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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Design de Moda e Negócios da Moda 1°, 2° e 3º semestres

ESTUDOS APLICADOS DE MODA

EXPRESSÃO DE GÊNERO NA MODA

São aulo, outubro de 2022


INTEGRANTES:
Amanda Costa Ribiro Daumas- Ra 12522229395
Bárbara Leite Demberi- Ra 12522221112
Brenda Cândida da silva- Ra 12522189327
Camila Dayara correia dos santos- Ra 125111357587
Giovana Siveiro Soares- Ra 12522189345
Gisela Jessica Apaza Villca- Ra 12522189357
Isabella Cristina Rezende Oliveira- Ra 12522211725
Luciana Carolline Fernandes- Ra 12522196172
Nicoloy Oliveira Silva- Ra 12522210904
Weslley Augusto da Silva- Ra 12522213845

EXPRESSÃO DE GÊNERO NA MODA


Trabalho da Unidade Estudo Aplicados de
Moda apresentado como exigência para a
conclusão do semestre em Moda da
Universidade Anhembi Morumbi.
Orientação: Prof. Felipe Guimarães Fleury de
Oliveira e Prof. Cacau

São Paulo, outubro de 2022


RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido por alunos do matutino de Design de Moda da Universidade
Anhembi Morumbi, durante a Unidade Curricular de Estudos Aplicados de Moda em outubro
de 2022. Foi criado um objetivo de estudo para indicar os principais pontos sobre A História da
Indumentária na e Expressão de Gênero na moda buscando consciente trazer para o público
LGBTQIA+1, a visão de dados históricos e relevantes sobre o mesmo.

Palavras-chave: Gênero; História; Moda

1 LGBTQIA+: é uma sigla que significa Lésbicas, Gays, Bissexuais,


Transgêneros, Queers, Intersexuais, Assexuais, + que é utilizado pra incluir outros
grupos de sexualidade e genro.
ABSTRACT

This work was developed by students of the morning fashion design of The
University Anhembi Morumbi, during the Curricular Unit of Applied Studies dand
Fashion in October 2022. A study objective was created to indicate the main points
about The History of Clothing in and Gender Expression in fashion seeking to
consciously bring to the LGBTQIA+ audience, 2the view of historical and relevant data
about it.

Keywords: : Gender; History; Fashion

2 LGBTQIA+: is an acronym meaning Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender,


Queers, Intersex, Asexual, + which is used to include other sexuality groups and son-
in-law.
SUMÁRIO

Sumário
Introdução .................................................................................................................. 1
HISTÓRIA DA INDUMENTÁRIA NA ANTIGUIDADE ............................................... 2
Egito, Grécia e Roma e os valores estéticos ................................................... 3
Código da Indumentária
Diferença entre Indumentária e Moda: ........................................................................ 4
CULTURA DA APARÊNCIA E COMUNICAÇÃO: .................................................... 5
Orlando - Livro e Filme
Victor ou Victoria? – Filme ................................................................................ 6
Guerra fria e a influência na revolução sexual e feminina....................................7
Androgenia nos anos 70 e 80 + David Bowie...................................................8
O impacto da AIDS na moda masculina...............................................................9
Figuras..............................................................................................................10
Moodbooart...................................................................................................11
Conclusão.......................................................................................................12
Referências Bibliográficas .........................................................................13
INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende estudar a moda como forma de expressão do indivíduo


na sociedade. Aqui, a história da moda e alguns códigos da indumentária3são
referências utilizadas para demonstrar a evolução da moda como linguagem.
A relação da sexualidade e a moda também são abordados, pois a indumentária teve grande
importância na construção e desconstrução dela.
Para a realização do trabalho foram feitas pesquisas em livros e sites.
Vestir- se diariamente para sair de casa ou até mesmo não sair cada indivíduo se depara como
opções de oferecidas pelo seu guarda-roupa. E de acordo com o que possui no armário, faz
suas escolhas e combinações de acordo com o clima ou ocasião até mesmo o humor que se
encontra no momento.
Por trás dessa atitude tão comum ao cotidiano de todas as pessoas, a escolha de determinadas
peças tem, além de características funcionais, a intenção de expressar o que esse indivíduo é
ou como ele deseja ser percebido pelos outros. A maneira como cobre seu corpo é uma forma
de mostrar seus gostos, sua classe social, seu tipo de trabalho, enfim, quem ele é. Uma
tentativa de agradar o grupo ao qual pertence ou deseja se inserir. [...]’’O sistema da moda é a
principal referência para a constituição da sociedade atual, caracterizada pelo hedonismo,
fugacidade, transitoriedade e moldada pela dicotomia de estar ou não estar na moda, ou seja,
pertencer ou não pertencer. (Carolina Boari Caraciola, 2018, p.79)

3
indumentária, s. f. (de indumentário). 1. História do vestuário. 2. Arte do
vestuário. 3. Sistema do vestuário em relação a certas épocas ou povos. 4. Traje.
(Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, 1980, p. 964)
Estamos vivendo um momento revolucionário, no qual a masculinidade e os conceitos que há
tempo foram atribuídos ao gênero, tanto na moda como na sociedade, estão sendo
desconstruídos. Nas décadas passadas já tivemos algumas rupturas que contribuíram para tal
mudança, porém a liberdade de se expressar e opinar atualmente tem gerado debates que
favorecem uma visão mais ampla do que o corpo representa, independente ao gênero que ele
pertence. A aparência é uma das ferramentas de comunicação social mais influentes que
possuímos e que utilizamos sem nos darmos conta. As roupas, o cabelo, a forma de usar a
voz, a forma de expressão do corpo, tudo isso serve para comunicar aos outros quem somos, e
nos diferenciar como indivíduo.
HISTÓRIA DA INDUMENTÁRIA NA ANTIGUIDADE

Os acontecimentos históricos influenciam a maneira de se vestir das pessoas.


Problemas sociais, econômicos, guerras, influências religiosas enfim, todas as fases
vivenciadas pela humanidade refletem a indumentária como um todo.
Por meio da análise histórica, podemos entender e ter uma visão da importância que o
vestuário assumiu ao longo dos séculos.
Assim sendo damos início pela pré-história período anterior há 4000 a.C, o homem foi
criando, maneiras e objetos para o auxílio nas atividades do dia-dia e nas adversidades da
natureza. De acordo com historiadores e antropólogos inicialmente cobriu-se com folhas
vegetais e posteriormente de peles de animais, por caráter de pudor, adorno, magia e de
proteção.
Deve-se ressalta que com o início da prática de vestimenta e adornos com ossos e dentes
de animais trouxe a distinção de classes sociais e povos.
Assim, ainda no período da pré-história com a evolução da agricultura teve o início a
área têxtil, mesmo que ainda de formal artesanal e primitiva.

