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SUPORTE BÁSICO DE VIDA E SOCORRO DE EMERGENCIA

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Sumário
Sumário .................................................................................................................... 1

1. NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................... 3

2. AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA ....................................................................... 4

3. SUPORTE BÁSICO DA VIDA .............................................................................. 5

4. ................................................................................................................................. 5

5. CARACTERÍSTICAS DO SOCORRISTA ............................................................ 5

6. ................................................................................................................................. 6

7. ................................................................................................................................. 6

8. ASPECTOS LEGAIS NO ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS/EMERGÊNCIAS .. 6

9. DEFINIÇÕES PRELIMINARES ............................................................................ 7

10. COMO FAZER A AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA? ..................................... 9

11. AS URGÊNCIAS/EMERGÊNCIAS TÊM FORMAS PECULIARES DE


MANIFESTAÇÃO ..................................................................................................... 11

12. A CENA PRÉ-HOSPITALAR E A BIOSSEGURANÇA .................................. 16

13. BIOSSEGURANÇA ......................................................................................... 17

14. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR ............................................................ 21

15. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) DE ADULTO REALIZADA POR


SOCORRISTA LEIGO .............................................................................................. 23

16. COMO FAZER O RECONHECIMENTO DA PCR NA PEDIATRIA? .............. 27

17. PRIMEIROS SOCORROS NO AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR .................... 30

18. ABORDAGEM INICIAL À VÍTIMA DE QUEIMADURAS ................................ 39

19. CUIDADOS RELATIVOS ÀS SITUAÇÕES ESPECIAIS ................................ 43

20. ABORDAGEM INICIAL À VÍTIMA DE INTOXICAÇÕES EXÓGENAS ........... 46

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21. ABORDAGEM INICIAL À VÍTIMA DE ACIDENTES COM ANIMAIS
PEÇONHENTOS E VENENOSOS ............................................................................ 50

22. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 56

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1. NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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2. AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA

A recuperação das vítimas portadoras de um mal-estar súbito no ambiente pré-


hospitalar está diretamente relacionada com a rapidez, o conhecimento e as
habilidades do socorrista para o reconhecimento das situações de risco de vida que
requeiram atendimento imediato. Medidas intempestivas no atendimento de suporte
básico de vida podem contribuir para o aumento dos índices de morbimortalidade.
Leigos, na ânsia de ajudar e por falta de conhecimentos e habilidades relacionadas
aos primeiros atendimentos à vítima, podem contribuir para o agravamento da
situação, inclusive com danos irreversíveis. Uma das possibilidades para reverter esse
quadro é: „ primeiramente, o investimento na prevenção de acidentes; e, „ em seguida,
o investimento na educação voltada para o preparo de leigos no atendimento de
primeiros socorros e suporte básico de vida no ambiente pré-hospitalar, com o objetivo
de compartilhar conhecimentos, com mais uma parcela da população, contribuindo
para salvar vidas e minimizar os índices de morbimortalidade. De acordo com o
Ministério da Saúde, morbimortalidade é o impacto das doenças e dos óbitos que
incidem em uma população.

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3. SUPORTE BÁSICO DA VIDA

Ao aproximar-se da vítima, o socorrista, com conhecimento e habilidades de


primeiros socorros e suporte básico de vida, fará uma avaliação inicial e definirá
procedimentos que serão realizados na cena, preparando a vítima para o transporte
com segurança. Nesta seção, procuraremos situar você sobre a importância do
conhecimento relativo ao suporte básico de vida. Iniciaremos apresentando:
características do socorrista; aspectos legais no atendimento; e algumas definições
básicas.

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5. CARACTERÍSTICAS DO SOCORRISTA

Para fazer um bom atendimento, o socorrista, além de necessitar de segurança


pessoal, precisa respeitar deveres e responsabilidades específicas frente à cena. Em
termos de segurança pessoal, é necessário garantir: a segurança na aproximação da
vítima durante o atendimento; e a segurança relacionada à proteção contra doenças
infecciosas. Em relação aos deveres e às responsabilidades: acesso à vítima com
segurança, utilizando-se de EPIs; realizar a avaliação primária e secundária da vítima,
providenciando atendimento imediato para a manutenção dos sinais vitais; „ mobilizar
a vítima somente quando necessário, para a realização de algum procedimento com
a garantia de não ocasionar lesões adicionais; Uso de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs) para evitar contato com sangue e outros fluídos corpóreos, auxiliar
na transferência da vítima e prestar informações pertinentes a quem assumir a
continuidade do atendimento; „ no caso de acidentes, controlar o local protegendo a
si, a vítima e prevenindo outros acidentes; „ utilizar de informações obtidas no local e
da avaliação da cena, além dos exames, primário e secundário, para identificar o que
está acontecendo com a vítima; „ decidir quando os requisitos de segurança ou o
atendimento exigirem a mobilização da vítima, minimizando as possibilidades de
lesões adicionais; „ obter ajuda do pessoal presente na cena e controlar suas
atividades; e „ providenciar o serviço móvel para a transferência da vítima, além de
prestar as informações pertinentes e necessárias para a continuidade da assistência.
O socorrista também precisa levar em consideração alguns aspectos importantes

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quando em cena. Vejamos quais são esses aspectos: „ agir com rapidez e sem
precipitação; „ aprender a lidar com o público; „ ter discernimento quanto aos limites
do que pode ser comunicado à vítima; „ controlar seus sentimentos no local da
emergência; „ ser disciplinado – evitar comentários desnecessários – e concentrar-se
em suas atividades; e „ ao chamar o serviço móvel de atendimento às emergências,
o socorrista deve, sempre que possível, fornecer informações essenciais. Você sabe
quais informações são importantes para este momento? Saber informar a localização
exata da ocorrência; o nome ou número da rodovia, ponto de referência, tipo e
gravidade da ocorrência – se há fratura, dificuldade respiratória, sangramento; número
de vítimas e idade aproximada delas; assim como detalhes importantes da situação,
como, por exemplo, se as vítimas estão presas a ferragens ou se há combustível
inflamável no local e número de telefone para contato, se houver. Se você encontrar
a vítima em estado inconsciente, algumas ações são importantes. Vejamos quais
seriam essas ações: „ procurar documentos junto à vítima e tentar fazer contato com
familiares ou amigos; „ na realização de contatos, evitar passar impressão de
gravidade da situação; e „ fornecer, com clareza, dados que identifiquem o local da
intercorrência e para onde a vítima está sendo encaminhada.

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7.

8. ASPECTOS LEGAIS NO ATENDIMENTO ÀS


URGÊNCIAS/EMERGÊNCIAS

Os aspectos legais e essenciais dizem respeito ao seguinte: „ Dever agir Os


socorristas, as equipes do SAMU, da polícia ou do corpo de bombeiros, ao serem
solicitados, devem proporcionar um atendimento imediato, conforme procedimentos
operacionais de seus serviços.

Negligência

Diz respeito a não observação de padrões de assistência no atendimento à


vítima, que poderá contribuir para agravos adicionais com abrangência física ou
emocional. Um exemplo de negligência seria a mobilização de vítima com membro
inferior fraturado, sem a realização de imobilização no local.

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Abandono

Uma vez iniciado o atendimento à vítima, o socorrista não deve mais sair do
local antes da chegada de pessoal mais qualificado ou de ter providenciado a
transferência da vítima para o atendimento de suporte avançado. „

Consentimento informado e consentimento implícito

O consentimento informado equivale à autorização dada por um adulto


consciente, após ter sido informado sobre o preparo do socorrista, para lhe prestar o
atendimento. Os riscos e as opções de atendimento podem ser discutidos. No
consentimento implícito, presume-se que a vítima desejaria receber cuidados de
emergência/urgência. Aplica-se, também, à vítima desacompanhada e com distúrbios
mentais.

Sigilo

Os comentários desnecessários sobre o atendimento à vítima não devem ser


feitos, pois depõem contra a privacidade da vítima e dizem respeito à falta de sigilo.
Inconsciente ou gravemente ferida, assim como menores feridos, por exemplo,
desacompanhados dos pais ou responsáveis.

9. DEFINIÇÕES PRELIMINARES

A seguir, definiremos os conceitos básicos utilizados na área de Suporte Básico


de Vida. Antes de seguirmos para ações mais detalhadas, é importante que saibamos
o significado dos termos e conceitos que serão utilizados daqui em diante.

Primeiros socorros

São as avaliações e intervenções que podem ser realizadas por uma pessoa
presente leiga, socorrista ou profissional de saúde à vítima, com a utilização de
equipamentos mínimos ou até mesmo sem nenhum equipamento.

Socorrista

É um prestador de primeiros socorros; alguém com treinamento formal em primeiros


socorros, em cuidados de emergência/urgência.

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Suporte Básico de Vida

São medidas iniciais e imediatas aplicadas à vítima, fora do ambiente hospitalar,


onde são realizadas ações por pessoal treinado, na tentativa de manter os sinais vitais,
evitando o agravamento das lesões.

Suporte Avançado de Vida

São medidas que visam, por meio do emprego de técnicas, equipamentos e


medicamentos, a estabilizar a vítima do ponto de vista respiratório, circulatório e
neurológico, permitindo o controle de lesões de modo adequado a fim de proceder o
tratamento definitivo.

Emergência

Situação crítica que pode ser definida, de modo abrangente, como aquela em
que a vítima entra em desequilíbrio das suas funções vitais, por enfrentar agressões,
internas ou externas, ao organismo. Também pode ser definida como a situação que
resulta em drástico transtorno à saúde ou em súbita ameaça à vida, que exige
intervenção imediata para evitar complicações graves ou mesmo a morte da vítima.

Urgência

É uma situação em que a vítima apresenta disfunções sérias que necessitam


de intervenção, avaliação e atendimento, embora não imediatamente. A situação de
urgência coloca em perigo a saúde da vítima e pode evoluir para uma emergência.
Exemplos de uma situação de urgência são os desmaios, as fraturas simples fechadas,
as crises hipertensivas, entre outros. „ Sinais São alterações orgânicas que o
socorrista pode perceber por meio dos sentidos durante a avaliação da vítima.
Exemplos desses sinais são a palidez, a sudorese (suor excessivo), o sangramento,
o edema (inchaço), o odor alcoólico, entre outros.

Sintomas

São sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever. Por exemplo:


a dor, o calor, o frio, a fraqueza, a tontura ou a sensação de mal-estar. Agora que você
já conhece essas definições, vamos à prática! Visão, tato, audição e olfato.

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10. COMO FAZER A AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA?

A avaliação inicial da vítima é um meio de obter informações sobre os


problemas apresentados pela vítima decorrentes de um trauma ou mal-estar súbito
de qualquer outra natureza. A avaliação primária tem a finalidade de identificar e
corrigir situações que apresentam risco de morte à vítima. A American Heart
Association (AHA, 2010) recomenda que, na presença de vítima em colapso cardíaco
súbito, deve ser chamado serviço móvel de urgência imediatamente e, na sequência,
identificar sinais de Parada Cardiorrespiratória (PCR). Se a pessoa que presenciou o
colapso não tiver treinamento em Reanimação Cardiopulmonar (RCP), ela deverá
fazer somente as compressões torácicas na vítima adulta, com ênfase em “comprimir
forte e rápido” no centro do tórax até a chegada de socorro. É importante sabermos
diferenciar uma situação de colapso cardíaco de qualquer outra situação de mal-estar.

Como fazemos isso? Nesse caso, o socorrista deve realizar a avaliação do


nível de consciência por meio do AVDI, que diz respeito às seguintes palavras:

alerta (A), estímulos verbais (V), estímulos dolorosos (D) e inconsciente (I).

O socorrista deve responder às seguintes perguntas, um referente a uma das


letras da sigla:

A – A vítima está alerta?

V – A vítima responde aos estímulos verbais?

D – A vítima só responde aos estímulos dolorosos?

I – A vítima está inconsciente?

Depois disso, dando sequência ao atendimento, o socorrista deve realizar a


avaliação primária da vítima, levando em consideração os seguintes aspectos: O
reconhecimento da PCR no adulto consiste na constatação do estado de
inconsciência e na ausência de respiração ou respiração anormal.

Permeabilidade das vias aéreas: a entrada e a saída de ar dos pulmões


funcionam com normalidade? Presença de respiração: a respiração é adequada?
Presença de circulação: existe presença de pulso nas artérias periféricas e nas

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grandes artérias? Logo mais abordaremos os Sinais Vitais, concluindo o
conhecimento referente ao processo de avaliação primária. Neste momento,
comprovada a presença de respiração e circulação, você pode seguir realizando a
avaliação secundária, da cabeça aos pés da vítima. Essa avaliação consiste na
exposição da vítima, ou seja, na retirada de suas roupas, para a realização do exame
físico que, de acordo com Viana e Petenesso (2007), é o ato ou processo de
inspecionar, palpar, percurtir e auscultar determinadas regiões do corpo e seus
respectivos sistemas, a fim de detectar alterações no organismo. Vejamos cada uma
dessas ações mais detalhadamente: Inspeção O processo de observação detalhada
da superfície corporal com o objetivo de avaliar a coloração, a forma, a simetria, por
meio da visão, audição e do olfato, a fim de detectar alterações no organismo, é
chamado de inspeção. Podemos seguir um roteiro geral para a inspeção, verificando
o seguinte:

 Estado geral: observar a aparência classificando o estado da vítima em: BEG


(Bom Estado Geral), REG (Regular Estado Geral) e MEG (Mal Estado Geral).

