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CRIMINOLOGIA

Conceito e Características, História,


Escolas

Livro Eletrônico
 

CRIMINOLOGIA
Conceito e Características, História, Escolas
Dalbertom Caselato Junior

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Conceito e Características, História, Escolas..................................................................................................5
1. Criminologia: Conceito e Características; Objeto; Método e Finalidade; Funções e
Classificação.......................................................................................................................................................................5
2. História da Criminologia: Escola Clássica, Escola Positiva, Escola de Política
Criminal e Terza Scuola...............................................................................................................................................12
Resumo................................................................................................................................................................................26
Referências........................................................................................................................................................................29

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CRIMINOLOGIA
Conceito e Características, História, Escolas
Dalbertom Caselato Junior

Apresentação
Olá, meus queridos alunos e alunas do Gran, tudo bem? Então quer dizer que vocês dese-
jam se tornar soldados da melhor polícia militar do país, é verdade? Então, para a disciplina
de Criminologia, tenham confiança de que vocês estão no lugar certo! A equipe de professo-
res do Gran terá um enorme prazer e preparar o que há de melhor em materiais destinados a
preparação de seu concurso público. Nada menos do que a aprovação!
Àqueles alunos que ainda não me conhecem, é um grande prazer poder compartilhar
com vocês este material em PDF visando o concurso da CFP PMDF (2023). Sou o professor
Dalbertom Caselato Junior e ministro disciplinas de Criminologia, Direito Penal e Processo
Penal em instituições particulares de Brasília-DF e no Gran. Sou professor destas disciplinas,
ademais, na Escola Superior de Polícia Civil do DF. Sou policial civil do DF desde 2006, bacharel
em Relações Internacionais e Direito, bem como Mestre em Direito e Políticas Públicas com
área de concentração na criminologia.
Atualmente, além da docência no ensino superior e em cursos preparatórios, venho me
dedicando a tese de doutorado em criminologia e terrorismo. Sou autor de alguns artigos
científicos publicados em revistas eletrônicas acerca da temática que iremos trabalhar nas
nossas aulas. Esta vantagem, é claro, propiciará ótimas críticas de pontos possíveis de serem
cobrados em sua prova; todas estas temáticas acompanhadas, é claro, de questões inéditas
elaboradas por este autor bem como de conhecidas bancas de concursos, mas com foco na
AOCP, organizadora do seu concurso.
Eu e toda a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas. A ideia é deixar
nossos alunos preparadíssimos para a tão sonhada aprovação neste concurso.
Desta forma, a presente disciplina se torna imprescindível para garantir uma boa pontua-
ção de questões que geralmente são de fácil compreensão. Você não irá desperdiçar essa
chance de conquistar estes pontos preciosos na prova, não é verdade? Já se passou o tempo
de olhar para a Criminologia como uma matéria de menor importância. Os tempos mudaram.
Então, aproveite!
As referências bibliográficas estarão presentes ao final do PDF. Diante disso, você terá um
suporte caso queira um aprofundamento para as próximas fases do seu concurso, caso exista.
Então, teremos um conjunto de aulas para esgotar o edital de Criminologia, buscando sua
tão sonhada aprovação. Colocarei questões de bancas diversificadas de concursos anteriores,
sem se esquecer da sua banca é claro, bem como criarei questões inéditas para que você fique
preparado para as surpresas do examinador. Note que os itens do seu PDF podem não estar
em ordem com os itens do edital, mas sim de acordo com o desenvolvimento da matéria a
ser tratada. Isso visa dar ao aluno a compreensão da continuidade do conteúdo proposto de
acordo com o ensinamento proposto pela doutrina.

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É imprescindível que as aulas em PDF sejam conjugadas com os ensinamentos propos-


tos nas videoaulas, sem se esquecer de uma boa bateria de exercícios ao final dos estudos
teóricos. Neste ponto, nossas aulas abordarão questões pontuais e na nossa aula final 80/20,
além das principais estatísticas dos assuntos do momento em Criminologia, teremos uma
bateria de exercícios para fixação total do conteúdo.
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, fica ligado no curso GRAN. Estou esperando as dúvidas no Fórum do aluno!
Vamos iniciar nossa jornada rumo à aprovação?
Desejo uma boa sorte a todos, futuros Soldados da PMDF!
@professor.caselato

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CONCEITO E CARACTERÍSTICAS, HISTÓRIA, ESCOLAS

1. Criminologia: Conceito e Características; Objeto; Método e Finalidade;


Funções e Classificação.
Vamos entender, em linhas gerais, o que significa “Criminologia”? Etimologicamente
falando, o termo origina-se do latim Crimino (crime) e do grego logos (estudo). Desta feita,
criminologia obviamente significa o estudo do crime.
E podemos entender a Criminologia como uma Ciência? Sim! Pois ela sem dúvida apresenta
função, método e objeto próprios e presta-se a fornecer de uma forma empírica (experimental)
informações válidas e confiáveis acerca do fenômeno criminógeno (causas do crime).
Inicialmente, importante se faz realizar uma conceituação do termo criminologia, se
comparado a outros conceitos como o de direito penal e política criminal. A criminologia
considera, portanto, todos os aspectos possíveis que envolvem o crime para que haja uma
punição de forma justa:

A Criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da crimi-


nalidade, a personalidade do delinquente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo
(SUTHERLAND, 1924)

Basicamente, a criminologia é tratada como uma ciência criminal, das quais suas carac-
terísticas básicas são o empirismo e a interdisciplinaridade. Segundo Antonio Garcia-Pablos
de Molina, criminologia compreende:

Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima
e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida,
contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como
problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz
do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou
sistemas de respostas ao delito (DE MOLINA, 2007).

