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ARQUITETURA PARA MULHERES EM TERRITÓRIOS

VULNERÁVEIS
ARCHITECTURE FOR WOMEN IN VULNERABLE TERRITORIES

ARQUITECTURA PARA MUJERES EN TERRITORIOS VULNERABLES

EIXO TEMÁTICO: PROJETO, TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA E QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS

LIMA, Ana Gabriela Godinho


Doutora; Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Presbiteriana Mackenzie
anagabriela.lima@mackenzie.br

PARDO, Laura Paes Barretto


Mestre; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie
laupbp@gmail.com
RESUMO
A arquitetura dos centros comunitários para mulheres em territórios vulneráveis sócio-territorialmente é
discutida aqui, apontando para a relevância do desenho e construção de espaços de convívio públicos e
abrigados que proporcionem a elas não apenas oportunidades de convívio, mas também de
estabelecimento de redes de apoio e profissionalização, bem como o engajamento nos processos
decisórios no interior de suas comunidades. Os projetos aqui analisados foram aqueles identificados por
Pardo (2018), levantados nas periódicos Arquitectura Viva, AV monografias e AV proyectos, integrantes
de uma trilogia temática publicada pela mesma editora; a inglesa Architectural Record, a argentina
Summa + e o periódico eletrônico norte-americano com suas ramificações regionais Archdaily no período
de 2007 a 2017. A seleção de trabalhos foi analisado tendo em vista, por um lado, como a vulnerabilidade
sócio-territorial afeta especificamente as mulheres e, por outro, como as estratégias projetuais dos
centros comunitários a um só tempo oferecem abrigo das intempéries e vulnerabilidades sócio-
territoriais, como oferecem condições para seu enfrentamento por parte das mulheres.
PALAVRAS-CHAVE: centros comunitários. territórios vulneráveis. vulnerabilidade sócio-territorial.
mulheres.

ABSTRACT
The architecture of community centers for women in socio-territorially vulnerable territories is discussed
here, pointing out the relevance of the design and construction of public and sheltered living spaces that
provide them not only with opportunities for socializing, but also for establishing networks support and
professionalization, as well as engagement in decision-making processes within their communities. The
projects analyzed here were those identified by Pardo (2018), published in the journals Arquitectura Viva,
AV monographs and AV projects, composing a thematic trilogy published by the same publisher; the
English Architectural Record, the Argentine Summa + and the North American electronic journal with its
regional branches Archdaily, from 2007 to 2017. The selection of works have been analyzed considering,
on the one hand, how the socio-territorial vulnerability specifically affects women and, on the other hand,
how the design strategies of community centers offer both shelter from the weather and socio-territorial
vulnerabilities and conditions for their confrontation by women.
KEYWORDS: community centers. vulnerable territories. socio-territorial vulnerability. women.

RESUMEN
Se discute aquí la arquitectura de los centros comunitarios para mujeres en territorios socio-
territorialmente vulnerables señalando la relevancia del diseño y construcción de espacios de vivienda
públicos y protegidos que les brinden no solo con oportunidades para socializar, sino también para
establecer redes de apoyo y profesionalización, así como participación en los procesos de toma de
decisiones dentro de sus comunidades. Los proyectos analizados aquí fueron los identificados por Pardo
(2018), planteados en las revistas Arquitectura Viva, monografías AV y proyectos AV, partes de una trilogía
temática publicada por el mismo editor; la británica Architectural Record, la argentina Summa + y la
revista electrónica norteamericana con sus sucursales regionales Archdaily de 2007 a 2017. La selección
de obras se analizó considerando, por un lado, cómo la vulnerabilidad socio-territorial afecta
específicamente las mujeres y, por otro lado, como las estrategias de diseño de los centros comunitarios
al mismo tiempo ofrecen refugio contra el clima y las vulnerabilidades socio-territoriales, ya que ofrecen
condiciones para su confrontación por las mujeres.
PALABRAS-CLAVE: centros comunitarios. territorios vulnerables. vulnerabilidad socio-territorial. mujeres.