 Nível de consciência: observar lucidez e verificar a qualidade do diálogo. „


Linguagem: comunica-se verbalmente ou por gestos, apresenta fala pastosa,
disartria ou está afônico, sem fala. Carótida e femoral.

 Dificuldade para articular palavras.

 Movimentação e postura: anda, não anda, assume posição relacionada à dor.

Coloração da pele e das mucosas: palidez, icterícia, cianose.

Ausculta

Na ausculta é possível ouvir os sons produzidos pelo organismo, que são


transmitidos para a superfície do corpo e captados de modo direto e de modo indireto.

Palpação

Utiliza-se o tato com o objetivo de identificar a temperatura, a umidade da pele


e os locais sensíveis à dor.

São usadas diferentes partes das mãos do socorrista para:

 Avaliar a temperatura, use o dorso das mãos;

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 Avaliar a umidade, use a palma das mãos; e

 Avaliar a dor, use as pontas dos dedos.

Modo direto

Orelha externa capta sons diretamente no local auscultado.

Modo indireto Sons captados por meio do estetoscópio.

Além de avaliar a temperatura, a umidade da pele e a presença de dor, a


palpação realizada da cabeça aos pés identifica anormalidades, ao comparar um lado
do corpo com o outro. Para isso, utiliza-se as duas mãos simultaneamente, palpando,
em sequência, cabeça, face, região cervical, tórax, abdome, pelve, extremidades
superiores e inferiores e coluna vertebral.

Percussão

É a realização de golpes com os dedos indicador e médio, da mão dominante


do socorrista, sobre os dedos da mão não dominante, colocados em áreas do
organismo que permitem avaliar tons, intensidade, vibração e detectar a presença de
ar e líquidos.

É comum, no dia a dia, nos depararmos com vítimas inconscientes, sem saber
o que está acontecendo. Por isso, precisamos afastar a possibilidade de traumas de
um modo geral.

Sinais Vitais (SV)

Os sinais vitais, de acordo com, Craven e Hirnle (2006), indicam a função de


alguns dos mecanismos homeostáticos do corpo. Os sinais vitais podem refletir muitas
coisas a respeito do estado de saúde/doença dos indivíduos, portanto os autores
estabeleceram valores tidos como normais para os sinais vitais nos diferentes grupos
etários,

11. AS URGÊNCIAS/EMERGÊNCIAS TÊM FORMAS PECULIARES


DE MANIFESTAÇÃO

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A verificação dos sinais vitais é um procedimento essencial para a realização
da avaliação inicial da vítima, pois são indicadores das condições de vida. Esses sinais
podem mostrar alterações orgânicas que chamarão a atenção do socorrista para
identificar o que está acontecendo com a vítima. Porém, fatores como a ansiedade, a
dor, o esforço físico e a temperatura ambiente, por exemplo, podem provocar
alterações nos sinais vitais. Após a verificação dos sinais vitais da vítima, vale fazer
uma comparação com os valores normais. Os resultados dos sinais vitais verificados
inicialmente são parâmetros para medições subsequentes. Valores isolados de sinais
vitais são pouco valiosos.

As técnicas para aferição dos sinais vitais são simples e fáceis de realizar,
porém a interpretação das medições exige conhecimento, raciocínio crítico e
experiência. No atendimento pré-hospitalar, a frequência com que se avaliam os sinais
vitais deve ser individualizada, ou seja, é a condição da vítima que determina a
frequência das avaliações. Além dos quatro sinais vitais clássicos, a Dor e o
Tamanho-Reatividade Pupilar são considerados como outros sinais vitais, tendo em
vista uma avaliação mais abrangente.

Prestemos atenção, portanto, aos sinais vitais, cada um com suas especificidades:
Pulso (P) A contração dos ventrículos do coração bombeia o sangue para dentro das
artérias. A pulsação pode ser percebida como uma expansão e retração da elevação
das artérias que se localizam próximas à superfície da pele.

Quais são as características do Pulso? „ Frequência ou velocidade: número de


batimentos por minuto. „ Ritmo: normalmente as contrações cardíacas ocorrem em
intervalo de tempo uniforme, resultando em ritmo regular. „ Qualidade: a força da
pulsação percebida na palpação do pulso pode ser pontuada em escores que variam
de zero a +4.

Pulso (P), Respiração (R), Temperatura (T) e Pressão arterial (PA). Pontuação
Qualidade 0 Sem pulso detectado. +1 Pulso fraco, filiforme, obliterado com a pressão.
+2 Pulso difícil de palpar. +3 Pulso normal. +4 Pulso hiperativo, facilmente palpado.

Fatores que afetam a frequência do pulso: idade, alterações do sistema


nervoso autônomo e uso de determinados medicamentos. Como avaliar o Pulso? O
pulso pode ser avaliado em qualquer lugar do corpo, desde que a artéria esteja
próxima à superfície da pele e possa ser comprimida contra a estrutura subjacente, o

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músculo ou o osso. Os pulsos mais comumente examinados são: „ o temporal; „ o
carotídeo; „ o braquial; „ o radial; „ o femoral; „ o poplíteo; e „ o pedioso.

Quais são os passos para a devida avaliação do pulso?

1. Posicione a vítima com o antebraço sobre o tórax com o punho estendido. A posição
relaxada permite a palpação mais fácil da artéria.

2. Coloque as pontas dos dedos – indicador e médio – ao longo do sulco na base do


punho da vítima.

3. Pressione os seus dedos contra a artéria radial para obliterar o pulso e, depois,
libere a pressão gradualmente para sentir as pulsações.

4. Avalie o pulso para regularidade e força e, depois, registre a frequência: no caso do


pulso regular, conte durante 30 segundos e multiplique por dois; no pulso irregular,
conte durante um minuto.

Uma dica importante: palpe a artéria carótida na metade inferior do pescoço


para evitar estimulação do seio carotídeo.

Não palpe os pulsos carotídeos – direito e esquerdo – ao mesmo tempo, isso


pode comprometer o fluxo sanguíneo cerebral.

Termo empregado para resumir dois processos diferentes, porém correlatos: „


respiração interna; e „ respiração externa. A respiração deve incluir a avaliação: „ do
ritmo e da profundidade, que precisam ser regulares; „ da qualidade, que deve ser
silenciosa, sem esforço; e; „ da frequência, ou seja, o número de movimentos
respiratórios por minuto. A anormalidade geralmente se caracteriza por problemas
relacionados ao esforço e ritmo respiratório. Agora que conhecemos um pouco sobre
o funcionamento da respiração e do que ela é constituída, vejamos os fatores que a
influenciam. Refere-se à utilização do oxigênio, à produção do gás carbônico e à troca
desses gases entre as células e o sangue. Processo de captar oxigênio e eliminar gás
carbônico do organismo.

Quais são os fatores que afetam a respiração? Diversos fatores podem afetar
a frequência, o ritmo e a profundidade da respiração. Conhecê-los permite a
identificação do significado dessas alterações. São eles: „ idade; „ uso de
determinados medicamentos; „ estresse; „ exercícios; „ altitude; „ sexo; „ posição

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corporal; e „ febre. Já sabemos quais são os fatores que interagem no funcionamento
da respiração. Mas como podemos avaliar a respiração? Em primeiro lugar, a vítima
não deve estar ciente de que o socorrista esteja avaliando sua respiração, pois isso
pode levar à alteração dos padrões e da frequência respiratória. Para realizar a
avaliação da respiração, o socorrista deve segurar o pulso da vítima como se a
estivesse avaliando. Nas respirações superficiais – e de difícil detecção – conte-as
enquanto observa a incisura esternal, onde os movimentos respiratórios ficam mais
evidentes. O socorrista também pode colocar a sua mão sobre o tórax da vítima para
detectar o movimento de elevação e descida do tórax. Nos homens, a respiração é
menor por apresentarem maior capacidade pulmonar. A frequência da respiração
aumenta para liberar o calor adicional.

Antes de realizar a contagem do número de incursões respiratórias, o socorrista


deve avaliar o ritmo e a qualidade da respiração. O procedimento é o seguinte: avalie
a respiração para regularidade e força e, depois, registre a frequência: quando a
respiração for regular, conte durante 30 segundos e multiplique por dois. Quando a
respiração for irregular, conte durante um minuto. Temperatura (T) A regulação da
temperatura corporal requer a coordenação dos principais sistemas orgânicos. Para
que a temperatura central permaneça normal, a produção de calor deve equivaler à
perda de calor. Quais são os fatores que afetam a temperatura? Assim como na
frequência respiratória, existe uma série de fatores que interferem na temperatura.
São eles: „ idade: nos neonatos e nos idosos a temperatura é menor; „ ambiente: pode
aumentar ou diminuir a temperatura corporal; „ horário do dia: entre as 17 e 19 horas
a temperatura encontra-se mais elevada, enquanto às 3 horas a temperatura corporal
encontra-se diminuída; „ exercício: aumenta a produção de calor e a temperatura; „
estresse e hormônios: aumentam a temperatura.

Pressão arterial (PA)

É a medida da força que o sangue exerce contra as paredes das artérias.

Produção de calor

O calor é um subproduto das reações químicas conhecidas como metabolismo.

Perda de calor

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O calor é perdido por meio de quatro processos: radiação, condução,
convecção e evaporação.

Quais são os fatores que afetam a PA? „ a idade: a PA aumenta gradualmente


a partir da infância e se correlaciona com a altura, o peso e a idade. Nos idosos ocorre
aumento gradual da PA e se deve à resistência vascular sistêmica aumentada; „ o
Sistema Nervoso Autônomo Simpático aumenta a PA; „ o volume sanguíneo diminuído
diminui a PA; „ o uso de determinados medicamentos pode causar hipotensão, como
os diuréticos, narcóticos, entre outros.

Dor

A dor é uma sensação aguda ou crônica de desconforto individual resultante


da resposta do sistema nervoso central a um estímulo externo ou interno no organismo.
Está presente em diferentes distúrbios do organismo. Nas urgências/emergências é
um dos sintomas mais relatado pela vítima, variando conforme: „ a intensidade e
periodicidade; „ o tipo de injúria (trauma); „ o órgão afetado; „ a idade; „ o sexo; „ as
patologias prévias; e „ o estado de consciência. A dor contribui para dimensionar as
condições vividas pela vítima, orientando no exame secundário, além de servir para o
estabelecimento de prioridade na abordagem.

Tamanho e reatividade das pupilas

O exame das pupilas fornece informação quanto ao estado neurológico da


vítima. Normalmente as pupilas são iguais, redondas e reagem à luz. As alterações a
serem consideradas nas situações de urgência/emergência, excluindo-se o uso de
medicações oculares e lesões prévias, são as seguintes:

Midríase

São pupilas dilatadas e não responsivas à luz. Podem estar associadas à


arritmia cardíaca a injúria do Sistema Nervoso Central (SNC), com diminuição ou
ausência de oxigenação cerebral, conhecida por hipóxia ou anóxia, respectivamente,
ou com o uso de drogas.

Miose

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São pupilas contraídas e que não respondem à luz. Podem ser causadas por
doenças ou traumas do Sistema Nervoso Central ou pelo uso de drogas narcóticas.
Cocaína, atropina e anfetaminas, dentre outras. Heroína e morfina, por exemplo.

Anisocoria

São pupilas desiguais e não responsivas à luz. Podem estar associadas ao


acidente vascular cerebral ou derrame.

12. A CENA PRÉ-HOSPITALAR E A BIOSSEGURANÇA

Antes de iniciar o atendimento pré-hospitalar à vítima que tenha sofrido um mal-


estar súbito de qualquer natureza, a prioridade é avaliar a cena, o que significa
assegurar-se da segurança e da situação. A manipulação da vítima requer muita
cautela. O atendimento pré-hospitalar é caracterizado pela possibilidade de exposição
a vários riscos. O risco biológico é de maior relevância. O tamanho do risco depende
do contato direto com os agentes biológicos sem a utilização de proteção necessária.
Neste sentido, a biossegurança tem papel importante para a prevenção do contágio
com patógenos, ou microrganismos, adquiridos pelo sangue.

Avaliar a cena, de acordo com o Prehospital Trauma Support Life (PHTLS,


2007), é condição importante para a segurança do socorrista e da vítima. Boa
observação e percepção são ferramentas indispensáveis para avaliar a cena.
Traumatismo de crânio e trauma ocular. Tenha uma impressão geral da cena e da
situação antes de passar a fazer parte dela.

A avaliação da cena inclui dois componentes principais, quais sejam: „


Segurança: verifique a segurança da cena, o atendimento da vítima deve aguardar
até que a cena esteja segura. „

Situação: pergunte-se – o que está acontecendo? Tenho condições de ajudar?


Que outro tipo de ajuda é necessário?

