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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO -
CIRÚRGICO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO-
CIRÚRGICO

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

1 UNIDADE DO CENTRO-CIRÚRGICO
1.1 ESTRUTURA FÍSICA
1.1.1 Vestiários (masculino e feminino)
1.1.2 Área de conforto
1.1.3 Sala dos cirurgiões e anestesiologistas
1.1.4 Sala de Enfermagem
1.1.5 Sala de recepção dos pacientes
1.1.6 Sala de material de limpeza
1.1.7 Sala para guarda de equipamentos
1.1.8 Sala para armazenamento de material esterilizado (arsenal)
1.1.9 Sala de gases medicinais
1.1.10 Expurgo
1.1.11 Apoio técnico e administrativo do Centro-cirúrgico
1.1.12 Sala de Operação (SO)
1.1.13 Tamanho da sala
1.1.14 Portas
1.1.15 Piso
1.1.16 Paredes
1.1.17 Teto
1.1.18 Janelas
1.1.19 Iluminação
1.1.20 Ventilação/ Ar-condicionado
1.1.21 Tomadas
1.1.22 Rede de gases
1.1.23 Lavabo
1.2 RECURSOS MATERIAIS
1.3 RECURSOS HUMANOS
1.4 ROTINAS E SALAS DE OPERAÇÃO
1.4.1 Procedimentos básicos

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1.4.2 Procedimentos em relação à equipe médica e à instrumentadora cirúrgica
1.4.3 Procedimentos relacionados ao paciente
1.4.4 Fase de desmontagem da sala
1.4.5 Limpeza da sala de operação

MÓDULO II

2 TRATAMENTO CIRÚRGICO
2.1 HISTÓRICO DA CIRURGIA
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS
3 INSTRUMENTAIS, AGULHAS E FIOS
3.1 INSTRUMENTAL DE DIÉRESE
3.2 INSTRUMENTAL PARA HEMOSTASIA
3.3 INSTRUMENTAL PARA PREENSÃO
3.4 INSTRUMENTAL PARA SEPARAÇÃO
3.5 INSTRUMENTAL E MATERIAL PARA A SÍNTESE
3.5.1 Fios cirúrgicos
3.5.1.1 Características físicas de manuseio e reação tecidual dos fios cirúrgicos
3.5.2 Classificação dos fios cirúrgicos
3.5.2.1 Fios cirúrgicos absorvíveis
3.5.2.2 Fios cirúrgicos absorvíveis biológicos
3.5.2.3 Fios cirúrgicos absorvíveis sintéticos
3.5.2.4 Polímeros sintéticos monofilamentares mais recentes
3.5.2.5 Fios cirúrgicos não absorvíveis
3.5.2.6 Fios cirúrgicos não absorvíveis biológicos
3.5.2.7 Fios cirúrgicos não absorvíveis sintéticos
3.6 AGULHAS CIRÚRGICAS
3.7 GRAMPOS DE PELE
3.8 FITAS ADESIVAS DE PELE
3.9 INSTRUMENTO ESPECIAL
3.10 INSTRUMENTAL DE CAMPO
3.11 INSTRUMENTAL LAPAROSCÓPIO
4 TERMINOLOGIAS

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4.1 CLASSIFICAÇÃO
5 ANESTESIOLOGIA
5.1 CONCEITOS BÁSICOS EM ANESTESIOLOGIA
5.1.1 Anestesia
5.1.2 Analgesia
5.1.3 Anestesia local
5.1.4 Anestesia regional
5.1.5 Anestesia geral
5.1.6 Hipnótico
5.1.7 Narcose
5.1.8 Anestesia basal
5.1.9 Sedação
5.1.10 Notria
5.2 FATORES FÍSICOS E FISIOLÓGICOS DOS ANESTÉSICOS
5.2.1 Profundidade da anestesia
5.3 MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
5.4 TIPOS DE ANESTESIA
5.4.1 Anestesia geral
5.4.2 Anestesia geral por inalação
5.4.3 Anestesia geral endovenosa
5.4.4 Anestesia local
5.4.5 Anestesia regional
5.4.6 Anestesia espinhal
6 CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS
6.1 PRÉ-OPERATÓRIO
6.1.1 Pré-operatório Mediato
6.1.1.1Consentimento cirúrgico
6.1.1.2 Avaliação Pré-operatória
6.1.1.3 Preparo psicoespiritual
6.1.1.4 Preparo físico
6.1.1.5 Pré-operatório Imediato
6.1.1.6 Checagem Pré-operatória
6.2 PERÍODO TRANS-OPERATÓRIO (INTRA-OPERATÓRIO)

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MÓDULO III
7 UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS ANESTÉSICA
8 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO
8.1 RESPIRATÓRIA
8.2 CARDIOVASCULAR
8.3 TEMPERATURA ANORMAL
8.3.1 Cuidados de enfermagem na hipotermia
8.4 PROCESSO MENTAL ALTERADO
8.5 DOR
8.5.1 Cuidados de enfermagem
8.6 Náusea e Vômito
8.6.1 Cuidados de enfermagem
8.7 SOLUÇOS
8.8 SEDE
8.8.1 Cuidados de enfermagem
8.9 CHOQUE
8.9.1Cuidados de enfermagem
8.10 COMPLICAÇÕES PULMONARES
8.10.1 Cuidados de enfermagem
8.11COMPLICAÇÕES URINÁRIAS8.11.1 Cuidados de enfermagem
8.12 HEMORRAGIA8.12.1 Cuidados de enfermagem
9 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO MEDIATO OU TARDIO
9.1 DISTENSÃO ABDOMINAL
9.2 COMPLICAÇÕES PULMONARES
9.3 COMPLICAÇÕES VASCULARES
9.4 COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA
9.4.1 Infecção
9.4.2 Deiscência de sutura e evisceração
9.5 INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO
10 AVALIAÇÃO
11 ALTA DA URPA
12 ADMISSÃO NA UNIDADE CIRÚRGICA

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12.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA URPA:
12.2 ÁREA FÍSICA DA URPA
12.3 RECURSOS HUMANOS
12.4 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
12.5 IDENTIFICAÇÃO DOS RESULTADOS

MÓDULO IV

13 CENTRAL DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO


13.1 HISTÓRICO DA CME
13.2 ESTRUTURA DA CME
13.3 RECURSOS HUMANOS E EQUIPAMENTOS
13.3.1 Gerência
13.3.2 Demais membros
13.3.3 Quantitativo
13.3.4 Equipamentos
13.3.4.1 Equipamentos específicos
13.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS E MÉTODOS DE LIMPEZA
13.4.1 Artigos Críticos
13.4.2 Artigos semicríticos
13.4.3 Artigos não críticos
13.5 MÉTODOS DE LIMPEZA DE INSTRUMENTAL CIRURGICO
13.5.1 Limpeza manual
13.5.2 Limpeza mecânica
13.5.3 Recomendações para limpeza de instrumental cirúrgico
13.6 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
13.7 PROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES
13.7.1 Limpeza e secagem
13.7.2 Produtos Utilizados
13.7.3 Secagem
13.8 MÉTODOS DE DESINFECÇÃO DE ARTIGOS HOSPITALARES
13.8.1Agentes Físicos
13.8.2 Agentes Químicos

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13.8.3 Princípios ativos utilizados para desinfecção ou esterilização química
13.8.3.1Aldeídos
13.8.3.2 Álcoois
13.8.3.3 Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo
13.8.3.4 Compostos Orgânicos Liberadores de Cloro Ativo
13.9 MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO
13.9.1 Métodos Físicos
13.9.1.1Vapor Saturado Sob Pressão (autoclavação)
13.9.1.2 Esterilização por gravidade
13.9.1.3 Esterilização por alto-vácuo
13.9.1.4 Esterilização por vácuo-pulsátil
13.9.1.5 Esterilização ultrarrápida (flash sterilization)
13.9.1.6 Calor Seco (Estufas ou Fornos de Pasteur)
13.9.1.7 Radiação
13.9.2 Métodos químicos
13.9.3 Métodos Físico-Químicos
13.9.3.1 Óxido de Etileno (ETO)
13.9.3.2 Peróxido de Hidrogênio
13.10 INVÓLUCROS
13.11 CONTROLE DE QUALIDADE
13.11.1 Testes Físicos
13.11.1.1 Avaliador de desempenho do esterilizador
13.11.1.2 Qualificação térmica (termopares)
13.11.1.3 Dosimetria de radiação
13.11.2 Testes Químicos
13.11.2.1 Indicadores Químicos
13.11.2.1 Teste de Bowie & Dick (passo a passo)
13.11.3 Testes Biológicos
13.11.3.1 Teste de esterilidade de controle biológico
13.11.4 Avaliação de Esterilizantes Químicos
13.11.5 Controle de esterilização por radiações ionizantes: gama ou cobalto 60:
13.11.5 Monitorização dos processos de esterilização
13.11.6 Prazo de validade da esterilização

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13.11.7 Validação dos Processos de Esterilização
13.12 REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES
13.12.1 Legislação vigente
13.13 ARTIGOS DESCARTÁVEIS X ARTIGOS DE USO ÚNICO
13.14 REPROCESSAMENTO E REESTERILIZAÇÃO
13.14.1 Protocolo de Reprocessamento
13.14.2 Etapas do reprocessamento descritas passo a passo, determinando o
processo a ser adotado
13.15 PREPARO E EMPACOTAMENTO DE ARTIGOS ESTERILIZADOS
13.16 ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ARTIGOS ESTERILIZADOS
14 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA AO AMBIENTE
15 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES
15.1 ÁREA CRÍTICA
15.2 ÁREA SEMICRÍTICA
15.3 ÁREA NÃO CRÍTICA

MÓDULO V

16 MANUSEIO DE MATERIAL ESTERILIZADO


16.1 ABERTURA DE PACOTES
17 POSIÇÃO DO PACIENTE PARA A CIRURGIA OU POSIÇÃO CIRÚRGICA
17.1 POSIÇÃO DORSAL
17.2 POSIÇÃO VENTRAL
17.3 POSIÇÃO LATERAL
17.4 POSIÇÃO GINECOLÓGICA
18 PROCEDIMENTOS NA PARAMENTAÇÃO PARA A CIRURGIA
18.1 DEGERMAÇÃO DAS MÃOS E ANTEBRAÇOS
18.2 A ESCOVAÇÃO DAS MÃOS E ANTEBRAÇOS
18.3 AVENTAL ESTERILIZADO
18.4 OPA ESTERILIZADA
18.5 LUVAS ESTERILIZADAS
19 PREPARO DA UNIDADE DO PACIENTE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 UNIDADE DO CENTRO-CIRÚRGICO

O Centro-cirúrgico (CC) pode ser considerado uma das unidades mais


complexas do hospital devido sua especificidade, presença de agentes estressores
devido às possibilidades de risco à saúde a que os pacientes estão sujeitos ao
serem submetidos à intervenção cirúrgica.
O CC é constituído de um conjunto de áreas e instalações que permite
efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente, e de
conforto e segurança para as equipes que o assiste.
Sendo um setor de circulação restrita, destacam-se, entre suas finalidades, a
realização de procedimentos cirúrgicos devolvendo os pacientes às suas unidades
de origem nas melhores condições possíveis de integridade; otimização de campo
de estágio para a formação, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos; e
o desenvolvimento científico para o aprimoramento de novas técnicas cirúrgicas e
afins.

1.1 ESTRUTURA FÍSICA

O CC deve estar localizado em uma área do hospital que ofereça a segurança


necessária às técnicas assépticas, portanto distante de locais de grande circulação
de pessoas, de ruído e de poeira. Recomenda-se que seja próximo às unidades de
internação, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva, de modo a contribuir com
a intervenção imediata e melhor fluxo dos pacientes.
De acordo com a organização hospitalar, podem fazer parte do bloco cirúrgico
a Recuperação Pós-Anestésica e a Central de Materiais e Esterilização. As demais
áreas são assim caracterizadas:

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1.1.1 Vestiários (masculino e feminino)

Localizados na entrada do CC, onde é realizado o controle de entrada das


pessoas autorizadas após vestirem a roupa privativa da unidade. Deve possuir
chuveiros, sanitários e armários para guarda de roupas e objetos pessoais.

1.1.2 Área de conforto

Área destinada a lanches para que os mesmos não sejam realizados em


locais inadequados. Deve-se dispor nesse local, cadeiras, poltronas e sofás.

1.1.3 Sala dos cirurgiões e anestesiologistas

Destinada aos relatórios médicos

1.1.4 Sala de Enfermagem

Reservada ao controle administrativo do CC. Deve estar em local de fácil


acesso e com boa visão de todo o conjunto do setor.

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1.1.5 Sala de recepção dos pacientes

Espaço para receber os pacientes. Aqui os pacientes são avaliados


clinicamente antes da cirurgia ou receber medicação pré-anestésica. Este ambiente
deve ser o mais calmo possível a fim de diminuir o estresse do período pré-
operatório.

1.1.6 Sala de material de limpeza

Destinado à guarda dos materiais utilizados na limpeza do Centro-cirúrgico.

1.1.7 Sala para guarda de equipamentos

Área para guarda e recebimento de equipamentos como: microscópios,


bisturis, monitores cardíacos, respiradores, entre outros. Em condições de uso e
utilização imediata.

1.1.8 Sala para armazenamento de material esterilizado (arsenal)

Destinado ao armazenamento e distribuição dos artigos estéreis, para uso


nas salas de cirurgia.

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1.1.9 Sala de gases medicinais

Destinada ao armazenamento de torpedos de gases medicinais como


oxigênio, ar comprimido, óxido nitroso e especialmente o nitrogênio para uso em
aparelhos específicos ou em casos de emergência.

1.1.10 Expurgo

Local para o desprezo de secreções das salas de cirurgia. Deve estar provida
de um vaso sanitário apropriado com descarga e uma pia para lavagem dos artigos
utilizados nas cirurgias.

1.1.11 Apoio técnico e administrativo do Centro-cirúrgico

O Centro-cirúrgico conta com o apoio imprescindível de alguns setores


ligados direta ou indiretamente a ele e que deve estar prontamente preparados para
atendê-lo para seu funcionamento, tais como: banco de sangue, raio-x, laboratório e
anatomia patológica, serviço de engenharia clínica e de manutenção, farmácia,
segurança e secretaria.

1.1.12 Sala de Operação (SO)

Segundo a legislação brasileira, a capacidade do CC é estabelecida


segundo a proporção de leitos cirúrgicos e Salas de Operação. A Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) n°307/2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) do Ministério da Saúde, determina uma sala de operação para cada 50

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leitos não especializados ou 15 leitos cirúrgicos.
Para um dimensionamento ideal, devem-se levar em consideração alguns
aspectos como:
- Horário de funcionamento do Centro-cirúrgico;
- Especialidades cirúrgicas atendidas (cardiologia, neurocirurgia, ortopedia,
oftalmologia, etc.);
- Duração média das cirurgias;
- Número de cirurgias por dia;
- Número de leitos cirúrgicos do hospital;
- Hospital escola;
Quantidade de artigos médicos e instrumentais cirúrgicos disponíveis.

1.1.13 Tamanho da sala

Depende dos equipamentos necessários aos tipos de cirurgias a serem


realizadas; seu formato deve ser retangular ou oval. Segundo a RDC 307/2002,
quanto ao tamanho, às salas são assim classificadas:
- Sala pequena: 20m², com dimensão mínima de 3,45 metros, destinadas às
especialidades de otorrinolaringologia e oftalmologia.
- Sala média: 25m², com dimensão mínima de 4,65 metros, destinadas às
especialidades gástrica e geral.
- Sala grande: 36m², com dimensão mínima de 5,0 metros, específicas para
as cirurgias neurológicas, cardiovasculares e ortopédicas.

1.1.14 Portas

As portas das salas de cirurgia devem ser largas o bastante para facilitar a
passagem de macas e equipamentos cirúrgicos. Devem possuir metal na altura da
maca para evitar seu estrago, ser de materiais laváveis e resistentes, de preferência

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revestidas de fórmica.
É indicado o uso de portas do tipo “vaivém” que impeçam o uso das mãos
para abri-la. O ideal é que se tenha outra porta de acesso à sala apenas para
membros das equipes com visor de separação dos dois ambientes.

1.1.15 Piso

Deve ser de superfície lisa, não porosa, resistentes a agentes químicos


comuns, sem fendas ou fissuras, ter aspecto estético, realçar a sujeira, não refletir a
luz, impermeável, resistente ao choque, durável, de fácil limpeza, pouco sonoro e
principalmente bom condutor de eletricidade estática para evitar faíscas. Exemplo:
granilite, vinílicos e mármore.

1.1.16 Paredes

Devem ser revestidas de material liso, resistente, lavável, antiacústico e não


refletor de luz. Pintadas de cores que evitam a fadiga visual, as tintas não devem
possuir cheiro.
É vedado o uso de cimento sem nenhum aditivo antiabsorvente para rejunte
de peças cerâmicas ou similares tanto nas paredes quanto nos pisos.
Devem ser utilizados cantos arredondados nas paredes, conforme o Manual
de Controle de Infecção Hospitalar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

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1.1.17 Teto

Deve ser de material resistente, lavável, não deve conter ranhuras e não
deve ser poroso, para facilitar a limpeza e impedir a retenção de micro-organismos.
Deve ser contínuo, não sendo permitida a utilização de forro falso-removível, a não
ser nas demais áreas do centro-cirúrgico, onde é necessário este tipo de forro por
razões ligadas à manutenção desde que resistentes aos processos de limpeza,
descontaminação e desinfecção.
É recomendado um espaço útil de no mínimo 80 cm de altura livre entre a
laje do forro e o piso do pavimento superior, possibilitando assim a instalação de
novos equipamentos e a entrada do pessoal do serviço de manutenção.
Devido ao grande risco de incêndio, pelo elevado número de materiais de
fácil combustão, a sala cirúrgica, além de contar com os equipamentos de combate
a incêndio do centro-cirúrgico (extintores e mangueiras) a sala de cirurgia deve
contar com um sistema de segurança que, por meio da elevação da temperatura,
produz fortes borrifos de água no ambiente - (borrifador de teto – também conhecido
como splinkers).

1.1.18 Janelas

Necessárias apenas para a entrada de iluminação natural, não permitindo a


entrada de poeira e insetos. Devem ser dotadas de tela, não possuir parapeitos
dentro ou fora da sala, não deve ainda, possuir cortinas ou persianas.

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1.1.19 Iluminação

A iluminação de o ambiente hospitalar é tratada legalmente pela NR-17 da


portaria n°3214/78, e por meio da NBR 5413/92 da Associação Brasileira de Normas
técnicas (ABNT) recomenda os níveis ideais de iluminação para o ambiente de
trabalho.
Na sala de operação, o objetivo da iluminação é minimizar a tarefa visual
das equipes médicas e de enfermagem e oferecer condições para que a operação
se processe com precisão, rapidez e segurança. Devem-se levar em consideração
os seguintes aspectos:
- Eliminação de sombras e reflexos;
- Eliminação do excesso de calor no campo operatório;
- Proteção contra ocasional interrupção devido à falta de energia elétrica.
Iluminação de emergência:
Devem existir sistemas interligados e automáticos, para acionarem
geradores de reserva de imediato na eventualidade de uma interrupção do
fornecimento de força para o Centro-cirúrgico.

1.1.20 Ventilação/ Ar-condicionado

Deve atingir as exigências da NBR n°7256/82 tais como:


- Prover o ambiente de aeração em condições adequadas de higiene e
saúde: 99,9% de eficiência na retenção de partículas de até 5 micra de diâmetro;
- Remover partículas potencialmente contaminadas liberadas no interior das
salas sem acarretar turbulência aérea: recomenda-se de 20 a 25 renovações
completas do ar da sala, no espaço de uma hora;
- Impedir a entrada no Centro-cirúrgico de partículas potencialmente
contaminantes, oriundas de áreas adjacentes: a pressão do ambiente da sala deve

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ser discretamente mais elevada que nos demais compartimentos do centro-cirúrgico;
- Proporcionar umidade relativa adequada e temperatura ambiente de
conforto e segurança para o paciente e para a equipe que o assiste: temperatura
entre 22 e 23°C. A umidade deve permanecer entre 55 a 60%. No entanto, não deve
ultrapassar 70% para não se tornar ambiente propício ao desenvolvimento de micro-
organismos;
- Manter nível sonoro mínimo de instalação e utilização do sistema de
ventilação: não devem ultrapassar os previstos pela norma brasileira NBR n°
6401/80;
- Sistema energético alternativo para o sistema de ventilação na falta do
sistema elétrico principal.

1.1.21 Tomadas

Voltagem fornecida pela concessionária local e uma com voltagem


diferenciada, ambas com dispositivo de aterramento. Devem ser instalados também
pontos para negatoscópio e aparelhos portáteis de raios-x.
É proibida a ligação simultânea de mais de um aparelho à mesma tomada
corrente, salvo se a instalação for projetada para este fim. Devem ser inspecionadas
periodicamente, observando integridade do condutor terra, tensão de contato e a
segurança global.

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1.1.22 Rede de gases

- Oxigênio:
O sistema de abastecimento pode ser descentralizado (utilização de cilindros
avulsos, transportados até o local de utilização) ou centralizado (conduzido por
tubulação central até os pontos de utilização).
- Ar comprimido:
Também pode advir de um sistema descentralizado (cilindros com pressões
entre 120 e 190 Kgf/cm², como o oxigênio) ou centralizado (compressor com 100%
de consumo máximo provável, que funcione automaticamente ou manualmente).
- Vácuo clínico:
Produzido por bombas, que devem ter capacidade de 100% do consumo
máximo provável, que funcione alternadamente ou em paralelo em caso de
emergência. É importante manter outro tipo de sistema de suprimento autônomo de
emergência, para manutenção da rede de vácuo ou pane da distribuição
convencional.

- Óxido nitroso:
O sistema de abastecimento pode ser descentralizado (alto consumo -
conduzido por tubulação dos cilindros até os pontos de utilização) ou centralizado
(utilizado em caso de baixo consumo – utilização de cilindros transportáveis até os
pontos de utilização).
- Nitrogênio:
É fornecido em cilindros com pressão variando entre 120 e 190 Kgf/cm², e
também em forma líquida. Quando misturado com oxigênio medicinal, é chamado de
ar estéril.

De acordo com as normas nacionais e internacionais, os gases medicinais


são distribuídos com as seguintes cores, segundo a NBR n° 6493/94 e NBR n°
12188:
- Verde emblema: oxigênio;
- Azul marinho: óxido nitroso;

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- Amarela segurança: ar comprimido medicinal;
- Cinza claro: vácuo medicinal.
Cuidados no manuseio, movimentação e armazenamento dos cilindros de
gases medicinais:
- Uso de equipamentos especiais para o transporte de cilindros;
- Manter o cilindro acorrentado durante o transporte;
- Evitar choques mecânicos, inclusive de um cilindro contra o outro;
- Não arrastar o cilindro;
- Armazenados em locais secos, limpos e bem ventilados;
- As etiquetas não devem ser arrancadas ou estragadas;
- Oxigênio e óxido nitroso não devem ser armazenados no mesmo ambiente
que outros gases inflamáveis devido à mistura destes ser facilmente incendiada.
- Cilindros cheios devem estar separados dos cilindros vazios para evitar
erros de procedimento e sempre com o capacete rosqueado.
- Os cilindros devem ser sempre limpos antes de serem levados ao centro-
cirúrgico.
- Cilindros sem identificação ou com identificação duvidosa devem ser
devolvidos ao fabricante ou distribuidor.

1.1.23 Lavabo

Constituído de uma pia em aço inoxidável provida de torneira de água


quente e fria, escovas e antissépticos para a escovação cirúrgica. É previsto um
lavabo para cada duas salas de operação que deve possuir:
- Duas torneiras de acionamento por pé, joelho, braço, fotoelétrico ou
qualquer outro meio que não as mãos;
- Espaço suficiente para duas pessoas lavarem-se simultaneamente (1,10
m² por torneira);
- Dispensadores de produtos antissépticos (devem obedecer ao mesmo

princípio de dispensação que a torneira).

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Os antissépticos devem estar regulamentados por órgão governamental e

autorizados pela Comissão de Infecção do Hospital. Recomenda-se também a

instalação de um relógio para o controle do tempo de escovação.

1.2 RECURSOS MATERIAIS

Classificados em permanentes ou de consumo, o controle dos materiais


utilizados no centro-cirúrgico são de competência da equipe de Enfermagem.
Os materiais permanentes podem ser fixos ou móveis. Os móveis são
aqueles que podem ser deslocados ou acrescidos à sala de operação de acordo
com a necessidade no ato operatório, dentre os quais se destacam:
- Aparelho de anestesia;
- Aspirador portátil estéril;
- Banco giratório;
- Balde para lixo;
- Balança para pesar compressas;
- Bisturi eletrônico;
- Carrinho abastecedor;
- Carrinho de medicamentos;
- Coxins;
- Escada com dois degraus;
- Estrados;
- Foco auxiliar;
- Mesa de operação com os respectivos acessórios: arco de narcose,
ombreiras, suportes laterais, perneiras, colchonetes em espuma;
- Mesa auxiliar para acondicionar pacotes de aventais;
- Mesa de Mayo;
- Mesa para instrumental cirúrgico (simples e com traves ou suportes);
- Suporte de braço;
- Suporte de hamper;

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- Suporte de soro;
- Artroscópio;
- Balão intra-aórtico;
- Bomba de circulação extracorpórea;
- Cardioversor ou desfibrilador;
- Colchão de água para hiper ou hipotermia;
- Criogênico;
- Manta térmica;
- Microscópio eletrônico;
- Monitor multiparamétrico.
Equipamentos fixos: adaptados à estrutura da sala de operação que são:
- Foco central;
- Negatoscópio;
- Torre retrátil ou painel de gases medicinais.
Os materiais de consumo (médico-hospitalares) por se tratar de grande
diversidade e rotatividade podem ser classificados em três tipos:
▪ Classe A: São os itens de maior importância e que merecem um
tratamento preferencial, justificando procedimentos meticulosos e uma grande
atenção por parte de toda a administração;
▪ Classe C: São os itens de menor importância e que justificam pouca ou
nenhuma atenção. Os procedimentos são os mais rápidos possíveis.
▪ Classe B: São os itens em situação intermediária entre as classes A e C.
Os materiais pertencentes à classe A são os que representam maior custo
para o centro-cirúrgico. Não significa que sejam os de maior custo unitário. Pode ser
que o custo unitário de certo material seja pequeno, porém, conforme a quantidade
em que é usado pode representar um custo elevado.

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23
1.3 RECURSOS HUMANOS

Os profissionais que atuam no Centro Cirúrgico são: as equipes médicas


(cirúrgica e anestesiologia), de enfermagem, administrativa e de higiene, que têm
como objetivo assistir adequadamente às necessidades do paciente. É de extrema
importância que seus componentes atuem de forma harmônica e integrada para a
segurança do paciente e a eficiência do ato cirúrgico. É importante ainda que as
boas relações humanas e o profissionalismo sempre prevaleçam sobre as tensões,
inevitáveis nesse tipo de trabalho.
Em uma equipe, todos os seus membros têm suas responsabilidades e
funções definidas, assim como devem ser habilitados para as atividades que
desempenham. As funções do enfermeiro coordenador, do enfermeiro assistencial,
dos técnicos de enfermagem, dos auxiliares de enfermagem e auxiliares e dos
auxiliares administrativos, devem estar devidamente descritas.
Para o enfermeiro ter condições de prestar assistência ao paciente na sala
de cirurgia, como: monitorização, ações de segurança para evitar queda, auxiliar o
anestesiologista durante a indução anestésica, juntamente com a equipe cirúrgica
posicioná-lo na mesa cirúrgica colocando os coxins para conforto, e outras ações
específicas, é necessário que haja pelo menos um enfermeiro assistencial para cada
quatro salas de cirurgia, além do enfermeiro gerente (coordenador) que é
responsável pelas ações administrativas.
A assistência de Enfermagem perioperatória, compreende as atividades
desenvolvidas nos períodos:
- Pré-operatório imediato: da véspera da cirurgia até o momento em que o
paciente é recebido no centro-cirúrgico;
- Transoperatório: do momento em que o paciente é recebido no CC até o
momento em que é encaminhado para a sala pós-anestésica;
- Intraoperatório: Do início até o final da anestesia;
- Recuperação pós-anestésica: do momento da alta do paciente da sala de
operação até sua alta da sala de recuperação pós-anestésica;
- Pós-operatório imediato: da alta do paciente da sala de recuperação pós-

AN02FREV001/REV 4.0

24
anestésica até as primeiras 48 horas pós-operatórias.
Para cada hora de cirurgia, são necessárias 2,25 horas de assistência de
Enfermagem. No que se refere à proporção do quadro de pessoal, 65% são
Enfermeiros e 35% técnicos com atribuições de circulação de sala à instrumentação
cirúrgica.

1.4 ROTINAS E SALAS DE OPERAÇÃO

Entende-se por montagem da sala os procedimentos para prever e prover


artigos e equipamentos necessários, adequados que visam proporcionar o
desenvolvimento do ato anestésico cirúrgico em ambiente seguro, físico e humano,
a que o paciente tem direito.
A fase de montagem da sala compreende desde o momento em que a
circulante recebe do enfermeiro o plano assistencial para o período transoperatório
até o início do ato anestésico-cirúrgico.
Os procedimentos dependem de informações a respeito da equipe médica,
cirurgia, anestesia, mas, sobretudo, do paciente, e que podem ser obtidas por meio
de aviso de cirurgia, ficha pré-operatória de enfermagem e ficha de visita pré-
operatória.
A montagem da sala abrange as seguintes etapas:

1.4.1 Procedimentos básicos

Preparo da sala de operação:


- Colocar o mobiliário em posição funcional;
- Proceder à limpeza da sala de operação quando for necessário conforme a
rotina estabelecida no CC. Na limpeza deve-se seguir um fluxo funcional, de modo a
evitar desperdício de tempo e energia. Mobiliário, aparelhos, foco e mesa cirúrgica;
- Prover equipamento para monitoração (cardíaca, oximetria, pressão não

AN02FREV001/REV 4.0

25
invasiva e temperatura, capnografia);
- Testar o funcionamento de aparelhos elétricos como monitores, focos,
aspiradores, entre outros;
- Testar o funcionamento da rede de gases medicinais;
- Verificar os artigos do carrinho de anestesia; bandeja para intubação,
esfigmomanômetro, estetoscópio, etc.;
- Verificar material e equipamento para procedimentos especiais como:
bisturi elétrico, trépano, microscópio, etc.;
- Observar controle ambiente quanto à temperatura recomendada da sala de
operação entre 22 a 24ºC;
- Observar controle terapêutico da sala quanto à segurança elétrica;
- Realizar degermação das mãos.

Prover o carrinho com os seguintes artigos médicos esterilizados de


acordo com a rotina estabelecida no CC:
- luvas de todos os tamanhos (7,0; 7,5; 8,0; 8,5 e 9,0);
- pacotes de campos cirúrgicos (LAP);
- pacotes de aventais;
- pacotes de compressas grandes de pequenas;
- pacotes de gazes (10 a 20 unidades);
- fios de sutura comuns e específicos para o procedimento cirúrgico;
- impermeáveis para mesa de instrumental;
- artigos em aço inoxidável (cubas-rim, cúpulas, bacias);
- caixa de instrumental cirúrgico;
- seringas; agulhas; equipos e artigos para anestesia;
- sondas; drenos e cateteres;
- coletores (diureses, sonda nasogástrica, etc.);
- cabo de bisturi elétrico e sistema de aspiração de secreção;
- manoplas;
- artigos específicos de acordo com o procedimento cirúrgico (laparoscópios)
- checar a validade da esterilização e a integridade das embalagens dos
artigos.

