tanto sucesso quanto Elon Musk ou Steve Jobs, pregam falácias que nem
mesmo eles acreditam ou praticam. Fracassaram e vendem como se fosse um
sucesso, transformam um ignorante num acionista da bolsa de valores. É
supérfluo, totalmente guiado por intuição, mas dão uma certeza da fortuna que
nem existe, é especulativa e imaginária. No parágrafo cinquenta e dois, o
excelente não consegue escapar do destino de tornar-se sem-vida, este mesmo
possuí poder sobre as almas, espíritos e assim por diante, possibilitando um uso
superficial. No parágrafo cinquenta e três, a ciência só se permite organizar-se
mediante a própria vida do conceito, tendo sua determinante aplica no exterior
do ser-aí. Seu movimento, o essente, consiste em tornar-se o Outro, assim
conseguindo desenvolver-se simplificando o determinidade. Isso se assemelha
a Deus e o Diabo. Em uma interpretação bíblica, quando se diz que o Diabo quer
ser Deus, não é em sentido dele querer a posição da divindade, mas ser ela
própria, ou seja, ser o próprio Deus. Se essa entidade superior matou Onã por
ejacular fora, o Diabo também faria isso, pois ele desejava ser essa divindade
por completo. Este é o exemplo associado ao assente querer se tornar o Outro,
mas nesse caminho, há o negativo (ele sempre estará lá) como pôr do ser-aí,
assim tendo o vir-a-ser ou a simplificação da determinidade. Se pensar pelo
exemplo dado, o negativo seria essa vontade que o Diabo tinha, que serviu como

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determinante para seu pôr do ser-aí, iniciando o vir-a-ser, sua queda. O
entendimento tabelador não guarda, nem conhece a necessidade e o conceito
do conteúdo. Se soubesse sobre si, renunciaria o esquematizar ou utilizaria para
indicar um conteúdo. Esse procedimento limita grandes conhecimentos,
levando-os à morte, pois é levado como complemento de outro, não de si. Deste
modo, nunca chegando ao conceito, apenas dando uma visão geral sobre o todo.
O conhecimento científico requer o abandono à vida do objeto; na realidade, ele
requer um estudo profundo do mesmo, olhando seu interior, um grande
mergulho. Aqui se instala uma confusão, parece uma crítica a visão geral, mas
sejamos honestos, ninguém aprende a nadar mergulhando na parte funda da
piscina, mas sim vai acabando com o medo e se encorajando indo do raso ao
fundo; somente um suicida para se arriscaria a nadar logo no fundo, se afogando
mais do que batendo os braços. Voltando ao ponto principal, que é o parágrafo,
o conhecimento científico acaba se aprofundando até voltar a si mesmo, mas
não antes de ter um dos aspectos do ser-aí, logo, passando a sua mais alta
verdade. No parágrafo cinquenta e quatro, a substância é nela mesma sujeito,
como já foi dito. E essa mesma de um ser-aí é a igualdade-consigo mesma, a
qual não passa de abstração, um pensamento. Quando referido a qualidade, isso
significa determinidades simples, essas que diferenciam o ser-aí de outrem.
Assim, o ser é o pensar, ou seja, ele é a própria abstração de si mesmo. A
ciência não seria um idealismo, nem se empunharia no lugar do dogmatismo,
seja ele qual for. Quando este retorna a si mesmo, é antes sua atividade
mergulhado nele, só voltando por sua igualdade-consigo-mesmo com ser-outro.
No parágrafo cinquenta e cinco, como já explicado a significação do
entendimento do lado as consciência-de-si da substância, temos o ser-aí como
“nous”, primeiro reconhecimento da essência feita por Anaxágoras. Os que
vieram após, especificaram ainda mais o ser-aí, isto é, dando-lhe o sentido de
universalidade, determinada e espécie. Essa última, não merecia tal termo pelo
que de fato é, que transcende a espécie, mas sim, é o termo adequado de fato.
Por tudo que já foi dito aqui, graças à sua igualdade-consigo-mesma e
simplicidade, a substância parece firme e estável, mas também é por aí que
ocorre sua dissolução. Talvez, seja associável ao 1+1=2. Veja bem, 1+1 é de
fato 2, mas quando se pensa na infinidade de números que existe entre o 0 e 1
ou 1 e 2, parece absurdo. Se o infinito não pode ser limitado exatamente por

