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16/09/2022

Página – programa; textos

3 questões de Kant sobre o conhecimento

1.4

1.5 o quê me é permitido fazer

1.6 o quê me é permitido esperar

Apresentação oral:

3 textos da coletânea – articulação entre eles

Apresentar o conteúdo dos textos

Presença de título

Questionar o texto e o seu sentido

Ler vs ver: A leitura  Linguagem visível comporta um sentido invisível que é preciso
interpretar. A leitura obriga-nos a um distanciamento.

A filosofia é produção de sentido. Não é uma representação ou uma imagem da realidade. A


filosofia distancia-nos da cultura visual, já que estamos presos daquilo que vemos, que nem
processamos o que estamos a ver. Por esta razão, é muita importante a leitura, pois ler é o
exercício fundamental para nos cultivarmos em Filosofia.

A Filosofia não é só uma disciplina, mas uma atitude de vida também.

Projeto de trabalho filosófico

3 pp.

1. Título + texto introdutório


2. Tópicos com um paragrafo de explicação
3. Bibliografia

Um autor pode ser um tópico + tema ligado ao programa  pesquisa bibliográfica  começar
o projeto de trabalho em si.

21/09/2022

(pergunta metafilosófica) O que é a filosofia? --< pergunta analago que se faz a qualquer
disciplina

Desde logo, responde-se pela circunscrição, delimitação do objeto da disciplina/ciências


particulares.

Ideia subscrita por José Ortega y Gasset, texto 8

“(…) todas as ciências particulares começam por demarcar um pedaço do Universo, por limitar
o seu problema, que por ser limitado deixa em parte de ser problema. Em outras palavras: o
físico e o matemático conhecem de antemão a extensão e os atributos essenciais do seu
objecto; portanto, começam não com um problema, mas com algo que dão ou tomam como já
sabido. Mas o Universo em cuja pesquisa o filósofo parte audaz como um argonauta, não se
sabe o que é”.

As ciências particulares não problematizam o seu objeto de estudo, partindo da consideração


do mesmo como dado. Ao contrário, a filosofia questiona o objeto como um problema.
Portanto qual seria o objeto da filosofia? É um problema. Assim, a filosofia distingue-se das
ciências por causa do seu objeto, embora possa contemplar os mesmos objetos das ciências.
Criam-se assim interdisciplinas filosóficas que partilham os mesmos objetos das ciências
(filosofia da natureza vs física podem coexistir).

Portanto, a filosofia partilha os objetos de todos as ciências particulares. Mas então que
distingue a filosofia da ciência?
A questão do objeto não nos permite distinguir a filosofia dos outros saberes.

A pergunta torna-se: o quê é que distingue a filosofia da ciência?

Trata-se de definir a filosofia por oposição e contraste com a ciência. Questão que se tornou o
caminho principal na tentativa de distinção da filosofia das ciências.
O modo de conhecer da filosofia não conta com os meios tecnológicos avançados que as
ciências utilizam para conhecer os seus objetos. Ao contrário, a Filosofia não utiliza tais
ferramentas.
Apesar disso, muitos filósofos defendem que a filosofia apresenta um modo de conhecer
irredutível. Ideia defendida por Henri Bergson, texto 5.

“Não haveria lugar para duas maneiras de conhecer, filosofia e ciência, se a experiência não se
nos apresentasse sob dois aspectos diferentes, de um lado sob a forma de factos que se
justapõem a factos, que mais ou menos se repetem, que mais ou menos se medem, que por
fim se desdobram no sentido da multiplicidade distinta e da espacialidade, de outro, sob a
forma de uma penetração recíproca que é pura duração (ciência), refractária à lei e à medida
(filosofia). Nos dois casos, experiência significa consciência; mas, no primeiro, a consciência
desabrocha por fora, e exterioriza-se em relação a ela mesma na medida exacta em que vê
coisas exteriores umas às outras; no segundo ela volta para si, reassume-se e aprofunda-se.
Sondando assim a sua própria profundidade, penetra mais longe no interior da matéria, da
vida, da realidade em geral?”

A filosofia e ciência significam de duas formas de experienciar o mundo e viver a realidade.


A filosofia é uma forma de interiorização da experiência, mostrando o caminho de definição da
filosofia em contraste coma a ciência.

A filosofia pode ser definida também pelo tipo de consciência que utiliza, mudando o foco do
objeto para o sujeito da filosofia.

O quê é que é próprio do pensar/consciência filosófico?

José Barata-Moura, texto 1

“Na diferença de todas as diferências, os cientistas pensam. Os poetas pensam. O engenheiro


pensa. Os artistas pensam. O homem comum pensa. As crianças… pensam.

Não obstante, ocorre que é própria dos filósofos uma ocupação com o pensar.”


Ocupação da vida com o pensar é próprio dos filósofos.
Definição da Filosofia através das características do pensar filosófico.
Fala da “casinha do “eu””

Pensando, estamos junto de nós mesmos. No aconchego da nossa casinha. 

É o momento subjectivo da «vivência» do pensar.

Pensar é uma vivencia, um momento subjetivo. Há um momento subjetivo imprescindível no


ato de pensar. Porém, o ato de pensar nos obriga a saie da casinho do “eu”, já que “o pensar é,
todo ele, uma acto de entregas à relacionalidade”, obrigando a ultrapassar um momento
subjetivo.

“De facto, nós pensamos em relação ao mundo.


Pensamos no real. Mas, acaso, o mais importante é que pensamos de dentro do real, e a partir
dele.”
pensamos no real, enquanto objeto, mas o que conta é que pensamos dentro do real: o sujeito
está dentro do objeto.

A filosofia não pode abstrair do seu sujeito, da “casinha do eu”, de um momento sujeito. Por
outro lado, o sujeito da filosofia não é um eu isolado, nem abstrato. Por isso pensamos os
nossos objetos desde dentro do real, porque somos parte dele.

Por esta razão, em filosofia não tem sentido separar sujeitos e objetos, ambos partes
complementares da realidade, já que se uma separação fosse feita, a filosofia trairia a sua
aspiração, ou seja, o seu amor pela sabedoria, deixando algo de fora.

Karl Jaspers, texto 7

“a filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora
da paz.”

“É a verdade o significado último para o homem no mundo? É a veracidade o imperativo


último? Acreditamos que sim, pois a veracidade sem reservas, que não se perde em opiniões,
coincide com o amor.”

“Todo aquele que se dedica à filosofia quer viver para a verdade.”

A aspiração da filosofia é à verdade, uma verdade total.

Texto 8

“Universo é o vocábulo enorme e monolítico que como uma vasta e vaga gesticulação oculta
mais do que enuncia este conceito rigoroso: tudo quanto há. Isso é, para já o Universo. Isso,
notem vocês bem, nada mais do que isso, porque quando pensamos o conceito «tudo quanto
há», não sabemos o que seja isso que há; aquilo em que unicamente pensamos é um conceito
negativo, a saber: a negação do que somente é parte, bocado, fragmento. O filósofo, pois, de
modo diferente de qualquer outro cientista, embarca para o desconhecido como tal. O mais
ou menos conhecido é partícula, porção, esquírola de Universo. O filósofo situa-se perante o
seu objecto numa atitude diferente de qualquer outro conhecedor; o filósofo ignora qual é o
seu objecto e dele sabe somente: primeiro, que não é nenhum dos restantes objectos;
segundo, que é um objecto integral, que é o autêntico todo, o que não deixa nada de fora e,
por isso, o único que se basta. Mas precisamente nenhum dos objectos conhecidos ou
suspeitados possui esta condição. Portanto, o Universo é o que radicalmente não sabemos, o
que absolutamente ignoramos no seu conteúdo positivo.”

A filosofia interessasse por tudo quanto há: o Universo.

Bertrand Russell, texto 10

“(..) a Filosofia é para ser estudada, não por causa de quaisquer respostas definidas às suas
questões, uma vez que nenhumas respostas definidas podem, em regra, ser conhecidas como
sendo verdadeiras, mas antes por causa das próprias questões; porque estas questões alargam
a nossa concepção do que é possível, enriquecem a nossa imaginação intelectual, e diminuem
a segurança dogmática que fecha a mente à especulação; mas, sobretudo, porque, através da
grandeza do universo que a filosofia contempla, a mente também se torna grande, e torna-se
capaz daquela união com o universo que constitui o seu maior bem.”