Limiaridade: processos e práticas em Arquitetura e Urbanismo


INTRODUÇÃO

Neste artigo, as autoras apresentam uma discussão sobre o papel da arquitetura dos centros
comunitários em territórios de vulnerabilidade sócio-territorial, tendo em vista a importância
que assumem para as mulheres. A ideia inicial baseou-se na constatação, por meio dos estudos
empreendidos no projeto de pesquisa Cidade, Gênero e Infância1, de que a presença de espaços
públicos de uso coletivo, abrigados das intempéries e projetados para o convívio, têm um
importante papel no rompimento do isolamento doméstico das mulheres. A participação em
programas de sociais para levantamento de dados e informações sobre suas condições de vida,
a frequência em rodas de conversa, oficinas e cursos informativos e de qualificação profissional,
o engajamento em processos decisórios pertinentes à comunidade, o contato com redes de
apoio, colaboração e informação, são atividades que se qualificam quando realizadas em um
Centro Comunitário destinado para essas finalidades, e não em uma casa, um bar, ou outros
espaços utilizados de forma muitas vezes improvisada para os encontros da comunidade.

Com a finalidade de identificar estratégias de arquitetura voltadas especificamente para a


diversidade e o potencial dos encontros e convívios entre membros de uma comunidade, no
âmbito do projeto de pesquisa supramencionado, foi desenvolvida a dissertação de mestrado
de Pardo (2018), com base na qual discutimos aqui as estratégias projetuais de centros
comunitários em territórios vulneráveis. Como recorte de análise foram excluídos edifícios
públicos, religiosos, escolas e centros de saúde, por possuírem tipologias e programas
determinados a partir de funções específicas: atendimento social, serviço devocional, serviços
de educação formal, atendimento médico. Os edifícios selecionados para estudo foram aqueles
cujos programas enfatizam espaços públicos coletivos genéricos, sem uma função pré-
determinada. O levantamento foi realizado nas revistas Arquitectura Viva, AV monografias e AV
proyectos, integrantes de uma trilogia temática publicada pela mesma editora; a inglesa
Architectural Record, a argentina Summa + e o periódico eletrônico norte-americano com suas
ramificações regionais Archdaily no período de 2007 a 2017.

A caracterização da vulnerabilidade territorial é entendida aqui a partir do binômio sociedade e


território (Sanchis, 2009) discutidos com o auxílio de “Por uma geografia do poder” de Claude
Raffestin (1993), “O papel ativo da geografia: um manifesto”, Bernardes et. Al. (2000), ambos
textos que auxiliam na compreensão das delimitações políticas dos territórios. O trabalho de
Rogério Haesbaert e Ester Limonad, “Territórios em tempos de globalização”, discute a noção
de território a partir de perspectivas jurídico-política, econômica e cultural. Susan Cutter em
“Vulnerability to environmental hazards”(1996), aborda a vulnerabilidade de um território -
particularmente ambiental e climática – a partir da presença do risco associado ao potencial
para a perda, com difíceis condições de recuperação, ou seja, locais de baixa ou baixíssima
resiliência das populações. Complementando esta abordagem, Marandola Jr. e Hogan levam
adiante a discussão de Cutter, considerando aspectos socioeconômicos e relacionando a
pobreza às situações vulnerabilidade territorial, em “Vulnerabilidade e riscos: entre geografia e
demografia” (2005). Mais recente, o trabalho de María Cleofé Valverde discute os aspectos da
segregação e marginalização relacionadas às fragilidades sociais destes territórios.

1O projeto de pesquisa "Cidade, Gênero e Infância" desenvolve-se no contexto do Programa de Pós-Graduação em


Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, com financiamento da Fundação Bernard Van
Leer e sob a coordenação de Ana Gabriela Godinho Lima e Rodrigo Mindlin Loeb. É parte do plano de trabalho previsto
no Termo de Cooperação estabelecido entre a Universidade Presbiteriana Mackenzie e o Instituto Brasiliana, vigente
desde 2016.

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Tendo em vistas a caracterização da vulnerabilidade sócio territorial construída a partir destes
autores, foi analisado o resultado do levantamento de projetos de centros comunitários nas
publicações, que resultou em um conjunto de edifícios que, por um lado não se caracterizam
por uma tipologia definida, mas que mobilizam algumas estratégias comuns como a proteção
contra condições climáticas extremas; valorização, no programa, de espaços de uso genérico e
coletivo caracterizados em geral por algum tipo de pátio coberto; equipamentos básicos de
comodidade, como banheiros e salas para usos por grupos menores. Por outro lado, verificou-
se que são variados o uso dos materiais, técnicas construtivas e tempo de execução, de acordo
com clima, recursos de mão-de-obra, estratégia de viabilização da obra e orçamento. O ponto
em comum é o recurso à mão de obra local.