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26
Prover com artigos diversos:
- talas;
- ataduras;
- acessórios para o posicionamento do paciente na mesa cirúrgica;
- soluções antissépticas (PVPI tópico e degermante, clorexidina);
- soluções medicamentosas como Ringer simples e lactato, soro fisiológico e
glicosado, etc.;
- medicamentos de forma geral e anestésicos;
- adesivos (micropore, esparadrapo);
- escovar para degermação à base de PVPI ou clorexidina.

Dispor os pacotes nas respectivas mesas auxiliares de modo a facilitar


a sincronia de movimentos para a abertura dos pacotes, preparo da paramentação,
preparo do paciente e preparo do carrinho de anestesia.
Prover os impressos, tais como: registro de anestesia, débito de sala,
requisição de exames, descrição de cirurgia, prescrição médica, requisição de
hemoderivados, etc.

1.4.2 Procedimentos em relação à equipe médica e à instrumentadora cirúrgica:

O circulante de sala deve:


- controlar e orientar o uso correto do uniforme privativo, visando à segurança
do paciente;
- Auxiliar os elementos da equipe cirúrgica a vestirem o avental e as luvas;
- Iniciar a abertura dos pacotes em sequência de uso e obediência à técnica
asséptica;
- Auxiliar a montagem da mesa de instrumentação, apresentando os artigos
médicos necessários ao procedimento cirúrgico.

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27
1.4.3 Procedimentos relacionados ao paciente

Para o transporte do paciente da área de recepção até a sala de operação, o


enfermeiro deve considerar os problemas detectados no recebimento e prover sua
segurança física e emocional. Para tal, a maca deve ter grades e travas e o
funcionário responsável pelo transporte, estar orientado a transportar o paciente,
posicionando-se sempre à cabeceira da maca, observando a expressão facial do
doente e tomando os cuidados necessários com infusões e drenagens.
Transferência do paciente para a mesa de operação:
Após a apresentação do paciente à equipe da sala de operação, ele deve
ser passado para a mesa cirúrgica, mantendo sua privacidade, segurança física e
emocional e seu conforto. Alguns cuidados devem ser tomados para a transferência
do paciente, como:
- Nivelamento da altura da mesa cirúrgica com a maca;
- Posicionamento da maca contra as laterais da mesa cirúrgica, evitando
assim sua movimentação que pode ocasionar a queda do paciente;
- Solicitar ao paciente para que passe para a mesa cirúrgica, se fisicamente
capaz;
- Posicionar confortavelmente o paciente na mesa cirúrgica.

Proporcionar apoio emocional ao paciente:


O sucesso de uma cirurgia depende da perícia de toda a equipe cirúrgica.
Cada membro da equipe tem importante papel na manutenção do preparo
psicossomático dos pacientes. Interações adequadas minimizam o medo e
favorecem o alívio da dor e mal-estar, além de ajudar a enfrentar situações
desagradáveis ou desconhecidas.

Avaliar continuamente e comunicar sobre o estado emocional do


paciente aos outros membros da equipe de saúde:
O medo é uma barreira de comunicação que reprime sentimentos e aumenta
a insegurança. Cada pessoa apresenta uma reação diferente diante de situações

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28
idênticas, o que exige, da equipe de enfermagem, algum preparo para o bom inter-
relacionamento com o paciente.

Verificar e anotar os valores dos sinais vitais, observar e anotar os


sinais de estresse:
O enfermeiro do CC não deve fazer da montagem da sala de operação uma
sequência de tarefas, que obedeçam a uma rotina predeterminada, e sim uma
função especial, compromissada com o paciente, proporcionando condições para
individualizar a assistência requerida.

Constituem ainda, funções do circulante da sala responsabilidade pelo


andamento geral da sala de operação antes, durante e após o procedimento
cirúrgico. Uma das responsabilidades mais importantes é assegurar que a
esterilidade seja mantida durante todo o tempo.
O circulante tem ainda, as seguintes funções:
- Puncionar a veia ou auxiliar na instalação dos soros.
- Auxiliar o anestesiologista na indução e manutenção da anestesia.
- Auxiliar a equipe cirúrgica no posicionamento do paciente.
- Realizar cateterismo vesical do paciente quando necessário.
- Auxiliar na paramentação da equipe cirúrgica.
- Auxiliar na antissepsia da área operatória.
- Colocar a placa dispersiva do gerador eletro-cirúrgico (placa do bisturi).
- Auxiliar na colocação dos campos cirúrgicos.
- Prover as mesas do instrumentador e de cirurgião assistente com artigos e
equipamentos necessários ao ato operatório.
- Manter o ambiente asséptico.
- Acompanhar a cirurgia provendo ao instrumentador artigos necessários ao
ato operatório.
- Manter boa iluminação da área cirúrgica.
- Manter o ambiente calmo.
- Realizar controle de perda sanguínea por meio da pesagem das
compressas e gazes utilizadas.
- Preencher a ficha transoperatória, a fim de fornecer subsídios para a

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29
continuidade dos cuidados de enfermagem.

No final da cirurgia, o circulante deve:


- Avisar o paciente do término do procedimento cirúrgico.
- Auxiliar o cirurgião no curativo cirúrgico.
- Retirar equipamentos, campos sujos e molhados que estão sobre o
paciente.
- Colocar o paciente em posição dorsal.
- Verificar permeabilidade, fixação e drenagem de sondas, drenos e cateteres.
- Remover a placa dispersiva do gerador eletrocirúrgico.
- Cobrir, aquecer e promover o conforto do paciente na mesa cirúrgica.
- Ajudar o anestesiologista a manter a permeabilidade das vias aéreas
superiores.
- Controlar a permeabilidade, fixação e gotejamento das infusões e irrigações.
- Fazer anotações de enfermagem e ordem no prontuário.
- Completar a ficha de débito.
- Avisar o enfermeiro da recuperação pós-anestésica (RPA) ou da unidade de
terapia intensiva das condições em que o paciente se encontra.
- Transportar o paciente à RPA ou à sua unidade de origem de acordo com a
rotina do CC.

1.4.4 Fase de desmontagem da sala

- Reunir todos os artigos não usados (estéreis) e colocar no carrinho para


devolução ao centro de material e esterilização e farmácia ou central de
suprimentos.
- Calçar luvas de procedimentos.
- Retirar da mesa de instrumentais artigos perfurocortantes descartando em
local apropriado designado pela instituição.
- Desprezar artigos de uso único, não cortantes em recipientes de lixo
apropriados.

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30
- Encaminhar as ampolas e frascos vazios de medicamentos controlados ao
destino determinado pela instituição.
- Reunir campo de pano nos hamperes, revisando-os.
- Retirar instrumental das mesas e colocar em suas caixas apropriadas para
devolução no CME verificando integridade, número de peças, colocando os mais
delicados sobrepostos aos mais pesados.
- Aspirar com o aspirador da sala todos os líquidos restantes em mesa
cirúrgica e encaminhá-lo para limpeza conforme rotina da instituição.
- Cânulas endotraqueais devem ser desprezadas após o uso.
- Conexões do aspirador de secreções devem ser retiradas, desprezadas ou
levadas ao expurgo.
- Frascos de aspiração devem ser descartados ou trocados e desinfetados
antes do uso da próxima cirurgia.
- As Lâminas de laringoscópios devem ser limpas com água e sabão com pH
neutro, utilizando-se uma escova para remoção da sujidade e desinfecção com
álcool a 70%. Na presença de sangue, recomenda-se a desinfecção com
glutaraldeído a 2% por 30 minutos.
- Recolher cubas e avulsos colocando-os no carrinho abastecedor de
devolução.
- Retirar luvas de procedimentos.
- Lavar as mãos.
- Encaminhar o carro abastecedor conforme designação da instituição.
- A roupa e o lixo devem ser retirados da sala de operação em carros
fechados, seguindo a rotina da instituição.
- Após as etapas anteriores, realizar a limpeza da sala de operação conforme
preconizado.

1.4.5 Limpeza da sala de operação

É o procedimento de remoção de sujeira, detritos indesejáveis e micro-


organismos, presentes nas superfícies dos equipamentos e acessórios, mobiliários,

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31
pisos, paredes mediante a aplicação de energia química, mecânica e térmica.
A escolha do procedimento de limpeza deve estar condicionada ao potencial
de contaminação das áreas e artigos e dos riscos inerentes de infecções
hospitalares. Os ambientes podem ser assim classificados:
- Áreas críticas:
São aquelas que oferecem risco potencial de transmissão de infecção, seja
por procedimentos invasivos realizados, pela presença de pacientes com seu
sistema imunológico deprimido ou por executar limpeza de artigos (hemodiálise,
central de material e esterilização, centro-cirúrgico, UTI, etc.).
- Áreas semicríticas:
São todas as áreas ocupadas por pacientes com doenças infecciosas de
baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas (unidades de internação,
ambulatórios).
- Áreas não críticas:
Áreas hospitalares não ocupadas por pacientes (salas administrativas,
depósitos).

São consideradas quatro etapas da limpeza em CC:


Limpeza preparatória: realizada antes do início das cirurgias
programadas do dia. Remover as partículas de poeira nas superfícies
dos mobiliários, focos cirúrgicos e equipamentos com solução
detergente ou desinfetante (álcool 70%) com um pano úmido e branco
são seus objetivos;

Limpeza operatória: realizada durante o procedimento cirúrgico


consistindo apenas na remoção mecânica da sujidade (sangue e
secreções) utilizando um pano comum embebido em agente químico
de amplo espectro para que não ocorra secagem da superfície e
disseminação contaminando o ar;

Limpeza concorrente: Executada no término de cada cirurgia. Envolve


procedimentos de retirada dos artigos sujos da sala, limpeza das superfícies

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32
horizontais dos móveis e equipamentos.

- O hamper deve ser fechado e levado ao local de acesso à lavanderia.


- O instrumental cirúrgico deve ser colocado aberto em caixas perfuradas
(usando luvas) e encaminhado ao expurgo da central de materiais e esterilização
(CME) o mais cedo possível para o reprocessamento.
- As conexões do aspirador de secreções devem ser retiradas, desprezadas
ou levadas ao expurgo da CME.
- Artigos em aço inoxidável, de vidro, de borracha, utilizados na cirurgia
recebem cuidados especiais. O conteúdo do frasco deve ser desprezado em local
apropriado. Os frascos devem ser descartados ou trocados e desinfetados, antes do
uso da próxima cirurgia.
- As cânulas endotraqueais devem ser desprezadas após o uso.
- As superfícies dos mobiliários e dos equipamentos existentes na SO
devem ser limpas com solução desinfetante, geralmente o álcool 70%.
- Não usar hipoclorito de sódio em superfícies metálicas devido ao risco de
corrosão dos metais.
- O chão deve ser limpo usando máquinas lavadoras e extratoras. Como isso
nem sempre é possível, recomenda-se o uso da um pano de chão seco e limpo a
cada sala de operação e para cada limpeza concorrente, e após isso deve ser
mandado à lavanderia para ser processado.
- As paredes devem ser limpas somente se houver contaminação direta com
material orgânico (secreção, muco, sangue, etc.), assim com o teto.
- A SO pode ser montada para outra cirurgia.

Limpeza terminal: diária e periódica.


A limpeza diária é realizada após a última cirurgia programada do dia.
Envolve todos os procedimentos da limpeza concorrente, acrescentados à limpeza
de todos os equipamentos, acessórios e mobiliários, pisos e paredes da SO.
As portas devem ser limpas diariamente, especialmente o local próximo à
maçaneta. O chão deve ser lavado com água e sabão. As macas e os carros de
transporte também devem ser limpos. Os lavabos devem ser limpos, trocar a
solução antisséptica, assim como as escovas de degermação.

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33
Já a limpeza periódica envolve itens cuja frequência de limpeza não
necessita ser diária, por não se sujar com facilidade e ou por não estarem
diretamente relacionados com a infecção direta do sítio cirúrgico. Dessa forma,
rotinas de limpeza com periodicidades maiores podem ser estabelecidas. É o caso
das superfícies verticais, janelas, portas, teto, grades de entrada e saída do ar-
condicionado, armários que permanecem fechados dentro e fora da sala de
operação.
A equipe de limpeza:
A limpeza do CC é dividida entre o pessoal da limpeza e o circulante da sala.
O pessoal da limpeza deve ter noções de: micro-organismos e sua
transmissão; o porquê da limpeza da sala de operação; como realizar a limpeza em
função da técnica (paredes e anexos de cima para baixo; tetos no sentido
unidirecional; pisos: do fundo para a porta da sala; piso e corredores, saguões: de
dentro para fora e de trás para frente; iniciar sempre da área menos contaminada
para a mais contaminada; nunca realizar movimentos de vai-vém; iniciar a limpeza
pelas paredes e por último o piso).
Os procedimentos devem estar escritos, organizados em um manual, de fácil
acesso a qualquer pessoa que deseja consultá-los, e devem sofrer revisão
periódica.
Deve-se ter um programa contínuo de atualização e desenvolvimento da
equipe de CC, ressaltando a importância da limpeza no processo de controle de
infecção.

FIM DO MÓDULO I

AN02FREV001/REV 4.0

34
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO-
CIRÚRGICO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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35
CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO-
CIRÚRGICO

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

36
MÓDULO II

2 TRATAMENTO CIRÚRGICO

É um método de tratamento de doenças, lesões ou deformidades internas e


externas executado por meio de técnicas geralmente realizadas com o auxílio de
instrumentos. A cirurgia abrange a abertura ou não do corpo com a finalidade
diagnóstica, terapêutica ou estética. A partir deste conceito, podemos dizer que
enfermagem cirúrgica é aquela que trata dos cuidados globais de enfermagem
prestados aos pacientes nos períodos pré-operatório, transoperatório e pós-
operatório.
Esses cuidados objetivam minimizar os riscos cirúrgicos, dar maior
segurança ao paciente e reabilitá-lo para se reintegrar à família e à sociedade o
mais rápido possível.

2.1 HISTÓRICO DA CIRURGIA

Escavações demonstram instrumentais sugestivos de procedimentos


cirúrgicos pelos povos primitivos, com técnicas que abrangiam tratamento de feridas,
correção de fraturas, trepanação, circuncisão, etc.
No século VI e V a.C.: Grécia com a Medicina dos Templos. Hipócrates
deu o cunho científico à medicina, em que desenvolveu técnicas cirúrgicas, vindo do
grego: cirurgião (cheir = mão, ergon = trabalho).
História da anestesia: nasce o grande fortalecedor da cirurgia, com os
egípcios sendo os representantes de maior destaque. Uso inicial pela odontologia.

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37
FIGURA 1 - PRIMEIRA CIRURGIA COM NARCOSE REALIZADA EM 1846

FONTE: Disponível em: < http://www.noticias.uff.br/noticias/2008/10/dia-


anestesiologista.php>.Acesso em 02 de Outubro de 2013

2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS

As cirurgias podem ser classificadas quanto à urgência cirúrgica que


engloba:

Cirurgia eletiva:

Tratamento cirúrgico proposto, mas cuja realização pode aguardar ocasião


mais propícia, ou seja, pode ser programado. Por exemplo: mamoplastia,
gastrectomia.

Cirurgia de urgência:

Tratamento cirúrgico que requer pronta atenção e deve ser realizado


dentro de 24 a 48 horas. Por exemplo: apendicectomia, brida intestinal.

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Cirurgia de emergência:

Tratamento cirúrgico que requer atenção imediata por se tratar de uma


situação crítica. Por exemplo: Ferimento por arma de fogo em região pré-cordial,
hematoma subdural.

As cirurgias podem ser classificadas de acordo com a finalidade do


tratamento cirúrgico:

Cirurgia Curativa:
Tem por objetivo extirpar ou corrigir a causa da doença, devolvendo a saúde
ao paciente. Para essa finalidade é necessário às vezes a retirada parcial ou total de
um órgão. Este tipo de cirurgia tem uma significação menos otimista quando se trata
de câncer, neste caso, a operação curativa é aquela que permite uma sobrevida de
alguns anos. Ex. Apendicectomia.

Cirurgia Paliativa
Tem a finalidade de atenuar ou buscar uma alternativa para aliviar o mal,
mas não cura a doença. Ex. Gastrostomia.

Cirurgia Diagnóstica
Realizada com o objetivo de ajudar no esclarecimento da doença.
Ex. laparotomia exploradora.

Cirurgia Reparadora
Reconstitui artificialmente uma parte do corpo lesada por enfermidade ou
traumatismo. Ex. enxerto de pele em queimados.

Cirurgia Reconstrutora / cosmética / plástica.


Realizada com objetivos estéticos ou reparadores, para fins de
embelezamento. Ex.: Rinoplastia, mamoplastia, etc.

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39
As cirurgias podem ainda ser classificadas quanto ao porte cirúrgico ou risco
cardiológico (pequeno, médio ou grande porte), ou seja, a probabilidade de perda de
fluidos e sangue durante sua realização.

Grande porte: Com grande probabilidade de perda de fluido e sangue.


Por exemplo: cirurgias de emergência, vasculares arteriais.

Médio Porte: Com média probabilidade de perda de fluido e sangue.


Por exemplo: cabeça e pescoço – ressecção de carcinoma espinocelular, ortopedia -
prótese de quadril.

Pequeno porte:
Com pequena probabilidade de perda de fluido e sangue. Por exemplo:
plástica mamoplastia e endoscopia.

Quanto ao tempo de duração as cirurgias ainda podem ser classificadas


quanto a:

Porte I: com tempo de duração de até 2 horas. Por exemplo:


rinoplastia.
Porte II: cirurgias que duram de 2 a 4 horas. Por exemplo:
colecistectomia, gastrectomia.
Porte III: de 4 a 6 horas de duração. Por exemplo: Craniotomia.
Porte IV: com tempo de duração acima de 6 horas. Por exemplo:
transplante de fígado.

Quanto ao potencial de contaminação da cirurgia:

Cirurgia limpa:
Eletiva, primariamente fechada, sem a presença de dreno, não traumática.
Realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência
de processo infeccioso e inflamatório local. Cirurgias em que não ocorreram

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penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário. Por exemplo:
mamoplastia.

Cirurgia potencialmente contaminada:


Realizada em tecidos colonizados por microbiota pouco numerosa ou em
tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e
inflamatório, e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com
drenagem aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos
digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. Por exemplo:
colecistectomia com colangiografia.

Cirurgia contaminada:
Cirurgia realizada em tecidos abertos e recentemente traumatizados,
colonizados por microbiota bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou
impossível, bem como todas aquelas em que tenha ocorrido falha técnica
grosseira, na ausência de supuração local; presença de inflamação aguda na
incisão e cicatrização de segunda intenção ou grande contaminação a partir do
tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se inclui nesta categoria. Por
exemplo: hemicolectomia.

Cirurgia infectada
São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou
órgão em presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico,
corpos estranhos e feridas de origem suja. Por exemplo: cirurgias de reto e ânus
com secreção purulenta.

Tem-se ainda a classificação de cirurgias conforme a tabela utilizada pelo


sistema de cobrança dos hospitais segundo a Associação Médica Brasileira (AMB)
que caracteriza de acordo com o procedimento anestésico. Varia do porte 0 a 8,
sendo o porte zero, um procedimento com anestesia local e por ordem crescente,
cresce a complexidade anestésica e consequentemente a cirúrgica.
As cirurgias também podem ser classificadas de acordo com a Associação
Médica Brasileira (AMB), que diz:

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41
Para a AMB as cirurgias são classificadas de porte 0 a 8, sendo o
porte zero um procedimento com anestesia local e à medida que se utiliza a
classificação em ordem crescente, existe também crescimento da
complexidade cirúrgica. Portanto, trata-se de uma classificação com
finalidade de cobrança do convênio e Serviço Único de Saúde (SUS),
principalmente dos honorários médicos (anestesista e cirurgião), da
instrumentação cirúrgica e da sala de operação.

Tempos Cirúrgicos

De modo geral, as intervenções cirúrgicas são realizadas em quatro fases ou


tempos básicos e fundamentais: diérese, hemostasia, exérese e síntese.
▪ Diérese:
É o rompimento da continuidade dos tecidos, ou planos anatômicos, para
atingir uma região ou órgão. Pode ser classificada em mecânica ou física.
A diérese mecânica possui alguns tipos, dentre eles:
- Punção: realizada por meio da introdução de uma agulha ou trocarte nos
tecidos, sem, contudo, seccioná-los, com várias finalidades como drenagem de
coleção líquida das cavidades ou do interior dos órgãos, colheita de fragmentos de
tecidos e de líquidos para exame diagnóstico, injeção de contraste e medicamentos.
- Secção: consiste na segmentação dos tecidos com o uso de material
cortante, como tesouras, serras, lâminas ou bisturi elétrico.
- Divulsão: realizada pelo afastamento dos tecidos nos planos anatômicos
com tesouras de bordas rombas, tentacânulas ou afastadores.
- Curetagem: consiste na raspagem de superfície de um órgão com auxílio
de cureta.
- Dilatação: realizada com a finalidade de aumentar a luz de um órgão
tubular.

Já a diérese física pode ser classificada em:


- Térmica: realizada com o uso de calor, cuja fonte é a energia elétrica, por
intermédio do bisturi elétrico.

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42
- Crioterapia: consiste no resfriamento intenso e repentino da área em que
vai ser realizada a intervenção cirúrgica. Normalmente é utilizado o nitrogênio
liquefeito por ser uma substância criogênica potente.
- Raio laser: o aparelho de raio laser consiste em um bisturi que emprega
um feixe de radiação infravermelha de alta intensidade. Os sistemas laser podem
ser obtidos com materiais em estado sólido, líquido e gasoso. Existem vários
sistemas laser, mas o mais utilizado na cirurgia é o laser de dióxido de carbono
(CO2).

▪ Hemostasia:
É o processo que consiste em impedir, deter ou prevenir o sangramento,
pode ser feito simultâneo ou individualmente por meio de pinçamento e ligadura
de vasos, eletrocoagulação ou compressão. Na realidade a hemostasia começa
antes da cirurgia, quando se realizam, no pré-operatório imediato, os exames de
tempo de coagulação e dosagem de pró-trombina.
Pode ser classificada em:
- Preventiva: hemostasia que pode ser medicamentosa e cirúrgica. A
hemostasia medicamentosa é baseada nos exames laboratoriais pré-operatórios,
enquanto a cirúrgica é realizada com a finalidade de interromper a circulação
durante o ato operatório, temporária ou definitiva.
- Urgência: hemostasia realizada quase sempre em condições não
favoráveis e com material muitas vezes improvisado, como, por exemplo,
compressão digital, garrotes e torniquetes.
- Curativa: consiste na hemostasia realizada durante a intervenção
cirúrgica e pode ser medicamentosa (drogas que diminuem o sangramento por
vasoconstrição), mecânica (compressão e esponjas sintéticas), física (bisturi) ou
biológica (absorventes).

▪ Exérese:
Também denominada “cirurgia propriamente dita”. Possui caráter curativo,
paliativo, estético/corretivo, diagnóstico.

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43
▪ Síntese:
É a união de tecidos, que será mais perfeita quanto mais anatômica for a
separação, para facilitar o processo de cicatrização e restabelecer a continuidade
tecidual por primeira intenção. Pode ser realizada da seguinte forma:
- Cruenta: a união de tecidos é realizada por meio de instrumentos
apropriados com agulhas de sutura e fios cirúrgicos permanentes ou removíveis.
- Incruenta: consiste na aproximação dos tecidos com auxílio de gesso,
adesivos (esparadrapos) ou ataduras.
- Completa: a união ou aproximação dos tecidos, realizada em toda a
extensão da incisão cirúrgica.
- Incompleta: consiste na aproximação incompleta em toda a extensão da
ferida em consequência da colocação de dreno em determinado local da incisão
cirúrgica.
- Imediata: ocorre imediatamente após a segmentação deles por
traumatismos.
- Mediata: Consiste na união dos tecidos após algum tempo depois do
rompimento da continuidade ou contiguidade deles.

3 INSTRUMENTAIS, AGULHAS E FIOS

Os vários tipos de instrumentos podem ser agrupados da seguinte


maneira:

3.1 INSTRUMENTAL DE DIÉRESE

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Constituído pelos bisturis e tesouras, serras, agulhas, trépano, ruginas e
outros, utilizados nas cirurgias gerais, assim como nas especiais.
O bisturi é o melhor instrumento para a secção dos tecidos, sendo um
instrumental de corte por excelência. Grande parte dos bisturis são cabos com uma
extremidade destinada à fixação de lâminas descartáveis. Os cabos de bisturis são
designados por números, por exemplo: cabo n°3 ou n°4. Quanto menor o número,
menor a lâmina, destinado a atos cirúrgicos delicados. Os cabos de bisturis com
números maiores apresentam encaixe maior para lâminas também maiores,
destinados a procedimentos cirúrgicos gerais.

3.2 INSTRUMENTAL PARA HEMOSTASIA

Esse grupo é constituído por todos aqueles destinados ao pinçamento de


vasos sangrantes. Representados por pinças nas formas retas e curvas, por
exemplo, as pinças Kelly, Halstead, Rochester, preferidas pelo cirurgião devido
proporcionarem um manuseio mais fácil. As pinças hemostáticas são usadas em
situações que exigem instrumentos mais longos. As pinças atraumáticas são usadas
para hemostasia temporária.

3.3 INSTRUMENTAL PARA PREENSÃO

É o destinado a segurar e suspender as vísceras e órgãos, como as pinças


elásticas e pinças com anéis e cremalheira.

3.4 INSTRUMENTAL PARA SEPARAÇÃO

AN02FREV001/REV 4.0

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Formado por afastadores é destinado à exposição, permitindo a melhor
visualização da cavidade operatória. Os afastadores são divididos em dois grupos:
autoestáticos e dinâmicos.
Os autoestáticos são usados para a abertura da cavidade abdominal. Os
mais utilizados são: Gosset, Balfour, e para a cirurgia torácica, o Finochietto. Os
afastadores Weitlaner, Gelpi, Alm são usados em operações mais superficiais.
Os afastadores dinâmicos são usados para a separação e abertura do
campo operatório em diversas áreas do corpo. Nas operações do abdômen os mais
usados são Valvas de Doyen e suprapúbicas. Nas cirurgias torácicas são usados os
afastadores Harrington, Deaver, Allison, Coryllos e Davidson. Nas operações mais
superficiais ou na apresentação de órgãos específicos, podem ser utilizados os
afastadores planos, como Farabeuf, Langenbeck.
Outros afastadores com usos diversos, em formas laminares, rígidos ou
maleáveis, são as espátulas de Reverdin, utilizados geralmente na cavidade
abdominal.

3.5 INSTRUMENTAL E MATERIAL PARA A SÍNTESE

É representado basicamente pelas agulhas de sutura, porta-agulhas e,


principalmente pelos fios cirúrgicos, grampos e fitas adesivas de pele.

3.5.1 Fios cirúrgicos

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46
Algumas características devem ser consideradas para a escolha do fio
cirúrgico:
- Manter a força de tensão por tempo suficiente até que a cicatriz adquira
sua própria resistência frente aos estímulos mecânicos habituais.
- Portar-se como material inerte, provocando o mínimo de reação tecidual.
- Tipo de tecido a ser suturado.

3.5.1.1 Características físicas de manuseio e reação tecidual dos fios cirúrgicos

- Configuração física:
Refere-se à composição dos fios quanto aos seus filamentos. O fio pode
ser monofilmentar, quando é constituído de um único filamento, ou
multifilamentar que contém várias fibras trançadas ou intercaladas compondo um
único fio.
- Capilaridade: refere-se à capacidade de captar e absorver líquidos ao
longo do fio cirúrgico. Os fios multifilamentares possuem maior superfície e maior
capilaridade, portanto podem apresentar maior aderência microbiana em relação
aos monofilamentares.

- Diâmetro: é determinado em milímetros e expresso em tamanhos com


zeros. Quanto menor o diâmetro, maior o número de zeros. A numeração varia
de sete (mais grossos com diâmetros mínimo de 0,90 mm e máximo de 0,999
mm) até dez zeros (mais fino com diâmetro mínimo de 0,020 e máximo de
0,029mm).

- Força de tensão: é a quantidade de peso necessária para a ruptura do fio


cirúrgico. A força de tensão varia de acordo com o tipo de material de constituição
do fio cirúrgico.

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47
- Força do nó: é a força necessária para fazer com que certo tipo de nó
deslize parcial ou completamente. Os fios multifilamentares apresentam coeficiente
de atrito mais elevado do que os fios monofilamentares, permitindo assim uma
fixação mais segura do nó, enquanto os fios monofilamentares possuem um bom
deslize do nó, mas a fixação é menos segura, necessitando reforçar o nó simples
com nós duplos.

- Elasticidade: é a capacidade inerente do fio cirúrgico de recuperar a forma


e o comprimento originais depois de um estiramento. A elasticidade contribui para
diminuir a possibilidade de romper as bordas as incisão cirúrgica ou favorecer uma
estenose em sutura vascular.

- Memória: é a capacidade de um fio cirúrgico de retornar à sua forma


original após ser deformado, geralmente após um nó. Quando um fio apresenta alta
memória, consequentemente oferece menor segurança do nó.

- Manuseio: relacionado com a rigidez, ou seja, quão facilmente ele pode ser
dobrado quanto com o coeficiente de fricção, ou seja, quão facilmente o fio cirúrgico
se desliza pelo tecido e dá o nó. Um fio cirúrgico com alto coeficiente de fricção
tende a deslizar com dificuldade pelo tecido. Ele é mais difícil de dar nó porque este
não se mantém. Certos fios são revestidos para reduzir o coeficiente de fricção,
entretanto o coeficiente não deve ser muito baixo, pois ao contrário, os nós podem
se desfazer facilmente.

- Reação tecidual: como se trata de substâncias estranhas, todos os fios


cirúrgicos causam certa reação tecidual. A reação começa quando o fio agride o
tecido durante a introdução e pode persistir de acordo com a composição dele. A
reação tecidual tem início com a infiltração de leucócitos na área de agressão.
Posteriormente, aparecem os macrófagos e os fibroblastos e finalmente por volta do
sétimo dia encontra-se presente um tecido fibroso com inflamação crônica. A reação
persiste até que o fio cirúrgico seja encapsulado, e isso ocorre quando ele é
constituído de material não absorvível, ou seja, absorvido pelo corpo.

AN02FREV001/REV 4.0

48
3.5.2 Classificação dos fios cirúrgicos

3.5.2.1 Fios cirúrgicos absorvíveis

São fagocitados, hidrolisados, degradados e assimilados pelo tecido em que


são implantados. Os de origem animal são fagocitados por meio de atividade
enzimática durante o processo de cicatrização. Os de origem sintética são
hidrolisados quando da reação com as moléculas de água dos líquidos corporais,
que se degradam e são assimiladas pelos tecidos em cicatrização. Eles são
divididos em dois grupos: sintéticos e biológicos.

3.5.2.2 Fios cirúrgicos absorvíveis biológicos

São conhecidos como categute (nome de origem inglesa devido à obtenção


do intestino do gato) atualmente obtido da submucosa do intestino delgado de
ovinos ou serosa de bovinos. Conforme o tempo de absorção, os categutes podem
ser simples ou cromados. Os simples apresentam absorção mais rápida, em torno
de oito dias, e os cromados absorção mais lenta, em torno de 20 dias, sendo
tratados com bricomato de potássio. O categute cromado é indicado para tecidos
com cicatrização mais demorada, como em estruturas do aparelho gastrointestinal
ou no útero.
O categute simples e o cromado precisam ser mantidos em solução
alcoólica para que sejam preservadas suas propriedades de manuseio, além de
protegidos da luz e das grandes variações de temperatura, por isso são embalados
em envelope primário aluminizado. Quando é removido de sua embalagem e não
usado imediatamente, o álcool evapora e o fio perde sua flexibilidade. Para
reestruturá-la, pode-se mergulhar o fio em água estéril ou soro fisiológico, entretanto
o umedecimento excessivo pode reduzir a força de tensão.

