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)
Albio Fabian Melchioretto
Cibele Cristina Martins
Tatiane Melissa Scoz
A ROUPA
A evolução da Roupa em sua
Relação com a sociedade.
Do ano 1000 d.C. até o século XX
2ª Edição
Blumenau
2019
Índice
PREFÁCIO À 2ª EDIÇÃO..............................................................................4
Flusser (2007) diz que tudo que o ser humano faz está liga-
do ao fato de querer fugir da única certeza da vida, que é a morte!
Então, vestir, além de proteger, diferenciar e adornar, está repleto
de sentimentos, moral e condutas, e pode ser o sentido de uma di-
versão, para literalmente gostar da vida.
Emanuella Scoz
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Emanuella Scoz
1
De BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar,
2001.
pode estar ligado ao fato de esta linha de ombro mais amplo ter
sido utilizada pela realeza, deixando para a sociedade o estigma de
poder, ou mesmo pela expressão de cansaço ser facilmente vista em
uma pessoa com ombros caídos.
Na Roupa feminina, os movimentos feministas da década de
1930 em Paris, e estilistas como Coco Chanel, ao libertar a mulher
trouxeram peças do universo masculino, como a calça e o cardigã.
Representando uma mostra de posse do papel antes masculino. Ao
mesmo que Christian Dior, ao final da Segunda Guerra Mundial
"resgata a feminilidade" da mulher ao devolver-lhe a saia rodada, o
corpete e o salto alto.
Esta representação de poder a partir de um corte feito na
Roupa é uma linguagem estética construída por acontecimentos que
antecedem a sociedade atual. Vivemos uma continuidade semiótica,
rompendo tradições a cada nova geração.
Os momentos de modificação da estrutura estão interligados
aos fatos históricos, momentos de mudança do pensamento coleti-
vo, avanços da ciência, que construíram também a sociedade. A
Roupa entra neste contexto em total fusão com os propósitos da
época, por exemplo, um decote poderia dizer muito sobre a pessoa
que o exibia, num local como a Espanha de 1400 d.C. que financia-
va a Santa Inquisição, onde a fé católica impunha rígida moralida-
de.
A Roupa, contextualizada historicamente apresenta repre-
sentações simbólicas estéticas diferentes, porém, percebe-se que a
estrutura inicial da peça rumou por uma única linha, evoluindo em
volta do corpo, e se aprimora a fim de melhorar a sua integração
com ele.
Na contemporaneidade, o consumidor recria sua vestimenta
e hábitos, a estrutura da Roupa também reflete os simbolismos des-
ta nova sociedade, em meio a uma ruptura de valores que pede uma
ruptura no vestir, esta desestrutura antigos conceitos, como regras
de etiqueta na vestimenta, e une várias culturas, trazendo à tona um
pouco da comunicação de cada uma, assim, a estrutura recria-se
também para uma nova comunicação. O hibridismo cultural 2, ocor-
rido também na Roupa acaba por democratizar as culturas, ao
mesmo que amplia identidades.
Com este hibridismo cultural notam-se tendências de com-
portamento, representando uma ideia ou movimento. Não raro,
produções independentes de criadores locais caracterizam-se como
luxo e explodem nos meios midiáticos virtuais. Na atualidade, faz-
se mais importante conhecer o conceito, o simbolismo, a ideia con-
tida na Roupa, do que uma tendência pronta.
As tendências atuais representam a práxis da vida humana,
o comportamento. Buscam no cotidiano sua orientação e simulam
possibilidades futuras. Estão vinculadas às formas sólidas de pes-
quisa que orientam o pesquisador a conceber uma tendência de
comportamento de massa. A tradução desta em cor, forma e textu-
ra, no entanto, deve ser pertinente ao momento e cultura vigente. O
que faz que muitas tendências sofram antecipação e não atinjam o
consumidor por não partilhar do seu momento.