O desenvolvimento do estudo cujos resultados são relatados nesse artigo organizou-se em duas
etapas: a primeira consistiu na caracterização da vulnerabilidade sócio-territorial, e em
considerações específicas sobre como a vulnerabilidade afeta peculiarmente as mulheres; na
segunda etapa foram analisadas as estratégias projetuais dos centros comunitários em
territórios vulneráveis tanto no que se refere à sua constituição material como no que tange ao
seu potencial papel no enfrentamento das condições de vulnerabilidade das mulheres.

CARACTERIZAÇÃO DA VULNERABILIDADE SÓCIO-TERRITORIAL

Como colocou Pardo (2018), as definições mais usuais do termo "território", referem-se à
delimitação política de um município, distrito, estado, país ou continente. Etimologicamente, a
palavra provém do latim, terra-territorium e terreo-territor (terror, aterrorizar), numa alusão ao
impedimento, por meio do medo, da entrada de grupos não pertencentes em um determinado
recinto. Subjascentes estão as ideias de domínio e de poder demarcatório, a apropriação de um
espaço compartilhado por alguns e não acessível por outros. Estas delimitações de natureza
espacial e geográfica foram propostas por Milton Santos em "Por uma Geografia Nova, da Crítica
da geografia a uma geografia crítica"(1978), e também no grupo em que participou na
publicação: “O papel ativo da geografia: um manifesto”(2000)2 (Bernardes et. al. 2019); Claude
Raffestin (1993) “Por uma geografia do poder, Robert Sack (1983) “Human Territoriality: its
theory and history”, Manuel Correia Andrade (1995) em “A questão do território no Brasil”.

Santos promoverá a visão geográfica que vai além de uma ciência de localização, mas da
produção de entendimentos sobre o território usado, “tanto o resultado do processo histórico
quanto a base material e social das novas ações humanas”, que permite pensar a relação dos
objetos (a materialidade) e ações (a sociedade), “e os mútuos condicionamentos entretecidos
com o movimento da história”. (2000) A noção de “território usado” traz à tona os elementos
que estruturam sociedades e a complexidade destes usos, dentre eles, atores hegemônicos que
fazem do “território usado” recurso para realização de interesses particulares. Distintos atores
detêm diferentes poderes, formando diversas formas de convívios entre aqueles que exercem
e aqueles que submetem-se a poderes, em combinações que resultam na configuração dos
lugares.

Rogério Haesbart e Ester Limonad (2007) adotam a ideia de apropriação do espaço sob a ótica
de vulnerabilidade proposta por Susan Cutter em Vulnerability to environmental hazards (1996),
focalizada nos riscos, nas perdas e nas condições de baixa resiliência. Marandola Jr. e Joseph
Hogan utilizam essa construção de Cutter, somando aos aspectos ambientais a dimensão

2Apresentado por Milton Santos e pelo Núcleo de Estudos Territoriais da Universidade de São Paulo durante o XI
Encontro Nacional de Geógrafos, realizado em julho de 2000 em Florianópolis SC.

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socioeconômica, em que se correlacionam a vulnerabilidade territorial à pobreza, formando o
binômio da vulnerabilidade sócio-territorial que abordamos aqui (figura 1). Valverde (2017), leva
adiante a discussão abordando a responsabilidade do poder público em relação a estes
territórios. Ainda os dados obtidos no Atlas de vulnerabilidade social (IVS), organizado pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), permitem observar como a vulnerabilidade
social está estreitamente relacionada à localização em determinados territórios (COSTA E
MARGUTI, 2018). Embora a análise se dê no contexto brasileiro, confrontando-a com os
relatórios de âmbito mundial analisados no âmbito do projeto de pesquisa, é possível propor
que seus indicadores sejam válidos também em outros contextos de vulnerabilidade sócio-
territorial. É necessário portanto levar em conta que as condições de vida das pessoas mais
pobres resultam em mais exposição ao risco e menos opções para evitar, lidar ou recuperar-se
dos impactos.