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13. BIOSSEGURANÇA

Conforme Fiocruz (1996), biossegurança abrange o conjunto de ações voltadas


para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços.
Riscos que podem comprometer a saúde do homem ou da qualidade dos trabalhos
desenvolvidos. A experiência tem demonstrado que o socorrista frequentemente se
expõe a situações que podem colocar em risco a sua vida. A biossegurança é um dos
aspectos principais a ser considerado durante o atendimento de primeiros socorros.
Por isso, é necessário: „ o bom senso; „ a obediência às normas sanitárias; e „ a
utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs). Abordaremos, a partir de
agora, conteúdos referentes: „ ao processo de contaminação; „ às infecções causadas
por vírus e bactérias; „ às principais doenças de risco para o socorrista; Normas de
precaução padrão para reduzir a exposição às doenças infecciosas.

Iniciemos com a seguinte pergunta: como ocorre o processo de contaminação?


Para que o processo de contaminação aconteça, são necessários três componentes:

1. Agente: microrganismo capaz de causar infecção.

2. Hospedeiro: indivíduo infectado pelo agente, com ou sem a doença manifesta.

3. Meio de transmissão: modo como o agente é transmitido ao hospedeiro.

A transmissão pode ser direta ou indireta. Como são causadas as infecções?


As infecções podem ser causadas por vírus e/ou bactérias. Os microrganismos que
causam infecção são chamados de patogênicos e podem ser encontrados nos fluídos
corporais, como no sangue, nas secreções orais e de vias aéreas superiores – saliva
e coriza – e daquelas secreções oriundas da tosse, do espirro e da respiração da
vítima. Conforme o PHTLS (2007), nos casos de doenças adquiridas por patógenos
do sangue, o tipo de exposição é chamado de monocutânea. Estas têm tipicamente
menor probabilidade de causar transmissão e incluem a exposição do sangue à pele
não íntegra – oral e conjuntiva ocular. Existem doenças consideradas de risco aos
socorristas.

De acordo com o PHTLS (2007), as principais doenças de risco relacionadas


aos patógenos adquiridos pelo sangue são: Chamado de patógeno. Vírus Resfriados,

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hepatite, HIV. Bactérias Amigdalite, meningite, tuberculose. Com lesões, acnes ou
mucosa.

Hepatite Viral

Embora diversos vírus da hepatite tenham sido identificados, o vírus da hepatite


B e C são os que mais preocupam. A hepatite pode ser transmitida ao socorrista por
meio de exposição monocutânea à pele não íntegra. „

HIV

O HIV é transmitido essencialmente pelo sangue ou sêmen infectados, mas


secreções vaginais e fluídos pericárdicos, peritoniais, pleurais, amnióticos e
cefalorraquidianos podem ser considerados infectados. Lágrimas, urina, suor, fezes e
saliva são considerados não infecciosos, a menos que haja a presença evidente de
sangue nessas secreções. Entre as principais doenças de risco relacionadas com as
secreções orais e de vias aéreas superiores estão a meningite e a tuberculose.
Conforme o PHTLS (2007), não é possível identificar, de modo confiável, as vítimas
que sejam ameaça potencial aos socorristas. Em função disso, foram desenvolvidas
precauções padrão para evitar que os socorristas entrem em contato direto com o
sangue e/ou fluídos corporais da vítima.

Quais são essas precauções disponíveis à proteção do socorrista?


Basicamente, são referentes ao uso de materiais adequados e descartáveis para a
proteção contra as doenças de risco para o socorrista.

Os EPIs ou Barreiras Físicas consistem em: „ luvas; „ máscaras faciais; „


proteção ocular; aventais; e „ máscara de fluxo unidirecional. Saliva e coriza e
daquelas oriundas da tosse, do espirro e da respiração da vítima. Barreiras físicas ao
sangue e fluídos corporais.

O equipamento de proteção individual do socorrista deve consistir, pelo menos,


de luvas, máscaras faciais e proteção ocular. Vejamos cada uma dessas proteções:

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Luva

As luvas podem ser de látex, vinil ou outro material sintético e impermeável. As


luvas devem ser utilizadas quando houver contato com a pele não íntegra, mucosas,
tecidos ou órgãos, além de áreas contaminadas com sangue ou outros fluídos
corporais. Antes de calçar as luvas, verifique suas mãos, observe a presença de
lesões e proteja-as. Durante o atendimento à vítima é comum a ocorrência de
perfurações nas luvas; examine-as periodicamente e troque-as sempre que
necessário. Quando o atendimento à vítima durar mais de 30 minutos, troque as luvas.
Não manuseie celular, canetas, nem qualquer outro equipamento com as mãos
enluvadas e contaminadas por secreções corpóreas da vítima. Antes e após o uso
das luvas, lave suas mãos. Luvas devem ser descartadas em local seguro após
utilização.

Máscaras faciais

Há dois tipos básicos de máscaras faciais, as cirúrgicas e a facial, com filtro de


alta eficiência.

Ao usar a máscara, lembre-se de colocá-la sobre a boca e o nariz, com as


bordas superior e inferior ajustadas à face. Evite tossir, espirrar e falar enquanto você
estiver usando a máscara. Caso a máscara fique úmida ou suja, ela deve ser trocada

19
imediatamente e descartada em local seguro capaz de impedir a contaminação de
outras pessoas.

Proteção ocular

A proteção ocular deve ser utilizada sempre que houver a possibilidade de


respingos de gotículas de sangue ou outros líquidos corporais, pois esse equipamento
protege a mucosa ocular contra os possíveis respingos. Ao usar os óculos de proteção,
observe sua adaptação à face, inclusive nas laterais dos olhos. Após utilizados, os
óculos devem ser lavados com água corrente e desinfetados com álcool a 70%. Vale
ressaltar que óculos comuns não fornecem proteção lateral.

Aventais

Protegem a pele e as roupas do socorrista do contato com sangue ou outros


líquidos corpóreos. Dever sem compridos, com mangas longas e punhos estreitos, e
trocados sempre que contaminados. Evite manipular a parte externa do avental após
a retirada das luvas.

Máscara de fluxo unidirecional

20
É a máscara que deve ser adaptada à boca e ao nariz da vítima para realizar a
ventilação, no caso de parada respiratória. Esse equipamento impede o contato do
socorrista com secreções orais e respiratórias, durante a realização das ventilações,
e, além disso, não permite que o ar exalado pela vítima entre em contato direto com
o socorrista.

Após o uso dos EPIs, primeiramente você deve retirar as luvas. Depois, lavar
bem as mãos ou usar um antisséptico à base de álcool. Com as mãos lavadas, retire
o protetor ocular, a máscara facial e, por último, o avental, evitando tocar na sua parte
externa. Os antissépticos à base de álcool são úteis para evitar a transmissão de
muitos agentes infecciosos, mas não são adequados quando as mãos estiverem sujas;
entretanto, podem limpar e proporcionar um efeito protetor em situações de
indisponibilidade da água corrente. Associada ao uso dos EPIs, a lavagem das mãos,
é um princípio fundamental para o controle das infecções. As mãos devem ser lavadas
com água e sabão sempre que ocorrer qualquer contaminação grosseira com sangue
ou com os fluídos corporais.

14. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

As diretrizes de 2010 da American Heart Association (AHA) para a reanimação


cardiopulmonar (RCP) abordam, também, questões referentes ao Suporte Básico de
Vida (SBV) enfrentadas por socorristas leigos. As antigas diretrizes da AHA, de 2005,

21
enfatizavam a importância de compressões torácicas de alta qualidade, com
frequência e profundidade adequadas, permitindo retorno total do tórax após cada
compressão e com interrupção mínima nas compressões torácicas. Os estudos
realizados antes de 2005 e entre 2005 e 2010 demonstraram que: „ a qualidade das
compressões torácicas continua necessitando de melhoria; e „ a maioria das vítimas
de parada cardiopulmonar súbita no ambiente extra hospitalar não recebe nenhuma
manobra de RCP de pessoas presentes no local. As alterações recomendadas nas
Diretrizes da AHA (2010) tentam dar conta dessas questões. Suas diretrizes
aconselham uma alteração na sequência de procedimentos de SBV de A-B-C para
C-A-B em adultos, crianças e bebês, com exceção dos recém-nascidos. Essa
alteração exigirá treinamento que, conforme os autores das diretrizes, será
recompensado pelos benefícios resultantes das alterações. A maioria das paradas
cardiorrespiratórias (PCR) ocorre em adultos e as maiores taxas de sobrevivência
envolvem vítimas de todas as faixas etárias cuja parada foi presenciada. Nessas
vítimas, os elementos iniciais críticos de Suporte Básico de Vida (SBV) são as
compressões torácicas e a desfibrilação precoce. Na sequência antiga de A-B-C, as
compressões torácicas geralmente eram retardadas, porque o socorrista deveria, em
primeiro lugar, abrir a via aérea para fazer a respiração boca a boca, utilizando para a
respiração uma máscara facial que serve como dispositivo de barreira.

Com a alteração da sequência para C-A-B, as compressões torácicas iniciarão


mais cedo e o atraso A-B-C Via aérea = A, respiração = B, compressões torácicas =
C. C-A-B Compressões torácicas = C, via aérea = A, respiração = B. na ventilação
será mínimo, isto é, somente o tempo necessário para aplicar o primeiro ciclo de 30
compressões torácicas, ou, aproximadamente, 18 segundos, quando dois socorristas
estiverem presentes. A maioria das vítimas de PCR extra hospitalar não recebe
nenhum atendimento das pessoas presentes. Uma das dificuldades está na sequência
A-B-C, que começa com os procedimentos considerados como sendo os mais difíceis
pelos socorristas, quais sejam: „ a abertura da via aérea; e „ a aplicação de ventilações.
Essas alterações para a RCP foram planejadas para simplificar o treinamento de
socorristas leigos e continuar enfatizando a necessidade de aplicar compressões
torácicas o quanto antes em vítimas de PCR súbita. Começar com compressões
torácicas pode encorajar mais socorristas a iniciar o atendimento no ambiente extra
hospitalar, conforme escritos da AHA, 2010.

22
15. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) DE ADULTO
REALIZADA POR SOCORRISTA LEIGO

A AHA 2010 recomenda que na presença de vítima em colapso súbito o


socorrista deve chamar o serviço móvel de urgência imediatamente. Para prestar os
atendimentos iniciais à vítima de parada cardiorrespiratória (PCR) no ambiente pré-
hospitalar, é necessário que o socorrista saiba reconhecer os sinais de parada
respiratória e inicie imediatamente o C-A-B = (compressão torácica), A (abertura de
via aérea) e B (realização de respiração).

Esse atendimento segue alguns passos básicos, como: o reconhecimento da


PCR; as etapas da sequência da RCP; e „ a diferença na boa execução da RCP,
conforme número de socorristas.

Vejamos o primeiro deles:

O reconhecimento da PCR no adulto

Esse tipo de reconhecimento consiste na confirmação dois fatores: „


inconsciência; e „ ausência de respiração ou respiração anormal. Se a pessoa que
presenciou o colapso não tiver treinamento em RCP, ela deverá fazer somente as
compressões torácicas na vítima adulta, com ênfase em “comprimir forte e rápido” no
centro do tórax. Sabemos o que o socorrista deve fazer, mas até quando ele deve
fazer a RCP somente com as mãos? Ele deve prosseguir: até a chegada e a
preparação de um Desfibrilador Externo Automático (DEA) para uso; ou „ até que os
profissionais do atendimento de urgência assumam o cuidado da vítima. A seguir,
veremos, mais detalhadamente, as etapas da sequência da respiração
cardiopulmonar.

Sequência da RCP: C-A-B

Iniciemos pela etapa C, que diz respeito ao primeiro passo, o das compressões
torácicas: „ Etapa C – Compressões Torácicas Considerando que posicionar a cabeça
da vítima e obter um selo, que é o contato boca a boca, para fazer a respiração ou
com bolsa-válvula-máscara, sempre demora certo tempo, o socorrista deve iniciar
imediatamente as compressões torácicas. O próximo passo é o da abertura das vias
aéreas.

23
Vejamos: „ Etapa A – Abertura de vias aéreas O socorrista deve abrir as vias
aéreas e se preparar para aplicar respirações após a primeira série de 30
compressões torácicas. Para a realização da abertura das vias aéreas, o socorrista
deve verificar a evidência ou a suspeita de trauma cervical. Na ausência de
conhecimento sobre a possibilidade de trauma cervical, o socorrista deve atuar de
forma preventiva como se o trauma existisse.

Mas, afinal, há diferença entre o procedimento de abertura das vias aéreas


quando há trauma e de quando não há? Sim! Vejamos esse procedimento quando
não há trauma: Abertura de Vias Aéreas sem Trauma Posicionado lateralmente à
vítima, na altura da sua cabeça, o socorrista coloca a mão dominante sobre a região
frontal da cabeça da vítima e a inclina para trás, simultaneamente, e com a mão não
dominante faz elevação do mento.

Manobra de abertura das vias aéreas sem trauma

A manobra de abertura das vias aéreas sem trauma é desaconselhada para as


vítimas de trauma, pois poderá resultar em comprometimento medular e em paralisia
definitiva.

Posicionado atrás da cabeça da vítima, o socorrista coloca as mãos em garra


na região mandibular da vítima e realiza anteriorização mandibular, mantendo a região
cervical imobilizada. Agora que o procedimento da abertura das vias aéreas foi
efetuado corretamente, o próximo passo é o da respiração.

