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TEMA O sonho da “redação ligeira” nota 1000 no Enem

Inicialmente, leia o que escuto há mais de uma década sobre redação para o Enem:

“Ain, DP, a redação toma muito do meu tempo de prova, eu preciso escrever mais rápido!”

“Eu sei o que dizer, meu problema é colocar no papel, em pouco tempo, sem errar!”

Vamos começar esse Desafio de três dias.

CRENÇAS PREJUDICAIS À REDAÇÃO LIGEIRA NOTA 1000:

“Preciso fazer a melhor redação da minha vida”.


“Vou fazer a melhor redação da minha vida”.

Não precisa, nem vai. Mas não vai mesmo! A melhor redação da vida provavelmente foi feita em casa, com
pesquisa, sem tempo cronometrado, sobre um tema confortável, com a chance de amassar o rascunho e
começar de novo. Não no dia do Enem, sob pressão, tendo ainda a prova de Humanas e a de Linguagens para
fazer! Esquece esse negócio de redação perfeitinha para tirar 1000!

Vamos falar mais desse 1000 que você deseja tanto conquistar.

Seguem alguns dados importantes para você que quer tirar 1000 conhecer:

Enem 2020: 28 redações nota mil => mais de 2,7 milhões de participantes
Enem 2019: 53 redações nota mil => mais de 3,9 milhões de participantes
Enem 2018: 55 redações nota mil => mais de 4 milhões de participantes
Enem 2017: 53 redações nota mil => mais de 4,7 milhões de participantes
Enem 2016: 77 redações nota mil => mais de 6,3 milhões de participantes
Enem 2015: 104 redações nota mil => mais de 5,7 milhões de participantes
Enem 2014: 250 redações nota mil => mais de 6,1 milhões de participantes

Eu sei do que estou falando. Não vim me lançar na internet como aventureiro, “franco-atirador”. NÃO SOU
APENAS MAIS UM “PRODUTOR DE CONTEÚDO DIGITAL”.

Comigo, já são 34 alunos com 1000, várias centenas com 980 ou “mil quebrado” e mais de 5.000 com 900+.
Neste atual modelo, tive 8 alunos com 1000 no Enem em uma mesma edição. Ninguém fez nada parecido no
Brasil neste modelo de Enem. No antigo, já tive 12 alunos com 1000 na mesma edição, em 2013.
TEMA O sonho da “redação ligeira” nota 1000 no Enem

No entanto, o meu papel não é prometer 1000 a você. NUNCA ACREDITE EM QUEM FAZ ISSO. É CHARLATANISMO
PURO.
Quem fez meu curso presencial sabe que, apesar de ter muita intimidade com a preparação de alunos que
tiraram essa nota no Enem, eu não prometo 1000 a você. Agora é o seguinte: EU DEIXO VOCÊ EM CONDIÇÃO DE
TIRAR 1000. ISSO EU GARANTO. E provo com os números acima.

Você quer ser realista para tirar esse 1000?! Vamos lá.

Nem sempre, o aluno nota 1000 é aquele em que se depositam as expectativas. Às vezes, estudantes passam
o pré-vestibular agradando ao ego de corretores que os treinam, escrevendo textos densos, mirabolantes,
achando que estão arrasando. Aí acontece todo ano de outros candidatos chegarem, sem “o peso da camisa”,
e fazerem o tal do 1000 com uma redação NORMAL. Eficaz, metodológica e NORMAL.

Parta sempre do princípio de que você vai fazer O QUE DÁ! Aí vem o grande detalhe: o que dá pode ser muito
bem treinado! O esquema dissertativo insinuado pela Cartilha do Participante do Enem é muito PREVISÍVEL!
Jogue o jogo e use isso a seu favor: diga o que o histórico das correções indica que querem ler!

Bora! É método que você quer?! Pois toma, jogadora; vamos, jogador!