Figura 1: Moradoras de Sinthian buscando água. Fonte: TOSHIKO,2015, n.p.

Arriaga (in: YÁÑEZ-ROMO et. al., 2017) corrobora a visão de Santos ao sustentar que a noção de
vulnerabilidade emerge das diferenças socioeconômicas entre diferentes grupos em suas
estruturas sociais, o que resulta em desvantagens e riscos de mobilização dos recursos de que
dispõem os indivíduos, lugares, comunidades e territórios, diminuindo as chances de integração
e mobilidade social, ou mesmo enfrentar ameaças ao bem-estar. Yáñez-Romo, Muñoz-Parra e
Dziekonski-Rüchardt (2017) propõem a seguinte definição:

Etmologicamente, o termo vulnerabilidade provém do latim vulnus, que pode


ser traduzido como "ferida"; a parttícula abilis, equivalente a "que pode"; e
finalmente o sufixo -dade, indicativo de qualidade. Daí que vulnerabilidade
possa definir-se como "a qualidade que alguém tem para poder ser ferido".
(YÁÑEZ-ROMO et. al., 2017, p. 3)

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Observamos que a noção de vulnerabilidade é comumente empregada para referir-se ao
binômio território e defesa, a suas suscetibilidades aos desastres naturais, ao meio geográfico
em relação aos fatores humanos, à fragilidade do patrimônio histórico, aos efeitos que os
sistemas financeiros exercem sobre o espaço físico, e também para pensar na situação de
comunidades a partir da perspectiva do desenvolvimento sustentável. Pode- se considerar que
a vulnerabilidade territorial consiste na vulnerabilidade do binômio território e sociedade.
(SANCHIS, 2009, p. 157). Fatores que interferem na vulnerabilidade de indivíduos e
comunidades são, retomando o que foi dito acima, os recursos para: evitar, lidar e superar
impactos e perdas. Nesse sentido, e no contexto da análise apresentada aqui, os Centros
Comunitários representam um elemento na sinergia das relações entre os territórios e as
comunidades que os ocupam, com um papel importante na vida das mulheres. Representam
lugares em que as atividades de planejar a prevenção, administrar a crise e recuperar-se dos
impactos pode ser realizada de forma pública e coletiva. Lugares em que as mulheres, maioria
da população em territórios vulneráveis, podem assumir posições de representação e liderança,
como discutimos na próxima sessão.

O PAPEL DOS ESPAÇOS PÚBLICOS, COLETIVOS E ABRIGADOS PARA AS MULHERES EM


SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SÓCIO-TERRITORIAL

Como mencionado acima, a ideia inicial baseou-se na constatação, por meio dos estudos
empreendidos no projeto de pesquisa Cidade, Gênero e Infância, de que a presença de espaços
públicos de uso coletivo, abrigados das intempéries e projetados para o convívio, têm um
importante papel no rompimento do isolamento doméstico das mulheres.

Os resultados do levantamento realizado pelas Nações Unidas e publicados no relatório Global


Human Overview: 2018 (UN-OCHA, 2018). Organizado a partir de coleta de dados em múltiplas
fontes e entrevistas com milhares de pessoas diretamente afetadas por crises, o relatório
aponta a urgência em oferecer condições básicas de vida e desenvolvimento para milhões de
pessoas, em sua maioria mulheres e crianças abaixo de 14 anos (UNFPA, 2018), colocados em
situação vulnerável, seja pelo deslocamento forçado - devido a conflitos armados ou desastres
climáticos - seja por se acharem em territórios urbanos informais e precários. O relatório foi
publicado quatro anos após a divulgação dos “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS)”, estabelecidos na Cúpula das Nações Unidas em 2015, que busca orientar políticas
nacionais e atividades de cooperação internacional até 2030 (Itamaraty, 2015), mostrando a
urgência da busca por tornar de alguma forma concretas diretrizes contidas ali.