Vejamos: „ Etapa B – Respiração Ao término do primeiro ciclo de compressões


torácicas com as vias aéreas da vítima abertas, o socorrista deve realizar a respiração.
Em síntese, se você for o socorrista, você deve iniciar a RCP com as 30 compressões
torácicas, em vez de duas ventilações, para reduzir a demora na aplicação das
primeiras compressões. Aprendemos sobre o significado da sequência da RCP, agora
veremos como funciona o atendimento de acordo com o número de socorristas.

Atendimento

O Suporte Básico de Vida (SBV) na PCR pode ser feito com um ou dois
socorristas. Como fazer a RCP com o socorrista atuando sozinho? A seguir, os passos
desse atendimento:

24
1. Aproxime-se da vítima e ajoelhe-se lateralmente a ela. Sobreponha a região
hipotênar - da mão direita, com os dedos entrecruzados e elevados, no centro do tórax
sobre o esterno, entre os mamilos.

2. Inicie as manobras de compressão torácica, comprimindo o esterno para baixo por


meio da utilização do peso do seu corpo, para que o tórax deprima 5 cm.

3. Após cada compressão torácica, a pressão sobre o tórax deve ser aliviada para
permitir o retorno total do tórax.

Ao término do primeiro ciclo de compressões torácicas, o socorrista deverá


abrir a via aérea da vítima, colocar a máscara de fluxo unidirecional sobre a
boca-narina da vítima, inspirar profundamente e soprar com força, durante
aproximadamente um minuto – tempo suficiente para fazer o tórax elevar-se. Em
seguida, o socorrista deverá retirar a sua boca do dispositivo para permitir a exalação
do ar e repetir o procedimento uma segunda vez. O socorrista, atuando sozinho, deve
seguir alternando ciclos de 30 compressões torácicas para cada duas respirações.

Como fazer a RCP com dois socorristas? O primeiro socorrista inicia as


compressões torácicas conforme descrito anteriormente. O segundo socorrista abre a
via aérea e se prepara para aplicar ventilações tão logo o primeiro socorrista complete
uma série de 30 compressões torácicas. Ao término do primeiro ciclo de compressões
torácicas, o segundo socorrista deverá abrir a via aérea da vítima, colocar a máscara
de fluxo unidirecional sobre a boca-narina da vítima, inspirar profundamente e soprar
com força, durante aproximadamente um minuto, o suficiente para fazer o tórax
elevar-se. Em seguida o socorrista deverá retirar a sua boca do dispositivo para
permitir a exalação do ar. Esse procedimento precisa ocorrer uma segunda vez, pois
a vítima deverá receber duas ventilações. Os dois socorristas seguem alternando
ciclos de 30 compressões torácicas para cada duas ventilações. Agora que
conhecemos a diferença entre o procedimento realizado por um ou mais de um
socorrista, vejamos como saber se esses procedimentos estão sendo bem realizados.
Como saber se as manobras de RCP – compressão torácica e ventilações – estão
sendo efetivas? A eficiência da ventilação deve ser comprovada com a presença de
elevação torácica durante a realização da manobra. A eficiência da compressão
torácica, por outro lado, deve ser comprovada com a palpação e presença de pulso
carotídeo ou femoral durante a realização da manobra. Frequência de compressão

25
torácica deve ser, no mínimo, de 100 por minuto. É sensato que os socorristas leigos
realizem compressões torácicas a uma frequência mínima de 100 compressões por
minuto. Na maioria dos estudos, a aplicação de mais compressões está associada a
maiores taxas de sobrevivência, ao passo que a aplicação de menos compressões
está associada à menor taxa de sobrevivência. A aplicação de compressões torácicas
adequadas exige ênfase não somente na frequência adequada de compressões, mas
também em minimizar interrupções a esse componente crítico da RCP. Além da
frequência, devemos prestar atenção especial à profundidade das compressões
torácicas. O esterno adulto deve ser comprimido em, no mínimo, 2 polegadas, o
equivalente a 5 cm, conforme figura

As compressões torácicas criam fluxo sanguíneo principalmente por


aumentarem a pressão intratorácica e comprimirem diretamente o coração.
Compressões geram fornecimento de fluxo sanguíneo, oxigênio e energia,
componentes críticos para o coração e para o cérebro na situação de PCR.
Aprendemos um pouco sobre os procedimentos a serem realizados para a efetividade
da RCP. Como o procedimento denominado “Ver, ouvir e sentir se há respiração” não
é mais utilizado na reanimação cardiopulmonar, o socorrista deve, imediatamente,
após a aplicação de 30 compressões torácicas, abrir a via aérea da vítima, colocar a
máscara de fluxo unidirecional sobre a boca-narina da vítima e realizar as ventilações
conforme descrição apresentada anteriormente. Todos os socorristas leigos treinados
devem, no mínimo, aplicar compressões torácicas em vítimas de PCR. Além disso, se
o socorrista leigo treinado puder realizar ventilações de resgate, as compressões e as
ventilações devem ser aplicadas na relação de 30 compressões para cada duas
ventilações. As taxas de sobrevivência às PCRs de causa cardíaca são similares para
a RCP realizada somente com as mãos e a RCP realizada com compressões e
ventilação de resgate. No entanto, para o socorrista leigo treinado e capaz, a
recomendação é aplicar compressões e ventilações. A diminuição das interrupções
nas compressões evita a ventilação excessiva.

A parada cardiorrespiratória na Pediatria ocorre mais frequentemente em


crianças menores de um ano, em decorrência de: „ doenças respiratórias; „ obstrução
de vias aéreas; „ síndrome de morte súbita; „ acidentes por submersão; „ infecções
generalizadas; e „ doenças neurológicas. Os procedimentos para o atendimento de
crianças são um pouco diferenciados. É o que veremos a seguir.

26
Alteração na sequência da RCP

Esta importante proposta de alteração, de aplicar compressões antes de


ventilações (C-A-B) na sequência de RCP, suscitou debate entre os especialistas em
ressuscitação pediátrica. Como a maioria das PCRs pediátricas é asfixia e não PCR
primária súbita, tanto a intuição quanto os dados clínicos respaldam a necessidade de
ventilações e compressões para a RCP pediátrica. (AHA, 2010). No entanto, PCRs
pediátricas são bem menos comuns do que as PCRs súbitas em adultos e muitos
socorristas nada fazem quando ficam inseguros ou confusos. A maioria das vítimas
de PCR pediátrica não recebe nenhuma manobra de RCP dos socorristas presentes,
ou seja, qualquer estratégia que aumente a probabilidade de ação pelas pessoas
presentes pode salvar vidas. Por isso, houve a adaptação da abordagem C-A-B para
vítimas de todas as idades, com a esperança de aumentar a chance de execução que
pessoas presentes executem a RCP. (AHA, 2010). C = compressão torácica; A =
abertura de via aérea; B = realização de respiração. Assim como na RCP realizada
em adultos, é necessário que o socorrista saiba reconhecer os sinais de parada
respiratória e inicie imediatamente o C-A-B também na prestação de atendimentos
iniciais à criança ou lactente em parada cardiorrespiratória (PCR), no ambiente
pré-hospitalar.

16. COMO FAZER O RECONHECIMENTO DA PCR NA PEDIATRIA?

O reconhecimento da PCR na pediatria consiste na confirmação de: „ ausência


de resposta do bebê ou da criança; „ ausência de respiração ou apenas com gasping:
respiração entrecontada. A AHA (2010) recomenda menos ênfase na verificação de
pulso, orientando que se preste atenção no seguinte: „ o bebê ou a criança está
respondendo? „ está respirando? „ respira, mas apenas com gasping, ou seja, com a
respiração entrecontada? Os profissionais de saúde poderão aguardar até 10
segundos na tentativa de sentir o pulso. Se, em 10 segundos, o atendente não sentir
o pulso ou estiver inseguro quanto a isso, ele deve iniciar as compressões torácicas.
Socorristas leigos não palpam pulso, iniciam compressão torácica imediatamente.
Pode ser difícil determinar a presença ou ausência de pulso, especialmente em uma

27
emergência/urgência. Estudos mostram que profissionais de saúde e socorristas
leigos não conseguem detectar o pulso confiavelmente.

Sequência da RCP: C-A-B = iniciar compressões torácicas antes das


ventilações Braquial, em bebês (um mês a um ano); e carotídeo ou femoral, em
crianças (um a oito anos).

Teoricamente, a nova sequência deve retardar as ventilações de resgate em


apenas 18 segundos, ou, ainda menos, se houver dois socorristas.

Vejamos como é feito esse procedimento em bebês e crianças, seguindo as


etapas C, A e B: „

Etapa C – Compressões torácicas

Iniciar a RCP em bebês e crianças com compressões torácicas em vez de


ventilações de resgate.

Etapa A – Abertura de vias aéreas

O socorrista deve abrir as vias aéreas e se preparar para aplicar respirações


após a primeira série de 30 compressões torácicas. Para a realização da abertura das
vias aéreas, o socorrista deve verificar a evidência ou a suspeita de trauma cervical.
Na ausência de conhecimento sobre a possibilidade de trauma cervical, o socorrista
deve atuar de forma preventiva, como se o trauma existisse.

Etapa B – Respiração

Ao término do primeiro ciclo de compressões torácicas com a via aérea da


vítima aberta, o socorrista deve realizar a respiração. Lembre-se: o procedimento “Ver,
ouvir e sentir se há respiração” foi removido da sequência de avaliação da respiração,
após a abertura da via aérea.

Como fazer a RCP na Pediatria? Aproxime-se da criança e posicione-se de


joelhos lateralmente a ela, na altura do tórax.

Inicie as compressões torácicas, Manobras RCP (Compressão Torácica)


Lactente (30 dias até um ano) Criança (um a oito anos) Local de Compressão Torácica
Dois dedos abaixo da linha intermamilar – 1 socorrista Envolvimento do tórax com as
duas mãos, colocando os dois polegares sobrepostos sobre o esterno imediatamente

28
abaixo dos mamilos – dois socorristas Região hipotênar de uma das mãos no centro
do peito sobre o esterno, entre os mamilos. Profundidade: um terço do diâmetro
anteroposterior do tórax 4 cm 5 cm Frequência 100 CT/min 100 CT/min Relação
CT/Ventilação Um socorrista = 30 CT/duas Ventilações Dois socorristas = 15 CT/duas
Ventilações Um socorrista = 30 CT/Duas Ventilações Dois socorristas = 15 CT/duas
Ventilações Após cada compressão torácica, a pressão sobre o tórax do lactente ou
da criança deve ser aliviada para permitir o retorno total do tórax. Ao término do
primeiro ciclo de compressões torácicas, o socorrista deverá:

1. Abrir a via aérea da vítima.

2. Colocar a máscara de fluxo unidirecional sobre a boca-narina da vítima.

3. Inspirar profundamente e soprar com força correspondente ao tamanho da criança,


durante aproximadamente um minuto, o suficiente para fazer o tórax se elevar.

4. Em seguida, o socorrista deverá retirar a sua boca do dispositivo para permitir a


exalação do ar. Esse procedimento deve ser feito uma segunda vez. A vítima deverá
receber duas ventilações. Para a desfribilação e uso do DEA em bebês, a AHA (2010)
recomenda: „ prefira o uso de um desfibrilador manual a um DEA para desfibrilação; „
se não houver um desfibrilador manual disponível, prefira um DEA equipado com um
atenuador de carga pediátrico; „ se nenhum dos dois estiver disponível, use um DEA
sem atenuador de carga pediátrico. As evidências que respaldam a segurança do uso
de DEA em bebês são limitadas. Existe um último aspecto que vale a pena ser
destacado antes da finalização desta Unidade e que diz respeito aos cuidados para
que as vias aéreas não sejam obstruídas por algum corpo estranho.

Obstrução por corpo estranho

A obstrução de vias aéreas por corpo estranho deve ser suspeitada nas
crianças com dificuldade respiratória de início súbito associada à tosse, náusea
(enjôo), estridor (ruído barulhento) ou chiado no peito. Desfribilador Externo
Automático. As infecções podem causar edema de vias aéreas superiores.

A infecção pode ser suspeita de obstrução quando a criança apresenta: „ febre;


„ congestão nasal; „ rouquidão; „ sialorreia ou aumento da produção de saliva; „
letargia ou relaxamento muscular; „ fraqueza. As tentativas de liberar vias aéreas
devem ser consideradas quando a aspiração de um corpo estranho pela criança é

29
presenciada ou fortemente suspeitada ou quando as vias aéreas permanecem
obstruídas durante a tentativa de realizar as ventilações de resgate.

Em primeiro lugar, a criança deve ser estimulada a tossir vigorosamente. A


tentativa de desobstrução deve ser iniciada na evidência de obstrução completa: „
tosse sem som; „ aumento da dificuldade respiratória; e „ cianose ou pele arroxeada.
No lactente, para a desobstrução de vias aéreas, é recomendada uma combinação
de golpes no dorso e compressões torácicas.

Quando a criança, de um a oito anos, estiver consciente, a Manobra de


Heimlich é realizada por meio de compreensões abdominais com a vítima de pé.