A pergunta inicial transformou-se em: qual é a aspiração da Filosofia?

Estes filósofos dizem no fundo a mesma coisa: ambição totalitária, contemplação do todo;
aspiração ao todo, entendido como real, como verdade total, como universo ou como tudo
quanto há, que inclui sujeito e objeto.

Aspiração a uma contemplação ou adesão amorosa ao todo. Aspiração desmedida para a vida
humana, consistindo numa autossuperação das suas próprias limitações, criando uma
insaciável insatisfação.

Do mesmo modo, o filosofo é aquele que permanece fiel à aspiração totalitária da Filosofia.

A pergunta inicial é metafilosófica e filosófica ao mesmo tempo, já que as duas disciplinas não
podem ser separadas.

23/09/2022

Como é que a Filosofia nasce, se origina? Como se origina essa inspiração ao todo?

A inspiração ao todo não é um desejo totalitário, já que isso implicaria uma vontade de
domínio. Ao contrário, o filosofo consciente que não pode dominar tudo (como Hegel). Trata-
se, portanto, de um vislumbre do todo da janela da nossa existência, interrogando-se sobre si
mesma.

Vários filósofos dizem que a Filosofia nasce com o espanto, estranheza, admiração,
maravilhamento.

Platão diz que o espanto é próprio do Filosofo. Aristóteles diz que foi o espanto que levou os
primeiros pensadores a filosofar.

Desta forma, espanto é o primeiro início da índole interrogatória da Filosofia. O espanto é


dado-nos pela realidade, pelas coisas, por sermos como somos.

Qual foi o primeiro admiração da Filosofia? Os mais antigos filósofos admiravam-se pela
natureza, por isso, produziram a antiga física, a antiga fislofia da natureza.

Outro, como Platão, admirou-se por questões mais insensíveis, possibilidade do Homem
(política, virtude, alma, …). Com ele começam as perguntas: “o quê é?”  com esta pergunta
estamos a responder a alguma admiração que sentimos.
forma mais clássica da pergunta filosófica.

Como é que começamos a fazer estas perguntas filosóficas? Como ocorre esse espanto?
Ocorre em momentos críticos da vida: confronto com a doença, quebra de relações, perda de
pessoas próximas…e nestes momentos somo todos conduzidos a questionar a vida, a realidade
e a morte.
Porém, pode ocorrer em momentos tranquilos e rotineiros da vida, substituindo perguntas
triviais por perguntas filosóficas.

Santo Agostinho, texto 3

“Que é, pois, o tempo? Quem o poderá explicar facilmente e com brevidade? Quem poderá
apreendê-lo, mesmo com o pensamento, para proferir uma palavra acerca dele? Que
realidade mais familiar e conhecida do que o tempo evocamos na nossa conversação? E
quando falamos dele, sem dúvida compreendemos, e também compreendemos quando
ouvimos alguém falar dele. O que é, pois, o tempo? Se ninguém mo pergunta, sei o que é; mas
se quero explicá-lo a quem mo pergunta, não sei.”

Porquê é que eu sei quando ninguém me pergunta e não sei quando não me perguntam?
Porque o tempo é interior, sendo tão inseparável da nossa condição, que não somos capazes
de nos distanciar dele, tendo uma visão objetiva.

Fernando Savater, texto 2

“O tempo é algo que te acontece a ti, algo que faz parte da tua vida: queres saber o que é o
tempo porque pretendes conhecer-te melhor, porque te interessa saber de que se trata tudo
isto – a vida – em que acontece estares metido. Perguntar “o que é o tempo?” é algo
semelhante a perguntar “como sou eu?”. Não é uma pergunta nada fácil de responder …”

A pergunta pelo tempo conduz à pergunta pelo “eu”. A nossa consciência do “eu interior” não
dá uma definição universal do tempo.
Não existe uma ciência única do tempo, não existe uma tempologia.

“Segunda complicação: se quiseres saber o que é o tempo … a quem perguntas? A um


relojoeiro? A um fabricante de calendários? A verdade é que não há especialistas do tempo,
não há “tempólogos”. Na melhor das hipóteses, um cientista fala-te da teoria da relatividade e
do espaço interplanetário; um antropólogo poderá explicar-te as diferentes formas de medir a
passagem do tempo que as sociedades inventaram; e um poeta cantar-te-á em verso a
nostalgia do tempo que passou e do que levou com ele … Mas tu não te conformas com
nenhuma dessas visões parciais, pois o que gostarias de saber é o que é o tempo realmente,
seja no espaço interplanetário, na história ou na tua biografia.”

Há, de facto, múltiplas e variadas aceções científicas do tempo (física, geologia, história,
antropologia, arte). O tempo também se reparte como objeto em múltiplas ciências.

Porém, a Filosofia não consegue se conformar com uma definição parcial ou relativa. A
Filosofia procura uma definição universal, sendo este elemento símbolo de inspiração ao todo.

Platão também experimentou este tipo de dificuldade em obter uma definição universal dos
objetos. Por isso, alguns dos seus diálogos são ditos aporéticos, já que enunciam o problema
ou a questão, sem a resolver.
No entanto, Platão deixo-nos diálogos em que tenta superar a aporia.
Definição de forma intangível. O Tempo é ele próprio uma imagem móvel de eternidade.
Nota-se como a Filosofia tenta dar respostas, criando teorias e dando respostas. O problema
das respostas filosóficas é que estas revelam-se parciais no confronto uma com as outras.
Sendo assim, uma das características da Filosofia a insatisfação com essas mesmas respostas.

“Assinalarei uma outra característica surpreendente relativa a esta interrogação que


levantaste (por esta altura, se calhar já estás arrependido…). Ao contrário das outras
perguntas, aquelas que deixam de interessar-te quando são respondidas por quem percebe do
assunto, neste caso a questão do tempo intrigar-te-á mais à medida que os outros lhe tentam
responder. As diferentes respostas aumentam cada vez mais a tua curiosidade pelo tema, em
vez de a liquidarem: dá-te vontade de perguntar mais e mais, em vez de desistires de
perguntar.”

“Chamamos “filosofia” ao esforço para responder a essas perguntas e para continuar a


perguntar depois, a partir das respostas que recolheste, ou que tu próprio encontraste.
Porque uma das características de nos colocarmos no plano filosófico é não nos
conformarmos facilmente com a primeira explicação que se obtém sobre o assunto, nem
com a segunda, nem sequer com a terceira ou a quarta.”

Bertrand Russell, texto 9

“A filosofia, embora incapaz de nos dizer com certeza qual é a verdadeira resposta para as
dúvidas que levanta, é capaz de sugerir muitas possibilidades que alargam os nossos
pensamentos e os libertam da tirania do costume. Assim, ao diminuir o nosso sentimento de
certeza sobre aquilo que as coisas são, ela aumenta imensamente o nosso conhecimento
sobre aquilo que podem ser; ela remove o dogmatismo de certo modo arrogante daqueles
que nunca viajaram para a região da dúvida libertadora, e mantém vivo o nosso sentido de
admiração ao mostrar coisas familiares sob um aspecto não familiar.” (exemplo do Tempo)

“remove o dogmatismo” – índole questionante da Filosofia

José Barata-Moura, texto 1

“A crítica. Um rastilho muito falado, que tem o infectuoso costume de se arrastar mais pelas
bocas sem consistência (mas com sonoro alarido), do que de propriamente acender a mecha
ao detonar da meditação.

Criticar não é dizer-mal; é procurar ver bem. Tão-pouco criticar é contrapôr, de um modo
abstracto e mecânico, enunciações que entre si se excluem. A fim de preparar, não raro, uma
saída airosa para o elegante salão dos cepticismos.

O assunto em causa é outro. A crítica é um exame: um fazer passar pelos crivos da


racionalidade, e do discernimento, tudo aquilo que imediatamente se nos apresenta – ou que
nos oferecem de presente na bandeja – como uma datidade inquestionável.”

 Datidade – refere-se a dados científicos dados como dogmas

“Na verdade, da sua realidade, a filosofia – por vocação – é uma pro-vocação. Ao tirocínio do
pensar.”

Existem várias maneiras de falar da índole questionante da Filosofia: …


Isto significa que todos estes filósofos do século XX renunciaram à filosofia cartesiana, que
fazia a apologia da certeza.

