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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL


SENAI MODATEC

ESTER HADASSA DE SOUZA FERREIRA


JÚLIA NIZ SILVA SANTOS
LAURA LUIZA GOMES
MARIA ÂNGELA PEREIRA DA SILVA
MARIA EDUARDA DOS SANTOS DA SILVA
RAFAELA NASCIMENTO SOUZA

POVOS ORIGINÁRIOS E ANCESTRALIDADE:


Símbolos adinkra e seus significados

Belo Horizonte
2023
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ESTER HADASSA DE SOUZA FERREIRA


JÚLIA NIZ SILVA SANTOS
LAURA LUIZA GOMES
MARIA ÂNGELA PEREIRA DA SILVA
MARIA EDUARDA DOS SANTOS DA SILVA
RAFAELA NASCIMENTO SOUZA

POVOS ORIGINÁRIOS E ANCESTRALIDADE:


Símbolos adinkra e seus significados

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito para a obtenção de técnico
do curso de Modelagem do Vestuário-
SENAI HORTO- Belo Horizonte - MG

Orientador: Ângelo Gabriel N. de Oliveira

Belo Horizonte
2023
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RESUMO

Esta tese visa compreender e demonstrar as possibilidades de interpretações em


questões de releitura cultural da moda brasileira para a africana, que se fazem
possíveis por meio de um estudo sobre os povos ancestrais e sua tradição. É
abordado como os símbolos do povo nativo e em específico o povo Akan, tem
influência em questões econômicas, políticas, culturais e locais ademais os símbolos
adinkras e a historicidade por trás de cada um deles, usando do tema proposto para
se fazer possível uma releitura em termos de utilização desses símbolos, tornando-
os mais modernos, mas sem perder a conectividade cultural e os significados que
cada um traz em si, podendo assim, conectar a juventude atual à sua descendência,
para fazer com que a população, em geral, tenha uma mudança de pensamento
sobre seu envolvimento na história e em sua percepção sobre si próprio e sobre o
outro.

Palavras-chave: Adinkra; África; Akan; Alfaiataria; Colonização; Estamparia; Moda;


Povos; Símbolos;
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ABSTRACT

This thesis aims to understand and demonstrate the possibilities of interpretations in


cultural reinterpretation of Brazilian fashion for African fashion, made possible
through a study of ancestral peoples and their traditions. It discusses how symbols of
native peoples, particularly the Akan people, influence economic, political, cultural,
and local issues, including the adinkra symbols and the historicity behind each one.
Using the proposed theme, this thesis explores a reinterpretation in terms of the use
of these symbols, making them more modern while preserving their cultural
connectivity and the meanings that each one brings. This way, it can connect
present-day youth with their ancestry, enabling the population as a whole to have a
shift in thinking about their involvement in history and their perception of themselves
and others.

Keywords: Adinkra; Africa; Akan; Tailoring; Colonization; Printing; Fashion; Peoples;


Symbols.
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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Representação dos alfaiates 11

Figura 2 - Aplicação de estampa por meio da serigrafia 16

Figura 03 - Aplicação Impressão digital 16

Figura 04 - Técnica de Sublimação 17

Figura 05 - Técnica de Devore 18

Figura 06 - Representação dos carimbos 22

Figura 07 - Representação da aplicação do carimbo no tecido 22

Figura 08 - Tecidos com símbolos adinkra 23

Figura 09 - Carimbos com símbolos adinkra 23

Figura 10 - Símbolos Sankofa. 27

Figura 11 - Símbolo “Nea onnim não a sua ohu” 27

Figura 12 - Símbolo “Gye Nyame” 28

Figura 17 - Símbolo “Aya” 28


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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
2. A MODA CONTEMPORÂNEA NO MERCADO BRASILEIRO
3. DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A MODA NO BRASIL
4. ALFAIATARIA E SUA IMPORTÂNCIA NA MODA CONTEMPORÂNEA
5. A MODA CONTEMPORÂNEA NOS GUARDA-ROUPAS E SUAS DEMANDAS
6. CONTEXTO DA ÁFRICA OCIDENTAL
7. TÉCNICAS DE ESTAMPARIA CONTEMPORÂNEAS
7.1. Serigrafia
7.2. Impressão digital têxtil
7.3. Sublimações
8. POVOS ADINKRA E SUAS TÉCNICAS DE PINTURA
9. TERRITÓRIO AFRICANO, COLONIZAÇÃO E IMPACTOS
10. POVO AKAN E SUA CULTURA
10.1. Panos Adinkra
11. ESCRITA E ORALIDADE DAS SOCIEDADES AFRICANAS
12. SÍMBOLOS ADINKRA E SEUS SIGNIFICADOS
12.1. Sankofa
12.2. Nea onnim não a sua ohu
12.3. Gye Nyame
12.4. Aya
13. CONCLUSÃO
14. REFERÊNCIAS
APÊNDICE A – Look Sankofa
APÊNDICE B – Look Gye Nyame
APÊNDICE C – Look Aya
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1. INTRODUÇÃO

Se tratando da África, seus povos originários e suas respectivas culturas,


trazemos para dentro do mundo da moda o tema Símbolos Adinkra e seus
significados. Abordamos a região onde se encontram os povos. O impacto da
colonização a eles e suas culturas e como resistiram a essa colonização. Suas
tradições com as vestimentas, características, cores e símbolos. A diferença na
forma de comunicação desses povos e como a escrita e a simbologia das imagens
são importantes para eles tanto quanto a oralidade. Tudo isso com a definição e
exemplificação de técnicas de estamparia e significado das figuras.
A pesquisa foi realizada visando trazer o conhecimento sobre os símbolos e
suas origens, a fim de mostrar a divergência cultural e como podemos compartilhar
elementos comuns em ambas culturas de modos diferentes. Mostrar também como
a ancestralidade está presente nessas culturas e como tem impacto no modo que
vivem hoje em dia.
Para conseguir construir um bom trabalho pesquisamos sobre a modelagem,
mercado financeiro, estamparia, contexto e Adinkra com esses temas em mente
buscamos trazer informações necessárias para o trabalho de conclusão de curso.

2. A MODA CONTEMPORÂNEA NO MERCADO BRASILEIRO

A moda é uma das indústrias mais influentes e importantes do mundo. Ela


tem o poder de ditar tendências, moldar identidades e definir estilos. No Brasil, a
moda feminina e masculina têm sido cada vez mais valorizadas e acompanhadas de
perto pelos consumidores, impulsionando o crescimento da indústria têxtil e do
vestuário no país.
Segundo o estilista Alexandre Herchcovitch, "a moda brasileira tem um DNA
muito próprio, com uma mistura de cores, texturas e estampas que é única no
mundo" (HERCHCOVITCH, 2019).Um dos fatores que contribui para a aceitabilidade
da moda contemporânea no Brasil é a diversidade cultural do país, o que resulta em
uma mistura de influências e estilos. Além disso, a moda brasileira tem sido cada
vez mais valorizada internacionalmente, graças a estilistas e marcas que têm se
destacado no mercado global.
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Começando pela moda feminina, uma das principais tendências é a


