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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense - Campus Ibirama

THAÍS LIMA SILVA

BORDADO E POESIA NA POTENCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO EM UMA


COLEÇÃO DE MODA FEMININA

Ibirama, SC
2021
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense - Campus Ibirama

THAÍS LIMA SILVA

BORDADO E POESIA NA POTENCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO EM UMA


COLEÇÃO DE MODA FEMININA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda
do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia Catarinense, Campus Ibirama, para
obtenção do título de Tecnóloga(o) em Design de
Moda.
Orientador(a) CAMILA BARTH PAIVA, Mestre

Ibirama, SC
2021
Ministério da Educação
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BORDADO E POESIA NA POTENCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO EM UMA


COLEÇÃO DE MODA FEMININA

Resumo

O presente estudo buscou abordar o trabalho artesanal, especificamente a técnica do bordado,


considerando sua relevância dentro do contexto contemporâneo. O objetivo foi identificar de
que forma as áreas relacionadas - moda, design e arte - dialogam com o artesanato,
possibilitando sua visibilidade através de uma coleção de vestuário feminino com linhas e
poesias bordadas. Com o propósito de ampliar a perspectiva acerca do artesanato,
ultrapassando a sua utilização apenas como um produto distinto para o crescimento da
economia e desenvolvimento do país no segmento de mercado. Para isso, foi realizado um
estudo bibliográfico em relação à área, somado a aplicação de uma coleta de dados junto ao
grupo de artesãos da Economia Solidária de Itajaí, Santa Catarina, a fim de validar as
informações coletadas e desenvolver uma pesquisa consistente. Como resultado, apresenta-se
os produtos criados de forma manual, de modo que reflitam sobre o artesanato, tal como uma
metalinguagem, evidenciando a sua significância na sociedade através de um conhecimento
crítico e consciente.

Palavras-chave: Artesanato. Moda. Design. Arte.

1 Introdução

Moda e design, muito embora tenham sido distanciadas no século XX, compartilham o
mesmo instante, no qual as fronteiras são diluídas e, cada vez mais, as áreas do conhecimento
relacionam-se através da interdisciplinaridade, compartilhando conhecimentos. Devido à
complexidade, mutação e difícil decodificação do cenário contemporâneo. De acordo com
Moraes (2008), áreas como o design surgem como alternativa para compreender os códigos
sociais, fazendo com o que esse se relacione mais com áreas do conhecimento que constituem
a esfera do comportamento humano, dos aspectos estésicos e psicológicos, de modo
transversal, atribuindo princípios humanitários, não valorizados até então na formação de
produtos industriais. Dessa forma, como versa o autor, a partir da segunda modernidade, o
design passou a se relacionar com áreas tais como a moda e a arte (MORAES, 2008). E em
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finais do século XIX e início do século XXI, percebe-se um estreitamento entre o design e o
artesanato, a partir do interesse de estudiosos como Adélia Borges (1951.-). Sendo o
artesanato também relacionado ao âmbito humano, porque considera valores culturais, no qual
é um fenômeno que se relaciona às demais áreas e que faz-se necessário conhecer e
compreender.
Nesse contexto, considerando que vivemos em uma sociedade, em que se predomina o
consumismo em virtude do capitalismo, pôde-se perceber que o homem foi percorrendo
longos caminhos em busca de desenvolvimento dentro do meio que habita. Porém,
esqueceu-se de preocupar com os rastros que deixava nessa estrada sedenta por ambições.
Isso gerou marcas registradas ao longo da história, como guerras, consumo exacerbado em
busca de disputas entre sociedades e nações, e destruição de grandes belezas naturais
importantíssimas para a nossa sobrevivência futura. Em troca, atualmente, se tem grandes
facilidades e um enorme avanço técnico-científico possibilitando o conhecimento e
inter-relações entre países. No entanto, percebe-se que muitos vêm-se questionando em
relação a essa busca sem precedentes que concebeu uma civilização altamente tecnicizada,
mas desigual. A qual tem demonstrado suas consequências, pois nos dias de hoje
pesquisadores têm se voltado para o desenvolvimento de métodos e recursos mais
socioambientais em prol da saúde do mundo, além de buscarem conscientizar a sociedade de
suas práticas relacionadas ao seu estilo de vida capitalista e ao seu consumo irremediável, e
atitudes irrefletidas entorno do lucro a qualquer custo. Isso é revelado pelo pensamento
recente disseminado pela renomada antropóloga Lilia Schwarcz (2020): "já havia muitos
sinais do desgaste da utopia tecnológica do século que agora termina. É mais do que óbvio o
quanto estávamos e ainda estamos abusando da natureza, e os desastres climáticos e
ambientais de proporções inéditas são prova disso” (SCHWARCZ, 2020, p.23). A referida
autora reforça ainda, que cientistas, ambientalistas e ativistas alertavam sobre as
consequências disso há bastante tempo.
Nesse sentido, Lipovetsky (2009) foi assertivo ao realizar um estudo contundente
acerca de nossa sociedade contemporânea, ao identificar sua ordem regida pela efemeridade e
sedução, característicos do sistema da moda. Afinal, rapidamente o “novo” é lançado e
dispersado pelas grandes mídias, com o intuito de seduzir o consumidor a adquirir essa ordem
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para ser parte do todo e aderir certo “prestígio e destaque”. Com isso, se estabelece o
consumo demasiado, porque absorve-se essa lógica de uma constante busca pelo que há de
vir. Conforme explicitou Svendsen (2010), a respeito do consumo, que possivelmente
consumimos para estabelecer uma identidade e não por necessidades somente. Tendo isso
posto, grandes marcas utilizam-se de artifícios de sedução e prestígio, entretanto, não se
valem de práticas éticas e responsáveis em relação à sociedade e ao meio ambiente, e
determinam o posicionamento das marcas menores que seguem seu percurso.
Ocorre que uma parcela da sociedade, movida por pensamentos críticos como os
expostos acima, tem reivindicado novas maneiras de consumo, um desses sendo profissionais
do design e de criação de produtos. Desse modo, o design atua juntamente com a moda para o
incentivo de novas formas de consumo, enquanto um processo de resolução de problema
criativo, baseado em métodos de pesquisa para isso. Como bem esclareceu Calvera (2006), ao
pensar sobre o design enquanto desenvolvedor de pesquisas, centrado, especialmente, em
elaborar conhecimento de design, considerando os aspectos que dizem respeito à necessidade,
com o intuito de produzir resultados de pesquisas em design, não considerando apenas um
projeto específico. Adotando uma abordagem interdisciplinar, através da cooperação de outras
áreas de conhecimento, a fim de conceder forma a esse conhecimento de design (FACCA,
2008). Dessa maneira, o estudo objetivou relacionar as áreas do design, da moda, do
artesanato e da arte, a fim de possibilitar um diálogo abrangente e profícuo, uma vez que são
áreas passíveis de se conectar.
Assim sendo, considerando o momento que vivemos, em que novos hábitos em
virtude da preservação ambiental e do desenvolvimento social tem sido visibilizadas, levando
em conta a urgente necessidade de mudanças que impeçam o colapso futuro da sociedade e
pensando em uma moda que intencione ressignificar o modo de consumo através de novas
práticas e pensamentos críticos, considerou-se conceder uma nova roupagem à identificação
dos indivíduos através de práticas conscientes e mais valorativas. Uma vez que, a habilidade
de comunicação simbólica é encontrada de forma mais expressiva e potente no vestuário que
em outros produtos utilizados para a comunicação pessoal. Portanto, essa capacidade é um
veículo que transmite o visual da roupa em si e o seu significado, profundamente, relacionado
ao usuário, dirigida por ela e transmitida através da moda em toda extensão do cotidiano em
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sociedade (MIRANDA, 2008). Assim, surge o presente problema de pesquisa, apoiado no


artesanato: Como desenvolver uma coleção de moda feminina que represente a valorização
artesanal na região de Santa Catarina, através da poesia bordada nas peças?
O objetivo principal do estudo foi desenvolver uma coleção de moda feminina que
demonstre de que forma as áreas - design, moda e arte dialogam com o artesanato, a fim de
contribuir na valorização artesanal através de linhas e poesias bordadas no vestuário. Então,
objetivou estudar o artesanato referente ao bordado e suas características, expor os temas
centrais moda, design e arte - relacionados ao artesanato e observar o processo criativo nessas
áreas, descrevendo como ocorre e, estudar, compreendendo os recursos e procedimentos do
design thinking, para projetar os produtos.
Com isso, buscou-se, também, realizar uma coleta de dados acerca dos conhecimentos
dos artesãos da região, associados à Economia Solidária de Itajaí. Bem como apresentar as
poesias autorais que foram desenvolvidas juntamente com os croquis e expor os resultados de
uma coleção de moda feminina mediante duas composições de vestuários elaborados.
Destarte, o tema de pesquisa revela-se significativo, uma vez que há uma boa parcela
da população brasileira envolvida em trabalhos artesanais, muitas vezes, retirando sua renda e
seu custeio. Conforme os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2017), “cerca de 10 milhões de brasileiros vivem do artesanato.” Assim, o
presente estudo justifica-se por uma relação afetiva com o artesanato e as demais áreas e, no
que concerne a arte, revela uma intimidade com a poesia1. “Diante disso, podemos assentar
que a poesia é a comunicação, a expressão do “eu”. Como a palavra é o signo literário por
excelência, inferimos que a poesia é a expressão do “eu” pela palavra”. (MOISÉS, 1987, p.
84). Mas também, devido ao contexto com o retorno recente de ações voltadas ao modo
artesanal, um assunto que se revela com várias pesquisas na área. Desde o início deste século,
havendo uma retomada desses estudos a partir de 2014 de forma mais atenuada, o que não
comprovou ser suficiente para resolver o problema geral e estrutural que envolve o
artesanato, como os seus estigmas que corroboram em sua desvalorização e,