 Santo Anselmo, Texto 4

“De facto, uma vez que todos desejam fruir apenas daquelas coisas que consideram boas, fica
acessível converter por vezes o olhar da mente para investigar aquilo donde são boas aquelas
coisas que não deseja senão porque julga serem boas, de modo que, conduzindo a razão,
progrida racionalmente na direcção daquilo que irracionalmente ignora.”

Pergunta: de onde vem o bom ou o Bem? Qual é a sua origem?

Espanto filosófico

28/09/2022

O questionamento filosófico é causado pelo espanto. Se assim for, não há limite sobre a
quantidade das questões filosóficas que podemos colocar.

Qualquer coisa pode suscitar a nossa curiosidade filosófica. Foram assim que nasceram as
ciências, já que estas nasceram com e a partir da filosofia.
As ciências forma recontados no panorama da realidade os seus respetivos objetos de estudo,
autonomizando da filosofia.
As ciências desenvolveram também metodologias próprias na leitura e estudo dos seus
objetos, as quais reforçam o processo de autonomização das ciências.
Porém, as ciências nunca secaram a nossa sede filosófica.
Deste modo, a filosofia continua a interessar-se no avanço das ciências, e pelo modo do
conhecimento científico.  epistemologia (Filosofia das ciências)

Por além disso, o conhecimento científico não esgota a nossa curiosidade filosófica. De facto,
há domínios da realidade em que a ciência não entra: por causa da impossibilidade de aplicar
as suas metodologias (domínio dos valores, da religião, da arte). Mais uma vez, considerando a
amplitude dos interesses da Filosofia: não há limites de questões filosóficas que podemos
colocar sobre a realidade.
 não existe um objeto específico, e não existem limites para a curiosidade filosófica.

Há filosofia não pode entrar em contraste com o pensamento, e com a nossa. A filosofia é um
produto da razão, nosso órgão do pensamento. É, de facto, a razão que nos obriga a ordenar e
organizar a multiplicidade de questões filosóficas.
Esta necessidade de ordem, próprias da razão e, portanto, dos homens, foi sentida por vários
filósofos, especialmente: Kant e Russell

Kant, texto 12

“Todo o interesse da minha razão (tanto especulativa como prática) concentra-se nas
seguintes três interrogações:

1. Que posso saber?

2. Que devo fazer?

3. Que me é permitido esperar?

Significado de “especulativo” em filosofia é permutável com “reflexivo”, pensamento puro,


teorético, filosófico.
Em Kant, a razão especulativa é a razão teórica que pensa por além do que pode conhecer
através das ciências.

Três interrogações estruturantes:

A primeira questão é abordada ao longo da obra. A possibilidade do conhecimento humano


através das ciências fica aquém de realizar esses fins.

A razão é orientada por fins: Deus existe, e se existe uma vida futura após a morte. Conclusão:
não podem responder.

Segunda questão: questão ética por excelência. Está fora do âmbito desta obra de Kant.
Em “Crítica de razão prática”, esta questão é abordada.

Esta segunda pergunta influencia a terceira questão, sendo caminho que condiciona a terceira
questão.

Esta sumula kantiana sobre os interesses da filosofia retoma a divisão filosófica de Aristóteles
em Teoria e Prática. Esta divisão está patente nestas três questões kantianas.

Esta síntese kantiana inclui o pensamento especulativo, daquilo da razão não pode conhecer
tudo. Sendo feita uma distinção entre pensamento e conhecimento. A razão pode pensar por
além do que é capaz de conhecer, ultrapassando as suas limitações.

Kant, texto 13

O campo da Filosofia nesta aceção universal [«a Filosofia no seu significado último é a ciência
da relação de todo o conhecimento e uso da razão com o fim da razão humana» p.73] abre-se
às seguintes perguntas:

              1. Que posso saber?

              2. Que devo fazer?

              3. Que me é permitido esperar?

              4. Que é o homem?

 A filosofia trata da relação entre conhecimento e razão. ???

À primeira pergunta responde a Metafísica, à segunda a Moral, à terceira a Religião e à quarta


a Antropologia.       

Kant defende que a Metafisica não é possível, já que os seus fins estão muito além das
possibilidades que os homens podem conhecer.
Kant utiliza Moral para falar de ética.

A mais importante é a Antropologia.

As três grandes questões da filosofia de Kant são três grandes questões sobre o Homem.
Filosofia redunda em Antropologia. De facto, a quarta disciplina não se acrescenta às três
primeiras como um complemento, antes se revela como um fundamento das outras três.
Devemos, de facto, reconhecer onde o saber, o fazer e o esperar se manifestam: no Homem. É
assim um Homem que está no princípio da Razão filosófica. O Homem inclui-se como objeto e
fundamento da Filosofia.
Revela-se em Kant uma tendência antropocêntrica da filosofia. Constituindo uma tomada de
consciência expressiva da antropociencia em filosofia.

Contudo, estas questões principais tem a virtude de permitir sistematizar, e organizar grande
parte das questões já pensadas em filosofia. E assim entendidas, essas três são as grandes
questões da filosofia, porque cada uma delas permite incluir várias questões. São questões de
questões.
A primeira questão cobre todas as questões de filosofia do conhecimento, por isso, é que é
uma grande questão.
A segunda questão cobre todas as questões da filosofia pratica (de ética à política).
A terceira questão sobre todas as questões sobre o futuro (desde questões clássicas como a da
felicidade ate à da mortalidade), mas também a questão do futuro da Humanidade.

Análise Russeliana, “Os problemas da Filosofia”

A síntese de Russell é uma análise da primeira questão kantiana. A perspetiva de Russell é


menos abrangente sobre os problemas da filosofia.
De facto, todos os problemas mencionados na obra são todas questões sobre a filosofia do
conhecimento.

1. Questão da matéria – conhecimento humano da matéria que conduz à questão do


conhecimento por contacto ou por descrição (bases da sua filosofia)
2. Questão da indução – como é possível conhecer verdadeiramente leis gerais da física,
conduz Russel a admitir conhecimento a priori.
3. Questão dos universais – (questão medieval e aristotélica) os universais subsistem
embora não existam (são fora do tempo).
4. Questão da verdade – Russell admite o conhecimento intuitivo.

Estas quatros questões são uma análise da primeira questão de Kant, sendo tratadas como
questões do conhecimento humano.
Existem nuances: …

Em Russel, esta sumula dos problemas da filosofia leva-nos a admitir que a filosofia é
epistemologia; ao contrário, do que doi defende por Kant, que reconduziu a filosofia à
Antropologia.

Crítica:

Estas respostas têm grande limitações:

Reposta de Kant padece de um antropocentrismo em excesso. A de Russell padece do memso


antropocentrsmo que é reduzido ainda mais pelos limites da epistemologia.

Russell, texto 10

O conhecimento é uma forma de união do Eu e do não-Eu (Self and not-Self); como toda a
união, é prejudicada pelo domínio, e, portanto, por qualquer tentativa de forçar o universo a
entrar em conformidade com aquilo que nós encontramos em nós próprios. Há uma ampla
tendência filosófica no sentido da visão que nos diz que o Homem é a medida de todas as
coisas, que a verdade é feita pelo homem, que o espaço e o tempo e o mundo dos universais
são propriedades da mente, e que, se houver alguma coisa não criada pela mente, isso é
incognoscível e sem explicação para nós. Esta visão, se as nossas discussões prévias forem
correctas, não é verdadeira; mas, além de não ser verdadeira, ela tem o efeito de roubar à
contemplação filosófica tudo aquilo que lhe dá valor, pois agrilhoa a contemplação ao Eu.
Aquilo a que chama conhecimento não é uma união com o não-Eu, mas uma série de
preconceitos, hábitos, e desejos, criando um véu impenetrável entre nós e o mundo exterior.
O homem que se compraz em tal teoria do conhecimento é como aquele que nunca larga o
meio doméstico por medo de que a sua palavra não fosse a lei.

Russell critica uma forte tendência em filosofia, que cresceu muito na filosofia moderna, que é
considerar na relação entre “eu” e a realidade, tudo é determinado pelo “eu”.
Os filósofos clássicos já tinham criticado aos sofistas que defendiam que o Homem era medida
de todas as coisas.

 Insatisfação com a sua própria filosofia

Será que todas as questões da filosofia remetem para o Homem??