Do conceito ora exposto, o autor depreende termos de grande importância que podem
ser pontos de avaliação por parte do examinador: está-se falando dos chamados objetos da
criminologia, assim compreendidos:
a) O estudo do crime: aqui deve-se ter em mente que o conceito de crime para a Crimino-
logia é diverso daquele conceito conhecido pelo Direito Penal. Veja que, conforme o conceito
analítico de crime para o Direito Penal, o crime é fato típico, ilícito e culpável (teoria tripartida).
Ok, mas e para a criminologia? Sérgio Shecaira entende que o crime do ponto de vista crimi-
nológico deverá apresentar: incidência massiva na população; incidência aflitiva; persistência
espaço-temporal e inequívoco consenso social (BARREIRAS, 2022);

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b) O estudo do infrator/criminoso: este objeto de estudo se iniciou na segunda metade


do século XIX com o advento da filosofia positivista a qual se opunha aos ideais clássicos ou
iluministas. Os precursores do estudo do infrator na criminologia positivista são Paul Topinard,
Cesare Lombroso e Rafaelle Garofalo, os quais serão estudados adiante na aula;
c) O estudo da vítima: tem-se na história criminológica três grandes momentos da relevância
da vítima na etiologia do crime. São eles a idade de ouro da vítima, a neutralização do poder da
vítima e a revalorização do poder da vítima. Cada fase será aprofundada em momento oportuno;
d) O controle social do comportamento delitivo: trata-se do conjunto de meios de inter-
venção acionados pela sociedade ou grupo social a fim de induzir os próprios membros a se
conformarem às normas, submetendo, assim, o indivíduo aos modelos e normas comunitários
(SHECAIRA, 2008).
Mas lembre-se: a criminologia, ciência empírica que é, busca o estudo de seus objetos
(crime, criminoso, vítima e controle social) no plano da realidade e não no plano dos valores.
Neste aspecto, a criminologia se mostra diferente do Direito, haja vista a primeira ser a ciência
do “ser”, ao passo que a segunda do “dever ser”. (DE OLIVERA, 2020)
Acerca dos métodos da Criminologia, o mapa mental abaixo irá te ajudar, na hora da pro-
va, a identificar os principais termos que fazem parte do objeto de estudo da Criminologia e
as principais “pegadinhas” do examinador que tentará te confundir colocando termos que,
em verdade, são objetos de estudos de outras áreas. Para a confecção deste mapa mental,
utilizaremos a obra da Professora Mariana Barreiras (2022):

Portanto, percebe-se, em linhas gerais para sua prova, que a Criminologia é uma ciência
“do ser”, ou seja, zetética (parte de preceitos gerais e investiga, perquire a razão de ser de
uma coisa), se valendo, ademais, do empirismo (baseia-se na experiência, na observação da
realidade), da indução (parte de dados particulares sobre crimes para se chegar a conceitos

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ou regras gerais sobre tais fatos) e da interdisciplinaridade (realiza-se com a cooperação de


várias outras disciplinas ou ciências), sendo estas os seus métodos.
Outros métodos adotados pela criminologia, de viés positivista, são o biológico (que procura
nos corpos dos delinquentes as explicações para o fenômeno criminal) e sociológico (que
procura explicações para a etiologia do crime nos grupos sociais onde ele ocorre) (BARREIRAS,
2022). Acerca do positivismo criminológico, será estudado adiante em momento adequado.
Para uma primeira fixação do conceito, segue um exercício da sua banca AOCP para que
você, desde o início, se habitue a perceber como o examinador gosta de tratar esse assun-
to em prova:

001. (INSTITUTO AOCP/PC PA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/2021) Assinale a alternativa


que NÃO engloba um objeto de estudo criminológico.
a) O crime.
b) A vítima.
c) O “dever-ser”.
d) O controle social do comportamento delitivo.
e) A personalidade do delinquente.

Perceba que o examinador coloca, dentre os objetos da criminologia ensinados pela doutrina,
um termo utilizado no Direito Penal. Enquanto a criminologia se ocupa do estudo do crime e o
infrator mas sob a ótica sociológica, biológica e natural, considerando as causas relacionadas
ao ser humano, percebe-se que se está diante de uma ciência do ser. Diferentemente, o Direito
Penal trabalha o ponto de vista normativo do crime, promovendo a repressão social a conduta
delitiva por meio de regras punitivas elaboradas pelos parlamentares. Trata-se, pois, de uma
ciência do dever ser.
Letra c.

A criminologia, como ciência interdisciplinar e empírica, tem por finalidade fornecer uma
compreensão científica do problema criminal à sociedade e aos poderes constituídos, a partir
do estudo do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social, visando
ao controle e à prevenção criminal. Nesse sentido, fornece um diagnóstico qualificado e
conjuntural sobre o delito, uma vez que sua interdisciplinaridade permite coordenar os co-
nhecimentos auferidos nos diversos ramos do saber, superando as contradições e suprindo
as lacunas (DE OLIVEIRA, 2020).
E quanto as funções da criminologia? Vamos elaborar um mapa mental explicativo com
o auxílio da obra da professora Mari Barreiras?

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Então, segue abaixo as principais funções desta apaixonante ciência:

Tecidos alguns comentários introdutórios acerca das noções conceituais de criminologia


para sua prova, indaga-se: a criminologia deve ser vista como uma ciência independente ou
dependente em relação ao direito penal? Rogério Sanches (2020) responde a tal indagação:

A criminologia tem independência em relação ao Direito porque ela não se propõe a definir o que
deve ou não ser feito, nem a esclarecer qual é a consequência normativa para tais atos. [...] Ela
observa os fatores que podem ensejar a prática criminosa a partir da análise do delinquente, da
vítima e das regras de controle social que existem de uma maneira formalizada pelos aparatos
punitivos do Estado (como a Polícia, o Ministério Público, a Justiça) e outras formas extraoficiais
de controle social (como a Igreja, a Família e a Escola). (CUNHA, 2020) Grifo Nosso

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Em suma, enquanto o direito penal preocupa-se com o estabelecimento de sanções pe-


nais decorrentes do comportamento humano indesejado caracterizado como infração penal,
deixando a cargo do legislador a elaboração dos tipos penais que irão priorizar a proteção
dos bens jurídicos essenciais para aquela sociedade, cuja lesão possa a causar desarmonia
social, a criminologia cuidará das causas etiológicas do comportamento criminoso e de seus
meios de prevenção. (CUNHA, 2020)

002. (INÉDITA/2023) No que se refere as diferenciações culturais entre as expressões Direito


Penal, Criminologia, Política Criminal e Dogmática Penal, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O direito penal busca o objetivo de analisar fatos humanos ilícitos indesejáveis, dos quais
sua violação de conduta ensejará a sua classificação como crime ou contravenção penal. Desta
forma, o estudo do crime enquanto conteúdo norma faz parte do estudo do Direito Penal.
b) A criminologia é a ciência empírica, ou seja, da experimentação do crime enquanto compor-
tamento dos diversos atores que se relacionam na prática ilícita como o autor, a vítima e fatores
como os sociais, culturais e biopsicológicos.
c) A expressão dogmática penal são os postulados valorativos inquestionáveis dentro do estudo
do direito penal.
d) A política criminal foca seus esforços na acepção valorativa do crime, trabalhando estratégias
e meios de controle social da criminalidade.
e) Quando se trabalha com interpretação principiológica, sistematização e aplicação racional
das normas penais, está-se diante do estudo da dogmática penal.