Quando a criança estiver inconsciente, a mesma manobra é realizada; o que


muda é a posição da criança, que deve estar deitada. Segue Não devemos, nunca,
remover manualmente corpos estranhos, antes de visualizá-los. Às vezes, sem querer,
podemos empurrá-los para dentro das vias aéreas aumentando ainda mais a
obstrução. Agora você conhece os procedimentos para realizar o diagnóstico da
vítima em parada cardiorrespiratória no adulto, no lactente e na criança e as manobras
de suporte básico de vida no ambiente pré-hospitalar.

Lembre-se: a sequência mudou para C-A-B, ou seja, as compressões torácicas


iniciarão mais cedo e o atraso na ventilação será mínimo, isto é, somente o tempo
necessário para aplicar o primeiro ciclo de 30 compressões torácicas, ou,
aproximadamente, 18 segundos, quando dois socorristas estiverem presentes.
Considerando que a maioria das vítimas de PCR extra-hospitalar não recebe nenhum
atendimento das pessoas, em virtude da dificuldade na sequência A-B-C, que começa
com os procedimentos que os socorristas acham mais difíceis de fazer – a abertura
da via aérea e a aplicação de ventilações –, você é mais um leigo preparado para a
nova sequência C-A-B e poderá salvar vidas.

17. PRIMEIROS SOCORROS NO AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR

Abordagem inicial à vítima de trauma O conteúdo desenvolvido nesta seção


tem como referência o PHTLS (Pre-Hospital Trauma Life Support) (2007) que trata e
discute, de forma sucinta, aspectos importantes do atendimento inicial à vítima de
trauma, enfatizando os princípios que fazem a diferença nesse tipo de atendimento, a

30
saber: „ o estabelecimento de prioridade; „ a realização da avaliação inicial e a
impressão geral da vítima; „ a realização do exame da vítima, obedecendo as etapas
ABCDE. Você sabe o que significam as siglas ABCDE?

A – atendimento das vias aéreas e imobilização da coluna cervical;

B – respiração (ventilação);

C – circulação e sangramento;

D – avaliação neurológica; e

E – exposição para exame físico e proteção do ambiente.

Para apresentar esse tema, O PHTLS toma por base o ATLS, o que significa
Advanced Trauma Life Support. A avaliação da vítima de trauma é fundamental para
o atendimento adequado, por ser considerada a base para as decisões sobre o que
fazer e o que não fazer no ambiente pré hospitalar. Antes de qualquer coisa,
precisamos determinar a situação da vítima. Na determinação de situações de risco
de vida, o processo de RCP deve ser iniciado o mais rápido possível. O conhecimento
dos valores dos sinais vitais serve de parâmetros para reavaliações posteriores e é
imprescindível para o sucesso do atendimento. Todas as avaliações e tratamentos
devem ser realizados com rapidez e eficiência, pois vítima grave só pode permanecer
no local do trauma enquanto é estabilizada para a remoção.

Vamos estabelecer, portanto, quais são as prioridades dadas ao atendimento.

1. Avaliar a cena. Em primeiro lugar, o socorrista deverá avaliar a cena.


O socorrista deve ter em mente quais são suas prioridades ao chegar no
ambiente do acidente; a primeira delas consiste do estabelecimento da
segurança e da natureza da situação, antes do início da avaliação individual
da(s) vítima(s). Na avaliação/dimensionamento da cena, o socorrista inicia o
processo de coleta de informações: „ avaliando o local; „ observando familiares
e testemunhas; e „ obtendo uma impressão geral antes de se aproximar da(s)
vítima(s). Dois componentes estão incluídos nessa avaliação: segurança e
situação. Quando a cena estiver oferecendo riscos, o socorrista deve manter-se
afastado até que equipes apropriadas tenham garantido a segurança da equipe
e da(s) vítima(s). O socorrista deve retirar qualquer vítima em situação perigosa

31
para uma área segura antes de iniciar a avaliação e o tratamento. Devem ser
avaliados todos os perigos/riscos possíveis. Vejamos exemplos de perigos ou
riscos: fogo, linhas elétricas caídas, explosivos, materiais contaminantes,
incluindo sangue ou fluidos corporais, tráfego de veículos, armas (revólveres,
facas) ou condições ambientais inadequadas.

Situação

O socorrista deve fazer várias perguntas a si mesmo e aos que compõem a


cena para ajudar nesta abordagem. As perguntas são do tipo: „ O que realmente
aconteceu aqui? „ Qual foi o mecanismo de trauma (biomecânica) e que forças e
energias provocaram as lesões na(s) vítima(s)? „ Quantas pessoas estão
envolvidas e quais são as suas idades estimadas? „ É necessária ambulância? „
São necessários outros recursos ou pessoal? „ Será usado equipamento especial
para salvamento ou retirada de ferragens? „ A vítima necessitará de transporte
aéreo? Depois da avaliação da cena, é necessário realizar a avaliação inicial.
Vamos ver como ocorre esse procedimento? Polícia, bombeiros, companhia
elétrica, entre outros.

Avaliar a(s) vítima(s)

Inicialmente, o socorrista deve assegurar o atendimento às vítimas nas


condições: „ que possam resultar em perda de vida, falta de oxigenação; „ que
possam resultar em perda dos membros, e finalmente as condições; „ que não
ameaçam a vida ou a perda de membros.

Avaliação inicial e impressão geral

Na vítima traumatizada, a prioridade máxima é a identificação e o conhecimento


rápido de condições com risco de morte. Mais de 90% das vítimas traumatizadas
têm somente ferimentos simples, envolvendo apenas um sistema. Para essas
vítimas, há tempo para fazer tanto o exame primário quanto o secundário. Para
vítimas traumatizadas graves, o socorrista precisa direcionar-se para avaliação,
começando a reanimação e o transporte ao hospital o mais rápido possível.
Impressão Geral O exame primário começa com uma visão simultânea ou global
do estado respiratório, circulatório e neurológico da vítima, para identificar
quaisquer problemas externos significativos óbvios, com respeito: „ à oxigenação;

32
„ à circulação; „ à hemorragia; ou „ às deformidades flagrantes. Por exemplo, uma
fratura isolada de um membro. Como obter a impressão geral? O socorrista, ao
abordar a vítima, observará o seguinte: „ ela está respirando adequadamente? „
está acordada ou sem resposta? „ consegue se sustentar? „ apresenta
movimentação corporal espontânea? Uma verificação rápida do pulso permitirá
avaliar a presença, a qualidade e a frequência da atividade circulatória. O
socorrista pode ter uma boa orientação sobre o acontecimento por meio de duas
perguntas: “O que aconteceu?” e “Onde aconteceu?”. O socorrista pode sentir,
simultaneamente, a temperatura e umidade da pele e perguntar à vítima “o que
aconteceu?”. A resposta verbal indica o estado geral e possibilita avaliar as
condições em que a vítima se encontra. “Onde aconteceu o incidente?” é a
pergunta de seguimento que o socorrista deve fazer enquanto verifica a cor da
pele e o enchimento capilar da vítima. Depois disso, deve-se realizar um rápido
exame cefálo-caudal, com as duas mãos, procurando por sinais de sangramento
e deformidades. Num período que varia de 15 a 30 segundos, o socorrista terá
uma impressão geral da condição global da vítima. Uma vez determinada a
impressão geral, os exames primário e secundário devem ser realizados, a menos
que haja uma complicação que exija mais cuidados ou avaliação específica. O
Exame Primário e Secundário, bem como a ordem de prioridades para um
atendimento ideal à vítima de trauma, deve seguir o ABCDE, apresentado nas
etapas seguintes: Das vias aéreas, da respiração e do estado neurológico. Da
cabeça à coluna vertebral.

Etapa A – Vias aéreas e imobilização da coluna cervical

As vias aéreas devem ser rapidamente verificadas para assegurar que estão
abertas e limpas (permeáveis) e que não existe perigo de obstrução. Se as vias
aéreas estiverem obstruídas, por relaxamento da base da língua sobre a
hipofaringe ou por corpos estranhos, terão de ser abertas através de método
manual: „ imobilização da coluna cervical e levantamento do queixo ou tração da
mandíbula. Se necessário fazer: „ retirada de sangue, secreções ou corpos
estranhos. Leve em consideração o fato de que, numa vítima com trauma do tórax,
a realização de manobras de compressão, para retirada de corpos estanhos, deve
ser realizada com cautela após a impressão geral para evitar complicações.
Quando realizar o procedimento da abertura das vias aéreas, tenha cuidado com

33
a coluna cervical, pois o movimento excessivo pode tanto causar quanto agravar
lesões neurológicas. Uma vez que o socorrista tenha imobilizado o pescoço da
vítima manualmente, ou com o uso do colar, deverá, então, imobilizar toda a coluna
vertebral da vítima, alinhando todo o corpo. Esse procedimento será mais efetivo
com o uso de uma prancha rígida.

Etapa B – Respiração (ventilação)

Na presença de via aérea pérvia, a qualidade e a profundidade da ventilação


da vítima devem ser avaliadas, de acordo com os seguintes passos: „

Verifique se a vítima está respirando. „ Na presença de respiração, observe a


elevação do tórax. „

Verifique o ritmo e a frequência respiratória. „ Se a vítima estiver consciente,


observe se ela consegue falar uma frase inteira sem dificuldade.

Etapa C – Circulação e Sangramento

Nesta etapa, é decisivo avaliar o comprometimento ou a falência do sistema


circulatório, por isso o socorrista deve identificar e controlar a hemorragia externa.
A avaliação geral do estado circulatório da vítima é realizada verificando-se: „ a
presença e a regularidade do pulso; „ a coloração, temperatura e umidade da pele;
e „ o tempo de enchimento capilar. O tempo de enchimento capilar é realizado
pressionando-se o leito ungueal.

Esse procedimento remove o sangue do leito dos capilares visíveis, assim


como a taxa de retorno. É uma ferramenta útil para estimar o fluxo sanguíneo por
meio dessa parte mais distal da circulação. Tempo de enchimento capilar maior de
dois segundos indica que os leitos capilares não estão recebendo sangue de modo
adequado.

Como é feita essa classificação? São três os tipos de sangramentos: o capilar,


o venoso e o arterial. Vejamos um pouco mais sobre cada um deles: Sangramento
capilar Causado por lesão de pequenos vasos sanguíneos, localizados
imediatamente abaixo da superfície da pele. Em geral o sangramento capilar terá
diminuído, ou mesmo cessado, antes da chegada da equipe pré-hospitalar no local
do acidente. Sangramento venoso Provém de camadas mais profundas do tecido.

34
O sangue é vermelho escuro, e em geral é controlado mediante uma pressão direta
moderada no local. Geralmente não ameaça a vida, a não ser que a lesão seja
grave ou o sangramento não seja controlado. Sangramento arterial. Causado por
lesão a uma artéria. Esse é o sangramento mais importante e, também, o mais
difícil de ser controlado. É caracterizado por um sangue vermelho vivo que jorra
da ferida. Mesmo uma ferida perfurante pequena pode produzir uma hemorragia
que ameace a vida, quando atingir uma artéria de grosso calibre.

Como fazer o controle da hemorragia externa? A hemorragia externa pode ser


controlada de acordo com as seguintes etapas, utilizadas em ordem sequencial:

1. Pressão direta O controle do sangramento deve ser feito com aplicação de


pressão no local do sangramento. A pressão manual pode ser realizada no
momento da colocação de gazes, ou compressas, diretamente sobre a lesão.
Aplicar pressão exige dedicação do socorrista, por isso pode ser improvisado um
curativo compressivo a partir da utilização de uma faixa sobre as gazes ou
compressas.

2. Torniquetes São eficazes no controle do sangramento e devem ser utilizados


caso a pressão direta ou o curativo compressivo não foram eficazes no controle
da hemorragia. Como o torniquete é feito?

» Envolva faixas largas de pano no membro afetado logo acima do ferimento;

» Faça um meio nó e coloque um pedaço de madeira;

» Dê um nó completo e torça o pedaço de madeira até parar a hemorragia;

» Amarre o local e anote o horário;

» Afrouxe a cada 10 minutos.

O controle de hemorragia é uma prioridade.

O controle rápido da perda de sangue é um dos objetivos mais importantes no


tratamento de uma vítima traumatizada.

O exame primário não pode seguir adiante se o sangramento não estiver


controlado. Após a avaliação e correção das vias aéreas, respiração e circulação,
o socorrista deve seguir com a avaliação da função cerebral.

35
Etapa D – Avaliação neurológica

Nesta etapa, realizar a avaliação da função cerebral, com o objetivo de


determinar o nível de consciência da vítima e inferir a presença de hipóxia. Uma
vítima agressiva, combativa ou não cooperativa poderá estar com hipóxia ou
intoxicada. Durante o exame, o socorrista deve determinar, a partir do histórico,
em que momento a vítima perdeu a consciência, se existem substâncias tóxicas
envolvidas, bem como condições pré-existentes que possam ter produzido a
diminuição do nível de consciência ou o comportamento anormal. A diminuição da
consciência deve alertar o socorrista para quatro possibilidades: „ oxigenação
cerebral diminuída; „ lesão do Sistema Nervoso Central (SNC); intoxicação por
drogas, entre elas o álcool; e „ distúrbio metabólico, como na diabetes e na
convulsão. O nível de consciência da vítima pode também ser avaliado
aplicando-se primeiramente o AVDI. Também, a escala de coma de Glasgow (ECG)
é uma ferramenta utilizada para determinar o nível de consciência. Quando há
pouca oxigenação no cérebro.

