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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

Discente: Gabriela Rios Menezes Docente: Joel lima


EMBALAGEM TETRA PAK
Na Europa, durante a Segunda Grande Guerra, o problema de abastecimento de
leite foi minimizado quando Ruben Rausing desenvolveu uma embalagem
tetraédrica(Imagem 2), empregando papel e plástico, selado na ausência de oxigênio. Era o
começo da embalagem cartonada longa vida(tetra pak). Durante a década 50, com o
aprimoramento da técnica do envase asséptico e buscando resolver também os problemas
de estocagem, a embalagem cartonada ganhou o formato de um paralelepípedo(Imagem 3)
que temos até hoje. Em 1961, iniciou-se o uso comercial das embalagens longa vida, as
quais chegaram ao Brasil no início dos anos 1970.
Imagem 1 Imagem 2 Imagem 3

Início do século xx Novembro de 1952 Meados da década 50

MATERIAIS QUE COMPÕEM A EMBALAGEM CARTONADA PORQUE FORAM


ESCOLHIDOS:

Além da conservação dos alimentos por períodos prolongados, o uso das


embalagens cartonadas representa uma economia de energia elétrica, já que a maioria dos
produtos não necessita de refrigeração enquanto fechados, seja no transporte ou no
armazenamento. Essas embalagens são leves (embalagens de 1 litro pesa,
aproximadamente, 28 g), contribuindo para a economia de combustíveis durante o
transporte. O volume ocupado pelas embalagens também é pequeno: 300 embalagens de
um litro, vazias e compactadas, ocupam um espaço equivalente a 11 litros (Zortea, 2006). O
transporte para as empresas processadoras de alimentos é feito na forma de bobinas,
evitando o transporte de ar(imagem 4).
As embalagens cartonadas são constituídas por multicamadas de papel, plástico e
alumínio (imagem 5) e variam em tamanho, forma e maneira de abertura, as quais são
escolhidas conforme o produto a ser envasado. Em sua constituição, o papel representa
75% em massa da embalagem, enquanto o alumínio e o plástico representam 5% e 20%,
respectivamente.
Imagem 4 imagem 5

bobinas de caixa de leite divisão de materiais


Quadro 1: de materiais
Materiais: Razão engenharia Impactos no ambiente na
produção

PAPEL CARTÃO/PAPEL Oferece suporte mecânico e ● São necessários:


DUPLEX resistência à embalagem, — 2 toneladas de madeira
além de receber a para 1 de papel;
impressão dos rótulos. — de 44 a 100 mil litros de
água;
— de 5 a 7,6 mil kW de
energia
● Cada tonelada de
papel
gera (volume de lixo):
— 18 kg de poluentes
orgânicos descartados nos
efluentes;
— 88 kg de resíduos sólidos
(de difícil degradação, como
lama de carbonato, rejeito
de fibras e lodo primário)
que podem causar
contaminação de águas
subterrâneas e a
degradação do solo.

ALUMÍNIO Utilizado nas embalagens — A transformação da


atua como uma barreira à alumina em alumínio gera
entrada de luz e oxigênio alguns gases poluentes,
como o gás carbônico (CO₂)
e os perfluorcarbonetos
(PFCs).
— A frequente emissão
desses gases na atmosfera
contribui para o efeito estufa
e intensifica o processo do
aquecimento global.

(POLIETILENO DE BAIXA É dúctil o que permite que — Estima-se que sejam


DENSIDADE, PEBD) ele seja usado na produção gastos 180 litros de água
de filmes plásticos. Outra para a produção de 1 kg de
propriedade importante do plástico.
polietileno é o fato de ser — Mais de 400 anos para
apolar e, assim, não ter se decompor na natureza.
afinidade por água, o que é — Afeta a qualidade do ar,
essencial para o uso em do solo e sistemas de
embalagens de alimentos. Fornecimento de água, uma
vez que o descarte incorreto
na natureza polui aquíferos
e reservatórios.