Considerando que os demais itens estão corretos, o item “C” encontra-se incorreto. Segundo
Leonardo Aguiar (2016), a dogmática jurídico-penal parte de alguns preceitos legais denominados
dogmas, os quais são empregados com o sentido de “declaração de vontade com pretensão de
validade geral, visando a solução de problemas sociais”.
Letra c.

Aguiar esclarece que a dogmática penal – embora parta de um conjunto de normas po-
sitivadas (dentre regras e princípios) não deve assumir um caráter dogmático como uma
verdade inquestionável e imutável, visto dever ser reconhecida por seu caráter valorativo e
crítico (AGUIAR, 2016).
Adiante, vamos tecer algumas considerações sobre as principais classificações da crimi-
nologia? (BARREIRAS, 2022)
a) Criminologia geral x Criminologia clínica: a primeira é o estudo e todos os objetos da
criminologia (crime, criminoso, vítima e controle social), construindo-se, assim, teorias a

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partir da sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos em todas as


ciências que, direta ou indiretamente, se debruçam sobre a questão criminal; por sua vez, a
criminologia clínica aplica os conhecimentos teóricos da criminologia geral para a análise a
conduta delitiva, do cárcere e suas adversidades e das estratégias de avaliação do preso e a
intervenções visando sua reinserção social;
b) Macrocriminologia x Microcriminologia: a primeira analisa o autor do delito, seja de
forma individual ou levando em conta o grupo social onde vive; a segunda ocupa-se da análise
estrutural onde o crime ocorre;
c) Teorias criminológicas de longo alcance x alcance médio: a primeira explica todo o fe-
nômeno criminal em um único sistema teórico ao passo que a segunda analisa fragmentos do
todo criminal e em razão disso conseguem empregar com mais propriedade o método empírico
e testar as hipóteses. Eduardo Viana (2018) nos ensina que tais teorias de alcance médio são
mais úteis e, por isso, é o caminho que a Criminologia vem trilhando de forma preferencial.
d) Outras classificações:
d.1 – Criminologia científica: elabora conceitos acerca dos objetos da criminologia;
d.2. – Criminologia aplicada: tem como acréscimo às atividades realizadas pela crimino-
logia científica os operadores do direito;
d.3. – Criminologia Acadêmica: sistematiza o saber criminológico para fins pedagógicos;
d.4 – Criminologia Analítica: auxilia na verificação do cumprimento do papel das ciências
criminais e política criminal;
d.5 – Criminologia Crítica, Dialética ou Radical: a queridinha dos examinadores, possui
base Marxista e tece críticas ao capitalismo e ao sistema penal que oprime o delinquente o
qual pertence a uma classe operária desigual e injusta;
d.6 – Criminologia Cultural: estuda as relações de consumo entre a sociedade com base
na mídia. Tal qual a cultura é fluída e sujeita a processos de mudanças, o crime é um processo
cultural com as mesmas características;
d.7 – Criminologia Verde: estuda o impacto de condutas delituosas ambientais na sociedade;
d.8 – Criminologia do Desenvolvimento: realiza estudos levando em conta o processo ao
longo da vida do criminoso e não em um momento específico;
d.9 – Criminologia Feminista: surgida em 1970 no Reino Unido, é fruto de forte reação a
violação de direitos das mulheres, sobretudo no ambiente doméstico. Há uma forte crítica ao
sexismo e ao patriarcado conferido ao estudo do Direito Penal;
d.10 – Criminologia Queer: de surgimento na década de 80 nos Estados Unidos, tem como
luta a opressão contra a comunidade LGBTQIA+P;
d.11 – Criminologia Fenomenológica: análise a partir da aparência, ou seja, de um fenô-
meno real observável;
d.12 – Criminologia Midiática: não é uma criminologia real e sim uma cultura da desin-
formação pela informação, reproduzindo casos criminais pela mídia sem qualquer apego à
criminalidade, recorrendo a estereótipos, preconceitos e crenças.

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003. (FGV/DPE RJ/DEFENSOR PÚBLICO/2021) O reconhecimento de que a categoria “mulher”


não é (e não pode ser) tomada como um sujeito universal na medida em que abre espaço para
assimetrias entre as próprias mulheres que se desdobram em silenciamento, colonização e
assimilação de umas pelas outras, levou à construção de diferentes perspectivas criminoló-
gicas, dentre as quais é possível identificar:
a) a criminologia queer e a criminologia feminista negra;
b) a criminologia feminista negra e a criminologia crítica;
c) a criminologia queer e a criminologia da libertação;
d) a criminologia dos direitos humanos e a criminologia da libertação;
e) a criminologia clínica e a criminologia feminista negra.