1
A história da autora com o artesanato e a moda teve início desde a sua tenra infância, iniciando na costura
manual, visto que sua família tem ligação com a área de moda, principalmente o seu pai, na elaboração de
calçados com boa parte do processo de forma manual. Desfrutando também do universo artístico desde cedo, no
que diz respeito à dança, à música, ao desenho e, principalmente, à poesia que fecundou no seu íntimo.
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consequentemente, na ausência de uma inserção melhor na sociedade através de mais


suportes, para o apoio dessas práticas e seu fortalecimento. Nessa perspectiva, intencionou-se
unir as áreas de design e moda, já mencionadas, articuladas ao universo da arte, com o
propósito de estimular a troca e a partilha de saberes, e conduzir a um conhecimento mais
abrangente, reflexivo e consciente acerca do artesanato.
Conforme explicitado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços/Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa no Art. 19 (PORTARIA Nº
1.007-SEI, DE 11 DE JUNHO DE 2018), “Artesanato é toda produção resultante da
transformação de matérias-primas em estado natural ou manufaturada, através do emprego de
técnicas de produção artesanal, que expresse criatividade, identidade cultural, habilidade e
qualidade.” Além de identificar no Art. 8º que o artesão é o indivíduo comum, que utiliza um
ou mais artifícios para executar um trabalho majoritariamente manual, por meio do manuseio
de artifícios e procedimentos, convertendo matéria-prima em um produto pronto, que
demonstre as características culturais do país. Logo, entende-se que o artesanato é uma
atividade que se vale de processos manuais, mas que às vezes os artesãos podem utilizar
algumas máquinas ou não ter o artigo criado através de um processo unicamente manual,
considerando a cultura local para criar.
Nesse sentido, no território brasileiro encontram-se variados tipos de artesanatos e
uma variedade de técnicas, devido a diversidade cultural do país, constituída por várias etnias
e culturas, tais como a indígena, a africana, a portuguesa, entre outras como a italiana e a
alemã, uma vez que a sociedade brasileira é ampla e vasta com uma multidiversidade.
Contudo, pretendeu-se tratar aqui do artesanato, especificamente a técnica de bordado,
contextualizando na região Sul, em Santa Catarina, que se destaca por seu grande polo têxtil e
contribui na economia do país (FEBRATEX, 2020). Visando retratar o bordado e seu real
significado, sem deixar de abordar sua relevância, mas também sem colocar em um nível
inacessível ou com poderes sobrenaturais, de forma a ultrapassar o simples sentido utilitário
que tem sido pensado no momento.
Assim sendo, a presente pesquisa auxiliará no processo de desmistificação e
valorização dessa prática, que mesmo tendo espaço de desenvolvimento no país, entende-se
que ainda não tem seu devido valor reconhecido atualmente no Brasil. Ampliando o tema na
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área científica através da reflexão, a partir dos estudos já realizados na área e identificação
dos benefícios que o artesanato pode proporcionar na sociedade. Estudos estes, que apesar de
serem vários, percebe-se que há três segmentos principais, sendo uns relacionados ao tema
geral do artesanato interligado ao território brasileiro, outros conectados ao design e outros
ligados a culturas específicas, com destaque para a região nordeste. Todavia, há outros temas
que são minoria, como o estudo do tema - artesanato, moda e design ou, ainda, associado à
arte. Além disso, observa-se que os estudos já realizados na área, quando abordam a relação
do artesanato com outras áreas, tal como o design ou a moda, é demonstrado uma ligação
apenas para retirar os conhecimentos convenientes, para melhorar o artesanato ou para
melhorar os produtos acrescentando diferenciação, com o objetivo de ampliar a produção
desses no mercado.
Nesse contexto, considera-se esse assunto pertinente aos dias atuais, a fim de
despertar novas formas de reflexão, com intuito de criar produtos que transcendam o simples
fazer mercadológico, tocando, sensibilizando e transvestindo-se com conceitos, promovendo
criticidade e autonomia dos pensamentos comuns em relação ao consumo, no momento que o
artesanato se liga as áreas do design, da moda e da arte para atingir esse objetivo de
reverberação de novos conhecimentos.

2 Metodologia

A natureza da pesquisa apresenta-se como aplicada, caracterizada como descritiva,


baseando-se na técnica de coleta de dados junto ao grupo de artesãos associados ao Centro
Público de Economia Solidária de Itajaí (Cepesi). Possui abordagem qualitativa, com
procedimento bibliográfico. Desse modo, buscou-se coletar informações através de um
questionário para ter um aprofundamento da realidade circundante, com a finalidade de
corroborar os conhecimentos científicos do presente estudo, agregando ao processo criativo
para resolução do problema, que visa potencializar o artesanato, a fim de projetar um
resultado significativo na sociedade. (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Em virtude disso, o estudo foi separado em etapas com o objetivo de facilitar o
processo de pesquisa, as quais se encontram descritas a seguir: A primeira etapa foi dedicada
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ao referencial teórico, integrando a busca de referências acerca da área para compreensão dos
estudos já realizados. Isso contribuiu para a sustentação dos conhecimentos abordados no
estudo, que correspondem aos aspectos relacionados ao artesanato e ao bordado, às
características culturais, e aos estudos do design, da moda e da arte contextualizados nesse
segmento.
Na segunda etapa, ocupou-se da observação e da reflexão acerca do tema, com o
intuito relacionar e sistematizar os conteúdos, concedendo coesão à síntese. Assim, a etapa
diz respeito ao estudo do artesanato e à relação entre as áreas de moda, do design e da arte.
A terceira etapa foi destinada ao estudo da criatividade, seus aspectos e processos
criativos, considerando-o nas áreas citadas acima, e também referiu-se ao estudo da
metodologia de projeto. Visando compreender como ocorre esse processo criativo e
metodológico para desenvolver e aperfeiçoar a criação no projeto.
Já na quarta etapa, referiu-se a aplicação de um questionário parcialmente online, no
qual 14 entrevistados responderam virtualmente e 4 responderam no modo impresso, junto
aos artesãos associados da Economia Solidária de Itajaí. Sendo separado em dois momentos,
o primeiro referente à coleta de dados no mês de agosto de 2021 e o segundo momento
destinado à sua análise no mês de setembro de 2021, o qual obteve uma média de 18
participantes. Os dados obtidos foram considerados no momento de composição do processo
criativo e da geração de alternativas, juntamente com a descrição das técnicas utilizadas no
projeto.
E a quinta etapa, foi destinada ao desenvolvimento dos resultados, em que foi possível
visualizar a resolução atingida, permitindo traçar um panorama geral acerca do estudo,
estabelecendo e descrevendo as possíveis concretizações, e executando os ajustes finais.
Sendo assim, a seguir estão as cinco etapas citadas acima, organizadas em seções,
sendo elas: O artesanato e o bordado na cultura catarinense; Design, Moda e Arte: Relações e
possíveis contribuições para o artesanato; Os processos criativos do Artesanato, da Moda, do
Design e da Arte, com suas conexões; Coleta e Análise de Dados; Desenvolvimento da
Coleção.
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3 Fundamentação Teórica
3.1 O artesanato e o bordado na Cultura Catarinense

A cultura é uma área estudada pela antropologia, sendo um fator relevante na vida
social. Acredita-se que é a interação de indivíduos em uma determinada sociedade ou
localidade, através de crenças, hábitos, tradições, técnicas e saberes, permitindo que o
indivíduo se perceba enquanto um ser social, parte de um todo - o coletivo. Gerando, então, o
sentimento de pertencimento, de enraizamento, com os quais pode reconhecer sua identidade,
com isso, refere-se a caracterização de povos de uma região. Nesse sentido, o autor Laraia
(2008), expõe que Edward Tylor (1832-1917) sintetizou o termo inglês Culture no extenso
sentido etnográfico, como sendo todo complexo que abarca conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes ou qualquer outra aptidão ou hábitos aprendidos pelo homem como
participante de uma sociedade.
Logo, compreende-se que a cultura é a maneira pela qual os indivíduos se reconhecem
enquanto seres pertencentes a um determinado local, visto que se permitem enquanto seres
gregários comunicar-se através de símbolos criados, com os quais conseguem perceber-se
como sujeitos participantes de um território, preservando-se os saberes ou os conhecimentos
ao transmiti-los no decorrer do tempo. Segundo a observação do autor Laraia (2008), no
pensamento de Turgot (1727-1781), o homem é detentor de uma riqueza de signos que tem a
capacidade de aumentar constantemente, tendo a habilidade de confirmar suas ideias,
comunicando-as para os seus descendentes como uma herança progressiva. Afirmando ainda
que, as civilizações se dispersaram e permaneceram apenas pela utilização dos símbolos, que
é a prática da competência de simbolização que origina a cultura, e se o homem não tivesse
essa faculdade seria apenas um animal e não um ser humano, pois seu comportamento é
simbólico (LARAIA, 2008).
Nesse contexto, o artesanato é considerado uma prática cultural, em que os
conhecimentos foram transmitidos através da tradição, promovendo identidade social e
partilhando saberes, e modos de um determinado fazer artesanal, sendo papel do Estado
preservar esse bem. Conforme as definições do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB,
2012), o artesanato é toda produção derivada da transformação de matérias-primas por meio
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da execução manual, principalmente, por um indivíduo que possua o domínio completo de


uma ou mais técnicas, relacionando criatividade, agilidade técnica e valores culturais. Dessa
maneira, o artesanato possui valor simbólico e identidade cultural, podendo recorrer ao
auxílio de máquinas, ferramentas, utensílios e artefatos. Sendo que, as matérias primas podem
ser diversas, desde a utilização de areia, borracha, conchas, madeira, pedras, papel até couro,
fibras vegetais, fios e tecidos, entre outros (PAB, 2012). Portanto, entende-se que o artesanato
é mais do que uma simples prática, porque faz parte da herança cultural transmitida de
geração em geração através da memória, consolidando seu legado, por isso a palavra
artesanato se amplia, uma vez que vai além da técnica, proporcionando relações, afetos e
reforçando os laços, pois percebe-se que, aqueles que já contribuem com esse bem ou mesmo
aqueles que puderam presenciar essa prática em algum momento, identificam-se, observam e
valorizam os diversos artesanatos.
Sendo assim, o artesanato preserva os valores de um povo, considerando a identidade
cultural de determinada sociedade, consequentemente o reconhecimento de um indivíduo
ligado a essa prática, que preserva princípios relacionados à vida, os quais se conectam com o
seu fazer manual em pequena escala, que se percebe identificado com uma produção lenta,
sem gerar danos ao meio ambiente como a produção em massa. Já que, conforme Freitas
(2017), um ponto que deve ser considerado é a possibilidade e autonomia do artesão de
determinar ou controlar o tempo de seu ofício, dividindo esse tempo com outras atividades
partilhadas em família e comunidade, “fundamentais para a sua formação, para a sua
percepção, e, consequentemente, para a sua linguagem de expressão refletidas no seu
produto” (FREITAS, 2017 p. 64).
Como citado anteriormente, há vários artesanatos e técnicas, mas o que pretende-se
considerar aqui, especialmente, é o artesanato tradicional e contemporâneo em Santa
Catarina, com a técnica do bordado, que é realizada sobre o tecido ou outra estrutura por meio
da agulha com uso da linha e apoio de bastidores, podendo ser executada com as mãos ou
com a utilização de máquinas (PAB, 2012).
Dessa forma, é possível compreender que os artesanatos tradicionais são os que mais
expressam a cultura de certo grupo, representando suas tradições, ligados à vida rotineira,
integrando seus usos e costumes inseparáveis. Normalmente possui origem familiar ou
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comunitária, transferindo o conhecimento de técnicas, processos e desenhos originais. Por


