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Eu estou perdido, onde eu estou? Que lugar é este? É o que eu me pergunto todos os dias.

Tudo que eu sei é que isto é um labirinto e eu preciso achar a saída, não sei quanto tempo
estou aqui, dias? Semanas? Não sei, parece tão impossível sair que muitas vezes eu me pego
desistindo de tudo e quando digo tudo, não sei bem que estou dizendo, o labirinto é enorme,
tantos caminhos, tantas opções mas eu não posso simplesmente traçar qualquer caminho
aleatório, ele faz diversas armadilhas eu preciso ser cuidadoso e perseverante, encontrei
outras pessoas que estavam ou estão no mesmo labirinto, mas parece que ele escolhe o
caminho certo para cada um e nos separa toda vez que nos reencontramos, é assustador, me
sinto só mas eu não estou, coisas me perseguem todos os dias às vezes elas me alcançam,
me arranhão, me mordem e gritam em meus ouvidos um som assustador, eu não posso gritar
de volta, porque as coisas pioram elas ficam mais agressivas.
Estou perdido, com medo e fraco, socorro.

Alguém me ajuda a sair daqui.

Dia 2

Ainda me sinto fraco, não consigo dormir direito faz muito tempo, não com aquelas coisas atrás
de mim você não faz ideia do quão doloroso são suas mordidas e gritos, muitas vezes eu choro
de dor.
Estou enjoado desta comida, o labirinto não me deixa morrer de fome ou sede, mas eu tenho
que pagar um preço todos os dias, se eu ficar parado ele não dá alimento que é uma fruta
amarronzada e por dentro uma polpa branca, a água surge como mágica de dentro das folhas,
existe um certo horário que as coisas não me atacam, esse tempo eu tiro para escrever,
esvaziar um pouco a mente para não enlouquecer de vez, neste momento estou com frio, está
amanhecendo mas ainda não tem sol, espero que eu tenha forças hoje, acabei de ouvir
barulho longe daqui, acho que é alguém correndo, melhor eu ir ver se consigo me comunicar,
me deseje sorte.

Dia 3
Hoje eu dormi bastante, não sei bem se eu dormi ou desmaiei de cansaço, acordei com marcas
de garras afiadas em minhas costas, não são tão profundas, eu acho, mas não dói tanto, o
barulho que escutei foi de um rapaz, o nome dele era Steven, não consegui vê ele, só ouvi a
sua voz, ele estava do outro lado da parede do labirinto, tudo indica que ele estava na mesma
situação que eu, mas ele disse que estava ali só algumas horas e não dias como eu, também
não sabia de nada, nem como veio parar aqui, perguntei a ele se ele tinha alguma pista da
saída, ele respondeu com um tom irônico " a saída está logo ali, não está vendo? Vamos." Ele
saiu correndo gritando para seguir a voz dele, mas as criaturas apareceram e começaram a
gritar bem alto, várias delas eu corri mas pelo meu azar perdi o Steven de vista, talvez fosse
minha única esperança.
Esta noite eu não vou dormir, estou começando a me acostumar mas eu sei que não deveria, o
labirinto acabou de florescer aquela fruta amarronzada o gosto está melhor, eu acho, a lua esta
linda hoje, nunca vi ela de tão perto, está tão escuro.
Ok, tenho que desligar o celular, ele ainda tem bateria infinita? Tem algum sinal? Mas não
consigo fazer nenhum tipo de ligação, eu estou mesmo na terra?