Conforme pontuamos na nossa aula, o movimento criminológico feminista surge na década


de 1970 no Reino Unido como contraponto aos valores sexistas aplicados ao sistema penal
inglês, alavancado por casos de violência doméstica e familiar contra a mulher subnotificados
e não-priorizados pelas autoridades públicas.
Segundo Natasha de Oliveira (2020) o objetivo primordial do movimento criminológico feminista
era justamente provocar um giro epistemológico nos processos de criminalização e vitimização,
combatendo a chamada lógica patriarcal que regia as normas culturais e promovia a objetifi-
cação da mulher.
Desconstruir esse modelo de sistema penal baseado no androcentrismo era algo necessário e,
para tanto, a criminologia feminista baseia-se em cinco (05) aspectos básicos:

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A chamada criminologia queer surge nos Estados Unidos a partir de 1980 como uma vertente
da criminologia crítica, dialogando com as teorias feministas, os estudos culturais, a sociologia
da sexualidade e a psicologia social. O termo “queer” é oriundo da língua inglesa e remete ao
termo estranho, esquisito, excêntrico ou original.
Adiante, tal termo ficou marcado pela relação de agressão a lésbicas, gays, bissexuais, transe-
xuais ou qualquer pessoa fora dos padrões heteronormativos; assim, combater a dominação
masculina ou viriarcado, a misoginia e a homofobia são uma das bandeiras de luta deste mo-
vimento, do qual busca-se neutralizar a legitimação do heterossexismo, as quais contribuem
para a desviação de conduta (DE OLIVEIRA, 2020).
Letra a.

2. História da Criminologia: Escola Clássica, Escola Positiva, Escola de


Política Criminal e Terza Scuola
Historicamente, quando se pode falar na utilização do termo criminologia? De fato, se
trata de uma pergunta – além de importante do ponto de vista histórico – temas de grande
incidência nos concursos públicos.
Há vários registros históricos que buscam se apropriar do termo criminologia no decorrer
da história. Cesare Lombroso, por ocasião da publicação da sua obra denominada O Homem
Delinquente, se referiu ao termo “antropologia criminal” para descrever seus estudos; Paul
Topinard é o escolhido dos franceses para ter a si atribuído o termo; Rafaelle Garofalo são
os indicados pelos italianos. Percebe-se, portanto, uma divergência histórica na apropria-
ção do termo:

O doutrinador holandês William Bonger alerta que a maioria da doutrina atribui a primeira utilização
da palavra criminologia à Paul Topinard. Contudo, foi cunhada, no âmbito internacional, ganhando
inclusive contornos de ciência, pelo positivista italiano Rafaelle Garofalo com sua obra Criminologia:
Studio Sul Delitto, Sulle Sue Cause e Sui Mezzi di Repressione, de 1885. (CUNHA, 2020)

004. (FUNDATEC/PC RS/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A Criminologia é definida tradicio-


nalmente como a ciência que estuda de forma empírica o delito, o delinquente, a vítima e os
mecanismos de controle social. Os autores que fundaram a Criminologia (Positivista) são:
a) Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo.
b) Franz Von Liszt, Edmund Mezger e Marquês de Beccaria.
c) Marquês de Beccaria, Cesare Lombroso e Michel Foucault.
d) Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Michel Foucault.
e) Enrico Ferri, Michel Foucault e Nina Rodrigues.

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Lombroso, Garofalo e Ferri são considerados os fundadores da acepção positivista da Escola


Italiana de Criminologia. Tais autores realizaram uma verdadeira quebra de paradigma no que
concerne ao estudo das Ciências Jurídicas da época ao propor que – na análise do delito – de-
ver-se-ia utilizar o método experimental próprio das ciências naturais, tais como a observação do
comportamento da sociedade e a neutralização da prática delitiva por meio da prevenção criminal.
Letra a.

A história do pensamento criminológico foi dividida em vários períodos ou fases em que


os grandes pensadores opinavam e forneciam conceitos diferenciados acerca dos assuntos
concernentes ao chamado estudo criminológico, tais quais os delitos e as sanções:

Protágoras (485-515 a.C.) compreendia a pena como meio de evitar a prática de novas infrações
pelo exemplo que deveria dar a todos os membros de um corpo social [...] Sócrates (470-399 a.C.)
destaca a importância da ressocialização, na medida em que pregava a necessidade de ensinar
os delinquentes a não reiterar a conduta delitiva [...] Platão (427-347 a.C.) sustentava que a ganân-
cia, a cobiça ou cupidez geravam a criminalidade [...] Aristóteles (388-322 a.C.) seguia a mesma
linha de pensamento de Platão ao imputar a fatores econômicos a causa do fenômeno criminal.
(CUNHA, 2020)

Rogério Sanches (2020) esclarece que nestes períodos tais pensadores buscaram o pro-
pósito de apresentar um estudo – ainda sem um método científico -no intuito de apresentar
bases éticas e premissas do crime e sua punição, o que caracteriza o chamado estudo cri-
minológico do crime.
Tais estudos realizados por estes pensadores, na medida em que encaravam questões
envolvendo o crime, o infrator, a vítima e o controle social, eram sim precursores de uma
criminologia ainda sem um método científico reconhecido. Tal período era conhecido como
período da antiguidade.
Já no denominado período da idade média, Sanches (2021) esclarece que vigorava na
Europa o sistema feudal, fundamentada em contornos religiosos baseados no Cristianismo.
Pensadores medievais como Santo Agostinho (354 a 430 d.C.) afastavam o pensamento
baseado na lei de talião (olho por olho, dente por dente), devendo a lei promover a ressocia-
lização e a defesa social, sem perder seu caráter intimidativo.
A doutrina cita, ainda, São Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.) como precursor da chamada
Justiça Distributiva, o que significa “dar a cada um o que é seu segundo certa igualdade”, de-
fendendo que a pobreza era a causa de roubos no seio da coletividade, bem como afastando
o furto famélico – aquela subtração sem violência ou grave ameaça – para fins de saciar a
própria fome ou de sua família como fato não-punível (CUNHA, 2021).

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Tradicionalmente, os estudos criminológicos baseados em método científico são mais conhecidos nos períodos de desenvolvimento
das escolas clássica (século XVIII) e positiva/positivista (século XIX):

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Dentre os expoentes da escola clássica, destaca-se Cesare Beccaria, o qual foi o precursor
do chamado movimento humanitário do direito de punir por parte do Estado. Contratualista,
igualitário, liberal e individualista, teve como bases filosóficas os estudos de Montesquieu,
Hume e Rousseau, baseando seu pensamento nos princípios concernentes ao contrato social,
do direito natural e do utilitarismo.
Como “verdadeira mola propulsora para uma nova forma de pensar o sistema punitivo”,
Beccaria escreveu o livro Dos delitos e das penas (1764), onde denunciou os abusos estatais
punitivos – marcadamente vividos pelos regimes absolutistas daquela época – e pretendendo
humanizar a resposta do Estado à infração penal – defendeu a aplicação da pena ao delito de
modo proporcional, público e legal, restabelecendo a ordem social; foi contra a pena de morte,
salvo em caso de guerra; incentivou a tipificação de condutas em detrimento do chamado
direito penal do autor (CUNHA, 2020).

