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Introdução
* FEUSP/EDA.
20 Esses três segmentos da sociedade constituem a população alvo da educação especial em documentos da educa
ção especial publicados mais recentemente (Brasil, 2008, 2009).
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DAS MARGENS AO CENTRO: Enicéia Gonçalves Mendes
perspectivas para as políticas Maria Amelia Almeida
e práticas educacionais no organizadoras
contexto da educação
especial inclusiva
21 O ano de 2007 é tomado como referência porque, no momento de apresentação do conteúdo deste artigo – III
Congresso Brasileiro de Educação Especial e III Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial
– ocorrido de 02 a 05 de dezembro de 2008. Naquela ocasião dados mais recentes ainda não estavam publicados em formato
completo. Todavia, o tratamento e as observações conferidas aos dados são considerados ilustrativos para estudos com dados
atualizados. Os dados podem ser visitados em < http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/censo/escolar/news08_01.htm>.
Acesso em: set. 2008.
22 Sobre a referida política também consta um artigo assinado por Rosita Edler Carvalho, divulgando alguns de seus
fundamentos. Este material, intitulado “A Política de Educação Especial no Brasil” (CARVALHO, 1994), apresenta vários dos
pressupostos, conceitos e propostas que compuseram o material “Política Nacional de Educação Especial” (BRASIL, 1994).
Este documento “foi oficialmente entregue ao senhor ministro em maio de 1994, durante o I Encontro Nacional de Dirigentes de
Educação Especial no Brasil”, segundo ela mesma informa no referido artigo (CARVALHO, 1994, p. 136).
24 Denominação utilizada naquela ocasião; atualmente sob a mesma sigla está vigendo como Ministério da Educação.
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Maria Amelia Almeida
organizadoras perspectivas para as políticas
e práticas educacionais no
contexto da educação
especial inclusiva
[...] integração tinha como pressuposto que o problema residia nas características das
crianças excepcionais25, na medida em que centrava toda sua argumentação na perspectiva
da detecção mais precisa dessas características e no estabelecimento de critérios baseada
nessa detecção para a incorporação ou não pelo ensino regular, expresso pela afirmação
“sempre que suas condições pessoais permitirem” (BUENO, 1999, p. 8, grifos do autor).
25 No próprio texto, Bueno (1999, p. 8) registra em rodapé (n.º 1): “Esse era o conceito utilizado na época, depois
substituído por ‘portadores de necessidades educativas especiais’”.
26 À época “condutas típicas” era a designação dessa categoria e referia-se aos alunos com “manifestações de
comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam
atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado”
(BRASIL, 1994, p. 13). Na PNEE-EI/08, transtornos globais do desenvolvimento “são aqueles que apresentam alterações
qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado
e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil” (BRASIL, 2008,
p. 15).
27 Em 1994, a categoria “altas habilidades” era utilizada para designar alunos com “notável desempenho e elevada
potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: • capacidade intelectual geral; • aptidão
acadêmica específica; • pensamento criativo ou produtivo; • capacidade de liderança; • talento especial para artes; • capacidade
psicomotora” (BRASIL, 1994, p. 13). No documento atual, os alunos “com altas habilidades/superdotação” são aqueles que
“demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica,
liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de
tarefas em áreas de seu interesse” (BRASIL, 2008, p. 15).
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perspectivas para as políticas Maria Amelia Almeida
e práticas educacionais no organizadoras
contexto da educação
especial inclusiva
especiais. Dados de matrículas do início da década dos anos 90 não foram localizados,
mas em 1998 constava que de 337.326 matrículas na educação especial 43.923 referia
a alunos em “Escolas Regulares/Classes Comuns”, o que correspondia a apenas 13%
do total (BRASIL, 200628).
Na esteira das críticas à conceituação e organização da educação especial,
na PNEE-EI/08 a análise destaca que:
A educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional
especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões,
terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas,
escolas especiais e classes especiais. Essa organização, fundamentada no conceito de
normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico-terapêuticos
fortemente ancorados nos testes psicométricos que, por meio de diagnósticos, definem
as práticas escolares para os alunos com deficiência (BRASIL, 2008, p. 9).
[...] que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades
fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na
deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos
direitos humanos e de suas liberdades fundamentais (BRASIL, 2008, p. 11).
29 Esse Decreto regulamenta a Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989 (alterada recentemente pela Medida Provisória
nº 439 de 2008), que: “Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou
difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.”