UMA AMOSTRA DA METODOLOGIA DISSERTATIVA DO DP:

ASPECTOS PRIMORDIAIS:

Redação Enem:

Temas dissertativos de caráter social, político, cultural ou ambiental para que o concludente do ensino médio
estabeleça uma tese, sustente essa premissa com argumentos e repertório interdisciplinar e ofereça uma
proposta de intervenção norteada pelos Direitos Humanos.

Lógica do texto: o “raciocínio cooperativo”:

• Cooperação / associação / interação / comprometimento / engajamento entre poder público e


sociedade civil (às vezes representados por um segmento específico da administração pública ou da
sociedade) para resolver ou mitigar conflitos.
• Se há um problema, ALGUÉM foi negligente, atuou de modo ineficaz, insatisfatório; não investiu
suficientemente em algo; não se comprometeu de modo substancial para a formação de uma cultura
/ paradigma cultural / mentalidade capaz de enfrentar determinado problema.
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ALGUÉM?
• Administração pública / poder público / Estado / Governo...
• Sociedade civil: núcleos familiares, instituições de ensino (escolas ou universidades), setores da
imprensa, ONGs, os cidadãos em geral.
• Justamente desse entendimento básico, dessa pressuposição de que há problema(s) e de que algo
precisa ser feito para resolvê-lo ou, pelo menos, amenizá-lo, surgem as teses de opinião contundente
(utilizadas para temas polêmicos, de “sim” ou “não”); culpabilidade (responsabilização de pilares
sociais /definição de causas) ou sugestão antecipada (topicalização interventiva).

PROJETO DE TEXTO:

Introdução básica:

Comando da proposta INTEIRO diluído com palavras-chave ou paráfrase (reescrita com outras palavras);
Estratégia introdutória: afirmação sobre o tema, perguntas retóricas, contraste de ideias;
Tese.

Introdução com repertório (que será retomado em pelo menos mais outro parágrafo do texto, de
preferência já no desenvolvimento):

Comando da proposta INTEIRO diluído com palavras-chave ou paráfrase (reescrita com outras palavras)
dentro de uma referência histórica, literária, filosófica, sociológica, estatística, dentre outras;
Tese.

Desenvolvimento (geralmente dois parágrafos): Por que eu escolhi a tese que acabei de citar?
Credibilizar a tese; justificar o porquê da opinião favorável ou contrária que você acabou de manifestar
na introdução; o porquê da culpa que você acabou de atribuir a normalmente a dois pilares sociais ou o
porquê de ter acabado de dizer que normalmente dois segmentos precisam atuar diferentemente de como
atuam para resolver ou mitigar um problema.
Argumentação / defesa de ponto de vista;
Repertório ilustrativo: precisa ser legítimo (verdadeiro, comprovável), pertinente ao que se estabelece
no comando da proposta e será considerado produtivo se for mobilizado para LEGITIMAR, COMPROVAR,
EXEMPLIFICAR, JUSTIFICAR informações ou argumentos com base em informações históricas, sociológicas,
filosóficas, jurídicas, estatísticas, jornalísticas, científicas, literárias.
TEMA O sonho da “redação ligeira” nota 1000 no Enem

CONCLUSÃO:

Elementos fundamentais:
1. Agente interventivo: Quem?
2. Ação: O que fazer?
3. Meio/Modo: Como fazer? Por meio de que medidas?
4. Detalhamento (explicação / especificação / exemplificação / orações adjetivas / adjuntos
adverbiais de assunto, de modo / um desdobramento do efeito)
5. Finalidade / Implicações / Efeito / Intuito / Objetivo

Exercício 1:

SIGA O RASTRO DO 1000 com o DP:

As introduções a seguir foram feitas por alunas do DP que tiraram 1000 no Enem.

Analise-as, com o auxílio do DP, e faça anotações se achar necessário:

• Introdução 1000 sem repertório: NÃO É NECESSÁRIO REPERTÓRIO NA INTRODUÇÃO PARA A NOTA 1000!