Egito, Grécia e Roma e os valores estéticos

A agricultura e a pecuária permitem ao homem a troca da vida nômade pela fixação ao solo.
A indumentária evolui junto, com a utilização do linho na produção de saiotes e de outras
peças para ornamentá-lo. As pessoas de classes mais baixas e os escravos andavam
praticamente nus.
Dentre os povos antigos destacam-se os egípcios, civilização teve como início cera de 4000
a.C, governado pelo Faraó.4 Sua alteridade absoluta e controladora se expandia a cada aspecto
da sociedade, incluindo a arte e a indumentária. A indumentária egípcia sempre foi vista pela
riqueza em suas vestes e ornamentos, como o linho tecido mais comum usado nas roupas por
ter uma forma leve e fácil de ser trabalhado, o algodão e a seda introduzida pelos gregos e
romanos, por volta de 323 a.C.
Em suas joias e ornamentos eram encontradas muitas cores e matérias diferentes e ambas
mulheres e homens usavam ouro, coral, pérolas, ágata, ônix, calcedônias conchas, contas e
flores. O uso de perucas também era usado como adornos de decoração para ambos os sexos.
Os historiadores afirmam que a Grécia foi para Roma como-o que Paris representou para a
Europa, isto é, o centro da arte e de estilo. Os gregos davam maior importância para valores
estéticos de suas vestimentas do que ao apelo sensual das mesmas. No entanto, a indumentária
grega era extremamente simples quando comparada com as demais do mundo antigo. Suas
vestes eram básicas e simples; a mais comum chama de quíton o vestuário era elaborado com
pedaços de pano retangular e a no geral era utilizados alfinetes ou brioches (fíbulas) para
juntar partes e realizar drapeados pois a roupas eram enroladas ao corpo a costura envolvida
era mínima.
Assim como nas artes, eles procuram realçar a beleza das formas humanas contudo, a nudez
não é considerada vergonhosa os homens por exemplo cuidavam do físico com a ginástica – o
exercício físico que costumavam praticar nus.

Sólon (c. 640-559 a.C.) criou uma lei que proibia a venda de
óleos perfumados para homens atenienses. Entretanto, Plutarco
revela que Licurrgo baniu os cosméticos de Esparta, alegando
que pintar os corpos corrompia a masculinidade. (Bronwyn
Gosgrave.História da Indumentária e da Moda, p.50)

Palavra faraó deriva do antigo termo egípcio per _ a, que significa grande casa originalmente, fazia referência ao
palácio e não ao rei.
Roma, fundada no século VIII a.C., adquiriu muitos costumes e valores gregos, sendo o luxo
uma das principais características de sua indumentária, também sem compromisso de sedução
por sua simplicidade. A peça mais marcante foi a toga, que indicava a posição social do
usuário: quanto mais volumosa, mais alto era o nível da pessoa pois com isso era, necessário a
ajuda de um escravo para dobrá-la.

Código da Indumentária

A indumentária é um conjunto constituído por roupas, calçados, bolsas e acessórios. Cada


adereço tem seu próprio significado e esses itens quando somados, resultam no look, a
aparência de uma pessoa expressa a outra, com a qual deseja se comunicar. Os códigos e seus
significados falam muito sobre a primeira impressão a respeito da personalidade individual,
como por exemplo a atração dos opostos (Preto e branco), o preto e o luto, o branco e a paz e
assim por diante, pois cada cor passa um estilo e uma personalidade.

Diferença entre Indumentária e Moda:

Enquanto a indumentária está relacionada apenas ao vestuário, a moda refere-se ao vestuário,


aos hábitos, gostos, costumes e influências externas.
A moda como conhecemos hoje, surgiu por volta de 1900 com Worth, considerado o “pai da
alta-costura" e que a partir de sua visão de moda, dizia ao público rico o que deveria ser
usado.
Diante disso, vale destacar a instabilidade da moda, uma vez que, o que está em alta hoje pode
não estar amanhã e o que um dia fora tendencia pode voltar em uma forma mais atual e em
novas modelagens.
Além de ser um meio de diferenciação, a moda ainda exerce o papel de comunicação. A
partir do que usamos, podemos expressar nossas ideias, pensamentos, opiniões, exprimir
sentimentos, expor uma contestação ou revolta.
CULTURA DA APARÊNCIA E COMUNICAÇÃO

A Cultura da Aparência é a construção da identidade visual de uma pessoa ou grupo.


Nesse sentido, o estilo de alguém é uma forma de expressar tudo aquilo que ela é ou acredita.
A forma como você se veste comunica o seu estilo e te apresenta sem palavras.
As roupas vão além da moda, elas são meios de comunicação e manifestações culturais,
elas fazem parte do dia a dia das pessoas e representam seus princípios e valores. Cada roupa
é carregada de simbologias, assim como os seus momentos históricos, por isso, muitos
acreditam que, o que está na moda hoje, já foi no passado ou voltará no futuro.
Não se trata só de roupas: as pessoas vestem a história e a cultura. A roupa é mais que
um produto, é um elemento da cultura material, e contribui para a compreensão da educação
do corpo e da vida em sociedade
Roupas também são manifestações comportamentais. Quando as mulheres conquistaram
ainda mais espaço no mercado de trabalho, nos anos 80. Para ganhar respeito e conquistar seu
mérito na carreira, elas sentiam que tinham que se “masculinizar”, e manifestaram isso no
vestiário. (Visualizar figura1)
Roupas também são manifestações comportamentais. Quando as mulheres conquistaram
ainda mais espaço no mercado de trabalho, nos anos 80. Para ganhar respeito e conquistar seu
mérito na carreira, elas sentiam que tinham que se “masculinizar”, e manifestaram isso no
vestiário. As ombreiras são um bom exemplo disso, elas deixavam o corpo mais “quadrado”,
escondiam as curvas e alargavam o ombro, lembrando a silhueta de um homem. Hoje parece
absurdo, mas na época fazia sentido e era uma tendência mundial.
Expressão de gênero não está relacionado apenas com as roupas que uma pessoa usa, e
sim a um monte de coisas, que incluem também, acessórios, maquiagem, tatuagem, cabelo, o
nome, a voz e comportamentos pelos quais ela manifesta sua identidade. A construção da
aparência, seja por meio da roupa ou de outros recursos, é a primeira preocupação ao
expressar a identidade de gênero. (Visualizar figura 2)
5
Pessoas transgêneros são exemplos de que essa definição de gênero pelo sexo é apenas
uma imposição social. Ninguém nasce homem ou mulher, eles se tornam.