A ECG é dividida em três níveis: „ resposta verbal; „ abertura ocular; e „


resposta motora.

Como é utilizada a ECG? O socorrista pontua a vítima, conforme escores


estipulados na tabela e de acordo com a sua melhor resposta em cada um dos
itens avaliados.

A resposta verbal pode ser avaliada utilizando-se o seguinte questionamento:


o que aconteceu com você? Se a vítima estiver orientada, responderá
coerentemente e receberá pontuação 5. Se estiver apresentando confusão mental,
receberá pontuação 4 e assim sucessivamente. No caso de não resposta por parte
da vítima, a pontuação será de 1. Para avaliar a abertura ocular, o socorrista deve
observar, em primeiro lugar, se a abertura é palpebral espontânea. Nesse caso, a
pontuação é 4. Se a abertura não for espontânea, o socorrista pode solicitar à
vítima abrir os olhos ou, ainda, fazer um estímulo doloroso e observar a sua
resposta. Finalmente, para avaliar a resposta motora, o socorrista deve conferir se
a vítima obedece ao comando verbal, consegue localizar um estímulo doloroso,
apresenta postura de extensão/ flexão dos membros superiores ou inferiores

36
anormais ou não apresenta resposta motora. Finalizada a Etapa D, seguimos à
Etapa E:

Etapa E – Exposição para exame físico e proteção do ambiente

Esta etapa trata de realizar a exposição da vítima, procedimento fundamental


para identificar todas as possíveis lesões. Com a retirada das vestimentas, a vítima
deve ser protegida, conservando o calor corporal, pois a hipotermia é um problema
grave no traumatizado. A seguir apresentaremos um roteiro que serve de guia para
a realização da avaliação secundária.

Cabeça

O exame visual e a palpação da cabeça e da face podem revelar lesões,


hemorragia, defeitos nos ossos da face e do couro cabeludo e/ou anormalidades
nos olhos, nas pálpebras, no pavilhão auricular e nariz. Esse é o momento para
identificar a presença de sangramento ou a drenagem de líquor e/ou outros sinais
de lesões/ fraturas com deformidades e edemas. Também Ocorre quando as
temperaturas ficam abaixo de 36-36,5 ºC. Líquido transparente com brilho. É
importante observar as pupilas para verificar a reatividade à luz, o tamanho e a
simetria. „

Pescoço

O exame visual do pescoço pode identificar contusões, abrasões, lacerações e


outras deformidades. A palpação pode revelar enfisema subcutâneo. A ausência
de dor na coluna cervical pode ajudar a descartar fraturas cervicais, enquanto dor
à palpação sugere a presença de lesões. Você deverá realizar a palpação, com as
duas mãos simultaneamente, com cuidado, tendo certeza de que o pescoço
permaneça em posição anatômica, com uma leve curvatura. „

Tórax

O exame visual pode identificar deformidades, contusões, abrasões, ferimentos


penetrantes. O socorrista deve ficar atento: uma pequena área de fratura pode
indicar uma contusão pulmonar grave. A palpação do tórax pode, também, mostrar
deformidades e presença de enfisema subcutâneo.

37
Abdome

Procure observar feridas penetrantes, equimoses e eviscerações. Ferimentos


na pele podem ser indicativos para a possibilidade de lesões próximas. A área
abdominal, junto à cicatriz umbilical, deve ser examinada cuidadosamente à
procura de uma contusão, ferimento resultante da ruptura de vasos sanguíneos
com acúmulo de sangue sob a epiderme, resultante do posicionamento incorreto
do cinto de segurança. O exame do abdome também inclui palpação de cada
quadrante para verificar se a dor está presente e há posição de defesa do músculo
abdominal.

Presença de ar no tecido subcutâneo.

Ar embaixo da pele.

Equimoses

Pontos arroxeados.

Eviscerações Saída das vísceras para o meio externo. „

Pelve

Procure lesões e sinais de fraturas. Fraturas pélvicas podem produzir


hemorragia interna maciça, resultando gravidade à condição da vítima. A pelve
deve ser palpada uma só vez, à procura de instabilidade, durante o exame
secundário. A palpação pode agravar a hemorragia, por isso esta etapa do exame
não deve ser repetida. A palpação da pelve é realizada com pressão suave
ântero-posterior. A sínfise púbica também é palpada. Avaliar a dor e o movimento
anormal. Deve-se suspeitar de hemorragia se alguma evidência de instabilidade
óssea for encontrada. „

Extremidades

Iniciar da clavícula, na extremidade superior, e da pelve, na extremidade inferior,


e prosseguir em direção à porção mais distal de cada membro. Observar presença
de deformidade, hemorragias ou equimose, e realizar palpação para determinar
presença de crepitação óssea; neste caso, geralmente a dor e a sensibilidade
estão presentes. Na suspeita de fratura, realize a imobilização, após verificar
pulsos, temperatura, sensibilidade e coloração das extremidades. „

38
Dorso

Realize o exame quando a vítima for colocada na posição lateral, durante o


rolamento para a prancha rígida, por meio da palpação da coluna vertebral para
identificar sensibilidade e deformidades. No caso de instabilidade circulatória, a
Etapa E pode ser realizada durante o Transporte da vítima para a Emergência
Hospitalar. De cima para baixo e latero-lateral. Membros superiores e inferiores.
Ruído característico na presença de fratura.

18. ABORDAGEM INICIAL À VÍTIMA DE QUEIMADURAS

As queimaduras, conforme Silveira et al. (2004), são lesões que podem levar à:
„ desfiguração; „ incapacidade; e „ morte. De acordo com Ronald et al. (2007), os
avanços no manejo de queimaduras nas últimas três décadas vêm contribuindo
com a melhora da sobrevida e a redução de morbidade nas vítimas de grandes
queimaduras. Por isso, com a evolução no cuidado aos queimados surgiu a
necessidade de investimentos no atendimento pré-hospitalar, além de outras áreas.
Exemplos dessas outras áreas são o transporte e o atendimento de emergência.
Os serviços de atendimento pré-hospitalar usam protocolos para padronizar o
atendimento. Assim, a vítima de queimadura é avaliada como uma vítima de
trauma, sendo a queimadura abordada no momento adequado, conforme
Silveira et al. (2004).

Cena

No atendimento pré-hospitalar, de acordo com o PHTLS (2007), é imperativo


avaliar o local para assegurar que a cena esteja segura e considerar
cuidadosamente a natureza exata da situação, garantindo a segurança do
socorrista, no que diz respeito a lesões e intoxicações, e definindo a necessidade
de remoção imediata da vítima da cena. Para Silveira et al. (2004), a cena precisa
estar segura para que haja o atendimento no local. Caso a cena não esteja segura,
é preciso torná-la segura ou remover a vítima para um local seguro. Essa medida
visa à segurança tanto da vítima como dos socorristas envolvidos com o
atendimento. Ao cuidar de vítimas com queimaduras elétricas, certifique-se de que

39
a fonte de eletricidade tenha sido desligada. Além disso, no caso de queimaduras
químicas, o contato com o produto pode causar queimaduras até mesmo no
socorrista.

Biossegurança

Além da segurança requerida na cena, os socorristas necessitam usar EPIs:


(Equipamentos de Proteção Individual) Barreiras físicas para impedir contágios a
partir de fluídos corporais. Além dos equipamentos de barreira, o uso e treinamento
para EPIs de nível B são essenciais para a garantia da segurança do socorrista.
(PHTLS, 2007). A primeira medida a ser realizada em cena com fogo é o uso de
Jato neblinado. Apesar de não apagar o fogo, o Jato diminui a temperatura local,
que pode variar de 600 a 1000 graus centígrados.

Avaliação primária em vítimas de queimaduras

A avaliação primária de uma vítima na cena, de acordo com o PHTLS (2007),


tem por meta avaliar e tratar imediatamente os problemas com risco de vida em
ordem de prioridade. A abordagem inicial da vítima de queimaduras é semelhante
àquela destinada à vítima de trauma com atenção voltada para as mesmas etapas
– ABCDE. Vejamos quais são as especificidades nesse caso: „

Etapa A

A prioridade inicial no atendimento à vítima de queimadura é a manutenção da


permeabilidade das vias aéreas. No caso da queimadura ter resultado de uma
explosão ou de um acidente com desaceleração, existe a possibilidade de uma
lesão medular. Por isso, a adequada estabilização da coluna cervical deve ser
realizada por todos os meios necessários, incluindo um colar cervical Luvas,
máscaras faciais, proteção ocular, aventais etc. Consiste de roupas de proteção
contra respingos, resistentes a substâncias químicas e fontes autônomas de
respiração. A exposição a gases aquecidos e fumaça da combustão de materiais
geralmente causa danos ao aparelho respiratório. No caso de calor direto nas vias
aéreas, a vítima evolui com edema acima das cordas vocais e obstrução das vias
aéreas. A rouquidão progressiva é um sinal de obstrução iminente e de parada
respiratória. Por isso, fique atento a esse sinal. Vítimas de queimaduras que se
apresentarem inconscientes, com dificuldade respiratória aguda e queimaduras no

40
rosto ou pescoço, necessitam de ventilação assistida com oxigênio a 100%
umidificado. Nesses casos, é imprescindível o atendimento de suporte avançado
de vida, o mais rápido possível: providencie transporte imediato para vítimas
nessas condições.

Etapa B

Em decorrência de queimaduras circunferenciais na parede torácica, pode


ocorrer diminuição da expansão pulmonar e dificuldade de respiração. Por isso, a
indicação de um procedimento cirúrgico, chamado escarotomia, se faz necessário
para o restabelecimento da ventilação. Outras causas de comprometimento
respiratório são as fraturas de costelas e os ferimentos abertos na região do tórax.
Essas também são situações que requerem procedimentos invasivos para o
restabelecimento da ventilação, por isso a vítima deve ser transferida para um
serviço de emergência o mais rápido possível. A exposição do tórax facilita a
avaliação da respiração, o que pode ser uma medida indireta das trocas
ventilatórias. Ventilação prejudicada e má oxigenação também podem estar
relacionadas à inalação de fumaça e/ou intoxicação por monóxido de carbono. Na
evidência de situações dessa natureza, está indicada a oferta de Uma incisão
cirúrgica através das escaras que possibilita a expansão dos tecidos profundos e
descompressão de estruturas vasculares comprimidas e/ou ocluídas. A
transferência imediata para o atendimento de Suporte Avançado de Vida está
indicada. „

Etapa C

Esta etapa diz respeito à avaliação da circulação a partir da palpação de um


dos pulsos periféricos e de um dos pulsos centrais, observando a presença, a
amplitude e os sinais de perfusão periférica, quais sejam:

» coloração;

» temperatura;

» tempo de enchimento capilar; e

» aparência da pele. „

Etapa D

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Pacientes queimados são pacientes traumatizados e podem ter sofrido outras
lesões além das queimaduras, por isso é necessária a avaliação de déficits
sensitivos ou motores. Utilize a Escala de Coma de Glasgow para essa avaliação.

Etapa E

Nesta etapa, o socorrista deve remover as roupas da vítima para a realização


de exame cuidadoso, que pode revelar lesões não aparentes, que deve ser
realizado iniciando pela cabeça e terminando na coluna vertebral. O controle da
hipotermia deve ser feito usando várias camadas de cobertores para cobrir a vítima,
pois vítimas de queimaduras não são capazes de reter o próprio calor e manter a
temperatura corporal. Conforme Silveira et al. (2004), roupas aderidas à pele da
vítima não devem ser retiradas para evitar sangramentos e lacerações, já anéis e
outras joias devem ser retiradas antes da instalação do edema. Enquanto não
houver perigo imediato ou risco de vida, uma análise secundária pode ser realizada
antes de transferir a vítima. Precauções, tais como colares cervicais, encostos e
talas devem ser usados. O método ABCDE do atendimento ao queimado impõe
desafios ímpares em todas as etapas do tratamento e reanimação. Feridas De
acordo com Ronald et al. (2007), as feridas resultante das queimaduras devem ser
avaliadas após a realização do exame primário e secundário. O líquido das bolhas
contém uma série de mediadores inflamatórios que contribuem para aumentar a
isquemia e a dor; além de favorecer o crescimento bacteriano. Assim, a pele da
bolha não serve de barreira de proteção e não é um tecido normal por isso deve
ser aspirada para aliviar a dor. As bolhas só devem ser rompidas no hospital para
evitar a contaminação bacteriana. Antes do transporte da vítima, faça os curativos
necessários com a meta de evitar a contaminação e impedir o fluxo de ar sobre as
lesões, o que contribui para o alívio da dor. O atendimento pré-hospitalar de feridas
é básico e simples. Vejamos: „ Fazer irrigação com grande quantidade de água.
Silveira et al. (2004) indicam o envolvimento da vítima com um lençol embebido
em água, além do resfriamento, o que contribui para o bloqueio da onda de calor
que continua agindo no tecido queimado por algum tempo. „ Aplicar curativo seco,
esterilizado e não aderente. „ Não usar agentes antimicrobianos tópicos, nas áreas
queimadas, na cena. Os curativos revestidos com altas concentrações de
antimicrobianos tornam-se a base do tratamento local das queimaduras nos A

42
água não necessita estar gelada, pois a água em temperatura ambiente já se
encontra bem abaixo da temperatura do tecido queimado. Recentemente, esses
curativos já são disponibilizados para uso pré-hospitalar, por meio de grandes
lâminas capazes de cobrir todas as superfícies corporais.