005. (VUNESP/PC SP/TÉCNICO DE LABORATÓRIO/2014) A expressão “Criminologia” foi


empregada pela primeira vez por:
a) Adolphe Quetelet e divulgada internacionalmente por Cesare Bonesana, em sua obra intitu-
lada Dos delitos e das penas.
b) Cesare Lombroso e divulgada internacionalmente por Raffaele Garofalo, em sua obra intitu-
lada Criminologia.
c) Paul Topinard e divulgada internacionalmente por Cesare Bonesana, em sua obra intitulada
Dos delitos e das penas.
d) Cesare Lombroso e divulgada internacionalmente por Adolphe Quetelet, em sua obra intitu-
lada O homem médio.
e) Paul Topinard e divulgada internacionalmente por Raffaele Garofalo, em sua obra intitulada
Criminologia.

Conforme já estudado, deve-se ter em mente que Garofalo é o grande difusor – na fase jurídica
– dos pensamentos defendidos pela escola positivista, período do qual – em sua obra intitulada
Criminologia – apresentou o termo criminologia cunhado – de acordo com a doutrina majoritá-
ria – ao francês Paul Topinard.
Letra e.

Prosseguindo com a aula, a Escola positivista foi dividida em três pilares básicos: de-
terminismo biológico de Lombroso (1835-1909) onde se aplicou o método experimental no
estudo da criminalidade (teoria do criminoso nato), predeterminado à prática de infrações
penais por características antropológicas ligadas ao atavismo; determinismo sociológico de

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Enrico Ferri (1856-1929) negando a tese do livre-arbítrio e fundamentando a responsabilidade


penal na responsabilidade social, de modo que as penas deveriam ser indeterminadas e se
adequar ao criminoso. Assim, a pena para Ferri era mecanismo de defesa social; determinis-
mo biossociológico ou jurídico de Rafaelle Garofalo (1851-1934) o qual entende o delito como
uma agressão ao senso moral de uma agregação humana, e sustentava que criminosos não
assimiláveis deveriam ser eliminados pela deportação ou morte, em um verdadeiro processo
de seleção natural de Darwin.
Certamente o estudioso tido como “figurinha carimbada” nas provas de concursos que
envolvem a parte criminológica é Cesare Lombroso – autor da obra O homem delinquente –
certamente um dos precursores da fase antropológica da escola positiva. Explica o autor que
a necessidade de aplicação da pena atende a termos éticos, permitindo, assim, o reequilíbrio
do sistema normativo-social e que a pena seria uma retribuição pela infração à norma penal.
Abandona-se o caráter de vingança religiosa da pena para aquela vista como uma respos-
ta da própria sociedade, a fim de manter sua própria segurança. A pena deveria ser fixa e
determinada.
Eduardo Viana esclarece que Lombroso, muito em razão de sua influência como médico
na Itália, foi o responsável por uma acepção morfológica do estudo do homem como delin-
quente, termo conhecido por determinismo biológico (VIANA, 2018).
Há, com Lombroso, uma ruptura paradigmática do estudo criminológico baseado no livre
arbítrio, dando lugar ao chamado concretismo; ou seja, a verificação da prática do delito come-
tido pelo delinquente. Rogério Sanches esclarece que o marco científico da Criminologia ocorre
com a publicação de sua obra L´Uomo Delinquente no final do século XIX, onde passou-se a
investigar o crime e o criminoso sob o método científico experimental nos trabalhos, do qual
derivou a expressão criminoso nato, criada por Enrico Ferri (CUNHA, 2021).
Lombroso começa a traçar tipologias de delinquentes utilizando-se o método experimental
para analisar a caixa craniana de criminosos com alto grau de reincidência criminal. Deste
método experimental, acredita Lombroso traçar um padrão de anomalias existentes em crâ-
nios de criminosos contumazes, das quais – agregadas a características físicas – passa a
traçar uma tipologia do comportamento criminoso, com reflexos importantes na adoção de
políticas criminais:

As conclusões de Lombroso repercutem especialmente no modelo de política criminal a ser adotado


para o combate à criminalidade: contra o criminoso nato, incorrigível, não caberiam aplicações de
sanções morais, mas sim preventivas, devendo a sociedade se proteger com aplicação da pena
de prisão perpétua ou de morte (CUNHA, 2021).

Lombroso contribuiu para a Criminologia realizando centenas de autópsias em supostos


criminosos natos utilizando-se de seu método empírico-indutivo, afastando-se, assim, de
seus antecessores que não utilizavam a cientificidade e sim as chamadas ciências ocultas,

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pré-científicas. Milhares de análises médicas realizadas em delinquentes vivos subsidiaram


as conclusões de Lombroso acerca da existência de um padrão de delinquência ligado a ca-
racterísticas fisiológicas do ser humano.
Assim, foi estabelecido uma tipologia do delinquente:
Para Lombroso, o criminoso nato era aquele com características físicas bem definidas
(cabeça pequena com deformações, fronte fugidia, sobrancelhas salientes, maças afastadas
e orelhas malformadas, braços com comprimento exagerado, face enorme) fatores bioge-
néticos que eram ligados ao atavismo. O criminoso com inteligência intacta, mas com falsa
de moralidade tem influências hereditárias sendo denominado louco moral; o delinquente
epilético pode conduzir a criminalidade, visto as funções cerebrais, emoções e sentimentos
estarem danificados; o delinquente louco são os acometidos de alienação mental que devem
permanecer sob custódia de Hospitais Psiquiátricos; o criminoso de ocasião tem predisposi-
ção hereditária, os quais aguardam a circunstância ideal para a prática delituosa (criminosos
de ocasião); os criminosos por paixão são raivosos, irrefletidos e geralmente violentos para
a solução das questões passionais (DE OLIVEIRA, 2020).