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3.5.2.3 Fios cirúrgicos absorvíveis sintéticos

Ácido poliglicólico – fio multifilamentar com excelente maleabilidade e tem


sido empregado em larga escala como substituto dos fios de absorção lenta e dos
inabsorvíveis. O ácido poliglicólico é um material sintético obtido por meio de
polimerização do ácido glicólico, de fácil manuseio, forte, flexível e de boa tolerância.
São utilizados em anastomoses gastrointestinais, cirurgias ginecológicas, cirurgia
geral e operações urológicas.

3.5.2.4 Polímeros sintéticos monofilamentares mais recentes

Fios compostos por polímeros como poliglecaprone e polidioxanona. São


monofilamentares, maleáveis e mantêm a resistência de tensão por um período mais
prolongado que os sintéticos multifilamentares. Indicados quando se deseja um
apoio prolongado para a ferida, como no fechamento de tecido facial ou para
pacientes idosos ou oncológicos.
Os fios absorvíveis sintéticos também são embalados em envelope primário
aluminizado, porém, seco, para a sua proteção contra a umidade, a luz e as
variações de temperatura.

3.5.2.5 Fios cirúrgicos não absorvíveis

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50
São resistentes à digestão enzimática em tecido animal vivo. São de dois
tipos: biológicos e sintéticos.

3.5.2.6 Fios cirúrgicos não absorvíveis biológicos

O algodão é derivado da celulose, de baixo custo, de fácil esterilização e de


pouca reação tecidual. Fio torcido de calibre variado, encontrado no comércio
embalado em envelopes e já pré-cortado, geralmente com 15 a 45 cm de
comprimento. Indicado para tecidos de rápida cicatrização e contraindicado para
suturas cutâneas devido à sua reatividade tissular.
O fio de seda, de origem animal, obtido de diversas espécies de bicho-da-
seda. Suas fibras são retorcidas ou transadas e podem passar por processo de
enceramento para diminuir sua capilaridade. Apresenta facilidade de manuseio,
resistência à tração e segurança na fixação do nó.

3.5.2.7 Fios cirúrgicos não absorvíveis sintéticos

Subdivididos em quatro grupos:

- Poliamida: caracteriza-se pela elasticidade e resistência à água. Pode ser


mono ou multifilamentar. Fio de pouca reação, mas de difícil manipulação, duro e
corrediço e pouca segurança de manutenção do nó.
- Poliéster: apresenta-se sob a forma simples, revestido de teflon ou
siliconizado. Fio de difícil manejo por ser também corrediço; para que isso não
ocorra, normalmente se adiciona teflon e silicone, mas estes materiais podem se
dissociar e provocar reação tecidual. Utilizados em estruturas que requerem grande
resistência à tração.

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- Polipropileno: fio derivado das poliefinas, não biodegradável, e tem sido
recomendado o tipo monofilamentado, para a síntese de feridas contaminadas,
devido à reação tecidual mínima. É um dos fios mais inertes, com baixa capilaridade,
com mínima reação tissular e com alta resistência à tração. É indicado nas cirurgias
cardiovasculares.
- Metálico: constituído de aço inoxidável e tântalo. Muito utilizado em
tenorrafia; eventualmente em neurorrafias e fechamento de parede abdominal. O
tântalo é menos resistente do que o aço inoxidável. São de fácil esterilização, bem
tolerados, de espessura variável, mono e multifilamentar.

3.6 AGULHAS CIRÚRGICAS

A agulha não tem papel no processo de cicatrização. Deve ser


suficientemente larga, penetrante para ultrapassar a resistência tecidual, resistente
para não dobrar, mas ao mesmo tempo flexível, para dobrar antes de quebrar,
resistente a corrosão de tamanho, forma, e calibre apropriados à aplicação a que se
destina.
São utilizadas na reconstrução, com a finalidade de transfixar os tecidos,
servindo de guia aos fios de sutura. Quanto ao corpo, às agulhas são retas, curvas
(círculos de 3/8, ¼, ½ e 5/8) e semicurvas específicas para cirurgia laparoscópica,
quanto à ponta são cilíndricas (não cortantes), espatuladas, rombas ou triangulares,
e quanto ao fundo podem ser traumáticas ou atraumáticas.
As agulhas retas geralmente são cilíndricas ou triangulares, utilizadas na
reconstrução de vísceras ocas, tendões, nervos e suturas intradérmicas.
Frequentemente são usadas com as mãos, e mais raramente com porta-agulhas.
As agulhas curvas podem ser cilíndricas ou triangulares. Seu raio de
curvatura é variável, adaptando-se a cada tipo de síntese, em tamanho adequado,
sempre utilizadas com porta-agulhas. As cortantes são usadas para sutura de pele
e periósteo. As cilíndricas suturam estruturas e órgãos mais profundos.
As agulhas atraumáticas, isto é, aquelas que já trazem o fio montado,
asseguram fácil penetração nos tecidos, sem deixar lacerações, sendo o tipo

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universalmente mais usado. Nas traumáticas os fios são montados no momento de
uso e elas provocam dilacerações nos tecidos.
As agulhas espatuladas são achatadas com bordas laterais cortantes. São
utilizadas principalmente em cirurgias oftalmológicas.

3.7 GRAMPOS DE PELE

Método frequentemente usado para fechamento da pele. Quando usados


corretamente, oferecem excelentes resultados estéticos. Além de diminuir o tempo
de cirurgia, eles permitem a distorção decorrente do estresse exercido
individualmente pelas pontas de sutura.

3.8 FITAS ADESIVAS DE PELE

As feridas sujeitas à tensão estática e dinâmica mínimas podem ser


aproximadas por uma fita adesiva de pele. A escolha da fita para fechamento da
pele se baseia na capacidade adesiva e força tensiva para manterem as bordas da
ferida intimamente aderidas e especialmente a sua porosidade para facilitar a
transmissão de umidade, evitando assim o acúmulo de fluídos debaixo da ferida.

3.9 INSTRUMENTO ESPECIAL

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Indicado para determinado tipo de cirurgia a ser realizada, por exemplo, a
pinça de Abadie é empregada na cirurgia gastrointestinal especialmente para
anastomose gastroentérica; o descolador de amídalas, na amidalectomia; a pinça
Satinsky, na cirurgia vascular, pinças Duval e Allis na histerectomia.

3.10 INSTRUMENTAL DE CAMPO

É constituído por pinças que se destinam à fixação dos campos estéreis


para delimitação do campo operatório.
O instrumental cirúrgico se apresenta em tamanhos variados e muito deles
tomam as formas retas ou curva. Essa grande variedade de tamanhos e formas visa
proporcionar ao cirurgião uma infinidade de recursos para as mais variadas
situações cirúrgicas.

3.11 INSTRUMENTAL LAPAROSCÓPIO

- Irrigador/ aspirador
Utilizado para a irrigação e aspiração de fluidos orgânicos ou não.
Importante para a aspiração de sangue e para a lavagem da cavidade com soro
fisiológico.

- Pinças, tesouras, ganchos, afastadores.


Instrumentos de 5 e de 10 mm de diâmetro que não introduzidos na
cavidade abdominal ou torácica por meio dos trocantes para realização dos
procedimentos cirúrgicos.

- Trocartes

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Compostos de cânulas de 5, 10, 12, 23 e de 33 mm no interior das quais um
mandril (tipo de lança pontiaguda) é introduzido. O conjunto perfura a parede
abdominal ou torácica. Uma vez no interior da cavidade, o mandril é retirado e a
cânula fica postada para a introdução dos instrumentos. Normalmente nos trocantes
maiores, utilizam-se um redutor de diâmetro permitindo a introdução de instrumental
de menor diâmetro sem a perda de CO2.

4 TERMINOLOGIAS

Entende-se por nomenclatura cirúrgica “o conjunto de termos de uma arte ou


de uma ciência: terminologia”. Assim sendo, a nomenclatura cirúrgica é o conjunto
de termos utilizados para indicar o procedimento cirúrgico a ser realizado. Os
termos, do ponto de vista etimológico, são compostos de:
Raiz: é a parte básica da estrutura do termo;
Afixos: constituídos de prefixos e sufixos, partes que podem ser
acrescidas antes e após a raiz.
Na nomenclatura cirúrgica, então, a raiz significa o segmento anatômico e os
afixos a intervenção cirúrgica a ser realizada.
Os principais objetivos da nomenclatura cirúrgica são:
- Fornecer sob forma verbal ou escrita uma definição do procedimento
cirúrgico realizado.
- Preparar o instrumental cirúrgico, artigos, equipamentos e acessórios
apropriados para cada tipo de cirurgia.

4.1 CLASSIFICAÇÃO

AN02FREV001/REV 4.0

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Os termos são formados por um prefixo que designa a parte do corpo
relacionada com a cirurgia e por um sufixo que indica o ato cirúrgico realizado.

QUADRO 1 - PREFIXOS E SEUS SIGNIFICADOS

Prefixo Relativo a
A Sem, negativa
Adeno Glândula
Artri(o) Artéria
Artr(o) Articulação
Bi Dois
Blefaro Pálpebra
Cardi(o) Coração
Cefal(o) Cabeça
Célio Abdome
Cerat(o) Tecido corneano
Circun Ao redor
Cist(o) Bexiga
Cleido Clavícula
Colecist(o) Vesícula biliar
Colo Cólon
Cólon Intestino grosso
Colpo Vagina
Condr(o) Cartilagem
Costo Costela
Derm(a) Pele
Dia Através, separado
Ecto Fora
Enter(o) Intestino delgado
Episio Vulva
Espen(o) Baço
Face Membrana do cristalino
Faring(o) Faringe
Fleb(o) Veia
Gastro Estômago
Glico Glicose, açúcar
Gloss(o) Língua
Hem(o) Sangue
Hepat(o) Fígado
Híster(o) Útero
Lapar(o) Abdome
Lip(o) Gordura
Mast. Mama
Mega Grande

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Meso Meio
Metro Útero
Mi(o) Músculo
Mielo Medula
Nefro Rim
Odont(o) Dente
Oftalmo Olho
Olig(o) Pouco, escasso
Onfalo Cordão umbilical, umbigo
Ooforo Ovário
Orqui Testículo
Osteo Osso
Oto Ouvido
Peri Ao redor, próximo
Pleur(o) Pleura
Pneum(o) Pulmão
Post Prepúcio
Proct(o) Reto, ânus
Rin(o) Nariz
Ritido Face
Salping(o) Trompa
Semi Metade
Sialo Saliva
Taqui Rápido, veloz
Ten(o) Tendão
Traque(o) Traqueia
Ur(o) Urina, aparelho urinário

QUADRO 2 - SUFIXOS E SEUS SIGNIFICADOS


Sufixo Significado
Algia Dor

AN02FREV001/REV 4.0

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Anastomose Formação de passagem entre dois órgãos
Centese Punção
Clise Fechamento
Dese Ação de ligar, fixação, fusão
Clise Injeção de fluidos
Ectomia Extirpação, excisão, remoção parcial ou total
Estase Parar
Estesia Relacionado sensibilidade
Grafo Desenho, registro gráfico
Ite Inflamação
Lise Dissolução, liberação
Lito Pedra, cálculo
Malácia Amolecimento
Oma Que denota tumor
Ostomia Criação de um novo orifício/artificial
Penia Falta de, redução
Pexia Fixação de um órgão
Plastia Alteração da forma e/ou função de um órgão
Poiese Formando, produzindo
Polese Fazer, formar
Ptose Queda
Ráfia Sutura
Ragia Fluir, jorrar.
Síntese Composição
Stasia Detenção, parada
Scopia Visualização do interior do corpo em geral por meio de
aparelhos com lentes especiais
Strofia Torção
Tomia Abertura de um órgão
Stomia Abertura de uma nova boca
Tripsia Esmagamento
Trofia Crescimento, desenvolvimento

QUADRO 3 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DE REMOÇÃO COM SUFIXO


ECTOMIA

AN02FREV001/REV 4.0

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Cirurgia Remoção de
Apendicectomia Apêndice
Cistectomia Bexiga
Colecistectomia Vesícula biliar
Colectomia Cólon
Craniectomia Calota óssea
Embolectomia Êmbolo
Esofagectomia Esôfago
Esplenectomia Baço
Fistulectomia Fístula
Gastrectomia Parcial ou total do estômago
Hemorroidectomia Hemorroidas
Hepatectomia Parcial do fígado
Histerectomia Útero
Lobectomia Lobo de um órgão
Mastectomia Mama
Ooforectomia Ovário
Miomectomia Mioma
Pancreatectomia Pâncreas
Pneumectomia Pulmão
Prostatectomia Próstata
Retosigmoidectomia Reto-sigmoide
Salpingectomia Trompa
Simpatectomia Segmentos selecionados do sistema nervoso
simpático produzindo vasodilatação.
Tiroidectomia Tiroide

QUADRO 4 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PARA


FIXAÇÃO COM SUFIXO PEXIA
Cirurgia Para fixação
Cistopexia Bexiga
Histeropexia Útero à parede abdominal
Nefropexia Rim à parede abdominal
Retinopexia Retina
Orquiopexia Testículo em sua bolsa

QUADRO 5 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PARA ALTERAR A


FORMA E/OU A FUNÇÃO DE UM ÓRGÃO COM SUFIXO PLASTIA

AN02FREV001/REV 4.0

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Cirurgia Alterar forma e/ou função
Artroplastia Articulação para restaurar movimento e função
Blefaroplastia Pálpebras
Mamoplastia Mamas
Piloroplastia Piloro
Queiloplastia Lábio
Rinoplastia Nariz
Ritioplastia Rugas da face
Salpingoplastia Trompa para sua recanalização
Toracoplastia Parede torácica

QUADRO 6- PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DE SUTURA


COM SUFIXO RAFIA
Procedimento Sutura de (a) (o)
Blefarorrafia Pálpebra
Colporrafia Vagina
Gastrorrafia Estômago
Herniorrafia Hérnia
Osteorrafia Sutura ou colocação de fio metálico no osso
Palatorrafia Fenda palatina
Perineorrafia Períneo
Tenorrafia Tendão

QUADRO 7 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PARA


VISUALIZAÇÃO COM SUFIXO SCOPIA
Procedimento Visualização
Artroscopia Articulação
Broncoscopia Brônquios
Cistoscopia Bexiga
Colonocospia Cólons
Colposcopia Vagina
Duoenoscopia Duodeno
Endoscopia Órgãos internos
Esofagoscopia Esôfago
Gastroscopia Estômago
Laringoscopia Laringe
Laparoscopia Cavidade abdominal
Sigmoideoscopia Sigmoide
Ureteroscopia Ureter
Uretroscopia Uretra
Ventriculoscopia Ventrículo cerebral

AN02FREV001/REV 4.0

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QUADRO 8 - PRINCIPAIS APARELHOS PARA VISUALIZAÇÃO DIRETA
Aparelho Finalidade
Artroscópio Artroscopia
Broncoscópio Broncoscopia e laringoscopia
Cistoscópio Cistoscopia, uretroscopia e ureteroscopia
Colposcópio Colposcopia
Colonoscópio Colonoscopia
Endoscópio Esofagoscopia, gastroscopia, duodenoscopia
digestivo
Sigmoidoscópio Sigmoidoscopia
Laringoscópio Laringoscopia

QUADRO 9 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PARA ABERTURA


COM SUFIXO TOMIA OU STOMIA

Cirurgia Para abertura


Artrotomia Articulação
Broncotomia Brônquio
Cardiotomia Cárdia
Cistostomia Bexiga pra drenagem da urina por sonda
Colecistostomia Colocação de dreno na vesícula biliar
Coledocolitotomia Do colédoco para retirada de cálculo
Coledocotomia Exploração do colédoco
Duodenotomia Duodeno
Enterostomia Do cólon através da parede abdominal
Flebotomia Dissecção de veia
Gastrostomia Colocação de uma sonda do estômago através da
parede abdominal
Hepatotomia Do fígado
Ileostomia E colocação de uma sonda ou dreno no íleo
Jejunostomia Colocação de sonda no jejuno para alimentação
Laparotomia Da cavidade abdominal
Nefrostomia E colocação de sonda no rim
Tenotomia Do tendão
Toracotomia Da parede torácica
Toracostomia Da parede de tórax para drenagem
Traqueostomia Da traqueia para facilitar a passagem de ar
Ureterolitotomia Do ureter para retirada de cálculo

QUADRO 10 - TERMINOLOGIAS QUE NÃO SEGUEM AS REGRAS CITADAS

AN02FREV001/REV 4.0

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Cirurgia Para abertura e
Amputação Remoção de um membro ou parte necrosada do
corpo
Anastomose Conexão e sutura de dois órgãos ou vasos
Artrodese Fixação cirúrgica de articulações
Bartolinectomia Retirada de cisto de Bartholin
Biópsia Remoção de um tecido vivo para diagnóstico
Cauterização Destruição de tecido por meio de agente cáustico ou
calor
Cesariana Retirada do feto por incisão através da parede
abdominal
Circuncisão Ressecção da pele do prepúcio que cobre a glande
Cistocele Queda de bexiga
Curetagem uterina Raspagem e remoção do conteúdo uterino
Deiscência Separação dos bordos previamente separados e
unidos
Dissecção Corte, retalhamento
Divertículo Bolsa que sai da cavidade
Enxerto Transplante de órgão ou tecido
Episiotomia Incisão perineal destinada a evitar a rutura do períneo
durante o parto
Evisceração Saída de vísceras de sua cavidade
Fístula Orifício que coloca em comunicação parte de um
órgão, cavidade ou foco supurativo com a superfície
cutâneo ou mucosa
Goniotomia Cirurgia de glaucoma
Onfalectomia Remoção do umbigo
Bursh Levantamento da bexiga
Hammsted Correção de estenose pilórica
Manchester Correção do prolapso de útero
Paracentese Punção cirúrgica da cavidade abdominal para retirada
de líquido
Ressecção Retirada de parte de órgão
Retocele Protusão de parte do reto
Toracocentese Punção da cavidade torácica
Varicocele Veias dilatadas no escroto
Vasectomia Corte de um segmento do canal deferente para
controle da natalidade

QUADRO 11 -TERMINOLOGIAS QUE NÃO SEGUEM AS REGRAS CITADAS

AN02FREV001/REV 4.0

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Ação Sufixo Instrumental cirúrgico
Que corta Tomo Craniótomo, costótomo
Que detém Stato Laparóstato
Que rompe Clasto Osteoclasto

5 ANESTESIOLOGIA

A anestesia é caracterizada pela perda da sensibilidade dolorosa, com perda


de consciência e certo grau de amnésia, ao passo que a analgesia é a perda da
sensibilidade dolorosa com preservação do estado de consciência. Pode ser
causada por: estados patológicos diversos ou provocada artificialmente, por agentes
anestésicos.

5.1 CONCEITOS BÁSICOS EM ANESTESIOLOGIA

5.1.1 Anestesia

Tem origem nas palavras gregas an = privação + aísthesis = sensação + ia,


que literalmente quer dizer perda total ou parcial da sensibilidade, especialmente da
tátil. O termo foi sugerido pelo médico e poeta norte-americano Oliver Wendel
Holmes, entretanto, já existia na língua grega, e foi empregado no sentido de
insensibilidade dolorosa, pela primeira vez por Dioscórides, no século I d.C. O termo
anestesia se emprega, contudo, para a perda de qualquer tipo de sensibilidade.
Sendo causada por estados patológicos diversos ou provocada artificialmente, por
agentes ditos anestésicos.

5.1.2 Analgesia

AN02FREV001/REV 4.0

63
Também tem origem na palavra grega an = privação + algesía = sensação à
dor + ia, que significa perda da sensibilidade à dor com conservação das demais
sensações. Supressão temporária da dor sem perda da consciência.

5.1.3 Anestesia local

Também chamada de analgesia, implica perda da sensação dolorosa em


uma área limitada do corpo. O agente anestésico atua temporariamente sobre fibras
e terminações nervosas, insensibilizando o lugar onde elas estão localizadas.

5.1.4 Anestesia regional

Perda da sensibilidade em uma área maior do corpo, porém dentro de certo


limite. Essa área é o que chamamos de território. O agente anestésico é capaz de
bloquear localmente a condução dos impulsos nervosos provenientes de uma
determinada área corporal.

5.1.5 Anestesia geral

Um estado reversível de depressão do SNC. Ocorre inconsciência, com


perda de sensação de dor em todo o corpo.

5.1.6 Hipnótico Estado semelhante ao sono profundo normal (sono fisiológico) que
causa depressão moderada do SNC.

AN02FREV001/REV 4.0

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O indivíduo dorme, mas pode ser despertado por estímulos sensitivos.

5.1.7 Narcose

O que se conhece por sono artificial. Provoca perda de consciência e


insensibilidade. O indivíduo não consegue ser despertado por estímulos sensitivos.
É o estado que se deseja obter durante o processo de anestesia cirúrgica.

5.1.8 Anestesia basal

Nível de anestesia mais superficial conseguido, em geral, pela administração


de medicação pré-anestésica. O paciente fica inconsciente, mas não
suficientemente deprimido para que se possa realizar um procedimento cirúrgico.

5.1.9 Sedação

Estado em que o paciente se encontra acordado, apresentando um grau


moderado de depressão do SNC, calmo e sem nervosismo.

5.1.10 Notria

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65
Estado de torpor ou estupor, sendo o termo utilizado para definir inatividade
mental e motora do sistema nervoso. O tipo de anestesia em que há bloqueio
sensitivo, motor, dos reflexos e do estado mental ou vigília é denominado anestesia
equilibrada ou notria.

FIGURA 2 - ANESTESIOLOGIA

FONTE: Disponível em: <http://caminhandocomciencia.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12 set. 2013.

Os objetivos do ato anestésico são:


- Suprir a sensibilidade dolorosa durante a cirurgia com manutenção ou não
da consciência;
- Relaxamento muscular;
- Proporcionar condições ideais para a ação da equipe cirúrgica.

Para escolha do tipo de anestesia levam-se em consideração alguns fatores


como:
- Condições fisiológicas do pacientes;
- Presença de severidade de doenças coexistentes;
- Recuperação pós-operatória de vários tipos de anestesia;
- Opções de manuseio da dor no pós-operatório;
- Tipo e duração do procedimento cirúrgico;

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66
- Posição do paciente durante a cirurgia;
- Exigências particulares do cirurgião.

Durante a anestesia devem ser continuamente avaliadas as condições de


oxigenação, ventilação, circulação e temperatura do paciente. Esta monitorização
depende das condições fisiológicas e estabilidade do paciente; do procedimento
cirúrgico; da extensão de perda sanguínea e das necessidades de monitoração
prevista diante do uso de anestesia geral ou local.

5.2 FATORES FÍSICOS E FISIOLÓGICOS DOS ANESTÉSICOS

Os anestésicos gerais produzem anestesia porque eles passam para o


cérebro por uma alta pressão parcial. Quantidades relativamente grandes de
anestésico devem ser administradas durante a indução e nas fases iniciais de
manutenção, pois o anestésico recircula e é depositado nos tecidos corporais.
À medida que estes tecidos se tornam saturados, pequenas quantidades de
anestésico são necessárias para manter a anestesia devido ao equilíbrio, ou quase
equilíbrio, que foi alcançado entre o cérebro, o sangue e os demais tecidos.
Qualquer fator que diminua o fluxo sanguíneo periférico, tal como a
vasoconstrição ou o choque, pode fazer requerer apenas pequenas quantidades de
anestésico. Inversamente, quando o fluxo sanguíneo periférico está
extraordinariamente alto, como em um paciente com os músculos ativos ou em
paciente apreensivo, a indução é lenta e grandes quantidades de anestésico são
exigidas, uma vez que o cérebro recebe uma menor quantidade de anestésico.

5.2.1 Profundidade da anestesia

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67
A profundidade da anestesia é determinada por sinais físicos. Sua
classificação é dividida em quatro estágios, cada um dos quais apresenta um grupo
definido de sinais e sintomas:

Estágio I: estágio inicial da anestesia até a perda da consciência. O pulso e


a respiração são irregulares.

Estágio II: Da perda da consciência até o início de um padrão regular de


respiração e o desaparecimento do reflexo palpebral. Também denominado estágio
de delírio. Caracterizado por excitação e muitas reações indesejáveis, tais como:
vômitos, laringoespasmo e mesmo parada cardíaca podem ocorrer durante esse
período. Respiração e pulso são irregulares e rápidos. As pupilas estão dilatadas,
porém, contraem-se quando expostas à luz.

Estágio III: Também chamado de anestesia cirúrgica. A respiração é


irregular e o pulso tem ritmo quase normal com bom volume, a pele está rosada ou
levemente enrubescida. Com a administração adequada do anestésico, esse estágio
pode ser mantido por várias horas. A maior parte das cirurgias é executada neste
estágio.

Estágio IV: Dura desde o momento da cessação da respiração até a


insuficiência do sistema circulatório. O pulso é filiforme e fraco. Desenvolve-se
cianose gradualmente. Quando se chega a este estágio, suspende-se o anestésico
imediatamente, faz-se respiração artificial. Os estimulantes, ainda que raramente
utilizados, podem ser administrados à circulação, se houver dosagem excessiva de
anestésicos.
Durante a administração dos anestésicos não há, naturalmente, divisão
definida entre os vários estágios. O paciente passa gradualmente de um estágio ao
outro e somente pela observação cuidadosa dos sinais evidentes (condições das
pupilas, pressão sanguínea, batimento cardíaco e ritmo respiratório) o
anestesiologista pode ter o controle da situação.

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68
Praticamente a anestesia inicia-se com o pré-anestésico. Essas ações
devem influir globalmente na qualidade da anestesia, a fim de contribuir para a
segurança e sucesso do ato anestésico.

5.3 MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA

Consiste na administração de uma ou mais diferentes drogas antes do ato


anestésico com o objetivo de produzir amnésia e sedação, diminuir a dor,
potencializar os agentes anestésicos, diminuir secreções de vias aéreas e o
metabolismo, reduzir volume do conteúdo gástrico e aumentar o seu pH, reduzindo
as necessidades de anestésicos. Reduz a ansiedade, pois o estresse pré-operatório
pode provocar inquietação, insônia, arritmias, hipertensão arterial e crise de angina.
Portanto, a medicação pré-anestésica deve proporcionar a redução da
ansiedade, de modo que a indução e manutenção da anestesia sejam mais fáceis,
pois o estresse pré-operatório pode provocar inquietação, insônia, arritmias,
hipertensão arterial e crise de angina. A medicação deve ser prescrita de acordo
com as necessidades individuais do paciente, as quais podem ser distribuídas em
três grupos:

1. Anticolinérgicos: diminuem a secreção salivar e os reflexos vagais


sobre o coração. A atropina exerce sua ação por antagonismo competitivo com a
acetilcolina. Ela tem como efeito colateral taquicardia devido ao bloqueio vagal,
agitação psicomotora, hipertermia, sialosquiese, aumento da pressão intraocular em
doentes glaucomatosos, midríase, no aparelho renal relaxa a bexiga e contrai os
esfíncteres. A escopolamina provoca agitação e delírio por atravessar a barreira
hematoencefálica. O glicopirrolato é mais potente que a atropina é mais potente que
a atropina. Aumenta a frequência cardíaca, atravessa a barreira hematoencefálica,
Pode elevar o pH gástrico mais que a atropina.

2. Tranquilizantes: possuem efeitos ansiolíticos, amnéstico, sedativo,


anticonvulsivante e relaxante muscular. Podem ser administrados por via

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69
intramuscular ou oral, com melhor absorção pela mucosa gástrica. O diazepan,
lorazepan, flunitrazepan, midazolan são as drogas mais utilizadas, cujo efeito
colateral mais significativo está relacionado com a depressão respiratória discreta,
sendo mais perigosa em idosos; a sonolência pode se prolongar no período pós-
anestésico, prejudicando a alta da sala de recuperação e a alta do doente de
ambulatório. A principal alteração cardiovascular decorre da discreta redução da
pressão sanguínea arterial média por diminuição da resistência vascular sistêmica.
O midazolan tem a vantagem de provocar amnésia anterógrada, potencializa o efeito
dos anestésicos gerais e pode provocar depressão respiratória.

3. Hipnoanalgésicos: diminuem a ansiedade dolorosa com sedação. As


drogas morfina, meperidina, dolantina, fentanil, alfentanil produzem analgesia em
pacientes com dores pré-operatórias. Entretanto, em doses analgésicas podem
deprimir a respiração e aumentar o risco de acidose respiratória e pneumonite
aspirativa. Grandes doses podem causar hipotensão, náuseas, vômito, constipação
e distensão abdominal. A ocorrência de urticária e broncoespasmo indica
hipersensibilidade. A morfina produz hipnose e analgesia. As principais
complicações são: euforia, confusão mental, náuseas e vômitos, bradicardia,
hipotensão arterial, hipoventilação pulmonar, espirro, em doses altas pode provocar
rigidez e convulsões; miose, hiperglicemia, efeito constipante, aumento da pressão
liquórica e das vias biliares, prurido, retenção urinária. A meperidina produz
analgesia que se inicia dez minutos após administração intramuscular. Como
complicações mais comuns, provoca náuseas e vômitos, depressão respiratória,
hipotensão postural, aumento da pressão intracraniana e disforia. O fentanil é um
analgésico narcótico. Possui ação rápida, curta duração e elevada potência (100
vezes maior do que a da morfina). Pode causar: depressão respiratória, espasmo da
musculatura bronquiolar, aumento do tônus da musculatura esquelética, bradicardia,
hipotensão arterial, náuseas e vômitos, sudorese, toxicomania. O início da ação do
alfentanil é rápido. Pode causar depressão respiratória, embora de curta duração,
raramente sendo necessário o emprego dos antagonistas dos hipnoanalgésicos ao
término da cirurgia.
A visita do anestesiologista e de um enfermeiro de centro cirúrgico antes da

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70
cirurgia, é mais calmante para o paciente que os medicamentos utilizados no pré-
anestésico. As medicações pré-anestésicas devem ser administradas 45 a 75
minutos antes de começar a anestesia, para que tenham ação antes do início da
anestesia com a finalidade de produzir sedação, amnésia, analgesia, diminuição do
metabolismo basal e bloqueio vagal.

5.4 TIPOS DE ANESTESIA

Os diferentes tipos de anestesias se dividem em dois grandes grupos: a


anestesia de consciência (geral) e as de partes do corpo (sendo as loco regional:
local, tissular, plexular, troncular, epidural e raquianestésica). Uma classificação
frequentemente usada para a assistência anestésica é a seguinte:

5.4.1 Anestesia geral

A anestesia geral pode ser entendida como um estado reversível de


ausência de percepção dolorosa, relaxamento muscular, depressão neurovegetativa
e inconsciência, resultante da ação de uma ou mais drogas no sistema nervoso.
São administrados por vias endovenosas e inalatória preferencialmente em
razão da relação efeito-doze e o tempo de curso de efeito são mais previsíveis.
Outras vias podem ser usadas, como a anestesia geral retal.

5.4.2 Anestesia geral por inalação

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71
Os anestésicos líquidos podem ser administrados pela mistura de vapores
com oxigênio ou óxido nitroso-oxigênio e, então, fazer o paciente inalar a mistura. O
vapor é administrado ao paciente por meio de um tubo ou máscara.
A técnica endotraqueal para administração de anestésico consiste na
introdução de um tubo endotraqueal ou da máscara laríngea de borracha macia ou
plástico, dentro da traqueia (tubo) ou laringe (máscara laríngea), com a ajuda de um
endoscópio óptico de fibra flexível, ou também pela exposição da laringe com um
laringoscópio ou pela introdução do tubo cegamente. O tubo pode ser inserido tanto
pelo nariz quanto pela boca (a ML somente pela boca). Quando o tubo encontra-se
no local, o mesmo isola os pulmões do esôfago de forma que, se o paciente vomita,
nenhum conteúdo do estômago entra nos pulmões.
São exemplos de anestésicos líquidos voláteis: o alotano, tricloetileno,
metoxiflurano, enflurano e cevoflurano e gases (óxido nitroso e ciclopropano –
combinado com oxigênio). O que determina a profundidade da anestesia é a
concentração do anestésico no cérebro.