CICLO DE VIDA E RECICLAGEM DAS EMBALAGENS CARTONADAS:


A análise do ciclo de vida de um produto é uma ferramenta importante tanto para a
logística quanto para a verificação da viabilidade econômica de um processo produtivo.
Também permite verificar todos os processos sofridos pelo produto, desde a sua
fabricação até a sua destinação final, incluindo-se aí o impacto gerado sobre o ambiente e
os custos associados ao tratamento para minimização desse impacto (Zortea, 2006). O
desperdício de um produto, além das implicações ambientais, representa a perda de um
valor energético agregado. Portanto, materiais recicláveis apresentam menor custo de
produção do que as matérias-primas, pois já incorporaram processo e conteúdo energético.
Imagem 6: ciclo de vida das embalagens

Apesar da reciclagem de polímeros, de papel e do alumínio serem conhecidas e


feitas individualmente, quando se trata das embalagens de Tetra Pak, e ela sendo um
compósito a separação dos materiais tornar se mais complicada , além de que se
descartada de forma errônea demoraria 180 anos para degradar no ambiente.
O modelo tradicional de reciclagem dessas embalagens permite a separação do
papel, mas mantém o plástico e o alumínio unidos. Nesse processo, a etapa inicial promove
a agitação mecânica das embalagens com água, em um equipamento chamado hidrapulper,
possibilitando a hidratação das fibras de papel, separando-as das demais camadas de
plástico e alumínio. O alumínio e o polietileno são prensados e secados ao ar. A
recuperação posterior desses dois materiais pode envolver a incineração com obtenção de
energia, produzindo vapor d’água, dióxido de carbono e trióxido de alumínio (Al² O³), que
pode ser usado como agente floculante em tratamentos de água ou como refratário em
altos-fornos. O alumínio também pode ser recuperado na forma metálica em fornos de
pirólise, com baixo teor de oxigênio, em que o plástico serve como combustível para o
próprio forno. Nesse caso, o polietileno reage com o oxigênio, liberando energia.
Outra opção, atualmente empregada no Brasil , é a fabricação de telhas ou placas
recicladas, que acontece da seguinte forma uma vez triturado o material (alumínio e
polietileno) é dosado em formas e para impedir que o material grude na prensa, é colocado
sob e sobre o material, um filme plástico de alta temperatura de fusão, em seguida, é levado
para a prensa aquecida a cerca de 180 °C. As telhas adquirem formas e dimensões
semelhantes às telhas de fibrocimento.

Imagem 7: Reciclagem

TELHAS TETRA PAK:


No início década de 90, aconteceu a Eco-92 onde foi discutido o desenvolvimento e
o meio ambiente lá surgiu o termo ecoeficiência que significa reduzir os impactos ambientais
e aumentar os lucros das empresas, ou seja, o lucro e o meio ambiente não devem ser
observado separadamente, mas caminharem juntos visando o lucro sem desperdício de
produtos.
Anos depois em 1999,partindo do princípio de que a mistura de plástico e alumínio
das embalagens é um material nobre, caro e muito resistente, o Departamento de Meio
Ambiente da Tetra Pak começou a estudar uma maneira de prensar e transformar a mistura
em placas rígidas, que poderiam ser utilizadas para diversos fins na construção civil
(tapumes, revestimentos, etc.) O resultado é a utilização do polietileno-alumínio para
produção de telhas, já que este não perde a sua capacidade de reciclagem.
No processo de fabricação de uma telha 2,20 × 0,90 que pesará 14 kg são
necessárias cerca 2.000 embalagens longa vida, a telha será composta de 75% de PEBD
(Polietileno de Baixa Densidade e 25% de alumínio. Sendo constituída destes materiais a
telha ganha qualidades como:

Quadro 2: qualidade e ganhos no uso das telhas recicladas de embalagens longa


vida.
QUALIDADE GANHO:

Baixa densidade Economia na estrutura do telhado

Impermeabilidade* Menor chance de criar fungos

Resistência ao fogo Não há propagação de chamas para outros ambientes.