valorização da diversidade corporal e da inclusão, com uma variedade de estilos que
vão desde o clássico ao moderno, passando pelo minimalismo e pelo maximalista. A
moda plus size, por exemplo, tem ganhado cada vez mais espaço e
representatividade, com marcas e estilistas criando peças que atendam a esse
público.
Outra tendência em alta é o uso de tecidos naturais e sustentáveis, como
algodão orgânico e linho, que garantem uma moda mais consciente e menos
prejudicial ao meio ambiente (BONOMETTI, 2020). Marcas como a Farm, por
exemplo, lançaram coleções feitas com materiais sustentáveis, como algodão
orgânico e tecidos reciclados.
De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), a moda feminina é responsável por cerca de 35% do faturamento do
setor têxtil e do vestuário no Brasil. Além disso, o país é o terceiro maior mercado
consumidor de moda feminina do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da
China.
Já na moda masculina, temos visto uma valorização cada vez maior dos
estilos mais despojados e casuais, que privilegiam o conforto e a praticidade. Marcas
como a Reserva e a John John têm apostado em peças como camisetas, bermudas
e calças jogger, que combinam uma estética descolada com a versatilidade do
casual wear (VEJA, 2021). Além disso, a moda masculina também tem abraçado a
moda sustentável, a marca brasileira Osklen, por exemplo, é conhecida por suas
coleções eco-friendly, que utilizam tecidos ecológicos como o algodão orgânico e o
linho.
De acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), a moda
masculina representa cerca de 20% do mercado têxtil e do vestuário no Brasil. O
país é o quarto maior mercado consumidor de moda masculina do mundo, atrás dos
Estados Unidos, China e Japão.
Essas são apenas algumas das tendências que têm moldado a moda
contemporânea feminina e masculina no mercado brasileiro. Como podemos
perceber, a moda brasileira tem uma identidade própria, que se traduz em uma
moda criativa, diversa e consciente. Segundo o estilista Dudu Bertholini, "a moda
brasileira tem tudo para ser uma referência no mundo, porque é uma moda que tem
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muita personalidade e que se preocupa com a sustentabilidade e a diversidade"


(BERTHOLINI, 2021).

3. DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A MODA NO BRASIL

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB


(Produto Interno Bruto) da indústria têxtil e do vestuário no Brasil cresceu 4,6% em
2020, mesmo em meio à pandemia de Covid-19. Isso mostra a força e a resiliência
do setor, que tem sido capaz de se adaptar às mudanças no mercado e às novas
demandas dos consumidores.
No Brasil, a indústria da moda tem um papel importante na economia do país.
Segundo os dados do IBGE, o setor têxtil e de confecções representava cerca de
5,8% do PIB brasileiro em 2019. Em termos de consumo, o mercado de moda no
Brasil movimentou cerca de R$ 216,2 bilhões em 2019, segundo a Abit.
No que diz respeito à moda feminina e masculina, dados estatísticos mostram
que há uma diferença significativa entre o mercado das duas categorias. Segundo o
estudo "Perfil do Consumidor de Moda no Brasil", realizado pela Socialbakers em
2021, o público feminino é o que mais consome moda, com 72% das mulheres
afirmando que compram roupas com frequência, enquanto entre os homens esse
número é de apenas 56%. Além disso, as mulheres também costumam gastar mais
dinheiro com moda do que os homens. No entanto, os homens também estão se
tornando cada vez mais preocupados com a moda e o estilo, o que tem levado a um
aumento na demanda por roupas masculinas de alta qualidade e design sofisticado.
Além disso, é importante destacar que a moda contemporânea não está mais
apenas nas passarelas ou nas mãos dos grandes designers. As mídias sociais,
como Instagram e TikTok, têm um papel importante na disseminação das tendências
de moda e na promoção de novos estilos e marcas. Com a facilidade de acesso à
internet e às redes sociais, as pessoas estão se tornando cada vez mais informadas
sobre moda e estilo, o que tem levado a uma maior diversificação no mercado de
moda contemporânea.
A moda contemporânea tem se desenvolvido de forma acelerada, trazendo
uma grande diversidade de estilos, modelos e tendências para o público masculino e
feminino. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae (2019), o mercado de moda no
Brasil tem apresentado um crescimento constante e expressivo, movimentando
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cerca de R$ 340 bilhões ao ano, o que representa aproximadamente 5,5% do PIB


brasileiro.
No que se refere ao público feminino, a moda contemporânea tem
apresentado diversas influências, desde as décadas passadas até as tendências
mais recentes. Segundo pesquisa realizada pela Euromonitor International (2019),
as mulheres brasileiras investem cerca de 50% do seu orçamento em roupas, o que
evidencia o grande impacto que a moda feminina tem no mercado nacional.
Um dos estilos mais populares no mundo da moda feminina contemporânea é
o estilo boho, que mistura elementos de diferentes épocas e culturas em um visual
despojado e romântico. De acordo com a Vogue Brasil (2021), o estilo boho tem
ganhado cada vez mais espaço entre as mulheres brasileiras, sendo uma das
tendências mais procuradas no mercado.
Já no mercado masculino, a moda contemporânea tem se desenvolvido em
direção a um estilo mais casual e confortável, com destaque para o uso de tecidos
leves e naturais. Segundo pesquisa realizada pela Ebit|Nielsen (2020), o consumo
de moda masculina no Brasil cresceu cerca de 27% em relação ao ano anterior,
mostrando que o mercado está em constante expansão.
Entre as tendências mais populares na moda masculina contemporânea,
destacam-se os tênis casuais, que ganharam espaço no guarda-roupa masculino
como uma opção mais confortável e versátil para o dia a dia. De acordo com o site
Exame (2021), o mercado de tênis no Brasil tem crescido cerca de 13% ao ano, o
que evidencia a importância desse item no mercado da moda masculina
contemporânea.
Em resumo, a moda contemporânea tem apresentado uma grande variedade
de estilos e tendências tanto para o público feminino quanto para o masculino. Com
o crescimento do mercado da moda no Brasil e a constante evolução das
tendências, é importante que as marcas e empresas do setor estejam atentas às
mudanças e às necessidades do público consumidor, buscando sempre oferecer
produtos de qualidade e que atendam às demandas do mercado.
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4. ALFAIATARIA E SUA IMPORTÂNCIA NA MODA CONTEMPORÂNEA

Segundo Pollini (2018) e Bortolon (2018), no livro “Breve história da moda”,


no início a moda era a representação de aspectos sociais e econômicos, porém com
o decorrer do tempo foi se tornando uma nova forma de se expressar o
individualismo de cada um para o mundo ao mesmo tempo em que se pode revelar
algum tipo de mensagem para quem o vê. É importante dar destaque a forma com a
qual as roupas eram fabricadas. O público masculino tinha roupas elaboradas. Mas
o que diferenciava as roupas femininas e masculinas eram os desenhos, aviamentos
e penteados utilizados, mas a moda feminina começou a ter algumas modificações e
com isso ideias como decotes, cinturas altas e penteados começaram a surgir e
mudar conforme a tendência da época.
Já a história da Alfaiataria começa também tendo como foco o público
masculino, de acordo com o website da loja "Principessa", foi onde peças como
blazers bem marcados, calças sofisticadas e camisas feitas sob medida surgiram,
tendo sido feitas pelos alfaiates, profissionais responsáveis por costurar, modelar e
tirar as medidas para cada roupa, tomando o nome de alfaiataria em homenagem a
esses especialistas. Após alguns anos com a expansão do espaço da mulher em
todos os âmbitos a moda também mudou e a alfaiataria passou a ser produzida para
consumidoras femininas. Sendo assim, existem perguntas fundamentais para saber
como a moda alfaiataria tem existido nos dias de hoje e por quais mudanças passou
até o atual momento.
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4.1. O que é a alfaiataria?