Orlando - Livro e Filme

Orlando é um livro de 1928, que foi adaptado para o cinema em 1992. A obra traz
questões muito atuais, que começavam a entrar em pauta no início da década de 90
(Transgêneros). A autora aborda assuntos como gênero e sexualidade com representações
históricas de maneira espirituosa e feminista. (Visualizar figura 3)
Acompanhar as transformações da sociedade é uma experiência muito interessante, e
isso foi entregue pelo filme através dos tons neutros do início que foram ficando coloridos e
diversificados no decorrer da história, assim como a fotografia impecável, os figurinos
belíssimos, a androginia que é inserida com naturalidade e muitas cenas parecem terem sido
pintadas à mão. Conforme os séculos passam, vemos o personagem se adaptar a diferentes
contextos históricos e assumir diversos papéis na sociedade inglesa, tudo muito rico em
detalhes. (Visualizar figura 4).
Em uma cena em que Orlando entra num jardim e sai dele, conseguimos ver claramente
que o tempo se passou graças à genialidade do figurino. (Visualizar figura 5).
O filme levanta discussões sobre as ambiguidades da identidade de gênero e suas
relações com a condição humana, o feminino e o masculino e como as pessoas são forçadas a
se encaixar nesses “papéis”. Como um homem reagiria quando imposto a ele ser uma mulher?
Bom, isso foi aceito sem sustos, e na cena ele fala com naturalidade "Outro sexo, mesma

5
Falar de masculino e feminino, é um julgamento de valores definido em um contexto social e cultural. As
transformações do corpo, tanto de tatuagens e piercings, quanto as mudanças de sexo são maneiras de expressar
a verdadeira identidade do ser humano, e ir além dos preceitos impostos pela sociedade, estabelecendo uma das
primeiras etapas para o reconhecimento social.
pessoa". Orlando vai de um homem machista do século XVI a uma mulher moderna do século
XX... (Visualizar figura 6).
Como homem, conquistou títulos, propriedades e muito respeito pela sociedade. Mas
como mulher, perdeu tudo isso, ele, agora ela, vivenciou as dificuldades impostas às mulheres
da época. ... (Visualizar figura 7).
Virginia Woolf é considerada uma grande inovadora da literatura. Nos seus trabalhos
experimentou o fluxo de consciência e a psicologia íntima nas questões emocionais dos seus
personagens. (Visualizar figuras 8,9)

Após a Segunda Guerra Mundial, sua reputação caiu bruscamente, mas a sua
importância foi restabelecida com o crescimento da crítica feminista na década de 1970.
Orlando é um dos romances mais leves de Virginia Woolf, caracterizado por subverter as
noções de identidade e de historicidade.
A década de 1930 foi definida por um sentimento de crise após eventos como a Crise de
1929, o início da Guerra Civil Espanhola, o avanço de teorias de superioridade raciais e a
ascensão do nazismo na Alemanha. Esse sentimento de tensão e angústia frente a uma crise
internacional se materializaram na Segunda Guerra Mundial. O que levou ao aumento de
publicações de romances históricos, e de obras teóricas sobre o gênero.
A cineasta Sally Potter manteve o filme fiel a obra original, usando recursos pós-
modernos para buscar uma semelhança com o livro, os recursos da semiótica fílmica
enriquecem a obra superando o livro. É possível perceber a existência de outros subtextos
dentro do roteiro que foram tratados por Sally Potter de forma irônica e bem-humorada.
(Visualizar figura 10).
A cineasta conduz a audiência com um transgressor conto de fadas, expondo o
imaginário popular e arquétipos que são sutilmente retrabalhados no filme.
Certas trilhas míticas que a adaptação fílmica de Potter sinaliza é um desafio que a
leitura propõe, sugerindo uma tomada de consciência social e política por parte do receptor.

Victor ou Victoria? – Filme

Victor ou Victoria? É uma nova versão do filme alemão de 1933 Viktor und Viktoria.
Que teve a sua versão americana, dirigida por Blake Edwards em 1982. É um filme
extremamente moderno e com uma narrativa que trata de tabus sem perder o bom humor.
(Visualizar figura 11).
O transformismo é uma das principais mensagens do filme, é uma prática que existe há muito
tempo, mas que sempre foi alvo de chacota e preconceito. Mas que se manifesta no enredo
com naturalidade, demonstrando que todos temos lados femininos e lados masculinos.
O filme também conta com um visual incrível, um figurino espetacular e uma fotografia
eficiente, e foi indicado a sete Oscars, sendo um de melhor figurino. Nessa época a temática
do transformismo e do travestismo estava na ordem do dia hollywoodiano. (Visualizar
figura12).

Tudo começa em 1934, Vitória (Julie Andrews) é uma cantora lírica de alcance vocal
impressionante, que por mais talento que possua não consegue ninguém para lhe dar uma
chance. Ela conhece Carroll Tody, um cantor homossexual que tinha acabado de ser demitido
da casa de show onde se apresentava, depois de uma apresentação considerada “muito gay”, e
uma discussão com alguns clientes. (Visualizar figura 13).
As roupas de Victoria acabam encolhendo após eles pegarem uma chuva, e ela tem que
usar as roupas do novo amigo para voltar para casa. É então que Todd tem a grande ideia de
transformar Victoria em uma estrela dos palcos, ela se passaria por um homem, Conde Victor
Grechinski, conhecido por seu trabalho como transformista67. (visualizar figura 14,15).
Mas ela aceita a ideia e passa a se vestir como homem, e isso não incomoda ela nem um
pouco. Depois de um tempo ela está completamente dentro do papel, tudo graças ao fato da
personagem também ter aspectos masculinos na sua personalidade. Mostrando que não existe
nenhuma regra do que é feminino ou masculino, além dos genes e órgãos sexuais. E isso não
quer dizer mais tanta coisa. Pessoas se apaixonam por pessoas independentemente de seu
sexo. (Visualizar figura 16).
Isso é levantado quando King Marchand, um homem heterossexual completamente dentro dos
padrões de masculinidade da época, começa a questionar sua sexualidade quando percebe que
está apaixonado por um homem que se veste de mulher. Em uma parte do filme Marchand
aceita Vitor sendo homem, mesmo já sabendo que Victoria é uma mulher, e a partir desse

6
"Uma mulher fingindo ser um homem fingindo ser uma mulher.”
ponto eles assumem um relacionamento, levando a uma conclusão de que, quando se trata de
gênero e atração, é melhor libertar sua mente e se livrar de velhos conceitos. “Você é um tipo
de homem e eu sou outro.”
O fato de Blake Edwards conseguir que uma estrela como James Garner interpretasse
um cara questionando sua própria heterossexualidade representou algum tipo de triunfo para o
progressismo no início dos anos 80 em Hollywood. (Visualizar figura 17,18 e 19).
Julie Andrews, já é imortalizada em papéis protagonistas em filmes como A Noviça
Rebelde e Mary Poppins, surge em Victor ou Victoria emulando David Bowie e Marlene
Dietrich, num desempenho que ajudou a dar maior versatilidade ao seu currículo já
diversificado, trabalhando a ideologia de gênero dos anos 80.