FIGURA 3 – MATERIAIS PARA INTUBAÇÃO

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72
FONTE: Disponível em: <http://www.viaaereadificil.com.br/tecnicas_int/guias.htm>. Acesso em: 12
set. 2013.

FIGURA 4 – POSICIONAMENTO DA MÁSCARA LARÍNGEA

FONTE: Disponível em: <http://www.medtech.com.br/lma/imagens_ML/ML-inserc-2.gif>. Acesso em:


12 set. 2013.

FIGURA 5 – INSERÇÃO DA MÁSCARA LARÍNGEA

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73
FONTE: Disponível em:
<http://www.viaaereadificil.com.br/mascara_laringea/ML_p/ML/historico_ML.htm>. Acesso em: 12 set.
2013.

5.4.3 Anestesia geral endovenosa

Pode ser produzida pela injeção intravenosa de várias drogas. Tem a


vantagem de não ser explosiva, agradável para o paciente, ação rápida, fácil de
dosar, não requer aparelhagem e é muito fácil de administrar, porém, não há meio
de removê-la do organismo (tiopental sódico, etomidato, acetamina, diazepínicos,
propofol e methoexital sódico).

5.4.4 Anestesia local

Caracteriza-se pela administração de anestésico local nas imediações dos


axônios. Sua ação é de estabilizar a membrana do axônio impedindo a
despolarização e consequente propagação do impulso elétrico. Pode ser classificada
em: local propriamente dita regional e espinhal.

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74
Anestesia local pode ser tópica (mucosa do nariz, boca, árvore
traqueobrônquica, esôfago e trato geniturinário) ou por infiltração (injeção de
anestésico nos tecidos nos quais deve passar a incisão).

5.4.5 Anestesia regional

O agente anestésico é injetado nos nervos ou ao redor deles, de modo a


anestesiar a área por eles inervada. As áreas mais comumente utilizadas são:
bloqueio do plexo (plexo branquial); anestesia paravertebral (parede abdominal e
vísceras); bloqueio transacral (períneo e baixo abdômen);

5.4.6 Anestesia espinhal

Epidural ou peridural - injeção de anestésico no canal medular no espaço ao


redor da dura-máter.
Raquianestesia – é obtida pela punção lombar e, no mesmo ato, injeta-se a
solução de anestésico no líquido cefalorraquidiano, no espaço subaracnóideo.
Outras medicações são utilizadas como coadjuvantes no ato anestésico. É o
caso do miorrelaxantes utilizados para facilitar a intubação e oferecer condições
cirúrgicas ideais em planos menos profundos que a anestesia geral. Dividem-se em
três grupos: relaxantes musculares despolarizantes (succinilcolina), relaxantes
musculares não despolarizantes (antagonistas da acetilcolina) que podem ser
divididos enquanto duração de ação em intermediários (atracurium) e de longa
duração (pancurônio). São utilizadas também antagonistas dos hipinoanalgésicos
como a nalorfina e neurolépticos como a clorpromazina.

A regressão do ato anestésico se inicia na sala de operação paralela à


eliminação ou biotransformação dos agentes anestésicos, tratando-se assim do

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75
processo de recuperação - a consciência. Essa se processa em três fases e quatro
estágios clínicos.

Fases:
- Imediata (minutos): o paciente apresenta volta à consciência, existe
presença de reflexo das vias aéreas superiores e movimentação;
- Intermediárias (minutos/horas);
- Tardia (normalidade motora e sensorial): deve-se julgar o desempenho do
paciente entre 24 e 48 horas após a anestesia porque alguns efeitos indesejáveis
podem persistir por este período.

Estágios clínicos:
1º estágio: o paciente responde a estímulo doloroso;
2º estágio: ocorre abertura dos olhos ao comando verbal;
3º estágio: o paciente responde a pergunta simples;
4º estágio: apresenta boa orientação no tempo e no espaço.

Outra classificação quanto às condições físicas, desenvolvida pela ASA –


American Society of Anesthesiologists para avaliação da gravidade das disfunções
fisiológicas e anormalidades anatômicas é dada por:

ASA 1: paciente sadio;


ASA 2: paciente com doença sistêmica leve;
ASA 3: paciente com doença sistêmica severa;
ASA 4: paciente com doença sistêmica severa que é um constante risco
para a vida;
ASA 5: moribundo que não se espera sobreviver sem a cirurgia;
ASA 6: paciente com morte cerebral declarada cujos órgãos estão sendo
removidos para doação.

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6 CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS

O termo perioperatório é empregado para descrever todo o período da


cirurgia, incluindo antes e após a cirurgia em si. As três fases dos cuidados
perioperatórios são: Pré-operatório, Transoperatório e Pós-operatório.

6.1 PRÉ-OPERATÓRIO

Esse período tem início desde o momento em que o paciente recebe a


indicação da operação e se estende até a sua entrada no centro cirúrgico. Divide-se
em duas fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato.

6.1.1 Pré-operatório Mediato

Começa no momento da indicação da operação e termina 24 horas antes do


seu início. Geralmente, nesse período o paciente ainda não se encontra internado.
Neste período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz uma avaliação
do estado geral do paciente por meio de exame clínico detalhado e dos resultados
de exames de sangue, urina, raios X, eletrocardiograma, entre outros. Essa
avaliação tem o objetivo de identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o
risco cirúrgico.
Tratando-se de cirurgias eletivas, em que há previsão de transfusão
sanguínea, muitas vezes é solicitado ao paciente para providenciar doadores
saudáveis e compatíveis com seu tipo sanguíneo. Com essa medida pretende-se
melhorar a qualidade do sangue disponível e aumentar a quantidade de estoque
existente nos hemocentros, evitando sua comercialização.
Os cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem os preparos
psicoespiritual e o preparo físico.

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6.1.1.1Consentimento cirúrgico

Antes da cirurgia, o paciente deve assinar um formulário de consentimento


cirúrgico ou permissão para realização da cirurgia. Quando assinado, esse
formulário indica que o paciente permite a realização do procedimento e
compreende seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião. Se o paciente não
compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao cirurgião antes que o paciente
assine o formulário de consentimento. Os pacientes devem assinar um formulário de
consentimento para qualquer procedimento invasivo que exija anestesia e comporte
risco de complicações.
Quando um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não é
mentalmente competente, um familiar ou um tutor deve assinar o formulário de
consentimento. Quando o paciente tem menos de 18 anos de idade, um dos pais ou
um tutor legal deve assinar o formulário. Pessoas com menos de 18 anos de idade,
que vivem longe de casa e sustentam-se por conta própria, são considerados
menores emancipados e assinam o formulário de consentimento.
Em uma emergência, o cirurgião pode ter que operar sem consentimento.
No entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao máximo para obter o
consentimento por telefone, telegrama ou fax. Todo enfermeiro deve estar
familiarizado com as normas da instituição e com as leis estatais relacionadas aos
formulários de consentimento cirúrgico.
Os pacientes devem assinar o formulário de consentimento antes que lhes
seja administrado qualquer sedativo pré-operatório. Quando o paciente ou a pessoa
designada tiver assinado a permissão, uma testemunha adulta também assina para
confirmar que o paciente ou o indivíduo designado assinou voluntariamente. Em
geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um empregado do setor
de admissão. É responsabilidade de o enfermeiro assegurar que todas as
assinaturas necessárias figurem no formulário de consentimento, e que este se
encontre no prontuário do paciente antes que ele seja encaminhado ao centro
cirúrgico (CC).

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6.1.1.2 Avaliação Pré-operatória

Os cuidados pré-operatórios exigem uma avaliação completa do paciente. A


avaliação varia, dependendo da urgência da cirurgia e de o paciente ter sido
admitido no mesmo dia da cirurgia, ou antes. No entanto, mesmo em emergências, o
enfermeiro deve se esforçar ao máximo para coletar o maior número de dados
possível. O quadro abaixo apresenta uma lista de informações importantes que
devem ser obtidas durante a avaliação do paciente.

QUADRO 12 – AVALIAÇÃO PRÉ- OPERTÓRIA

REVISÃO DOS EXAMES DIAGNÓSTICOS E Nível de consciência (confusão mental,


LABORATORIAIS PRÉ-OPERATÓRIOS sonolência, não responsividade)
Hemograma completo Sinais vitais.
Tipagem sanguínea e prova de Peso e altura.
compatibilidade Integridade cutânea.
Eletrólitos séricos Capacidade de se mover/deambular.
Urinálise Nível de exercício.
Radiografia de tórax Próteses.
Eletrocardiograma Condição circulatória.
Outros exames relacionados ao
procedimento ou à condição clínica do AVALIAÇÃO DAS NECESSIDAS
paciente (ex. tempo de protrombina, tempo PSICOLÓGICAS
de tromboplastina parcial, nitrogênio da Estado emocional.
ureia sanguínea, creatinina, outros estudos Nível de compreensão do procedimento
radiográficos). cirúrgico e das instruções pré e pós-
operatórias.
REVISÃO DOS ANTECEDENTES MÓRBIDOS Estratégias de enfrentamento.
DO PACIENTE E PREPARO PARA A Sistema de apoio.
CIRURGIA Papéis e responsabilidades.
Histórico da doença atual e razão da
cirurgia. AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES
Antecedentes mórbidos: condições clínicas CULTURAIS
agudas e crônicas, hospitalizações e Linguagem – necessidade de intérprete.
cirurgias anteriores, qualquer problema Costumes particulares relacionados à
anterior com anestesia, alergias, cirurgia, à privacidade, à eliminação de
medicamentos atuais, uso de substâncias partes do corpo e a transfusões sanguíneas.
como álcool, tabaco, drogas ilícitas.
Revisão dos sistemas.

AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES FÍSICAS


Capacidade de comunicação.

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6.1.1.3 Preparo psicoespiritual

O estado emocional influencia diretamente no funcionamento do corpo,


consequentemente, o paciente que apresenta alterações nesta área (ansiedade,
estresse) poderá ter um comprometimento na sua evolução pós-operatória. As
principais intervenções de enfermagem compreendem:
a) Explicar ao paciente a sua cirurgia e os exames na medida do possível.
b) Diminuir a sensação de medo da anestesia, cirurgia, dor, morte, do
desconhecido, e de destruição da autoimagem.
c) Orientar sobre os procedimentos e a importância da sua cooperação no
pré e pós-operatório.
d) Explicar como irá retornar da cirurgia e que a enfermagem estará
presente para atendê-lo em qualquer anormalidade.
e) Transmitir sensação de calma e confiança, e ouvir com atenção os
problemas do paciente.
f) Proporcionar um ambiente calmo e tranquilo, favorecendo o equilíbrio
psicológico e o entrosamento com o ambiente hospitalar.
g) Atender a família, explicando resumidamente a cirurgia, como o
paciente retornará da SO e a importância da família em apoiá-lo nesse período.
h) Providenciar ou dar assistência religiosa, de acordo com a religião ou
solicitação do paciente.

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6.1.1.4 Preparo físico

São cuidados para melhorar o esclarecimento do diagnóstico e para adequar


o estado geral do paciente à cirurgia. Eles objetivam remover as possíveis fontes de
infecção e preparar o paciente para a operação.
a) Realizar exame físico, atentando para determinadas condições que
podem atuar negativamente na cirurgia. Ex. idade, outras doenças, quadro
infeccioso, hipersensibilidade medicamentosa, alimentar, fatores exógenos, etc.
b) Providenciar e preparar o paciente para os exames laboratoriais e
outros exames auxiliares de diagnóstico.
c) Controlar os SSVV.
d) Observar o equilíbrio hidroeletrolítico e o estado nutricional, orientando,
estimulando e administrando dietas adequadas, medicamentos, soros, etc.
e) Ensinar exercícios respiratórios com frascos, luvas, principalmente aos
que serão submetidos à anestesia geral, cuja finalidade é prevenir complicações
pulmonares após a realização da cirurgia. Normalmente, se orienta para o paciente
colocar as duas mãos na parte inferior das costelas, a fim de sentir o movimento
torácico, expirar completamente, inspirar profundamente pelo nariz e expulsar todo o
ar pela boca. Repetir esse exercício várias vezes. Há pequenos aparelhos
denominados expirômetros de incentivo, utilizados para a realização de exercícios
respiratórios.
f) Exercícios de tosse cujo objetivo é retirar secreções da traqueia e dos
brônquios. O paciente é orientado para entrelaçar os dedos, colocando as mãos
sobre o local da futura incisão, ou então usar o travesseiro para apoiar as mãos e
pressionar o local. Isso funciona como imobilização durante a tosse, eliminando a
dor. Depois de pressionar o local, deve inclinar-se ligeiramente para frente, encher
os pulmões e provocar rápidas tossidelas. O exercício deve ser repetido uma ou
duas vezes, tentando eliminar possíveis secreções.
g) Orientar o paciente referente à deambulação precoce, que consiste em
pequenas caminhadas após a cirurgia, tão logo as suas condições o permitam. A
deambulação precoce favorece a expansão pulmonar, a circulação de membros

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inferiores e estimula o peristaltismo intestinal, evitando a distensão abdominal por
acúmulo de gases e conteúdo intestinal estático.
h) Limpar a pele com banho completo no dia anterior, e no dia da cirurgia,
banho corporal completo com antisséptico degermante (ex. chlorexidina
degermante).
i) Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte.
j) Iniciar o jejum, conforme a prescrição médica, normalmente após o
jantar. Suspende-se a ingestão de água de 8 a 10 horas antes da cirurgia.
Comumente a última refeição ingerida pelo paciente antes da cirurgia contém
apenas líquidos, alimentos facilmente digeríveis, como sopa, caldos, etc. Após essa
refeição, o paciente precisa permanecer em jejum absoluto por várias horas, até o
momento da cirurgia, não sendo também permitida a ingestão de líquidos (chá,
suco, etc.) e água. Antes do período de jejum total, o enfermeiro estimula o paciente
a manter uma boa nutrição para ajudar a suprir a demanda aumentada de nutrientes
do organismo durante o processo de cicatrização. Proteínas e ácido ascórbico
(vitamina C) são particularmente importantes na cicatrização da ferida.

6.1.1.5 Pré-operatório Imediato

Esta fase compreende as 24 horas que antecedem a operação. De um modo


geral, o paciente é admitido no hospital dentro desse período, com o objetivo de ser
devidamente preparado para o ato cirúrgico. Esse procedimento, entretanto, pode
variar de instituição para instituição, ou dependendo do tipo de cirurgia ou do estado
do paciente. Há casos em que o paciente interna-se com vários dias de
antecedência, quando necessita de um tratamento para habilitá-lo a ser operado.
Em outros casos, no entanto, a admissão se dá no mesmo dia da operação.
a) Preparo da pele: esse procedimento tem como finalidade eliminar ao
máximo a flora bacteriana que normalmente habita a pele do paciente. A área em
torno da futura ferida operatória deve ser limpa de modo completo e feita a
tricotomia, que significa a raspagem dos pelos em uma região do corpo. Em vários
hospitais, a tricotomia é realizada na véspera da cirurgia, à noite, muito embora seja

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mais indicado fazê-la até duas horas antes da cirurgia, para evitar a proliferação de
germes após o preparo da pele. A rotina de limpeza da pele depende do
procedimento cirúrgico e das normas do cirurgião ou da instituição. O objetivo é
diminuir a quantidade de microrganismos sem comprometer a integridade cutânea.
Para uma cirurgia planejada, pode-se solicitar ao paciente que limpe a área
determinada com um sabão detergente germicida durante vários dias antes do
procedimento. Normalmente, os pelos não são removidos antes da cirurgia, exceto
se puderem interferir na incisão. Nesse caso, os pelos são removidos com
tricotomizadores elétricos no momento da cirurgia.
b) Preparo intestinal: para a maioria das cirurgias, principalmente as
realizadas sob anestesia geral, é importante o reto estar vazio, evitando, assim, que
o paciente evacue durante o ato cirúrgico. Em função do tipo de cirurgia a ser
realizada, o médico irá prescrever o preparo adequado, que pode variar desde ouso
de laxante até a aplicação de clister ou lavagem intestinal. Uma cirurgia de intestino
grosso, por exemplo, exige um preparo maior, para o órgão ficar o mais vazio e
limpo possível. Nesses casos, o laxante é administrado dias antes, mas o clister e a
lavagem são feitos na véspera da operação. Já em cirurgias de pequeno porte,
pode-se dispensar a execução desse preparo, desde que o paciente tenha
evacuado normalmente na manhã do dia da cirurgia. Um intestino limpo permite a
visualização acurada do sitio cirúrgico e previne traumas intestinais ou contaminação
acidental do peritônio por fezes. Um enema evacuador ou um laxante é prescrito
para a noite que antecede a cirurgia, e pode ser repetido na manhã do dia da
cirurgia. Quando uma cirurgia intestinal é programada, antibióticos também podem
ser prescritos para reduzir a microbiota intestinal.
c) Higiene geral: além do preparo local da pele, um banho completo antes
da cirurgia, ajuda a evitar infecções, principalmente com uso de antissépticos
degermantes.
d) Retirar os esmaltes: no mínimo em uma das unhas, se for o caso, para
o anestesista controlar melhor a oxigenação durante a cirurgia.
e) Orientar o paciente deambulante para ir ao banheiro, com o objetivo de
esvaziar a bexiga e o intestino, realização da higiene bucal adequada.
f) Fornecer camisola limpa e ajudar o paciente a vesti-la com a abertura
para as costas, orientando-a para não colocar qualquer roupa de baixo.

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g) Pentear os cabelos do paciente e cobri-lo com gorro.
h) Retirar próteses, lentes de contato, joias, adornos em geral. Depois,
para evitar que se percam, identificar esses objetos e entregá-los ao responsável ou
encaminhar para guarda-volumes no hospital. A retirada de prótese dentária antes
da anestesia para alguns pacientes em violação da privacidade, em que alguns
serviços têm como rotina a retirada na SO, guardando-as para posterior devolução.
i) Conferir os exames pré-operatórios, à autorização para a operação e
as radiografias, se estão juntas ao prontuário médico do paciente.
j) Administrar a medicação pré-anestésica prescrita aproximadamente 30
a 60 minutos antes de encaminhar ao CC, quando prescrita. Quando o efeito da
medicação estiver iniciando, o paciente deve permanecer sob observação, jamais
sendo deixado sozinho, pois poderá apresentar reações adversas, como depressão
respiratória ou mesmo agitação. A medicação pré-anestésica visa basicamente
reduzir a ansiedade, diminuir secreções do trato respiratório e reduzir as
intercorrências alérgicas.
k) Deixar o paciente deitado, protegido com grades. Verificar, novamente,
os SSVV, anotando-os no prontuário e comunicando qualquer anormalidade
observada.
l) Alguns hospitais usam como protocolo de rotina a SVD no período pré-
operatório, neste caso realizá-la.

6.1.1.6 Checagem Pré-operatória

A maioria dos pacientes é transportada ao centro cirúrgico em uma maca.


Para proporcionar privacidade, segurança e aquecimento, o enfermeiro cobre a
pessoa com um lençol e fixa em torno dela os cintos de segurança. Antes de o
paciente deixar o quarto, o enfermeiro registra todas as informações necessárias no
seu prontuário: sinais vitais, peso, medicamentos pré-operatórios administrados,
procedimentos realizados, se o paciente esvaziou a bexiga, o destino de objetos
valiosos e próteses dentárias e observações pertinentes.

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84
A maioria dos hospitais ou dos serviços de cirurgia utiliza uma checagem
pré-operatória para que não haja dúvida de que se realizaram todas as avaliações e
procedimentos antes da cirurgia. Essa checagem geralmente envolve:
Avaliação: inclui a pulseira de identificação de alergia; lista de
medicamentos em uso atualmente, horário de a última ingestão alimentar ou líquida
do paciente; destino de objetos de valor, dentaduras ou próteses; remoção da
maquiagem e do esmalte para unhas; e o uso de vestimentas hospitalares.
Medicamentos pré-operatórios: inclusive a via e o momento da
administração.
IV: inclusive localização, tipo de solução, velocidade de infusão.
Preparos pré-operatórios: incluindo, quando apropriado, preparo da
pele, passagem de sonda vesical de demora ou de sonda nasogástrica, horários e
resultados de enemas ou duchas, uso de meias ou ataduras antiembolismo, e
horário e quantidade da última micção.
Prontuário: inclui o consentimento cirúrgico assinado, história e exame
físico, registros antigos, e resultados de exames solicitados.
Outras informações: conforme as exigências do serviço.
Assinatura(s): do enfermeiro e de outras pessoas envolvidas no
preparo do paciente para a cirurgia e no seu transporte para o CC.
Quando a checagem pré-operatória termina, o paciente está pronto para ser
encaminhado ao CC. O pessoal do setor cirúrgico ajuda na transferência do paciente
para a maca e depois para o CC ou para a área de espera.

6.2 PERÍODO TRANSOPERATÓRIO (INTRAOPERATÓRIO)

É aquele em que o paciente será submetido a uma cirurgia propriamente


dita, sendo realizada na unidade de centro cirúrgico, que é dotada de uma
infraestrutura que garanta plena segurança e conforto ao paciente e a equipe de
saúde.
As funções da enfermagem abrangem a recepção do paciente no CC,
organização da SO, atendimento as necessidades de saúde e segurança do

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85
paciente durante e após a cirurgia, encaminhando o paciente para a RPA, UTI ou
enfermaria.

FIM DO MÓDULO II

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO -
CIRÚRGICO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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87
CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO –
CIRÚRGICO

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO III

7 UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA

Período Pós-operatório Pós-operatório


Transoperatório Imediato Mediato ou tardio

A fase dos cuidados pós-operatórios imediato começa tão logo o


procedimento cirúrgico seja concluído e o paciente transferido para a Unidade de
Recuperação Pós-Anestésica (URPA). Esta Unidade deve ser adjacente ao centro-
cirúrgico, oferecendo facilidade de acesso. O estado do paciente deve ser avaliado
quanto às necessidades durante a transferência (com oxigênio, dispositivo manual
de pressão negativa, um leito no lugar da maca).
A permanência do paciente nesta unidade permite rápida convalescença,
evita infecções hospitalares, poupa tempo, reduz gastos, ameniza a dor e aumenta a
sobrevida do mesmo.
Este é o período mais crítico da recuperação do paciente, por isso, vários
cuidados de enfermagem são dispensados a ele com as seguintes dificuldades:
prestar assistência intensivista até a total recuperação dos reflexos, assistir o
paciente integralmente, proporcionando segurança e retorno rápido às suas
atividades normais, prevenir complicações, e em alguns casos, auxiliar na
reabilitação e na adaptação do paciente às novas condições resultantes da
operação, como é o caso, por exemplo, da colostomia, da mastectomia, e da
amputação, entre outras.
O Enfermeiro assume os cuidados do paciente após uma avaliação inicial e
um relato da equipe de transferência; deve sistematizar o registro das informações,
mantendo vínculo ativo com os profissionais de saúde, além de oferecer à equipe de
enfermagem condições para atuar com o cliente de maneira efetiva, planejada e

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89
segura.
O histórico de enfermagem inicial do paciente pós-operatório começa com a
determinação da avaliação imediata da via aérea e circulatória adequada. A via
aérea é avaliada quanto à perviedade, oxigênio umidificado é aplicado e a
frequência respiratória contada. É iniciada a oximetria de pulso em todos os
pacientes, e a qualidade dos sons respiratórios é determinada. O paciente é então
conectado ao monitor cardíaco, e a frequência cardíaca e ritmo são avaliados, assim
como a verificação da pressão arterial.
Após a avaliação imediata e completados os registros, inicia-se uma
avaliação mais completa pós-anestesia. A avaliação é realizada rapidamente e é
específica para o tipo de procedimento cirúrgico.
Em alguns casos, o enfermeiro da URPA avalia os sinais vitais na admissão
e inicia a avaliação pelo sistema respiratório. A avaliação respiratória consiste em
frequência, ritmo, ausculta dos sons respiratórios e o nível de saturação do oxigênio.
A presença de uma via aérea artificial e o tipo de sistema de liberação de oxigênio
são anotados.
O sistema cardiovascular é avaliado pela monitorização da frequência e
ritmo cardíacos. A pressão arterial inicial do paciente é comparada para uma ou
mais leituras do pré-operatório.
A temperatura corporal é obtida e a condição da pele é examinada, incluindo
o pulso periférico, se indicado. O paciente é então avaliado quanto ao
funcionamento neurológico. O paciente está reativo (despertando da anestesia)? O
paciente pode responder aos comandos? O paciente está orientado no mínimo
quanto a nomes e hospital? O paciente pode movimentar as extremidades? Existem
desvios da função neurológica pré-operatória? Alguns procedimentos operatórios
requerem uma avaliação mais detalhada.
Para avaliar a função renal, a ingesta e a excreta são examinadas. O líquido
total intraoperatório e a estimativa de perda sanguínea são avaliados. Os acessos
venosos, infusões e soluções de irrigação são anotados. A presença de todos os
acessos venosos, drenos e cateteres são anotados; a excreta de urina é anotada
quanto à coloração, quantidade e consistência.
Toda informação obtida da avaliação na admissão é anotada no relatório da
URPA.

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A avaliação inicial inclui o registro de:
1. Sinais vitais:
- Pressão arterial;
- Pulso;
- Temperatura;
- Respiração
2. Nível de consciência
3. Leitura da pressão venosa central (PVC) se indicado;
4. Posição do paciente;
5. Condição e coloração da pele;
6. Necessidade de segurança do paciente;
7. Neurovascular: pulso periférico e sensação nas extremidades quando
possível;
8. Condições de curativos ou linhas de sutura;
9. Tipo, perviedade e fixação dos tubos de drenagem, cateteres e
recipientes;
10. Quantidade e tipo de drenagem;
11. Resposta muscular e força;
12. Resposta pupilar quando indicado;
13. Terapia venosa: localização, condição, fixação e quantidade de soluções
infundidas em acessos venosos (inclusive sangue e derivados);
14. Nível de suporte físico e emocional;
15. Escore numérico de escala utilizada na unidade.

A rotina em algumas instituições da frequência da verificação dos sinais vitais,


bem como seu estado geral dá-se a cada quinze minutos na primeira hora de
chegada do paciente a URPA; a cada trinta minutos na segunda hora e a cada hora
nas horas subsequentes até a liberação deste para a unidade de internação de
origem.

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91
8 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO

O enfermeiro circulante ou o anestesiologista notificam informações


referentes à cirurgia, incluindo qualquer complicação que o paciente possa
apresentar. O aspecto mais importante da intervenção de enfermagem é a
observação e a monitorização rigorosas do paciente durante a fase da emergência
anestésica. Após uma cirurgia é comum o paciente passar por vários desconfortos,
dentre eles os mais comumente encontrados nas cirurgias de médio e grande porte
são:

8.1 RESPIRATÓRIA

A prioridade nos cuidados ao paciente pós-anestesia é estabelecer a


perviedade das vias aéreas. Uma causa muito comum de obstrução das vias aéreas
é a língua, que se relaxa devido ao agente anestésico e aos relaxantes musculares
usados durante a cirurgia. O paciente pode apresentar roncos, retração dos
músculos intercostais, movimentos assincrônicos do tórax e abdômen e uma
redução do nível de saturação de oxigênio. A ação que a enfermagem toma pode
ser tão simples quanto a estimulação para que o paciente respire profundamente. Se
o paciente não estiver responsivo pode precisar abrir a via aérea pela inclinação do
queixo ou pela abertura da boca. A inclinação do queixo é realizada pela suspensão
deste com uma das mãos, enquanto inclina-se a fronte para trás com a outra. A
abertura da boca pela mandíbula é obtida pelo deslocamento da articulação
temporomandibular na direção bilateral.
Se estas ações não abrem a via aérea, uma via aérea artificial pode precisar
ser inserida. Tanto a via aérea oral como a nasal podem ser usadas. Uma via aérea
oral está indicada para uso em pacientes que não respondem; uma via aérea nasal
está indicada para pacientes que estão despertos porque é mais bem tolerada por

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um paciente consciente.
Em certas situações como a apneia, intubação com ventilação pode ser
requerida. Se a intubação é impossível, o paciente pode precisar de uma
traqueostomia, embora isto seja raro.
Uma complicação muito séria que pode ocorrer na URPA é o
laringoespasmo. Os músculos da laringe contraem-se e obstruem a via aérea
parcialmente ou completamente. O laringoespasmo geralmente se deve a uma via
aérea irritável. As ações de enfermagem incluem a redução de estímulos irritantes, a
hiperextensão da cabeça do paciente, a oxigenação é possivelmente a
administração de um aerossol com adrenalina racêmica. Em muitos casos, a
ventilação por pressão positiva deve ser administrada por máscara e ambu. Se os
sintomas permanecerem por mais de um minuto e não forem aliviados pela pressão
positiva, a administração de um relaxante muscular é necessária. A intubação é
indesejável e é usada somente como último recurso.
O broncoespasmo é uma obstrução da via aérea baixa, sendo causada
pelos espasmos dos tubos bronqueais. Os broncodilatadores inalados são a terapia
de primeira escolha para estes pacientes, seguidos pela aminofilina EV. A
adrenalina e a metilprednisolina também podem ser administradas em alguns casos.

8.2 CARDIOVASCULAR

A instabilidade do sistema cardiovascular é um achado frequente depois da


cirurgia. Problemas comuns incluem hipotensão, hipertensão e disritmias.
A hipotensão é experimentada por cerca de 3% dos pacientes no pós-
operatório. A hipotensão tem sido definida com uma pressão arterial menor que 20%
do nível basal ou que a pressão do pré-operatório. Muitas vezes, os sinais clínicos
de hipotensão são mais confiáveis como um indicador, especialmente no paciente
com apenas um registro de pressão no pré-operatório. Os sinais clínicos podem
incluir pulso rápido e filiforme, desorientação, sonolência, oligúria, pele fria e pálida.
O débito cardíaco e a resistência vascular determinam a pressão arterial. A
hipotensão pode ser em razão da disfunção cardíaca como infarto do miocárdio,

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93
tamponamento, embolia ou medicações, incluindo agentes anestésicos. Nesse caso,
o coração não está bombeando muito eficazmente. O oxigênio e estimulantes
cardíacos serão usados quando necessário, também com monitoração
hemodinâmica.
A hipovolemia reduz o débito cardíaco e pode ser causada pela hemorragia,
desidratação, ou aumento da pressão positiva expiratória final. A reposição de
líquidos e/ou sangue é usada para tratar a hipovolemia. Se o paciente está com
hemorragia no local da cirurgia, está indicado o retorno à sala de cirurgia.
A resistência vascular reduzida pode estar relacionada com as medicações,
anestesia geral e local, ou anafilaxia. A vasodilatação pode ser tratada com líquidos
vasopressores ou elevação das pernas do paciente. As reações anafiláticas são
tratadas com adrenalina, anti-histaminas e líquidos adicionais.
A hipertensão arterial sistêmica é geralmente definida como uma pressão
arterial maior que 20% do nível basal do paciente ou do pré-operatório. Se novo, os
sinais clínicos são os mais importantes indicadores da gravidade da hipertensão. A
cefaleia, alterações do estado mental e dor subesternal são todos indicadores de
danos a um órgão fim.
A hipertensão assintomática é uma ocorrência comum na URPA e
geralmente é considerada como inofensiva. A solução é determinada, geralmente,
pela causa. A pressão arterial elevada faz causar aumento da tensão na parede
ventricular, pós-carga e trabalho miocárdio. O paciente com uma história de doença
cardíaca corre risco de resultados adversos.
A hipertensão pode ser em razão do volume pré-carga ou edema pulmonar,
que causa um aumento do débito cardíaco. Nesse caso, dá-se diurético ao paciente,
faz-se restrição de líquidos e o paciente é monitorizado hemodinamicamente.
Outras causas de hipertensão são a dor e a ansiedade, hipotermia,
hipoxemia, hipercardia e distensão vesical, todos os quais causam aumento na
resistência vascular. Os pacientes com dor são medicados e os pacientes com
hipotermia são aquecidos. Os pacientes são bem oxigenados e ventilados, se
necessário, para melhorar a hipoxemia ou hipercarpnia. Os pacientes são
estimulados a urinar ou são cateterizados para esvaziar toda a bexiga.
Drogas anti-hipertensivas são usadas, quando necessárias, para controlar a
pressão arterial, os pacientes devem retomar os medicamentos anti-hipertensivos

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prescritos no pré-operatório tão logo quanto possível após a cirurgia. Aos pacientes
de cirurgia ambulatorial, bem como aqueles internados, deve ser permitido tomar
seus anti-hipertensivos prescritos no dia da cirurgia.
Uma causa comum de disritmia
Uma causa comum de disritmia posterior à cirurgia é a sinus taquicardia
(uma frequência maior que 100 no adulto). Causas frequentes incluem dor,
hipoxemia, hipovolemia, aumento da temperatura e ansiedade. A causa subjacente
é tratada. Propranolol, mesoprolol, ou esmolol podem ser dados. A sinus bradicardia
(frequência cardíaca menor que 60 no adulto) também é uma causa comum de
disritmia na URPA. A causa inclui hipoxemia, hipotermia, anestesia espinhal alta,
estimulação vagal e algumas medicações que são dadas comumente durante a
cirurgia. A causa subjacente é tratada. Atropina é a droga de escolha para aumentar
a frequência cardíaca, e geralmente nenhum outro tratamento é requerido. Marca-
passo temporário ou permanente pode algumas vezes ser requerido.
As contrações vasculares prematuras (CVPs) são representadas pela
visualização de um complexo QRS largo e bizarro. As causas mais comuns no
período pós-operatório são hipoxemia e hipocalemia. Aquelas condições
subjacentes são tratadas. Muitas vezes, se a doença cardíaca ou hipotensão não
está presente, as CVPs não requerem medicação. Se a intervenção é requerida, a
lidocaína mantém-se como a droga de escolha.