isso, seu valor cultural ocorre pela preservação da memória da cultura de uma comunidade,
transmitida pela linhagem (PAB, 2012). Já o artesanato contemporâneo-conceitual é
consequência de um processo pensado na afirmação de um estilo de vida ou afinidade
cultural, sendo distinguido dos demais artesanatos pela característica de inovação, reforçando
os estilos de vida e os valores (PAB, 2012). No modelo da sociedade atual, esse último
artesanato se caracteriza por possuir uma criatividade livre, agregando por vezes
conhecimentos artísticos, do design e da moda.
Assim, pode-se perceber a presença do artesanato na região de Santa Catarina, sendo
representado pela cultura do local, através do incentivo e fomento das feiras na maioria das
cidades. Sendo que, o bordado em Santa Catarina, tem destaque principalmente no Médio
Vale do Itajaí, com sua origem em Blumenau, por meio da casa Meyer fundada em 1903, a
mais conhecida até os dias atuais pela transmissão de seu legado para familiares e para a
comunidade, na qual se dava a venda de produtos artesanais e a transmissão dos
conhecimentos sobre as técnicas de bordados, aprendidas principalmente por mulheres. A
qual possui destaque em sua tradição no bordado livre, caracterizado pelas cores e flores
regionais e identificada pelo cuidado e pelo êxito na execução de produtos para casa, portanto,
um artesanato de cunho tradicional (FUNDAÇÃO CULTURAL DE BLUMENAU, 1995, p.
06).
Essa tradição, permitiu que o bordado fosse sendo transferido entre as mulheres do
local e disseminado nas regiões de Santa Catarina, que hoje se percebe não só pelo bordado
tradicional, mas também pelo contemporâneo, que tem vigorado bastante no momento,
porém, observa-se que algumas mulheres ainda se permitem fazer o bordado com as
características da tradição, preservando os aspectos culturais dessa região. O bordado possui
vários pontos, dentre eles, o ponto aberto, ponto cheio, ponto corrente ou cadeia; o ponto
caseado, o ponto reto, o ponto atrás, o ponto rococó e o ponto cruz, entre outros, além de
tantas outras técnicas de bordado como o vagonite e a aplicação de bordado (PAB, 2012).
Apesar de haver uma tendência crescente a respeito do trabalho artesanal e do
bordado, desde o século XXI, como já mencionado anteriormente. Acredita-se que o
artesanato ainda não tem o seu devido valor reconhecido pela grande maioria dos brasileiros,
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tendo em vista as poucas bibliografias consagradas/publicadas na área no Brasil,


principalmente ao que diz respeito aos aspectos históricos e à reflexão dessas técnicas,
especialmente o bordado, nas quais encontra-se apenas instruções de como fazer. O que leva a
questionar quais os valores e prioridades do nosso país, sendo as bibliografias encontradas,
em sua maioria, na língua inglesa. Além disso, percebe-se a permanência de estereótipos
relacionados ao artesanato, imagens pré-construídas através de pensamentos infundados,
atrelados à origem dessas práticas. Comprovando-se pelo fato de vivermos em uma sociedade
industrializada e capitalista, na qual se prioriza o novo ao invés do antigo, pois “a lógica
econômica realmente varreu todo o ideal de permanência, é a regra do efêmero que governa a
produção e o consumo dos objetos” (LIPOVETSKY, 2009, p. 185), em que é estimulado o
desuso sistemático de produtos, provocando no consumidor a busca incessante pelo novo.
Desse modo, mesmo várias pessoas se ocupando e valorizando da/a prática,
observa-se que ainda não se reconhece a sua importância, dado os fatores citados acima,
faltando aceitação enquanto uma prática cultural, que promove consciência social através de
um novo modo de produção, contrário a produção em série, sendo o artesanato feito
manualmente, geralmente, por um artesão que comanda seu próprio trabalho, e valorizando
quem criou - o artesão.
Em consonância com o que foi exposto acima, a seguir apresentam-se os conceitos
que envolvem as áreas - artesanato, moda, design e arte, com suas relações.

3.2 Design, Moda e Arte: Relações e possíveis contribuições para o artesanato

O design assim como a moda conecta-se a diversos saberes, dentre os já citados


anteriormente, mas também à arquitetura, às ciências biológicas, à engenharia, à área de
tecnologia da informação e outras. O universo do design é amplo, e por isso é necessário um
procedimento interdisciplinar (FACCA, 2008), dessa maneira, a autora Facca (2008), expõe o
conhecimento do design, abrangendo dois segmentos, sendo o primeiro utilizado para
proporcionar soluções criativas na aplicação do processo projetual, advindo da pesquisa, e o
segundo ao conhecimento disponibilizado ao usuário e ao mercado, através do produto,
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proporcionado pela interação. Além disso, para a autora, o conhecimento não significa
informação, porque possui intenção, propósito e uma utilidade.
Nesse sentido, compreende-se que, “design é toda atividade projetual efetiva de
criação e produção de objetos, sistema de objetos e ambientes organizados, realizada por
meio de processos racionalizados, com o objetivo de contribuir para melhorar a qualidade de
vida humana” (HSUAN-AN, 2016, p. 45). Sendo assim, pode-se dizer que, o design é uma
prática que se baseia em métodos atrelados à pesquisa, a fim de proporcionar conhecimentos
e sanar uma necessidade, por intermédio de um projeto que se concretiza em forma de
produto criativo, melhorando a vida em sociedade. Portanto, fazer objetos comuns para a vida
cotidiana de forma responsável, utilizando meios e ferramentas, está relacionado ao design
(CALVERA, 2006).
Moda e design são áreas complementares, estão inter-relacionadas e partilham o
mesmo instante da sociedade que estão inseridas, utilizando componentes culturais para
produzir saber, e não só elementos concretos, como áreas úteis ao capitalismo, necessários
para a compreensão e reflexão do momento que se inserem. Conforme descrito por Moura
(2008), “na contemporaneidade, passam a compor campos de conhecimento, ao lidar com
uma série infindável de informações e transformá-las não apenas em produtos, mas em
reflexos do cotidiano e portanto, da cultura” (MOURA, 2012, p. 01). Destarte, moda e design
articulam-se em sintonia atualmente, projetando a cultura e não apenas produtos.
Porquanto, a moda é um sistema complexo, que além de utilizar o vestuário como um
veículo de transmissão de seus conceitos, relaciona-se a várias áreas, como a psicologia, a
sociologia, a antropologia, a linguagem, a filosofia, dentre outras, adotando uma perspectiva
relacionada à essas áreas. Sendo mais aceitável pensar na moda como um mecanismo ou uma
ideologia, referente à maioria das áreas desenvolvidas no mundo moderno, desde o final da
Idade Média (SVENDSEN, 2010). Desse modo, é possível compreender a moda em um
sentido amplo, não só a partir do vestuário no momento que considera as roupas como um
organismo composto por significados culturais, que sustenta a parte material da moda
(BARTHES, 1983 apud SVENDSEN, 2010), mas também sob várias perspectivas que se
relacionam a moda e a ela conferem diversos significados, contribuindo para a sua formação
enquanto um fenômeno social que abarca vários conhecimentos.
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Dessa maneira, é possível considerar uma área do conhecimento humano, na medida


que projeta a cultura que se insere a partir das roupas, possuindo vários significados e
comunicando-os através da vestimenta. “Assim sendo, a moda, indumentária e vestuário são
considerados fenômenos culturais na medida em que constituem algumas das maneiras pelas
quais uma ordem social é experimentada e comunicada” (MIRANDA, 2008, p. 62), visto que
é possível comunicar por meio da moda, intenções, características e identidades.
Tendo isto posto, a arte enquanto campo do fazer humano, é a área do conhecimento
que conecta-se ao campo da estética, objeto de estudo da filosofia, o qual suscita indagações
acerca do belo. A arte é, então, reconhecida não só como uma área que abrange o território
sensível das emoções, mas também por envolver o intelecto e o seu pensamento reflexivo,
assim é possível refinar os sentidos. Pois, “ao fruir a arte, o sujeito relaciona-se consigo e com
o contexto que o cerca, nesse sentido, ao entrar em contato com o que o outro faz, numa
relação dialética o apreciador experimenta por meio dos seus sentidos, um diálogo com a
produção humana” (NEITZEL; CARVALHO, 2016, p. 233). Destarte, a arte também é
entendida como uma linguagem, situando a em uma discussão a respeito de como o ser
humano interage e sensibiliza-se, através da posse e da utilização de vários códigos que
formam os seres de linguagem (KUPIEC; NEITZEL; CARVALHO, 2016).
Não é possível enquadrar a arte apenas no âmbito visual, como a pintura, já que essa
transcende o comum e abarca vários saberes, considerados manifestações do seu universo,
tais como a literatura, a música, a dança, a escultura, entre outras. Dentre as quais, visa-se
considerar a literatura, a dança, a música e a pintura.
Dessa forma, a literatura é considerada a arte da palavra, uma vez que é a expressão
mais bela das sensações e dos pensamentos por meio das palavras, é a representação da
realidade, e como definiu Barthes (1977), a literatura se constrói através de um jogo de
palavras, encenando a linguagem. Segundo o autor - “a literatura engrena o saber no
rolamento da reflexividade infinita: através da escritura, o saber reflete incessantemente sobre
o saber, segundo um discurso que não é mais epistemológico mas dramático” (BARTHES,
1977, p. 18). Nessa lógica, para ele, a literatura não é só um conjunto ou uma sucessão de
obras, muito menos um segmento do comércio ou do ensino, mas sim “o grafo complexo das
pegadas de uma prática: a prática de escrever” (1977, p. 16). Dessa maneira, a literatura
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possui a função de instigar percepções e afetar, movendo-se por escritos sensíveis, que vão
além da comunicação e transmissão de conteúdos (SOARES; NEITZEL; CARVALHO,
2016). Porque a literatura reverbera, ultrapassando as fronteiras utilitárias, afetando e
transformando aquele que se permite partilhar o jogo proposto pelo autor, antes lê por puro
prazer, a fim de contemplar e ser.
Haja vista que, a literatura se manifesta por meio de variados gêneros e tipos textuais,
um deles é a poesia que, como definiu Moisés (1987), corresponde a um processo de
harmonia entre as palavras por meio de uma linguagem conotativa, que se manifesta através
do “eu” de quem expressa a mensagem, intimamente ligada ao seu ritmo. Portanto, uma
linguagem figurativa associada à utopia, ocupando-se do território das sensações mediante a
transmissão de expressões ou manifestações que revelam as profundezas da alma, do ser, com
uma beleza, por vezes, incompreensível, atreladas à sonoridade das palavras organizadas.
Nesse sentido, o poeta ao articulá-las na transmissão de uma composição ritmada, utiliza-se
de recursos linguísticos, a fim de provocar certo sentido, explorando sua realidade,
pretendendo adquirir efeitos especiais por meio dos sons e dos fonemas, e práticas de
metrificação que contribuem na constituição de uma porção de ritmos (CÂNDIDO, 1996).
Como descrito por Moisés (1987), os sons da linguagem também são da natureza particular
da palavra poética, que se origina o ritmo, elemento básico que constitui o fenômeno poético.
O qual é compreendido como uma exteriorização da movimentação circular constante do
universo interno/particular do poeta, como uma sucessão de sons, sentidos e sentimentos,
uma sucessão musical, semântica e emotiva, simultaneamente, e não uma necessidade de
recorrência de movimentos ou duração (MOISÉS, 1987). “Em resumo, todos os sons da
linguagem, vogais ou consoantes, podem assumir valores preciosos quando isto é
possibilitado pelo sentido da palavra em que ocorrem; se o sentido não for suscetível de os
realçar, permanecem inexpressivos” (CÂNDIDO, 1996, p. 32).
Desse modo, a poesia permite o conhecimento acerca de nós mesmos e dos outros,
nos sensibilizando, no momento em que nos permite ser outros, como expressado por Manoel
de Barros (1998) - “[...] Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem
usando borboletas”; ou como incitou Leminski (2013) - “Isso de querer ser exatamente aquilo
que a gente é ainda vai nos levar além”. Assim, ela reorganiza o nosso modo de ver e pensar o
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mundo, podendo nos reumanizar por meio da transferência de um novo olhar. Como afirmado
por Moisés (2019), “A poesia nos ensina a ver como se víssemos pela primeira vez.” p. 16).
Atrelada ao que se considera desnecessário e inutilizável em nossa sociedade moderna, a
poesia relaciona-se ao simples, e permite o acesso a grandiosidades carregadas de
significados, que chegam até nós por meio da linguagem artística, reverberante e
transformativa. Dessa maneira, a poesia como descrita por Tezza (2003), ao citar Eliot:

[...] pode operar revoluções na sensibilidade tais como são periodicamente


necessárias; pode ajudar a quebrar os modos convencionais de percepção e avaliação
que estão perpetuamente se formando, e fazer as pessoas verem o mundo renovado,
ou alguma parte nova dele. Ela pode nos tornar, de tempos em tempos, um pouco
mais conscientes dos sentimentos mais profundos e inefáveis que formam o substrato
do nosso ser, no qual raramente penetramos, porque nossas vidas são na maior parte
do tempo uma constante evasão de nós mesmos, e uma evasão do mundo visível e
sensível. (TEZZA, 2003, p. 38).

Destarte, a poesia como demonstrado nos escritos de Tezza (2003), ao mencionar a


voz de Octavio Paz, diz que a poesia é metamorfose e, portanto, está próxima de formas que
pretendem modificar o ser humano transformando-o em “outro”, ele mesmo, visto que a
poesia é adentrar o ser.
Já a música, que liga-se a poesia, porém distinta dessa, se define através da
organização das composições melódicas, é, então, uma arte sonora, trabalhando para
despertar a sensibilidade através da audição, fazendo refletir algumas vezes sobre sua
composição e outras sobre a realidade que nos circunda. Organiza-se por tons instrumentais e
vocais, e entende-se que é uma manifestação de expressões sensitivas, das emoções tristes,
alegres, angustiantes, violentas e esperançosas, que mediante isso produzem sentidos.
Também utiliza a linguagem como um veículo de questionamento, de indagação e de
reflexão. Nessa perspectiva, a “música é a arte de combinar os sons simultâneos e
sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção dentro do tempo” (MED, 1996, p. 09).
Sendo composta pela melodia, harmonia, contraponto e ritmo, através da organização e
sintonia desses elementos se têm o que reconhecemos como música (MED, 1996).
Ao passo que, a dança é uma expressão que trata do movimento, utilizando e
liberando o corpo para veicular e reproduzir vários sentidos, instigando o conhecimento pela
sensibilidade, deixando o corpo sentir e comunicar, gesticulando sua linguagem corporal. Por
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meio dela, acredita-se que conseguimos sentir de uma maneira distinta e singular, já que ela
nos permite adentrar territórios antes desconhecidos através do conhecimento e aceitação do
nosso corpo, promovendo autoconhecimento acerca de nós mesmos e do mundo. Assim, “a
dança pode trazer questionamentos sobre o meio ambiente ou sobre a urbanidade, fantasias,
tecnologias e muito mais.” (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2016, p. 09). Essa arte,
bem como as demais, divide-se em vários tipos, como dança clássica - ballet e a dança
contemporânea - que funde conhecimentos de outras áreas como a música, o teatro ou a
performance. Dessa forma, a dança sensibiliza e incita as faculdades mentais da criatividade,
para características estéticas e éticas, essenciais no desenvolvimento humano, fazendo refletir
acerca das diversidades, em oposição a uma competição devido a insegurança e ganância de
uma individualidade demasiada. Logo, a dança abrange o movimento, o espaço, o som e o
corpo (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2016).
Segundo Proença (2003), o homem cria para expressar seus sentimentos diante da
vida, externalizando principalmente seu ponto de vista acerca do momento que vive, e não
somente para suprimir uma necessidade cotidiana. Com isso, a pintura é uma arte que articula
e organiza as cores, com a finalidade de provocar os sentidos e questionar, suscitando
determinadas emoções, ou mesmo, despertar, superando o óbvio. Nesse sentido, “a arte
revitaliza a sensibilidade humana e contribui para a formação do homem, sendo um meio de
(re)humanizar o ser humano e projetar sua emancipação” (KUPIEC; NEITZEL;
CARVALHO, 2016, p. 29). A pintura, a mais reconhecida no campo enquanto arte, possui
uma variedade de estilos e movimentos registrados ao longo do tempo, desenvolvendo
conhecimentos acerca da perspectiva, proporção, e efeitos de profundidade e de impressão,
além de desenvolver técnicas com tintas, para resultar em uma determinada forma
organizada, a fim de despertar os sentidos e, consequentemente, a reflexão.
Desse modo, a arte adentra as sinuosidades humanas, transcende o real e ultrapassa o
senso comum, provoca mudança e estimula o pensamento crítico, tocando, sensibilizando e,
por vezes, move os sujeitos que dela anseiam, porque ela pode ser também combustível,
alívio e afeição.
Assim sendo, bem como a arte, o artesanato também pode nos tornar sujeitos
sensíveis, uma vez que projeta uma história, pode nos sensibilizar e nos tocar através da sua
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afetividade e composição para atingir um estado estético, mas ele também possui uma forma
criada a partir de uma técnica transmitida para a sociedade. Visto que “a identidade no
artesanato, ou seja, as características próprias e exclusivas inerentes ao produto artesanal, é
formada pelos seus aspectos formais e funcionais, pela sua técnica produtiva, e por valores e
fundamentos provenientes do histórico das comunidades produtoras” (FREITAS, 2017, p.
119-120), se relacionando desse jeito com o design. Além disso, é inevitável não compartilhar
o tempo imposto pela moda, aquela que impera na sociedade moderna definindo a ordem dos
produtos, conforme afirmou Lipovetsky (2009).
Nesse contexto, é possível o artesanato se conectar a arte para se transformar ao
mesmo tempo em uma prática subjetiva e reflexiva com o intuito de potencializar o encontro
no território das sensações, possibilitando a afetividade, que o artesanato atrelado ao bordado
estabelece, pois reverbera no sujeito que cria, quando este concede permissão para ser tocado,
e assim poder contagiar, revela os traços e as suas características, através das linhas
manuseadas para formar o traço da ideia que se pretende passar. Além do mais, o bordado
pode contar uma história por meio daquilo que se quer tratar, naqueles que se deixam
sensibilizar. Sendo possível também, relacionar a moda, uma área humana que abarca
distintos conhecimentos e com o design, enquanto uma área de projeto, pautada na pesquisa e
organização em métodos, objetivando alcançar bons resultados, obtendo artefatos criativos a
partir da junção e interdisciplinaridade dessas áreas citadas - arte, artesanato, moda e design.
Ademais, o que ambas as áreas mencionadas acima possuem em comum, é o fato de
possuírem uma linguagem que se comunica mediante signos linguísticos. Compostos,
basicamente, por significante (parte concreta - objeto) e significado (parte abstrata - ideia), no
qual transmitem conceitos e ideias por meio dos objetos construídos por essas áreas, que
possuem uma forma material, disseminando o seu significado na sociedade. Contudo, o que
as diferenciam é o tipo de linguagem e o tipo de recursos empregados para comunicar a
intenção que se projeta, podendo ser verbal no caso da literatura ou visual no caso da pintura,
com a utilização de recursos linguísticos organizados conforme a pretensão daquele que
deseja comunicar. Destarte, compreende-se que a linguagem, no sentido amplo do termo,
corresponde “a todo e qualquer sistema de comunicação, seja verbal (comunicação que se dá
através da palavra, oral ou escrita), seja a palavra, por exemplo, linguagem dos surdos,
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linguagem corporal, mímica, pintura, dança, gestos, código, morse, etc.)” (NEPOMUCENO;
BARBOSA, 2013 p. 11).
Nesse segmento, a linguagem insere-se em um meio social, é parte da cultura,
conforme afirma Laraia (2008), a linguagem humana é objeto da cultura, porém essa não
existiria se não houvesse a capacidade de desenvolver um sistema organizado de
comunicação oral. Assim, a cultura depende da linguagem para se manifestar, ao passo que, a
linguagem não pode existir fora de um meio social, já que essa permite a comunicação
através da interação entre os indivíduos. Porque “tudo o que se produz como linguagem
ocorre em sociedade, para ser comunicada, e, como tal, constitui uma realidade material que
se relaciona com o que é exterior, com o que existe independente da linguagem" (FIORIN,
2010, p. 11).
De acordo com Laraia (2008), o ser humano se constitui em âmbito cultural, no qual
foi socializado, sendo aquele que absorve e beneficia-se com os conhecimentos desenvolvidos
por várias gerações anteriores, e caso ocorra uma manipulação apropriada e criativa desse
patrimônio cultural, torna-se possível conceber inovações e invenções. Dessa maneira, o
design, a moda, a arte e o artesanato, enquanto geradores de conhecimentos culturais, podem
gerar humanização, caso ocorra uma mediação adequada desses conhecimentos para, então,
ampliar o crescimento do indivíduo em sua autonomia e em seu pensamento reflexivo, ao
dialogar com os diversos conhecimentos constituídos em uma cultura. Sendo assim, as quatro
áreas citadas fazem parte da cultura e contribuem para sua formação, cada qual com suas
diferenças, como exposto anteriormente, além de serem relacionadas à criatividade humana.
Seguindo o contexto acima, a seção subsequente apresentará de que forma a
criatividade está inserida nessas áreas - moda, design, arte e artesanato, e como elas se
relacionam no processo criativo.