Moda é cultura, nela estão inseridos os códigos de estética e
valores culturais sociais. Roupa é um objeto de uso cotidiano, que é
um de nossos artefatos de ação. Sobre a ação o design toma suas
propriedades. Sobre a cultura a moda se vincula. Não sei se é pos-
sível, no entanto, separar ambos.
Aparentemente, na atualidade, existe uma distinção entre o
que é útil e o que é estético quando pensamos em Roupas. O que é
2
Termo utilizado por Boaventura de Souza Santos em Globalização e as ciên-
cias sociais, de 2002, explica as influências entre as diferentes culturas mun-
diais em detrimento da globalização.
útil, confortável, não necessariamente é construído de forma estéti-
ca. Primeiro, porque o conforto não consegue atingir a estética do
objeto frívolo, criado em uma época em que o conforto era regido
pelas imposições morais (lembramo-nos dos espartilhos), ou onde à
ciência ainda não havia sido permitido estudar o corpo (lembramo-
nos da altura dos sapatos de salto femininos).
Segundo porque não concebe a possibilidade de recriar uma
concepção de estética baseada em outra comunicação social, como
a modificação da própria estrutura da Roupa objetivando conforto,
compreendendo que este pode adquirir simbolismos estéticos. A
linguagem para a estética, é objeto de estudo tanto quanto a estrutu-
ra para o design.
3
Antoine Laurent de Lavoisier, considerado o pai da química moderna.
4
José Abelardo Barbosa de Medeiros, comunicador de rádio e televisão no Bra-
sil, tendo sucesso da década de 1950 até a década de 1980.
2. A ROUPA A PARTIR DA IDADE
MÉDIA
No período que data a Idade Média, Baixa Idade Média, no
início do milênio passado, a veste principal era a túnica. Antes do
período da Idade Média, na Antiguidade Clássica, Gregos, Egíp-
cios, Etruscos, depois Romanos e Bizantinos utilizaram a túnica
como sua principal veste.
No início da Idade Média esta peça já estava bem difundida,
do Kalasiris dos Egípcios a outros modelos de túnicas abertas nas
laterais, mais pareciam um camisolão. No início da Idade Média a
túnica mais comum era até os joelhos, ou tornozelos, fechada nas
laterais por amarração e com mangas.
Desde seu surgimento, no período primitivo, a Roupa culti-
vava signos, pelos séculos seguintes agregou valores e representa-
ções do pensamento coletivo; a partir do século XI, no entanto, a
Roupa ganha uma significação especial. A individualização dos
signos expressos na Roupa torna-se mais evidente ao passo dos
séculos.
A veste da nobreza era muito representativa, podia represen-
tar o humor, situação política, ou mesmo mostrava sensualidade
nos grandes bailes da corte, e foi com os nobres que a Roupa pas-
sou a ter significados diferentes, representar situações, tornou-se
uma comunicação pessoal, não mais apenas coletiva.
É pela vestimenta dos nobres, representadas em iluminuras
e pinturas que podemos observar as transformações sociais da Rou-
pa. Isto porque os nobres podiam investir representativa quantia
neste objeto, enquanto os plebeus teciam seu próprio tecido, de lã,
ou juta, ou vestiam-se com Roupas de peles de animais, e Roupas
feitas com os sacos das batatas.
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5
Este termo trazido aqui significa que a Roupa começou a ser diferenciada em
função do sexo da pessoa, tornando-se notável as diferenças entre o feminino
e o masculino.
A partir de imagens de obras de arte e iluminuras datadas a
partir do século XI é possível perceber os detalhes nos cortes e na
produção das peças. Detalhes que nos orientam a observar os mo-
mentos de possíveis rupturas, como desenvolvimento tecnológico,
guerras e mudanças políticas.