30 Institui “Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica” (BRASIL, 2001).
31 A Convenção da Organização dos Estados Americanos – Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, aprovada pelo Conselho Permanente na sessão
realizada em 26 de maio de 1999 – é reconhecida com status de decreto pelo então Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso, em 08 de outubro de 2001.
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organizadoras perspectivas para as políticas
e práticas educacionais no
contexto da educação
especial inclusiva
32 Todavia não é possível compreender o seu significado, pois o documento todo se refere a educação especial quase
que exclusivamente como “organização de serviços educacionais” e não com os outros de seus componentes: “um corpo teórico
conceitual” e “algumas propostas metodológicas de ensino” (MENDES, 2001, p. 63).
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perspectivas para as políticas Maria Amelia Almeida
e práticas educacionais no organizadoras
contexto da educação
especial inclusiva
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34 Algumas ideias apresentadas foram recuperadas de texto elaborado para a Organização da Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no início de 2010, intitulado “O Brasil nas trilhas da inclusão escolar: avanços e
desafios”, e que ainda se encontra no prelo.
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EnicéiaAmelia
Maria Gonçalves
organizadoras Almeida
Mendes DAS MARGENS AO CENTRO:
perspectivas para as políticas
e práticas educacionais no
contexto da educação
especial inclusiva
especial podem ser acionados nas séries históricas do Censo Escolar, cujo instrumento
é aplicado anualmente desde 1998.
Em que pesem as dúvidas suscitadas sobre distorções ainda não
solucionadas quanto à classificação indevida de alguns alunos nas categorias do campo
da educação especial nas planilhas do Censo escolar, são estes os dados que dispomos
e que nos informam sobre a expansão das matrículas de alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na rede
escolar brasileira.
Desde aquele primeiro ano da série de aplicações constantes do Censo
escolar, as matrículas na educação especial subiram de 337.326 para pouco mais de
654.505, patamar de 2007, com significativa alteração no lócus das matrículas. Em
1998, apenas 13,0% daquele total de matrículas estavam vinculadas à classe comum
(179.364) e quase ao fim de uma década este percentual subiu para 47,0%. No ano
seguinte, este percentual subiu para 54,0%, quando, pela primeira vez em nossa história
educacional, invertemos as curvas que retratam o atendimento desses alunos, com o
fim do predomínio de matrículas em escolas exclusivas e classes especiais.
Incluída nessa ampliação do acesso encontram-se os alunos ingressantes,
mas também há deslocamentos para as classes comuns de alunos provenientes de
serviços de atendimento não integrados à escola regular, bem como das próprias
classes especiais. Todavia, há que se precisar melhor esse indicador, pois são alunos
com trajetórias pessoais e escolares muito distintas e que demandam integração de
políticas de diferentes áreas sociais, com objetivos distintos da escolarização, podendo
a esta ser complementares. Em outras palavras, as necessidades certamente não são as
mesmas quando os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades/superdotação estão na escola regular em classes com colegas de
mesma idade, portanto, em situação de compatibilidade idade / série ou ano escolar,
e quando estes ficaram muitos anos em instituições não escolares ou mesmo sem ou
com pouca experiência pregressa em escola.
Sem deixar de considerar as possíveis contribuições da escola para essa
população, destaca-se que precisam ter acesso a serviços, programas e benefícios, seja
por meio de ações de cultura, esporte e lazer, políticas de formação profissional e
de empregabilidade assistida, bem como acesso a atendimento de saúde, à oferta de
transporte acessível, entre outras.
Retornando aos dados da educação especial do Censo escolar 2007, estes
também evidenciam supremacia de alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimentoe altas habilidades/superdotaçãomatriculados noensinofundamental,
particularmente nos primeiros anos. As matrículas desses alunos têm aumentado mais
significativamente nos últimos anos e a mencionada supremacia pode ser atribuída ao
fato da maioria dos alunos à época estar na fase inicial do ensino fundamental.
Todavia, uma ação imprescindível é estreitar o monitoramento de sua
trajetória escolar para averiguar seu desempenho escolar e como garantir-lhes acesso
a níveis mais elevados de ensino, pois o predomínio de matrículas nos anos iniciais
pode significar que esse alunado deixa a escola por razões diversas, mas certamente
muitos deles em função da estrutura da educação brasileira que ainda é desfavorável à
permanência deles em classe comum.
Reforça essa preocupação a constatação, pelos dados de censos escolares
(BRASIL, 2007), que no ensino médio sua matrícula é muito aquém do desejável.
Assim, podemos estar reprisando capítulos da história do atendimento desse alunado,
onde mecanismos intraescolares contribuíram para a retenção desses alunos no fluxo
escolar ou engrossavam as estatísticas de evasão escolar em nosso país.
