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PROGRAMA MAIS LUZ PARA A AMAZÔNIA: UMA ANÁLISE DO

PROGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS


PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA AMAZÔNIA LEGAL

GARCIA, Rogério1
SARTORI, Rodrigo Vinícius2

RESUMO

Com o aumento populacional e a elevação do perfil de consumo dos recursos


naturais da Amazônia, verificou-se a necessidade de se debater as questões
energéticas e climáticas e investir em soluções renováveis. A Amazônia Legal é
composta por nove estados, com grandes populações. O Ministério de Minas e
Energia tem projetos para produção de energia elétrica, proveniente da luz solar
para localidades longínquas, povos indígenas e ribeirinhos da Amazônia. O
programa Mais Luz para a Amazônia é um benefício de fornecimento de energia
elétrica gerada por fontes limpas e renováveis. O objetivo desse artigo é descrever
como foi desenhado o programa, suas características e especificidades. A
metodologia utilizada foi de revisão em dados secundários compostos de livros,
artigos e documentos do programa. Com os resultados foi visto que o programa
objetiva atender cerca de 86 mil domicílios até 31 de dezembro de 2022, porém até
junho de 2021 apenas 28.243 sistemas de geração estavam oficialmente acordados
para serem instalados até 2022, isso representa apenas 32,84% do quer fora
estipulado para todo o programa. Muita coisa ainda precisa ser feita, padrões
repensados e formas de ligação e instalações sustentáveis podem melhorar a
imagem do programa e a quantidade de deslocamentos para manutenções, o que
facilitaria a vida dos moradores e dos técnicos instaladores.

Palavra-chave: Mais luz para a Amazônia. Políticas públicas. Eletrificação rural.

1
Graduando do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário UNINTER.
2
Professor, Doutor em Administração
2

1 INTRODUÇÃO

A questão do acesso à energia e eletrificação tem sido tratada desde a última


década como um dos temas fundamentais para o desenvolvimento mundial, e de
acordo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2015), desempenha um papel
fundamental na consecução dos sete Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(ODM). As metas propostas aos países membros são promover a erradicação da
pobreza, fome, doenças, exclusão e carência de infraestrutura habitacional, ao
mesmo tempo em que promove igualdade de gênero, educação, saúde, meio
ambiente e sustentabilidade. A energia destinada a comunidades de difícil acesso
pode favorecer o desenvolvimento regional, assim como sua falta pode impactar as
atividades socioeconômicas, a prestação de serviços culturais e sociais, bem como
propiciar o êxodo rural (PINTO, 2018).
Embora a região da Amazônia Legal, seja uma das regiões mais ricas em
recursos naturais do mundo. Ainda existem diversas famílias vivendo sem acesso à
energia elétrica. A região Norte do país possui grande números de comunidades
nesta situação, formadas por localidades longínquas, povos indígenas e ribeirinhos,
com baixa atividade comercial e em áreas de difícil acesso que, pelas características
geográficas dos locais onde vivem, torna-se inviável o transporte de energia elétrica
da forma convencional, qual seja, por redes de transmissão e distribuição de energia
(MME, 2020).
Insta esclarecer que a eletrificação rural é fundamental para redução da
pobreza, indispensável para o desenvolvimento econômico rural e o primeiro passo
para a modernização. Entretanto, ainda existem regiões rurais, sobretudo as
consideradas remotas, sem acesso à energia elétrica, permanecendo ainda hoje, em
pleno século 21, sem este recurso vital para o bem-estar social e qualidade de vida
(BARNES et al., 2009).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME, 2020), “o programa
Mais Luz para a Amazônia (MLA) [...] tem como agentes executores
concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de instalações de
distribuição de energia elétrica que atuam na Amazônia Legal. Acrescentar-se que o
próprio MME que coordena as ações do programa e a operacionalização é de
responsabilidade da Eletrobrás.
Dito isto este trabalho tem o objetivo geral de descrever o Programa Mais Luz
3

para a Amazônia, como foi desenhado o programa, suas características e


especificidades. Este trabalho é muito importante haja vista que entender os
problemas sociais e tentar, através de projetos de engenharia que atendam
necessitados, é um tema que tem uma relevância social muito grande. Com relação
à relevância acadêmica, caracterizar um programa dessa magnitude e ver suas
principais especificidades podem produzir insumos para pesquisas futuras bem
como descrever problemas ocorridos no decorrer do programa que possam ser
usadas como chaves para programas futuros de atendimento de comunidades rurais
por meio de energia fotovoltaica.