Guerra fria e a influência na revolução sexual e feminina

Os Estados Unidos e a União Soviética foram os protagonistas de um dos maiores


conflitos da história. Tratava-se de conceitos ideológicos, conflitos armados, tentativas de
influência, táticas de espionagem e sabotagem; a Guerra Fria. Foi dado esse nome para este
período histórico devido às outras formas de guerra sem ser armadas, utilizadas tanto pelos
EUA quanto pela União Soviética. A Guerra Fria esteve associada a disputas económicas,
diplomáticas, sociais e, sobretudo, ideológicas, com os dois países a procurarem influenciar o
resto do mundo através das suas políticas. Os governantes de ambos os países acreditavam
que seu próprio sistema era o melhor e temiam que o sistema do inimigo prejudicasse seu
país, seu povo e principalmente seus interesses privados.8
Houve uma série de guerras civis, eleições e ideologias que os EUA e a União Soviética
estavam por trás, e usaram esses movimentos como marionetes em todo o mundo. Na maioria
dos lugares, as eleições eram falsas ou compradas. Quando o líder russo Brejnev assumiu o
poder após eleito, sua primeira ordem foi fortalecer a presença soviética na Guerra do Vietnã.
Sua segunda missão era promover questões culturais. Ele esperava que a situação do Vietnã
enfraquecesse os Estados Unidos. Assim, facilitou a infiltração de pessoas, repórteres e
agentes para falar na mídia americana e inspirar os movimentos sociais, um deles sendo a
revolução sexual. Um dos famosos personagens deste movimento social era o soviético
Antônio Gramsci, sendo a revolução sexual da década de 1960 um dos grandes
desdobramentos das teorias revolucionárias dele. Em particular, no Caderno 22,
Americanismo e Fordismo, que ele desenvolve imposição “moderna” de “questão sexual
como um aspecto fundamental e independente da questão econômica, aspecto tal que põe
problemas complexos do tipo “superestrutura” e põe explicitamente o tema de uma nova
subjetividade da mulher9” . A questão ética e cívica mais importante relacionada às questões
de gênero é a do desenvolvimento da nova personalidade feminina. Até que as mulheres
alcancem a verdadeira independência dos homens, mas também novas formas de
compreender a si mesmas e sua participação nas relações sexuais. A preocupação mais viva
que Gramsci expressa sobre isso é a questão das mulheres de "criar uma nova ética sexual que
corresponda à nova ética sexual, métodos de produção e trabalho” A ética, portanto, não
corresponde ao conceito do mundo, mas ao modo de produção. E assim, podemos ver que
existe uma forte relação da Guerra Fria tanto com a revolução sexual quanto com a causa
feminina.
Uma parte da população (principalmente a parte que havia sido comandada pelos EUA)
queria que a ideia da “mulher doméstica” voltasse, mas após a Primeira e Segunda Guerra
Mundial, já se percebia o benefício que mulheres trabalhando traziam, especialmente
financeiros, já que enquanto os homens estavam lutando nas Guerras, as mulheres
conquistaram seus espaços no mercado de trabalho. Usavam de propagandas machistas,
antiaborto e contra métodos anticoncepcionais (que também estão diretamente relacionados
com a Revolução Sexual), todas colocando mulheres como inferiores aos homens. Porém, o
movimento feminino já ganhava força junto com a Revolução Sexual em um mundo cada vez
mais globalizado e moderno. (Visualizar figura 20,21)
Mesmo com a forte censura de ambos os polares geopolíticos, Jackie Kennedy,
primeira-dama durante alguns anos da Guerra Fria, se tornou um ícone da moda

9
FORENZA, E. LUTA DE CLASSES, GÊNERO E REVOLUÇÃO. Revista Práxis e Hegemonia Popular, v. 3,
n. 3, p. 21–32, 23 jul. 2020.
especialmente na Rússia, mesmo com pouco acesso a fotos, o estilo dela inspirou muitos
designers do outro lado da cortina de ferro. Em 2012 no Kumu Art Museum, a exposição
“Fashion and the Cold War” foi colocada a mostra diversos modelos inspirados na primeira-
dama, incluindo um inspirado no que ela usou para o funeral de seu marido (Visualizar figura
22, o vestido preto). Nos anos 60, comparado com o início da União Soviética, as pessoas
tinham um pouco mais liberdade para se expressar utilizando a vestimenta, mesmo assim
muitos faziam suas próprias roupas pois as lojas não ofereciam muita variedade e os melhores
tecidos não eram tão acessíveis já que vinham do Ocidente10. (Visualizar figura 23).

Androgenia nos anos 70 e 80 + David Bowie

Traçados de acordo com a cisgeneridade atribuída ao nascimento dentro de um aparato


social que dividiu aos poucos, desde os primórdios do mundo, os seres entre homens e
mulheres e ao que são a eles bem-vistos, dentro de cada rótulo, os modos de agir, falar e de
vestir, se ligando mais a cultura do que a biologia.
Em “O Banquete” de Platão, apresenta-se o “Mito do andrógino”, a representação da
androginia aparece como a união do masculino com o feminino, na qual a história é contada
durante os debates sobre o que é amor. O conto profere que, ao início de tudo, o ser humano
era unido em apenas um, com dois pares de braços e pernas e duas faces que saiam de uma
única cabeça; existiam assim três sexos: dois homens, unidos em um corpo, chamados filhos
do sol, duas mulheres, unidas em um corpo, chamadas as filhas da terra e um homem e uma
mulher, unidos em um corpo, chamados filhos da terra. No entanto, Zeus decide dividir em
dois os unidos. Desta forma, para Singer, a androginia apresentada nessa obra explica o
porquê de os indivíduos parecerem precisar um do outro, de modo tal que superem as