Questão da origem do universo.

30/09/2022

O que dizem os comentadores?

Alguns dizem que os comentadores apenas repetem os autores, desvalorizando o exercício do


comentário.
No entanto, repetir em vigor não é fácil sem plagiar. Repetir é aproximar-nos o mais possível
ao original.
O caso mais celebre em filosofia é o caso de um filosofo muçulmano do século XII, que foi
conhecido como “O Comentador”. Ele foi conhecido como o comentador de Aristóteles, já que
o seu objetivo era aproximar o seu pensamento com o de Aristóteles, querendo ser o mais
fidedigno a Aristóteles.

Hoje em dia  Valorização do ponto de vista do leitor.

Os comentadores acrescentam ao original.

O que acrescentam os comentadores?

1. Poem em ato o que está em potencia, atualizam potencialidades de sentidos


2. Determinam sentidos em aberto, que não estão completamente fechados no texto
original; acrescentam variações de sentido (analogia com a música), ampliando o
sentido do texto original

Embora haja repetições literais, existe também uma interpretação do texto.

José Barata-Moura, texto 14

“É, na verdade, a preocupação antropológica que funda a aquisição de novos saberes na dupla
medida em que são do homem. São, por um lado, saberes do homem, no sentido em que
dizem, no fundo, algo acerca do homem, falam do homem e do seu mundo, daquele horizonte
em diálogo com o qual ele vive e que no início da Dissertação de 1770 Kant definia como o
termo supremo da síntese, “o todo que não é parte”. São, por outro lado, saberes do homem,
na medida em que no seu próprio originar-se incluem o homem. Tanto no campo do
objectivado, como no plano ético, o homem está presente a título constitutivo, quer como “in-
formador categorial” fautor de fenomenalidade e, portanto, de conteúdos positivos para o
conhecimento, quer como “agente” ou participante de uma autolegislação que é índice de
autonomia estatuinte e de liberdade.

O homem encontra-se indissociavelmente ligado ao destino da filosofia como assunto e como


sujeito.”

Saberes do homem: dois sentidos das três grandes questões 

1. As três questões tratam do homem como objeto (ao acreca do homem) e do seu
horizonte de interesses, que se manifestam na filosofia como uma aspiração ao todo.
2. O homem está no começo destas questões, já que estas questões não se originam sem
o homem. Tanto no campo do conhecimento, como no plano da ação, o homem está
na base, na constituição da compreensão das três questões filosóficas.
É o homem que dá as formas do seu próprio conhecimento, que começam logo a
partir da sensibilidade humana (espaço e tempo). Desta forma, é o homem que
constitui as categorias com as quais conhecemos o real. Assim, de acordo com kant,
nunca conhecemos as coisas por o que elas são, mas só sob as formas e categorias
com as quais as entendemos, conhecendo os fenómenos (o homem é fautor de
fenomenalidade) – sujeito constituinte de conhecimento e, ao mesmo tempo,
agente/sujeito da ação, tendo autolegislação, ou seja, tendo a liberdade de decidir as
regras pelas quais decido viver.

Manuel J. do Carmo Ferreira, texto 15

              Que é o homem? – não exprime unicamente o conteúdo determinado de uma


interrogação; antes designa a génese e a própria forma de toda a interrogatividade. As três
questões que em si condensa revelam-se apenas como diferentes modulações da mesma
pergunta pelo possível. O intellectus, a voluntas e a spes enquanto funções fundamentais do
modo de ser homem descrevem o horizonte de possibilidade do sujeito, as coordenadas do
seu devir (ser não estático) o que é.

              Conhecer, Querer e Esperar – três interrogações diferentes acerca do mesmo poder


ser do homem, do ser sujeito em exercício, da protagonização do conhecimento, da acção e
do futuro. A tripla pergunta pelo sujeito da Ciência e da Metafísica, da Liberdade, da Cultura e
da História, resume-se finalmente nessa outra pelo autor da pergunta.

              Que é o homem? – como inquérito acerca das “possibilidades do homem” compendia


todo o campo da reflexão transcendental e traduz do modo mais autêntico e mais integral a
atitude filosófica de Kant: em face do dado interrogar-se pela  ratio essendi (razão de ser)e
pela ratio cognoscendi (razão de conhecer), pelo fundamento do possível ”.

Interrogatividade: qualidade de ser uma interrogação

A questão do que é o homem está ligada à qualidade e à forma de interrogar.


As três questões são perguntas pelo possível do homem. O homem não é visto como objeto,
mas como sujeito e possível.
Segunda a sua interpretação, as três questões filosóficas são sobre as possibilidades do
Homem.

Transcendental: em Kant significa universal e racional, universal da razão, porque a razão é


transcendental, sendo comum a todos os homens.

O caráter interrogativo da última pergunta. Quando Kant denuncia o fundamento


antropológicas das três questões, Kant interroga-se também sobre esse fundamento, ou seja,
sobre o que é homem. Interrogação sobre o fundamento da possibilidade de conhecer, agir e
esperar, sobre as possibilidades do homem.

Os dois comentadores repetem Kant quando citam em corpo de texto.

José Barata-Moura desdobra em dois sentidos a partícula de ligação “do”: o homem faz parte
como objeto e como sujeito do todo ao que o filosofo aspira.

Por outro lado; Carmo Ferreira toma as três questões como possibilidade do homem, como
sujeito. (conhecer, querer e esperar), deslocando a tónica da interrogação sobre o fundamento
dela, sobre o próprio homem.

Estes comentários completam-se entre si no nosso entendimento de Kant, ampliando o


sentido das questões de Kant. Por esta razão, à luz destes dois exemplos, os comentadores
devem ser valorizados.

Bibliografia

Fontes principais

Estudos de especialidade

07/10/2022

Todas as questões da filosofia resumem-se numa só?

Texo 7, Japser

O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A
filosofia é, portanto, perturbadora da paz. E a verdade que será? A filosofia busca a verdade
nas múltiplas significações do ser-verdadeiro segundo os modos do abrangente. Busca, mas
não possui o significado e substância da verdade única. Para nós, a verdade não é estática nem
definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito.

Mas a verdade só é a verdade total. É preciso que a verdade múltipla seja levada a convergir
para a unicidade. Jamais chegamos a possuir essa verdade integral. Eu a nego quando vou ao
extremo da afirmação, quando erijo o que sei em absoluto. Eu a nego também quando tento
sistematizá-la em um todo, porque a verdade total não existe para o homem e porque essa
ilusão o paralisa.

Todo aquele que se dedica à filosofia quer viver para a verdade.

A verdade total encontra-se fora do alcance do Homem. Porquê? A filosofia nunca se vai
converter numa ciência da verdade total.
Verdade: desvelamento (filósofos da existência) – ideia da verdade como caminho do ser.

Criação de teorias da verdade – definição: a verdade é aquilo que é (Agostinho)


Definição: desde o domínio do ser para o domínio do conhecimento – St. Tomás de Aquino 
adequação entre o intelecto e a coisa; conformidade das nossas crenças com os factos. Uma
crença verdadeira é uma crença que corresponde a factos.

A verdade foi objetivada e foi confinada progressivamente à teoria do conhecimento,


transformando-a num objeto definível, deixando de ser caminho e tornando-se objeto de
pensamento.

A via das definições não resolve nunca as questões filosóficas.

A questão da verdade continua em aberto. Esta é uma questão piloto na filosofia. Ela é útil
para navegar no mar das questões filosóficas.

O contrário tradicional da verdade: o falso. As terias da verdade são teorias sobre o falso
também.

Fake: composição de uma mentira, criação de uma realidade paralela.  sendo uma questão
piloto do pensamento dos nossos dias.

Texto 6, Camus

“Não há senão um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. julgar que a vida
vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia. O resto, se o
mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. São jogos;
primeiro é preciso responder. E se é verdade, como pretende Nietzsche, que um filósofo, para
ser estimável, deve pregar com o exemplo, percebe-se a importância desta resposta, uma vez
que ela vai preceder o gesto definitivo. São estas evidências sensíveis ao coração, mas é
preciso aprofundá-las para as tornar claras ao espírito.”