Estimativa de Profundidade e do tamanho da queimadura

A pele é constituída de duas camadas e tem funções complexas, incluindo:


proteção; „ regulação; „ termorregulação; „ sensibilidade; e „ adaptação metabólica.
Uma estimativa da profundidade e do tamanho das queimaduras auxilia na
determinação da severidade e do prognóstico do paciente. De acordo com o
PHTLS (2007), foi desenvolvido um novo método que pode ser facilmente aplicado
no ambiente pré-hospitalar para calcular o tamanho da queimadura, bem como a
reanimação volêmica, uma alternativa simplificada para a Regra dos Nove,
chamada de Regra do Um e Escore do Tamanho da Queimadura. Esse cálculo
deve ser feito pelo médico e serve de guia para a reposição de líquidos.

19. CUIDADOS RELATIVOS ÀS SITUAÇÕES ESPECIAIS

Queimaduras Elétricas

Conforme o PHTLS (2007), as queimaduras elétricas são lesões devastadoras


que os socorristas podem facilmente subestimar. Em muitos casos, a extensão da
lesão tecidual aparente não reflete com exatidão sua magnitude. A destruição e
morte tecidual podem ser muito extensas em comparação ao trauma.

Além das lesões de pele, as arritmias são as lesões imediatas mais graves e
podem evoluir para Fibrilação Ventricular e Assistolia, modalidades de parada
cardíaca. De acordo com Silveira et al. (2004), o socorrista deve estar atento ao
nível de consciência, respiração e circulação da vítima. Caso necessário, deve
iniciar RCP imediata. A vítima com queimadura elétrica também pode ter outras
lesões associadas, quais sejam: „ dificuldade de audição (ruptura membranas
timpânicas); „ fraturas de coluna vertebral e de ossos longos (em virtude de
contrações musculares violentas); e „ sangramento intracraniano. Nos acidentes

43
com corrente de baixa tensão, as lesões são menos extensas e existe risco para
a vítima evoluir em parada cardíaca. Fique atento ao controle do nível de
consciência, do pulso e da respiração.

Queimaduras Químicas

As lesões decorrentes de substância química, de acordo com o PHTLS (2007),


são, com frequência, resultantes da exposição prolongada ao agente agressor,
diferentemente das lesões térmicas, com duração menor. A gravidade da lesão
química está diretamente associada aos seguintes fatores da substância química:
„ natureza; „ concentração; „ duração do contato; e „ mecanismo de ação. Os
agentes químicos são classificados como ácidos e bases. Vejamos um pouco mais
sobre a diferença entre os dois:

Os ácidos são substâncias químicas com pH entre 0 e 7 e lesam o tecido por


necrose de coagulação, barreira que impede a penetração mais profunda do ácido.
Em contraste, as queimaduras por bases, com pH entre 7 e 14, lesam o tecido por
necrose de liquefação, o que permite que a base penetre mais profundamente,
provocando lesões profundas. Para limitar a disseminação de um material perigoso
e realizar atividades específicas, estudiosos desenvolveram as zonas de controle.
(PHTLS, 2007). A observação de tais princípios reduz a probabilidade de
contaminação e de lesão nas equipes de resgate e circunstantes. Mas o que é
essa zona de controle? A zona de controle é formada por três círculos concêntricos,
quais sejam: „ zona quente; „ zona morna; e „ zona fria.

A zona mais interna, chamada de zona quente, é a região adjacente ao


incidente com materiais perigosos. A tarefa da equipe de resgate nessa região é
retirar os pacientes sem preocupação com o atendimento. A zona seguinte é a
zona morna, local onde ocorre a descontaminação das vítimas, dos profissionais
e dos equipamentos. As roupas removidas devem ser ensacadas e identificadas
para evitar manipulações e acidentes. No caso de a substância ser em pó, escovar
e limpar o excesso da pele antes de fazer a irrigação com água. Nessa zona, o
único atendimento prestado aos pacientes é a avaliação primária e a imobilização
da coluna cervical. Na zona mais externa, a zona fria, é onde os profissionais e
equipamentos ficam posicionados para o atendimento definitivo.

44
As queimaduras oculares devem ser irrigadas com grandes quantidades de
líquidos.

Lesões térmicas por ar seco e úmido

A principal causa de morte nos incêndios não são as lesões térmicas, mas a
inalação de fumaça tóxica. A exposição à fumaça em ambiente fechado é um risco
para lesão por inalação, de acordo com PHTLS (2007).

Os seguintes sinais evidenciam lesões causadas por inalação: „ rouquidão,


considerado como sinal precoce; „ dificuldade respiratória; „ tosse; „ queimadura
na face; „ presença de fuligem no escarro; „ pelos faciais queimados; e „ respiração
com estridor (ruído ocasionado por passagem do ar em via aérea superior
obstruída).

Essas vítimas devem ser mantidas sob suspeita porque os sinais e sintomas
de lesão por inalação podem ser tardios. (PHTLS,2007; Silveira et al., 2004). Nas
lesões térmicas por ar seco, os danos abaixo das cordas vocais são infrequentes.
A presença de ar úmido, como vapor, que tem uma capacidade de transporte de
calor 4000 vezes maior do que o calor seco é capaz de queimar vias aéreas
inferiores.

Asfixia por monóxido de carbono

O monóxido de carbono se liga à hemoglobina com maior afinidade do que o


oxigênio, os sintomas de asfixia estão relacionados à duração e intensidade de
exposição e aos níveis séricos resultantes, sofrendo variações desde a cefaleia
até o estado de coma. Asfixia por gás cianeto. Na asfixia por gás cianeto ocorre
intoxicação do metabolismo celular, impedindo o uso do oxigênio pela célula. Os
sintomas são: „ alteração do nível de consciência; „ tontura; „ cefaleia; „ taquicardia;
ou „ taquipneia. Nas situações recém-descritas, as vítimas necessitam de
transferência imediata para tratamento de suporte avançado de vida. O ar seco é
um mau condutor de calor.

45
20. ABORDAGEM INICIAL À VÍTIMA DE INTOXICAÇÕES
EXÓGENAS

Esta seção tem por referencial teórico o livro Toxicologia na prática clínica,
Andrade Filho et al., 2001, e o capítulo intitulado Intoxicações Agudas, de autoria
de Barotto, A. M et al., publicado no PROAMI-SEMCAD (2010). As intoxicações
são causas comuns de procura por atendimento nos serviços de emergência em
todo o mundo. Dos atendimentos em emergências, estima-se que 5 a 10%
decorram de intoxicações. Nos casos de intoxicação, às vezes é difícil conseguir
uma narrativa da vítima a respeito do acontecimento; ela pode ser encontrada
sozinha, estar inconsciente ou passar informações não verdadeiras. Estima-se que
cerca de 50% das vítimas que tentam o suicídio não relatam a verdade com relação
ao produto ingerido nem a dose usada. Muitas vezes é necessário que os
familiares ou acompanhantes retornem ao local onde a vítima foi encontrada e
procurem por: „ cartelas ou frascos vazios de medicamentos; caixas ou frascos de
agrotóxicos; „ material utilizado no consumo de drogas de abuso; „ garrafas de
bebidas; „ restos de alimentos, dentre outros. Nas crianças também é muito difícil
saber precisamente qual a quantidade do tóxico. No entanto, deve-se tentar
responder às seguintes perguntas:

1. O quê? Qual(is) a(s) substância(s) envolvida(s) na intoxicação?

2. Quanto? Qual a quantidade utilizada ou, no caso de exposições dérmicas e


inalatórias, por quanto tempo houve exposição? A intoxicação é definida como o
conjunto de efeitos nocivos representados por sinais e sintomas que mostram o
desequilíbrio orgânico produzido pela interação entre o agente tóxico e o sistema
orgânico.

3. Quando? Há quanto tempo ocorreu a intoxicação?

4. Como? – Em que circunstâncias a intoxicação ocorreu?

5. Comorbidades (doenças) e medicações utilizadas? Abordagem inicial ao


paciente agudamente intoxicado O atendimento pré-hospitalar inicial às vítimas de
intoxicação deve, primeiro, avaliar os seguintes sinais vitais: Respiração, Pulso e
Temperatura. „

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Respiração

A prioridade do atendimento inicial é manter a permeabilidade das vias aéreas e


evitar a broncoaspiração. „

Pulso

A bradicardia sugere intoxicações específicas e a taquicardia reflete mecanismos


compensatórios simpáticos. No colapso súbito, que pode ser indicativo de
fibrilação ventricular, o tratamento imediato são as compressões torácicas
seguidos do uso do Desfibrilador Automático Externo (DEA). „

Temperatura

No caso de hipertermia, o socorrista deve retirar as roupas da vítima e utilizar


compressas de água fria, gelo e ventiladores para aumentar a perda de calor. No
caso de hipotermia fazer aquecimento com cobertores comuns ou térmicos. É
preciso ficar atento aos sinais de convulsão, de hipoglicemia, de etilismo, assim
como avaliar a possibilidade de trauma associado e, se necessário, fazer
imobilização cervical, seguida de avaliação secundária. No ambiente hospitalar,
antes da estabilização do paciente, faz-se apenas um exame físico sumário para
nortear as primeiras medidas do tratamento. Após o manejo inicial, deve-se
realizar um exame físico completo, inclusive neurológico, na tentativa de verificar
alterações que sugiram determinado tipo de intoxicação ou síndrome tóxica.
Medidas de descontaminação no ambiente pré-hospitalar no caso da vítima estar
estável As medidas de descontaminação dependem do tipo de exposição.
Vejamos, a seguir, os tipos de exposição:

Exposição Cutânea

Retirar imediatamente as vestes e os eventuais resíduos sólidos por meio de


escova macia e proceder à lavação com água corrente por 15 a 30 minutos. Caso
a substância seja lipossolúvel, utiliza-se água e sabão. Não utilizar substâncias
neutralizantes e, no caso de substâncias cáusticas, após a descontaminação, a
lesão pode ser tratada como uma queimadura térmica. „

47
Exposição Ocular

Fazer lavagem do olho acometido com água ou soro fisiológico, por pelo menos
30 minutos. Sempre realizar a lavagem ocular no sentido medial para lateral para
Lavagem corporal e ocular, lavagem gástrica e uso de carvão ativado.
Alcalinização urinária, hemodiálise e hemoperfusão. Sinais vitais, escala de coma
de Glasgow, ausculta cardíaca e pulmonar, avaliação da pele, roupas, pupilas. Não
utilize substâncias neutralizantes nem colírio anestésico. Para a proteção do olho,
colocar um tampão ocular antes da transferência da vítima.

Exposição Inalatória

Retirar a vítima do local contaminado o mais rápido possível e mantê-la em


ambiente arejado.

Exposição Gastrointestinal

A maioria das intoxicações graves ocorre por esta via. As medidas de


descontaminação gastrointestinal são, ainda, controversas e não há evidências
para justificar o uso de muitos produtos. Recomenda-se a utilização desses
produtos na ocorrência da ingestão de doses potencialmente tóxicas ou, até
mesmo, letais. Muitas vezes trata-se de uma decisão empírica, visto que, em
certas situações, não conseguimos precisar a quantidade ou o horário da ingestão.
É comum, inclusive, não sabermos exatamente todas as substâncias que o
paciente utilizou. No entanto, quando se suspeita de ingestão de doses
potencialmente tóxicas que ocorreram há menos de uma hora e não há
contraindicações para o procedimento, é realizada a lavagem gástrica,
acompanhada, ou não, de posterior uso do carvão ativado, no ambiente hospitalar.
Quais são as contraindicações da lavagem gástrica? Inconsciência; ingestão de
cáusticos ou corrosivos; ingestão de solventes em geral; vômito de sangue;
cirurgia recente do trato gastrointestinal; ingestão de materiais sólidos com pontas;
e „ ingestão de pacotes contendo drogas. Fazer reavaliações periódicas das
vítimas, com intervalo variável, de acordo com a gravidade do caso. Essas
reavaliações se fazem necessárias pela possibilidade de piora do quadro clínico,

48
como a diminuição do nível de consciência e necessidade de intubação
orotraqueal para proteção de vias aéreas.

Quais são as principais intoxicações? As principais intoxicações podem ser


divididas por grupos.

Benzodiazepínicos

Classe de medicamentos com ação ansiolítica, hipnótica, miorrelaxante e


anticonvulsivante, muito utilizada. É uma das principais causas de intoxicação
medicamentosa, em adultos e crianças, com morbidade elevada e baixa letalidade.
O sinal da intoxicação leve é a sonolência; na intoxicação grave, a vítima apresenta
depressão do SNC, hipotensão, depressão respiratória, ataxia (perda da
coordenação dos movimentos), tremores, miose e hiperexcitabilidade. No
atendimento pré-hospitalar, o socorrista deve avaliar a respiração e presença de
hipotermia. No ambiente hospitalar, são realizadas as seguintes medidas de
descontaminação: lavagem gástrica e usados o carvão ativado.