006. (UEG/PC GO/POLÍCIA CIVIL DE GOIÁS/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) Tendo a obra


O Homem Delinquente, de Cesare Lombroso (1836-1909), como fundante da Criminologia
surgida a partir da segunda metade do século XIX, verifica-se que, segundo a sistematização
realizada por Enrico Ferri (1856-1929), o pensamento criminológico positivista assenta-se,
dentre outras, na tese de que:
a) o livre arbítrio é um conceito chave para o direito penal.
b) os chamados delinquentes poderiam ser classificados como loucos, natos, morais, passio-
nais e de ocasião.
c) a defesa social é tomada como o principal objetivo da justiça criminal.
d) a responsabilidade social, tida como clássica, deveria ser substituída pela categoria da res-
ponsabilidade moral para a imputação do delito.
e) a natureza objetiva do crime, mais do que a motivação, deve ser base para medida da pena.

O item “A” se revela errado na medida em que a escola positiva rompe com o livre-arbítrio e se
alia ao chamado concretismo, encabeçado pelos estudos de Lombroso. O item “B” traz uma
classificação inexistente na doutrina acerca da tipologia do criminoso, visto não haver criminoso
moral segundo a classificação de Enrico Ferri. O item “D” demonstra que a escola positivista
tem preocupações relacionadas com um conceito sociológico de crime; é errado, ademais,
relacionar a responsabilidade social na escola clássica, visto este ser um conceito criado pelo
positivista Enrico Ferri.

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Letra c.

Ainda dentro do tema Escolas clássica e positivista, falando no positivista italiano Enri-
co Ferri (1856-1929) este foi responsável pelo estudo da criminologia sob a perspectiva do
determinismo social. Autor da obra Sociologia Criminal (1914), “apontou os fatores antropo-
lógicos, sociais e físicos como as causas do delito”, negando o livre-arbítrio, defendendo o
afastamento do criminoso do meio social para fins de resguardar a sociedade, a chamada
responsabilidade social (CUNHA, 2020).
Importante expoente da escola positivista, Rafaelle Garofalo, além de apoiar o conceito
de criminoso nato de Enrico Ferri, defendia a existência de delitos legais e delitos naturais ou
natos: o primeiro que sofria variações conforme a sua localidade de cometimento (ex.: crimes
fiscais, ambientais etc.), enquanto o segundo ofendia o senso de moralidade comum ao afetar
os sentimentos de altruísmo e piedade (ex.: crime de Estupro, homicídio etc.).
Para Garofalo, crime é a violação da moralidade média de um dado povo, em um dado
momento (CUNHA, 2020).
Portanto, de forma resumida, tem-se os ensinamentos das Escolas Clássica e Positiva,
sendo importante relacionar outras escolas igualmente importantes na história criminológica
que estão indicadas em seu edital:
a) Terceira escola italiana (Terza scuola italiana) de Manuel Carnevale: reúne conceitos da
escola clássica e positivista: pena como necessidade ética, a qual permite que o sistema seja
reequilibrado com sua aplicação; mas ainda a pena sendo indeterminada, deve-se adequar ao
criminoso. De grande versatilidade, acreditavam que o delito era produto da conjugação de
fatores endógenos e exógenos; ademais, defendiam a separação das disciplinas empíricas
(experimentais) das normativas (abstratas e dedutivas).
b) Escola penal humanista de Vicente Lanza: A pena tem a finalidade de ressocialização;
ou seja, o objetivo é reeducar o culpado e reinserção dele na sociedade.
c) Escola técnico-jurídica de Arturo Rocco, Vicenzo Manzini (1910): Em sua primeira fase,
negam a abordagem do livre-arbítrio ou a existência do delito natural. O agente tem uma
perigosidade que precisa ser defendida por meio da aplicação da pena, a qual terá como
finalidade o castigo do delinquente; a pena, assim, mostra seu caráter retributivo. A sanção
penal é um mero meio de defesa do Estado.
d) Escola moderna alemã de Franz Von Listz: também conhecida como Escola de Marburgo,
a pena é instrumento de ordem e segurança social; exerce uma função preventiva geral (vi-
sando a sociedade) e negativa (intimidação aos seres delinquentes com a finalidade de evitar
novo cometimento de crime e inibir os cidadãos). Para esta escola, a pena é pena necessária
e deve-se eliminar as penas privativas de liberdade de curta duração; emprega-se em um mé-
todo indutivo-experimental a criminologia, a antropologia e a sociologia. Por fim, integrando
a Política Criminal ao Direito Penal, realiza a diferenciação entre imputáveis e inimputáveis.
e) Escola correlacionista de Karl David August Röeder (1839): A Pena irá corrigir a vontade
injusta, perversa e desviada do criminoso e não ser objeto de retribuição a um mal causado

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com penas fixas e determinadas, como quer a escola clássica. O crime é uma criação da
sociedade, um ente jurídico não natural e o delinquente é um ser anormal, com vontade re-
provável. A sanção penal deve, portanto, ser indeterminada e passível de cessação de sua
execução quando se tornar prescindível (instituto da sentença indeterminada de Röeder).
Foco da pena na prevenção especial. Deve-se punir curando, regenerando e não punir para
castigar e infligir o mal.
f) Escola da nova defesa social de Adolphe Prins: Objetivando renovar os meios de combate
à criminalidade, em 1945 foi fundada na Itália por Filippo Gramatica o Centro Internacional
de Estudos de Defesa Social, onde a pena foi vista como uma reação da sociedade que ob-
jetivava a proteção do cidadão.
O crime, portanto, é um mal que desestabiliza o aprimoramento social e o delinquente é a
pessoa que precisa ser adaptada à ordem social. Aplicava-se institutos como o da medida de
segurança e das penas indeterminadas que deveriam subsistir enquanto perdurar a criminalidade.

Desenvolveu-se a chamada profilaxia criminal, baseado no estudo do delinquente e assistências


educativas visando delinear sua personalidade para o convívio social.