Um dos fatores críticos neste cenário é a deficiência no exercício dos direitos reprodutivos das
mulheres em territórios vulneráveis. Nenhum país no mundo alcançou a efetivação dos direitos
reprodutivos, e as implicações afetam não apenas indivíduos, mas comunidades, instituições,
economias, mercados de trabalho e nações inteiras. A efetivação dos direitos reprodutivos é
afetada pelo funcionamento dos sistemas de saúde, por empregos que não viabilizam o cuidado
com a gestação e as crianças, pela pobreza e educação insuficiente. (UNFPA, 2018) Um dos
resultados mais tristes da falta de opção e poder das mulheres em relação a ter filhos verifica-
se nos números mais altos de crianças em países vulneráveis. Hoje, a população abaixo de 14
anos representa 25% dos indivíduos. Entretanto, a taxa em países de maior vulnerabilidade é de
40%. Como resultado, uma em cada quatro crianças no mundo está vivendo em um país afetado
por conflitos ou desastres, enfrentando violência, fome e doença. Em 2017, mais de 75 milhões
de crianças passaram por interrupção em sua educação por causa das crises humanitárias, tendo
ameaçados não só seu bem-estar no presente como suas perspectivas de futuro. (GHO, 2019)

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O cenário acima é parte de um ciclo problemático: territórios urbanos vulneráveis abrigam mais
crianças que dependem predominantemente do cuidado de mulheres que ao gastarem tempo
desproporcional no cuidado com elas são prejudicadas em sua educação e rendimentos,
provendo menos educação e cuidado para sua família, cuja situação permanece precária,
alimentando uma situação que gera maior vulnerabilidade para os territórios que habitam. A
situação fica ainda mais séria quando se computam os outros trabalhos não-remunerados
impostos predominantemente às mulheres, como cuidar dos enfermos, dos idosos, realizar
serviços comunitários (figura 2). globalmente, as mulheres gastam três vezes mais tempo em
trabalhos não-remunerados do que os homens. (Samman et. al, 2016, p. 10).

Fig. 2: Sala de aula com mesa única comunitária. Fonte: PANI, 2015, n.p.

Os caminhos para o enfrentamento dos desafios impostos às comunidades vulneráveis, passam,


portanto, pela abordagem sistemática dos problemas que afetam as condições de vida das
mulheres, do exercício de seus direitos reprodutivos e das condições de gestação, cuidados e
desenvolvimento de suas crianças. Isso foi reconhecido por uma das mais importantes agendas
de desenvolvimento mundial, os “Agenda 2030: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS)”, formulados pelas Nações Unidas em conjunto com governos locais e regionais, pelo
PNUD, ONU-Habitat e representantes da sociedade civil. Sinteticamente, a Agenda 2030 é um
plano composto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas para erradicar a
pobreza e promover vida digna para todas e todos dentro dos limites do planeta. O Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 propõe promover a igualdade entre os sexos e o
empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Além disso, trabalhos referenciais de urbanismo de gênero são úteis ao apontar o que deve ser
implantado em uma comunidade afim de que os direitos das mulheres sejam efetivados
concretamente. Dentre estes podemos mencionar: “Urbanismo com perspectiva de género”,
coordenando por Inéz Sanchez de Madariaga para a Junta de Andalucia (2004); “Learning from
Women to Create Gender Inclusive Cities” (Women in Cities International, 2010); “Building Safe

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and Inclusive Cities for Women – a practical guide” (ONU Habitat / ONU Mulheres, 2011);
“Gender Issue Guides – Urban Planning and Design” (Miller e ONU Habitat, 2012) Em síntese,
estes documentos apontam a importância de serem levadas em conta as especificidades das
mulheres. Enfatizam ainda a necessidade de se levarem adiante pesquisas sobre os modos como
as mulheres entendem a sua própria condição de gênero, e como se posicionam e são
posicionadas em relação às suas famílias de origem, famílias que constituíram, a seus círculos
sociais, de trabalho, de serviços comunitário e lazer (figura 3). Apontam, no que diz respeito à
configuração do espaço urbano e das edificações, a necessidade de entendimento de suas
necessidades específicas, expectativas e anseios.

Fig. 3: Mulheres na biblioteca. Fonte: THREAD, 2016, n.p.

Nesse sentido, entendemos que a arquitetura dos Centros Comunitários impacta na vida das
mulheres em proporção aos modos como são pensados os espaços para o encontro, a troca, a
colaboração, a realização de atividades coletivas e, especialmente, para o exercício da
participação nas decisões da comunidade e representação pública em contextos mais amplos
(figura 4). Com isso em vista, apresenta-se uma seleção de projetos de Centros Comunitários
que foram analisados no contexto da dissertação de mestrado de uma das autoras.