Julgo, portanto, que o sentido da vida é a mais premente das questões. Como responder-lhe?
Sobre todos os problemas essenciais - entendo por tais, aqueles que são capazes de fazer
morrer ou aqueles que redobram a paixão de viver - não há, provavelmente, senão dois
métodos de pensamento: o de La Palisse e o de Dom Quixote. Só o equilíbrio entre a
evidência e o lirismo nos pode permitir aceder, ao mesmo tempo, à emoção e à clareza. Num
assunto simultaneamente tão humilde e tão carregado de patético, a dialéctica sábia e clássica
deve, portanto, ceder o lugar, concebemos isso, a uma atitude de espírito mais modesta, que
proceda, ao mesmo tempo, do bom senso e da simpatia.

A questão do suicídio e do sentido da vida. Consiste numa questão vital.

St. Agostinho: Como pode alguém ser sábio sem saber sequer se vive?

A vida é a primeira certeza que o filosofo tem – argumento contra os céticos. A vida
corresponde a uma escolha, a um sentimento.

12/10/2022

Uma questão piloto, uma questão previa e uma questão de valor

Questão piloto: A questão da verdade está a ressurgir, porque é uma questão permanente –
condutora do nosso estudo filosófico e orientadora do mundo em que vivemos

Questão prévia: A questão do suicídio e do sentido da vida; uma questão subjacente. Não é
uma questão que se resolve praticamente.
Santo Agostinho e Descartes foram quem descobriram a certeza da vida, a existência vivente
da vida. Descoberta do irrecusável.

Questão de valor: questão do valor da filosofia, que condiciona todas as outras (questão
metafilosofica). Tornou-se uma questão particularmente premente. Porquê?

Texto 24, Platão

«[Gláucon] Ora diz-me: não te parece que há uma espécie de bem, que gostaríamos de
possuir, não por desejarmos as suas consequências, mas por o estimarmos por si mesmo,
como a alegria e os prazeres que forem inofensivos e dos quais nada resulta de futuro, senão o
prazer de os possuirmos?

– Parece-me – disse eu [Sócrates] – que existe um bem dessa espécie.

– E aquele bem de que gostamos por si mesmo e pelas suas consequências, como por exemplo
a sensatez, a vista, a saúde? Pois tais bens, apreciamo-los por ambos os motivos.”

Divisão dos bens e dos valores: aqueles que são por si mesmos; aqueles que são bons por si
mesmos e pelas suas consequências.

Justiça – Platão defende o utilitarismo; valorização das consequências; colocada entre os bens
por si e pelas suas consequências, sendo um bem maior.

O bem de filosofar – A filosofia é dialética, ou seja, um caminho ascensional que nos conduz a
aprender a verdadeira realidade. Platão poria a filosofia entre os bens por si e pelas suas
consequências, já que é útil ao conhecimento (disciplina teórico-prática).

Texto 18, Aristóteles

“Todos los hombres desean por naturaleza saber.”  o desejo de saber é um desejo comum a
todos os homens. Valor universal e superior do saber. Aristóteles vê a filosofia como um
grande projeto do saber.

Conhecimento do particular – valorização da experiência, mas que ainda não corresponde ao


saber

O saber começa com a arte, a técnica. Valorização do saber que se inica com qualquer arte.

Es, pues, natural que quien en los primeros tiempos inventó un arte cualquiera, separado de
las sensaciones comunes, fuese admirado por los hombres, no sólo por la utilidad de alguno de
los inventos, sino como sabio y diferente de los otros, y que, al inventarse muchas artes,
orientadas unas a las necesidades de la vida y otras a lo que la adorna, siempre fuesen
considerados más sabios los inventores de éstas que los de aquéllas, porque sus ciencias no
buscaban la utilidad. De aquí que, constituidas ya todas estas artes, fueran descubiertas las
ciencias que no se ordenan al placer ni a lo necessario; y lo fueron primero donde primero
tuvieron vagar los hombres. Por eso las artes matemáticas nacieron en Egipto, pues allí
disfrutaba de ocio la casta sacerdotal.

A arte e os saberes são divididos em 3 divisões:

1. Saberes uteis – servem as necessidades dos homens e da vida


2. Saberes aprazíveis – orientados para o prazer (arte teatral)
3. Saberes que nasceram em virtude do ócio, do vagar e que foram descobertos pelos
homens (ciências matemáticas – para Aristóteles o projeto de saber começa-se com a
Logica, depois vinham as outras disciplinas, sabedoria (ciência teorética mais elevada),
física, filosofia teórica.  saberes superiores

Aristóteles diversamente de Platão, a filosofia é um saber nem útil e nem aprazível que só vale
por si, não considerando as consequências. É estas ideia aristotélica que deu origem na
antiguidade clássica as “arte liberais”. Artes livres de utilidade e de obrigações, associadas às
elites que tinham ócio e capacidade económica.

No entanto, o valor da utilidade das artes liberais subiu de nível de bem inferior a bem
universal. Sendo estas invasoras da utilidade humana.

E o valor da filosofia? Qual o valor da filosofia no rango do útil? (força da utilidade no nosso
mundo)

Texto 10, Russell

“Assim, para resumir a nossa discussão sobre o valor da filosofia: a Filosofia é para ser
estudada, não por causa de quaisquer respostas definidas às suas questões, uma vez que
nenhumas respostas definidas podem, em regra, ser conhecidas como sendo verdadeiras, mas
antes por causa das próprias questões; porque estas questões alargam a nossa concepção do
que é possível, enriquecem a nossa imaginação intelectual, e diminuem a segurança
dogmática que fecha a mente à especulação; mas, sobretudo, porque, através da grandeza
do universo que a filosofia contempla, a mente também se torna grande, e torna-se capaz
daquela união com o universo que constitui o seu maior bem.”

Qual é o valor da filosofia?

A filosofia é um bem que vale por si e pelas suas consequências (que são citadas); útil ao
conhecimento tal como o era para Platão.

Texto 11, Ortega Y Gassett

“Por que não nos contentamos com viver e evitar filosofar? Se não é provável a obtenção
daquilo que nela tanto se deseja, a filosofia não serve de nada, não precisamos dela.
Perfeitamente; mas, além do mais, é um facto que há homens para quem o supérfluo é o
necessário. E recordávamos a divina oposição entre Marta utilíssima e Maria supérflua. A
verdade é - e a isto aludem por último as palavras de Cristo - que não existe tal definitiva
dualidade e que a própria vida, inclusive a vida orgânica ou biológica, é, ao fim e ao cabo,
incompreensível como utilidade, somente se explica como um imenso fenómeno desportivo.

Assim é esse facto, ao fim e ao cabo vital, que é filosofar. É necessário? Não é necessário? Se
por necessário se entende «ser útil» para outra coisa, a filosofia não é, pelo menos
primariamente, necessária. Mas a necessidade do útil é apenas relativa, relativa ao seu fim. A
verdadeira necessidade é a que o ser sente de ser o que é - a ave de voar, o peixe de vogar e o
intelecto de filosofar. Esta necessidade de exercer a função ou acto que somos é a mais
elevada, a mais essencial.”

O útil não é medida de todas as coisas e não pode ser o único critério de avaliação.

A filosofia não e útil porque a utilidade é una necessidade é relativa; mas de uma necessidade
natural do próprio intelecto humano. O homem filosofeia por causa da sua inteligência.
Como é que nós ordenamos o valor da filosofia nas nossas vidas? Estará entre as coisas que
valem por si ou entre aqueles que valem por si e pela sua utilidade? Ou a filosofia estará os
saberes uteis, aprazíveis, ociosos ou naturais?

19/10/22

Russell sobre a questão: o que posso saber?

Texto 17, Platão

Comparação entre o conhecimento humano com uma linha.

Ele descreve as coisas que podemos conhecer: sombras e reflexos; seres vivos, origem das
sombras ou reflexos; objetos da matemática (inteligíveis, concebidos por hipóteses); esses
mesmos objetos concebidos em si mesmos e conhecidos em si mesmos.

Platão pergunta que posso conhecer?

De um lado da linha: o que podemos conhecer

Do outro lado da linha: os modos pelos quais podemos conhecer

 Duas perguntas: Que posso conhecer? Como posso conhecer?

Em Platão, a natureza do objeto conhecível é que determina o modo de conhecimento que lhe
responde; centrada no objeto.