Na figura seguinte representando a Primavera, apesar de
ser de um período posterior ao relatado neste capítulo, representa
bem a vestimenta do século XIII. A Veste superior aparece com
costuras laterais e frontais, nesta pintura pode haver alusão à gravi-
dez por conta da costura abrindo na frente, mais próximo do baixo
ventre, o que não era comum na Roupa do cotidiano, deixando à
mostra a veste inferior (túnica).
É interessante notar que, nesta veste superior, já existe a
divisão dos lados do corpo, em direito e esquerdo, diferente das
peças anteriores, que eram inteiras. Podemos ver na lateral da man-
ga, na parte exterior do antebraço, a túnica aparente, que por sua
vez mostra uma costura mais fina aparente. Esta manga, chamada
manga bufante, mostra-se bem justa no punho, poderia possuir,
além da amarração, abotoamento, e a sobreveste puxada para fora
muitas vezes representava um costume de diferenciação, evidenci-
ando a riqueza do tecido ou guarnições da Roupa de baixo.
Primavera. 1455-60. Cosimi di Domenico di Bonaventura Tura. Extraído do
livro 1000 obras primas da pintura, 2007.
Fonte: da autora.
Fonte: da autora.
Fonte: da autora.
Fonte: Da autora.
A costura da manga é feita na parte de baixo das axilas,
aos poucos avança para trás do braço, a cava torna-se mais curva
em direção às costas, fazendo-se necessário aumento da curvatura.
Representação de uma sobre veste cotte hardie.
Frente Costas
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora
Manga reta:
Fonte: da autora.
Fonte: Da autora.
6 A chemise é uma peça que evoluiu das túnicas utilizadas como veste inferior. Modifi-
cando-se até chegar as atuais camisas (sociais, de botão). Diferentemente da camiseta (de
malha e mangas curtas) cujo corte evoluiu dos cortes simples das túnicas, mas foi repagi-
estas eramVersão
costuradas abaixo do braço até o punho, bem largas até
gratuita
o cotovelo, com volume levado à parte de baixo do braço, parte de
cima, na estrutura
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A partir do cotovelo a manga ajustava-se, fechando a cur-
vatura da manga aos poucos, esta manga é provavelmente cortada
em duas partes, devido ao franzido encontrado na altura do cotove-
lo.
A manga presunto é característica por ter a parte bufante
maior, já a manga bufante pode ter o volume maior localizado entre
o meio do braço e o cotovelo.
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
2.3 SÉCULO XV
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
Natividade Mística. 1500. Sandro Botticelli. Extraído do livro 1000 Obras primas
da pintura, 2007.
Na segunda metade do século XV, a capa entrou novamente
na moda, mas com forma totalmente diferente, pequena, feita de
veludo, seda, feltro leve ou mesmo couro macio de boa qualidade.
Raramente chegava até os quadris, corte semicircular, era feita para
manter-se firme nos ombros, sendo preso, novamente, como nos
períodos anteriores, na frente, por uma pequena fivela. A capa as-
sumiu vários tamanhos, fechamentos, ornamentos e cores, porém
seu corte sempre se utilizava da mesma estrutura, formato circular,
ou semicircular. As capas circulares necessitavam de abertura cir-
cular no meio do molde, por onde vestiria a peça. Por vezes estas
recebiam um corte reto na parte que seria a frente da veste, passan-
do seu volume para trás prendia-se com fivela no peito, mantendo a
forma original, poderiam receber gola e fechamento por botões. A
capa semicircular, mais simples, em geral era presa por broche.
Fonte: Da autora.
N
Neste momento, não apenas o corte das Roupas, mas tam-
bém as costuras e acabamentos como bordados em pedrarias ou
pérolas, como na imagem anterior, inspiravam mais cuidado, tanto
no feitio quanto no uso cotidiano, para vestir, desvestir, lavar e
guardar.