8.3 TEMPERATURA ANORMAL

A hipotermia pós-operatória, definida como uma temperatura menor que


36°C continua a ser um problema crescente na URPA. Acredita-se que mais de 60%
dos pacientes na URPA apresentem hipotermia. Às vezes, a hipotermia não se
constitui em uma ameaça à vida; contudo, ela causa estresse psicológico. A
hipotermia pode prolongar o tempo de recuperação e contribuir para a morbidade
pós-operatória. O idoso e as crianças maiores de dois anos de idade são
especialmente vulneráveis aos efeitos da hipotermia.
A prevenção da perda de calor começa na sala de cirurgia. O paciente sob

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anestesia geral não produz calor e é dependente da temperatura ambiental. A
prevenção pode incluir o aumento da temperatura ambiental na sala de cirurgia e a
cobertura do paciente na chegada para minimizar a exposição. Os umidificadores de
aquecimento e os aquecedores de líquidos adicionam calor. Uma técnica recente de
prevenção da hipotermia na sala de cirurgia é o dispositivo que força o aquecimento
do ar.
Na URPA, demandas tremendas são feitas ao corpo se o paciente apresenta
calafrios. Os calafrios podem aumentar a necessidade de oxigênio de 300 a 400%.
Os pacientes hipotérmicos devem ter iniciada sua oxigenoterapia imediatamente
após a admissão. Para um paciente com o coração saudável não pode existir
nenhum efeito adverso. Contudo, para o paciente com doença da artéria coronária
ou cardiomiopatia, pode ocorrer descompensação.
Há outros problemas associados com a hipotermia. A perda do volume
intravascular, devido ao deslocamento de líquido do espaço extravascular,
provavelmente está relacionada com a vasoconstrição. Quando o paciente começa a
reaquecer-se, acontece a vasodilatação e o paciente pode requerer grandes
quantidades de líquidos intravenosos para evitar a hipovolemia.
O sistema nervoso central fica deprimido pela hipotermia. O paciente na pós-
anestesia demorará mais tempo para recuperar a sua temperatura corporal. A perda
de nitrogênio e a hipocalemia podem causar uma predisposição à infecção da ferida
e problemas cardíacos. A hipotermia retarda o metabolismo e altera os efeitos de
algumas drogas anestésicas. De especial interesse é o prolongamento da
eliminação de relaxantes musculares nos pacientes hipotérmicos. Podem ocorrer
anormalidades na coagulação. A atividade plaquetária declina e aumenta a
fibrinólise com a hipotermia. Ambas as condições acentuam a tendência ao
sangramento.
O reaquecimento é uma prioridade nos cuidados imediatos do paciente pós-
operatório porque a normotermia reverte todos os efeitos da hipotermia. Roupas e
cobertores úmidos e frios devem ser retirados e aquecidos; roupas e cobertores
secos, aplicados à cabeça e ao corpo. Várias técnicas de reaquecimento externo
estão disponíveis. A aplicação de cobertores aquecidos de tecido de algodão tem
sido a tradição na URPA. Os cobertores aquecidos são aplicados a cada 5 a 10
minutos até que o paciente fique normotérmico. Os cobertores de tecido de algodão

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fazem aumentar a temperatura do paciente gradualmente. Entretanto, eles não
aquecem o paciente ativamente, e o processo ainda pode ser lento. Os cobertores
de circulação contínua de líquidos ou colchão d'água aquecido têm se mostrado de
pouco valor no reaquecimento de pacientes devido ao tamanho da área de
superfície em contato com a fonte de calor. As lâmpadas de calor radiante
dependem da exposição de grandes áreas da superfície do corpo, o que limita o seu
uso aos pacientes adultos. Os aquecedores de líquidos e sangue são úteis para
grandes volumes de líquidos frios, mas não reverte a hipotermia.
Os dispositivos que forçam o aquecimento do ar, uma tecnologia nova, tem
sido apontada como eficaz no reaquecimento de pacientes. Esse dispositivo produz
um foco térmico no ambiente, que transfere calor pelo fluxo de ar quente por meio
de um cobertor de plástico ou de tecido de papel que cobre o paciente. Esses
dispositivos que forçam o aquecimento do ar são agora a terapêutica-padrão na
hipotermia de pacientes no serviço da URPA.
A hipertermia pode ser uma indicação de um processo infeccioso ou sepse,
ou pode indicar um processo hipermetabólico - hipertermia maligna. Isso é uma
emergência muito séria, que é genética na origem e desencadeada por agentes
anestésicos voláteis e o relaxante muscular despolarizante succinilcolina. A morte
acontece, a menos que a hipertermia maligna seja reconhecida imediatamente e
tratada.

8.3.1 Cuidados de enfermagem na hipotermia

Aquecer o paciente, aplicação de bolsas de água quente, controlar a


temperatura verificando os valores constantemente, na hipertermia, retirar
cobertores, aplicar compressas (regiões frontal, axilar e inguinal), usar antipiréticos
cpm, controlar a T e sinais de instalação de quadro convulsivo.

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8.4 PROCESSO MENTAL ALTERADO

O paciente da URPA pode estar desorientado, sonolento, confuso ou


delirante. A causa pode variar de efeito residual da anestesia, a dor e ansiedade. A
hipoxemia deve ser descartada primeiro; permanece como causa mais comum de
agitação pós-operatória.
Os pacientes que são dependentes ou abusam de substâncias químicas
muitas vezes despertam em estado de agitação. A distensão vesical também pode
contribuir para a agitação em um paciente sonolento, confuso. O enfermeiro da
URPA deve identificar e eliminar a causa da agitação ou confusão, se possível. O
paciente pode participar de pequenas conversações e ser reorientado quanto ao
lugar e à pessoa. Dados pré-operatórios de base são importantes para determinar a
causa. Mudanças persistentes do estado pré-operatório requerem avaliação
completa e possível intervenção do médico.

8.5 DOR

A dor é uma experiência subjetiva e pode ou não ser verbalizada. Muitas


vezes o profissional de saúde requer sinais objetivos de desconforto além do relato
subjetivo da dor do paciente. Como resultado, acredita-se que mais de 75% dos
pacientes pós-cirúrgicos são subtratados para dor. Atualmente, tem-se desenvolvido
guias clínicos práticos para controle da dor aguda, entende-se que todos os
pacientes devem ser avaliados, quanto à gravidade da dor usando uma escala de
frequência verbal ou uma escala visual análoga.
Intervenções não farmacológicas que podem ser usadas incluem
posicionamento, confiança verbal, toque, aplicações de calor ou gelo, massagem, e
estimulação elétrica transcutânea do nervo (EETN). Se o paciente foi ensinado no
pré-operatório, outras técnicas que podem ser usadas são o relaxamento, imagem

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autossugestiva, distração com música e biofeedback.
Evidências têm indicado que a analgesia precoce reduz os problemas pós-
operatórios. Drogas anti-inflamatórias não esteroidais (AINES) e opiáceos são os
analgésicos de escolha. Uma dose intramuscular de 30 mg de cetorolac é
equivalente a 100 mg de meperidina. AINES e opiáceos são usados geralmente em
combinação na URPA. O paciente pode receber uma dose de cetorolac na sala de
cirurgia ou imediatamente após a chegada a URP A. A dor é então tratada com um
opiáceo por via intravenosa, como a morfina, a meperidina e o fentanil.
A analgesia controlada pelo paciente (ACP) permite que este controle a
administração analgésica. Dosagem, tempo entre as doses e a dosagem máxima
que pode ser administrada são prescritos pelo médico. A ACP pode ser iniciada na
URPA ou imediatamente na chegada à sala do paciente. Outros métodos de alívio
da dor no pós-operatório incluem a colocação de opiáceo espinhal e epidural e a
colocação direcionada de anestésico local pelo cirurgião.

8.5.1 Cuidados de enfermagem

Avaliar o grau de dor de cada paciente, afastando causas extracirúrgicas,


tranquilizar o paciente, orientando-o. Administrar analgésico conforme prescrição
médica, anotar tipo, local e intensidade da dor.

8.6 NÁUSEA E VÔMITO

Náusea e vômito são problemas pós-operatórios que afetam um grande


número de pacientes na URPA. O controle da náusea e do vômito atualmente
começa no pré-operatório e continua em todo o período intraoperatório. A terapia
preventiva tem sido efetiva na redução da incidência. Não há um único método de
prevenção ou tratamento de náusea e vômito.
Muitos fatores causais estão relacionados com a anestesia e cirurgia. O

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enfermeiro da URPA deve proteger as vias aéreas do paciente inconsciente ou
semiconsciente para prevenir a possibilidade de aspiração de conteúdo gástrico.
Fatores precipitantes devem ser eliminados, como evitar conversações que
poderiam suscitar náusea e vômito, prevenir o movimento rápido e elevar a cabeça
do paciente.
Terapia antiemética é planejada para reduzir os sintomas gastrointestinais
(GI) sem supersedar o paciente. Uma droga usada frequentemente, especialmente
nos serviços de cirurgia ambulatorial, é o droperidol. Outras drogas usadas
comumente são metoclopramida (Reglan, Plasil), proclorperazina (Compazine) e
prometazina (Fenergan). O agente antiemético odansetron (Zofran) foi aprovado
recentemente para a prevenção da náusea e do vômito pós-operatório. Essa droga
tornou-se popular devido a sua ausência de efeitos colaterais como a sedação,
hipotensão e tremores. Outras medicações úteis incluem dimenidrinato
(Dramamine), hidroxizina (Vistaril, Atarax) e escopolamina (Transderm-Scop).

8.6.1 Cuidados de enfermagem

Posicionar em decúbito lateral, aspirar se necessário, aspirar por SNG se


intenso, higienização oral após episódios, pesquisar a natureza do episódio, anotar
características, quantidades, cor, odor, etc. Oferecer gelo para chupar. Um
equipamento de aspiração deve ser mantido à beira do leito do paciente até não
mais haver risco de aspiração. O enfermeiro observa atentamente se o paciente
mostra dificuldade de deglutir ou eliminar secreções orais. Exceto quando houver
contraindicação, o enfermeiro coloca o paciente em decúbito lateral até ele
conseguir deglutir secreções orais.

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8.7 SOLUÇOS

São espasmos diafragmáticos intermitentes, provocados pela irritação do


nervo frênico causados por estímulo do nervo por distensão gástrica ou abdominal,
peritonite, abscesso diafragmático, pleurisia e tumores torácicos. Ou ainda, por
estímulo no centro do nervo (situado na medula espinhal), por uremia e toxemia, ou
então por estímulos reflexos decorrentes do tubo de drenagem, exposição ao frio,
ingestão de líquidos muito frios ou quentes, obstrução intestinal. No PO,
normalmente cessa espontaneamente, mas podem persistir causando complicações
como deiscência, vômitos, irritação, etc.
Cuidados de enfermagem: eliminar as causas aquecendo o paciente,
mudando decúbito, aspirando conteúdo gástrico, estimulando deambulação, fazer o
paciente respirar em um saco de papel (aumentando o CO2), reduzindo a irritação
nervosa, administrar medicamentos prescritos como o dióxido de carbono e em
casos mais graves Amplictil®. Auxiliar na infiltração de anestésico local ou preparo
do paciente para esmagamento cirúrgico do nervo (último recurso)

8.8 SEDE

É a sensação de ressecamento da boca e faringe por ação inibidora de


secreções da Atropina, perdas sanguíneas, de líquidos (sudorese excessiva,
evaporação da cavidade, etc.), hipertermia.

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8.8.1 Cuidados de enfermagem

Observar os sinais de desidratação pelo turgor da pele, diurese, alterações


de PA, sonolência. Verificar o jejum para hidratar EV, umidificar a boca e realizar
higiene oral.

8.9 CHOQUE

É um quadro grave caracterizado pela oxigenação celular inadequada e pela


incapacidade de excretar os produtos do metabolismo, o prognóstico dependerá da
rapidez do atendimento. Pode ser classificado em: hipovolêmico, cardiogênico,
neurogênico, séptico, anafilático, pirogênico. A sintomatologia é clássica, pulso
taquicárdico e filiforme, hipotensão arterial, dispneia, cianose das extremidades,
palidez, sudorese fria, hipotermia, agitação, oligúria ou anúria.

8.9.1 Cuidados de enfermagem

Variam de acordo com o tipo, mas basicamente visa avisar o médico


imediatamente, controle SSVV, controle de PVC, controle de hemorragias, instalar
soroterapia, avaliação neurológica, colher amostra de sangue para tipagem, manter
o paciente calmo em DD e MMII elevados, aquecendo moderadamente. Administrar
medicamentos cpm, sangue e hemoderivados prescritos, controlar volume, uso de
SVD (anúria), preparar material de emergência.

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8.10 COMPLICAÇÕES PULMONARES

São os mais comuns e frequentes problemas de PO, sendo as principais


complicações as atelectasias, broncopneumonias (Bcp), e embolia pulmonar
(principalmente em POM). Todos apresentando como sintomas básicos a
hipertermia, alterações de pulso e respiração, dor torácica, dispneia e tosse, tendo
como fatores de risco: o tipo de cirurgia (tamanho, localização e duração), repouso
prolongado no leito, idade, condições físicas (obesos, desidratados, fumantes) e
aspiração de secreções de VAS como o vômito, etc.

8.10.1 Cuidados de enfermagem

Estimular a movimentação e deambulação, incentivo dos exercícios


respiratórios, estímulo de tosse, tapotagem, aspiração VA, manter material de
oxigenoterapia pronto (máscaras, cânulas, cateteres, material de intubação
endotraqueal, traqueostomia, etc.), manter nebulização contínua, manter hidratação
adequada, verificar SSVV e evitar infusão EV em MMII.

8.11COMPLICAÇÕES URINÁRIAS

A mais comum em POI é a retenção urinária, que é caracterizada pela


incapacidade de urinar, apesar da vontade, causada por espasmos do esfíncter
urinário, cistite aguda, hipertrofia prostática, estenose uretral, perfuração uretral,
cálculo uretral, paralisia dos nervos da bexiga ou compressão.

AN02FREV001/REV 4.0

103
FIGURA 6 – COMPLICAÇÕES URINÁRIAS

FONTE: Disponível em: <http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/15968>. Acesso em: 12 set.


2013.

FIGURA 7 – COMPLICAÇÕES URINÁRIAS

FONTE: Disponível em: <http://www.uro.com.br/prostexto.htm>. Acesso em: 12 set. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

104
8.11.1 Cuidados de enfermagem

Observar a quantidade e frequência urinária, observar queixas álgicas do


paciente, a visualização do bexigoma, estimular a diurese com aberturas de
torneiras e chuveiro, usar compressas mornas na região suprapúbica (se não houver
contraindicação), utilizar SVA se necessário, banhos de assento com água morna.

8.12 HEMORRAGIA

É a perda de sangue anormal, cuja consequência para o paciente vai


depender da quantidade de sangue perdido e do estado geral no momento. Pode
ser venosa ou arterial, primária ou secundária, interna ou externa. Suas causas
principais são: defeitos de hemostasia, distúrbios de coagulação e tensão no local
da incisão.

8.12.1 Cuidados de enfermagem

Identificar precocemente os sinais de hemorragia, principalmente a interna,


manter o paciente em repouso, fazer curativo compressivo, comprimir artérias
próximas ao local de sangramento, controlar SSVV, posicionar o paciente em DD e
MMII elevados (exceto em hemorragias cranianas ou torácicas).

9 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO MEDIATO OU TARDIO

AN02FREV001/REV 4.0

105
Compreende o período que decorre após 24 horas da cirurgia até o
momento da alta hospitalar e pode apresentar inúmeras situações de complicações,
sendo as principais:

9.1 DISTENSÃO ABDOMINAL

É uma complicação relativamente comum no pós-operatório, especialmente


em operações abdominais. Após a anestesia, os movimentos peristálticos
desaparecem e, muitas vezes, demoram a retornar, fazendo com que líquidos e
gases se avolumem no estômago e intestinos. Outras causas: imobilidade do
paciente no PO, alimentação imprópria, traumatismo cirúrgico intestinal no
transoperatório.
Medidas profiláticas incluem a mobilização no leito ou a deambulação
precoce. Os sinais e sintomas mais clássicos incluem: abdome de volume
aumentado, sensação de plenitude como se estivesse com o estômago cheio, dor
abdominal tipo cólica, dificuldade respiratória pela pressão sobre o diafragma, o que
pode ocorrer em casos extremos. Os cuidados incluem: estímulo da deambulação,
mobilizar o paciente com exercícios passivos no leito quando necessário, incentivar
o paciente a alimentar-se de acordo com a prescrição evitando alimentos que
provoquem fermentação, realização da sondagem retal por aproximadamente 20
minutos para eliminação de gases do cólon inferior, administrar se prescrito clisteres
ou laxantes para estímulo da peristalse, aplicar calor no abdome se não for
contraindicado, aspiração gástrica em casos muito graves e que é possível à
descompressão por drenagem de conteúdo gástrico.

9.2 COMPLICAÇÕES PULMONARES

AN02FREV001/REV 4.0

106
São frequentes e graves para o paciente cirúrgico, em especial para os
idosos e debilitados ou aqueles cujo período de convalescença é longo. Grande
parte das complicações respiratórias, no entanto, pode ser evitada, a profilaxia
consiste em um pré-operatório bem feito e na tomada de precauções durante e após
a cirurgia. Por isso, se antes da cirurgia o paciente apresenta sintomas como tosse,
espirro, conjuntivas inflamadas e secreção nasal, o cirurgião deve ser avisado
imediatamente. Durante a cirurgia, e logo depois também, deve-se evitar que o
paciente sinta frio, para protegê-lo de possíveis complicações respiratórias. Outro
procedimento importante para evitar tais problemas é a aspiração de secreções na
sala de recuperação. Também é necessário estimular o paciente a realizar
exercícios de tosse e respiração, pois com a dor, principalmente em operações
torácicas e abdominais, eles evitam respirar profundamente. Dentre as principais
complicações encontramos:

a) Atelectasia: é a redução do volume de um lobo ou de uma parte ainda


maior do pulmão, frequentemente causada pela obstrução de um dos brônquios. Os
principais sinais e sintomas são a dispneia de intensidade variável, a cianose em
caso de estarem comprometidas grandes áreas do pulmão, dor torácica de
localização imprecisa e febre. Em outras palavras, é a obstrução do brônquio por um
tampão de muco provocando colabamento dos alvéolos pulmonares.

b) Broncopneumonia: ocorre a inflamação da mucosa brônquica


associada à inflamação com endurecimento de parte do pulmão ou de todo ele.
Normalmente causada por aspiração de vômito ou alimentos, infecção ou
intoxicação por produtos químicos. Os sinais mais comuns são a tosse com
secreção purulenta ou sanguinolenta, dor ao tossir, febre, dispneia, taquicardia, mal-
estar geral.
Os cuidados de enfermagem envolvem a identificação dos primeiros sinais de
elevação de temperatura, aumento do pulso e respiração, dor torácica, dispneia e
tosse, anotando no prontuário do paciente, aspirar secreções, estimular a
deambulação ou movimentação no leito, de acordo com as condições do paciente,

AN02FREV001/REV 4.0

107
estimular a tosse e a prática de exercícios respiratórios, inclusive com aparelhos
especiais, nebulizar, tapotar e promover drenagem postural para o paciente.

9.3 COMPLICAÇÕES VASCULARES

São as de natureza circulatória, causadas pela imobilidade do paciente


durante a operação. Em virtude disso, o sangue tende a fluir pelas veias mais
lentamente do que o normal, podendo levar a problemas como flebite (inflamação de
uma veia) e tromboflebite (inflamação de uma veia com formação de coágulos no
interior), afetando mais as veias dos membros inferiores.

c) Tromboflebite: os coágulos formados e liberados podem ocasionar a


interrupção do fluxo sanguíneo de um órgão vital, como por exemplo, do pulmão.
Quando o coágulo obstrui a artéria pulmonar, provoca a embolia pulmonar, uma das
complicações mais graves no pós-operatório, podendo, inclusive, levar à morte.
Os fatores que predispõem a tromboflebite são: já possuir distúrbios venosos
em membros inferiores, como varizes; a posição do paciente durante a operação,
em especial aquelas nas quais os membros ficam dobrados, como em operações
ginecológicas, proctológicas e algumas urológicas; mobilidade no leito e hidratação
insuficiente.

FIGURA 8 - COMPLICAÇÕES VASCULARES

AN02FREV001/REV 4.0

108
FONTE: Disponível em: <http://www.omniccni.com.br/noticias.php?id=26>. Acesso em: 12 set. 2013.

FIGURA 9 - COMPLICAÇÕES VASCULARES

FONTE: Disponível em: <http://www.unisinos.br/blogs/projeto-alerta/2011/07/11/o-que-e-a-trombose-


venosa-profunda>. Acesso em: 12 set. 2013.

As medidas preventivas incluem manter o MMII enfaixados, inclusive durante


a cirurgia, se for portador de veias varicosas nesses membros; evitar a compressão
de vasos sanguíneos, ao posicionar o paciente na mesa cirúrgica; estimular a
deambulação precoce; fazer movimentos de extensão e flexão com os MMII, se o
paciente estiver impossibilitado de deambular e manter o uso de meias elásticas ou
faixas nos MMII, também no PO.
Os sinais e sintomas mais comuns incluem: dor local, que se apresenta

AN02FREV001/REV 4.0

109
quente, edemaciado, hiperemiado. Febre.
Os cuidados incluem: elevar o membro afetado, administrar os
anticoagulantes e anti-inflamatórios prescritos e orientar o paciente para fazer
repouso, dentre outros.

9.4 COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA

Algumas complicações podem ser identificadas na ferida operatória por


inúmeras causas diferenciadas no POM, sendo as principais:

9.4.1 Infecção

É grande o número de bactérias que causam infecção da ferida operatória,


sendo os fatores de risco principais o estado geral, em que a debilidade ou
obesidade excessiva, idade avançada, tempo prolongado de internação e da
cirurgia, doenças associadas, como o DM e a HAS, responsáveis por grande parte
destes casos. Outra situação depende do local da ferida, seu grau de contaminação,
falhas cirúrgicas, de realização de curativos, preparo inadequado da pele no pré-
operatório, a presença de corpo estranho, de tecido desvitalizado e de hematoma.

9.4.2 Deiscência de sutura e evisceração

É a abertura total ou parcial na incisão operatória provocada por rompimento


da sutura, infecção, distensão abdominal e estado nutricional. A deiscência com
saída de órgãos internos ao meio externo denomina-se evisceração, ocorrendo com
maior frequência após cirurgias abdominais.

AN02FREV001/REV 4.0

110
FIGURA 10 – DEISCÊNCIA CIRÚRGICA

FONTE: Disponível em : <http://4.bp.blogspot.com/-


p415f4yBU8U/TmkZ7tIrlTI/AAAAAAAABPc/U2TrWK7ZRLA/s320/22-08-11+4.JPG>. Acesso em: 12
set. 2013.

No caso de deiscência pode-se fazer a lavagem com soro fisiológico, utilizar


medidas de prevenção e tratamento da ferida operatória e prevenir e tratar a
distensão abdominal. No caso da evisceração não manipular os órgãos expostos e
não tentar recolocá-los na cavidade, cobrir os órgãos eviscerados com compressas
estéreis, umedecidas com soro fisiológico, manter o paciente calmo, em decúbito
dorsal e com os joelhos flexionados, deixar o paciente em jejum, comunicar o
médico e preparar o paciente para a cirurgia.

9.5 INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO

A cirurgia é um procedimento traumático que provoca o rompimento da


barreira de defesa da pele, tornando-se, assim, porta de entrada de microrganismos.
A infecção do sítio cirúrgico manifesta-se entre 4 a 6 dias após a realização da
cirurgia, apresentando localmente eritema, dor, edema e secreção.
A prevenção da infecção de sítio cirúrgico envolve medidas pré-operatórias
na Unidade de Internação, tais como, por exemplo, abreviação do tempo de

AN02FREV001/REV 4.0

111
internação, lavagem criteriosa das mãos pelos profissionais de saúde, banho pré-
operatório e tricotomia. No Centro Cirúrgico, as medidas adotadas relacionam-se à
preparação do ambiente, equipe cirúrgica e paciente.
Segundo o Centers of Desease Control and Prevention (CDC), as infecções
de sítio cirúrgico devem ser divididas em:
- superficiais: que acometem apenas a pele e o tecido celular subcutâneo;
- incisionais profundas: que podem acometer os mesmos tecidos moles mais
fáscias e camadas musculares;
- infecção de sítio cirúrgico de órgãos ou espaços profundos manipulados
durante o ato cirúrgico.

As Infecções do sítio cirúrgico são responsáveis por 14 a 16% de todas as


infecções hospitalares e representam um problema de saúde pública por
acarretarem substancial morbimortalidade e aumentarem os gastos hospitalares.
Uma infecção pode ser considerada motivada pela cirurgia se manifestar até 30 dias
após o fato. Em alguns casos pode se manifestar até um ano após a cirurgia.
Os sinais e sintomas são: para a superficial temos presença de secreção
purulenta, cultura positiva de fluídos ou tecidos, dor, hiperemia, edema ou calor
local; para a incisional profunda os seguintes sinais e sintomas: febre de 38ºC, dor
localizada, rubor e presença de abscessos; e finalmente para órgãos ou espaços
profundos temos drenagem purulenta, cultura positiva de fluído ou tecido e
abscessos.
Alguns fatores de risco contribuem para a aquisição de infecções do sítio
cirúrgico, as quais podem ser relacionadas aos pacientes (condições físicas e
emocionais), relacionados ao período pré-operatório (internação, procedimentos
invasivos e não invasivos, tabagismo, alcoolismo e antibioticoterapia profilática),
relacionados ao período intraoperatório (preparação das mãos, limpeza e
desinfecção de superfícies, esterilização de artigos médicos e instrumental cirúrgico,
uso de roupas e vestimentas cirúrgicas adequadas, ambiente da sala de operação,
especificidades da cirurgia e anestesia) e os riscos relacionados ao período pós-
operatório (cuidados da incisão).

AN02FREV001/REV 4.0

112
10 AVALIAÇÃO

O paciente é avaliado com base nos resultados identificados como


significativos após a avaliação inicial.
- O paciente mantém adequada saturação de oxigênio no ar da sala.
- A pressão arterial e a frequência cardíaca estão dentro da variação normal
do paciente.
- O paciente é normotérmico.
- O paciente está orientado quanto a tempo e pessoa.
- A dor do paciente reduz-se a nível tolerável. O paciente está relaxado e
dormindo a intervalos. O paciente verbaliza alívio da dor.

11 ALTA DA URPA

O enfermeiro da URPA completa a avaliação imediatamente antes da alta do


paciente e o transfere à enfermaria cirúrgica. O enfermeiro avalia os sinais vitais do
paciente, o nível de consciência, as condições do local da cirurgia, o nível de
conforto e outros parâmetros como aqueles sugeridos anteriormente.
O paciente geralmente recebe alta da URPA que é dada pelo anestesista, o
qual pode estar presente e na oportunidade escrever a ordem de alta.
Alternativamente, um sistema de escore numérico aprovado pelo Serviço de
Anestesia pode ser usado para determinar se o paciente está pronto para a alta. O
sistema de escore mais comum em uso é o escore de Aldrete e Kroulik. O escore
total de 9 a 10 é aceitável geralmente para a alta da URPA, desde que não haja
contraindicação médica. Um relato das condições do paciente é feito para o
enfermeiro que assumirá os cuidados do paciente na enfermaria de cirurgia. Esse
relato pode ser feito pelo telefone antes que o paciente deixe a URPA ou
pessoalmente, depois que o paciente chega à enfermaria. O relato deve incluir a
história pré-operatória, informações pertinentes sobre a cirurgia e a recuperação do
paciente, medicações que foram administradas, ordens médicas e qualquer outra

AN02FREV001/REV 4.0

113
informação importante.

12 ADMISSÃO NA UNIDADE CIRÚRGICA

O quarto do paciente é preparado para a admissão, e qualquer equipamento


necessário é providenciado. O paciente é colocado no leito com ajuda adequada. As
grades laterais do leito devem ser mantidas elevadas até que o paciente esteja
completamente consciente para evitar que caia. O paciente é informado para
chamar a enfermagem para ajudá-lo na deambulação. A família também é instruída
e orientada para manter a segurança do paciente. O equipamento e condição do
paciente devem ser explicados aos familiares que estão presentes.

12.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA URPA:

Após o recebimento do paciente na unidade cirúrgica, devem ser prestados


os seguintes cuidados:
1. Receber o paciente operado, certificando-se do tipo de operação e de
anestesia realizados.
2. Checar, logo na chegada, as condições ventilatórias, assim como a
presença e a permeabilidade de cânula orofaríngea ou tubo endotraqueal.
3. Realizar exame físico específico, ausculta e observar o estado de
consciência do paciente, coloração de pele, mucosas, etc.
4. Posicionar no leito de acordo com a cirurgia e anestesia. Normalmente em
decúbito lateral, mas como necessidade por tipo de anestesia em decúbito dorsal,
cuidando para a cabeça lateralizada sem travesseiro.5. Conectar drenos e sondas.
Se houver necessidade, iniciar o balanço hídrico.
6. Verificar se o curativo cirúrgico apresenta anormalidades, como
hemorragias.

AN02FREV001/REV 4.0

114
7. Controlar infusões EV, soros, infusão de soroterapias, controle de SSVV
tão intensamente conforme o quadro de estabilidade pós-operatória e porte da
cirurgia.
8. Controle da diurese.
9. Estimular o paciente a realizar os exercícios respiratórios e de tosse,
treinados no pré-operatório.
10. Administrar medicações prescritas criteriosamente.
11. Realizar a mudança de decúbito.
12. Aspirar vias aéreas superiores – VAS - conforme a necessidade,
principalmente nos pacientes submetidos à anestesia geral e com déficits
respiratórios.