Em Kant, o sujeito determina o conhecimento

Dois extremos: a enfase no sujeito (filósofos modernos) e a enfase no objeto (filósofos antigos)

Texto 18, Aristóteles

Fala dos sentidos que nós temos e do contributo que eles dão para o nosso conhecimento;
privilegia um sentido: o sentido da vista. Porque nos permite conhecer mais e coisas
diferentes.

Importância da experiência, que nos permite conhecer os casos particulares. No entanto, com
a experiência ainda não há saber.

O saber começa com a arte (tekné) e com a ciência.

“Nace el arte cuando de muchas observaciones experimentales surge una noción universal
sobre los casos semejantes.”  conhecimento dos Universais e das causas – sinais de saber.

Sensações, experiencia e arte.

Ele responde à pregunta: o que é o saber?

Pórfido retoma a questão dos Universais, perguntando onde residem os Universais.

Questão das causas – a relação das causas não nos ensina sobre a realidade; mas que é uma
projeção da nossa capacidade de articular (filosofo empirista Hume).

Que posso conhecer?

Como posso conhecer?


O que é o saber?

Texto 19, Santo Agostinho

O seu texto diálogo e nega os céticos.

Certeza irrecusável da existência (engano-me logo existo) – ideia parecida de Descartes (penso
logo existo).

Agostinho responde à questão da certeza: temos a certeza da existência a do conhecimento da


mesma.

Texto 20, Locke

“A sensação e a intuição alcançam muito pouco. A maior parte do nosso conhecimento


depende das deduções e ideias intermédias; e naqueles casos em que estamos dispostos a
substituir o assentimento pelo conhecimento e a tomar as proposições por verdadeiras, sem
ter a certeza de que seja assim, temos necessidade de descobrir, examinar e comparar os
fundamentos da sua probabilidade. Em ambos os casos, a faculdade que descobre os meios e
os aplica devidamente para descobrir a certeza ou a probabilidade, é o que chamamos razão.
Porque, assim como a razão percebe a necessária e indubitável conexão de todas as ideias ou
provas em cada passo de qualquer demonstração que produza conhecimento, assim também
percebe a conexão provável que existe entre todas as ideias ou provas em cada passo de uma
dissertação que julgue merecedora do seu assentimento. Isto constitui o grau mais baixo do
que propriamente se pode chamar razão. Porque, quando o espírito não percebe esta conexão
provável, quando não discerne se existe ou não semelhante conexão, então as opiniões dos
homens não são o produto do juízo, ou a consequência da razão, mas os efeitos do acaso
numa mente aberta a todas as aventuras, sem escolha e sem direcção.”

A razão ordena as ideias e cria conexões entre as ideias. O trabalho da razão é um trabalho de
organização.

A questão da razão e do seu papel no conhecimento.

Texto 21, Russell

Assim, a declaração ‘dois e dois são quatro’ trata exclusivamente de universais, e por isso pode
ser conhecida por qualquer pessoa que tenha contacto com os universais concernentes e que
possa perceber a relação entre eles, que a declaração assevera. Tem de ser tomado como um
facto, descoberto pela reflexão sobre o nosso conhecimento, que nós temos o poder de
perceber por vezes tais relações entre os universais, e, por conseguinte, de conhecer por vezes
proposições gerais a priori, como as da aritmética e da lógica.

Juízo aritmético – relação entre universais

Pergunta kantiana: que posso saber na matemática? Questão dos objetos matemáticos? 
que para Russell são universais e conexões entre universais.

Versão aplicada da pergunta de Kant à matemática.

Texto 22, Russell

Experiência e do princípio indutivo – criação do geral a particular.


Constituição de leis universais que vai muito além da experiência.
Questão da indução – ciência  empirista (questão da casualidade e da indução)
Temas que os racionalistas não põem em causa.

Temos de permitir a priori um princípio indutivo, que é crucial para as relações humanas.

Texto 23, Wittgenstein 

[Do que não se pode duvidar]

«220. O homem sensato não tem certas dúvidas.

221. Posso duvidar daquilo de que quero duvidar?

222. Não posso duvidar de que nunca estive na estratosfera. Será que isso me faz sabê-lo?
Torná-lo-á verdade?

223. Pois não poderia eu ser louco e não duvidar daquilo de que deveria absolutamente
duvidar?

224. “Eu sei que nunca aconteceu porque, se tivesse acontecido, não teria sido possível
esquecê-lo”. – Mas, supondo-se que aconteceu mesmo, teria pois acontecido que você se
esqueceu disso. E como sabe que não poderia esquecer-se? Não será justamente a partir de
uma experiência anterior?

225. Aquilo a que me agarro não é uma proposição, mas um conjunto de proposições.»


IDEM, Op. cit., pp.69-71.

 Questão da certeza. À qual ele dá uma resposta diferente de Santo Agostinho, a certeza que
ele tem é suportado por um conjunto de preposições.
do que é que não posso duvidar? Acho daquilo que é suportado por um sistema de crenças
anteriores, que fazem com que ganhem coerência.

26/10/2022

02/11/2022

PROJETO FILOSÓFICO

1º página:
Título
Abstrato

2ª e 3ª páginas:
Plano de tópicos desenvolvidos

Segunda pergunta de Kant: que devo fazer?  filosofia pratica


Kant como pensador do dever. Precisamos transitar do ser para o dever da nossa ação.

As palavras comuns: que mais escondem elas? Já descobrimos que elas contem o infinito
potencial dos possíveis, já que são quase todas nomes de Universais, contendo um infinito
potencial.
Sabemos que as palavras comuns relativamente aos sentidos, dão-nos mais e menos
informação/conhecimento do que os sentidos. Menos porque elas são universais, já que os
sentidos nos dão informação dos particulares, dando menos informação. No entanto, dão-nos
mais informação do que os sentidos porque nos fazem imaginar esse infinito de possíveis.

Dentro das palavras comuns, vamos considerar um grupo delas – o bom e o mau, agradável e
desagradável, feliz e infeliz, o justo e justo…

Em relação a este tipo de palavras, podemo-nos perguntar o que mais se esconde nelas, por
além do infinito potencial.

 incluem um juízo de qualidade – estes conceitos comuns são conceitos qualitativos. Estas
palavras escondem na compreensão delas um juízo qualitativo. Incluem também uma análise
qualitativa da realidade à qual pertencemos.

Dentro deste subgrupo, consideremos algumas delas: a justiça, a proença, fortaleza e


temperança. O justo, prudente, forte e temperante.

Todas elas têm em comum, de facto, serem acompanhados por um juízo de valor, que resulta
ser positivo. Vão mais além do conceito descritivo da realidade; são conceitos normativos, que
acrescentam o dever ao ser.
De facto, implicitamente, ao dizer e pensar “prudente” pensamos no que deve ser.
estes conceitos orientam s nossas possibilidades de ser, já que não somos seres acabados,
sendo o ser humano uma sede de possibilidades. Neste tipo de conceitos, encontramos
normas de orientação. É isto que caracteriza os nossos conceitos éticos ou morais.

Os quatro exemplos dados, são conceitos éticos clássicos; chamados virtudes. Estes quatros
desempenham um papel orientador essencial, sendo as quatro virtudes cardiais do Homem
grego, pois modeladoras do Homem clássico.

Os antigos e medievais chamavam-lhe de virtudes. Mas o que eram as virtudes? Uma força
que vem da natureza e que nos compete aperfeiçoar; a ética antiga é uma crença na força da
natureza e na capacidade racional do homem para dosear e harmonizar essas forças. Por isso,
a ética antiga é uma ética das virtudes.

Platão interessou-se pelas virtudes; A Justiça.


Aristóteles também se interessou pelas virtudes; A Prudência.

Texto 27, Santo Agostinho

De facto, nada impede que se veja – no Paraíso: a vida dos bem-aventurados; – nos seus
quatro rios: as virtudes da prudência, da fortaleza, da temperança e da justiça; – nas suas
árvores: todas as ciências úteis.

Conceição do Paraíso como lugar das virtudes; quatros rios do Paraíso relacionados com as
quatro virtudes cardiais.

Aquino desenvolve amplamente a ética das virtudes de cariz aristotélica na sua obra. Ele
considera, na linha de virtude como força da natureza, como princípios interiores da ação.

Ética centrada no autodomínio, no equilíbrio das forças internas e as relações externas do


individuo em prol desse ordem. Por isso, não podemos esquecer esta ética das virtudes.