Esta manga, em vez de ter a parte bufante cortada no pró-
prio molde, como as anteriores, tem uma inserção de tecido mais
larga, sendo costurada a primeira parte da manga, que se localiza
no braço, e é ligada por costura também à segunda parte da manga,
localizada no antebraço, é possível notar este trabalho pelos drape-
ados da peça, possíveis desta forma somente com a costura.
Esta estruturação permite mais movimento na área próxi-
ma da cava e nos cotovelos, onde não há a inserção das pérolas. A
veste representada na imagem utiliza tecido aparentemente, como
um musseline ou seda. Leve, preso abaixo do busto por um cinto
deixa todo o vestido drapeado no busto e fluído do busto para bai-
xo, o drapeado é mantido no busto pelo bordado do decote. A veste
de baixo é de tecido muito fino, provavelmente com terminações
em voil ou tricoline, vistos no busto e na barra da manga.
A Itália, no século XV também tinha criado uma enormida-
de de modelos, tanto quanto franceses, ingleses e alemães, porém,
as Roupas italianas detinham maior profusão nos detalhes, trans-
formando-as em verdadeiras riquezas, tinham também tecidos de
muito requinte, finos e fluídos, até rijos, que necessitavam de corte
preciso, e acima de tudo costura perfeita.
O cuidado com as sedas e demais tecidos provenientes do
Oriente era maior, o que necessitava também de uma série de me-
lhorias na estruturação das Roupas e nas técnicas de costura.
O vestido à direita da figura "o noivado" é o cotte hardie,
com a sobreposição que termina com formato V na cintura. A man-
ga da imagem é a manga presunto, com plissados feitos na costura
à barra.
O noivado. 1527. Hans Holbein, o jovem. Extraído do livro 1000
Obras primas da pintura, 2007.
Fonte: da autora.
Maria Tudor. 1554. Anthonis Mor van Dashorst. Extraído do livro 1000 Obras
primas da pintura, 2007.
O gibão era
repartido em duas
partes na frente, a
parte esquerda e a
direita. Como
acontece nos
moldes dos
casacos atuais. No
entanto, na
alfaiataria, o corte
frontal (central)
poderia ser reto ou
curvo. Se curvo,
assentava melhor
em pessoas com
barriga mais
saliente, ficando
justo e sem
excessos de
tecido.
Se reto, ficaria justo, e, assentava melhor em pessoas de
corpo mais magro e barriga menos saliente, pois, as peças eram
feitas na medida do corpo, estruturadas para que não houvesse
sobra ou escasses de tecidos nas partes do corpo.
Representação do gibão com centro reto:
Fonte: da autora
Representação da meia:
Fonte: Da autora.
As mulheres de
classes inferiores
não tinham acesso
a estas peças,
também não havia
necessidade de
utilizá-las para o
trabalho.
A saia utiliza aná-
guas, não apresen-
ta ainda a estrutu-
ra rija que faz
parte do século
XVII, com uso
das anquinhas e
armações.
N
Nesta imagem é difícil definir se o vestido é inteiro ou se foi
recortado seguindo as aplicações de pedrarias. Comumente, as pe-
drarias, bordados e passamanarias eram aplicadas para cobrir as
costuras. Neste caso, o local de aplique das pedrarias dá a entender
que o vestido seria repartido na vertical, no centro do corpo, e na
cintura formando a ponta, o que permite uma modelagem que me-
lhor se adapta aos movimentos do corpo.
As pedrarias aplicadas na vertical, na linha do seio entre o
ombro e a cintura estão localizadas onde, atualmente, fazemos nos-
sas pences para afinar a cintura e reduzir excesso de tecido no om-
bro.
Atualmente muito destes recortes são embutidos, feitos
anatomicamente já no molde, evitando que apareçam costuras na
peça, no entanto, durante o século XVII não há indícios que com-
provem o uso desta técnica. Revelando-nos, portanto, a possibilida-
de de haver pences no vestido, coberta pelas pedrarias.