2 POLÍTICAS PÚBLICAS

As políticas públicas são instrumentalizadas por meio de programas, serviços,


benefícios e projetos que visam garantir o acesso aos direitos sociais. Uma política
pública possui dois elementos fundamentais: a intencionalidade pública (o motivo
para a sua concepção) e a resposta a um problema público (a solução de um
problema tido como coletivamente relevante), tendo como elemento norteador de
suas ações a atenção aos mandatários de forma integral e integrada (SECCHI,
2015).
Secchi (2015, p. 2) afirma que toda política pública tem uma finalidade, é
orientada para se impor ou se opor a algo, devendo ter, além disso, intencionalidade
pública e trazer resposta a um problema específico, pois sua implantação deve ser
motivada para o “tratamento ou resolução de um problema entendido como
coletivamente relevante”.
Para Teixeira (2002) Políticas Públicas são diretrizes que norteiam a ação do
Poder Público, bem como estão relacionadas à relações entre a sociedade e o poder
público:
[...] regras e procedimentos para as relações entre Poder Público e
sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse
caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos
(leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que
normalmente envolvem aplicações de recursos públicos (TEIXEIRA, 2002,
p. 3).

O autor acrescenta que, muitas vezes, existe incompatibilidade entre as


intervenções e declarações de vontade e as ações desenvolvidas, devendo também
4

serem consideradas as “não ações” e as omissões como forma de elementos


direcionadores das políticas públicas.
A definição para a formulação das políticas públicas, como já citado, parte da
existência de um problema que, ao ser considerado público (da coletividade),
procura-se uma solução que altere aquele status para um novo definido como ideal.
O problema estava reconhecido: a necessidade de levar eletricidade a cerca de 10
milhões de brasileiros. Como solução formulou-se a política pública Luz para Todos
e deram início às ações com vistas a solucionar este problema.

2.1 ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Com relação a análise de políticas públicas Knoepfel et al. (2007) discorrem


que esta objetiva interpretar o Estado e, de um modo geral, o sistema político-
administrativo, usando o critério de sua influência na economia e na sociedade.
O estudo da análise da política seria então, de acordo com Hill (2005),
dividida em três dimensões: a do conteúdo político, a dos resultados das políticas e
a do processo político:

Estudos de conteúdo político, nos quais os analistas procuram descrever e


explicar a gênese e o desenvolvimento de políticas específicas. [...]
geralmente investiga um ou mais casos, a fim de traçar como surgiu uma
política, como ela foi implementada e quais os resultados. Uma grande
quantidade de trabalho acadêmico concentra-se em políticas únicas ou
áreas políticas únicas (política social, política ambiental, política externa,
etc.).
Estudos de resultados de políticas, tem muito em comum com estudos de
conteúdo de políticas, mas que tipicamente procuram explicar por que os
níveis de despesa ou provisão de serviços variam (ao longo do tempo ou
entre países ou governos locais).
Estudos do processo político, em que a atenção é focada, em como as
decisões políticas são tomadas e como as políticas são moldadas em ação
(HILL, 2005, p. 5).

A análise do programa Luz para Todos, objeto deste estudo, irá se furtar ao
estudo de resultados práticos da política pública.

2.2 O DESAFIO DE LEVAR ENERGIA ELÉTRICA PARA REGIÕES RURAIS

Em teoria, o acesso à eletricidade pode melhorar as condições


5

socioeconômicas nos países em desenvolvimento por meio de sua influência sobre


os principais componentes da pobreza como saúde, educação, renda e meio
ambiente, por exemplo (KANAGAWA; NAKATA, 2008). Em relação às áreas rurais,
Barnes et al. (2009) afirmam que a falta de acesso à energia e mais precisamente à
eletricidade é um dos maiores impedimentos ao desenvolvimento econômico,
aplicável este conceito, de forma geral, a todos os países, mas, com maior ênfase a
fases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Chaurey et al. (2004) argumentam que existe uma forte correlação entre a
pobreza rural e o acesso à eletricidade, porque a eletricidade é um pré-requisito para
atividades produtivas. Além de melhorar a produtividade, dando acesso a meios de
produção mais eficientes, o acesso a uma rede elétrica e melhores serviços de
eletricidade também podem levar a economia de tempo e permitir que trabalhem
mais horas aumentando o acesso aos mercados, aumentando a renda e,
consequentemente a qualidade de vida.
Como visto, a ausência de acesso à energia elétrica também é um gerador de
desigualdade social. Ressalta-se que a pobreza no meio rural brasileiro é um
fenômeno histórico, corroborado por dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) que apresentam essa parcela da população como 1,4 vezes mais
pobres que a média da população urbana (IBGE, 2010).
Não se pode esquecer que é um grande desafio disponibilizar energia elétrica
a todos em um país de dimensões continentais como o Brasil que, além dos
consumidores dos grandes centros urbanos, o que requer uma grande demanda de
energia, há os consumidores das localidades rurais, muitas vezes afastadas em
centenas de quilômetros da unidade geradora de energia elétrica mais próxima
(BARROS et al., 2014).