10 RAGNE. Fashion and Cold War. Disponível em:


<https://cuisineandart.wordpress.com/2012/09/19/fashion-and-cold-war/>. Acesso em: 11 out. 2022.
exigências da mera sexualidade ou reprodução de um amor, almejando o companheirismo ou
o convívio social, mas sim tornando-se feminino e masculino em um único corpo, explicando
assim a necessidade de androgenia a busca pelo seu sexo oposto interior, independentemente
de outro ser.
Ao fim dos anos 60 e início dos anos 70, devido aos avanços científicos, a mente
também avança e novos pensamentos e valores nascem, a contracultura e a revolução sexual
ganham destaque, e a androginia se torna presente também no estilo masculino; os hippies
popularizaram os cabelos compridos, casacos subitamente floridos, e lenços estampados no
movimento da contracultura. Ao mesmo tempo, o Glam Rock surge na Inglaterra como uma
provocação a estética hippie, aos sistemas autoritários e o conservadorismo, referência de
estilo por passar uma imagem tanto masculina (andro) quanto feminina (gyne) transcendendo
a questão de gênero, tornando os excessos glamurosos.
A androginia vem da utilização de peças masculinas pela mulher ou vice e versa, quase
como um empréstimo de algumas peças do vestuário de um sexo a outro, individual ou
coletivamente, uma maneira de demonstrar ser a Moda fluída, inexplicável e mesmo
desconfortável, e não estática, simples e fácil, um ser híbrido, deslumbrante e instigante.
Ícones como Marc Bolan, Iggy Pop, Lou Reed e David Bowie fizeram a estética quase que
teatral do Glam rock; homens maquiados, usando cílios postiços, cores, brilhos e adereços,
como arcos espalhafatosos, casacos brilhantes, plumas coloridas e saltos plataforma, até então
definidos como roupas e acessórios femininos. As apresentações musicais eram carregadas de
teatralidade e interlocução com a cultura pop. Enfim, após séculos nos quais o fluxo de
influência masculina predominou na moda feminina, os papéis se invertem, homens usam
bolsas, lenços para o pescoço, brincos, cores vibrantes. (Visualizar figura 24)
As performances eram eróticas, exalando visceralmente a liberdade sexual que
ansiavam. A androgenia não se refere a bissexualidade, mas sim a um corpo que ressurge
como síntese da dualidade, quase que misticamente, tomando conta da juventude da época
envolvida com a contracultura, transgredindo os padrões normativos e ganhando visibilidade
através de formas de expressão e diferenciação assinaladas através de um estilo caracterizado
pelo hedonismo, narcisismo e liberdade de escolher o que se quer ser. Revela-se, assim, o
anseio ideológico de ruptura com os padrões estéticos impostos de forma dual até o momento.
De acordo com Lipovetsky, surge assim uma nova categoria de vestes, o unissex.
Nascido em 8 de janeiro de 1947 e batizado como David Robert Jones, o, mais tarde, ao
assinar com a Pye Records, é conhecido como David Bowie, foi a primeira e principal
referência fluída neste âmbito, abriu caminho para que os homens do hard rock, por exemplo,
usarem maquiagens e apetrechos considerados femininos, sem duvidarem de sua sexualidade.
Quando jovem, Bowie já defendia o uso de cabelos longos para os homens, nesse momento já
eram perceptíveis os traços andróginos do futuro rockstar, altamente influenciado por Mick
Jagger, que posteriormente seria seu amigo. O nome “camaleão do rock”, designado a ele,
fazia referência ao que era desde o início: uma persona de formas distintas e que conseguia se
modificar conforme o que era necessário ser apresentado naquele momento. (Visualiza figura
25).
Com a assistência do estilista Kansai Yamamoto que cria foi o designer japonês que
elaborou os quimonos e as peças genderless, além de todas as roupas das personas de Bowie,
depois se torna um definitivo membro criativo do estilo de David, e de uma cabeleireira
amiga, Suzi Fussey, que cria o tom exclusivo de vermelho-cenoura para os seus cachos loiros,
um novo visual ainda mais impactante e andrógino. De 1969, ano em que Neil Armstrong pisa
na lua, “Space Oddity” foi o primeiro single de Bowie a fazer sucesso; história de Major Tom,
uma das primeiras personas de Bowie, um astronauta que sai da Terra com segurança, no
entanto, devido a alguma falha no sistema de sua nave, ele se desconecta do Controle de Terra
e flutua para sempre no espaço, uma metáfora para o que seria a morte de um herói. No
começo da década de 70, com a corrida espacial, o início do movimento hippie e o otimismo
norte-americano na polaridade da guerra fria, Bowie se destacava com seus pensamentos
pessimistas. Justamente pelo fato de que astronautas arriscaram suas vidas naquele momento,
o hino foi proibido de ser transmitida em horário nobre, ocorre assim, a primeira de muitas
censuras sofridas pelo artista, que criticava o período vigente por meio da música e estética.
Em 1971, para a capa do LP “The man who sold the world”, Bowie cria uma imagem
assustadora para a estética masculina da época, posando deitado num divã usando um vestido
longo com os cabelos longos e soltos. A capa chega a ser censurada nos Estados Unidos,
devido a sua estética feminina, substituída por um desenho com um sujeito de chapéu de
cowboy e um rifle no estojo. (Visualizar figura 26)
Ainda em 1971, foi o primeiro Rock Star a se declarar, publicamente, bissexual, assim
como sua parceira Angie Bowie com quem se casou em 1970, figura que era referência de
estilo, para o próprio David, construindo muito de sua estética. Com seu mullet e sobrancelhas
raspadas, ao lado de Bowie, criaram uma estética fluida e excêntrica, dando origem a uma
família incomum aos padrões da época. Os corpos magros, frágeis e delicados, ajudam a
confundir o olhar do espectador, deixando dúvidas a respeito dos gêneros, o fato de uma das
pupilas de David serem permanentemente dilatadas devido a uma briga que se envolveu por
uma garota em 1962 aos 14 anos, também ajudavam na imagem excêntrica e única que deseja
passar visto que seu olho esquerdo ficou com uma deformidade, além da hipercromia, onde a
cor foi alterada dando a impressão de olho de vidro. (Visualizar figura 27).
No mesmo ano, nasce a segunda e mais famosa persona de Bowie, “Ziggy Stardust”,
sua máscara: pela primeira vez em sua carreira, não falava por si mesmo, não se vestia como
David Jones e muito menos como David Bowie, mas sim, como seu personagem, um
alienígena que era, feminino e masculino, hétero e gay, tudo em um só. A aparência de Ziggy
foi baseada no filme Laranja Mecânica (1971); futurística, androginia, individual e eclética,
criado pelo, anteriormente citado, estilista Kansai Yamamoto. Cinco anos antes da destruição
da Terra, Ziggy invade o planeta, sua presença causa estranhamento e fascinação aos
terráqueos. Ele é uma estrela do rock, e, com sua banda, os “Spiders from Mars”, se torna um
estilo de messias para o povo desesperado com o fim. Seu “Evangelho” é uma apologia ao
“Sexo (bissexual), Drogas e Rock and Roll”, porém Ziggy é atingido pela própria fascinação,
e acaba assassinado pelos próprios fãs na música “Rock’n’Roll Suicide” para redimir os
pecados dos terráqueos e os de si próprio: como um Jesus suicida, Ziggy tem que morrer para
que a humanidade viva. (Visualizar figura 28)
David explorava os gêneros de inúmeras formas e artes, fez disso sua marca que o
acompanhou por toda a vida, sua androginia não serviu apenas como marco de um movimento
cultural e artístico, mas principalmente, como forma de protesto, resistência e
representatividade da comunidade LGBTQIAP+ no âmbito tenso da década que se encaixa.
Na passagem dos anos 70 para 80 surgem novos estilos influenciados pelo conceito de
Bowie na área musical, entre eles o “Hard Rock” que engloba o rock e suas derivações, como
o punk e o metal, que passam a aderir à estética andrógina de forma quase que agressiva e
intimidadora; neste caso os artistas possuíam um lado muito masculino ao mesmo tempo que
exploravam o feminino. Devidamente maquiados, com cabelos armados e atitude sexy, ícones
como Alice Cooper, Joan Jett e bandas visto New York Dolls, Twisted Sisters, Kiss e Mötley
Crue, marcaram a beleza deste estilo com uma aparência gótica repleta de couro, roupas
justas, coletes acinturados e enormes plataformas. (Visualizar figura 29).
Ainda no âmbito da música, outro estilo influenciado pelo camaleão do rock foi o
Dance Pop, figuras como Annie Lennox vocalista do Eurythmics, Boy George e Grace Jones
delinearam tal setor de forma mais glamourosa e bem puxada para o mundo editorial da
moda, ao notar que a própria Grace, além de cantora, era também modelo e protagonizou um
dos mais famosos ensaios do mundo da moda em 1981 para Jean Paul Goude. Aqui o
destaque na androginia fica para as mulheres, as enormes ombreiras fazem presente nesse