QUADRO 13 - ESCALA DE ALDRETE E KROULIK – UTILIZADA COMO ESCORE

NUMÉRICO PARA AVALIAÇÃO E ALTA DO PACIENTE NA URPA

UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA - ESCALA DE ALDRETE E KROULIK

2 Apto a mover 4 membros

ATIVIDADE 1 Apto a mover 2 membros

0 Incapaz de mover os membros

2 Apto a respirar fundo e tossir

RESPIRAÇÃO 1 Dispneia ou respiração limitada

0 Apneia

2 PA 20 mmHg acima/abaixo do valor pré-anestésico

CIRCULAÇÃO 1 PA 25 mmHg acima/abaixo do valor pré-anestésico

0 PA 50 mmHg acima/abaixo do valor pré-anestésico

2 Lúcido, orientado no tempo e espaço

CONSCIÊNCIA 1 Desperto ao chamar

0 Não responde a estímulos ativos

2 Róseo/ Sat. O2 >92%


COLORAÇÃO/ Sat. O2

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115
1 Pálido, marmóreo, ictérico/ Necessita de O2 p/ Sat O2 >90%

0 Cianótico/ Sat. O2<90% mesmo com O2 suplementar

12.2 ÁREA FÍSICA DA URPA

A unidade de recuperação pós-anestésica deve estar localizada dentro ou


próxima ao centro cirúrgico; CTI e outros recursos como raio-x, laboratório, etc. De
acordo com as normas estabelecidas a estrutura física deve obedecer os seguintes
itens:
- Instalação elétrica – uma tomada de 110 e 220v por leito;
- Fornecimento de energia elétrica de emergência (Gerador);
- Portas, paredes e pisos apropriados (seguem o indicado para a
estrutura do Centro-cirúrgico e salas de operação);
- Temperatura ambiente entre 23 e 24ºC;
- Ventilação – 12 a 15 trocas/hora;
- A iluminação deve favorecer a avaliação precisa e trazer conforto ao
paciente;
- Os níveis de ruído devem ser mínimos – zona de SILÊNCIO;
- Possuir dimensões relacionadas ao tipo e volume de cirurgias
realizadas: dois leitos por sala cirúrgica (MS 1994);
- Ter área mínima de 8,5 m² por leito.
- Possuir equipamentos básicos em cada leito:
- Duas saídas de O2 com fluxômetros;
- Uma saída de ar comprimido;
- Uma fonte a vácuo;
- Um foco de luz;
- Um monitor cardíaco;
- Um oxímetro de pulso;
- Um esfigmomanômetro;
- Uma cama-maca com grades.

AN02FREV001/REV 4.0

116
- Possuir equipamentos e materiais de suporte:
- Carro de emergência;
- 01 ventilador mecânico;
- Materiais de enfermagem diversos;
- Entorpecentes;
- Cilindros pequenos de O2 para transporte;
- Aspirador elétrico;
- Elementos:
- Sala de estocagem;
- Sala de utilidades;
- Posto de enfermagem para área de anotações;
- Área de preparo de medicações;
- Área de visitantes;
- Pia para lavagem das mãos.
A planta física da URPA deve ser planejada para que haja adequada
visualização de todos os pacientes.

12.3 RECURSOS HUMANOS

São atribuições do Enfermeiro da URPA:


- Ser especialista na área;
- Ter reconhecimento científico e prático das situações de emergência que
possam ocorrer;
- Conhecer as possíveis complicações das especialidades cirúrgicas;
- Conhecer as drogas mais usadas em anestesias;
- Priorizar prestação dos cuidados complexos ao paciente;
- Elaborar plano de cuidados e prescrição para cada paciente;
- Aplicar a SAE (Sistematização de Assistência de Enfermagem) –
perioperatória;
- Conhecer o mapa cirúrgico;
- Passar informações do paciente para unidade de origem;

AN02FREV001/REV 4.0

117
- Participar de grupos de estudos e pesquisa em anestesia;
- Ter visão administrativa da unidade;
- Conhecer “o dia cirúrgico”;
- Participar de orientações de pacientes e familiares;
- Manter o grupo de funcionários treinados;
- Controle de entorpecentes;
- Estar presente em todas as admissões e altas dos pacientes da URPA;
- Viabilizar boletim dos pacientes da unidade a cada hora.

São atribuições do técnico de Enfermagem:


- Prestar cuidados ao paciente conforme planejamento e supervisão do
enfermeiro;
- Zelar pelo conforto do paciente;
- Aplicar a escala numérica de Aldrete e Kroulik;
- Realizar tarefas diárias da unidade determinada pelo enfermeiro;
- Participar dos treinamentos;
- Emitir junto ao Enfermeiro opiniões e sugestões.

12.4 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

Os diagnósticos de enfermagem comuns, relacionados com os cuidados ao


paciente pós-anestesia, podem incluir os seguintes:
- Padrão respiratório ineficaz;
- Débito cardíaco reduzido;
- Alto risco para alteração na temperatura corporal;
- Processos do pensamento alterado;
- Dor.

12.5 IDENTIFICAÇÃO DOS RESULTADOS

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118
Os resultados identificados para os diagnósticos de enfermagem
selecionados poderiam ser afirmados como:
- O paciente manterá a ventilação, perfusão e expansão adequadas dos
pulmões na alta da URPA;
- O paciente manterá o débito cardíaco adequado na alta da URPA;
- O paciente manterá a temperatura corporal em níveis normais (35,5 a
37,5°C) na alta da URPA;
- O paciente demonstrará apropriado funcionamento cognitivo na alta da
URPA;
- O paciente exibirá uma redução no nível da dor ou a dor terá melhorado e
estará em nível tolerável na alta da URPA.

FIM DO MÓDULO III

AN02FREV001/REV 4.0

119
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO -
CIRÚRGICO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

120
CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO -
CIRÚRGICO

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

121
MÓDULO IV

13 CENTRAL DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO

Definido pelo Ministério da Saúde (Brasil, 1999) como "o conjunto de


elementos destinados à recepção, expurgo, preparo, esterilização, guarda e
distribuição dos materiais para as unidades dos estabelecimentos assistenciais à
saúde".
CME é uma unidade de apoio técnico a todas as unidades assistenciais,
responsável pelo processamento, limpeza, esterilização, estocagem e distribuição
dos artigos a todas as unidades consumidoras. A CME também tem por finalidade o
fornecimento de artigos médico-hospitalar, adequadamente processados,
proporcionando, atendimento direto e a assistência à saúde dos indivíduos enfermos
e sadios.

13.1 HISTÓRICO DA CME

Central de Material e Esterilização nos Hospitais brasileiros ocorreu na


década de 40,(limpeza o preparo e o acondicionamento dos artigos hospitalares) era
realizado pelo pessoal da Enfermagem das próprias unidades, sendo que a CME
apenas realizava a esterilização. Em meados de 50 surgem os centros de materiais
parcialmente esterilizados, preparo e esterilização.

Atividades:
- Receber, desinfetar e separar os artigos;
- Lavar os artigos;
- Receber as roupas vindas da lavanderia;

AN02FREV001/REV 4.0

122
- Preparar os artigos e roupas (pacotes);
- Esterilizar os artigos, roupas por meio de métodos físicos ou químicos;
- Realizar o controle microbiológico e das validades dos produtos
esterilizados;
- Armazenar e distribuir os artigos e as roupas esterilizadas;
- Zelar pela proteção e pela Segurança dos operadores

13.2 ESTRUTURA DA CME

A Central de Esterilização deve ser uma unidade de produção autônoma e


independente do Centro Cirúrgico, considerando ser sua atividade meio, pois possui
vários clientes e fornecedores.
Esta deve ser gerenciada por profissional de saúde devidamente habilitado.
A Portaria n° 1.884/94/MS normatiza que estabelecimentos de saúde devem
possuir Central de Esterilização, e segundo esta portaria, pode localizar-se fora ou
dentro da Instituição. No Anexo 1, quadro 1, podemos observar os parâmetros
básicos para instalação de uma Central de Esterilização, que resumidamente
recomenda:
Pisos e paredes:
- De cor clara;
- Limpeza fácil;
- Piso de preferência vinílicos;
- Resistente ao calor, umidade, corrosão;
-Forro acústico, para amenizar os ruídos;

Janelas:
- Amplas que permitam a entrada de luz natural;
- Altas e fechadas – quando a ventilação for feita por ar-condicionado;
- Altas e abertas – proporcionando ventilação natural. Estas devem ser
protegidas com telas milimétricas de nylon de forma a evitar entrada de vetores.

AN02FREV001/REV 4.0

123
Iluminação:
- Artificial;
- Natural.

Obs.: Ambas devem facilitar o desenvolvimento das atividades dos


funcionários.

Temperatura:
- Adequada ao ambiente do processo de trabalho da Central de Esterilização
entre 18° e 25°C

Ventilação e exaustão do calor:


- Manter a temperatura em níveis adequados ao conforto (18° a 25° C),
principalmente na área onde se localizam as autoclaves;

Ambiente de apoio:
- Vestiários com sanitários e chuveiros para funcionários e barreiras para
áreas limpas e para áreas sujas com barreiras, podem ser áreas em comum desde
que tenham barreiras com acessos específicos;
- Depósito de material de limpeza, que pode ser comum às áreas limpas e
sujas, desde que seu acesso seja externo;
- Sala administrativa;
- Área e manutenção dos equipamentos de esterilização física;
- Local próprio destinado a descanso e lanche dos funcionários;
- Pia para lavagem das mãos de fácil acesso.

Dinâmica e Fluxo:
- O fluxo contínuo e unidirecional do artigo, evitando o cruzamento de artigos
sujos com os limpos e esterilizados, como também evitar que o trabalhador escalado
para área contaminada transite pelas áreas limpas e vice-versa. Caso seja
necessário o trabalhador deverá trocar de roupa.
1 - Fluxo unidirecional com barreiras físicas entre as áreas.
- Expurgo (área suja) – Preparo de material e carga da autoclave (área limpa) –

AN02FREV001/REV 4.0

124
retirada de material da autoclave e guarda do material estéril (área estéril).

13.3 RECURSOS HUMANOS E EQUIPAMENTOS

A complexidade dos processos de esterilização, o alto custo na aquisição de


instrumentais cirúrgicos cada vez mais sofisticados e a demanda cada vez maior no
uso desses materiais, exige investimentos na qualificação do profissional, na
montagem e na manutenção da Central de Esterilização. Ter pessoas qualificadas,
equipamentos e insumos que acompanham a evolução tecnológica é garantir a
qualidade do serviço prestado e manter em níveis reduzidos os riscos de agravo à
saúde do cliente.

13.3.1 Gerência

Deve ser ocupada por profissional da saúde de nível superior com


qualificação específica, experiência na área, que responda legalmente por todas as
ações ali realizadas. O enfermeiro “tem perfil perfeitamente adequado para realizar
este gerenciamento”.

13.3.2 Demais membros

Devem possuir no mínimo o 1º grau completo, ter afinidade com o processo


de trabalho, compreender a importância dos procedimentos e saber executá-los
corretamente.
Posto isso, ressalta-se alguns valores que devem ser relevantes para esta
equipe:
- Ter competência técnica;

AN02FREV001/REV 4.0

125
- Inspirar confiança e credibilidade;
- Planejar e organizar;
- Ser atento;
- Ter postura profissional;
- Ter espírito de trabalho em equipe;
- Possuir responsabilidade profissional;
- Estar atento às regras básicas de assepsia e antissepsia;
- Estar envolvido em processos de educação continuada.

13.3.3 Quantitativo

O quantitativo de pessoas necessárias para impulsionar a Central de


Esterilização está diretamente relacionado ao porte da Instituição, a produção e a
jornada de trabalho da equipe.

13.3.4 Equipamentos

Ao planejar uma Central de Esterilização deve-se levar em conta o tipo e a


previsão correta dos equipamentos, tais como:
- A complexidade de atendimento da Instituição;
- Volume e características do material a ser esterilizado;
- Disponibilidade de recursos financeiros;

A previsão correta dos equipamentos leva em médio prazo à redução do


custo da mão de obra e o aumento da vida útil dos instrumentais e materiais
submetidos aos processos de limpeza e esterilização.
Em uma Central de Esterilização podemos dizer que basicamente existem
dois tipos de recursos materiais:
Materiais permanentes e insumos:

AN02FREV001/REV 4.0

126
- Lavadoras termo-desinfectadoras;
- Máquina seladora de embalagens;
- Embalagens;
- Cestos suspensos para armazenamento de materiais a serem esterilizados
e/ou estéreis;
- Carrinho de transporte interno na Central de Esterilização e externo, para
diversos setores;
- Lupa.

13.3.4.1 Equipamentos específicos

- Autoclave – vácuo pulsátil;


- Autoclave – gravitacional;
- Autoclave – alto-vácuo;
- Autoclave – óxido de etileno;
- Autoclave – peróxido de hidrogeno.

Cuidados com os equipamentos específicos:

Qualificação operacional no momento da instalação:


Nesta etapa deve estar presente, além do enfermeiro da Central de
Esterilização e do serviço de engenharia clínica, o fabricante.
- Checar manômetros, vacuômetros e termômetros;
- Validar a autoclave conforme indicação do fabricante ou normas vigentes;
- Guardar os registros da validação controlando sua periodicidade;
- Realizar manutenções corretivas e/ou preventivas nos equipamentos de
forma a montar o histórico dos mesmos. Nos casos de manutenção preventiva, o
setor de engenharia clínica deve manter registros de suas realizações (cronograma
e check-list) bem como controlar sua periodicidade;

AN02FREV001/REV 4.0

127
- Fazer teste físico com termopares para assegurar que os registradores
externos de temperatura sejam fiéis à temperatura interna da câmara e que haja
uniformidade e estabilidade de temperatura dentro do esterilizador;
- Fazer ensaio de esterilização com o uso de indicadores biológicos com
vários tipos de cargas;
- Checar tempo de cada fase do ciclo.

Controle rotineiro do equipamento:


- Registrar a cada ciclo o desempenho dos manômetros, vacuômetros e
termômetros, ou no mínimo uma vez ao dia, por meio de formulário específico,
mantendo-o com registro;
- Utilizar indicadores químicos externos em todos os pacotes e
preferencialmente anexá-los ao prontuário do paciente;
- Utilizar indicadores biológicos uma vez ao dia ou, no mínimo,
semanalmente;
- Utilizar teste de Bowie & Dick em autoclaves pré-vácuo, na primeira carga
do dia;
- Estabelecer um calendário de manutenção preventiva;
- Utilizar sempre que possível integradores em todos os pacotes (indicador
químico interno).

Checagem da função do equipamento após consertos, reformas e


grandes mudanças no tipo de carga e/ou embalagens:
É importante nesta fase que sejam feitos testes para assegurar que não
houve comprometimento da função do equipamento.
- Fazer teste de Bowie & Dick em autoclaves pré-vácuo.
- Registrar o desempenho dos manômetros, vacuômetros e termômetros.
- Utilizar indicador biológico em pelo menos uma carga teste.

Manutenção preventiva da autoclave:


Realizada por serviço contratado ou pela engenharia do próprio hospital. Os
procedimentos devem ser registrados e o manual do aparelho consultado.
- Diariamente:

AN02FREV001/REV 4.0

128
- limpar dreno;
- verificar ralo da câmara interna;
- limpar a câmara interna do aparelho.
- Quinzenalmente:
- limpar filtros, válvulas de retenção, gerador e purgadores;
- verificar as borrachas de vedação da porta;
- lubrificar a guarnição com silicone líquido.
- Mensalmente:
- verificar elementos filtrantes;
- verificar ajuste de fechamento de porta;
- verificar troca da guarnição da tampa;
- verificar acionamento manual das válvulas de segurança;
- verificar grau de impregnação dos elementos hidráulicos. Se necessário
desimpregnar.
- Anualmente:
- teste e avaliação hidrostática e aferição dos instrumentos de controle;
- validação do equipamento;
- calibração dos instrumentos de medida que integram o equipamento.

Observação:
As manutenções mensais devem ser realizadas pelo fabricante, ou empresa
devidamente capacitada a realizar o serviço, sendo que este deve ser acompanhado
por um profissional de engenharia clínica.

13.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS E MÉTODOS DE LIMPEZA

Denominam-se artigos hospitalares os materiais empregados com o objetivo


de prevenir danos à saúde das pessoas ou de restabelecê-la, necessários aos
cuidados dispensados. Eles têm grande variedade e as mais diversas finalidades,
podendo ser descartáveis ou permanentes, e esterilizáveis ou não.

AN02FREV001/REV 4.0

129
A equipe de enfermagem tem importante papel na manutenção dos artigos
hospitalares de sua unidade de trabalho, sejam em ambulatórios, unidades básicas
ou outros setores em que esteja atuando. Para sua previsão e provisão, devem-se
levar em consideração as necessidades de consumo, as condições de
armazenamento, a validade dos produtos e o prazo de esterilização. Os artigos
permanentes devem ter seu uso assegurado pela limpeza, desinfecção,
descontaminação e esterilização.
Os artigos utilizados nos serviços de saúde são classificados em três
categorias, propostas pela primeira vez por Spaulding, conforme o grau de risco de
provocar infecção nos pacientes, nas seguintes categorias: críticos, semicríticos e
não críticos. Esta classificação irá nortear a escolha do processo de desinfecção ou
esterilização a ser utilizado.

13.4.1 Artigos Críticos

São assim denominados em função do alto risco de infecção, se estiverem


contaminados com qualquer micro-organismo ou esporos (forma de resistência). São
artigos que entram em contato direto com tecidos ou tratos estéreis devendo,
portanto ser submetidos ao processo de esterilização. Ex.: agulhas, instrumentais
cirúrgicos, soluções injetáveis, cateteres intravasculares e dispositivos a eles
conectados, como equipos de solução e torneirinhas.

13.4.2 Artigos semicríticos

São aqueles que entram em contato com a pele não íntegra e membranas
mucosas. Devem ser submetidos no mínimo à desinfecção. Em algumas
circunstâncias a esterilização é desejável pelo risco do artigo tornar-se crítico, como
em lesões acidentais de mucosas.

AN02FREV001/REV 4.0

130
Dificuldades técnicas e riscos inerentes aos processos de desinfecção
química também concorrem para a indicação da esterilização. Ex.: sonda
nasogástrica, equipamentos respiratórios, equipamentos de anestesia e
endoscópios.

13.4.3 Artigos não críticos

São os que entram em contato com a pele íntegra e que somente


necessitam desinfecção de médio ou baixo nível, quando reutilizados entre
pacientes. Esta medida tem por objetivo bloquear a transmissão de microrganismos.
Ex.: estetoscópios, mesas, focos, comadres, termômetro etc.

QUADRO 14- RELAÇÃO DE ALGUNS ARTIGOS COM A RESPECTIVA


CLASSIFICAÇÃO

CRÍTICOS SEMICRÍTICOS NÃO CRÍTICOS

Inaladores, máscaras de
Metais sem/ fio de corte;
nebulização, extensores
Metais sem/ motor; Termômetro
plásticos, ambú, cânula de
Instrumental cirúrgico
Guedel, acronebulizacão

Tecido para procedimento Válvulas de ambú com Esfigmomanômetro


cirúrgico (ex.: enxerto componentes metálicos coberto por plástico
vascular) Máscaras de ambú
PVC, nylon, plástico Circuitos de respiradores Esfigmomanômetro:
Cânula endotraqueal coberto por brim

Tubos de Látex, Acrílico, Lâmina de laringoscópio Cabo de laringoscópio


Silicone, teflon (sem lâmpada)
Lâmpada do laringoscópio

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131
Vidraria e borracha para Espéculos vaginais, Comadres e patinhos
aspiração nasais, otológicos
(metálicos).

Peças de mão dos Endoscópios do trato digestivo e Bacias, cubas, jarros e


motores respiratório baldes

Fibra ótica: endoscópios, Mamadeira Recipiente p/ guardar


artroscópios, laparoscópios, Bicos de mamadeira mamadeiras e bicos já
aparelhos de cistoscopia Utensílios plásticos para processados e embalados
preparo das mamadeiras
Copos e talheres

13.5 MÉTODOS DE LIMPEZA DE INSTRUMENTAL CIRÚRGICO

13.5.1 Limpeza manual

Executada por meio de fricção com escovas e uso de soluções de limpeza.

13.5.2 Limpeza mecânica

Meios de equipamentos:

- Lavadora ultrassônica – processo de ondas ultrassônicas, com pressão


negativas;
- Lavadora desinfetadora, termodesinfetadora. (lav casa).

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132
FIGURA 11 – LAVADORA

FONTE: Disponível em: <http://www.hc.unicamp.br/sites/default/files/users/Administrador/noticias/not-


090922/EPSN0008a.jpg>Acesso em: 12 set. 2013.

13.5.3 Recomendações para limpeza de instrumental cirúrgico

- Processo de limpeza facilita a remoção de sujidade;


- Limpeza em lavadora desinfetadora antes da manipulação pelos
funcionários;
- Lavar peça por peça com escova apropriada, friccionando delicadamente o
corpo, articulações e a cremalheira da pinça seguindo as ranhaduras;
- Lavar manualmente os instrumentais, escolher o método de limpeza que
seja eficaz e conserve o artigo;
- Separar o instrumental cirúrgico cortante e os pesados, colocando os leves
por cima;
- Desmontar o instrumental sempre que possível, abrir as pinças;
- Utilizar produtos e escovas não abrasivos, a fim de evitar corrosão no
instrumental;

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133
- Artigos canulados, utilizar pistola de ar comprimido;
- Instrumentais novos devem passar por todos os processos;
- Enxaguar abundantemente o artigo;
- Realizar a inspeção e secagem;
- Lubrificar os instrumentais com articulações;
- Validar o processo de limpeza e desinfecção dos artigos;
- Retirar os instrumentais danificados.

Processo de Limpeza:
- Agrupar por tipo de artigo;
- Imergir ou embeber em solução;
- Limpar;
- Enxaguar em água potável;
- Enxaguar em água deionizada;
- Secar.

FIGURA 12 – PROCESSO DE LIMPEZA

FONTE: Disponível em :
<http://www.hospitalar.com/index.php?http://www.hospitalar.com/noticias/not1931.html>. Acesso em:
12 set. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

134
13.6 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

A manipulação de agentes químicos, de contato com altas temperaturas e


de materiais contaminados por material biológico, requer medidas de segurança aos
profissionais. Precauções padrão devem ser adotadas independentemente do grau
de sujidade do artigo e da toxicidade dos produtos químicos a serem manipulados.
Portanto é imprescindível o uso do EPI.
Tais equipamentos também devem ser utilizados em todas as etapas do
processo, sempre relacionando a atividade ao equipamento.
Devem ser utilizados para garantir a segurança do profissional ao se expor a
substâncias químicas, gases tóxicos, riscos de perfuração ou corte e ao calor,
prevenindo assim acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais. A tabela abaixo
indica quais são os EPI necessários para cada procedimento.

QUADRO 15- EPI NECESSÁRIOS PARA CADA PROCEDIMENTO


QUATERNÁRIO DE AM6ONIO
HIPOCLORITO DE SÓDIO 1%

PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
ÁLCOOL ETÍLICO A 70%

GLUTARALDEÍDO A 2%

ÁCIDO PERACÉTICO

ÓXIDO DE ETILENO

PROCESSOS
FORMALDEÍDO
ÁGUA QUENTE
AUTOCLAVE

ESTUFA

Equipamentos
LUVA DE AMIANTO
x x x
CANO LONGO
LUVA DE LÁTEX
x
CANO LONGO
LUVA DE BORRACHA x x x x x
ÓCULOS x x x

MÁSCARA COM FILTRO x x x

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135
QUÍMICO

AVENTAL IMPERMEÁVEL x x x
CONFORME LEGISLAÇÃO
x
VIGENTE

13.7 PROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES

13.7.1 Limpeza e secagem

A limpeza é o ato de remover a sujidade por meio de fricção e uso de água e


sabão ou soluções detergentes. Há várias fórmulas de detergentes disponíveis no
mercado, variando do neutro a específicos para lavadoras. Ainda nesta
classificação, podemos apontar os enzimáticos utilizados para limpeza de artigos por
imersão, bastante recomendados, atualmente, por sua eficácia na limpeza - são
capazes de remover a matéria orgânica da superfície do material em tempo inferior a
15 minutos (em média, 3 minutos), não danificam os artigos e são atóxicos e
biodegradáveis.
É importante frisar que todo processo de desinfecção ou esterilização deve
ser precedido pela limpeza e secagem rigorosas dos artigos, devendo todo artigo
sujo com sangue ou secreções serem considerados contaminados.
A imersão de artigos sujos em soluções germicidas possui limitações; “é
desconhecido o nível de proteção oferecido por este processo, uma vez que todas
estas soluções sofrem redução de atividade, em maior ou menor grau em presença
de matéria orgânica. Além dessa, outras desvantagens podem ser citadas, como: o
alto custo envolvido, a impregnação da matéria orgânica nos artigos, a toxicidade
dos produtos e o aporte de grandes volumes de desinfetantes na rede de esgoto,
acarretando possíveis danos ambientais”.
Falhas na limpeza dos artigos impedem a esterilização, pois sujeira e
gordura atuam como fatores de proteção para os micro-organismos, agindo como

AN02FREV001/REV 4.0

136
barreira para o contato com agentes esterilizantes químicos, físicos ou físico-
químicos.
A limpeza de artigos deve ser feita preferencialmente por equipamentos que
utilizem processos físicos, como lavadoras termodesinfetadoras, pois promovem
limpeza e descontaminação simultâneas, reduzindo a manipulação do material
contaminado.
Detergentes enzimáticos facilitam a ação mecânica, reduzindo
potencialmente os riscos ocupacionais. Agem removendo a matéria orgânica, são
atóxicos e biodegradáveis.
Na ausência do detergente enzimático, os instrumentais deverão sofrer
exposição à água morna e corrente. Estes artigos deverão estar preferencialmente
em cestos aramados para minimizar a manipulação do material contaminado e
reduzir a produção excessiva de aerossóis.
Além das lavadoras que utilizam jatos de água quente há no mercado as
lavadoras ultrassônicas, as quais a ação desencrostante do detergente enzimático é
potencializada pelo ultrassom.
Na impossibilidade de tais processos, efetuar lavagem manual por fricção,
auxiliada por escova ou esponja. Este método deve ser utilizado após a imersão do
artigo em desencrostantes, preferencialmente enzimáticos.
O enxágue deverá ser feito em água corrente.
A água que abastece as Centrais de Esterilização deve ter qualidade
diferenciada. Para este setor não basta obedecer a padrões de potabilidade, pois
muitas vezes água em uso é potável, porém está impregnada com metais pesados e
cloro, o que acelera a corrosão dos metais.

13.7.2 Produtos Utilizados

- Detergente enzimático: amilases, que promovem simultaneamente a


dispersão, solubilização e emulsificação, removendo substâncias orgânicas das
superfícies dos artigos. São biodegradáveis, neutros concentrados, não oxidantes,
com ação bacteriostática e, portanto não promovem desinfecção.

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137
- Detergente não enzimático (desencrostante): Detergente de baixa
alcalinidade a base de tensoativo aniônico ou em associação de tensoativos
aniônicos e não iônicos (nonilfenois), cuja formulação coadjuvante é à base de
polifosfato, agente alcalinizante e agentes antioxidantes.

13.7.3 Secagem

Outro passo importante é a secagem, pois a umidade interfere em diferentes


processos de esterilização. Para tal processo é recomendável o uso de:
- Secadoras de ar quente ou frio;
- Estufas reguladas para este fim;
- Ar comprimido medicinal, principalmente para artigos que possuam lúmen;
- Pano limpo, absorvente e seco.

Após tal processo deverá ocorrer a inspeção rigorosa dos artigos,


preferencialmente com auxílio de lupa, no sentido de detectar presença de
oxidações, secreções e umidade. Nessa fase pode-se utilizar o álcool a 70% com
fricção, que acelera a secagem do material.
Objetivando aumentar a vida útil dos instrumentais, principalmente os que
possuem articulações, cremalheiras ou ranhuras, estes devem ser lubrificados com
produtos não tóxicos, que possuam ação anticorrosiva.

13.8 MÉTODOS DE DESINFECÇÃO DE ARTIGOS HOSPITALARES

É subdivido em três níveis:

Desinfecção de alto nível – Destrói todas as bactérias vegetativas,


micobactérias, fungos, vírus e parte dos esporos. O enxágue deverá ser feito
preferencialmente com água estéril e manipulação asséptica.

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138
Desinfecção de nível intermediário - Viruscida, bactericida para formas
vegetativas, inclusive contra o bacilo da tuberculose. Não destrói esporos.

Desinfecção de baixo nível - É capaz de eliminar todas as bactérias na forma


vegetativa, não tem ação contra os esporos, vírus não lipídicos nem contra o bacilo
da tuberculose. Tem ação relativa contra os fungos.

O conhecimento adquirido sobre a transmissão de doenças e o


estabelecimento de precauções básicas faz com que se considere potencialmente
contaminado todo e qualquer instrumento ou material que tenha tido contato com
matéria orgânica, independente do seu grau de sujidade aparente.
A desinfecção de artigos pode ser feita por métodos físicos, químicos e
físico-químicos.

13.8.1Agentes Físicos

Pode ser feita imersão dos artigos em água a 100°C (ebulição) por 30
minutos. Preferencialmente utilizando sistemas automáticos, lavadoras
termodesinfetadoras, com programas específicos, validados para cada grupo de
artigos.

13.8.2 Agentes Químicos

Exigem que todos os artigos estejam limpos e secos antes de serem


completamente imersos em solução desinfetante.
Como o desinfetante age por contato, o artigo deve ser colocado em
recipiente contendo solução suficiente para que tal artigo fique totalmente imerso.

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139
Quando o artigo tem áreas ocas, a solução desinfetante deve preenchê-la
totalmente.
O recipiente utilizado deve ser preferencialmente de plástico. Caso de metal,
este deve ser forrado com tecido (tipo compressa) para evitar que sua superfície
entre em contato com os instrumentos metálicos, evitando a formação de corrente
galvânica e, consequente desgaste dos materiais.
Após a desinfecção, os artigos devem ser abundantemente enxaguados em
água de qualidade, conforme descrito posteriormente.

13.8.3 Princípios ativos utilizados para desinfecção ou esterilização química

A fim de que os profissionais de saúde possam utilizar os artigos com


segurança, a Portaria 15/88 do MS estabelece os seguintes princípios ativos para os
desinfetantes de artigos hospitalares:
Aldeídos (Formaldeído / Glutaraldeído);
Fenólicos (Fenol Sintético);
Quaternário de Amônio;
Compostos Orgânicos Liberadores de Cloro Ativo;
Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo;
Iodo e Derivados;
Álcool;
Glicóis;
Biguanidas;
Peróxidos.

AN02FREV001/REV 4.0

140
13.8.3.1Aldeídos

Glutaraldeído: O glutaraldeído é um dialdeído saturado com potente ação


bactericida, viruscida, fungicida e esporicida, podendo ser utilizado para esterilização
química de artigos termossensíveis.
A atividade biocida dá-se por reação química de alquilação, alterando o
DNA, RNA e a síntese proteica dos micro-organismos. Quanto aos esporos, age
enrijecendo a parede celular. Sua ação dependerá do tempo de exposição e
condições do artigo, que deverá estar limpo e seco para facilitar a penetração deste
agente.
É indicado para desinfecção de alto nível em artigos termossensíveis com
tempo de exposição de 30 minutos em solução a 2%. Também é indicado como
esterilizante, com o tempo de exposição entre 8 e 10h. O produto sofre alterações
em temperaturas superiores a 25°C. A solução deve ser trocada de acordo com
orientação do fabricante, na ocorrência de alteração na cor e presença de depósitos.
É tóxico, não biodegradável, portanto deve ser manipulado em local
ventilado e com uso de EPI. As soluções neutras ou alcalinas possuem ação
microbicida e anticorrosiva superiores quando comparadas às ácidas.
Os artigos processados em glutaraldeído não podem ser armazenados,
mesmo em recipiente estéril, (risco de recontaminação). O glutaraldeído é um
produto tóxico que pode irritar os olhos, nariz e garganta, por isso, seu manuseio
deve ser feito com uso de EPIs.
Recomendação:
- Utilizar este método de esterilização só nas situações em que não houver
outro recurso disponível;
- Ativar a solução conforme descrição do fabricante, validade de 14 a 21
dias, datar e identificar;
- Realizar uma limpeza, secagem antes da imersão, após o término do
tempo indicado fazer a lavagem dos artigos com água estéril;
- Desprezar a solução em caso de contaminação ou prazo de validade.