3 METODOLOGIA

Para realização desde estudo foi realizado uma revisão da literatura. Assim
este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo exploratória, permitindo
uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado. A pesquisa
exploratória proporcionará maiores informações sobre determinado tema, facilita a
delimitação de um tema de trabalho, determina os objetivos ou estabelece as
hipóteses de uma pesquisa, além de auxiliar na exposição de novos tipos de
6

enfoque para a pesquisa que se tem em mente (GIL, 2017).


Essa fase do trabalho dividiu-se em duas etapas: a realização da revisão da
literatura que consistiu, dentro dos resultados da pesquisa bibliográfica, parte do
texto que fundamentou o estudo relacionado, de acordo com Gil (2017) esse é um
elemento comum em todos os trabalhos acadêmicos. Já a segunda etapa baseou-se
em elementos que expostos cumprissem os objetivos específicos e geral, com
análise de dados de outros trabalhos acadêmicos, livros, fatos narrados pelo
governo e imprensa e principalmente documentos de órgãos oficiais.

4 O PROGRAMA MAIS LUZ PARA A AMAZÔNIA

Até o início dos anos 2000, de acordo com dados do Censo realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existiam mais de 2 milhões de
domicílios sem acesso à energia elétrica no Brasil, o que significa dizer que cerca de
10 milhões de pessoas não eram atendidos por um serviço de fornecimento de
energia elétrica no país (ELETROBRÁS, 2017).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME, 2020) a ausência de
investimentos nesse setor até aquele ano, estava vinculada a dois fatores: elevadas
distâncias e baixa densidade demográfica. Isto, de acordo com o órgão, necessitaria
de vultuosos recursos para projetar, construir e operacionalizar linhas de
transmissão para essas comunidades com um grande prazo de retorno de
investimento (MME, 2020).
Outro problema que estaria associado a este investimento, caso fosse
realizado diretamente pelas concessionárias e permissionárias de distribuição de
energia elétrica, seria o impacto financeiro haja vista que os investimentos seriam
possíveis somente a longo prazo e geraria elevação significativa nas tarifas de
energia elétrica (ELETROBRÁS, 2017).
De posse destes dados, o Governo Federal instituiu em 5 de fevereiro de
2020, através do Decreto nº 10.221 o Programa Nacional de Universalização do
Acesso e Uso da Energia Elétrica na Amazônia Legal ou simplesmente Mais Luz
para a Amazônia (MLA). Inicialmente o prazo para atingimento das metas
estabelecidas no programa é até 31 de dezembro de 2022, com possibilidade de
prorrogação até o atendimento total das famílias (BRASIL, 2020).
7

Os beneficiários do programa MLA são:

[...] as famílias e as respectivas unidades de apoio socioeconômico e as


demais unidades consumidoras situadas em:
I - Regiões remotas da Amazônia Legal que ainda não tiveram acesso ao
serviço público de energia elétrica; e
II - Regiões remotas da Amazônia Legal que tenham geração de fonte de
energia elétrica não renovável.
§ 2º São prioridades para o atendimento:
I - As famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal;
II - As famílias beneficiárias de programas de governo federal, estadual ou
municipal que tenham por objeto o desenvolvimento social e econômico;
III - os assentamentos rurais, as comunidades indígenas, os territórios
quilombolas e as demais comunidades localizadas em reservas extrativistas
ou impactadas diretamente por empreendimentos de geração ou de
transmissão de energia elétrica cuja responsabilidade não seja do próprio
concessionário;
IV - As escolas, os postos de saúde e os poços de água comunitários; e
V - As famílias residentes em unidades de conservação (BRASIL, 2020, p.
1).