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e práticas educacionais no organizadoras
contexto da educação
especial inclusiva
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Tabela 1 – Distribuição das matrículas por categoria utilizada no Censo escolar divulgado em 2007
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4 6% .4534 %5 5.2501 5
%
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2
1 % .8007
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8
5 5.2471
%
do
desenvolvimento
invasivos
Transtornos 6 2
7.569 % .515 ,5% 4.781 0,5%
36 A denominação desta categoria difere nos documentos oficiais e, em muitos destes, a sua denominação é transtornos
globais do desenvolvimento (BRASIL, 2008, 2009a, 2009b).
37 Todos os dados absolutos foram extraídos das planilhas 1.35 e 1.40 do arquivo Excel divulgado pelo MEC/Inep com
os dados do Censo escolar 2007.
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Maria Amelia Almeida
organizadoras 1 perspectivas para as políticas
e práticas educacionais no
contexto da educação
especial inclusiva
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590 ,6% .757 % 6.134 4,5%
Cegueira 196
3. % .1841 ,5% 1 .3664 1
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Altas habilidades / 60
2 ,1% 581 ,2% 0 .5642 0
,8%
Surdocegueira 43
1 ,1% 25 ,1% 0 854 0
,1%
* Segundo planilha 1.53 do documento Excel divulgado pelo MEC/Inep.
** Segundo planilha 1.48 do documento Excel divulgado pelo MEC/Inep.
*** Segundo planilha 1.43 do documento Excel divulgado pelo MEC/Inep.
Em todos os campos o mesmo aluno pode ter mais de um tipo de necessidade especial.
Fonte: Organização a partir de base de dados do Censo escolar 2007.
38 Esses dados foram extraídos das planilhas 1.49, 1.44 e 1.39, respectivamente, do arquivo Excel divulgado pelo MEC/
Inep com os dados do Censo escolar 2007.
39 Esses dados foram extraídos das planilhas 2.45, 2.46 e 2.47, assim dispostas, do arquivo Excel divulgado pelo MEC/
Inep com os dados do Censo escolar 2007.
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especial inclusiva
40 Esses dados foram extraídos das planilhas 3.18, 3.17 e 3.19, nessa ordem, do arquivo Excel divulgado pelo MEC/
Inep com os dados do Censo escolar 2007.
41 Na Tabela 3.20 do Censo escolar 2007 constava um somatório de 65.668 estabelecimentos, sendo 22.148 com apoio
pedagógico especializado e 43.520, sem apoio pedagógico especializado, enquanto na Tabela 3.19 constavam apenas 55.217
estabelecimentos. Optou-se por utilizar esses dados, porque ao tratar-se dos dados disponibilizados oficialmente não nos resta
outra fonte nem alternativa de conferência dos mesmos.
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e práticas educacionais no
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especial inclusiva
LOAS”, instituído em 200742, revelam que de 351.219 pessoas com deficiência na faixa
de 0 a 18 anos que recebiam o benefício de prestação continuada (BPC), apenas cerca
de 20,0% estavam com vínculo escolar. Além disso, há que se constituírem informações
referentes também às pessoas com transtornos globais do desenvolvimento e com
altas habilidades/superdotação que não estão em atendimento escolar.
Esse conjunto de informações nos mantém conscientes de vários
compromissos, pois:
É preciso provê-los em suas necessidades específicas, pois a igualdade
de direitos, neste caso, é preservada se combinada com o direito à diferença, que
deve ser concretizado, inclusive, pela disponibilização de um conjunto de provisões
– serviços, equipamentos, materiais, profissionais capacitados e especializados para
seu atendimento, como exemplos. [...] Impõe que os investimentos sejam intensivos e
contínuos, para promover mudanças que coloquem o Brasil definitivamente nas trilhas
de uma educação para todos (PRIETO, 2010).
No campo da normatização e de orientações oficiais, um conjunto de
documentos mais recentes pode implicar em mudanças no atendimento escolar dessas
pessoas.
Em 2008, pelo Decreto n.º 6.571, é aprovada uma estratégia de aplicação
de recursos da União em educação especial, a ser implantada a partir de 2010, que
poderá resultar em aumento da curva ascendente de acesso de pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades / superdotação nas escolas
brasileiras, nos diferentes níveis e modalidades de ensino.
O referido decreto “dispõe sobre o atendimento educacional especializado,
regulamenta o parágrafo único do art. 60” da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1996 (DB/96), que estabelece:
Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização
das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em
educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do
atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular
de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo (BRASIL,
1996).