Figura 01: Representação dos alfaiates

Fonte:http://agendaculturaldorecife.blogspot.com/2013/09/alfaiates-e-costureir as-profissao-em.html

A alfaiataria é uma técnica de corte e costura que consiste na confecção de


roupas sob medida, geralmente masculinas, que se destacam pela elegância,
sofisticação e caimento perfeito. É uma tradição que remonta aos séculos XVIII e
XIX, quando a nobreza europeia demandava roupas personalizadas para cada
ocasião.
Os cortes na alfaiataria são feitos de forma minuciosa e precisa, levando em
conta as medidas e proporções do corpo do cliente. São utilizados diversos
instrumentos como tesouras, régua de alfaiate, giz e agulhas especiais para marcar
e cortar os tecidos de forma precisa. As peças são montadas e costuradas com o
objetivo de criar um caimento perfeito, valorizando as formas do corpo e garantindo
o conforto ao vestir.
Entre as peças chaves da alfaiataria masculina, podemos destacar o terno, o
blazer, a calça social e a camisa. O terno é um conjunto de três peças, composto por
paletó, colete e calça, geralmente confeccionado em tecidos nobres como lã fria,
cashmere e seda. O blazer é uma peça mais informal, que pode ser usada em
diversas ocasiões, como um jantar ou uma reunião de negócios. Já a calça social é
uma peça versátil, que pode ser usada tanto com terno quanto com camisa e blazer.
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A camisa social, por sua vez, é a base para compor os demais looks, sendo
confeccionada em tecidos mais leves como algodão, linho ou seda.
Os tecidos mais utilizados na alfaiataria são aqueles de alta qualidade, como
lã fria, cashmere, seda e algodão egípcio. Esses tecidos são escolhidos não só pela
sua durabilidade e resistência, mas também pelo seu caimento e textura únicos, que
valorizam a sofisticação e elegância das peças.
Em resumo, a alfaiataria é uma arte que une precisão, elegância e conforto na
confecção de roupas sob medida. Suas peças chaves como o terno, o blazer, a
calça social e a camisa social, são confeccionadas com tecidos nobres e com cortes
precisos, proporcionando caimento perfeito e elegância para quem as veste.

5. A MODA CONTEMPORÂNEA NOS GUARDA-ROUPAS E SUAS


DEMANDAS

De acordo com o website Senplo (2019), a moda contemporânea é entendida


de diferentes formas dependendo da vivência de cada pessoa, trazendo para o
mundo fashion diversos modelos de modernidade que atraem cada público de forma
única. Mas de que forma esses dois estilos que poderiam ser considerados
conflitantes se fundem e conversam entre si?
"Na segunda metade do século XVIII a aristocracia inglesa reconsiderou a
elegância dando preferência para a simplificação das formas em detrimento do
exibicionismo..." (AUTOR DESCONHECIDO).
Com a necessidade de roupas mais funcionais, a moda, que era alfaiataria e
super estruturada, foi sendo modernizada e recatalogada em um estilo mais casual,
pela necessidade de conforto que sobressaía ao rigor e seriedade nas roupas que
as épocas clássicas tinham como padrão. E com isso, as roupas formais foram
colocadas para ocasiões especiais ou de gala. Famosos como cantores ou atores se
tornaram os grandes catalisadores dessa reforma na moda, e com isso, o que era
considerado uma infração ao código de vestimenta se tornou a nova tendência.
Roupas mais informais e clássicas, monocromáticas, sobreposições, claras e pontos
de cores mais visuais-ponto de foco, em resumo, roupas pensadas em um conforto
sofisticado. São apenas algumas das mudanças que vieram com esse estilo casual
e livre. Ainda assim, com o passar dos anos, a necessidade de mudanças continuou
existindo, no lugar apenas de conforto também surgiu a carência de roupas que
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fossem mais charmosas, mas que tivessem ainda grau de sofisticação e


casualidade, e nos dias atuais, esses tipos de trajes se fundem diariamente para
atender a essas demandas.
A sociedade atual vive em constante movimento, tendo que estar em diversos
lugares e diferentes tipos de situações em apenas um dia, e com isso, roupas que
servem apenas para um propósito não têm a funcionalidade necessária, também se
torna incoerente a ideia de combinar e separar roupas em um estilo de vida onde se
preza pela funcionalidade. Com a ajuda de novas tecnologias e biotecnologias, tem
se tornado possível criar tecidos e modelagens de roupas que funcionem de forma
durável, confortável e funcional, atendendo à demanda da sociedade atual e criando
espaço para possíveis mudanças futuramente.
Dessa forma, o blog de moda Pau a Pique (2022) diz, que a moda
contemporânea visa resolver os problemas têxteis da sociedade moderna atual com
conforto mas também cuidando do desenvolvimento dos shapes, tecidos e beleza
das peças para trazer sofisticação mas de igual modo manter os estilos individuais e
trazer o conforto que tanto era requisitado em outras épocas.

6. CONTEXTO DA ÁFRICA OCIDENTAL

Situada entre o oeste do Saara ao norte e o Atlântico tropical ao sul, a região


apresenta grande diversidade climática, com vegetação que varia entre florestas
tropicais quentes, desertos escaldantes e manguezais úmidos. A linguística é
complexa devido à intensa migração, com a língua resultante sendo uma mistura da
família níger-congo, línguas Nilo-saarianas no leste e línguas afro-asiáticas no norte.
A África Ocidental foi marcada pela ascensão e queda de reinos que se
uniram e se dividiram, formando impérios como os zilches Haúças na savana do
norte da Nigéria, a Confederação Axânti da Costa do Ouro de Gana e os zilches
reinos iorubás do cinturão florestal do oeste da Nigéria. A região se destacou por
seu comércio lucrativo de ouro e escravos, com a costa da Guiné, Costa do Grão,
Costa do Marfim, Costa do Ouro e Costa dos Escravos sendo as principais rotas
comerciais.
Com a diversidade têxtil da região, como a tecelagem, pintura e tradições
artesanais em teares horizontais portáteis produzindo tiras de tecido de 0,5m de
largura e 0,5cm de largura e comprimento indeterminado, técnica utilizada na região
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sul do Saara entre o Senegal, no oeste e Camarões no leste. É usado para criar
tecidos com estampas geométricas e cores vivas, listras estreitas - algodão, algodão
e seda ou algodão e raiom.
De acordo com ANAWALT (2011, p.551) “Associados principalmente aos
axântis de Gana e aos ewes do sul de Gana, Togo e Benim, os tecidos kente estão
entre os produtos têxteis mais emblemáticos da África [901-905].”

6.1. Características do vestuário africano

Como o continente é vasto territorialmente, podemos notar que há também


uma particularidade nos costumes de cada um deles, que não se altera em meio a
enfeites de moda, imagens, trajes e tecidos que remetem à identidade cultural de
sua tribo, as características de como as mulheres se vestem, passam tecidos,
cangas se transformam em vestidos e capas. Os tecidos apresentam estampas e
acabamentos detalhados que chamam a atenção com cores e bordados para criar
um estilo único.
O presente trabalho aborda como tema o adinkra que estão situados em
Gana, abordaremos sobre um tecido muito utilizado entre os adinkras que se chama
kente, originário de Gana com suas cores em vermelho, verde e azul, produzido com
cintos característicos que possuem 24 listras para homens e 14 listras para mulheres
e possuem diversas formas geométricas com fios entrelaçados na trama.
Antigamente, o kente era usado apenas pela hierarquia social, mas, além
disso, deve-se respeitar o momento certo em que deve ser usado para não causar
desrespeito entre o povo.

7. TÉCNICAS DE ESTAMPARIA CONTEMPORÂNEAS

A estamparia é uma das áreas que está mais presente na moda, o designer
de moda tem de ter um grande conhecimento das técnicas e no desenvolvimento
das estampas usando métodos de transferência de cores, desenhos, texturas,
imagens ou grafismo para superfície têxtil.
A estamparia têxtil é um dos processos de produção que dá cor e
características a confecção de estampas para o mercado de roupas e tecidos,
podendo ser digital ou artesanal, manual. A técnica da estamparia é milenar e nas
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últimas décadas se tornou global, e foram desenvolvidas diversas técnicas de


estampagem.
Os primeiros tecidos foram produzidos por uma civilização da antiguidade, a
Fenícia, nos séculos V e VI e também técnicas de estamparia foram desenvolvidas
na Índia, Indonésia e Egito.
A serigrafia é um dos métodos de estampagem mais antigos tendo sido usado
desde os primórdios da sociedade, no qual eram utilizados modelos de madeira de
modo artesanal.
Segundo Dinah Pezzolo (2007: 189), os blocos ou cunhos, espécie de
carimbos de madeira entalhada, foram utilizados para imprimir sobre a superfície dos
tecidos desde o século V. Peças com estas características, datadas do século XV e
procedente da Índia foram encontradas em escavações arqueológicas na região do
Cairo, o que indica a utilização desta técnica no antigo Egito, só no século 19 que
começaram a aplicação em escala industrial.
Com a evolução do mercado de moda e da indústria têxtil, tem se tornado
mais sofisticada a produção de tecidos. No Brasil, os estilistas têm explorado
elementos da cultura brasileira na confecção de looks.