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007. (VUNESP/PC SP/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) No que concerne às Escolas Penais,


é correto afirmar que a:
a) “Positiva” entende que o crime deriva de circunstâncias biológicas ou sociais, tendo sido
defendida por Feuerbach.
b) “Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes.
c) “Lombrosiana” acredita que o homem é racional e nasce livre, sendo o crime fruto de uma
escolha errada, concepção hipotetizada por Lombroso e também por Ferri.
d) “Clássica” entende que a pena é medida profilática, de cura, pensamento difundido por
Carmignani.
e) “Positiva” nasce em contraposição às ideias de Lombroso, defende o naturalismo-racional e
tem em Garofalo um de seus doutrinadores.

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a) Errada. De fato, Feuerbach é um dos expoentes, juntamente com Francesco Carrara e Cesare Beccaria, formando a tríade CBF (basta
imaginar a seleção brasileira de futebol para guardar esta sigla!), todavia a escola positiva entende que o crime é considerado um fenômeno
natural, com causas naturais.
c) Errada. No item “C”, a escola denominada lombrosiana é, em verdade, a fase antropológica preconizada por Lombroso dentro da Escola
positivista.
d) Errada. No item “D”, apesar de Carmignani ser um expoente da escola clássica, defende que o direito de castigar não tem fundamento na
justiça moral, mas sim na necessidade política de manter-se a paz social.
e) Errada. O item “E” confunde a escola positiva e a fase antropológica de Lombroso como se fossem conceitos contrapostos.
Letra b.

A classificação dos tipos criminosos consubstancia-se em um espectro bem mais amplo do que o exigido no edital. Várias classifi-
cações diferentes são apresentadas conforme a abordagem realizada por um determinado autor. Para uma melhor visualização, o mapa
mental resumido a seguir será de grande esclarecimento:

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Ao analisar o presente mapa mental, percebe-se que a classificação ideal para o presente
estudo de acordo com o seu edital é a fornecida por Cesare Lombroso e Enrico Ferri, a qual
será desenvolvida a seguir:
a) Criminoso nato: para a escola clássica, o delinquente é aquele indivíduo pecador, o
qual utilizou o livre-arbítrio voltado para práticas ilícitas, mesmo tendo a opção de escolher
o caminho da licitude. Portanto, a expressão criminoso nato não é ligada a escola clássica,
mas sim a escola positivista, de criação de Enrico Ferri. Lombroso, que difundiu o conceito,
vislumbra o criminoso nato como um ser atávico; ou seja, possui características hereditárias
voltadas ao cometimento do delito, “escravo de sua própria patologia”, fadado ao cometi-
mento do crime (CUNHA, 2021), identificado por seus caracteres físico-biológicos tais quais
a mandíbula grande, a conformação do cérebro, a estrutura óssea e a hereditariedade bioló-
gica (DE OLIVEIRA apud LOMBROSO, 2007). O criminoso nato é marcado pelo seu alto grau
de debilidade do senso moral, precocidade, recidiva, sendo o criminoso com o maior grau de
periculosidade. O criminoso epilético foi incluído neste conceito (DE OLIVEIRA, 2021).

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Fonte: Il Messaggero. https://www.ilmessaggero.it/primopiano/cronaca/cesare_lombroso_web_sito_delin-


quenza_universita_delinquenza-3836477.html. Acesso em: 06 ago. 2021.

b) Criminoso habitual (ou profissional): o positivista Enrico Ferri classifica este criminoso
como aquele reincidente em sua conduta delitiva, fazendo com o que o crime seja “um meio
de vida”. Neste contexto, a prática de crime de menor gravidade e o consequente encarcera-
mento frequente torna o criminoso propenso a prática de crimes mais graves (DE OLIVEIRA,
2021). Lombroso visualizava os criminosos profissionais dentro de uma subclassificação
de criminosos ocasionais: pseudocriminosos, os quais cometiam crimes involuntários, sem
perversidade, geralmente pela necessidade (por exemplo, em caso de fome crônica); os cri-
minalóides, que cometiam os delitos motivados pelas circunstâncias, não sendo criminosos
em situações normais da vida; os criminosos profissionais, que combinam atividades lícitas
e ilícitas (um comerciante ao dia, e à noite um estuprador). (LOMBROSO, 2007).
c) Criminoso passional: tal tipologia de criminoso é conhecido por suas ações impetuo-
sas, impulsivas, empregando violência em razão de uma questão passional (muito comum
nos crimes envolvendo casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, regulados
procedimentalmente pela Lei Maria da Penha, lei n.. 11.340/2006 e alterações legislativas
posteriores). Natasha Alves de Oliveira (2021) explica que o criminoso passional “tem por
característica ser nervoso, exaltado e irrefletido” e “apresenta-se espontaneamente às autori-
dades policiais e com remorso de sua conduta, podendo chegar, inclusive, a tentar suicídio”.
d) Criminoso louco ou alienado: é aquele delinquente categorizado como perverso, louco
moral, alienado mental, o qual necessita ter internado em manicômio judiciário. Enrico Ferri
acrescenta, nesta tipologia, o semilouco ou o fronteiriço, o qual é tratado no direito penal bra-
sileiro como semi-imputável, alternando momentos de lucidez e loucura.
e) Criminoso menor (delinquência juvenil): o denominado menor para fins penais são pes-
soas em fase peculiar de desenvolvimento e formação de sua personalidade, necessitando
de Proteção Integral do Estado, da sociedade e da família. Caso tal processo de socialização

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seja negado as crianças e aos adolescentes, as possíveis falhas e referenciais de conduta