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141
Formaldeído
Tem o mesmo mecanismo de ação semelhante ao do Glutaraldeído. É
pouco ativo a temperaturas inferiores a 20°C, aumentando a atividade em
temperaturas superiores a 40°C. Em processo de desinfecção ou esterilização
possui desvantagens, pois tem baixo poder de penetração, distribuição não uniforme
e alta toxicidade que restringem o seu uso.
O tempo de exposição deve seguir orientações do fabricante: para
desinfecção utiliza-se solução 4% volume-volume (v/v) por trinta minutos. Para
esterilização, tanto na solução alcoólica a 8%, quanto para a solução aquosa a 10%,
o tempo mínimo é de 18 horas.
Além da forma líquida, existem os polímeros sólidos do formaldeído, o
paraformaldeído, conhecidos como “pastilhas de formalina”. Para se alcançar a
esterilização deste modo necessita-se de concentração de 3%, estufa pré-aquecida
a 50°C, em tempo de 4 horas e umidade relativa de 100%. Devido à dificuldade
técnica de execução do processo em condições ideais e de sua validação, não deve
ser utilizado de rotina.

13.8.3.2 Álcoois

Agem por desnaturação das proteínas dos micro-organismos e sua ação


bactericida aumenta quando hidratado. É tuberculicida, fungicida, viruscida, porém
não destroem esporos bacterianos.

- álcool isopropílico: tem ação seletiva para vírus, é mais tóxico e com
menor poder germicida que o etílico.

- álcool etílico (70%): a concentração 70% tem baixa toxicidade, é indicado


para desinfecção de nível intermediário ou médio. Deve ser utilizado por fricção, em
três aplicações, com secagem espontânea e tempo total de exposição de 10
minutos.

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142
13.8.3.3 Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo

Hipoclorito de Sódio/Cálcio/Lítio: Produto instável, termossensível,


fotossensível e inativado rapidamente em presença de matéria orgânica (sangue,
fezes e tecidos), que diminui sua atividade rapidamente em recipientes claros ou em
altas temperaturas. Por ser corrosivo seu uso é contraindicado em artigos metálicos.
Na forma não diluída o tempo máximo de armazenamento é de seis meses.

Hipoclorito de Sódio: São formulações comercializadas na forma líquida.


Devem ser utilizados nas seguintes concentrações e tempo de contato:
I. Desinfecção/Descontaminação de Superfícies – 10.000ppm ou 1% de Cloro
ativo
– 10 minutos de contato.
II. Desinfecção de Lactários e utensílios de Serviço de Nutrição e dietética
(SND) –
200ppm ou 0,02% Cloro ativo – 60 minutos.
III. Desinfecção de Artigos de Inaloterapia e Oxigenoterapia não metálicos -
200ppm ou 0,02% a 0,5% de Cloro ativo - 60 minutos. Dispensando enxágue.
VI Desinfecção de Artigos Semicríticos – 10.000ppm ou 1% de Cloro ativo –
30 minutos.

Hipoclorito de Cálcio e Lítio: São compostos sólidos comercializados na


forma de pó.
Efeitos adversos: os compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo são
tóxicos, irritantes de pele, mucosa e árvore respiratória.

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143
13.8.3.4 Compostos Orgânicos Liberadores de Cloro Ativo

São produzidos somente em forma de pó. Possuem vantagens em relação


ao hipoclorito, tais como: maior atividade microbicida, pH mais baixo, menos
propenso a inativação por matéria orgânica, ação corrosiva e tóxica mais baixas,
maior estabilidade, podendo ser armazenado por até 12 meses (e não 6 meses
como o hipoclorito). Uma vez ativado mostra-se muito mais instável, devendo ser
diluído apenas no momento do uso.

Fenólicos:
Desinfetante de nível médio tendendo ao desuso por sua toxicidade, sendo
inclusive contraindicado para desinfecção de centros obstétricos e berçários devido
à ocorrência de hiperbilirrubinemia em neonatos.

Iodo e derivados:
Não há no mercado nacional iodo para desinfecção de artigos e superfícies.

Biguanidas
Disponível no mercado brasileiro somente como antisséptico.

Quaternário de amônio
Disponível e indicado somente para desinfecção de superfícies, em áreas
críticas e semicríticas, especialmente superfícies e mobiliários em berçários,
pediatria e SND por possuir baixa toxicidade.

Ácido peracético
É bactericida, fungicida, viruscida e esporicida. Promove a desnaturação de
proteínas e alteração na permeabilidade da parede celular.

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144
Possui como vantagens manter-se efetivo em presença de matéria orgânica
e não promover a formação de resíduos tóxicos. Como desvantagens: é corrosivo e
instável depois de diluído.
Ácido peracético ou peroxiacético, em baixas concentrações (0,001% a
0,02%) apresenta rápida ação contra os micro-organismos, incluindo os esporos.

13.9 MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO

Convencionalmente considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de


sobrevivência dos micro-organismos contaminantes é menor do que 1:1000.000. A
exposição de um artigo a um agente esterilizante, não garante a segurança do
processo, uma vez que essa depende de limpeza eficaz.
A eleição do método de esterilização dependerá do tipo de artigo a ser
esterilizado. Esses métodos poderão ser físicos, químicos ou físico-químicos.

13.9.1 Métodos Físicos

Métodos físicos são aqueles que utilizam calor em diferentes formas e


alguns tipos de radiação para esterilizar artigos. Nas Centrais de Esterilização
hospitalares o método mais utilizado e factível é a autoclavação por vapor saturado
sob pressão. Outro método igualmente conhecido, porém em desuso pelas
dificuldades operacionais e pelo avanço da tecnologia das autoclaves a vapor, é o
calor seco (estufa).
A esterilização por radiação será tratada neste trabalho, devido ao uso cada
dia maior do processamento por tal método pelos produtores de materiais
hospitalares descartáveis em uso nas nossas instituições. No entanto, a
manipulação do método é restrita às indústrias que recebem a
orientação/capacitação do CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear).

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145
O uso de radiação ultravioleta para esterilização de artigos é proibido pelo
Ministério da Saúde (Portaria n. 674, de 31.12.97).

13.9.1.1 Vapor Saturado Sob Pressão (autoclavação)

Este é o processo de eleição nas unidades hospitalares, indicado para os


artigos termorresistentes. Destrói os micro-organismos por coagulação das
proteínas.
Dá-se o nome de vapor saturado porque sua temperatura equivale ao ponto
de ebulição da água, e produz-se pela combinação da energia que aquece a água
com níveis de pressão maiores que a pressão atmosférica, que aceleram o
aquecimento levando ao alcance de temperaturas próprias para esterilização (121°C
a 135°C), em tempo mais rápido. Portanto as variáveis para avaliação do método
são: tempo, temperatura e pressão.
Os aparelhos são programados com uma razão tempo/temperatura, isto é,
aumentando a temperatura, o tempo necessário para esterilização diminui ou vice-
versa.
A programação deverá seguir os critérios estabelecidos na validação do
equipamento e das cargas a serem processadas pelas Instituições.
Vapor saturado é um gás e está sujeito às leis da física, sendo assim, não se
altera a temperatura do vapor sem alterar a pressão e vice-versa.

Tipos de autoclaves:
Gravitacional – A injeção de vapor na câmara força a saída do ar frio por
uma válvula localizada na parte inferior. Pode ocorrer formação de bolhas de ar no
interior do pacote, que impede a esterilização. Para que a penetração de vapor
ocorra em todos os materiais, o tempo deve ser mais logo, tornando o ciclo mais
demorado.
Pré-Vácuo – Por meio de bomba de vácuo contida no aparelho, o ar é
removido do material e da câmara, podendo ter um ou três ciclos o que favorece a

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penetração mais rápida do vapor dentro dos pacotes. Após a esterilização ocorre a
sucção do vapor e da umidade interna, secando mais rápido e completando o ciclo.
Mecanismo de ação: O processo baseia-se na transformação das partículas
de água em vapor. Na esterilização da autoclave, ocorre a morte celular pela
coagulação de proteínas bacterianas, por meio de calor.
Tempo: pode variar três a 30 min de acordo com a temperatura e o tipo de
equipamento utilizado.
Temperaturas X Tempo:
• Gravitacional 132°c a 135°c 10 a 25min
121ºc a 135°c 15 a 30 min
• Pré-vácuo 132°c a 135ºc 3 a 4 min

Ciclo de esterilização: varia de acordo com equipamento, validação do


processo, embalagem (invólucros algodão, papel grau cirúrgico, papel crepado,
filmes transparentes container, caixas metálicas, vidro refratário, TNT).
Controle do processo: Eficácia do equipamento, manutenção, registro dos
instrumentos, indicadores químicos, indicadores biológicos, integradores químicos,
testes de Bowie Dick.

Qualidade do Vapor
O vapor pode ser obtido em vários estados físicos, cada um com um efeito
na qualidade da esterilização.

Vapor saturado seco


Contém somente água no estado gasoso agregando tanta água quanto
possível para sua temperatura e pressão (100%UR). É a forma mais efetiva de
vapor para esterilização.

Vapor saturado úmido (condensado)


É normalmente formado quando a água da caldeira ou condensador dos
tubos é carregada pelo vapor saturado ao ser injetado na câmara da autoclave,
resultando em um excesso de água que poderá comprometer a secagem da carga
em processo.

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147
Vapor Saturado Superaquecido
Formado a partir do vapor saturado, o qual é submetido a temperaturas mais
elevadas. O vapor torna-se deficiente em umidade e consequentemente, com maior
dificuldade de penetração.

13.9.1.2 Esterilização por gravidade

Neste aparelho o vapor é injetado na câmara e o ar vai sendo expulso, na


mesma velocidade. O aquecimento da carga é feito de fora para dentro o que exige
aumentos elevados de tempo, para conseguir aquecimento necessário à
esterilização. A secagem é feita por venturi, conseguindo-se um vácuo de
capacidade média. Quando se alonga o tempo de exposição, previamente
determinado têm-se como o resultado artigos secos e estéreis.

13.9.1.3 Esterilização por alto-vácuo

Neste tipo de equipamento o vapor introduz-se na câmara interna quando


uma bomba de alto-vácuo elimina o ar interno, o que reduz o tempo quando
comparado com equipamento por gravidade.

13.9.1.4 Esterilização por vácuo-pulsátil

Neste sistema o ar é extraído da câmara por sucessivas injeções e retiradas


de vapor. O sistema mais eficiente é o de pulsos de pressurização, pois existe
grande dificuldade em obterem-se níveis adequados de vácuo em um só pulso. O
tempo da esterilização propriamente dito só será contado após total remoção do ar

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dos pacotes. Após esta fase a bomba de vácuo irá fazer a sucção do vapor
promovendo assim a secagem dos pacotes. Esse sistema permite mais rapidez no
processo total, pois com a rápida extração do ar e consequente aumento da
temperatura da carga, obtém-se o ciclo de esterilização e secagem em tempo mais
reduzido que nos processos descritos anteriormente.

13.9.1.5 Esterilização ultrarrápida (flash sterilization)

Equipamentos de pequeno porte programados para operar sem o ciclo de


secagem e com material desempacotado. Esse método deve ser utilizado
preferencialmente para resolver problemas emergenciais, como a contaminação
acidental de instrumentais utilizados em cirurgias em curso. Neste sistema não
devem ser esterilizados os implantes.
Seu uso deve ser extremamente racionalizado e o material utilizado de
imediato, devido às dificuldades de controle deste processo.
Antes da aquisição de tais equipamentos devem ser verificadas, pela
engenharia clínica ou substituto, juntamente com o fabricante ou as revendedoras,
as condições das redes elétricas e hidráulicas, se estas ajustam-se ao equipamento
a ser adquirido. Também deve ser avaliada a qualidade da água que formará o
vapor. Esta deve estar livre de contaminantes químicos em concentrações que
possam interferir no processo de esterilização, danificar o aparelho e/ou os produtos
a serem esterilizados (Norma ISO 11134).
A inobservância deste aspecto deverá interferir diretamente no produto final,
isto é, na esterilização, em que normalmente se encontrarão pacotes úmidos e/ou
manchados, causando a rápida deterioração dos artigos processados, assim como a
possibilidade de contaminação dos artigos.
É importante ressaltar que, além dos ajustes do equipamento realizados na
instalação e manutenção, o artigo deve estar rigorosamente limpo e seco, o
posicionamento correto dos pacotes, bem como o tipo de embalagem adequada.

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149
Os pacotes não podem ocupar o volume total da câmara interna das
autoclaves, objetivando favorecer a circulação e penetração do vapor nos pacotes
centrais.
Para garantir a qualidade da esterilização deve-se ter a certeza de que o
material encontra-se seco ao término do processo e a estocagem em local e posição
adequados.

13.9.1.6 Calor Seco (Estufas ou Fornos de Pasteur)

São aparelhos elétricos equipados com resistência, termostato para


regulagem de temperatura, contactor, lâmpada piloto, termômetro e interruptor. O
calor é irradiado das paredes laterais e da base do equipamento. Este processo
requer longo tempo de exposição para que se atinjam altas temperaturas nos artigos
e possa ocorrer a morte microbiana pelo processo de oxidação das células.
Os artigos que podem ser esterilizados em estufas são termorresistentes,
instrumental cirúrgico, material inoxidável em geral, vidros, ceras, pomadas, óleos,
pós. Atualmente recomenda-se calor seco apenas para óleos e pós.
Mecanismo de ação: Destruição dos microrganismos por oxidação e
dessecação celular, (desidratação celular).
Recomendações: invólucros adequados ao processo, evitar volumes
pesados, sobrecarga do aparelho, controlar o tempo de exposição, não abrir a estufa
durante o processo, Invalidar o ciclo caso haja sinal de defeito ou dúvidas, usar
luvas de proteção, não colocar produtos quentes em superfície fria se houver
condensação o material ficará úmido, lacrar as caixas após a esterilização quando
frias, limpar o equipamento semanalmente.

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150
13.9.1.7 Radiação

A radiação ionizante age como esterilizante por produzir modificações no


DNA das células, provocando lesões estruturais, o que acarreta alterações
funcionais graves por difusão de radicais livres no volume adjacente da célula
microbiana.
A forma mais utilizada é a radiação gama (Raios gama são ondas
eletromagnéticas de alta energia e grande penetração devido à ausência de
matéria.), cujo elemento mais utilizado é o Cobalto 60, que possui grande poder de
penetração nos materiais. É utilizado principalmente em implantes.
O tempo de permanência do material frente à bomba de Cobalto é calculado
a partir da distância do material à fonte, das condições de atividade da fonte e da
natureza do material a esterilizar. O processo é monitorado por painel
eletromecânico que avalia os riscos, ou seja, os níveis de radiação no equipamento.
Cada lote de artigos é monitorado por dosímetros que controlam a quantidade de
radiação recebida.
Mecanismo de Ação: A eficácia das radiações ionizantes depende da
interação com o ácido desoxirribonucleico (DNA). Ocorrem rupturas nos filamentos
do DNA, necessário para causar a morte da célula.
Risco de exposição ambiental: Os limites de exposição ocupacional à
radiação são estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Parâmetros de esterilização: O único parâmetro a ser controlado no ciclo é o
tempo de exposição do material a ser processado.
A esterilização normalmente é realizada a temperatura ambiente, porém com
elevações cerca de 10°c podem reduzir acentualmente o valor da umidade e o
oxigênio influenciam na sensibilidade do processo.

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13.9.2 Métodos químicos

A utilização de agentes esterilizantes líquidos por imersão requer cuidados


especiais, com relação ao seu manuseio:
- Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que a água altere a
concentração da solução;
- Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI);
- Imergir completamente o artigo no recipiente com tampa contendo a
solução;
- Marcar a hora de início e término do processo;
- Retirar o artigo da solução, utilizando luvas estéreis;
- Enxaguar abundantemente os artigos com água destilada ou deionizada
estéril. Evitar o uso de soro fisiológico, pois este pode promover depósito e acelerar
a corrosão do metal;
- Secar o material com compressa estéril. Para artigos com lúmem, a
secagem deverá ser promovida com ar comprimido estéril;
- Utilizar imediatamente o artigo, sendo proibido o armazenamento;
- Desprezar a solução ao término do processo, ou de acordo com a
recomendação do fabricante.

Observação - Devido à dificuldade do manuseio, este não deve ser um


método rotineiro de esterilização.

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13.9.3 Métodos Físico-Químicos

13.9.3.1 Óxido de Etileno (ETO)

É um gás incolor, de alto poder viruscida, esporicida, bactericida,


micobactericida e fungicida. A ação do ETO é atribuída à alquilação das proteínas
dos micro-organismos. Essa ação depende dos parâmetros de concentração,
temperatura, umidade relativa e tempo de exposição ao gás. Sua indicação de uso é
para os artigos termossensíveis. É altamente explosivo e facilmente inflamável,
devendo ser utilizado em equipamentos especiais denominados autoclaves para
óxido de etileno.
Sua utilização encontra-se regulamentada pela Portaria Interministerial n.°
482, de 16 de abril de 1999. Nessa Portaria encontram-se as condições exigidas
para instalação, processamento, embalagem, transporte de artigos, saúde e
segurança ocupacional.
A exposição ao gás pode resultar em câncer, anomalias do sistema
reprodutor, alterações genéticas e doenças neurológicas caso não se respeitem as
condições de segurança já estabelecidas.
O ciclo de esterilização ocorre em cinco fases:
- Pré-umidificação – umidade em torno de 40% admissão do gás;
- Tempo de exposição – 3 a 4 horas;
- Exaustão do gás;
- Aeração – tem por finalidade a remoção dos resíduos tóxicos e seus
subprodutos.

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13.9.3.2 Peróxido de Hidrogênio

O plasma, considerado um quarto estado da matéria, é definido como uma


nuvem de íons, elétrons e partículas neutras, altamente reativas. A geração de um
campo eletromagnético pela energia de radiofrequência produz a formação do
plasma.
Os radicais livres gerados no plasma de peróxido de hidrogênio apresentam-
se com cargas negativas e positivas, que excitados tendem a se reorganizar,
interagindo com moléculas essenciais ao metabolismo e reprodução microbianos,
ligando-se de maneira específica às enzimas, fosfolipídeos, DNA e RNA. Essa
reação química é extremamente rápida, viabilizando o processo de esterilização em
curto espaço de tempo.
É indicado para esterilização de artigos termossensíveis. O ciclo de
esterilização ocorre em torno de 1 hora. É compatível com a maioria dos metais,
plásticos, vidros, borrachas, acrílicos, sendo incompatível com celulose e ferro. O
produto final é água e oxigênio, não oferecendo, portanto toxicidade para os
profissionais e clientes.
Equipamento de fácil instalação e operação em que um cassete contendo 10
ampolas de peróxido de hidrogênio é colocado na parte frontal externa, em que cada
ciclo consome uma ampola.
As fases do ciclo (75 minutos) são:
- Vácuo;
- Injeção;
- Difusão;
- Plasma;
- Ventilação.

O equipamento é automatizado e computadorizado. Ao final de cada ciclo


emite relatório com controle das pressões e tempo alcançados nas diferentes fases.
Seus parâmetros são tempo e pressão.

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13.10 INVÓLUCROS

As dimensões dos pacotes dependerão do equipamento utilizado na


esterilização. Sendo fundamental o registro do seu conteúdo, data de esterilização e
prazo de validade.
O empacotamento dos artigos para esterilização pode se dar por meio da
utilização de embalagens diversas cujos requisitos recomendados pela Associação
Americana de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (Association of Operating Room
Nurses – AORN) são:
- Ser apropriada para as instalações e método de esterilização;
- Proporcionar selagem adequada e resistente;
- Proporcionar barreira adequada;
- Ser compatível e resistir às condições físicas de esterilização;
- Permitir adequada remoção de ar;
- Permitir penetração e remoção do agente esterilizante;
- Proteger o conteúdo do pacote de danos físicos;
- Resistir a punções e rasgos;
- Ausência de furos;
- Não conter ingrediente tóxico;
- Não gerar partículas;
- Apresentar custo x benefício positivo;
- Ser usada de acordo com as instruções descritas pelo fabricante.

Tipos de embalagens
- Tecido;
- Não tecidos;
- Papel grau cirúrgico;
- Papel crepado;
- Containers rígidos.

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13.11 CONTROLE DE QUALIDADE

13.11.1 Testes Físicos

13.11.1.1 Avaliador de desempenho do esterilizador

Fazem parte do equipamento e servem para apontar as condições internas


da autoclave. Envolvem observação dos parâmetros apresentados pelo menos
durante o processo. São eles:

- Termômetro: para medir a temperatura, que deve estar no mínimo em 121º


C;
- Manômetro: para medir a pressão, que deve estar no mínimo em 28 libras
de vapor.

13.11.1.2 Qualificação térmica (termopares)

Servem para determinar o tempo de penetração do calor dentro dos pacotes e


frascos.
- Consiste de dois fios metálicos fundidos em uma extremidade que informará
a temperatura dentro do equipamento. Na outra extremidade, fora do equipamento,
é feita a leitura da temperatura por meio de um registrador.
- É um método utilizado quando se dá a instalação ou após grandes reparos
de autoclaves ou estufas. Seu custo é muito alto e não há necessidade de ser feito
rotineiramente.

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13.11.1.3 Dosimetria de radiação

Consiste na avaliação da quantidade de energia absorvida pelo material


tratado. São utilizados dosímetros que indicam se a dose recebida foi compatível
com o processo de esterilização.

13.11.2 Testes Químicos

13.11.2.1 Indicadores Químicos

Servem para indicar imediatamente falhas no equipamento com relação à


penetração do calor em estufas ou autoclaves, além de ajudar na identificação dos
pacotes que foram esterilizados.
- São tiras de papel impregnadas com tinta termocrômica que mudam de cor
quando expostas à temperatura pelo tempo recomendado pelo fabricante. Devem
ser utilizados dentro dos pacotes, em locais de difícil acesso à penetração do vapor
ou dificuldade de remoção do ar em autoclaves.
- Não devem ser utilizados como critério único de eficácia de esterilização,
devendo ser associado ao teste biológico.
- Os indicadores externos são fitas autoadesivas utilizadas unicamente para
diferenciar os pacotes processados dos não processados.

Há diferentes tipos de indicadores internos, de acordo com o processo de


esterilização:
- Classe 1: Indicadores de processo: ex.: fitas zebradas.
• Demonstram que o material passou pelo processo de esterilização.
• Devem ser usados em todos os materiais a serem esterilizados.

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• Para uso em materiais tipo pacotes ou caixas.

- Classe 2: Indicadores para uso em testes específicos: ex.: Bowie & Dick.
• Projetados para testar a eficácia do sistema de vácuo nas autoclaves de
pré-vácuo. Faz a detecção de bolhas de ar e avalia a habilidade das autoclaves pré-
vácuo em remover o ar quando o vapor é admitido, formando o vácuo. Não deve
haver formação de bolhas que possam comprometer o processo de esterilização.
Deve ser realizado diariamente, antes do processamento da primeira carga.

- Classe 3: Indicadores de um parâmetro


• Projetados para medir um dos parâmetros críticos do processo de
esterilização: vapor, tempo, temperatura ou vapor saturado.

-Classe 4: Indicadores multiparâmetros:


• Projetados para medir dois ou mais parâmetros críticos do processo de
esterilização.
• indicam a exposição ao ciclo de esterilização.

- Classe 5: Indicadores integrados:


• Projetados para reagir com todos os parâmetros críticos do processo de
esterilização, dentro de um intervalo específico de ciclos de esterilização.

- Classe 6: Simuladores:
• Projetados para reagir com todos os parâmetros críticos do processo de
esterilização. A leitura do indicador é capaz de apontar possíveis falhas em
parâmetro específico.

13.11.2.1 Teste de Bowie & Dick (passo a passo)

Realizar no primeiro ciclo do dia da autoclave.


- Ligar a autoclave e submetê-la a um ciclo completo e vazio.

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- Colocar a folha teste no meio de uma pilha de campos de tecido com 25
cm a 28 cm de altura.
- Esta pilha pode ser embalada em tecido ou papel, podendo ser atada com
fita adesiva.
- Colocar apenas o pacote teste na autoclave na direção do dreno e apoiado
no “rack”.
- Iniciar o ciclo, que poderá ser interrompido antes da fase de secagem; e
após o tempo determinado pela temperatura, conforme esquema abaixo:
134° – 3 e meio a 4 minutos;
127° – 11 minutos;
129° – 15 minutos.

Leitura do Teste:

- Positivo (+) Quando a folha teste apresenta falhas na revelação, que é


observada por uma mudança incompleta na coloração, geralmente no centro da
mesma.
- Negativo (-) Quando a mudança na coloração da folha for uniforme em toda
a sua extensão, demonstrando não haver ar residual.

13.11.3 Testes Biológicos

São os indicadores utilizados para o controle da esterilização. A frequência


destes testes é semanal, apesar de ser recomendada sua realização diária.
As etapas dos testes devem seguir essencialmente as orientações do
fabricante.
O teste biológico consiste:
- Na colocação de indicadores dentro de um pacote selecionado, em local de
difícil acesso à penetração do vapor.
- Deve ser reservado um indicador piloto com o intuito de testar o incubador.

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- O material é esterilizado e logo após o resfriamento são retirados os
indicadores de dentro do material.
- O indicador incubado é retirado juntamente com o indicador controle.
- O tempo necessário para crescimento da cepa varia de 3 a 48 horas, de
acordo com o teste biológico utilizado.
- Deve-se observar a colocação correta das ampolas no cesto.
- O teste biológico deve ser realizado em toda carga que contenha próteses
e estas devem ficar retidas até o resultado final da incubação.
Os bacilos utilizados na preparação de indicadores biológicos são:
- Em autoclaves a vapor: Bacillus stearothermophilus.
- Em calor seco, óxido de etileno e plasma de peróxido de hidrogênio:
Bacillus subtilis variedade niger.
- Em radiação gama: Bacillus pumilus.

13.11.3.1 Teste de esterilidade de controle biológico

São testes realizados em laboratório, diretamente no material processado,


para que seja verificada a eficácia da esterilização.
- Exige pessoal extremamente habilitado para que o resultado final seja
confiável.
- É muito útil na ocorrência de surtos de infecção hospitalar por um agente
específico, especialmente se a investigação epidemiológica sugerir uma fonte
comum.

13.11.4 Avaliação de Esterilizantes Químicos

Consiste em testes que utilizam diferentes diluições do germicida em relação


à inibição de crescimento bacteriano.

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- O micro-organismo – o teste será selecionado levando-se em consideração
a indicação de uso do produto químico. Em caso de esterilização, é obrigatória a
avaliação da ação sobre esporos.
- Os micro-organismos envolvidos nos testes são Clostridium sporogenes e
Bacillus subtilis.
- A temperatura, a técnica, a composição do meio de cultura e outros
detalhes são especificados no processo oficial e devem ser obedecidos para que os
resultados sejam válidos.

13.11.5 Controle de esterilização por radiações ionizantes: gama ou cobalto 60

É um método amplamente empregado na indústria, especialmente nas áreas


de drogas, alimentos, transplantes e material de pronto uso. Seu alto custo
inviabiliza sua aplicação em hospitais (MOURA, 1996).
A qualificação funcional dos artigos deve garantir a manutenção das
características de funcionalidade, biocompatibilidade e atoxicidade após o processo.
Os indicadores dosimétricos são distribuídos na carga para assegurar que a
dose mínima determinada seja atingida em todas as dimensões do produto.
As instalações deverão ser qualificadas para o processo e todos os
instrumentos de mensuração devem ser aferidos e calibrados regularmente.

13.11.5 Monitorização dos processos de esterilização

Monitorar o processo requer etapas, são elas:


- Qualificação operacional no momento da instalação;
- Controle rotineiro do equipamento;
- Checagem da função do equipamento após consertos, reformas e grandes
mudanças no tipo de carga e/ou embalagens.

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Todos os procedimentos executados, bem como as condições dos ciclos,
disposição das cargas, tipos de artigos e embalagens, devem fazer parte do
relatório.
Ao término do processo deverão ser feitas as recomendações e os relatórios
checados pelo Controle de Infecção Hospitalar da Instituição.
O controle rotineiro das cargas e dos esterilizadores é de vital importância
para a qualidade do processamento.
Este controle será feito por:
- Meios mecânicos: Observação de pressão, tempo, temperatura e
manutenção preventiva com aferição do equipamento.
- Meios Químicos: Teste BOWIE & DICK em autoclaves pré-vácuo,
integradores químicos no interior e indicadores na parte externa das embalagens.
- Meios Biológicos: Testes biológicos, já disponíveis para leitura após 3 à
48h de incubação.

É importante lembrar que nenhum método de esterilização ou meio de


controle será eficaz, se os artigos não estiverem rigorosamente limpos e secos.
Todas essas etapas devem ser formalmente documentadas e devem contar
com a presença do responsável pela Central de Esterilização e do Serviço de
Engenharia Clínica do Hospital.

13.11.6 Prazo de validade da esterilização

É consenso na literatura que o prazo de validade deve ser estabelecido por


cada serviço, de acordo com as características do invólucro selecionado, do método
de selagem das embalagens, do número e condição de manipulação dos pacotes
antes do uso e das condições de estocagem.
Consideramos condições ideais de estocagem: setor fechado, janelas
vedadas, ambiente limpo, com controle de temperatura e umidade por termo-
higrômetro e armários de fácil visualização para controle dos lotes.

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Tolerável para estocagem, sem condições ideais: setor fechado, com janelas
fechadas ou teladas e ambiente limpo.

Importante:
- Nas instituições em que o material esterilizado não puder permanecer
estocado na Central de Esterilização, o mesmo deve ficar o menor tempo possível
nos setores, visto que estes podem não oferecer condições adequadas de
armazenagem.
- A manutenção preventiva se aplica a qualquer equipamento.

13.11.7 Validação dos Processos de Esterilização

Validar é constatar com experiências práticas e registradas se um processo


de esterilização cumpre seu real objetivo.
Deve-se lançar mão da validação em diferentes situações:
- Na instalação de equipamentos novos ou recém-instalados.
- Após manutenções não preventivas, em que existam trocas de
componentes, ou mesmo instalação de filtros (validações retrospectivas).
- Nas modificações do tipo de carga e/ou embalagem.
Na aquisição do equipamento, a validação será feita pelo fabricante
acompanhada por técnico especialista da instituição (engenheiro e enfermeiro da
central de esterilização). Nesta fase a avaliação será feita pela verificação das
condições do equipamento após instalação, aferição de temperatura, pressão, ou
seja, as condições mecânicas do equipamento.
Em seguida os testes com indicadores químicos e biológicos, realizados pelo
responsável da Central de Esterilização e assessorado pelo fabricante, nas
diferentes situações, para que sejam estabelecidos os critérios rotineiros da
esterilização.
A programação de ciclos em esterilizadores digitalizados deverá ocorrer na
fase de validação.