3.3 Os processos criativos do Artesanato, da Moda, do Design e da Arte, com conexões

A criatividade é uma capacidade humana, que confere aos humanos a habilidade de


gerar novas formas de ver o mundo, a partir do que existe ou conceber algo totalmente novo,
e pode ser exteriorizada em várias áreas, não só as reconhecidas como a arte, mas também nas
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atividades rotineiras, nas ciências, na arquitetura, entre outras. Logo, "criar é, basicamente,
formar. É poder dar uma forma a algo novo" (OSTROWER, 1977, p. 09).
Dessa forma, uma atitude criadora envolve a competência de entender, elencar,
organizar, formar e dar sentido ao que se compreendeu, contribuindo através dela não só para
o desenvolvimento do mundo, como também para desenvolvimento pessoal, alargando os
sentidos imaginativos, sensitivos e transformativos da vida humana.
Segundo Osborn (1996), a criatividade é manifestada na medida que se obtém um
esforço, uma vez que observa por meio de experiências ocorridas, que tanto o brilhantismo e
destaque de um sujeito no desenvolvimento de projetos se dá mais pelo esforço, do que um
talento inato. Desse modo, percebe-se que no momento em que o ser humano experiencia o
mundo e as possibilidades oferecidas, esse pode crescer enquanto ser pensante e criativo,
relacionando os seus conhecimentos, com o objetivo de ampliar os espaços e beneficiá-los,
permitindo a interação entre os sujeitos por intermédio da partilha de conhecimentos por ele
criados.
Sendo assim, o design, a moda, a arte e o artesanato são áreas de criação e que
possuem o propósito de exercer as capacidades inventivas. No entanto, diferem-se na forma
que criam. Na arte encontra-se o exemplo clássico de Leonardo da Vinci (1452-1519) para
criar, o qual é reconhecido como um distinto inventor, pois foi um profissional múltiplo, da
arte e das ciências, destacando suas características em suas obras, indissociáveis de sua
pessoa, como aspectos de perspectiva, proporção e forma do corpo humano. entre outros, com
isso, pôde se destacar enquanto um ser criador (PROENÇA, 2003). Encontra-se também,
Salvador Dalí (1904-1989), que em suas obras surrealistas, uniu conhecimentos psicanalíticos
e científicos na arte, tornando-as originais, consagrando-se na arte por meio do modo que seus
questionamentos eram retratados em suas obras (FARTHING, 2011). Nesse sentido,
percebe-se que a arte também agrega diversos conhecimentos, e baseia-se na natureza ou no
mundo, considerando o momento atual que o artista se insere para criar. Ademais,
relaciona-se à sua internalidade humana como faz a literatura com primazia, e sua palavra
poética como a poesia, com sua linguagem conotativa ou metafórica, principalmente, como
explicitado pelo autor Moisés (1987):
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[...]significa que a palavra poética pode reduzir-se a seus componentes primários (os
sons), a suas relações sinestésicas (a cor, o perfume, a musicalidade, a (forma), ou a
significações irracionais, mágicas, oníricas, delirantes, extravagantes, etc., ou pode,
concomitantemente ou não com essas reduções, ganhar “precisão” próxima da
linguagem filosófica. (MOISÉS, 1987, p. 87).

Dessa forma, a poesia nos move, nos provoca, nos convida a reflexão, nos instiga e
aproxima, nos relativiza através da concessão de novas perspectivas, permitindo que ela
adentre nas profundezas do ser. Com isso, a poesia revela nossas ignorâncias, toca-nos e
permite-nos perceber o mundo com um novo olhar, ressignificado, curioso, reflexivo e
despretensioso, alheio à preconceitos. Um exemplo de criações alinhadas a isso, é a que
encontramos em Manoel de Barros (1916-2014), que contrariou a ordem da modernidade
capitalista, se inconformou, se diferenciou e se superou ao valorizar os elementos
“desimportantes”. Visto que sua escrita poética estimula-nos a enxergar, escutar, tocar, em
suma, perceber/experienciar com base nas palavras. Expondo-nos provocações estéticas,
escapa à lógica racional e concede a comunicação com o sensível. Uma vez que, “as palavras
para o poeta são sempre amanhacentes, trazem novas percepções do mundo, ampliadas, e por
isso ele declara estar dentro delas há milhões de anos” (SOARES; NEITZEL; CARVALHO,
2016, p. 53).
Mas também, na arte da palavra, no que tange a poesia, encontra-se Leminski
(1944-1989), um dos representantes da poesia concreta, aquela que se relaciona às artes
visuais, associando palavras em movimento na composição de imagens. Logo, a poesia
concreta é composta por "ideias nuas que nos apresenta numa ordem visual" (CAMPOS;
PIGNATARI; CAMPOS, 1975, p. 21). E assim como a poesia concreta há também o poema
livre que não se restringe às normas de metrificação, dentre outros.
Já no artesanato, a observação de quem cria também está presente, porém, essa área
possui mais intimidade com a cultura local de um povo, colhendo informações relacionadas e
características a esse meio, mas também tem agregado conhecimentos de outras áreas para
manifestação da imaginação em ação, nos dias de hoje (PAB, 2012). Conhecimentos tais
como das áreas da moda, das artes e do design.
Já no design, a criatividade organiza-se por meio de métodos, que conforme Munari
(1998), não reduz em nada a capacidade criativa, antes o contrário, o método organizado
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através de pesquisa permite facilitar o processo criativo sem idealizá-lo, porque, segundo ele,
criatividade não é improvisação sem método.
A moda, também agrega conhecimentos de outras áreas e os conhecimentos de mundo
do criador, baseando-se bastante no passado para recriar o novo, revisitando a história e
inúmeras contribuições realizadas por estilistas através da qual encontra-se estilistas como
Chanel que inovou e que democratizou a moda, além de revolucionar o vestuário feminino
(CONTI, 2008), e Dior que reinventou a forma da silhueta, restabelecendo a moda parisiense
no pós guerra, sendo audacioso (STEVENSON, 2012).
Além disso, tanto o design como a moda, enquanto áreas relacionadas e
interdisciplinares que trocam conhecimentos, utilizam ferramentas para desenvolver o
processo criativo, tais como mapas mentais e conceituais, brainstorming (chuva de ideias),
storyboard (espaço sequencial), entre outros.
Tendo isso em vista, é possível notar o quão importante a criatividade é para a
humanidade, pois além dela aguçar as potências do conhecimento pessoal por meio do seu
exercício constante, ainda desenvolve a sociedade e constrói futuros, a partir de novas
criações, gerando conhecimento e sentido para vivenciar e experienciar o mundo, para de
alguma forma imprimir a digital humana e poder melhorar e ampliar o território que habita.

4. Coleta e Análise de Dados

Considerando as descrições acima, um dos objetivos tratados no início do presente


estudo, foi a aplicação da pesquisa parcialmente virtual através de um questionário elaborado
na plataforma survio, com os associados do Cepesi - Centro Público de Economia Solidária
de Itajaí, entre o período de agosto e de setembro de 2021, sendo o primeiro referente a coleta
e o segundo a análise dos dados coletados. O questionário foi estruturado em 11 questões
variadas acerca do artesanato, envolvendo perguntas breves para maior clareza e para
conhecimento dos artesãos, do seu trabalho e do seu pensamento, com apenas 4 perguntas de
múltipla escolha e o restante de caráter discursivo, no qual obteve 18 contribuintes, sendo
diversos artesãos da região. Visando coletar informações para a corroboração de fundamentos
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do projeto e embasamento científico, estabelecendo relações, com o intuito de contribuir no


processo criativo.
Dessa maneira, iniciou-se questionando aos entrevistados sobre sua área de formação
ou área que possui interesse/afinidade, que dentre as diversas áreas de formação profissional,
foi possível destacar as áreas de contabilidade, administração, gestão portuária, turismo,
educação, arquivologia e radiologia, além da artesanal, o que demonstrou uma pluralidade
nesse aspecto. Em relação às áreas de interesse, pôde-se observar que são diversas, desde o
interesse pela cultura popular, história, decoração, costura criativa, acessórios e trabalhos
manuais, até a arte do mosaico e transformação de madeira encontrada na natureza.
Por conseguinte, indagou-se sobre sua faixa etária em uma questão de múltipla
escolha, em que 9 indivíduos assinalaram a opção de 50 aos 65 anos e 8 indivíduos de 35 aos
50 anos, aproximando de um equilíbrio nas idades, posto que apenas 1 assinalou a opção de
20 aos 35 anos.
Posteriormente prosseguiu-se com a seguinte questão: "Qual sua visão acerca do
artesanato no mundo atual? Ou seja, você considera que o artesanato é valorizado?”. Dentre
os 18 sujeitos que responderam a pesquisa, 15 percebem o artesanato como não valorizado ou
que ainda precisa de mais valorização, sendo que 3 disseram que o artesanato é valorizado ou
está crescendo em valorização, a qual, segundo 1 participante, isso se deve às redes sociais,
que propiciou o crescimento. No entanto, outros 2 participantes disseram que a desvalorização
do artesanato se dá por conta dos produtos industriais e seus baixos preços, e outros 2
levantaram a questão do descaso do poder público brasileiro em relação ao tema, revelando
estarem atentos aos fatos ocorridos no nosso tempo, ao traçarem um paralelo com o descuido
com os bens culturais e aquilo que os envolvem.
Questionou-se também: “Quais ações você pensa que seriam necessárias para mais
visibilidade do artesanato na sociedade catarinense?”. Nas respostas, observou-se que 9
acreditam que precisam de mais divulgação/publicidade com o fomento de feiras e eventos
culturais, em que 1 desses, juntamente com mais 4 sujeitos responderam que é necessário
capacitação por intermédio de cursos, e desses 2 sujeitos mais outros 2 disseram que seria
necessário o apoio do poder público e ações governamentais para isso ou para valorizar mais
o artesanato. Mais 2 indivíduos sugeriram criar uma conexão entre o turismo e o artesanato,
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envolvendo a cultura ou entre os turistas e artesãos, e outro sugeriu parcerias com negócios
privados para exposição, tal como os shoppings. Desse modo, demonstraram e sugeriram
soluções práticas, úteis para potencializar o artesanato e colocá-lo em um lugar de destaque,
impedindo sua invisibilidade, por vezes furtiva.
Já a questão seguinte se referiu a que tipo de artesanato eles trabalham através da
questão: “Qual trabalho artesanal você desenvolve? E quais materiais utiliza para
elaborá-los?”. Houve o relato de diversos materiais como fitas, algodão, rendas, sedas;
cristais, pedras, lã, barbante; porcelanas, tintas, biscuit, com o objetivo de desenvolver laços
de cabelo, bonecas de pano, bichos de pelúcia, pintura, tricô, crochê, até artefatos do universo
geek ou semelhante, entre outros. Dentre os materiais e artefatos desenvolvidos, vale destacar
a utilização de materiais reciclados e sua restauração na construção de produtos, o papel
reciclado para encadernação artesanal, o material ecológico, o algodão crú ou 100%, bem
como fios e linhas para fazer patchwork e bordados, além de conchas, sementes e materiais do
mar para construir acessórios e biojoias. Percebe-se que há uma preocupação na escolha de
materiais para a elaboração de artefatos que sejam ambientalmente corretos, valores que a
economia solidária liga-se e transfere para a sociedade em forma de produtos e conhecimento,
demonstrando também a sua potência em ofertar os mais variados tipos de artesanatos.
Com isso, a questão que se seguiu foi: “Descreva abaixo como ocorre o seu processo
de desenvolvimento dos produtos artesanais:”, alguns descreveram que parte do processo é
realizada na máquina de costura ou com o auxílio de ferramentas, sendo a outra parte
complementada manualmente. Outros selecionam matérias-primas naturais ou materiais em
desuso/descarte, trabalhando de forma manual também. Outros ainda, relataram que estudam
e que separam o material, fazem pesquisas de tendências e de inspirações, e também disseram
organizarem o trabalho. Além disso, alguns mencionaram seguir sua intuição ou seu senso
estético. Consequentemente, as respostas demonstraram o prazer dos artesãos ao criarem os
produtos, em que muitos praticam por satisfação e bem estar, uma vez que pôde-se inferir que
alguns consideram isso como principal finalidade para além do benefício financeiro, o qual
boa parte se apoia.
Dessa forma, pôde-se relacionar os conceitos de design com a pergunta de múltipla
escolha: “Considerando sua descrição acima, você acredita que o processo é similar a: a) Um
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projeto organizado; b) Resolução de uma necessidade; c) Forma e função visando atingir