7.1. Serigrafia

A técnica da serigrafia é um processo de impressão que utiliza uma tela de


tecido de nylon ou poliéster com desenho sobre uma moldura é aplicada a tinta, e
logo é transferida por meio dos furos para o tecido escolhido, passa lâmina de
borracha, que é contido em um suporte de madeira ou metal que é passada de
forma constante em toda a tela em um ângulo e pressão constantes, é uma técnica
muito versátil e pode ser usada para estampar em uma grande variedade de
materiais.
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Figura 2 - Aplicação de estampa por meio da serigrafia

Fonte:https://3uniformes.com.br/wp-content/uploads/2021/07/silk-screen-3-uniformes-tela-1.png

7.2. Impressão digital têxtil

É um processo de impressão que usa tecnologia de jato de tinta para imprimir


diretamente na superfície do material, a estamparia digital possui um número
ilimitado de cores, excelente reprodução de tons contínuos de imagens, sendo de
qualidade fotográfica, repetição rapport ilimitado e capacidade de estampar múltiplos
desenhos. É uma técnica que oferece alta qualidade e precisão.

Figura 03 - Aplicação Impressão digital

Fonte:https://www.fespabrasil.com.br/imagens/blog/1180_1.jpg
17

7.3. Sublimações

A estamparia por sublimação é um processo em que uma imagem é impressa


em papel transfer com tintas especiais e, em seguida, transferida para o tecido
através do calor e da pressão, resultando em uma imagem vibrante e durável.

Figura 04 - Técnica de Sublimação

Fonte:https://estampaweb.com/wp-content/uploads/2013/03/3-sublimacao-digital.jpg

7.4. Devorê

É uma técnica também conhecida como Burnout, o com devorê utiliza


estampas em veludo, pelúcia e outros tecidos com essas texturas. Utilizando a
espessura do relevo para estampagem, essa técnica dá um efeito muito bonito ao
trabalho.
O desenho é feito por quem cria uma marca no tecido para definir o grafismo.
Uma vez que a pasta é removida da queima, o desenho pode ser identificado pela
diferença de textura lisa entre a parte queimada e o veludo macio.
18

Figura 05 - Técnica de Devore

Fonte:https://blog.maximustecidos.com.br/wp-content/uploads/2020/05/22237FE4-300x300.jpg

8. POVOS ADINKRA E SUAS TÉCNICAS DE PINTURA

Os símbolos Adinkra são originários da cultura Akan da África Ocidental,


especificamente da atual região de Gana. A tinta tradicional usada para criar esses
símbolos em tecidos é feita de casca de árvore carbonizada e cinzas de plantas.
A casca da árvore é queimada em um forno especial para produzir carvão
vegetal, que é então misturado com água e uma pasta feita de cinzas de plantas,
criando uma tinta preta.
Esta tinta é então aplicada nos tecidos usando uma ferramenta chamada de
"nwentoma" ou "adepon" - um tipo de carimbo de madeira esculpido com um dos
símbolos Adinkra. O carimbo é mergulhado na tinta e pressionado no tecido para
criar o padrão desejado.
Os tecidos Adinkra podem ser feitos em várias cores, mas a tinta tradicional é
sempre preta. No entanto, em alguns casos, outras cores podem ser adicionadas
aos símbolos Adinkra depois que a tinta preta é aplicada, usando tintas vegetais
feitas de plantas e frutas locais.
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9. TERRITÓRIO AFRICANO, COLONIZAÇÃO E IMPACTOS

Segundo Albert Adu Boahen (1971), o período de 1880 a 1935 foi que
aconteceram as mais rápidas mudanças e as mais importantes e trágicas na história
da África. Incluindo a ocupação do território pelos imperialistas e o estabelecimento
e exploração do sistema colonial no continente. Cerca de 80% do território africano
era governado pelos próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens até o início
da colonização onde mesmo com a resistência dos povos para defender seu
continente, se viram dominados pelas potências europeias. A relativa facilidade das
potências de conquistarem a África foi pelo conhecimento prévio do interior do
continente, ritmo da revolução industrial crescente, recursos superiores porém o
fator decisivo foi a superioridade logística e militar da Europa. A resistência africana
sempre esteve presente, nunca resignaram a "pacificação" europeia. Por muito
tempo tentaram pregar que eles simplesmente aceitaram o apagamento de sua
cultura, a colonização, porém historiadores dão ênfase nesses movimentos de
resistência. O povo Ashanti dentre a parte ocidental da África foram os que tiveram a
mais longa tradição de luta.
Isabel Castro Henriques (2014), comenta que nos processos de colonização
existe o lado do colonizador ao colonizado, onde o colonizado enxerga um
estrangeiro, dominador e o colonizador enxerga os seus planos essenciais: o
econômico, o ideológico e o político. Que respectivamente são, a busca por
enriquecimento em cima da situação, a validação daquilo como uma “missão
civilizadora” e aquele que se manifesta organizando os instrumentos administrativos.
Isso porque a colonização representa o esquecimento do colonizado de sua própria
cultura, de sua própria história além de impor a do colonizador como a correta.
O processo de colonização nas américas também impactou diretamente o
continente africano e os que nele viviam, já que com a necessidade de mão de obra
barata, transformaram os africanos em mercadoria e deram origem ao comércio de
seres humanos durante mais de três séculos. O sistema do tráfico negreiro, um dos
fenômenos mais incoerentes da história, que consequentemente impactou a forma
que foi construída a sociedade que vivemos hoje.
Isabel Castro também discute a problemática de como que com o processo
de colonização nas américas, o colonialismo que durou na África entre os anos de
1880 a 1960, os africanos foram privados de sua liberdade. Perderam o direito de
20

gerir sua sociedade, administrar a economia, desenvolver as estratégias. Perderam


os direitos mais fundamentais dentro de uma sociedade, sua autonomia.
Segundo Hassan Ahmed Ibrahim (2010), jamais na história da África, um
povo lutou tão aguerridamente para defender sua liberdade, soberania, e sobretudo
religião e cultura como os povos dos Estados do Egito, Sudão e Somália nos anos
de 1880 a 1914.
Nos anos 1960 as colônias inglesas e francesas foram as primeiras a ceder,
somente uma década e meia depois as portuguesas, e com isso os novos Estados
tinham de construir uma nova nação, com uma nova organização como desafio
principal.
Apesar do fim da colonização, a assinatura da Lei Áurea e a abolição da
escravatura. O processo histórico moldou a sociedade de modo que resquícios
desses acontecimentos perduram ainda. Em preconceito e discriminação.
O território africano assim como o Brasil é muito diverso, porém esses mitos e
preconceitos esconderam por muito tempo a real história desse continente.
Graças a ciência da arqueologia, podemos reconhecer a África como berço
da humanidade. Como diz M.Amadou-Mahtar M’Bow, Diretor Geral da UNESCO
(1974-1987); “A arqueologia igualmente mostrou que, na África, especificamente no
Egito, desenvolveu-se uma das antigas civilizações mais brilhantes do mundo. Outra
fonte digna de nota é a tradição oral que, até recentemente desconhecida, aparece
hoje como uma preciosa fonte para a reconstituição da história da África, permitindo
seguir o percurso de seus diferentes povos no tempo e no espaço, compreender, a
partir de seu interior, a visão africana do mundo, e apreender os traços originais dos
valores que fundam as culturas e as instituições do continente”. A ciência então ao
longo dos anos pode trazer esse reconhecimento ao valor e sua importância para
história da África. Esta história que carrega cultura e tradições.
Na África Ocidental antes da colonização, o sistema de sociedade era
organizado de forma que os vários grupos eram liderados por um chefe, aquele que
lidava com as comercializações e troca com estrangeiros e divisões dos territórios.
Foi dessa evolução da população que reinos e impérios surgiram (CARMO,2016)
21