Resistência a intempéries** Aumenta a durabilidade do produto


* pode variar muito, conforme a quantidade de papel restante na matéria-prima e qualidade
da prensagem
** Resistência a intemperismo vai está ligada à resistência mecânica, definirá o tempo de
vida útil do produto.
Outras qualidades que podem ser destacadas são: produto ecológico, pois não tem
em seu processo de transformação, nenhum tipo de efluente ou poluente atmosférico; não
cancerígeno; e não é agressivo à saúde de quem o produz, manuseia ou usa, por ser um
material limpo e inodoro.

Quadro 3: Propriedades gerais das telhas recicladas de embalagens longa vida.

Fonte: IPT(Instituto de pesquisa tecnológica)

As telhas Tetra Pak são muito resistentes podendo receber cargas de até 150 kg/m²,
diminuem a temperatura do ambiente em 85% se revestidas de alumínio. A resistência da
telha Tetra Pak é reafirmada quando o material é submetido a testes de impacto, ela não
trinca mesmo quando jogada no chão.
Imagem 8 Imagem 9 Imagem 10
Resistência de impermeabilidade Resistência a impacto Resistência a chamas

USO:
As coberturas ecológicas são muito utilizadas quando é aplicado o método de
construção modular que se baseia em módulos individuais pré-fabricados em linha de
montagem e instalados no local da obra. Estes módulos podem ser feitos de madeira, vidro,
concreto, aço/steel frame e outras matérias-primas utilizadas na construção pré-fabricada.
Essa metodologia comporta diversas técnicas e é eficiente para a produção industrial por
permitir processos simultâneos. Assim, os custos são reduzidos, bem como o prazo da obra.
Aplicação em telhados: lojas, galpões, escolas, residências.

Instalação Passo a passo:


1 — o projeto estrutural da cobertura deve respeitar as, seguinte especificação:

Imagem 11: instalação

● Deve ter no mínimo 18% e no máximo


27% de inclinação
● A distância máxima entre uma terça e
outra deve ser de 1 metro.

2 — montagem:
● A montagem deve ser feita do beiral
para a cumeeira. No caso de águas opostas, fazer
as duas montagens sucessivamente conforme
indicado.
● Perfuração das telhas devem acontecer
somente na onda alta da telha, não utilize parafuso
na onda baixa.
● Regiões sem incidência de ventos fortes:
4 parafusos por telha.
● Regiões com incidência de ventos fortes:
6 parafusos por telha.
Como podemos ver nas imagens ao lado é uma
cobertura de fácil fixação de pregos, parafusos e
rebites, o material também permite o
recebimento de pintura acrílica e de adaptação geométrica, uma vez que pode ser cortada
em todas as direções, reduzindo a geração de resíduos na obra.
TEMPO DE VIDA ÚTIL:
Mesmo que o produto tenha uma estimativa de 30 anos de duração, não podemos
esquecer que uma dos seus materiais o PEBD é um polímero que sofre degradação quando
exposto à atmosfera, onde as reações fotoquímicas, envolvendo fótons solares ultravioletas
e o oxigênio, conduzem a cisão da cadeia. Além de que as reações químicas podem ser
aceleradas por temperaturas elevadas causadas pelo efeito de aquecimento do sol
(TURNBULL & WHITE, 1994).( Shah et al. 2008) salientam que a degradação reflete nas
alterações das propriedades dos materiais poliméricos, tais como características mecânicas,
ópticas ou elétricas, em fissuras, rachaduras, erosão, descoloração ou delaminação.
Imagem 12 Imagem 13

Degradação em telhas Degradação 6 anos de uso


10 anos de uso delaminação
A perda da camada superior de alumínio resulta também na perda de resistência à
abrasão. Com o aumento do escoamento das águas pluviais sobre a cobertura de telhas
ecológicas ocorre o transporte sedimentos do próprio material, por fim com o material frágil
se ele se tornar passível de desenvolvimento de microorganismos, só restando como
opção a troca o telha e a reciclagem energética da telha afetada.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

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