cenário, a fim de imprimir o robusto e forte corpo masculino na moda feminina, fato que
acaba por definir ainda mais a cintura, criando o chamado “power-woman”, explorado por
designers como Thierry Mugler; de certa forma demonstrava, também, uma igualdade de
direitos e de sexualidade, não é à toa que a gravata é um símbolo fálico, assim as mulheres
poderiam ser respeitas como competentes profissionais. (Visualizar figura 30)
Além da música, Bowie revolucionou a moda. A androginia sexy, sua liberdade em
misturar cores, estampas, de mesclar peças do guarda-roupa masculino e feminino inspiraram
criações de estilistas e editoriais de revistas conceituadas, como os mullets vermelhos na
cabeça combinados a maquiagens fortes e coloridas, além do mix de estampas, a alfaiataria
bem recortada e o tapa olho, conceito usado em algumas performances ainda nos anos 70, que
influenciam até hoje personalidades de gênero fluído como Tilda Swinton fotografada por
Craig McDean para a Vogue Itália, ou a coleção ready to wear Givenchy no verão de 2010
que contava com uma alfaiataria bem estampada, em 2015, homenageado por Raf Simons, na
alta costura Dior trazendo o psicodélico glamuroso da era Ziggy Stardust, as claras referências
de John Galliano para a coleção primavera da Margiela em 2016, e o icônico raio vermelho do
albúm “Alladin Sane” recriado por estrelas como Kate Moss na capa da VOGUE britânica em
2003 e Lady Gaga no Grammy de 2016.(Visualizar figura 31).
Desde os anos 70 os conjuntos são abandonados e as peças possuem determinado
"rodízio" podendo gerar inúmeras combinações entre si; devido aos meios de comunicação a
moda passa de algo definitivo, para um mar infinito de tendências. Como nos vestimos acaba
por ter grande importância e vai muito além de um item para cobertura do corpo por proteção,
a roupa é um meio de comunicação do seu interior com o mundo externo. Independente da
comunicação visual e estética com o mundo externo, o corpo sustenta a moda, o vestuário
feminino e masculino diverte-se das linhas dos corpos; o masculino apresenta linhas mais
retas e com massa muscular maior; quadris menores que o tronco e ombros, os membros são
mais longos, o pescoço mais curto, a estrutura é mais larga, sendo a cintura menos
perceptível. Já o corpo feminino apresenta linhas arredondadas, massa muscular menor, a
cintura marcada por ser estreita, e os seios definidos. A androginia é importante para a quebra
do conservadorismo que envolve os papéis do gênero na sociedade, como a sexualização e
romantização do corpo feminino e a necessidade de força e imponência do corpo masculino.
Porém, as determinações dos sexos definindo características femininas e masculinas podem se
considerar, também, necessárias visando o indivíduo transsexual, o corpo faz parte da
comunicação pessoal, a vestimenta é importante ferramenta para auxiliar no estabelecimento
dos papéis de gênero em sua forma dual, auxilia, assim, na aproximação e identificação com o
“eu sociopsicológico” e o “eu biológico”. (Visualizar Figura 32).
Em nenhum momento o debate sobre a questão de gênero esteve tão presente quanto no
atual milênio. A liberdade de expressão está cada vez mais presente nos debates da sociedade,
tornou-se um dos pontos essenciais na desconstrução dos modelos identitários. Os avanços
tecnológicos, as conquistas de lutas humanas e novas relações de trabalho afetaram
diretamente a estruturação do conceito de masculinidade padrão. O ideal masculino, até o
presente momento, formado sob a base do modelo dominador em uma sociedade patriarcal, é
redimensionado e levanta à reflexão e análise sobre os efeitos que serão produzidos nos novos
meios sociais. A ideia sobre sexualidade ergueu-se na transição da era clássica para a
moderna, juntamente com a noção de hegemonia masculina e feminina.
A autora Joan Scott (1990) diz que o gênero e a masculinidade são representações
culturais, que determinam os papéis que devem ser seguidos por homens e mulheres. Desta
forma também podem ser modificados dentro de um contexto social estipulado. Assim, a
moda é um agente das transformações dessas representações. Apresenta-se tanto como meio
de expressão, e das relações de aparência entre os sujeitos. Relações que configuram as
formas dos corpos em seus espaços sociais.
A Moda tradicionalmente criou uma associação entre feminilidade e a importância que
se dá para a aparência na construção social do que é estar na moda. Liliane Carvalho (2007)
acredita que a moda é uma das expressões, individuais e coletivas, dos valores e ideias que
atravessam determinadas sociedades e épocas. Inicialmente representada sobre o poder
masculino, somente no século XIX a moda seria descrita como "característica" do universo
feminino.
Dirigidos pelos valores do tempo e dinheiro, os burgueses associaram a moda como
uma futilidade e desperdício aristocráticos, relegando-a, em discurso, ao espaço feminino.
Conforme as expectativas do padrão social referente ao comportamento masculino, os
homens ocupam uma posição “irracional” na sociedade, isto é, não são capazes de dominar
seus impulsos e estão sempre à mercê de seus instintos. Essa reação primitiva é executada a
partir da fusão entre sexo, comportamento e opressão social. A chegada da pós-modernidade,
dessa forma, atropela os conceitos e os valores primordiais de um mundo que tinha o sujeito
masculino como centro. O modo como ocorreu a fragmentação do controle masculino sobre o
feminino coloca em debate a lenda da masculinidade em virtude de uma nova definição de ser
homem. Tais termos, como fragilidade, sensibilidade, necessidade afetiva, entre outras marcas
atribuídas e impostas socialmente como sendo femininas, desenvolvem-se sem hostilidade na
personalidade desse novo sujeito.
Logo após as transformações sociais que acompanhamos na última década é possível
notar uma busca das novas gerações em desvincular sua imagem da virilidade exacerbada que
nos foi imposta. Na atualidade estamos desenvolvendo mudanças para que seja possível uma
desconstrução da masculinidade e dos conceitos socialmente impostos ao gênero na moda e
sociedade. Sendo a moda utilizada como um símbolo de expressão e representação cultural.
Essa forte influência social nos traz ao conceito do genderless (agênero), peças que são feitas
para qualquer pessoa, e desconsideram o conceito de roupa feminina e masculina.
A moda sem gênero detém uma grande busca de igualdade e inclusão. Essa ideia prevê
acabar com padrões, reinventando tendências, destruindo estereótipos de uma sociedade que
vê a necessidade de estabelecer o que se deve usar ou não. O conceito excede um estilo, sendo
mais como uma representação de uma liberdade de escolha. Ao produzir a moda sem gênero
deve-se deixar de lado a ideia de que as coisas têm que ser divididas e categorizadas, se
conduzindo de modo a questionar o porquê de silhuetas e formas são atribuídas a
determinados corpos. (Visualizar figura 33).
Em entrevista à Vogue Runway, Raf Simons questiona: “Muitos homens têm comprado
roupas femininas, a questão é se eles estão comprando roupas que são feitas para mulheres ou
roupas que são feitas para ambos homens e mulheres”. Ele ainda aponta que desenhou essa
coleção voltando ao momento da descoberta da gravides, quando “não se pensa no gênero do
bebê, ele é apenas um bebê” e a partir disso criar modelagens que funcionassem para ambos
os gêneros.
É notável citar que muitos artistas têm usufruído dessas questões de gênero para
promover sua imagem trazendo uma supostamente desconstrução da masculinidade tóxica ao
exibir unhas pintadas, botas de salto e reprodução de textos rasos sobre questões que vão do
machismo à homofobia. Aclamar homens heterossexuais por realizarem o mínimo para a
sociedade, enquanto figuras marginalizadas que sempre o fizeram continuam despercebidos,
não é nenhuma novidade. Observar os homens heterossexuais e/ou masculinizados dispostos a
experimentar esteticamente é interessante, porém, é necessário questionar tais atitudes, pois
vivenciamos um período de transição e desconstrução do que a masculinidade representa.
Há alguns anos a Chanel investiu numa linha de cosméticos voltada para o público
masculino chamada Boy de Chanel e, mais recentemente, a marca lançou uma linha de
maquiagem “masculina” com corretivo (em pouquíssimos tons), lápis (apenas em tons
neutros) e esmalte (disponível apenas em preto fosco). Parece um grande retorno ao conceito
de “metrossexuais” dos anos 2000, no qual, homens que se importavam com a beleza não
deveriam ser confundidos com homossexuais e, portanto, só utilizavam cosméticos simples,
naturais e em tons neutros. (Visualizar figura 34).