10. POVO AKAN E SUA CULTURA

O povo Akan, formado por várias etnias: acuapins, aquiénis, anins, axante,
baúles, assins, bonos, fantes, zemas. De acordo com historiadores, migraram para o
sul a fim de ocupar as florestas e com isso os litorais, assim como a parte oriental da
Costa do Marfim. A base principal desse povo é a família. Alberto da Costa e Silva
(2002) destaca que eram conhecidos pelo intenso comércio de ouro e ademais do
ouro, também na produção de tecidos, estes que na época eram só utilizados por
homens de posse, realeza e líderes espirituais. Porém com o tempo foi se
popularizando, apesar de ainda ser reservado para eventos tradicionais.
Os tecidos originalmente tinham a função apenas de proteger o corpo
humano, porém assumiram uma função estética e simbólica. Adquiriram dimensão
social, possuindo identidade étnica e de gênero em diversas sociedades
(MARTINS,20014). Fonte em estudos culturais, transmitindo ideias e mensagens
sociais entre diferentes culturas (SILVA, 2008). A arte da tecelagem atingiu a
perfeição entre os Akan e os Ewe durante o século XVIII. “Os estofos Adinkra, largos
tecidos imprimidos de motivos e símbolos Akan tradicionais, alcançaram renome na
região de Brong e foram posteriormente copiados pelos Ashanti" (UNESCO V, 2010,
p. 513). Os tecidos são produzidos por algodão e eles também são objeto de troca
em outras regiões. Eram adquiridos em Benin que eram trocados pelos holandeses
por ouro e prata na Costa do ouro.

10.1. Panos Adinkra

Os panos Adinkra (Figura 79) são produzidos pelo povo Ashante (de Gana),
na cidade de Ntonso, conhecido como o maior centro de produção de panos Adinkra
(MOBLEY, 2012). Os desenhos adinkra são formas criativas e artísticas que os
povos utilizam para se expressar. É um antigo sistema de escrita africana, um
conhecimento e uma tecnologia ancestral, criado pelos Ashanti na antiga Costa do
Ouro, atual país de Gana. Com o pano trouxeram também a arte da estamparia.
Originalmente pintado em panos, com tinta vegetal, utilizando os selos adinkras
como ferramenta para gravação do pigmento no tecido, esculpidos na fruta seca
poranga, comumente chamada de cabaça e suas hastes de bambu, dando
22

sustentação e facilitando a aplicação, como um carimbo. Atualmente além da pintura


utiliza-se o bordado.
Os tecidos são encomendados por artistas locais, que com informações do
cliente determinam os símbolos e combinações apropriadas (MARTINS,2014).

Figura 06 - Representação dos carimbos

Fonte:http://www.afreaka.com.br/notas/adinkra-um-dicionario-de-valores-na-arte-doscarimbos/

A estamparia possui muito contraste e a simetria mais utilizada é a de


reflexão e translação. Continuidade está também muito presente junto com o
agrupamento.
Tradicionalmente, os tecidos Adinkra começam a ser estampados na cor
preta com o pente de madeira chamado de emena ou sesandua. Linhas paralelas
são desenhadas criando espaços retangulares onde serão aplicados os símbolos
dentro desses espaços que servem como base (CARMO,2016).

Figura 07 - Representação da aplicação do carimbo no tecido.

Fonte:http://www.afreaka.com.br/notas/adinkra-um-dicionario-de-valores-na-arte-doscarimbos/
23

Figura 08 - Tecidos com símbolos adinkra

Fonte:http://www.afreaka.com.br/notas/adinkra-um-dicionario-de-valores-na-arte-
doscarimbos/

Figura 09 - Carimbos com símbolos adinkra

Fonte:http://www.afreaka.com.br/notas/adinkra-um-dicionario-de-valores-na-arte-
doscarimbos/

11. ESCRITA E ORALIDADE DAS SOCIEDADES AFRICANAS

Sociedades africanas, mesmo possuindo diversas formas de escrita


desenvolvidas ao longo da história, tem a oralidade muito presente. As escritas
africanas são sistemas elaborados e estruturados, simbolizando cenários diferentes
da sociedade. O poder de ação de uma palavra falada na cultura africana impacta o
indivíduo que você é. Podendo te dar uma posição de destaque na sociedade, como
os profissionais treinados em memorização e transmissão da memória cultural da
comunidade (MENEZES; CASTRO,2008).
24

Marizilda e Jacqueline (2008) comentam que assim como a oralidade, os


símbolos combinados transmitem mensagens. Esses símbolos servem como meio
de comunicação e determinam a posição social dentro da sociedade. Possuem
diferentes interpretações e são diferentes de um alfabeto convencional estático
sendo formas dinâmicas interpretativas. Portanto a linguagem verbal é
complementada pela não verbal por esses sistemas de escrita não alfabéticos.
Abrangendo mais de quinhentos motivos diferentes, cada símbolo Adinkra
representa um conceito, parábolas, histórias folclóricas ou um provérbio. Estão
presentes em tradições, decorações, rituais e tecidos. São desenhos que utilizam o
cotidiano do povo como base, tendo animais, objetos, corpos celestiais e vegetação.
Eles estão em constante expansão, além das variações de símbolos já
existentes (MARTINS,2014).
A origem do símbolo é desconhecida porém existem desde os tempos
antigos. Há registros datados do ano de 1818, porém, registros históricos mostram
que os símbolos já eram utilizados antes dessa data. Tradicionalmente os símbolos
eram utilizados apenas por líderes espirituais e realeza, para ocasiões especiais e
funerais. A palavra adinkra possui na língua "Twi" do povo Ashanti o significado de
despedida. O sufixo “Kra” traduzido como alma traz o significado da palavra como
um adeus a alma. Com esse significado, os símbolos combinados nos tecidos
transmitiam mensagens para os falecidos. Os povos utilizam as mensagens nos
tecidos como forma de expressão. Ligando eles com os ancestrais com esse
conhecimento do passado. Atualmente tornou-se informal e é utilizado por todos em
todos os tipos de ocasiões, principalmente no dia a dia e em celebrações. Além das
roupas, também passou a ser utilizada em joias, paredes, tatuagem e objetos.

As cores e os símbolos utilizados na cultura são regionais. As mulheres


preferem cores mais suaves como as predominantes, a rosa, amarelo,
verde claro e púrpura. Já os homens têm cores mais escuras como verde
escura, vermelho, preto, azul escuro porém, atualmente as pessoas tendem
a fazer a escolha das cores baseadas no seu gosto, deixando de lado as
convenções (CASTRO, 2007).
25

Tabela 1: Uso das cores para a etnia akan

COR DESCRIÇÃO

Amarelo Frutas maduras e comestíveis, legumes e também o ouro mineral.


Simboliza santidade, preciosidade, direito autoral, riqueza,
espiritualidade, vitalidade e fertilidade.

Rosa É associado à essência de vida. É visualizado com a sensação


aprazível e gentil, e também associado à ternura, tranquilidade,
prazer e doçura.

Vermelho É associado ao sangue, ritos sacrificadores e o derramar de


sangue. Significa uma sensação de seriedade, prontidão para um
encontro sério, espiritual ou político. O vermelho é então usado
como um símbolo de humor exaltado espiritual e político, sacrifício
e luta.

Azul É associado ao céu azul, o domicílio do Criador Supremo. É então


usado em uma variedade de caminhos para simbolizar santidade
espiritual, boa fortuna, paz, harmonia e ideias relacionadas.

Verde É associado à vegetação, canteiro e à colheita da medicina


herbaria. Simboliza crescimento, vitalidade, fertilidade,
prosperidade, saúde abundante e rejuvenescimento espiritual.