No entanto, as virtudes podem entrar em conflito umas com as outras. Um desses conflitos, se
não mesmo o principal, tem sido o conflito entre justiça e amor/misericordia. Este se
repercute num conflito entre as consequências destas virtudes: justiça: castigo; amor: perdão.
 conflito paradigmático dos nossos problemas morais no âmbito da ética das virtudes.

O que que na realidade escolhemos entre justiça e amor? Damos prioridade ao amor em
detrimento da justiça. Aquilo que é escolhido é uma prevalência de uma virtude sobre a outra.

Surge outra questão: como podemos escolher sem conhecer aquilo a que damos prioridade?

Precisamos voltar a uma pergunta que Platão fez: é possível conhecer a virtude? Como é
possível conhecer a virtude?

Platão propõe a sua doutrina da anamnese – hoje em dia, não deixa de ser uma forma de
intuição intelectual.  possibilidade de conhecimento das virtudes por intuição intelectual.

Todavia, Aristóteles delineou um caminho à posteriori, para discernir objetivamente o lugar


das virtudes. Qual é este caminho? É o justo meio; a medida entre dois extremos (os vícios).

A coragem é o justo meio entre a temeridade e a cobardia.

No entanto, a ética das virtudes tornou-se um capítulo da ética. Cada vez mais, a ética se
aproxima ao que se chama uma teoria dos valores, pois todos os nossos conceitos qualitativos
comportam uma cariz ética.

Uma pergunta que surge: como percebemos o valor das coisas? O valor que associamos ao
significado das nossas palavras? Como se produz um juízo qualitativo associados a tais
palavras? É cada um de nós que atribui esse valor? É cada um de nós juiz?

Se assim for, a ética é relativa = relatividade das éticas. Porém, esta resposta não é consensual.
Há quem continua em busca da objetividade da ética.

A ética é subjetiva ou objetiva?

Demanda de uma ética racional, universal e objetiva.

Texto 30, Galvão

«Ao adoptar o ponto de vista ético, queremos saber como agir de uma forma imparcialmente
justificável e, para esse efeito, de um modo geral não temos de nos importar com aquilo que
as leis dizem.

Assumir dois requisitos racionais para enfrentar os problemas éticos:

Universalização – o que é considerado ético num momento tem que ser aplicado a todos
outros momentos e contextos

Admissão das consequências

A ética pode ser reconduzida só a objetividade?

A ética não se funda só em razões, mas também em intenções.

Obra de filósofo francês em que  Filósofos defende a tutela da razão; judeu defende a tutela
da Lei; o cristão defende a intenção.

Texto 31, Oliveira da Silva

A ética se funda em razões que a razão desconhece = não podemos eliminar o domínio dos
sentimentos da ética.
Indefctível sensibilidade moral = sensibilidade dos sentimentos; empatia com o outro.

Ele faz um apologia do pensar bioeticamente, contra a tecnolatria (fé cega de que a tecnologia
pode fazer tudo o que nós queremos).

Sem sentimentos não aprendemos valores. Porque nos pensamos e dizemos palavras como
bom, justo… com juízo qualitativo? Porque sentimos isso.

Texto 53, Damásio

Os sentimentos são representações do estado da nossa vida, mas representações qualificadas.


Um dos problemas que mais me inquietam é essa impossibilidade que as pessoas têm tido de
perceber que a inteligência – ou a nossa mente – vai só até certo ponto e a partir daí tem de
ter uma qualificação. Essa qualificação aparece em termos de agradável ou desagradável, de
bom ou de mau, e é isso que faz a grande distinção entre a inteligência humana no sentido
mais completo e a mente humana.

Sem os sentimentos não seriamos capazes dos juízos qualitativos. Os sentimentos são o nosso
órgão de conhecimento dos valores.

 acabamos por ceder à subjetividade da ética?

Não é o caso, já que essas palavras não deixam de ser universais.

Texto 52, Harari

«La mayoría de la gente presume que la realidad es o bien objetiva o bien subjetiva, y que no
hay una terceira opción. De ahí que cuando se convencen de algo no es solo un sentimiento
subjetivo, llegan a la conclusión de que tiene que ser objetivo. Si hay mucha gente que cree en
Dios, si el dinero hace que el mundo gire, y si el nacionalismo inicia guerras y construye
imperios ..., todo ello no es solo una creencia subjetiva mía. Por lo tanto, Dios, el dinero y las
naciones deben de ser realidades objetivas.

Sin embargo, hay un tercer nivel de realidad: el nivel intersubjetivo. Las entidades
intersubjetivas dependen de la comunicación entre muchos humanos y no de las creencias y
sentimientos de individuos humanos. Muchos de los agentes más importantes de la historia
son intersubjetivos. El dinero, por ejemplo, no tiene valor objetivo. No podemos comer, beber
ni vestirnos con un billete de un dólar. Pero mientras millones de personas crean en su valor,
lo podemos utilizar para comprar comida, bebidas y ropa.»

Os valores éticos são entidades intersubjetivas, dependem dos nossos sentimentos e dos
sentimentos partilhados por muitos. As nossas palavras comuns também são intersubjetivas;
objetivamente são só um monte de letrinhas.

11/11/2022

Terceira pergunta de Kant  quê me é permitido esperar?

Existem questões sobre o futuro já pensadas no passado; o futuro sempre foi uma
preocupação dos filósofos.

A questão mais clássica sobre o futuro colocada por Aristóteles  entre as palavras comuns,
há palavras que se referem ao tempo. (amanhecer, anoitecer…)
O nosso discurso o futuro não apresenta o mesmo grau de certeza do discurso sobre passado e
presente. Então, que conhecimento temos sobre o futuro contingente?
Questão dos futuros contingentes – Aristóteles  não podemos ter a certeza do que vai
acontecer amanhã. Nós sabemos a disjunção exclusiva entre duas proposições: ou vai
acontecer ou não vai acontecer  conhecemos uma relação logica.

Empiristas modernos – problemas dos futuros contingente; problemas de induzir no futuro o


que induzimos no passado: questão da indução.
 são problemas da filosofia do conhecimento

Se é possível prever o futuro, como é que somos livres de agir no futuro?


 problemas dos futuros livres
 problema da oposição entre pré-ciência ou liberdade; ou há uma ou a outra

Cícero: questão abordada por ele. Pronunciou-se a favor da liberdade, criticando as práticas
adivinatórias praticadas na sua época

Santo Agostinho: questiona-se se é possível juntar a pré-ciência e as práticas adivinatórias. Ele


admite um Deus perfeito, ao qual não fala nenhuma parcela de conhecimento, que conhece os
futuros livres e os futuros contingentes. Não abdica nem do aspeto divino omnisciente nem da
liberdade humana.
 argumento de Agostinho: o conhecimento de Deus não obriga à ação. Do ponto de visto
psicológico, podemos reconhecer que por vezes há uma dissociação entre conhecer e querer.

Problema clássico do determinismo (pré-ciência) e liberdade

No pensamento contemporâneo, a questão é ainda presente.

Determinismo que advém da condição social, económica e culturais.

Determinismo que advém das ciências da natureza  as leis da natureza nos determinam de
tal modo através do nosso corpo, que a liberdade se torna uma ilusão.

Determinismo que advém das leis do consumo, matemática dos dados  determinam as
nossas escolhas, que a nosso livre arbítrio é uma crença religiosa.

Estas tendências do pensamento contemporâneo põem em causa a nossa liberdade.

Questão sobre o futuro  questão da morte e do que vem depois da morte

Esta questão obriga-nos a reavaliar os nossos sentimentos que nos relacionam com o futuro
(desejos e medos).

Como lidamos com o medo da morte?


Como é que a filosofia nos tem ajudado ao longo do tempo a lidar com o medo da morte?

Sócrates – posição racional (nas obras de Platão); duas hipóteses: um sonho profundo vs.
viagem para onde vivem os deuses. Não há razão para que a morte seja temível.