determinada finalidade; d) Nenhuma das alternativas. Qual?”. Podendo obter mais de uma
resposta por indivíduo, a pergunta relaciona-se a anterior, a respeito de como ocorre o
processo artesanal, objetivando observar se o mesmo assemelha-se ao design. A qual revelou,
que a maioria acredita que é similar a forma e função visando atingir determinada finalidade,
obtendo um número de 10 respostas assinaladas, seguida por resolução de uma necessidade
com 7 respostas e um projeto organizado com 6 respostas. A partir disso, é cabível dizer que
há uma relação do processo de design com o artesanato, ao se assemelharem a forma de um
artefato que possui uma função com um propósito, sendo possível sanar uma necessidade
identificada na sociedade, apoiada em um modo, por vezes, organizado ou planejado para
atingir tal objetivo.
Assim também, houve uma questão relacionada aos conceitos ligados à moda, com a
questão de múltipla escolha: “De acordo com as características de seu produto, como você
pensa que a moda influencia no processo de desenvolvimento do seu artefato ou na sua
atuação profissional? a) Estética; b) Tendência; c) Maneira ou modo de agir e pensar; d)
Nenhuma das alternativas. Qual?”. Na qual, dentre os 18 entrevistados, 9 indivíduos
assinalaram uma tendência, depois a alternativa uma maneira ou modo de agir e pensar
recebeu um total de 8 respostas, e 3 indivíduos identificaram ainda, que a moda influencia
através da estética na criação de seus produtos. Com isso, verificou-se que boa parte visualiza
a moda como agente social importante na sociedade, vigorando por meio de influências no
comportamento e na maneira de pensar, podendo se manifestar também através da estética.
Nesse sentido, seguiu com a questão: “Você possui contato direto com seu público?
Nesse sentido, costuma fornecer produtos conforme algum pedido específico do seu público
ou de acordo com a preferência deles? Explique”. A grande maioria atenta-se em
corresponder às expectativas dos clientes ou às suas necessidades, respeitando a preferência
deles, enquanto outros criam conforme sua própria inspiração e desejo, vendendo aquilo que
fizeram, mas também fornecem encomendas, quando necessário.
Sucessivamente, fez-se o questionamento: “A quem o seu produto é direcionado?
Preencha de acordo com as informações abaixo, referente às pessoas que costumam consumir
os seus artefatos: Localidade do público; gênero; faixa etária; características mais visíveis;
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área de trabalho (se conhecer)”. A maioria identifica seu público em diversidade de gênero, de
faixa etária e de características, localizado na região e caracterizado por diferentes classes
sociais. Em que, vale ressaltar que boa parte do público são mulheres de 40 a 60 anos e
público infantil. Mas também há os turistas que caracterizam-se por se atraírem pelos aspectos
naturais e por ambientes como a praia, além disso, encontra-se o público jovem também,
dentre professores, estudantes e artistas, que possuem interesse pela cultura pop. Com isso,
demonstraram uma diversidade e atendimento a um público abrangente, de predominância
local.
Assim, o questionário finalizou-se com a questão: “De que forma você busca suas
inspirações de influência, para elaboração do seu artefato?”, que referiu-se às alternativas
apresentadas a seguir, na ordem das que foram mais assinaladas, já que puderam selecionar
mais de uma opção, demonstrando o nível de utilização considerado pelos artesãos. Sendo
que, o Pinterest recebeu 14 respostas, o Google obteve 10 resultados, seguidas pelo Facebook
com 9 e Instagram com 8 respostas, revelando estarem atualizados em relação às mídias
digitais, com o objetivo de facilitar o seu processo de criação. Mas também alguns
selecionaram a opção Revistas e/ou Jornais que teve 5 respostas, podendo ser específicas para
o tipo de artesanato que se desenvolve, demonstrando utilizarem modos de origem para criar
seus artefatos. A mesma quantidade de resultados foi atribuída a alternativa de Sites de
Tendências com 5 respostas, seguidas por Shoppings, Vitrines de lojas ou ruas com 4, e
Televisão com 2 respostas. Tendo isso em vista, foi possível identificar que existem várias
ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento de um bom produto, e que apesar do
avanço da tecnologia, algumas opções ainda estão em vigor, intencionando atingir esse
objetivo.
Nessa perspectiva, ao visualizar os resultados expostos acima, pôde-se ter um
panorama mais completo a respeito do trabalho artesanal desempenhado na região, incluindo
as percepções e conhecimentos dos artesãos, e também suas intenções acerca do artesanato no
mundo contemporâneo, como questões de atualização ou melhorias para uma melhor
ampliação ou desenvolvimento, até interações e conexões em plataformas digitais. O que cabe
ressaltar é que as questões suscitaram pensamentos pertinentes para a pesquisa, ao que diz
respeito à desvalorização do artesanato, ainda presente na sociedade, apesar de envolver
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reflexões relativas ao contexto e localidade. Bem como as vantagens ao qual o artesanato


envolve, além da visão mercadológica, possibilitando durante o atual momento de pandemia
a melhoria do bem-estar, mediante um relaxamento, um contentamento, um prazer e uma
autoestima, entre outros, no momento de criação.
Ademais, pôde-se observar a relação do artesanato com o design e a moda, através do
modo de trabalho, de pesquisas de tendências e de inspirações para criar os produtos, como
também influências da moda e de tecnologias, considerando a opinião e o desejo do seu
público alvo ao fornecer produtos que estejam de acordo com aquilo que desejam. Desse
modo, foi possível perceber os princípios e características atrelados ao grupo, que os ligam a
sustentabilidade e aproveitamento de materiais que seriam descartados, demonstrando uma
preocupação com o meio ambiente. Diante disso, verificou-se também a ligação com a
natureza e a necessidade de desenvolver produtos que expressem a cultura e seus valores,
com a finalidade de conceder mais visibilidade ao artesanato, apoiado em ações e em gestão
públicas.
Assim, prosseguiu-se para a fase seguinte do estudo, na qual envolve a parte prática de
desenvolvimento dos produtos, considerando as percepções coletas.

5 Desenvolvimento da Coleção
5.1 Metodologia

Perante o exposto, apresenta-se a seguir a metodologia de Tim Brown, mais conhecida


como Design Thinking - pensamento do design, uma abordagem centrada no ser humano que
abarca métodos e habilidades. A utilização dessa metodologia justifica-se por sua abrangência
e flexibilidade para solucionar problemas complexos na sociedade de forma criativa e eficaz,
tendo em vista o contexto contemporâneo, permitindo que mais áreas absorvam essa forma de
pensar, estimulando também o desenvolvimento dessa abordagem metodológica por equipes
interdisciplinares (BROWN, 2020). Como bem descreveu Brown “Um designer competente
sempre poderá melhorar a parafernália do ano anterior, mas uma equipe interdisciplinar de
adeptos habilidosos soluciona problemas mais complexos.” (BROWN, 2020, p. 13). Assim, o
projeto trabalhou de forma interdisciplinar com as áreas citadas anteriormente, moda, design,
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artesanato e arte, visando transcender a funcionalidade através de novas e eficientes soluções.