Anos 70: O Brasil e a expressão de gênero

A identidade de moda brasileira é única em relação ao restante do mundo, e apesar de


termos vivido tempos sombrios onde a liberdade de expressão era aniquilada, o Brasil sempre
foi um país de artistas e protestantes. A moda andrógina tem muita influência da quebra de
feminino e masculino juntando com criatividade e diversão de cada indivíduo. Nos tempos
atuais nas cidades grandes, já temos muita convivência e influência de uma moda livre de
preconceitos, mas nem tudo era tão bem aceito antigamente, principalmente em tempos de
autoritarismo.
Na ditadura militar por exemplo, enquanto o Brasil por esse regime totalmente voltado
para a censura, restrição e conservadorismo, nos anos 70 veio a nascer o grupo de teatro e
dança Dzi Croquettes, 13 jovens que se apresentavam com perucas, vestidos curtos,
maquiagens extravagantes, roupas femininas com plumas, expressões poderosas e até
seminus. O grupo que foi um símbolo de resistência e orgulho, trouxe o protesto contra a
sociedade tradicional e autoritária de uma forma humorística, leve e criativa. Os Dzi
Croquettes deixaram um legado na luta de estereótipos de gênero visando protestar e trazer ao
nosso Brasil a cultura da androginia. (Visualizar figura 35)
Ao mesmo tempo, na música tínhamos o fenômeno Secos & Molhados que era um trio
que consistia nos integrantes João Ricardo, Ney Matogrosso e Gérson Conrad. O grupo que
trazia músicas inovadoras pegando inspiração no folclore português, música brasileira e rock,
também não tinha medo de experimentar com a moda. Em seus shows podemos ver
referências clássicas do glam rock de David Bowie, com visuais andróginos, performances
femininas com corpos desnudos e danças sexuais complementando com maquiagens
exuberantes. O trio também foi responsável pela popularização da estética glitter no Brasil.
“Nós sabíamos sobre Alice Cooper e David Bowie, por exemplo, mas no nosso caso o uso da
purpurina foi espontâneo” afirma Gerson. O Secos & Molhados foi uma referência na crítica e
provocação das normas da ditadura além do visual andrógino numa época tão tradicionalista e
violenta para ser livre.
O impacto da AIDS na moda masculina

Precedentemente ao “metrossexual”, por volta dos anos 60 ao 70, havia o conceito de