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essa propriedade, como a soma de números formados por infinitos é tão inteiro?
É limitado? Essa associação permite o entendimento de algo firme e estável
como a soma de 1+1 ser 2, porém também há dissolução de tal quando pensa
no infinito nessa operação matemática. No parágrafo cinquenta e seis, a
natureza do que é estar em ser, se encontra em si, em seu conceito, consistindo
na necessidade lógica; a qual é especulativa. A figura concreta movendo-se a si
mesma, eleva a lógica. Entretanto, tal procedimento não deve conter formalismo,
isso porque ele antecede o próprio formalismo, sendo o vir-a-ser do conteúdo
inato de si. No parágrafo cinquenta e sete, com essa natureza do conhecimento
científico – sendo inseparável do conteúdo, mas ao mesmo tempo, determinando
o movimento de si – temos sua apresentação no especulativo. Isso até parece
um conceito, mas é apenas uma afirmação precoce, que por este motivo, não
pode ser refutada ou comparada, porém aceita. Aceita com guarda para garantir
a liberdade do outro e sua. No parágrafo cinquenta e oito, o que importa para o
estudo da ciência assumir o esforço do conceito, exigindo atenção ao conceito
como tal, as determinações simples. Representações só seriam enchimento de
linguiça, pois seria inútil, não chegando a ponto algum, apenas uma prolongação
para o fim da conversa. Tal hábito é denominado pensamento material, imerso,
como o nome próprio diz, no material; é custoso a elevação do si e para se
manter junto a si. No parágrafo cinquenta e nove, na atitude raciocinante, há dois
aspectos a serem ressaltados. De uma parte, seu comportamento negativo em
relação ao aprendido, refuta-o e o reduz ao nada; um terminal que a si não
ultrapassa sem existir um novo para continuar. A vaidade não exprime somente
o vão no conteúdo, mas a vã da intelecção. No parágrafo sessenta, tendo em
vista que o pensamento raciocinante constitui-se por representações ou
pensamentos (ou ambos), ele possui outro aspecto que lhe dificulta o conceber;
manifesta o movimento que é o aprender pensante. Nesse negativo, o pensar
raciocinante é o próprio Si ao qual o conteúdo retoma; no positivo, por outro lado,
ele é um sujeito representado, o qual o conteúdo se relaciona como acidente e
predicado. Esse sujeito fornece a base a qual o predicado está preso,
disponibilizando esse movimento vai e vem. No pensamento conceituai o sujeito
age de maneira diferente. Não é um sujeito inerte que aguente imóvel os
acidentes, na realidade, é o conceito que se move, retornando a si. Deste modo,
subvertendo até aquele sujeito inerte, adentra nas diferenças e conteúdo,

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constituindo o conteúdo diferenciado e seu movimento. No parágrafo sessenta e
um, a natureza do juízo e da proposição no geral, é destruída pela proposição
especulativa; Assim também, na proposição filosófica não anula a diferença
expressa pela a forma da proposição. No parágrafo sessenta e dois, como
exemplo, se utiliza a frase “Deus é o ser”, onde o predicado é o ser, ganhando
um significado substancial, dissolvendo o sujeito. Deste modo, “ser” não é
predicado, mas essência, fazendo falta ao sujeito; isso, pois o sujeito deveria
progredir ao predicado, mas esse não o é, voltando o pensamento do sujeito ao
sujeito, logo dissolvendo-o. De mesmo modo, notasse a necessidade de um
estudo profundo sobre a natureza do conteúdo. No parágrafo sessenta e três, a
falta de compreensão dos escritos filosóficos se deve na existência de alguns
impedimentos, sendo a censura um dos. Não é falta de intelecto por parte
daquele que lê, mas do método, onde só pode afirmar após reler, logo, a
conclusão é algo geral, em cima do que primeiro veio. A leitura da filosofia, evoca
o hábito da relação entre sujeito e predicado, o qual é destruído pelo saber ali
presente. No parágrafo sessenta e quatro. Há dificuldades em se separar o
sujeito do especulativo e raciocinante, ora tendo seu conceito, ora tendo seu
predicado ou acidente. Quando um procedimento estorva outro, excluindo
completamente o relacionamento da parte da proposição. No parágrafo sessenta
e cinco, o pensar não especulativo tem seu direito, mas não é levado em conta
na proposição do especulativo. A proposição não pode ocorrer de forma
imediata, ela precisa retornar a si, sendo esse processo já falado, a dialética da
proposição. No parágrafo sessenta e seis, o movimento dialético tem igualmente
proposições ou elementos seus, esses os quais, com a dificuldade parece
retornar sempre, sendo uma dificuldade da Coisa mesmo. É semelhante a
demonstração ordinária: os fundamentos utilizados precisam de uma
fundamentação assim até o infinito. Isso gera uma aparência presente na ciência
moderna, sempre se há a necessidade de explicar o princípio de uma coisa e o
princípio por trás desta e assim por diante. Veja, há alguns anos, a gravidade era
uma força absoluta, quase um fato: ela era o que era, sem mais ou menos; daí
vem Einstein e elabora a teoria da relatividade e gravidade deixa de ser esse
absoluto e se torna apenas o efeito colateral da deformação do espaço-tempo
pela massa do corpo celeste. Ou na física quântica que até provou que os
conceitos físicos atuais tendem a colocar a realidade como falsa. No que toca o