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Fig. 4: Pavilhoes para Okana, vista interna espaço para costura.Fonte: PAVILIONS, 2015, n.p.

ARQUITETURA DOS CENTROS COMUNITÁRIOS EM TERRITÓRIOS VULNERÁVEIS

Como dito acima, os projetos de centros comunitários aqui apresentados foram selecionados a
partir de um mapeamento realizado entre 2007 e Julho de 2017 nas revistas Arquitectura Viva
(compreendendo os periódicos AV monografias e AV proyectos), Architectural Record, Summa+
e no periódico eletrônico Archdaily. Com base nesse mapeamento inicial, foram utilizados os
seguintes critérios: 1. projetos publicados sob a denominação de centros comunitários ou
centros sociais; 2. projetos que apresentassem espaços livres multifuncionais para uso coletivo.

Foram analisados o programa, a implantação, a organização espacial e os materiais e técnicas


construtivas empregadas, construindo-se a partir daí uma interpretação sobre sua geometria e
materialidade. Também o potencial de permanência do edifício, avaliado pela adoção de
recursos de autossuficiência e gestão foram levados em conta. No todo, buscou-se construir um
perspectiva sobre o papel dos centros comunitários que compreende desde o processo de
projeto e construção até a apropriação destes edifícios e seu potencial de contribuição para a
transformação da realidade das comunidades em que se inserem, em particular para as
mulheres e crianças que constituem, em geral, a maioria de usuários destas estruturas.

Estratégias de projeto dos Centros Comunitários frente à vulnerabilidade ambiental e


climática

Como Alber enfatizou (2011), as mulheres são as mais afetadas mundialmente pelos efeitos das
mudanças climáticas, que tornam mais intensos eventos como tufões, enchentes e secas, que
somam-se à incidência de eventos naturais como terremotos e tsunamis. Três dos territórios em
que se levantaram projetos de centros comunitários localizam-se em áreas de alta incidência
deste tipo de desastres. As edificações, nestes contextos, destinam-se ao apoio à população

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após incidentes, embora não sejam capazes de suportar uma nova catástrofe, dada a
complexidade tecnológica e o custo envolvidos. Os dois primeiros estão em mais sujeitos a
terremotos: Centro Comunitário Pumanque (2014, Chile)(figura 5), Renascer Chamanga (2016,
Equador). O terceiro, Arena do Morro (2014, Brasil), situado no bairro de Santa Maria em Natal
RN em uma região sujeita a desmoronamentos, como o ocorrido em junho de 2014 onde
diversas casas desabaram.

Fig. 5: Vista do acesso ao terraço do centro comunitário Pumanque. Fonte: PUMANQUE, 2016, n.p.

Outros quatro projetos localizados em territórios vulneráveis ambientalmente empregam


estratégias de projeto para resistência e proteção. O Centro Comunitário Las Margaritas ( 2013,
México), situado em região de clima desértico - seco e de temperaturas extremas - em que
paredes de tijolos de 40 cm de espessura e uma camada de terra de 10 cm na cobertura ajudam
a controlar a temperatura interna; banheiros secos e sistema de captação de águas pluviais
otimizam o uso de recursos hídricos. Os pisos dos Pavilhões para Okana (2016, Quênia), elevam-
se 40 cm do solo para conviver com as inundações outonais e os pisos circundantes, 20 cm. No
Vietnã, o Bottle Sail (2014, Vietnã), foi projetado para suportar tufões, de modo a proteger as
sementes ali armazenadas; a Casa Comunitária Cam Thanh (2015, Vietnã), resistente a tufões
e ventanias, apresenta um telhado em formato reverso, encaminhando as águas de
tempestades para um vazio central onde são captadas.

O papel dos Centros Comunitários frente à vulnerabilidade social e econômica

A pobreza é o principal fator a forçar populações a acomodarem-se em territórios vulneráveis.


A fragilidade física e social, exposição aos riscos e baixa resiliência são características destas
populações que, como vimos, é composta mundialmente por uma maioria de mulheres e

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crianças. Dentre os fatores que mais prejudicam suas condições de vida, estão a dificuldade de
acesso a água limpa, infra-estrutura de saneamento e energia elétrica. À medida em que os
Centros Comunitários integram sistemas desse tipo, tornam-se importantes pontos de apoio às
populações a que atendem. Sistemas de captação e tratamento de água e painéis solares são
alguns dos elementos empregados por projetos como a Casa Comunitária Cam Thanh e a
residência de artistas e centro comunitário Thread onde o sistema de captação de águas pluviais
é capaz de armazenar água suficiente para abastecer o vilarejo e seus animais (figura 6).