Antidepressivos tricíclicos

Intoxicação comum e grave, principal causa de óbito por intoxicação


medicamentosa. Os sinais e sintomas comuns são: midríase, sedação, delírio,
confusão mental, arritmia, convulsões e coma. O atendimento pré-hospitalar
consiste nas medidas de avaliação da respiração e do pulso. No ambiente
hospitalar, são realizadas medidas de descontaminação: lavagem gástrica deve
ser realizada em até uma hora da ingestão. No entanto, alguns autores
recomendam que possa ser realizada em até 12 horas após a ingestão de altas
doses desses medicamentos, pelo retardo no esvaziamento gástrico.

Agrotóxicos organofosforados e carbamatos (inseticidas)

Entre os principais sinais e sintomas da intoxicação com esses produtos, são


encontradas: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, miose, visão turva,
tosse, dispneia, broncoespasmo (estreitamento da luz dos brônquios),
hipersecreção brônquica, cianose, sialorreia (aumento da produção de saliva),
rinorreia (corrimento nasal), lacrimejamento, sudorese profusa, bradicardia,
hipotensão e parada cardíaca, ataxia, labilidade emocional, cefaleia, tremores,
sonolência, confusão, ataxia, hipotonia (tônus muscular diminuído), hiporreflexia

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(reflexos diminuídos), coma, convulsões, depressão do centro respiratório. Nas
intoxicações graves ocorre insuficiência respiratória devido à combinação de
depressão respiratória central, fraqueza da musculatura respiratória,
broncoespasmo e hipersecreção brônquica. No atendimento pré-hospitalar
mantenha vias aéreas pérvias e providencia transferência imediata.

O tratamento hospitalar consiste nas seguintes medidas: aspiração de vias


aéreas; entubação oro ou naso-traqueal; e oxigenação, se necessário.

Medidas de descontaminação: lavagem gástrica; carvão ativado; e lavagem


corporal com água corrente, se houver contato cutâneo.

Raticidas Cumarínicos

Na intoxicação por raticidas, os sinais e sintomas são: náuseas, vômitos, dor


abdominal, diarreia e eventos hemorrágicos, que podem surgir em 12 a 72 horas.
O tratamento é hospitalar e varia de acordo com a faixa etária. Antes de fazer
contato com o CIT procure inteirar-se de: O quê? Nome do produto que causou a
intoxicação. Como?

Forma de exposição: inalado, ingestão, contato? Quando? Tempo de


intoxicação. Onde? Local. Quanto? Conhecer a dose. Por quê? Acidental,
provocada?

21. ABORDAGEM INICIAL À VÍTIMA DE ACIDENTES COM


ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS

Você sabe qual é a diferença entre animal peçonhento e venenoso? De acordo


com o site denominado Biblioteca Virtual em Saúde (2010) do Ministério da Saúde:
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno e que o injetam
com facilidade por meio de dentes ocos, ferrões ou aguilhões. Exemplos: serpentes,
aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias. Animais
venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho
(dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou
taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). Inicialmente é bom

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lembrar que no atendimento à vítima que foi picada, ou teve contato com algum animal
peçonhento ou venenoso, além da atenção imediata, informações sobre o tipo e as
características básicas do animal são de grande importância para a escolha do
tratamento. O animal causador deve, na medida do possível, ser encaminhado para
identificação por técnico treinado. A seguir, apresentaremos os principais grupos de
animais peçonhentos e venenosos, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde
(2001), abordando características, habitat, hábitos, sinais e sintomas e cuidados
iniciais e, por fim, medidas de primeiros socorros e de prevenção de acidentes com
esses animais.

Ofidismo

No Brasil, a fauna ofídica de interesse está representada pelos gêneros:


Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus, e por algumas serpentes do gênero da
Família Colubridae, por ocasionarem alguns acidentes com manifestações clínicas
locais.

A fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é um orifício situado entre o


olho e a narina da serpente. Indica que a serpente é peçonhenta e é encontrada nos
gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis. As serpentes desses gêneros possuem
dentes inoculadores situados na porção anterior do maxilar. As serpentes do gênero
Micrurus não apresentam fosseta loreal e seus dentes inoculadores são pouco
desenvolvidos e situados na região anterior da boca. Incluindo Bothriopsis =
Bothriopsis bilineata e Bothriopsis taeniata e Porthidium = Porthidium hyoprora.
Philodryas e Clelia.

Gênero Bothrops

Existem cerca de 30 espécies distribuídas por todo o território nacional. São


conhecidas popularmente por: „ jararaca; „ ouricana; „ jararacussu; „ urutu-cruzeira; „
jararaca-do-rabo-branco; „ malha-de-sapo; „ patrona; „ surucucurana; „ comboia; e „
caiçara. Seguem imagens da jararaca e da jararacussu:

Bothrops jararacussu

Essas serpentes peçonhentas habitam, principalmente, zonas rurais e


periféricas de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas
cultivadas e locais com facilidade para proliferação de roedores. Têm hábitos noturnos

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ou crepusculares e comportamento agressivo, quando ameaçadas, desferindo botes
sem produzir ruídos. As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são
dor e edema no local da picada, de intensidade variável, de instalação precoce e
caráter progressivo. No ponto da picada são frequentes as equimoses, os
sangramentos e a formação de bolhas que podem ser acompanhados ou não de
necrose.

Gênero Crotalus

Popularmente conhecidas por cascavel, cascavel-quatro-ventas, boicininga,


maracamboia, maracá, dentre outras denominações populares, essas serpentes
habitam campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e, raramente, ficam na
faixa litorânea. Não têm o hábito atacar e, quando estimuladas, denunciam sua
presença por ruído característico do chocalho. Paióis, celeiros, depósitos de lenha.

As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são as seguintes:


dor de pequena intensidade ou até mesmo ausência de dor, presença de parestesia
(dormência) local, podendo estar acompanhada de edema discreto ou eritema
(vermelhidão) no ponto da picada.

Gênero Lachesis

Popularmente conhecidas por surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga ou


malha-de-fogo, são as maiores serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até
3,5 m. Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e matas úmidas do
Nordeste. As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são
semelhantes às descritas no acidente botrópico, com predomínio para a dor e o edema.
Pode ocorrer presença de vesículas e de bolhas nas primeiras horas após o acidente.
As manifestações hemorrágicas limitam-se ao local da picada, na maioria dos casos.

Gênero Micrurus

São animais de pequeno e médio porte, com tamanho de aproximadamente 1,0


m, conhecidos popularmente por coral, coral verdadeira ou boicorá. Apresentam anéis
vermelhos, pretos e brancos em qualquer tipo de combinação. Na Região Amazônica
e áreas limítrofes, são encontrados corais de cor marrom-escura – quase negra –,
com manchas avermelhadas na região ventral. Falsas corais têm o mesmo padrão de
coloração dos corais verdadeiros, porém são desprovidas de dentes inoculadores.

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Diferem na configuração dos anéis que, em alguns casos, não envolvem toda a
circunferência do corpo. As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes
são discreta dor local, geralmente acompanhada de parestesia, que podem surgir
precocemente em menos de uma hora após a picada. Há relatos de aparecimento
tardio de paralisia flácida da musculatura respiratória comprometendo a ventilação,
podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda e parada respiratória.

Colubridae

Em algumas espécies do gênero Philodryas e Clelia, há relatos de


envenenamento. São conhecidas, popularmente, por cobra-cipó ou cobra-verde
(Philodryas) e muçurana ou cobra-preta (Clelia). Possuem dentes inoculadores na
porção posterior da boca e não apresentam fosseta loreal. Para injetar o veneno,
mordem e se prendem ao local. As manifestações locais dos acidentes com essas
serpentes podem ocasionar edema local importante, equimose e dor, semelhantes
aos observados nos acidentes botrópicos, porém sem alteração da coagulação.

Lepidópteros

A ordem Lepidóptera conta com mais de 150.000 espécies. A quase totalidade


dos acidentes acontece por contato com lagartas, conhecidas também por taturana
ou tatarana. As lagartas sauí, lagarta-de-fogo, chapéu-armado, taturanagatinho,
taturana-de-flanela são da família Megalopygidae, e apresentam dois tipos de cerdas:
„ as verdadeiras, pontiagudas com as glândulas basais de veneno; e „ cerdas mais
longas, coloridas e inofensivas. As lagartas orugas ou rugas,
beijus-de-tapuru-de-seringueira da família saturniidae apresentam “espinhos”
ramificados e pontiagudos de aspecto arbóreo, com glândulas de veneno nos ápices.
Têm tonalidades esverdeadas, exibindo no dorso e nas laterais manchas e listras.
Nessa família, estão lagartas do gênero Lonomia, que causam síndrome hemorrágica.
As manifestações da dermatite urticante, causada pelo contato com as lagartas, são:
dor local intensa, edema, eritema e, eventualmente, prurido local. Pode haver
infartamento ganglionar doloroso. Nas primeiras 24 horas, a lesão pode apresentar
vesículas e até bolhas e necrose, na área do contato. Geralmente, a evolução é boa
com regreção dos sinais sintomáticos em dois a três dias. O acidente com Lonomia é
a forma mais grave, além da dermatite urticante, presente imediatamente após o
contato, a vítima pode apresentar cefaleia, mal-estar geral, náuseas e vômitos,

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ansiedade, mialgias e, em menor frequência, dores abdominais, hipotermia e
hipotensão. Após 48 horas, instala-se um quadro de discrasia sanguínea, que pode
estar acompanhado de manifestações hemorrágicas que costumam aparecer entre
oito a 72 horas após o contato, dentre as quais: „ equimoses e hematomas espontâneo
ou resultantes de trauma ou em lesões cicatrizadas; „ hemorragias de cavidades
mucosas; „ hematúria macroscópica; „ sangramentos em feridas recentes;
Gengivorragia, epistaxe, hematêmese, enterorragia.

Quais são os primeiros socorros: » lavar o local da picada apenas com água ou
com água e sabão; » manter o paciente deitado; » manter o paciente hidratado; »
procurar o serviço médico mais próximo; » se possível, levar o animal para
identificação. Vimos os procedimentos adequados.

Agora, preste atenção ao que não deve ser feito: » torniquete ou garrote; »
cortar o local da picada; » perfurar ao redor do local da picada; » colocar folhas, pó de
café ou outros contaminantes; » oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros
tóxicos. „

Aracnídeos

Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes: É importante manter


jardins e quintais limpos, assim como evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo
doméstico, material de construção nas proximidades das casas. Deve-se evitar
folhagens densas junto a paredes e muros das casas e manter a grama aparada.
Também é importante a limpeza periódica de terrenos baldios vizinhos, pelo menos
numa faixa de um a dois metros junto das casas. Deve-se ter cuidado com roupas e
sapatos: vale a pena sacudi-los antes do uso, pois eles constam como locais de
esconderijo às aranhas e aos escorpiões. Não se deve colocar as mãos em buracos,
sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da
linha férrea, portanto o uso de calçados e de luvas de raspas de couro pode evitar
acidentes. Como muitos desses animais apresentam hábitos noturnos, a entrada nas
casas pode ser evitada, vedando-se as soleiras das portas e janelas quando Plantas
ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras, entre outras.

No mesmo ambiente, vale usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. Esse
procedimento combate a proliferação de insetos, o que evita o aparecimento das
aranhas que deles se alimentam. Nas casas, é importante vedar frestas e buracos em

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paredes, assoalhos e vãos entre o forro e as paredes, consertar rodapés despregados,
colocar saquinhos de areia nas portas, afastar as camas e os berços das paredes e
evitar que roupas de cama e mosquiteiros fiquem encostados no chão. Não é
recomendado que as roupas sejam penduradas nas paredes e é sempre bom
examinar roupas principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir, assim como
inspecionar sapatos e tênis antes de usá-los. Não devemos esquecer de acondicionar
lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos
fechados para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os
escorpiões. Por outro lado, vale a pena preservar os inimigos naturais de escorpiões
e aranhas. Quais são os primeiros socorros:

» Lavar o local da picada;

» Usar compressas mornas para ajudar no alívio da dor;

» Procurar o serviço médico mais próximo;

» Se possível, levar o animal para identificação.

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22. REFERÊNCIAS

AMERICAN HEART ASSOCIATON. Currents in Emergency Cardiovascular. Texas:


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em: . Acesso em: 26 abr. 2011. CRAVEN, R. F.; HIRNLE, C.J. (Ed.). Fundamentos de
Enfermagem: Avaliação do Sinal Vital. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

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em: . Acesso em: 26 abr. 2011.

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Janeiro: Elsevier, 2007.

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148 Universidade do Sul de Santa Catarina

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Atendimento pré hospitalar no trauma e suporte básico de vida. Curitiba: Imprensa
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Tratado de Queimaduras. São Paulo: Atheneu, 2004.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMAGEM DE CENTRO CIRÚRGICO. Práticas


Recomendadas. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: SOBECC, 2009. Disponível em: .
Acesso em: 26 abr. 2011.

VIANA, D.L.; PETENESCO, M. Manual para realização do exame físico. São Caetano
do Sul: Yendis, 2007.

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