O uso do rufo rijo e os acabamentos ricamente ornados
marcam a Roupa das monarquias do século. Nota-se a manga, as-
sim como a capa, unidas por dentro da cava, abaixo de uma aplica-
ção bufante que, serviria tanto como ornamento, quanto para es-
conder as amarrações da manga junto ao corpete.
Durante o século XVII é notável as influências políticas no
estilo das Roupas de cada reinado. Na Alemanha, devido à guerra
dos trinta anos, motivada por questões religiosas da reforma e polí-
ticas, a vestimenta é rija, fazem parte dos materiais o couro e metal,
e muitas propriedades das Roupas dos soldados é incorporada à
vestimenta casual. Na Espanha, o abandono do gibão acolchoado e
o alargamento das mangas deram às Roupas ares menos espalhafa-
tosos.
A figura retratando a infanta Margarida, da família do rei
Filipe IV, da corte espanhola, mostra uma veste mais elaborada nos
cortes, o que pode ter auxiliado na diminuição do uso de apliques.
O volume das saias caminha para as laterais, feito conseguido por
meio de armações, as anquinhas, cobertas por várias saias chama-
das anáguas, e, na saia do vestido, o uso de tecidos encorpados co-
mo veludo, cetim e jacquard auxiliavam a conseguir este caimento
rígido.
Luíz XIV. 1701. Hyacinthe Rigaud. Extraído do livro 1000 Obras pri-
mas da pintura, 2007.
O cavalheiro sorridente. 1624. Frans Hals. Extraído do livro 1000 Obras primas
da pintura, 2007.
O rufo caído é plissado, não mais em cones como o rufo an-
terior.
Este rufo, de rendas sobrepostas terminadas em pontas ainda
tem um plissado leve, na circunferência da gola, abrindo-se até as
pontas. Anterior ao século XVII, o rufo era utilizado com uma ar-
mação de metal, a invenção da goma proporcionou que fosse utili-
zado sem armação, passa a se transformar na gola caída, com tama-
nhos diversos, mas do mesmo material, em geral renda de cor bran-
ca, linho ou algodão.
Tanto homens quanto mulheres tiveram forte influência da
gola caída, tendo maior evidência entre a ascensão de Luís XIII,
após o assassinato de Henrique IV. Com as leis dificultando a im-
portação de tecidos, a burguesia passou a utilizar Roupas de lã,
cortesãos ainda utilizavam a seda, porém com menos adornos de
fios de ouro e prata.
Neste momento, a sociedade europeia está próxima de trans-
formações culturais, passa por momentos áureos de arte e música,
tem um comércio bem elaborado e os burgueses já são história con-
creta, os reinados são mais organizados, existe legislação, e as auto-
ridades eclesiásticas, apesar de ainda respeitadas, não são mais tão
predominantes nas decisões gerais.
Isto tudo traz para a Roupa mais sensualidade, novos teci-
dos e cores, variedade, e sua confecção mais requintada e um pouco
mais veloz. Também é neste momento que acontece a guerra dos
trinta anos, da qual participa a maior parte dos países da Europa
Ocidental, travando a luta ente católicos e protestantes, vista duran-
te a sucessão de Maria I por Elizabeth I.
A vestimenta da corte francesa era mais rija e enfeitada,
tem a armação para as laterais. Na França o traje feminino era for-
mado por corpete, agora mais confortável, anágua e beca. O corpete
costumava ser extravagantemente decotado e amarrado com fita de
seda na frente, por vezes tão decotado que cobria o busto a partir
das auréolas do seio, em formato quadrado.
A técnica de franzir conhecida até hoje é conseguida pela
engomagem, com auxílio de ferro quente, e a costura das pregas na
veste. Já a técnica para mais comum utilizada para plissar o tecido é
conseguida por meio de um molde onde o tecido é sobreposto, plis-
sado junto com a base do molde e guardado por algumas horas (a
quantidade de horas depende da tenacidade da fibra). Este método
na Idade Média utilizava bases de madeira, atualmente pode utilizar
vapor e prensa para apressar o processo.