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movimento dialético, ele possui um elemento que é o conceito puro, por isso é
sujeito a si. No parágrafo sessenta e sete, é um desafio da filosofia, maior ainda
que a atitude raciocinante, a presunção de verdades feitas. Quem as faz, acha
que estão tão certas que não as revisa, utilizando-as para julgar e condenar. Por
este motivo, precisasse de uma nova filosofia, pois o digno de respeito advém
de um esforço não visto antes. Em comparativo, temos Sartre (novamente) em
seu livro já falado aqui, criticando exatamente aqueles que anunciavam o
existencialismo como pessimismo, como qualquer filosofia pensante, profunda e
que demandasse essa força do individual atuando com força no geral, como
liberal; ora, Hegel seria um liberal se pensar por este lado, mas Sartre responde
quase como “pega na minha balança”, diz que o existencialismo não é isso
pronunciado, tem interpretações e etc, sendo aqueles que realmente chegam ao
X da questão os filósofos existencialista, o resto? É resto ignorante que se deixa
alienar. A crítica do parágrafo é esta: qualquer um faz filosofia e a usa como
verdade plena para julgar e condenar, sendo totalmente distorcida e sem
verdade alguma. No parágrafo sessenta e oito, no que concerne a filosofia
autêntica, ela possui o poder de substituir saberes considerados divinos ou de
senso comum quase que imediatamente. Não é agradável ver a ignorância sem
forma ou ausente de gosto. Os ignorantes se acham gênios e se põem a produzir
algo sem saber nenhum; pondo sua genialidade ali, o que era para ser um
poema, virou um aglomerado de palavras e união de frases delirantes. Tão
comportamento pode ser notado no mundo musical contemporâneo: pagam de
sabichões, gurus amorosos e fazem um álbum inteiro falando sobre a mesma
coisa com palavras diferentes; pior, se equiparar com outras músicas do mesmo
gênero musical, não se sabe qual copiou qual. Uma sulista que se acha a melhor
da indústria, não consegue fazer uma música sem apelação sexual, enquanto
uma paulista, de vulgo Pipokinha quebra padrões morais retrógados e
desfavoráveis. No parágrafo sessenta e nove, no leito do bom senso, a filosofia
natural apenas fornece verdades banais. Quando questionadas, diz que está no
coração, na parte mais profunda ali presente; devia-se trazer do íntimo, do fundo
poço, para a luz do dia. Um esforço que poderia ser poupado: produzir verdades
com base em ditados populares. Se parar para pensar, verá a distorção e quão
imbecil é tal ditado, mas há uma confusão por se perder nesse debate fútil.
Dostoiévski diz em seu livro “notas do subsolo”, que homem burro encontra no

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muro a verdade ou a justiça de fato. Qual o contexto disso? Se comparar com o
ditado popular “Água mole em Pedra Dura, Tanto Bate Até Que Fura!” com isso,
verá que o idiota ao bater na pedra verá que ali é seu limite. Os inteligentes não,
eles não bateriam no muro, muito menos os superaria, pelo contrário, ele veria
o muro e aceitaria, não sairia do seu canto para contradizer o que de fato ali,
mas aquele ali não é natural, é artificial, mesmo assim ficará se remoendo de
ódio e piorando, distorcendo ainda mais as verdades que sabe. De fato, o
pensamento de Dostoiévski nos encaminha para a conclusão que os pensantes
evitam conflitos e que os burros os fazem, mas viu como eles desistem e
admitem como absoluto? Refutou o ditado popular “água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura”. No parágrafo setenta, nada mais coerente para ciência
do que abandonar o senso comum, e andar com a filosofia e conhecimentos
contemporâneos ao seu tempo. O prefácio pode até lhe excitar por lhe
apresentar a visão mais ampla do todo, estando você vestido da forma mais
desleixada possível, mas o conhecimento ali trará a sensação de realeza, de
algo sacerdotal. No parágrafo setenta e um, é no automovimento do conceito
que se tem a razão da ciência. Devemos lembrar que houve tempos onde o
abstrato foi considerado visionário, onde o especulativo parecia mais verídico
que o próprio fato, isso é conceito puro. A verdade vem com seu tempo, logo,
aqueles que a presenciam são contemporâneos à mesma, não estando nem
atrás e nem a frente dela. No parágrafo setenta e dois, no tempo – o qual o texto
foi escrito – a universalidade do espírito se consolida e a singularidade se torna
insignificante. Assim a atividade disposta ao individuou deve ser mínima, visto
que mal consegue reclamar para si.

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