Fig. 6: Diagrama de consumo de água da residência de artistas e centro comunitário Thread. Fonte: TOSHIKO, 2015, n.p.

Os aspectos de durabilidade destas construções é ainda um fator crítico, uma vez que são
implantados em regiões carentes de recursos e alternativas da manutenção. Em todos os
projetos analisados a mão-de-obra empregada foi a local, o que pode ser considerado um fator
favorável à manutenção. Por outro lado, é de se perguntar qual será o destino a médio e longo
prazo dos Centros Comunitários cujo material foi trazido de longe, como no caso de Lengson
Kayira (2014) (figura 7), no Malauí, em que todas as peças foram trazidas prontas em um
contêiner, restando apenas montá-las no local.

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Fig. 7: Vista do acesso ao Centro comunitário Legson Kayira. Fonte: THE LEGSON, 2018, n.p.

Em condições de vulnerabilidade social e econômica, a apropriação dos espaços de apoio e


atendimento é um aspecto importante, em que escala, forma e configuração das estruturas
interferem. Todos os projetos levantados acompanham a escala das obras existente em seu
entorno, em geral edificações térreas ou de um pavimento. Por outro lado, destacam-se pela
geometria resultante dos espaços livres cobertos e de uso coletivo. Em alguns casos, empregam
materiais próprios da região, outras vezes, materiais diferentes tornam a edificação um ponto
de contraste na região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não há um programa estabelecido para Centros Comunitários, que variam em função da região
em que se inserem, a comunidade a que se destinam, quem promove seu projeto e construção,
quem projeta e quem constrói. Os projetos levantados nos mais variados continentes,
entretanto, têm uma característica em comum, a oferta de um espaço de uso flexível, coberto,
protegido de intempéries e de uso coletivo, ou seja, proporcionam o encontro entre pessoas da
comunidade. A presença de sanitários sugere a ideia de acolhimento e permanência. No mais,
os projetos são bastante variados, sempre sugerindo a existência de atividades atribuídas às
mulheres, crianças e adolescentes, embora possam também ser usadas por homens adultos:
cozinhas, brinquedotecas, bibliotecas, quadras. Vários dos Centros destinam algum espaço para
ateliês, aulas e outros espaços de trabalho. Vários possuem sistemas de captação de água, e
disponibilizam espaço para tomar banho, aspectos importantes em áreas de infraestrutura
carente.

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A existência destes centros, em contextos em que a vulnerabilidade sócio-territorial representa
um risco para uma maioria de mulheres e crianças, têm pelo menos uma dupla função. Do ponto
de vista territorial, ajuda a mitigar os efeitos da carência de água tratada, energia elétrica (para,
por exemplo, estoque de alimentos e comunicação), e de assistência médica e de serviços, já
que muitos destes centros são pontos, permanentes ou temporários, de atendimento.

Do ponto de vista social, os Centros Comunitários podem consistir no local de encontro fora da
esfera doméstica, para mulheres e crianças, fator essencial, para as crianças, para o contato com
outras crianças, para o brincar ao ar livre em segurança, para a troca, o aprendizado e o
recebimento de cuidados médicos, psicológicos e de ensino. Para as mulheres, representa a
possibilidade de integrar redes de apoio e cooperação com outras mulheres, obterem
conhecimentos não apenas funções domésticas e maternas, mas também acerca de sua saúde,
de seus direitos, além de qualificação profissional e representação dos interesses de sua
comunidade na esfera pública.

A realização destas atividades em espaços pensados, desenhados e construídos para essa


finalidade têm um significado próprio, diferente do uso de espaços adaptados e improvisados,
ainda que estes possam ter um imenso valor afetivo, cultural e histórico. Talvez seja possível
dizer que uns não substituem outros, mas antes, complementam-se, articulam-se, atribuem-se
mutuamente significados na trajetória de uma comunidade em busca de condições de vida
digna.

REFERÊNCIAS

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