Com isso, a metodologia envolve, essencialmente, três fases: a inspiração, a indução e a
implementação, sendo o primeiro momento dedicado a coleta de informações, busca por
conhecimentos e geração de ideias a partir do contato com o público alvo, já a segunda etapa
refere-se a análise e a síntese através da redução dessas ideias e ajustes, por intermédio da
seleção das melhores elaborações de pensamento, e a terceira fase refere-se ao momento
final, no qual a ideia é materializada por meio de protótipos, com o intuito de observar-se
claramente e detalhadamente os conceitos elaborados e discutidos na fase anterior. Além
disso, fundamenta-se em três princípios: praticabilidade, o que funcionará em um futuro
próximo de acordo com a realidade; viabilidade, o que será capaz de contribuir formando um
modelo de negócios sustentável; desejabilidade, que considera os desejos das pessoas através
do significado atribuído por elas, que possibilita conexão e sentido (BROWN, 2020).
A partir disso, o projeto normalmente segue cinco etapas: Empatia, Definição,
Idealização, Prototipação e Teste.
A Empatia é um momento de imersão na vida do público alvo, considerando a
humanidade das pessoas mediante de uma relação empática e sensível, para compreender suas
características, seu comportamento e seus pensamentos, observando o mundo a partir das suas
perspectivas e suas emoções, com a finalidade de descobrir seus desejos para antecipar suas
necessidades. Após encontrar o problema do projeto, passa-se para a Definição, a qual
delimita o foco de resolução do problema, facilitando o trabalho do designer ao especificar as
questões a serem desenvolvidas e solucionadas (BROWN, 2020).
Com isso, inicia-se a Idealização, em que tem-se a coleta de dados, reunindo os mais
variados tipos de informações e conhecimentos para obtenção de mais possibilidades, na qual
elabora-se e expõe-se as ideias, para posteriormente optar pelas mais favoráveis (BROWN,
2020).
E segue-se para a etapa de Prototipação, em que os conceitos são formulados e
visualizados, a partir da construção de protótipos, escolhendo o formato mais adequado e
mais viável de protótipo para se elaborar. Assim, finaliza-se com a etapa de Teste, na qual o
modelo final é projetado e lançado/demonstrado ao público para recolher suas perspectivas,
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recebendo o retorno através de respostas e feedbacks, que informarão se o projeto está


satisfazendo suas expectativas e necessidades (BROWN, 2020).
Tendo em vista que, a abordagem não é prescritiva, pois possibilita que os adeptos do
design thinking transitem por ela sem restrições, de maneira livre e não linear por meio de um
processo contínuo de revisão, que inclui a competência de cada profissional e técnicas como
briefing, brainstorming, o post it e o storytelling (BROWN, 2020, p. 13).
Nesse contexto, visa-se articular as áreas moda, design, artesanato e arte, de maneira
relacionada, respeitosa e satisfatória para alcançar resultados satisfatórios, agregando os
saberes e conhecimentos para criar. Considerando os conhecimentos de cada área e a forma
como criam, mencionados anteriormente, com o auxílio das mesmas bibliografias citadas na
presente seção, fundamentadas em torno da metodologia do design thinking, representada
pelo renomado estudioso da área, Tim Brown.
Abaixo apresenta-se um esquema, com o propósito de ilustrar as etapas empregadas
no projeto, durante o estudo, com mais detalhes, as quais se apresentarão posteriormente:

Figura 1 - Demonstração Gráfica da metodologia de projeto.

Fonte: Adaptado a partir de Brown (2020).


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5.2 Definição: Problema

Conforme a esquematização do método de projeto adaptado, devido sua flexibilidade,


pôde-se definir o problema, a partir do tema de pesquisa que centra-se no artesanato e sua
valorização em Santa Catarina, utilizando-se do brainstorming como recurso para expor as
ideias que se pretendia tratar. A fim de organizar e auxiliar na definição do problema, e
consequentemente na delimitação dos subproblemas e nos focos posteriores do projeto, que
revela a criatividade e interdisciplinaridade das áreas supracitadas - moda, design e arte, e
suas contribuições, apoiados em conceitos de consciência ambiental, ilustrados na figura
abaixo:

Figura 2 - Brainstorming

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

● Problema: Como desenvolver uma coleção de moda feminina que represente a


valorização artesanal na região de Santa Catarina, através da poesia bordada
nas peças?
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● Subproblemas:
- Como as áreas - moda, design, arte e artesanato, estão relacionadas?
- Como cada uma dessas áreas podem contribuir de forma criativa para a valorização
do artesanato?
- De que forma utilizá-las, a fim de desenvolver uma coleção criativa?
- Como desenvolver produtos que agreguem valor na sociedade?

Posto isso, pôde-se pesquisar e estudar os conceitos, os quais já foram


apresentados/expostos e, consequentemente, prosseguir para as especificações do projeto,
composto pelo desenvolvimento do briefing e elementos que compõem a nova marca, tais
como - missão, visão, valores, negócio e produto. Explicitados abaixo:

Figura 3 - Logo da Marca

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Missão: Oferecer produtos de vestuário singulares e agradáveis com um requinte artesanal


para o público feminino.

Valores: Qualidade; sensibilidade; encantamento; sustentabilidade; empatia; ética; satisfação.


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Visão: Abrangente, autônoma e reflexiva, que se adapta ao mundo contemporâneo e suas


exigências em relação ao consumo consciente/responsável, e que considera as plataformas
digitais como meios de interação com o público alvo.

Negócio: É um negócio de design de vestuário feminino adulto com faixa etária de 20 a 45


anos, que insere o artesanato e considera as necessidades das usuárias, abarcando diversos
saberes de áreas relacionadas à moda e ao design, que poderão contribuir na obtenção de
resultados inovadores e criativos. Um negócio em que pode-se perceber benefícios
emocionais, sociais e auto-expressivos.

Produto: São roupas caracterizadas pela sensibilidade artística, pela qualidade desses
produtos e seu desenvolvimento, uma vez que boa parte desse processo é realizada
manualmente, tornando os produtos singulares, opostos aos produzidos em massa ou escala.
Adequa-se na categoria de produtos casuais, desde o simples ao mais sofisticado, possuindo
flexibilidade na utilização, com estilo criativo e romântico.

Já no que refere-se ao briefing, cabe destacar os seguintes tópicos:


● Projeto: Criar peças de vestuário feminino bordadas manualmente em tecidos planos e/ou
em trama, com formas leves e fluidas, em tonalidades variadas de cores, buscando retratar e
refletir o artesanato ligado ao contexto atual.
Além disso, não é um projeto voltado ao lucro, portanto, não é destinado à venda, por inserir
a arte, que busca apresentar conceitos que ultrapassem a lógica mercadológica em torno do
consumo.

● Personalidade da Marca: A marca Lírio do Vale se baseia no universo floral,


representando o encanto, a sutileza, docilidade e frescor/leveza da natureza. Caracteriza-se
pelo estilo romântico e criativo, pautada nos detalhes, possibilitando identificação pessoal e
reflexão, através da sensibilidade estética e valores relacionados à ética e ao consumo
consciente, possuindo qualidade e singularidade.
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● Objetivos: Desenvolver peças de vestuário bordadas, relacionando conhecimentos da arte,


da moda e do design ao artesanato, com base na teoria do design thinking, objetivando criar
produtos sensíveis, reflexivos e encantadores.
- Projetar uma coleção criativa e encantadora.
- Confeccionar as peças com dedicação, a fim de atingir um nível de qualidade.
- Considerar as habilidades/conhecimentos dos artesãos para o desenvolvimento do projeto.

Dessa forma, se desenvolveu nessa fase, o problema com auxílio do brainstorming,


com o intuito de organizar o pensamento e refletir a respeito do ponto inicial da pesquisa, e
então desenvolver os aspectos da marca juntamente com o briefing, que conforme sugeriu
Brown (2020), é uma escolha acertada a se seguir no início do projeto.

5.3 Empatia: Público Alvo

Desse modo, passa-se então para a fase de empatia, a qual visa uma imersão para
desvendar as características e obter informações e conhecimentos pertinentes ao público alvo.
Nesse sentido, a partir de pesquisas em meio virtual, observação e análise da região de Santa
Catarina, foi possível elaborar o esquema abaixo:

Figura 4 - Quadro de Empatia


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Além disso, considerou-se também informações fornecidas por artesãos da região e


dados do questionário respondido por eles, objetivando cooperar na progressão de elaboração
da coleção. Assim, pôde-se elaborar um quadro, com algumas descrições em destaque,
pertinentes ao projeto, demonstrado a seguir:

Figura 5 - Quadro de palavras referente ao questionário


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Essa fase liga-se a um dos momentos cruciais do projeto para elaboração da fase
posterior, em que utiliza-se da empatia para compreender a realidade do público, com o
propósito de obter informações a respeito de suas intenções e desejos, ultrapassando seus
aspectos físicos e psicológicos. Por isso, a pesquisa com os artesãos se entrelaça nesse
momento, devido a experiência como profissionais na área bem como a observação da sua
realidade e acompanhamento da mesma através de uma imersão no grupo do CEPESI. Com a
finalidade de obter informações acerca do seu trabalho e do seu público, que possui interesse
no artesanato, para traçar um paralelo com o público que a marca se destina, a fim de
possibilitar e cooperar no surgimento de ideias para o desenvolvimento da coleção. A partir
disso, seguiu-se para a fase de exploração e elaboração das ideias.

5.4 Idealização: Ideias

Nesta etapa, em que as ideias são exploradas, expostas e desenvolvidas, elaborou-se


um mapa mental para organizar e elencar os conceitos, e também utilizou-se do post-it, uma
ferramenta que permite o livre curso da imaginação, para expor os pensamentos tendo em
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vista o problema e os subproblemas, com a intenção de gerar ideias iniciais e prosseguir para
os próximos desenvolvimentos, como pesquisa do tema de coleção, pesquisa de tendências,
de materiais e de modelagens. Demonstrados a seguir:

Figura 6 - Mapa Conceitual

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 7 - Post-it
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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Dessa maneira, como o tema da coleção é o artesanato em Santa Catarina, voltado


para a técnica do bordado, a coleta de dados para elaborar os painéis visuais de inspiração se
deu a partir da pesquisa de elementos do artesanato tradicional e da cultura catarinense a qual
pertence, que pode ser visualizada através das imagens seguintes:

Figura 8 - Pesquisa de Tema: Artesanato


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 9 - Pesquisa de Tema: Cultura Local


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Dessa forma, a inspiração se baseou no modo como o artesanato é constituído, que


busca inspiração em elementos da natureza e da cultura que está inserido. Com isso, devido a
complexidade cultural, o estudo se baseou na pesquisa com coleta de informações a respeito
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do bordado local, com destaque para a tradição do bordado da Casa Meyer em Blumenau, da
cultura catarinense e suas belezas naturais, que caracterizam os povos dessa região de
tradição italiana, alemã e outras etnias como a indígena, que se identificam pelo sentimento
de orgulho de sua cultura. Aspectos culturais voltados à preservação das tartarugas em
Florianópolis, da história das baleias, das belezas litorâneas, eventos de pescadores como a
festa da Tainha, a Marejada - a maior festa do pescado, que possibilita a exposição de feiras
artesanais em Itajaí bem como a demonstração dessas em praças da cidade e Universidade.
Além de flores símbolos da região de Santa Catarina, como Laelia purpurata e árvores da
região como, araucárias, cedro entre outras. Há também a festa das flores em Joinville, a
maior e o mais tradicional evento, que ocorre no mês de novembro, e hobbies ao ar livre
como a trilha, caminhada, passeio de bicicleta e na praia.
Assim, juntamente com o tema principal, o artesanato e a técnica de bordado, o
presente estudo agregou conhecimentos da área de artes, a partir da presente metodologia de
projeto, que conduziu o processo de forma criativa. Elencando elementos do universo da
moda, como a combinação e harmonia das cores, tendências e formas, observando modelos
de moda renomados que envolveram o artesanato, para atentar-se para o que já foi
desenvolvido. Acrescentado técnicas utilizadas na arte para compor uma forma organizada
através de uma linguagem sensível, por intermédio da palavra poética, revelada na poesia.
Com base em técnicas de luz e sombra, perspectiva, movimento, harmonia, entre outras,
considerando o contexto contemporâneo, inerente a qualquer criação e ao modo daquele que
cria.
Seguindo essa lógica, fez-se uma pesquisa de tendências nas plataformas Catwalk e
UseFashion. Realizou-se também uma pesquisa dos materiais pretendidos, observando os
materiais já disponíveis, com o propósito de trabalhar com o aproveitamento e ressignificação
de materiais. Para posteriormente definir a modelagem dos produtos de vestuário com suas
formas e volumes. Demonstradas pelos painéis abaixo:

Figura 10 - Painéis de pesquisas de tendência, material e modelagem.