O Programa MLA tem como Agentes Executores as próprias Concessionárias


e Permissionárias de Distribuição de Energia localizadas nas mais diversas regiões
do país, sob responsabilidade de fiscalização do Ministério de Minas e Energia.
Ressalta-se que o investimento é oriundo de fontes próprias das concessionárias e
de repasses do Governo Federal (BRASIL, 2020).

4.2 DADOS DO PROGRAMA MLA

A previsão inicial era de atender cerca de 300 mil pessoas que residem em
áreas de difícil acesso na região Norte do país (BRASIL, 2020). Assim, serão
beneficiados os nove estados que estão na Amazônia Legal: Acre, Amapá,
Amazonas, Maranhão, Mato Groso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
A Figura 1 apresenta os estados que serão beneficiados com a implantação
do programa Mais Luz na Amazônia:
8

Figura 1: Estados beneficiados

Fonte: MME (2020)

Vê-se claramente que o Maranhão é o único estado não pertencente à região


Norte do país, porém, como ele está inserido no bioma amazônico é declarado, por
força da Lei 5.173 de 27 de outubro de 1966 como pertencente à Região Amazônica
e, portanto, está inserido legalmente nesta região, daí o nome de Amazônia Legal
(BRASIL, 1966).

4.3 MLA NA REGIÃO AMAZÔNICA

Para operacionalizarem o programa, a União e as distribuidores de energia


elétrica do Estados firmaram termos de cooperação em 2020, com vigência até 2022
que trata, entre outras coisas da quantidade de sistemas de geração instalados,
fonte de recursos e outras atribuições de cada ator político.
9

Tabela 1 – Metas de instalação de Sistemas de Geração por ano

Forma de Quantidade
Estado Concessionária
atendimento 2020 2021 2022 Total

Acre Energisa Sistemas de Geração - 323 1.045 1.368

Amazonas
Amazonas Sistemas de Geração 78 1.296 3.084 4.458
Energia

Maranhão Energisa Sistemas de Geração - 1.825 - 1.825

Mato
Energisa Sistemas de Geração - 110 300 410
Grosso

Pará Equatorial Sistemas de Geração 205 6.248 4.500 10.953

Rondônia Energisa Sistemas de Geração - 300 600 900

Roraima Roraima Energia Sistemas de Geração - 3.871 3.872 7.743

Tocantins Energisa Sistemas de Geração - 200 386 586

Totais >>>> 283 14.173 13.787 28.243

Fonte: MME (2020)

Como pode-se deduzir dos dados apresentados na Tabela 1, as metas anuais


não são muito altas, com exceção da Equatorial no estado do Pará, as demais não
apresentaram nenhuma meta superior a 5.000 instalações anuais. O que quando se
analisa o programa que tem vivência até 2022 com meta para atendimento de 86 mil
domicílios, o total final está muito aquém do desejado.
Esses dados podem ser melhor analisados nas Figura 1, 2 e 3:
10

Figura 1: Gráfico de metas de instalação de Sistemas de Geração totais por Ano


16,000
14,173
13,787
14,000

12,000

10,000

8,000

6,000

4,000

2,000
283
-
2020 2021 2022

Fonte: Dados brutos MME (2020)

Figura 2: Gráfico de metas de instalação de Sistemas de Geração por Estado 2020/2021


12,000
10953

10,000

8,000 7743

6,000
4458
4,000

1825
2,000 1368
900
410 586
-
re as ão so rá ia a s
Ac n h s Pa
n
ai
m tin
zo an ro dô or an
a a r
o
G on R To
c
Am M at R
M

Fonte: Dados brutos MME (2020)


11

Figura 3: Gráfico de metas de instalação de Sistemas de Geração anuais por Estado

6,248
7,000

6,000

4,500
5,000

3,871
3,872
3,084
4,000

3,000

1,825
1,296
2,000
1,045

600

386
1,000
323

300

300
205

200
110
78
-

-
-

2020 2021 2022


Fonte: Dados brutos MME (2020)

Com relação às fontes de recursos para operacionalização do Programa MLA


verifica-se que todos os estados do Norte, com exceção do Maranhão terão o
custeio de 90% das despesas através de repasse de recursos da União. Os outros
10% serão custeados com recursos próprios. Para o estado do Maranhão as
despesas de repasse da União serão de 70% e os outros 30% serão com recursos
próprios.
Quadro 1 – Fonte de recursos: Acre, Amazonas, Mato Groso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins

FONTE DE RECURSOS %
CDE (SUBVENÇÃO) 90
AGENTE EXECUTOR 10
Total 100

Fonte: Dados brutos MME (2020)

Quadro 2 – Fonte de recursos: Maranhão


FONTE DE RECURSOS %
CDE (SUBVENÇÃO) 70
AGENTE EXECUTOR 30
Total 100

Fonte: Dados brutos MME (2020)


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Esses dados podem ser melhor analisados nas Figura 4 e 5:

Figura 4: Fonte de recursos: Acre, Amazonas, Mato Groso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins

10

90

CDE (SUBVENÇÃO) AGENTE EXECUTOR


Fonte: Dados brutos MME (2020)

Figura 5: Fonte de recursos: Maranhão

30

70

CDE (SUBVENÇÃO) AGENTE EXECUTOR

Fonte: Dados brutos MME (2020)

Um destaque para esses dados é a ausência de interesse do estado do


Amapá em realizar instalações dos Sistemas de Geração.
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4.4 DESAFIOS NO ATENDIMENTO ÀS COMUNIDADES RURAIS

Os desafios que os técnicos têm que enfrentar diariamente para atendimento


das unidades consumidoras das regiões rurais da região amazônica são inúmeros
pois eles necessitam diuturnamente se deslocar a essas localidades para realizar
novas ligações, manutenções programadas, reparos, serviços bem como leitura dos
medidores, entrega das faturas e, em caso de inadimplência, corte, entre outros
serviços solicitados pelos consumidores.
Entretanto, o principal desafio está relacionado à trafegabilidade dos ramais,
que em muitas vezes só pode ser feito com quadriciclo ou em animais como cavalos
e bois. Em algumas localidades só se consegue ter acesso por via fluvial, o que
necessita de deslocamento em barcos ou voadeiras.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo tem o objetivo de descrever o Programa Mais Luz para a


Amazônia, características e especificidades da política pública. Com relação à
necessidade de se fazer um programa dessa magnitude, foi visto que as políticas
públicas são efetivadas para resolução de um problema tido como público e sua
eficácia deve ser medida, sempre que possível, a fim de que possa realizar
avaliações de sua continuidade ou não.
O Programa Mais Luz na Amazônia ainda não iniciou de fato a
operacionalização das instalações dos sistemas de geração, porém apresenta ser
um programa promissor no tocante ao cumprimento de políticas públicas de inclusão
de com o acesso a eletricidade, um bem essencial atualmente.
Como já visto esse programa objetiva tirar da escuridão 300 mil pessoas no
Brasil e um total de cerca de 86 mil domicílios espalhados pelas regiões rurais de
todos os municípios amazônicos. Porém até junho de 2021 apenas 28.243 sistemas
de geração estavam oficialmente acordados para serem instalados até 2022,
divididos da seguinte maneira: : previsão de instalação de 283 em 2020, 14.173 em
2021 e 13.787 em 2022. Este total de 28.243 representa apenas 32,84% do que fora
14

estipulado no Decreto 10.221/2020, o que poderá implicar no não cumprimento das


metas do programa.
Foi notado que entre os estados da Amazônia Legal apenas o Amapá não
havia assinado termo de intenções em realizar instalações dos sistemas de geração
nas comunidades rurais daquela unidade federativa.
Outra dificuldade do programa está ligada ao acesso às comunidades rurais,
pois os ramais são, na maior parte do ano, intrafegáveis, tendo muitos obstáculos e
dificuldades a serem vencidas pelos técnicos das concessionárias.
Pode-se afirmar que mesmo com todos os percalços, atrasos e dificuldades
que podem ser encontrados pelo programa Mais Luz na Amazônia, desde a
publicação do Decreto já houve muitos avanços, que poderá levar energia elétrica
para milhares de consumidores, facilitando a vida destas pessoas. Muita coisa ainda
precisa ser feita, padrões repensados e formas de ligação e instalações sustentáveis
podem melhorar a imagem do programa e a quantidade de deslocamentos para
manutenções, o que facilitaria a vida dos moradores e dos técnicos instaladores.

REFERÊNCIAS

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10221.htm.
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Econômica da Amazônia; extingue a Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA), cria a Superintendência do Desenvolvimento da
15

Amazônia (SUDAM), e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1966. Disponível


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