amor livre, liberdade e liberação sexual que teve um impacto profundo na forma como os
jovens encaravam o mundo. Foi nesse mesmo momento em que a juventude passou a ser o
principal alvo da produção cultural, da moda e do consumo, a rebeldia da contracultura se
expressava muito através da forma de se vestir. Com o jovem tornando-se evidência, as
vestimentas começaram a ter predisposições de marcarem mais o corpo, sendo muito
influenciada, inclusive, pela estética de über masculinização do movimento gay dos Estados
Unidos. Na época tal movimento tomou um ar de novidade e as pessoas começaram a não
querer se diferenciar dos homossexuais através das roupas que usavam.
Os elementos da qual a masculinidade heteronormativa sempre estavam presentes eram:
o chapéu de cowboy, o cigarro, o bigode, a camiseta de futebol americano. Já a composição e
as poses daquela época atualmente seriam automaticamente taxadas de homoeróticas. Não era
anormal ver homens como Burt Reynolds e Sean Connery em poses e looks sexy, que hoje
seriam impensáveis para o homem heterossexual. ( Visualizar figura 36).
Esse mesmo padrão era conveniente entre as bandas de rock como Manowar, Motley
Crue ou Twisted Sister, que nas músicas celebram uma masculinidade heteronormativa ao
mesmo tempo em que usavam maquiagem, cabelos longos e muito couro. (visualizar figura
37,38).
Até que, nos anos 80, um vírus desconhecido e fatal fez vítimas, principalmente entre
homens jovens: a AIDS, que ficou mundialmente conhecida como o “câncer gay”. Um
sensacionalismo midiático foi massivamente imposto, os médicos da época começaram
oficialmente a se referir a AIDS como Gay Related Immune Deficiency ou Imunodeficiência
Relacionada aos Gays. O câncer acontece por conta do sarcoma de Kaposi, que é um tipo de
câncer de pele associado com a AIDS, sendo uma das evidências visuais mais marcantes da
doença. A repercussão disso na vida de pessoas LGBTQIA+ foi enorme, pois ideias
preconceituosas eram disseminadas em escalas absurdas, aumentando a marginalização e
segregação.
O impacto da AIDS na sociedade passou a se refletir também na moda e no
comportamento. De repente passou a ser visualmente necessário diferenciar os homens
heterossexuais dos homossexuais. Os desfiles primavera/verão de 1990 foram reproduzidos
como “suavemente tradicionais”, dando a temática de que mesmo os designers jovens dos
Estados Unidos passavam a preferir uma abordagem mais heteronormativa das roupas
masculinas. Essa foi uma característica que se concretizou nos anos que vieram depois e
prosseguiu fortificado até pelo menos o ano de 2010. (Visualizar figura 38).
Antigamente, a moda era um círculo fechado de marcas que ditavam tendências. Hoje,
com a popularização das redes sociais, o acesso à moda é democrático e muitas tendências
nascem ou recebem um novo significado através de perfis que expressam e questionam as
normas da sociedade. Dito isto, podemos observar pegando como exemplo o movimento
“femboys” (O termo surgiu na década de 1990 e é a junção das palavras “feminino” e
“menino” em inglês).
A princípio, o termo era usado de forma depreciativa para designar um homem
cisgênero (alguém que se identifica com o seu gênero de nascimento) que não segue os
padrões de masculinidade. No entanto, o termo passou a ser usado em plataformas digitais
com o interesse de questionar e redefinir cada vez mais o significado de masculinidade para as
novas gerações. O fato de você ser um femboy não diz nada sobre sua sexualidade.
(Visualizar figura 39).
O que antes era apenas um termo, hoje se tornou uma subcultura de influência e tem
lançado tendências com inspirações que vão desde Kurt Cobain e seus vestidos floridos e
cardigãs coloridos, David Bowie e suas produções glamourosas a Jayden Smith e seu estilo
casual e cool. (Visualizar 40,41).
Já fora das mídias sociais, observamos marcas trazendo as influências que surgem
online para suas coleções masculinas, como visto nas últimas edições das temporadas de
moda pelo mundo. (Visualizar figura 42,43).
Percebemos que as normas sociais de gênero estão sendo questionadas e que subculturas
como a dos “femboys” ajudam a abrir diálogos contra o preconceito e a favor da liberdade de
expressão. Não é mais sobre homens de saia ou mulheres de terno. Vai além da lógica binária
entre masculino e feminino.
Figuras

Figura 2

Figura1

Figura 3
Figura 5

Figura 4

Figura 7
Figura 6

Figura 8
Figura 9

Figura 13 FiguraFigura
14 12

Figura 10 Figura 11
Figura 15

Figura 14

Figura 17
Figura 16

Figura 19
Figura 18
Figura 20...A mulher do futuro fará da Lua um lugar Figura 21... Propaganda de calças Drancom 1960

Figura 23

Figura 22
Figura 24....(Marc Bolan) / (Iggy Pop) / (Lou Reed)

Figura 25...(1964 - Bowie aos 17 anos)

Figura 26.. (1970 - Capas do LP “The man who sold the world” a original e a censurada, respectivamente)
Figura 27... (1971 - David Bowie e Angie Bowie com seu filho Duncan Jones (na época Zowie)

Figura 28
Figura 29... (New York Dolls) / (Dee Snider vocalista do Twisted Sister)

Figura 30..(Grace Jones)


Figura 31..(Givenchy 2010) / (Dior 2015)

Figura 32..(Tilda Swinton) / (Margiela 2016)


Figura33.. (Coleção de Verão 22 de Raf Simons)

Figura 34... (Campanha da linha de maquiagem Boy da Chanel)


Figure 35
Figure 36

Figura 37..(Mötley Crüe no começo dos anos 80)

Figura 38...(Twisted Sister)


Figura 39...(Fonte: Pinterest)1

figura38..(Eminem)

Figura 41...(Getty Images: Jayden Smith VMA 2020)

Figura40...(Kurt Cobain)
Figura 42... (Thom Browne Spring/Summer 2023 Menswear – Paris Fashion Week)

Figura43.. (Ludovic de Saint Sernin Spring/Summer 2023 – Paris Fashion Week)

Moodbooart
CONCLUSÕES

Conclusões

A moda é um dos maiores símbolos da sociedade de consumo atual e a compreensão de


seu universo revelou que, embora a escolha da indumentária seja um ato individual, todos
estamos sujeitos a influências, que vão desde os meios de comunicação às pessoas que fazem
parte de nosso dia a dia. Ao longo da elaboração deste trabalho, o surgimento dessa questão
inesperada quase foi capaz de desmoronar a proposta à qual este estudo se destinava. A moda
é considerada um sistema de linguagem, universal usado não apenas para comunicação de
raças, povos, religião e cultura, em sua origem pode ser visto o quanto suas modificações
através do tempo revelou a forma que a humanidade queria ser vista ou entendida. A
construção da Fala na moda, no entanto, é restrita, pois a Língua é limitada por
um grupo de decisão formado por estilistas e formadores de opinião. Só a partir das
opções oferecidas pela Língua proposta por esse grupo é que cada pessoa, dentro da
sua individualidade, constrói sua Fala. A partir do instante no qual atinge as ruas e entra nos
guarda-roupas, a moda adquire o aspecto de Fala e se consuma no traje: o gosto individual
passa então a prevalecer e cada um utiliza aquilo que atender às suas necessidades. E quando
falamos de necessidades não apenas falamos daquilo que nos protege do nu, mais sim do nu
que guardamos em nosso íntimo, esse que queremos mostrar para a sociedade sem ter
vergonha de ser visto, tentando assim mostrar que um corpo não veste uma roupa
independente de qual corpo seja esse. Pode-se concluir, a partir dos estudos que deram
embasamento a este trabalho, que a moda é uma forma de expressão. O traje está sempre
submetido aos preceitos da indumentária, tais como desejo de se sentir aceito em determinado
grupo, momentos históricos e opções oferecidas pelo mercado. Ainda assim, o processo de
escolha do traje, apesar de todas as influências midiáticas ou de grupos de referência, é um ato
individual.
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