Dia 4

Essa foi a decisão mais difícil da minha vida, ou da minha morte, não consegui ficar acordado
por muito tempo, para minha surpresa uma garotinha apareceu me balançando e me
despertou, por alguns segundos parecia um sonho, algo que já faz tempo que não acontece,
perguntei o seu nome, Ana só o que disse, ela estava suja com seu vestido florido rasgado, ela
me lembrava tanto minha irmã com seus cabelos lisos e soltos que muitas vezes quase
chamava ela por Bia, fiz mais perguntas mas ela não disse uma palavra, parecia muito tímida,
voltei para a rotina de achar a saída, as criaturas não me atacaram, apesar de eu ter a
sensação que elas estavam alí o tempo todo, a garota me acompanhou segurando minha mão
por vontade própria, mas como eu disse, o labirinto escolhe o caminho de cada um, sentei para
descansar um pouco, foi quando ouvir um barulho assustador que eu nunca tinha ouvido antes,
meu medo estava me consumindo, foi então que fechei os olhos e a garota me abraçou
dizendo " Vai ficar tudo bem" aquilo me tocou, quando abri os olhos, o labirinto começou a me
separar dela, eu segurei a mão dela para não deixa-la sozinha, as paredes de raízes e folhas
apertaram meu braço com tanta força que parecia quebrar, então eu a soltei, gritei o seu nome
mas as criaturas estavam mais próximas do que eu imaginava…
Nunca vou tirar essa cena da minha cabeça, eu vi pela pequena fresta as criaturas avançando
em cima dela e ouvi seus gritos de dor, o labirinto se fechou por completo e tudo se silenciou.
Eu me virei e deparei com duas entradas, qual caminho devo seguir? O labirinto brotou o
alimento hoje a mesma coisa, irei dormir para poupar energia, está tudo escuro mas a lua está
lá para me confortar, hora de desligar o celular, ainda tem bastante bateria.
Estou com medo de tomar a decisão errada, talvez eu esteja sendo paranóico ou cauteloso,
mas as duas opções parecem me levar para a mesma escolha, ficar e esperar amanhecer, não
sei o que me aguarda nessas entradas, se for a minha morte, pelo menos terei uma noite de
sono, mesmo sabendo que será impossível dormir lembrando que deixei Ana para trás, só de
pensar nisso…

Dia 6

Olá novamente, se é que alguém está lendo isso, acredito que não, mas se por alguma razão
você está lendo minha história acredita em mim e está preocupado(a) comigo, então eu devo
dá alguma satisfação do porquê eu não ter relatado nada ontem.
Pra começar, eu não estou mais sozinho, você deve está pensando que isso é uma ótima
notícia, talvez seja, depende do seu ponto de vista, as duas entradas que eu encontrei, bem,
antes de eu conseguir fazer minha escolha de qual entrar uma pessoa saiu de lá, um homem
alto e pálido chamado Steven, sim o mesmo Steven que encontrou a suposta saída, e o perdi
de vista.
Ele estava desesperado, pálido e ofegante como se fugisse de algo ou alguém, ele disse que a
gente precisavamos sair do labirinto o mais rápido possível, ele estava coberto de suor e
sangue, começou a me arrastar pra longe da entrada dizendo que a saída era uma mentira.
Tentei acalma-lo mas foi em vão, Steven estava fora de si, confesso que iria deixá-lo para trás,
mas minha consciência não iria suportar mais um peso desses, para a minha surpresa o
labirinto começou a mudar as portas se fecharam, os caminhos começaram a ser refeitos, a
fruta brotou novamente, mas antes que eu pudesse pegá-la Steven colheu ela com muita raiva
e a jogou no chão, tremendo ele disse, "não quero, morrer, não morrer" e então desmaiou, eu
ouvi passos rápidos e recebi uma pancada na cabeça, acordei em uma espécie de jaula de
folhas madeira e cordas improvisadas, um homem muito estranho fora da jaula ficou me
olhando fixamente, ele estava sentado a mais ou menos 10 metros de mim, seus cabelos
castanhos jogados para o ar como quem acabou de acordar, e um rosto sério
assustadoramente barbudo, ele veio em minha direção, jogou o meu celular e disse "gosto de
saber o que minhas presas pensam" então aqui estou eu pensando que irei morrer em breve
como um animal, vou tentar sair dessa jaula, ele acabou de sair, parece que viu alguém.

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