Castanho Tem uma semelhança íntima com o vermelho-marrom, que é


associada à cor da Mãe Terra. Vermelho-marrom é normalmente
obtido de barro e está associado ao curativo e à potência para
repelir álcool malévolo.

Branco Seu simbolismo deriva da parte branca do ovo e do barro branco


usado em purificação espiritual, cura, ritos de santificação e
ocasiões festivas. Em algumas situações, simboliza contato com o
ancestral, deidades e outras entidades desconhecidas espirituais.

Ouro Deriva seu significado do valor e prestígio social associados ao


26

mineral precioso. O pó de ouro foi usado como meio de troca e


para fazer ornamentos reais valiosos. Simboliza direito autoral,
riqueza, elegância, alto status, qualidade suprema, glória e pureza
espiritual.

Preto Deriva seu significado da noção de que novas coisas ficam mais
escuras à medida que elas amadurecem; envelhecimento físico
vem com a maturidade espiritual. A cor preta simboliza uma
energia espiritual intensificada, comunhão com algo ancestral e
potência espiritual.

Fonte: http:// www.historyofkenteclothp.htm

12. SÍMBOLOS ADINKRA E SEUS SIGNIFICADOS

12.1. Sankofa

Um dos símbolos Adinkra, o sankofa, também traduzido como volte e pegue,


representa a busca de conhecimento no passado, a fim de evoluir e corrigir erros
para assim desenvolver um futuro melhor. Apresenta como símbolo um pássaro e
um coração, o pássaro está voltado para trás, mas com os pés firmes no chão e
pegando uma semente, esta que representa o passado, e o pássaro representa voar
para o futuro, seguir em frente trazendo algo do passado. O coração representa o
encontro do passado e presente a fim de construir um futuro melhor. Os dois são os
mais reconhecidos e têm a mesma representação. Também se tornou um símbolo
de resistência para os escravos. Estes que ensinaram muito da arte do metal para
trabalhadores. Por esse motivo se popularizou em locais como Brasil, onde são
encontrados os símbolos em portões e grades (CASTRO,2007).
27

Figura 10 - Símbolos Sankofa.

Fonte:https://www.dicionariodesimbolos.com.br/simbolos-adinkra/

12.2. Nea onnim não a sua ohu

O símbolo Nea onnim no a sua, ohu representa uma busca constante pelo
conhecimento, desejo de democratizar a sabedoria, compartilhar conhecimento,
inovações, comunicação cultura e tecnologias ao longo da vida. Significa “aquele
que não sabe, pode aprender”.

Figura 11 - Símbolo “Nea onnim não a sua ohu”

Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nea_onnim_no_sua_a_ohu.svg
28

12.3. Gye Nyame

O símbolo expressa a fé do povo Akan, tendo o significado de “Exceto Deus”.


Representa a onipresença do Deus (Nyame). Está presente em logotipos e é o
símbolo mais popular, sendo utilizado de várias maneiras.

Figura 12 - Símbolo “Gye Nyame”

Fonte: Biblioteca Kasahorow Adinkra

12.4. Aya

O símbolo tem como tradução “sou independente de você”, é representado


como uma samambaia por ser uma planta que resiste a solos secos e falta de água.
Se relaciona a independência, durabilidade resistência, perseverança.
Figura 12 - Símbolo “Aya”

Fonte: https://www.dicionariodesimbolos.com.br/simbolos-adinkra/
29

O adinkra é muito mais que o símbolo gráfico, é um resgate da dignidade


humana desses povos que construíram verdadeiros patrimônios culturais para a
humanidade. Pois é a partir do reconhecimento e da reconstituição da história da
África que “africanos e seus descendentes se reconhecem herdeiros de uma
civilização que engendrou a escrita, a astronomia, a matemática, a engenharia, a
medicina, a filosofia e o teatro” (NASCIMENTO,2009).

13. CONCLUSÃO
Foi dado como tema a ser trabalhado como Trabalho de Conclusão de Curso
povos originários e ancestralidade e diversas interpretações e ideias sobre como
conduzir esse tópico surgiram. A partir de uma primeira busca superficial sobre
temas e questões culturais dos povos ancestrais surgiram diferentes assuntos a
serem abordados. Dentre todas as alternativas e rumos que poderiam ter sido
colocados em foco, tomamos como objetivo central mostrar que aspectos da cultura
Akan, como seus símbolos e as gravações em tecido que poderiam ser trabalhados
para se tornar mais contemporânea e atual sem perder seu formato clássico, mas
podendo se tornar para todos os povos uma recordação da contribuição de povos
originários como os Akans, uma oportunidade de releitura de um povo não-nativo
sobre os países desse continente e inclusive mostrar que a África não é pobre e sem
cultura, que pode ser tomada como um lugar que é mais do que seu passado
escravista se tornando um tópico a ser trabalhado em relações de economia,
história, política e diversos outros âmbitos.
Contudo, neste trabalho afastamo-nos da ideia de apresentar as tradicionais
percepções sobre como são os povos africanos ou seus descendentes e para
representar este posicionamento sobre a ideia de uma moda não caricata criou-se
uma persona, um jovem adulto que carrega sua cultura como um sinal de resistência
e pedido de mudança, fazendo uso dessa ideia para deixar as roupas e
interpretações com um visual mais limpo, trabalhando para que as cores fossem
usadas de forma mais sutil surgindo nas linhas coloridas de bordado ou linhas
comuns trabalhadas em cada peça e os símbolos tradicionais, os sankofas, tomarem
para si foco no tecido sendo usado como uma mega-estampa ou um ponto de foco,
além de poder ser usado como uma das características de união em cada modelo.
30

Pode-se findar essa pesquisa entendendo que o continente africano todo


trouxe imensas oportunidades de entendimento sobre sua história e cultura,
juntamente com a possibilidade de se ter novas interpretações de suas tradições em
terras brasileiras. Fazendo-se entender mais sobre a origem do povo que se
mesclou ao Brasil de forma tão única e que carregou todo o enredo de sua etnia e
tradição enquanto era trazido para estar em território estrangeiro.

14. REFERÊNCIAS

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edição, 2011. p 550.

BARCELLOS, Telma. Tecidos, cores e estampas das roupas africanas. Disponível


em: https://blog.modacad.com.br/tecidos-cores-e-estampas-das-roupas-africanas/.
Acesso em: 02 de abril, 2023.

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Estação das Letras e Cores, 2013.

CARMO, Eliane Fátima Boa Morte do. História da África nos anos iniciais do ensino
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<https://www.ufrb.edu.br/mphistoria/images/Disserta%C3%A7%C3%B5es/Turma_20
14/Eliane_Fatima_Boa_Morte_Do_Carmo.pdf>. Acesso em 25 de março de 2023.

CASTRO, Jacqueline Gonçalves Fernandes de. Design como Identidade: por meio
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de Arquitetura, Artes e Comunicação, Campus de Bauru, São Paulo, 2007.

CECILIO, L. V. A moda brasileira no contexto global: reflexões sobre a construção


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CORREA, J. D. Moda e identidade: o discurso da moda no Brasil. São Paulo:


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wKCAjw5pShBhB_EiwAvmnNV2xJ90jXQj-ZGe1FpzRdPzYnaWHpu8CpJPXEC0Dxqf
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MARTINS, Edna. Linguagem visual e panos africanos: uma abordagem gráfica a


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MENEZES, Marizilda dos Santos; CASTRO Jacqueline Aparecida Gonçalves


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Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
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UNESCO V. História geral da África V: África do século XI ao XIII. Editor Bethwell


Allan Ogot. Brasília: Unesco, 2010.

UNESCO V. História geral da África VII: África sob dominação colonial, 1880-1935,
p.782-809. Editor Albert Adu Boahen. Brasília: Unesco, 2010.
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VOGUE BRASIL. 5 tendências de moda boho para ficar de olho em 2021. 2021.
Disponível em: <https://vogue.globo.com/mod

WILLIS, Bruce W. The Adinkra Dicionary. A visual Primer on the language of


Adinkra.
Washington, DC, 1998 p. 15 - 16 (tradução livre).