ENEM 2019: DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CINEMA NO BRASIL

JÚLIA FERNANDES CRUZ


No atual contexto sociocultural brasileiro, observa-se que o hábito de frequentar o cinema ainda é algo,
muitas vezes, restrito à parcela economicamente favorecida da sociedade, haja vista que os valores
cobrados para o acesso ao universo cinematográfico não condizem com a realidade financeira da maioria da
população. Esse cenário desafiador evidencia a necessidade de ações mais expressivas do poder público e
dos núcleos educacionais com o fito de possibilitar a democratização dessa atividade cultural.
TEMA O sonho da “redação ligeira” nota 1000 no Enem

ENEM 2017: DESAFIOS PARA FORMAÇÃO EDUCACIONAL DE SURDOS NO BRASIL

LORENA MAGALHÃES DE MACEDO


No convívio social brasileiro, parte considerável da população apresenta alguma deficiência. Nessa
conjuntura, grande parcela dos surdos, em especial, não tem acesso a uma educação de qualidade, o que
fomenta maior empenho do Poder Público e da sociedade civil, com o fito de superar os desafios para a
efetiva inclusão desses indivíduos no sistema educacional.

• Introdução 1000 com repertório constitucional: E VOCÊ ACREDITANDO QUANDO DIZEM: “Ain, não use a
Constituição de 1988, é muito clichê!”

ENEM 2019: DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CINEMA NO BRASIL

NAYRA DELANY DE AMORIM ALVES


No Brasil, apesar de a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 215, garantir o acesso à cultura a todos os
brasileiros, nota-se que muitos cidadãos não usufruem dessa prerrogativa, tendo em vista que uma grande
parcela social não tem acesso ao cinema. Dessa forma, esse cenário comprometedor exige ações mais
eficazes do poder público e das instituições de ensino, a fim de assegurar a igualdade de acesso ao universo
cinematográfico.
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• Introdução 1000 com repertório inusitado:

ENEM 2017: DESAFIOS PARA FORMAÇÃO EDUCACIONAL DE SURDOS NO BRASIL

MARIA JULIANA BEZERRA COSTA


Em razão de seu caráter excessivamente militarizado, a sociedade que constituía a cidade de Esparta,
na Grécia Antiga, mostrou-se extremamente intolerante com deficiências corpóreas ao longo da história,
tornando constante inclusive o assassinato de bebês que as apresentassem, por exemplo. Passados mais
de dois mil anos dessa prática tenebrosa, ainda é deploravelmente perceptível, sobretudo em países
subdesenvolvidos como o Brasil, a existência de atos preconceituosos perpetrados contra essa parcela
da sociedade, que são o motivo primordial para que se perpetue como difícil a escolarização plena de
deficientes auditivos. Esse panorama nefasto suscita ações mais efetivas tanto do Poder Público quanto
das instituições formadoras de opinião, com o escopo de mitigar os diversos empecilhos postos frente à
educação dessa parcela social.

Diego Pereira Alves é graduado e licenciado em Letras – Português e Literatura pela Unifor/UECE. Cursou
Direito na Universidade Federal do Ceará (UFC). Desde 2002, atua ativamente no magistério, dedicando-se
às disciplinas de Redação para Enem e para outros processos seletivos e de Gramática para vestibulares e
concursos públicos. No âmbito do Ensino Médio, leciona há mais de 15 anos e ministra no Percurso – Espaço
Interdisciplinar um concorrido Curso de Redação, que obtém notáveis resultados no tocante à Redação para
o Enem e para as universidades particulares. Já no ambiente do Ensino Superior, atua como professor em
cursos de Direito e até de Medicina, desenvolvendo minicursos suplementares de Português Jurídico ou
Instrumental para alunos de variados períodos acadêmicos. É autor do livro “Curso de Redação para Enem
e Particulares” (TPL, 2021, 8ª edição), bem como da coleção “Redação Enem: Chego Junto, Chego a 1000”,
publicada pela Fundação Demócrito Rocha em 2017, 2ª Edição.

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