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13. 12 REPROCESSAMENTO DE ARTIGOS HOSPITALARES

Reprocessamento é o processo a ser aplicado a artigos hospitalares com a


finalidade de reutilizá-los. Tais artigos vêm do fabricante como material descartável,
contudo, sabe-se que é prática das instituições hospitalares nacionais e internacionais
reaproveitá-los. A bibliografia existente sobre o assunto não é conclusiva, e a legislação
vigente deixa de contemplar vários fatores inerentes ao processo.
Assim sendo, temos de um lado desta questão, uma legislação incompleta e o
fabricante isento de responsabilidades éticas e legais, por comercializar seu produto
como descartável, e do outro lado, a instituição e o profissional que reprocessa/reutiliza,
recaindo sobre estes, toda responsabilidade.
Partindo das dúvidas que surgem em nossa prática diária, procuramos
desenvolver a seguir uma breve análise das fontes de consultas disponíveis, a fim de
nos guiar no decorrer de nossas decisões profissionais sobre
reprocessamento/reutilização de artigos hospitalares.

13.12.1 Legislação vigente

Até 1986, apenas duas Unidades Federadas, São Paulo e Minas Gerais,
possuíam legislação normativa sobre o uso e a reutilização de materiais médico-
hospitalares descartáveis. Por conta disto, o Ministério da Saúde reuniu em Brasília,
em 1985, um grupo de profissionais peritos, que emitiu um relatório de conclusões e
recomendações. Este relatório deu origem à única legislação nacional, ainda
vigente, a Portaria n. 4, de fevereiro de 1986, da Divisão Nacional de Vigilância
Sanitária de Medicamentos e ainda, a portaria n. 3, da mesma data, que revê o
artigo 35 do Decreto n. 79.094/77, enquadrando os produtos descartáveis que
devem ser objeto de registro na DIMED/MS.

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Portaria N°3, de fevereiro de 1986:
- Normatiza a obrigatoriedade ou não de registro de artigos médico-
hospitalares estéreis e de uso único em órgão competente da Vigilância Sanitária do
MS:
- Todo artigo de uso único, utilizado para monitoração diagnóstica e
terapêutica deve ser registrado.
- Todo artigo de uso único, utilizado na área hospitalar deve ter registro.

Com exceção de
Roupas descartáveis não estéreis;
Gaze simples, em rolo ou em compressa não estéril;
Adesivos (esparadrapos, fitas adesivas e curativos adesivos);
Absorventes higiênicos externos;
Fraldas;
Ataduras;
Cotonetes;
Dispositivos externos para incontinência urinária;
Embalagens para uso em esterilização de materiais por processos
físicos;
Ataduras gessadas;
Salto de borracha ortopédico e estribo para salto ortopédico.

Define os pré-requisitos básicos para obtenção deste registro:


- Laudos do tipo de tecnologia aplicada na sua preparação;
- Método de esterilização adotada;
- Tipo de embalagem e acondicionamento;
- Resultados de testes de esterilidade e pirogenicidade;
- Resultados de testes de irritabilidade, toxicidade e mutagenicidade.

Define o conteúdo dos rótulos dos materiais registrados:


- Número do lote;
- Data da esterilização;

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165
- Processo de esterilização ao qual o material foi submetido;
- Prazo máximo de validade da esterilização recomendado pelo fabricante.

Portaria n° 4, de fevereiro de 1986.


Conceitua artigos hospitalares de uso único, relaciona-os e proíbe seu
reprocessamento.
- Agulhas com componentes plásticos;
- Cânulas para fístulas;
- Escalpes;
- Bisturis descartáveis e lâminas;
- Cateteres para punção venosa;
- Equipos para administração de soluções endovenosas, sangue,
plasma e nutrição parenteral;
- Bolsas de sangue;
- Seringas plásticas;
- Sondas uretrais simples;
- Sondas de aspiração;
- Sondas gástricas;
- Coletores de urina de drenagem aberta;
- Drenos de penrose e kehr;
- Cateter de diálise peritoneal.

Esses artigos e produtos, caracterizados como de “uso único”, devem


conter, rótulo, esta especificação em destaque. Os artigos e produtos que não se
enquadrem neste grupo não podem ser assim rotulados.
- Conceitua artigo descartável.
- Conceitua reprocessamento.
- Conceitua reesterilização.
- Define riscos reais e potenciais à saúde do usuário.

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13.13 ARTIGOS DESCARTÁVEIS X ARTIGOS DE USO ÚNICO

Artigos descartáveis: São artigos médico-hospitalares fabricados com o


objetivo de descarte após o primeiro uso, porém, são passíveis de reutilização,
desde que atendidas às condições específicas para o reprocessamento por se
reconhecer que o reprocessamento é tecnicamente viável, seguro para uso
subsequente e sem alterações de suas características originais.

Artigos de uso único: É o produto que, após o uso, perde suas


características originais ou que, em função de outros riscos reais ou potenciais à
saúde do usuário, não pode ser reutilizado.

13.14 REPROCESSAMENTO E REESTERILIZAÇÃO

Reprocessamento: É o processo a ser aplicado a artigos médico-


hospitalares para permitir sua reutilização. Inclui limpeza, preparo, embalagem,
rotulagem, desinfecção, esterilização e controle de qualidade.

Reesterilização: “É o processo de esterilização de artigos já esterilizados,


mas não utilizados, em razão de vencimento do prazo de validade da esterilização
ou de outra situação, na qual não haja segurança quanto ao processo ou resultados
da esterilização inicial”.

Riscos no processamento:
Ao reprocessar e reutilizar artigos hospitalares, alguns riscos reais ou
potenciais devem ser considerados, destacando-se:
- Infecção;
- Pirogênio;

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- Toxicidade residual, decorrente de produtos ou substâncias empregados
nos usos antecedentes ou no reprocessamento;
- Alterações físicas, químicas e biológicas na matéria-prima utilizada para
confeccionar o material;
- Perda das características originais em decorrência da fadiga dos usos
prévios e reprocessamento;
- Perda da funcionalidade.

ESTES RISCOS DEVEM SER CONSIDERADOS EM RELAÇÃO A CADA


ARTIGO QUE SE DECIDA REPROCESSAR!

13.14.1 Protocolo de Reprocessamento

É imprescindível que a Instituição que reprocessa possua protocolos escritos


sobre o processo. Estes protocolos devem ser elaborados por uma comissão
multiprofissional, composta de: membro da CCIH, usuário do artigo, responsável
pela compra, assessor jurídico e enfermeira da Central de Esterilização, ou ainda, de
outras unidades reprocessadoras quando o processo for descentralizado.
Relacionamos abaixo itens que devem ser contemplados neste protocolo,
que deverá ser individualizado, por artigo:

Classificação do artigo quanto:


- Potencial de Contaminação (Classificação de Spaulding);
- Sensibilidade ao Calor;
- Natureza dos Artigos (Matéria-Prima);
- Densidade;
- Comprimento e Diâmetro (Artigos com Lúmem);

Parecer técnico do fabricante quanto ao número de vezes que o artigo possa


ser reprocessado.
Determinação do número de vezes que o produto possa ser reprocessado

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168
estabelecido pela comissão multiprofissional.

13.14.2 Etapas do reprocessamento descritas passo a passo, determinando o


processo a ser adotado

- Limpeza e secagem (etapa obrigatória, especificar produto indicado e


técnica);
- Desinfecção/esterilização (processo de escolha de acordo com as
características do artigo, especificar produto indicado e técnica);
- Embalagem (indicar o tipo adequado ao reprocessamento realizado);
- Rotulagem (contendo número de reprocessamentos, processo utilizado, data
do reprocesso, profissional que executou e validade);
- Estocagem (recomendações sobre forma adequada de estocar, a fim de
garantir o prazo de validade estabelecido).

Controle de qualidade:
- Inspeção visual rigorosa dos artigos com auxílio de lupa;
- Validação dos processos de desinfecção e esterilização utilizados;
- Controle do número de reprocessamentos;
- Solicitação periódica de laudos técnicos de toxicidade residual;
- Solicitação periódica de pareceres técnicos quanto à funcionalidade do
artigo aos profissionais usuários, a fim de reavaliar o número de reprocessamentos
estabelecidos.

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169
13.15 PREPARO E EMPACOTAMENTO DE ARTIGOS ESTERILIZADOS

• Definição: preparar os artigos de acordo a sua classificação (crítico,


semicrítico e não crítico) e embalo em invólucro compatível com o processo e com o
próprio artigo.
• Objetivo: oferecer ao usuário um artigo em boas condições, proteção
adequada, favorecendo a transferência asséptica.
• Recomendações: lavar as mãos, inspecionar o artigo, avaliar a
necessidade de embalagens, ajuste, antes de esterilização fazer a identificação,
verificar possíveis falhas nas selagens atender as especificações das normas
estabelecidas.

FIGURA 13 - EMPACOTAMENTO DE ARTIGOS

FONTE: Disponível em: <http://www.sitebarra.com.br/wp-content/uploads/2011/09/hbjghjhgf.jpg>


Acesso em: 12 set. 2013.

• O sistema de embalagem deve ser compatível com o processo de


esterilização.

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170
• Seleção de embalagens: é necessário selecionar o sistema de
embalagem de acordo com as características:
- Registro no Ministério da Saúde;
- Apropriado para o artigo;
- Promover integridade adequada de selagem;
- Barreira microbiana.
- Resistir a rasgos e furos;
- Permitir a penetração e a remoção do agente esterilizante;
- Barreira adequada a líquidos;
- Manter a esterilidade até a utilização do artigo;
- Não conter ingredientes tóxicos, alvejante, corante.
- Evitar a liberação de fibras ou partículas;
- Ter relação custo – benefício no mercado;
- Possuir data de validade do produto;
- Permitir adequada remoção de ar;
- Ser livre de furos ou microfuros.

13.16 ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ARTIGOS ESTERILIZADOS

Definição e objetivo: A área de estocagem deve facilitar a localização do


item e manter a integridade da esterilização e do conteúdo.
Recomendação:
- Uso de prateleiras fechadas ou coberturas sobre os pacotes é desejável.
- Controle do fluxo de pessoal, limpeza, ventilação, espaço adequado.
- Estabelecer normas e rotinas;
- Manusear os pacotes apenas quando estiverem completamente frios antes
da estocagem.
- Separar os artigos esterilizados dos não estéreis;
- Proteger os artigos da contaminação, danos físicos, cuidados nos
transportes;
- Considerar contaminado pacotes furados, úmidos, torcidos, ou que caiam

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171
no chão;
- Efetuar inspeção periódica dos artigos, datas de validades;
- Adotar sistema de controle de distribuição dos artigos;
- Validação dos processos de esterilização;
- Registrar todos os resultados desejados para o estabelecimento de um
processo com especificações pré-determinadas.

14 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA AO AMBIENTE

O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte


do meio ambiente de uma instituição de saúde. Particularmente no hospital, o
ambiente pode tornar-se foco de infecção hospitalar, embora estudos tenham
demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão.
Os cuidados com o ambiente estão centrados principalmente nas ações de
limpeza realizadas pelo Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação
deste com o Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar, cabendo-lhe
as seguintes incumbências:
- Padronizar produtos a serem utilizados na limpeza;
- Normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as
demais, quando necessário;
- Participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza;
- Participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto.

15 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES

A frequência da limpeza varia de acordo com as áreas do hospital.


Da mesma maneira que os artigos, as áreas hospitalares também foram
classificadas de acordo com os riscos de infecção que possam oferecer aos
pacientes:

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172
15.1 ÁREA CRÍTICA

São as áreas de maior risco para a aquisição de infecções, devido à


presença de pacientes mais susceptíveis ou pelo número de procedimentos
invasivos realizados; são também considerados como críticos os locais onde os
profissionais manipulam constantemente materiais com alta carga infectante. Ex.:
UTI, centro cirúrgico, centro obstétrico e de recuperação pós-anestésica,
isolamentos, setor de hemodiálise, banco de sangue, laboratório de análises
clínicas, banco de leite, dentre outros.

15.2 ÁREA SEMICRÍTICA

São as áreas ocupadas por pacientes que não necessitam de cuidados


intensivos ou de isolamento. Ex.: Enfermarias, ambulatórios.

15.3 ÁREA NÃO CRÍTICA

São todas as áreas não ocupadas por pacientes. Ex.: Áreas administrativas,
almoxarifado.

FIM DO MÓDULO IV

AN02FREV001/REV 4.0

173
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO -
CIRÚRGICO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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174
CURSO DE
ENFERMAGEM EM CENTRO -
CIRÚRGICO

MÓDULO V

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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175
MÓDULO V

16 MANUSEIO DE MATERIAL ESTERILIZADO

16.1 ABERTURA DE PACOTES

Como abrir os pacotes:

- Segurar o pacote afastado do corpo e soltar a ponta que está afixada com
adesivo, levando-a do lado oposto de quem está manuseando;
- Abrir, alternadamente, as pontas laterais do campo; afastar a ponta do
campo, próxima do conteúdo do pacote, segurando-o com uma das mãos e, com a
outra, prender as pontas soltas, tendo o cuidado de não contaminar a face interna do
campo; a seguir, depositar o conteúdo deste sobre a mesa do instrumentador.
Os pacotes grandes como os de aventais, campos e outros, devem ser
abertos sobre uma mesa.

FIGURA 14 - ABERTURA DE PACOTE ESTERILIZADO

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FONTE: Arquivo pessoal.

17 POSIÇÃO DO PACIENTE PARA A CIRURGIA OU POSIÇÃO CIRÚRGICA

É aquela em que o paciente é colocado, depois de anestesiado, para ser


submetido à intervenção cirúrgica, de modo a propiciar acesso fácil ao campo
operatório.
Esta posição depende do tipo de cirurgia a ser realizada, bem como da
técnica cirúrgica a ser empregada.
As principais posições cirúrgicas são:

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177
17.1 POSIÇÃO DORSAL

Nesta posição, o paciente deve ser mantido em decúbito dorsal ou supino,


tendo as pernas esticadas e os braços estendidos ao longo do corpo. É a posição
mais comumente usada para as cirurgias abdominais supra e infraumbilical, algumas
torácicas, vasculares etc. De todas as posições cirúrgicas, é a mais utilizada e a que
menos complicações trazem ao paciente.
Quando se faz necessário, a posição dorsal pode ser modificada com a
inclinação da mesa cirúrgica para proclive ou trendelemburg. Como, por exemplo,
numa laparotomia infraumbilical, o cirurgião pode solicitar a modificação da posição
da mesa, de modo que o paciente fique em trendelemburg, ou seja, com a cabeça
em nível inferior ao dos membros inferiores. Para isso, toma-se necessário colocar
suportes de ombro ou ombreiras. Em outras situações, a modificação pode ser para
proclive, ou seja, a cabeça fica em nível superior ao dos membros inferiores.

17.2 POSIÇÃO VENTRAL

É a posição em que o paciente é colocado com o abdome para baixo, tendo


a cabeça voltada para um dos lados e apoiada em um travesseiro, as pernas
estiradas, os braços ligeiramente flexionados e apoiados em suportes. Esta posição
exige, ainda, a colocação de coxins sob os ombros, para facilitar a expansão
pulmonar, sob a região infraumbilical e sob a face anterior dos pés, para evitar a
distensão muscular. É indicada para as cirurgias da região dorsal, lombar,
sacrococcígea e occipital, sendo que, nesta última, a cabeça precisa estar apoiada,
pela região frontal, num suporte acolchoado.

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17.3 POSIÇÃO LATERAL

Nessa posição, o paciente é colocado sobre um dos lados, tendo a perna


inferior fletida e a superior em extensão, separadas por um coxim ou travesseiro.
Coloca-se, também, um coxim sob a linha da cintura e, a seguir, fixa-se o
paciente transversalmente à mesa cirúrgica com uma faixa larga de esparadrapo,
passada sobre o quadril. Esta posição é utilizada para as intervenções cirúrgicas de
acesso aos rins.

17.4 POSIÇÃO GINECOLÓGICA

Nessa posição, o paciente é colocado em decúbito dorsal, tendo os


membros inferiores elevados e colocados em suportes especiais, também chamados
perneiras e fixado com correias. Deve-se ter o cuidado de evolver-lhes as pernas
com campos ou perneiras de tecido para lhe proporcionar conforto e segurança.
Esta posição está indicada para as cirurgias ginecológicas, proctológicas, algumas
urológicas e exames endoscópicos.
A obtenção de uma posição cirúrgica funcional e correta exige da equipe
cirúrgica habilidade para manusear o paciente, com movimentos firmes, precisos e
delicados. Exige, ainda, a disponibilidade de alguns recursos materiais essenciais,
como talas, suportes de diferentes tipos, travesseiros, coxins de tamanhos e
formatos diversos, sacos de areia pequenos, correias e esparadrapo.
- Vale destacar que é da competência do cirurgião e/ou assistente a
responsabilidade de posicionar corretamente o paciente para o ato cirúrgico. O
circulante de sala pode auxiliá-los nessa atividade ou mesmo realizá-la sob
orientação dos mesmos.
Ao se colocar o paciente na posição cirúrgica, alguns aspectos fundamentais
devem ser lembrados:

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179
- evitar contato de partes do corpo do paciente com as superfícies metálicas
da mesa cirúrgica;
- posicioná-lo de modo funcional e seguro, a fim de prevenir distensões
musculares, evitar compressão de vasos, nervos e saliências ósseas, e facilitar a
dinâmica respiratória;
- possibilitar livre fluxo das infusões venosas e a adaptação dos eletrodos
para a perfeita avaliação intraoperatória.
Da mesma maneira, ao se retirar o paciente da posição cirúrgica, alguns
pontos precisam ser observados:
- manusear o paciente anestesiado com movimentos firmes e lentos, pois a
mudança repentina de posição pode levar à queda de pressão arterial;
- ao se retirar o paciente da posição ginecológica, deve-se ter o cuidado de
descer, alternadamente, as pernas, a fim de prevenir o afluxo rápido de sangue para
os membros inferiores, podendo causar a mesma situação acima referida;
- manter a cabeça voltada para um dos lados, quando o paciente
permanecer em decúbito dorsal;
- observar o posicionamento correto das infusões e drenagens.
Nesta fase do período operatório é que mais frequentemente costumam
acontecer às quedas acidentais. Daí a necessidade de redobrar a vigilância, NÃO
deixando o paciente sozinho em nenhum momento, até que seja transportado para a
recuperação pós-anestésica.

18 PROCEDIMENTOS NA PARAMENTAÇÃO PARA A CIRURGIA

A paramentação da equipe cirúrgica exige a realização de procedimentos


específicos, executados em passos padronizados e com observação rigorosa dos
princípios científicos. Estes procedimentos são: degermação das mãos, vestir
avental e opa esterilizados, e calçar luvas esterilizadas.

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180
18.1 DEGERMAÇÃO DAS MÃOS E ANTEBRAÇOS

Este procedimento se justifica porque a pele, normalmente, é habitada por


duas populações bacterianas, ou seja, a flora residente e a transitória. A flora
residente é constituída por micro-organismos capazes de sobreviverem e se
multiplicarem na superfície cutânea e folículos pilosos, sendo, portanto de difícil
remoção. Os estafilococos I coagulase negativa, corynebactéria (difteroides e
corniformes), acinetobactéria e outros são micro-organismos comumente
encontrados na flora residente.
A transitória, também conhecida como flora de contaminação, é composta
por micro-organismos diversos e de virulência variadas. Estes micro-organismos
nem sempre estão presentes na superfície da pele da maioria das pessoas e são
removidos mais facilmente. Algumas bactérias Gram-negativas (como, por exemplo,
E. Coli) têm condições mínimas de sobrevivência sobre a pele.
A degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica deve promover a
eliminação da flora transitória e redução da flora residente e, ainda, o retardamento
da recolonização da flora residente pelo efeito residual. Sabe-se que, após a
realização de tal procedimento, estes micro-organismos multiplicando-se
rapidamente sob as luvas cirúrgicas e podem ser agentes de infecção da ferida
operatória, no caso de estas sofrerem microperfurações.

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181
FIGURA 15 - LAVAGEM DAS MÃOS

FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_Mz82Dvgeu0I/S66-


vWRUnDI/AAAAAAAAAh8/sdQoHHFo9cs/s640/lavagem-das-maos.jpg>. Acesso em: 13 set. 2013.

Para uma lavagem adequada das mãos deve-se, após molhá-las e colocar o
sabão, fazer os seguintes movimentos: friccionar palma contra palma (figura 1),
palma direita sobre o dorso da mão esquerda, com os dedos entremeados (figura 2)
e vice-versa, palma contra palma, friccionando a região interdigital com os dedos
entremeados (figura 3), dedos semifechados em gancho da mão esquerda contra a
mão direita (figura 4) e vice-versa, movimento circular do polegar direito (figura 5) e
esquerdo, movimento circular para frente e para trás com os dedos fechados da mão
direita sobre a palma da mão esquerda (figura 6) e vice-versa.
O processo de fricção repetida deve ser realizado com as mãos e os
antebraços voltados para baixo, evitando-se que o sabão e a água, já sujos,
retornem às áreas limpas. Cinco fricções de cada tipo são suficientes para remover
mecanicamente os microrganismos. Após esse processo, as mãos não devem ser

AN02FREV001/REV 4.0

182
enxaguadas em água corrente, mas sim posicionadas sob a torneira com os dedos
voltados para cima, de modo que a água escorra das mãos para os punhos.
Após a lavagem, mantendo os dedos voltados para cima, secar as mãos
com papel-toalha descartável, começando pelas mãos e, depois, os antebraços.
O uso de sabão é suficiente para a lavagem rotineira das mãos.
Em situações especiais, como surtos de infecção ou isolamento de
microrganismo multirresistente, seguir as orientações do setor responsável pela
prevenção e controle de infecção hospitalar.

18.2 A ESCOVAÇÃO DAS MÃOS E ANTEBRAÇOS

Antes de iniciar o procedimento de escovação das mãos e antebraços, é


fundamental que o componente da equipe cirúrgica obedeça a alguns requisitos,
quais sejam: estar devidamente uniformizado, de acordo com as normas de Centro
Cirúrgico; ter as unhas aparadas e sem esmalte; retirar relógio e joias, inclusive
aliança. A seguir, abrir a torneira, regulando a temperatura da água e lavar as mãos,
antebraços e cotovelos com água corrente e solução degermante, enxaguando-as
antes de iniciar a escovação; retirar a escova esterilizada do suporte e segurá-la por
uma das extremidades e, a seguir, embeber as cerdas com solução degermante;
- iniciar a escovação por uma das mãos, unindo as pontas dos dedos e
escovando as unhas e leitos ungueais em movimentos de vaivém.
A escovação das mãos pode ser padronizada pelo tempo, em minutos, ou
pelo método de contagem do número de movimentos. Em relação ao tempo,
estudos europeus relatavam a variação do tempo entre 2 e 6 minutos, chegando à
conclusão de que, com a utilização de determinados produtos, a escovação das
mãos por 3 a 4 minutos é tão eficiente quanto a escovação por 5 minutos.
Em relação ao número de fricções, GElli; CONSUL(1992) armam, com base
em pesquisa feita, que o procedimento para degermação das mãos, antes da
cirurgia, realizando a técnica com o antisséptico detergente preconizado pelo
Ministério da Saúde, “pode ser desenvolvida com 5, 10 ou 15 fricções com 95% de
segurança";

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183
- escovar a palma da mão, começando pela face lateral do dedo mínimo, os
demais dedos e espaços interdigitais, desde as pontas dos dedos até a região do
pulso;
- virar a palma da mão para baixo e continuar a escovação da região dorsal,
mantendo os dedos afastados e começando pela face lateral externa do polegar;
- escovar, a seguir, as regiões anterior, laterais e posterior do antebraço com
movimentos amplos do pulso ao cotovelo;
- passar para o cotovelo, escovando-o com movimentos circulares;
- lavar a escova, conservando-a em posição vertical; a seguir, passá-la para
a outra mão, segurando-a pela extremidade oposta àquela que segurava
anteriormente;
- embeber as cerdas na solução degermante e proceder à escovação da
outra mão;
- ao terminar a escovação, enxaguar as mãos separadamente, de modo que
a água escorra dos dedos para o cotovelo;
- manter as mãos e antebraços em posição vertical, acima da cintura e
dirigir-se à sala de cirurgia;
- enxugar as mãos, antebraços e, por último, os cotovelos com compressa
esterilizada;
- desprezar a compressa em local apropriado, de modo a não se misturar
com aquelas utilizadas no campo cirúrgico.

Considerando que a escovação das mãos e antebraços é um procedimento


que exige movimentos repetitivos de vaivém sobre a pele, a qualidade das escovas
é um aspecto importante a ser avaliado pelo enfermeiro na aquisição deste tipo de
material. Sendo assim, deve-se dar preferência às escovas de cerdas macias.

18.3 AVENTAL ESTERILIZADO

Para vestir o avental esterilizado, a equipe de cirurgia necessita da ajuda do


circulante de sala, por isso este profissional deve estar capacitado para

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184
desempenhar esta função. As medidas de assepsia cirúrgica relacionadas ao
manuseio dos aventais esterilizados são fundamentais como prevenção da infecção
da ferida operatória.
Ao vestir o avental, os componentes da equipe cirúrgica devem:
- segurá-lo com as pontas dos dedos pelas dobras do decote, elevá-lo do
campo esterilizado e trazê-lo para fora da mesa;
- abri-lo com movimentos firmes para que as dobraduras se desfaçam, tendo
o cuidado de não o esbarrar em superfícies não estéreis ou em pessoas da sala;
- segurá-lo pela parte interna do ombro, afastando do corpo e, com ligeiro
movimento para cima, introduzir, ao mesmo tempo, os dois braços nas mangas,
conservando-as em extensão para cima;
- colocar-se de costas para o circulante de sala e solicitar-lhe ajuda para
acertar as mangas. Desta feita, o circulante introduz as mãos nas mangas pela parte
interna do avental, puxando-as até que os punhos cheguem à região dos pulsos;
- permanecer de costas ao circulante, para que este amarre as tiras ou fitas
do decote do avental;
- distanciar da cintura os cintos, para que o circulante possa pegá-los e
amarrá-los.

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185
FIGURA 16 – AVENTAL ESTERILIZADO

FONTE: Disponível em: <http://coral.ufsm.br/tielletcab/HVfwork/img/avental6.jpg>. Acesso em: 13 set.


2013.

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186
FIGURA 17 – VESTINDO AVENTAL ESTERILIZADO

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfjwIAE/apostila-treinamento-arame-


pronta?part=2>. Acesso em: 13 set. 2013.

18.4 OPA ESTERILIZADA

A opa é uma peça que faz parte da indumentária de paramentação cirúrgica.


Sua finalidade é cobrir a parte posterior do avental esterilizado em uso pelo cirurgião
e assistentes, em cirurgias de grande porte.
Para vesti-la, o cirurgião deve:
- pegar as alças superiores da opa com as mãos enluvadas, trazendo-a para
fora da mesa, abri-la com movimentos firmes e suaves, tomando cuidado para não
contaminá-la;
- apresentar para o circulante de sala a face externa da opa, a fim de que
este possa segurá-la pelas pontas superiores com o auxílio de pinças;
- virar-se de costas para o circulante de sala e introduzir os braços nas alças
da opa; a seguir, puxar para frente os cintos e amarrá-los.

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187
Atualmente, já se encontra comercializado o avental-opa que, por constituir
uma única peça, toma mais prático o uso.

18.5 LUVAS ESTERILIZADAS

É da responsabilidade do circulante prover a sala cirúrgica de embalagens


de luvas de diferentes tamanhos, para não prejudicar o desenvolvimento do ato
operatório. Deve estar, ainda, atento para o momento exato de abri-las e oferecê-
las, diretamente, aos componentes da equipe cirúrgica, ou depositá-las sobre o
campo esterilizado da mesa de roupas.

Ao calçar as luvas, o usuário deve:


- abrir o invólucro de papel que as protege e expô-las, de modo que os
punhos fiquem voltados para si;
- calçar a luva E (esquerda), segurando-a pela dobra do punho com a mão D
(direita); introduzir os dedos da mão E enluvada sob a dobra do punho da luva D e
calçá-la, desfazendo a seguir esta dobra até cobrir o punho da manga do avental;
- colocar os dedos da mão D enluvada na dobra do punho da luva E,
repetindo o procedimento descrito acima.
Outro modo de realizar este procedimento consiste em:
- segurar o par de luvas pelas dobras dos punhos e calçar a mão D;
- introduzir a mão D enluvada sob a dobra do punho da luva E e calçar a
mão E;
- desfazer as dobras dos punhos das luvas, conforme descrito acima.

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188
FIGURA 18 – TÉCNICA DE CALÇAR LUVA ESTÉRIL

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfjwIAE/apostila-treinamento-arame-


pronta?part=2>. Acesso em: 13 set. 2013.

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189
FIGURA 19 – TÉCNICA DE CALÇAR LUVA ESTÉRIL

FONTE: Disponível em: <https://lh4.googleusercontent.com/-


hWMzaEGYHow/TYaZ8zvChmI/AAAAAAAAANM/SrbZ5o7Bruk/s640/%25281%2529+TE+Luvas+Est
%25C3%25A9reis.jpg>. Acesso em: 13 set. 2013.

Na realização dos diversos procedimentos do Centro Cirúrgico, a equipe de


enfermagem deve priorizar a segurança do paciente e de todo o pessoal, bem como
a assistência a ser prestada, desde a visita pré-operatória até a transferência do
paciente para a Unidade de internação.

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190
19 PREPARO DA UNIDADE DO PACIENTE

No preparo da cama, o profissional deve organizar o trabalho de forma a


evitar problemas posturais e desperdício de energia. Portanto, deve providenciar
todo o material necessário antes de iniciar sua tarefa; dobrar a roupa de cama de
maneira funcional, na ordem de instalação; soltar, primeiramente, todo o lençol da
cama e, em seguida, preparar todo um lado da cama e depois o outro.
Observar a reorganização da unidade ao término da arrumação, visando não
disseminar microrganismos, lavar sempre as mãos antes e após a realização do
procedimento, jamais colocar a roupa limpa sobre o leito de outro paciente e evitar o
manuseio excessivo da roupa - como esticar o lençol, alisando-o com as mãos e o
seu contato com seu próprio uniforme profissional ou o chão.
Se a cama estiver destinada ao recebimento de paciente operado, a
arrumação dos lençóis deve ser feita de modo a facilitar o acolhimento, aquecimento
e a higiene do mesmo. A cama de operado é preparada para receber paciente
operado ou submetido a procedimentos diagnósticos ou terapêuticos sob narcose.
É importante ressaltar que um leito confortável, devidamente preparado e
biologicamente seguro, favorece o repouso e sono adequado ao paciente.

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FIGURA 20 – PREPARO DA CAMA

FONTE: Disponível em: <http://www.soenfermagem.net/tecnicas/arrumacao.html>. Acesso em: 13


set. 2013.

Para evitar futuros problemas posturais, o profissional deve realizar os


movimentos respeitando os princípios da ergonomia, principalmente ao cuidar de
pacientes acamados.
Nesses cuidados é muito comum ocorrer levantamento de peso excessivo,
incorreto ou repetitivo, o que, com o tempo, pode vir a prejudicar a coluna. Assim, ao
executar atividades que requeiram esse tipo de esforço, o profissional deve solicitar
o auxílio de um colega, planejar estratégias que favoreçam a tarefa e, ao fazê-la,
manter as costas sempre eretas e os joelhos flexionados.
Ao deslocar o paciente de posição, deve cuidar para evitar trauma(s) - por
compressão - de alguma parte do corpo do mesmo, pois podem formar úlceras de
pressão; além disso, atentar para não tracionar as sondas, cateteres e tubos, que
podem desconectar-se com movimentos bruscos ou mesmo lesar o local onde estão
instaladas.

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192
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDER, J.C. Cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico. 10. ed. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

POSSARI, J. F.Assistência de Enfermagem na Recuperação Pós-Anestésica.1


ed. São Paulo: Iátria, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Orientações


gerais para central de esterilização. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 56 p. ilus.

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FIM DO CURSO!

AN02FREV001/REV 4.0

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