Na imagem, cavalheiro ao centro utiliza a gola caída, o gi-
bão terminado em ponta na frente, apesar de inteiro ainda tem mar-
cação da cintura, conseguida pelo estreitamento dela no molde, de
forma reta.
Havia calções mais longos, na Espanha, juntamente com o
gibão mais comprido na frente em relação as costas, e as abas, antes
costuradas separadamente agora eram cortadas no molde, formando
um traje de peça única.
Graças aos processos de curtimento da camurça, o gibão fi-
ca mais maleável, a parte traseira passa então a ser inteiriça. As
abas tinham duas camadas, ficando longas, também para servir co-
mo armadura, protegendo as coxas de golpes.
Ainda assim era rijo e necessitava ser fechado com fivelas.
As abas por vezes eram costuradas ao corpo do gibão após ele estar
todo montado, ou recebia as abas inteiras até os braços, criando
uma pala superior na frente e costas.
A Rendição de Breda. 1634. Diego Velázquez. Extraído do livro 1000
Versão gratuita
Obras primas da pintura, 2007.
Estrutura do calção:
fr co
Fonte: Da autora.
Aparece o fichu,
tecido colocado
no busto para
cobri-lo, era
costurado abai-
xo do decote e
sobre ele era
sobreposto a ele.
Apesar de já
terem registros
de formas como
sutiãs durante o
império romano,
até este momen-
to na Europa a
única forma de
modelar e prender os seios era utilizando o espartilho e estas nesgas
de tecido cobrindo os seios. Durante o império romano estes “suti-
ãs” consistiam em uma faixa de tecido que era fechada por sobre-
posição, utilizados para esportes.
A Roupa masculina é descrita pelo uso do colete, durante
o início do século no mesmo comprimento que o casaco, com uma
ou duas fileiras de botões frontais, o casaco era fechado até os qua-
dris, então se abria, deixando totalmente à mostra a parte da frente
dos calções, e terminava logo abaixo dos quadris na parte de trás.
Este tipo de casaco é muito semelhante ao traje dos oficiais de in-
fantaria.
As costas do colete eram feitas de tecidos mais baratos.
Calções até os joelhos eram fechados abaixo dos joelhos com qua-
tro ou cinco botões, na cintura utilizavam-se cintos ou suspensó-
rios. A partir de 1735 começam a ser fechados abaixo dos joelhos
com fivelas ornamentais, utilizados a partir daí por cima das meias.
Josef de Jaudenes y Nebot. 1794. Gilbert Stuart. Autorretrato. 1622. Antoon van
Dyck. Extraído do livro 1000 Obras primas da pintura, 2007.
Representação do casaco:
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
Fonte: Da autora.
Rua de Paris, dia chuvoso. 1877. Gustave Caillebote. Extraído do livro 1000
Obras primas da pintura, 2007.
A imagem da mulher de
azul, com vestido sem mangas
caracteriza uma veste para noite.
A saia vai alargando-se na medida
em que chega à barra. A parte de
trás da saia de baixo necessita ser
feita em um corte reto, semelhan-
te ao utilizado nos vestidos de
gala e festa atuais, para que se
forme a cauda naturalmente.
Também nesta imagem nota-se o uso de uma saia posta à
saia do vestido, esta é mais como um enfeite para criar o volume
proporcionado pelas anquinhas, mas sem utilizá-la.
Desenho do corte
da saia inferior:
REFERÊNCIAS
SANTOS, Lino Gabriel Nascimento dos. Não tinha espaço para mim
nessa história: moda, raça e resistência no espaço escolar. Dissertação
(mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de
Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social, Florianópolis, 2018. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/191265/P
ASO0452-D.pdf?sequence=-1&isAllowed=y> Acesso em 3 fev.
2019.