Três pilares que servem de apoio para uma crença de uma vida após a morte:

 A natureza das coisas: conceção da natureza humana – se o homem é um corpo vivo,


(Aristóteles – três almas) não há vida após a morte. Alma é corruptível pelo corpo.
Platão – antropologia dualista, segundo a qual o homem não é só corpo, mas um corpo
por uma vida (a alma) separada do corpo. A alma entendida como princípio de vida, ou
seja, não é da natureza da alma cessar.
 A verdade: Platão – as teorias da verdade, que indicam que é imutável. A verdade
como modelo da realidade; fornecendo um ponto de apoio para refletir sobre a
imutabilidade do homem e da sua alam.
 A moralidade: consequências para os outros quer para o próprio agente – a vida após
a morte é uma espécie de conquista, que só a morte moral o poderia impedir. 
influência do mérito moral no acesso à imortalidade (doutrina amplamente partilhada
pelas religiões) – doutrina da reincarnação: a vida presente é uma redenção de falhas
em vidas anteriores.
religiões monoteístas também defende a influencia do mérito moral, mas não sem
providencia divina, ou seja, só se Deus quiser. É preciso que o deus dê provimento a
essa crença.
 demonstra um platonismo persistente (imortalidade da alma)

TODAS ESTAS SÃO FORMAS DE RECUSA DA MORTE E DE RECUSA DA IRREVERSIBILIDADE DA


MORTE.

Biologicamente não podemos ser imortais; o espaço na Terra também é limitado; e eticamente
e moralmente é empático dar lugar a outros.

Questão da morte como urgência de ocupar o tempo. A finitude humana é profilática contra a
abulia e o tédio, é propícia para a criatividade e engenho.

Texto 32, Gadamer

Qual o diagnostico do estado do mundo após a segunda guerra mundial?

O diagnostico é preocupante  duas ameaças:

 Corrida ao armamento nuclear


 Crise ecológica

Texto 33, Soromenho-Marques

Altura de crise e cetismo na Europa  como compreender o mal-estar na europa? Como uma
crise de desunião política (Hobbes).

Texto 34, Huntington

Ele pergunta: qual será a origem das guerras no futuro? Os fatores culturais (o choque das
civilizações).

Texto 35, Dugin

Teoria multipolar sobre a ordens dos poderes mundiais  pensa que já não deve só um
grande poder: os Estados Unidos

Pergunta: o que é um mundo multipolar? É um mundo organizado em vários centros de poder.

Texto 36, Santo Agostinho

Texto 37, Spengler

Diferença entre civilização e cultura  a civilização é uma fase declinante e decadente da


cultura; sendo assim a fase de degradação de uma cultura. A civilização ocidental está na sua
fase declinante.
18/11/2022

Questão magna filosofia e metafilosofia, sobre a índole da filosofia: é una ou múltipla?


Como lidamos com as diferenças?

A questão das diferentes disciplinas.

É a filosofia um conjunto de disciplinas?


 possibilidade de introdução à filosofia através das disciplinas.

Se for, ela é irredutivelmente múltipla, a filosofia não se caracteriza nem se define pela
unidade do objeto. Ainda mias se ele se multiplifica/plurifica, a sua unidade fica mais em
causa.

Na tradição grega a filosofia era uma só ou dividia-se? Os Pré-socráticos tinham obras sobre a
natureza, isto fazia com que a filosofia deles fosse uma filosofia da natureza, uma física. Com
Sócrates e Platão dá-se uma viragem importante e decisivel. Sócrates sabia que não sabia, que
mostrava uma consciência critica sobre o saber, que significou uma viragem do olhar desde a
natureza até a introspeção, caminho trilhado por Platão. É de facto no interior da lama que
Platão descobre o mundo das ideias que caracteriza a sua filosofia. No entanto, para Platão era
uma só, a filosofia era vista como um exercício de diálogo: a dialecta. E era um caminho
ascendente, mas não um conjunto de disciplinas.
Na escola fundada por Platão, a Academia, terá nascido uma divisão da Filosofia em: Física
(interesse mais antigo), Lógica, Ética.
Estas três divisões afetam a filosofia? Não. Divisão utlizada e adotada pelos estoicos.  para
os estoicos, estas três disciplinas eram três caminhos para ver ou encontra a razão, o Logos,
em todas as coisas.
Logica: caminho para encontrar a racionalidade nosso pensamento. Ética: caminho para
encontrar a racionalidade nos nossos costumes.  não afeta a unidade da filosofia, já que tem
como centro o Logos.

Divisão que nasce com um discípulo de Platão, Aristóteles. É a ele que devemos a ideia de que
a filosofia se compõe por várias disciplinas. Filosofia para ele era um grande projeto de saber.
Ele concebeu: a Lógica – exposta num conjunto de livros (Órganon: instrumento de todo o
saber); filosofia dividida entre teórica e prática. Dentro da teórica, temos a física, matemática e
teologia (movimento de abstração progressivo, mais abstraímos do particular ao sensível, da
causa ao universal). Dentro da prática, temos a ética das virtudes, economia doméstica,
política.
Estas disciplinas começam a desprender-se e a ganhar autonomia própria  Teologia
(religião), Física, Política (Maquiavel), Economia. Na filosofia, ficam ética e metafísica, embora
ambas se alargaram.  a filosofia parece um conjunto vazio.

No seculo XVIII, nasce o estudo da história da filosofia: realidade intersubjetiva e cultural


(tradição que vem da Grécia Antiga). Nascimento do estudo sistemática da história da filosofia
mostra a viragem do olhar da filosofia do reino da natureza e do sujeito e para a cultura.
Interesse da filosofia pelo o que foi já pensada implica um interesse pela sua própria cultura:
os seus textos, autores e patrimónios.
Esta tendência de mudança do sujeito e natureza para a cultura cria nova disciplina: a filosofia
da linguagem pois realidade culturas; a filosofia da história (aventura humana ao longo dos
tempos, pois o ser e a sociedade são realidade culturais); a filosofia social e política; filsofia da
arte; filosofia da religião; filosofia da técnica e tecnologia…
Hoje em dia, a filosofia está centrada em realidade culturais: filosofia, ciência, religião e arte 
domínios filtrados pela cultura.

Relação da filosofia com a ciência dá origem a um desenvolvimento de uma disciplina, a


epistemologia – filosofia das ciências, teoria das ciências.
Filosofia das ciências da natureza ou da vida.
Russell coloca-se na filosofia das ciências matemáticas.

 a filosofia que parecia ter-se esvaziado das disciplinas tradicionais aristotélicas, adquiriu
novas disciplinas, estando longe de estar morta.

Dualidade nova contemporânea: ciências das natureza e ciência do espírito; distinção entre
ciências exatas e ciências humanas ou ciências duras e ciências moles.
Ciências duras: “as ciências a sério
Ciências moles: conhecimento do mundo atual, inquéritos, entrevistas, visão sincrónica da
realidade

Como é que se situa a filosofia? É vista geralmente como ciência mole; embora a filosofia pode
ser defendida como ciência dura. Se pensamos na logica, hoje esta é uma ciência matemática,
no entanto, é estudada dentro da filosofia.
Existe uma diferenças entre as múltiplas correntes filosóficas, entre as quais, correntes que
defendem a filosofia como ciência do rigor, fundado no exercício da logica. Trata-se da escola
analítica.

Porque a filosofia não pode ser uma ciência dura? Tal não é um defeito, isto deriva da
amplitude dos seus interesses. De facto, verificamos que a filosofia não pode ser a ciência
dura, pois tem de ter em conta a intersubjetividade. A filosofia, assim, oscila entre esses dois
extremos, entre a objetividade máxima e a singularidade máxima. Por isso, as obras de
filosofia são obras de autores  introdução à filosofia por autores – não se pode fazer
abstração do seu autor.

Diferença das correntes filosóficas

Os vários “ismos”

Platonismo, aristotelismo, cartesianismo

Existência de correntes que tiram o seu nome de filósofos demostra a marca que os autores
deixam.
 famílias de pensamento

Racionalismo

Empirismo

Espiritualismo

Essencialismo

Existencialismo

Ceticismo
Realismo

Nominalismo

Idealismo

Este “ismos” demonstram que sempre que pensamos uma coisa, sempre surgem perspetivas
múltiplas. A filosofia é indissociável de perspetivas e de pluralidade.

Estes ismos no chamam à atenção para as insuficiências um dos outros; nenhuma filosofia é
refutada completamente por outra.
São partidos internos da filosofia; e nós podemos decidirmos a nós próprios. Somos chamados
a tomar posições, opiniões, mas fundamentadas em razões  tomada racional das nossas
decisões nas grandes questões da filosofia.

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