APÊNDICE A – Look Sankofa

FICHA TÉCNICA

Ref. Modelo: Descrição do Emitida em: 30/03/2023


TS01 Modelo:
Data de Entrega: 26/04/2023
Top Sankofa

DESENHO TÉCNICO

Frente Costas

Partes componentes: Top, Aplicação Sankofa, Tecido Tingido.

Aviamentos

Descrição Composição Cor Consumo

Linha Reta 100% Poliéster Bege


35

Entretela de Poliéster, Viscose e Branco


Papel Aglutinante

Colchete Latão Niquelado Prata 4 un.

Tecidos

Descrição Composição Cor Consumo

Algodão Cru 100% Algodão Bege 60 cm

Medidas

Medidas de Contorno Tamanho 44 Observações

Cintura 94,0

Quadril 123,0

Busto 112,0

Degolo 39,0

Medidas de Altura Tamanho 44 Observações

Busto 22,0

Degolo à cintura frente 36,0

Degolo à cintura costas 39,5

Cintura ao Quadril 22,0

Cintura ao Pequeno 11,0


Quadril

Medidas de Tamanho 44 Observações


Comprimento

Ombro 13,0
36

Carrure frente 36,0

Carrure costas 40,0

Seio a seio 20,0

Sequência Operacional

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

1 Preparação Pintar centro frente (direito), lateral frente Manual


(direito) e lateral costas de preto.

2 Cortar aplicação do símbolo Sankofo Manual

3 Separar e identificar partes Manual

4 Montagem Unir meio costas com laterais costas Reta 301

5 Unir meio frente com laterais frente Reta 301

6 Abrir costuras Ferro

7 Unir meio costas com laterais costas Reta 301

8 Unir meio frente com laterais frente Reta 301

9 Abrir costuras Ferro

10 Costurar a aplicação do Sankofa no centro Reta 301


do busto direito

11 Unir decotes e cava Reta 301

12 Pespontar decote e cavas Reta 301

13 Embutir ombro Reta 301

14 Costurar forro no tecido deixando um Reta 301


37

espaço de 10 cm para virar a peça

15 Desvirar a peça pela passagem Manual

16 Passar a peça Ferro

17 Costurar abertura Manual

FICHA TÉCNICA

Ref. Modelo: Descrição do Emitida em: 30/03/2023


SS01 Modelo:
Data de Entrega: 26/04/2023
Saia Sankofa

DESENHO TÉCNICO

Frente Costas

Partes componentes: Saia, Cós, Passante, Revés, Aplicação, Braguilha,


Pentingal.

Aviamentos

Descrição Composição Cor Consumo

Linha Reta 100% Poliéster Bege


38

Entretela de Poliéster, Viscose e Branco


Papel Aglutinante

Colchete Latão Niquelado Prata 1 un.

Linha Fio 50 100% Poliéster Preto

Linha de 100% Algodão Azul


Bordado

Linha de 100% Algodão Vermelho


Bordado

Zíper 100% Poliéster Branco 1 un.

Tecidos

Descrição Composição Cor Consumo

Algodão Cru 100% Algodão Bege 120 cm

Medidas

Medidas de Contorno Tamanho 44 Observações

Cintura 94,0

Quadril 123,0

Medidas de Altura Tamanho 44 Observações

Cintura ao Quadril 22,0

Cintura ao Pequeno 11,0


Quadril

Altura da Peça 54,0

Sequência Operacional
39

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

1 Preparação Cortar aplicação do símbolo Sankofo Manual

2 Separar e identificar partes Manual

3 Montagem Overlocar o pentingal Overloque

4 Overlocar braguilha Overloque

5 Overlocar gancho frente e costas Overloque

6 Unir braguilha a parte do gancho da frente Reta 301

7 Costura zíper a braguilha Reta 301

8 Costurar pertingal junto ao zíper Reta 301

9 Pespontar com linha fio 50 preta Reta 301

10 Fazer costura paralela de calcador com Reta 301


linha preta

11 Unir costas com 1cm de costura Reta 301

12 Passar jogando a margem de costura Ferro


para o lado pespontar

13 Fazer costura paralela de calcador com Reta 301


linha preta

14 Unir os lados da frente da saia com 1cm de Reta 301


costura

15 Overlocar a lateral Overloque

16 Passar com ferro as costuras deixando as Ferro


com 1cm para cada lado

17 Pespontar com linha preta Reta 301


40

18 Fazer costurar paralela de calcador com Reta 301


linha preta

19 Costurar cós Reta 301

20 Costurar passante Reta 301

21 Medir e marcar linha pontilhada Manual

22 Distância de 1 cm na vertical da Manual


extremidade da barra para cima

23 Alternar entre a cor preta e vermelho na Manual


vertical encontro de cores diferentes nas
laterais

24 Bordar ponto cheio em toda linha pontilhada Manual


dentro do espaço definido

APÊNDICE B – Look Gye Nyame

FICHA TÉCNICA

Ref. Modelo: Descrição do Emitida em: 30/03/2023


CM01 Modelo:
Data de Entrega: 26/04/2023
Camisa Gye Nyame

DESENHO TÉCNICO

Frente Costas
41

Partes componentes: Camisa, Manga ¾, Pé de Gola, Patê.

Aviamentos

Descrição Composição Cor Consumo

Linha Reta 100% Poliéster Bege

Entretela de Poliéster, Viscose e Branco


Papel Aglutinante

Colchete Latão Niquelado Prata 8 un.

Linha Fio 50 100% Poliéster Preta

Linha de 100% Algodão Azul


Bordado

Linha Fio 50 100% Poliéster Vermelho

Tecidos

Descrição Composição Cor Consumo

Algodão Cru 100% Algodão Bege 80 cm

Medidas

Medidas de Contorno Tamanho 38 Observações


42

Cintura 69

Quadril 97

Tórax 96

Degolo 39

Medidas de Altura Tamanho 38 Observações

Estatura 177,0

Degolo à cintura frente 38,5

Degolo à cintura costas 45,0

Cintura ao Quadril 19,0

Cintura ao Gancho 27,0

Cintura ao Chão 110,0

Medidas de Tamanho 38 Observações


Comprimento

Ombro 14,5

Carrure frente 37,0

Carrure costas 39,5

Sequência Operacional

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

1 Estampa Entretelar o símbolo cortado no tecido Prensa

2 Montagem Costurar na borda o símbolo nas costas Reta 301

3 Entretelar gola Prensa


43

4 Entretelar pé de gola Prensa

5 Dobrar 1 cm em uma das partes do pé de Ferro


gola

6 Costurar a gola deixando a parte inferior Reta 301


aberta

7 Desvirar a gola Manual

8 Costurar fechando a gola no pé gola Reta 301

9 Desvirar o pé de gola e costurar no degolo Manual

10 Unir pala das costas Reta 301

11 Unir pala com ombro frente embutido Reta 301

12 Costurar manga nas cavas Reta 301

13 Overlocar manga na cava Overloque

14 Costurar lateral da manga fechando a Reta 301


lateral

15 Dobrar 1cm costura e dobra Manual

16 Costurar patte com 3cm Reta 301

17 Dobrar 1 cm de costura e dobrar 2 vezes Manual


patte duplo

18 Fazer pesponto de borda Reta 301

19 Medir e marcar linha pontilhada Manual

20 Acabamento Distância de 0,5cm na horizontal na linha do Manual


ombro para frente

21 Bordar ponto cheio em toda a linha Manual


pontilhada dentro do espaço definido
44

22 Total 2 fileiras Manual

23 Medir e marca linha pontilhada Manual

24 Distância de 1 cm na horizontal do recorte Manual


da pala para cima

25 Bordar ponto cheio com toda a linha Manual


pontilhada dentro do espaço definido

26 Total 1 fileira Manual

27 Medir e marcar linha pontilhada Manual

28 Distância de 1 cm na horizontal da Manual


extremidade da borda do patte para dentro

29 Bordar ponto cheio em toda a linha Manual


pontilhada dentro do espaço definido

30 Total 3 fileiras Manual

FICHA TÉCNICA

Ref. Modelo: Descrição do Emitida em: 30/03/2023


CA01 Modelo:
Data de Entrega: 26/04/2023
Calça Gye Nyame

DESENHO TÉCNICO

Frente Costas
45

Partes componentes: Bolso faca, Pentingal, Braguilha Cós, Pala, Bolso chapado,
Bolso embutido, Revés.