43 Pelo Decreto n.º 6.571/08 está declarado o compromisso da União: “Art. 7º As despesas decorrentes da execução
das disposições constantes deste Decreto correrão por conta das dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação.”
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45 “Art. 14. Admitir-se-á, a partir de 1o de janeiro de 2008, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o
cômputo das matrículas efetivadas na educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o poder executivo competente. (Redação
dada pelo Decreto nº 6.278, de 2007).” (BRASIL, 2007).
46 Segundo a Lei n.º 11.494, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundeb: “Art. 36. No 1º (primeiro) ano de
vigência do Fundeb, as ponderações seguirão as seguintes especificações: XII - educação especial - 1,20 (um inteiro e vinte
centésimos)” (BRASIL, 2007).
47 “Art. 6o Somente serão computadas matrículas apuradas pelo censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP.” (BRASIL, 2007)
48 Em conformidade com expressão utilizada na Declaração de Montreal sobre a Deficiência Intelectual de 2004.
Documento consultado em <http://www.portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec_inclu.pdf>. Acesso em: 10 jun.2010.
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e práticas educacionais no organizadoras
contexto da educação
especial inclusiva
49 Homologado por um despacho do Ministro da Educação e publicado no Diário Oficial da União (D.O.U.) de 24/9/2009,
Seção 1, p. 13, esse Parecer apresenta as “Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação
Básica, modalidade Educação Especial” (BRASIL, 2009).
50 Publicada no D.O.U. de 15/10/2009, a Resolução n.º 4 de 2 de outubro de 2009, elaborada pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE) e Câmera de Educação Básica (CEB), “Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional
Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial” (BRASIL, 2009).
52 Tratam-se dos seguintes documentos: “Decreto nº 6.949/2009 [...]; Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) [...]; Decreto nº 6.571/2008 [...]; Resolução CNE/CEB nº 4/2009 [...]” (BRASIL, 2010).
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responsáveis por este atendimento são de caráter pedagógico54. O que não satisfaz a
área de educação especial, a meu ver, é o risco de seu reducionismo a uma abordagem
meramente técnica, como se bastasse ao professor que atua com esse alunado o
domínio de conhecimentos específicos, tais como:
Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita
como segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade,
das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento
dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da
adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos [...] (BRASIL, 2008, p. 16).
O conhecimento dessa área, em uma perspectiva crítica, permite aos
profissionais explorar suas próprias contradições, bem como se ocupa de todo um
conjunto de referenciais de natureza filosófica, sociológica, política imprescindível para
sua consolidação, inclusive no que tange à adoção de princípios e práticas pedagógicas
e não mais clínico-assistencialista.
Há, ainda, a publicação de instrumentos jurídicos, em 2009 (já devidamente
citados neste texto), que definem as regras para aplicação de recursos da União em
educação especial e podem induzir a matrícula desses alunos nas classes comuns,
ampliando a aproximação da almejada educação para todos. Sem querer fazer projeções
negativas, como sua implantação começa neste ano de 2010, que coincide com fim de
mandato presidencial, a manutenção dos rumos da política de educação especial e os
efeitos dessas orientações somente poderão ser apreendidas e analisadas nos próximos
anos.
Para finalizar, mas sem a pretensão de explorar cada um dos itens, são
elencados outros desafios para a realização da tão propalada inclusão escolar:
54 Essa avaliação esta pautada em diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008), quando neste documento estão definidos conhecimentos específicos dos profissionais para atuar no
atendimento educacional especializado e nas funções a estes atribuídas, bem como pelos conteúdos dos artigos 2º, 10 e 13 da
Resolução CNE/CEB n.º 4 de 2009 (BRASIL, 2009).
76 JUNQUEIRA&MARIN EDITORES
Enicéia Gonçalves Mendes DAS MARGENS AO CENTRO:
Maria Amelia Almeida
organizadoras perspectivas para as políticas
e práticas educacionais no
contexto da educação
especial inclusiva
Referências bibliográficas
______. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB n.º 9.394, de 20
de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, de 23/12/1996.
______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB n.º 2,
institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Diário Oficial da União
de14/09/2001. Brasília, DF, 2001.
______. Decreto n.º 3.956, de 8 de outubro de 2001, promulga a Convenção Interamericana para a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Diário
Oficial da União de 09/10/2001. Brasília, DF, 2001.
______. Lei n.º 11.494, de 20 de junho de 2007, regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14 de fevereiro de 2001;
revoga dispositivos das Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e
10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras providências. Diário Oficial da União de 21/06/2007.
Brasília, DF, 2007.
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