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Após isso, passou-se para o próximo passo, no qual as ideias traçadas antes foram
filtradas, reduzidas ou mesmo reelaboradas, demonstradas através das escolhas definidas no
quadro a seguir:

Figura 11 - Post-it: filtro dos conceitos.

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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Em seguida, depois dessa seleção de conceitos, foi possível focar na elaboração da


prancha de coleção e na criação do storytelling para projetar a geração de alternativas criadas,
pois obteve-se um direcionamento de pensamentos organizados para obtenção de bons
resultados. Conforme posto, abaixo segue as suas respectivas representações:

Figura 12 - Prancha de Coleção

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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Figura 13 - Storytelling visual

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 14 - História contada

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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A seguir apresentam-se as geração de alternativas:

Figura 15 - Coleção: Sonhos Primaveris

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

A coleção caracteriza-se por sua singularidade, ao permitir várias possibilidades por


meio da diversidade de cores, atrelando duas perspectivas simultaneamente, na qual uma
direciona-se a um universo mais imaginativo e ilusório repleto de símbolos e seus
significados, e a outra mais subversiva e reflexiva, através da forma de sua organização.
Encadeadas pela história ilustrada acima (storytelling), em uma sinfonia que revela suas
sequências e cenas de transitoriedade, ora crescente, ora decrescente, remetendo aos
momentos e sentimentos que permeiam a vida.
Em vista disso, a coleção também teve como base, o livro de psicologia das cores, de
Eva Hellen (2014). Intencionando organizar as cores através de uma adaptação, conforme a
pretensão do projeto, retirando informações pertinentes quanto às sensações e significados das
cores. Em que, o lilás liga-se a uma ideia de misticismo, o pink ligado a questões do poder,
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uma vez que pode ser visualizado como magenta ou que se aproxima do vermelho, o verde
atrelado a ideia de renascimento, o azul a leveza e o rosa a docilidade e delicadeza. Mas não
se restringem a isso, podendo variar de acordo com a composição do look, permitindo a
inferência do leitor na interpretação. Portanto, a seguir apresentam-se as alternativas, seguidas
de suas respectivas poesias desenvolvidas pela autora, que permeiam a composição de cada
look, para melhor compreensão e visualização, sem necessidade de mais descrições,
objetivando que o leitor estabeleça e crie relações.

Figura 16 - Look 1

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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Os looks 1 e 2, representados nas figuras 16 e 17, foram escolhidos para serem


elaborados, a fim de representar a coleção. E posteriormente seguem os outros croquis que
compõem a coleção.

Figura 17 - Look 2

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 18 - Look 3
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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 19 - Look 4

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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Figura 20 - Look 5

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 21 - Look 6

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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Figura 22 - Look 7

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 23 - Look 8

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


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Figura 24 - Look 9

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 25 - Look 10
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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Perante o exposto, a coleção demonstra um planejamento prévio, em que se pode


perceber as conexões estabelecidas entre o artesanato, a arte, a moda e o design. Por meio do
estilo do vestuário, das formas, composição de cores e maneira de criação artística, podendo
vislumbrar referências alusivas aos campos das artes, primordialmente no que se refere à
poesia. Com predominância do artesanato e sua forma de criação relacionada à cultura
catarinense e sua variedade de bordados, associados através da interdisciplinaridade, a fim de
refletir o momento presente. Por conseguinte, ocupou-se da elaboração das alternativas
escolhidas - looks 1 e 2, para representar a coleção.

5.5 Protótipo: Construção

A seguir é demonstrado o processo de desenvolvimento das peças, o qual obteve-se a


modelagem plana e moulage, acompanhada pela adaptação e reajustes das mesmas para
melhoria. Juntamente com a costura e teste das peças principais e essencialmente o bordado.
Os quais podem ser visualizados abaixo:

Figura 26 - Modelagem Plana e Teste


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 27 - Moulage

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 28- Demonstração do Processo 1

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 29 - Demonstração do Processo 2


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 30- Demonstração do Processo

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Nessa fase, ocorreu uma alteração na coleção para obtenção de melhorias através de
pequenas modificações nos bordados e na cor da calça. Houve também uma preocupação na
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escolha dos materiais e opção por utilizar materiais em desuso, sem utilidade ou que seriam
descartados.
Sendo assim, o look 1 (vestido) foi elaborado a partir da moulage e seu reajuste,
acompanhado pelo bordado e costura na máquina algumas vezes, mas também costura
manual na peça de cima que compõe o vestido, e teste. Já o look 2 (conjunto - calça e blazer),
a calça foi elaborada através do modo mais usual, com modelagem plana e costura em
máquina. Porém, com o blazer realizado de modo mais livre, uma vez que utiliza-se de
técnicas de upcycling e customização por meio de um blazer desgastado, e materiais em
desuso ou sem utilidade, com o propósito de propagar os conceitos elaborados na coleção.
Logo, nessa peça não foi realizada nenhuma modelagem, que foi executada através do senso
de criação da autora, com bordados e costura manual.

5.6 Teste: Demonstração

Posteriormente, se apresenta a fase de demonstração das alternativas projetadas, bem


como os materiais gráficos atrelados aos ideais da marca na transmissão de valores ligados à
consciência ambiental por meio de uma proposta ecológica, realizados de forma manual com
materiais inutilizáveis.

Figura 31 - Peça Bordada 1


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Na imagem, é apresentada a peça bordada de forma manual, com a execução do ponto


cruz, ponto atrás, ponto cheio, nó francês e pintura de agulha, e vale destacar que as pérolas
colocadas foram retiradas de um cinto quebrado, demonstrando a questão de
reaproveitamento de materiais.
Nesse sentido, a seguir apresenta-se a prévia do primeiro look elaborado.

Figura 32 - Prévia do resultado 1

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Na sequência, é possível observar por meio da imagem abaixo, os detalhes do bordado


da peça (blazer) que compõem o segundo look, a qual apresenta os bordados em ponto atrás,
pintura de agulha e nó francês. Por conseguinte, tem-se a prévia do resultado do look 2 e as
imagens que expõem os materiais gráficos citados, os quais representam a marca e ressaltam
o seu diferencial criativo, associado a sua essência.

Figura 33 - Peça Bordada 2


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 34 - Prévia do resultado 2

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 35 - Tag/Etiqueta
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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 36 - Embalagens Ecológicas

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 37 - Cartão e Brinde


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Assim, conforme o estudo apresentado e a demonstração de seu percurso, em seguida


apresenta-se os resultados finais da pesquisa, os dois looks escolhidos representantes da
coleção mencionada anteriormente. Nessa perspectiva, as imagens foram organizadas,
visando uma propulsão estética em diálogo com a essência da coleção, a fim de evidenciar os
conceitos elaborados a partir das linhas e das poesias bordadas, associadas às sensações, em
prol da valorização do trabalho artesanal, uma vez que as peças foram, totalmente, bordadas à
mão.
Logo, abaixo tem-se essa representação:

Figura 38 - Composição Fotográfica 1


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 39 - Composição Fotográfica 2

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 40 - Composição Fotográfica 3


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 41 - Composição Fotográfica 4

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 42 - Composição Fotográfica 5


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Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Os mesmos resultados, serão propagados em meio virtual associado à marca. Com a


finalidade de expô-los e de coletar os possíveis feedbacks do público em potencial da marca e
dos artesãos, obtendo informações de suas percepções, para contribuir com pesquisas futuras
na área. Tendo em vista que a coleção não se destina à venda, apenas sua divulgação, a fim de
valorizar o trabalho artesanal.

6 Considerações Finais

No decorrer do estudo, percebeu-se que muitos saberes foram expostos e indagações


do nosso tempo foram suscitadas. Até o final nota-se que conseguiu-se obter dados relevantes
e proveitosos, com um resultado surpreendente, considerando o curto período de tempo. Pois
conseguiu-se atingir os objetivos traçados no início da pesquisa, os quais foram desenvolvidos
em cada fase do estudo com exatidão, revelando-se através de uma coleção que tem a
finalidade de promover o artesanato por meio do bordado e vários pontos, expondo traços de
uma história envolta nesse mesmo tema - o artesanato.
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Agregando a arte e considerando seu modo de criação por meio da poesia, da


musicalidade, expressão e aspectos estéticos, atrelada aos significados das cores, conectadas
ao contexto contemporâneo e aos conceitos que se retratou. Bem como relacionada a moda e
sua influência no momento através de tendências, de modelagens e também estudos de
tecidos, materiais e harmonia das cores. Apoiado na utilização do método de design thinking
para organizar o projeto e solucionar o problema de pesquisa abordado no início, obtendo
mais liberdade no momento de criação, devido sua flexibilidade. Somado a pesquisa com o
grupo de artesãos da economia solidária de Itajaí, que permitiu consolidar e assegurar bases
seguras, a fim de obter resoluções satisfatórias, exibindo também as questões sensitivas
ligadas ao fator humano, como percepções e pensamentos ligados a sua sensibilidade, as quais
estão evidentes, primordialmente, diante da poesia.
Porém, a dificuldade encontrada no projeto foi justamente a ordem que rege nossa
sociedade, a efemeridade e a urgência do tempo, pois o feito à mão exige dedicação,
paciência, aproveitamento e cautela, esse é o seu significado, para apresentar um trabalho com
primazia e êxito. Nesse sentido, isso poderia ter sido um impeditivo, mas foi apenas um
desafio ultrapassado, pois pode-se perceber que conseguiu-se alcançar bons resultados. E vale
ressaltar que, todo o trabalho, do início ao fim, foi elaborado pela autora, a qual não possui
muita experiência em costura e modelagem, habilidades desenvolvidas apenas no decorrer do
curso de formação.
Ademais, cabe destacar que a caminhada para eliminar o invólucro de rejeição e
invisibilidade, e pensamentos ultrapassados, ao qual o artesanato se insere, ainda é longa,
portanto, faz-se necessário mais empenho para atingir a esse fim, focalizando nas reais
necessidades levantadas na pesquisa, para mais indagações e estudos posteriores. Pois o
intuito não é que o assunto se encerre, mas que haja mais questionamentos e reflexões
significativas, a fim de atribuir um papel de dignidade e respeito ao artesanato e a quem o
desempenha na sociedade.

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