Aviamentos

Descrição Composição Cor Consumo

Linha Reta 100% Poliéster Bege

Entretela de Poliéster, Viscose e Branco


Papel Aglutinante

Colchete Latão Niquelado Prata 1 un.

Linha de 100% Algodão Azul


Bordado

Linha de 100% Algodão Verde


Bordado

Zíper 100% Poliéster Branco 1 un.

Tecidos

Descrição Composição Cor Consumo

Algodão Cru 100% Algodão Bege 120 cm


46

Medidas

Medidas de Contorno Tamanho 38 Observações

Cintura 73,0

Quadril 97,0

Joelho 41,0

Medidas de Altura Tamanho 38 Observações

Estatura 177,0

Cintura ao Joelho 59,0

Entrepernas 83,0

Cintura ao Quadril 19,0

Cintura ao Gancho 27,0

Cintura ao Chão 110,0

Sequência Operacional

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

1 Preparação Separar e identificar as partes Manual

2 Montagem Una frente com forro do bolso com recorte Reta 301

3 No forro faça uma costura de segurança Reta 301

4 Una forro do bolso sem recorte com forro do Reta 301


bolso com recorte

5 Overloque o forro do bolso Overloque


47

6 Prenda o bolso na frente da calça com uma Reta 301


distância de um calcador

7 Prenda a lateral do bolso na frente da calça Reta 301

8 Overloque a braguilha e o pentigal Overloque

9 Overloque o gancho frente e costas Overloque

10 Prenda a braguilha no meio frente da calça Reta 301

11 Desvire a braguilha e pesponte Reta 301

12 Costure uma das laterais do zíper na Reta 301


braguilha

13 Faça a marcação com o gabarito da Manual


braguilha

14 Faça o pesponto de borda e paralela de um Reta 301


calcador

15 Prenda o petingal na outra lateral do ziper Reta 301

16 Prenda a outra frente no pentigal e Reta 301


pesponte

17 Faça um pique no final do ziper Manual

18 Una os ganchos Reta 301

19 Faça um pesponto de borda e paralela de Reta 301


calcador no gancho

20 Para executar o bolso embutido faça uma Reta 301


costura definindo a largura do bolso

21 Executar costura paralela alinhando as Reta 301


extremidades a costura anterior

22 Fazer corte no meio e diagonais aos Manual


48

ângulos nas extremidades

23 Desvirar e passar o bolso Ferro

24 Pesponte os cantos do bolso Reta 301

25 Executar costura sobre overloque Overloque


prendendo a vista e o espelho do forro

26 Pespontar parte superior do bolso pré Reta 301


dando todas as camadas do tecido

27 Costurar bolso chapado abaixo do bolso Reta 301


embutido

28 Na barra da calça unir revés frente e costas Reta 301

29 Pespontar revés Reta 301

30 Medir e marcar linha pontilhada Reta 301

31 Acabamento Distância de 1 cm na vertical da Manual


extremidade da barra para cima

32 Alternar entre cor verde e azul na vertical Manual


encontro de cores diferente nas laterais

33 Bordar ponto cheio em toda a linha Manual


pontilhada dentro do espaço definido

34 39 Total 48 fileiras Manual

APÊNDICE C – Look Aya

FICHA TÉCNICA

Ref. Modelo: Descrição do Emitida em: 30/03/2023


CO01 Modelo:
Data de Entrega: 26/04/2023
49

Corset Aya

DESENHO TÉCNICO

Frente Costas

Partes componentes: Corset, Zíper comum.

Aviamentos

Descrição Composição Cor Consumo

Linha Reta 100% Poliéster Bege

Entretela de Poliéster, Viscose e Branco


Papel Aglutinante

Linha Fio 50 100% Poliéster Vermelha

Tecidos

Descrição Composição Cor Consumo

Algodão Cru 100% Algodão Bege 80 cm

Medidas

Medidas de Contorno Tamanho 38 Observações

Cintura 68,0
50

Quadril 98,0

Busto 77,0

Medidas de Altura Tamanho 38 Observações

Busto 21,5

Degolo à cintura frente 22,5

Degolo à cintura costas 30,0

Cintura ao Quadril 22,0

Cintura ao Pequeno 10,0


Quadril

Medidas de Tamanho 38 Observações


Comprimento

Ombro 12,0

Carrure frente 30,0

Carrure costas 35,0

Seio a seio 7,5

Sequência Operacional

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

1 Preparação Separar e identificar partes Manual

2 Entretelar todas as parte frente e costas Prensa

3 Pespontar todas as partes com distância do Reta 301


calcador na vertical usando como referência
o fio
51

Sequência Operacional

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

4 Montagem Unir recortes do forro no bojo Reta 301

5 Unir recortes frente e costas do forro com Reta 301


1,5cm

6 Unir recortes do bojo na peça principal do Reta 301


forro

7 Unir recortes do tecido principal no bojo Reta 301

8 Unir recortes frente e costas do tecido Reta 301


principal com 1,5cm

9 Unir recortes do bojo na peça principal Reta 301

10 Unir tecido principal e forro pelo decote Reta 301

11 Fazer pesponto de segurança no decote do Reta 301


forro

12 Unir a barra deixando 1,5cm nas laterais Reta 301

13 Aplicar zíper embutido Reta 301

14 Fechar a lateral que foi virada a peça com Manual


pontos invisíveis na mão

FICHA TÉCNICA

Ref. Modelo: Descrição do Emitida em: 30/03/2023


CP01 Modelo:
Data de Entrega: 26/04/2023
Calça Aya
52

DESENHO TÉCNICO

Frente Costas

Partes componentes: Calça Pantalona, Cós, Passante, Revés, Aplicação,


Braguilha, Pentingal.

Aviamentos

Descrição Composição Cor Consumo

Linha Reta 100% Poliéster Bege

Entretela de Poliéster, Viscose e Branco


Papel Aglutinante

Colchete Latão Niquelado Prata 1 un.

Zíper 100% Poliéster Branco 1 un.

Tecidos

Descrição Composição Cor Consumo

Algodão Cru 100% Algodão Bege 150 cm


53

Medidas

Medidas de Contorno Tamanho 38 Observações

Cintura 68,0

Quadril 98,0

Medidas de Altura Tamanho 38 Observações

Cintura ao Quadril 22,0

Cintura ao Pequeno 10,0


Quadril

Altura da Peça 111,0

Sequência Operacional

N° Descrição Descrição das Operações Máquina


das Fases

1 Preparação Entretelar a aplicação Prensa

2 Montagem Overlocar braguilha Overlocar

3 Overlocar petingal Overlocar

4 Unir laterais frente e costas Reta 301

5 Overlocar a lateral unida Overlocar

6 Pespontar a lateral Reta 301

7 Costurar a aplicação na lateral Reta 301

8 Overlocar gancho frente Overlocar

9 Costurar braguilha Reta 301

10 Pespontar braguilha Reta 301


54

11 Costurar zíper Reta 301

12 Costurar o petingal direito Reta 301

13 Pespontar o gancho Reta 301

14 Costurar o entrepernas Reta 301

15 Fazer bainha de 2cm Reta 301

16 Costurar o cós Reta 301

17 Medir e marcar linha pontilhada Manual

18 Distância de 1 cm na vertical da Manual


extremidade da barra para cima

19 Bordar ponto cheio em toda linha Manual

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