serão campo fértil e atrativo para a criminalidade. Segundo Sérgio Salomão Shecaira (2008),
inúmeros fatores podem contribuir para a delinquência juvenil, quais sejam: falta de reconhe-
cimento e senso de pertencimento, baixo rendimento escolar seguida de evasão, ausência de
relações familiares e alternativas educacionais e profissionalizantes. Ana Paula Motta Costa
(2012) explica, ainda, que a violência está muito ligada ao consumismo exacerbado decor-
rente da pós-modernidade, que valoriza as pessoas por aquilo que elas possuem, e não por
aquilo que são. Nesse caso, aqueles economicamente desfavorecidos, que não conseguem
pertencer ao padrão valorizado socialmente pela sociedade de consumo, acabam por adotar
outros mecanismos de aquisição de bens, às vezes ilícitos. Se, de um lado, os adolescentes
de diferentes contextos sociais pertencem ao mundo globalizado, consumista e individualista;
de outro, os jovens que não acessam facilmente ao consumo estão à margem, embora seu
desejo de ser aceito e reconhecido percorra os mesmos caminhos dos demais consumidores.
f) Mulher delinquente: esta classificação certamente remonta ao estudos realizados por
Cesare Lombroso e Guglielmo Ferrero na obra intitulada Mulher criminosa, prostituta e a mu-
lher normal (1893), caracterizada pelo discurso médico-legal de temáticas relacionadas as
mulheres com conduta desviada, segundo os valores atribuídos àquela época, incompatíveis
com a contemporaneidade. Segundo Lombroso e Ferrero, a visão da mulher normal é carac-
terizada por um ser com menos inteligência, mais suscetíveis a dor, tem maior crueldade,
porém são fracas, motivo pelo qual não conseguem agir perante seus instintos criminosos;
motivo, portanto, de serem mais vingativas e invejosas. Durante esse período do século XIX,
tais autores entendiam que o homem era responsável pelos espaços públicos (ex.: praças,
fábricas, repartições) ao passo que a mulher pertencia as esferas privadas (ex.: lar, filhos, edu-
cação, compras, aparência). Os autores positivistas, em uma acepção cientificista e biológica,
atribuem a mulher o papel maior da maternidade, da qual não se pode desviar, de modo que
a “negação da maternidade pode ser vista como um desvio de conduta” (LOMBROSO e FER-
RERO, 1893). Em uma classificação absurda para os dias atuais, os autores dividem a mulher
degenerada delinquente em duas categorias: as prostitutas (acometidas do desejo sexual e
do alcoolismo, não apresenta perigo a sociedade por cometer pequenos delitos; ademais, são
úteis aos desejos masculinos) e as criminosas (classe rara, de alta periculosidade, possuem
traços masculinizados, tem alto grau de perversidade, cometem crimes graves e rejeitavam
a maternidade) (LOMBROSO e FERRERO, 1893). Portanto, os autores classificavam as mu-
lheres de acordo com seu padrão corporal e comportamental dentro da estrutura social que
impunha os espaços predeterminados a homens e mulheres, de modo que, qualquer mulher
que fugisse ao padrão imposto, era um sinal de infâmia e desvio de conduta caracterizadora
de degeneração voltada a possíveis práticas criminosas.

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008. (NUCEPE UESPI/PC PI/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/2018) Marque a alternativa


CORRETA, no que diz respeito à classificação do criminoso, segundo Lombroso:
a) Criminoso louco: é o tipo de criminoso que tem instinto para a prática de delitos, é uma es-
pécie de selvagem para a sociedade.
b) Criminoso nato: é aquele tipo de criminoso malvado, perverso, que deve sobreviver em
manicômios.
c) Criminoso por paixão: aquele que utiliza de violência para resolver problemas passionais,
geralmente é nervoso, irritado e leviano.
d) Criminoso por paixão: este aponta uma tendência hereditária, possui hábitos criminosos
influenciados pela ocasião.
e) Criminoso louco: é o criminoso sórdido com deficiência do senso moral e com hábitos cri-
minosos influenciados pela situação.

a) Errada. Lombroso assemelharia o criminoso selvagem para a sociedade mais ligado às


características relacionadas ao denominado criminoso nato, com alto grau de perversidade.
b) Errada. O item refere-se a características ligadas ao criminoso louco, devido à premente
necessidade de internação psiquiátrica.
d) Errada. A tendência hereditária informada no item “D” estaria mais ligada as características
do atavismo ligada ao criminoso nato (ex.: cabeça chata, sobrancelhas grossas, mandíbula
grande etc.).
e) Errada. O item “E” está mais ligado a características do chamado criminoso ocasional.
Letra c.

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RESUMO
Nesta primeira aula, buscamos tecer comentários gerais a respeito do conceito de Crimi-
nologia, seus métodos, funções e objeto. De forma resumida, como propõe seu edital, falamos
acerca das Escolas Clássica e Positivista, bem como a Escola de Política Criminal de Von
Listz e a Terza Scuola italiana.
Segundo Sutherland (1924), a Criminologia é um conjunto de conhecimentos que estu-
dam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinquente, sua conduta
delituosa e a maneira de ressocializá-lo. Tem como principais características: o empirismo e
a interdisciplinaridade.
Portanto, percebe-se, em linhas gerais para sua prova, que a Criminologia é: uma ciência
“do ser”, zetética, empírica, indutiva e interdisciplinar.
Outros métodos adotados pela criminologia, de viés positivista, são o biológico (que pro-
cura nos corpos dos delinquentes as explicações para o fenômeno criminal) e sociológico
(que procura explicações para a etiologia do crime nos grupos sociais onde ele ocorre).
Na escola criminológica positivista, três autores se destacaram no estabelecimento da
classificação dos criminosos, conforme seus estudos:
Classificação positivista segundo Cesare Lombroso e Enrico Ferri:
1) Criminoso nato: vislumbra o criminoso nato como um ser atávico; ou seja, possui ca-
racterísticas hereditárias voltadas ao cometimento do delito;
2) Criminoso habitual (ou profissional): o positivista Enrico Ferri classifica este crimino-
so como aquele reincidente em sua conduta delitiva, fazendo com o que o crime seja “um
meio de vida”;
3) Criminoso passional: tal tipologia de criminoso é conhecido por suas ações impetuosas,
impulsivas, empregando violência em razão de uma questão passional;
4) Criminoso louco ou alienado: é aquele delinquente categorizado como perverso, louco
moral, alienado mental, o qual necessita ter internado em manicômio judiciário;
5) Criminoso menor (delinquência juvenil): o denominado menor para fins penais são pes-
soas em fase peculiar de desenvolvimento e formação de sua personalidade, necessitando
de Proteção Integral do Estado, da sociedade e da família;
6) Mulher delinquente: esta classificação certamente remonta aos estudos realizados
por Cesare Lombroso e Guglielmo Ferrero na obra intitulada Mulher criminosa, prostituta e a
mulher normal (1893), caracterizada pelo discurso médico-legal de temáticas relacionadas as
mulheres com conduta desviada, segundo os valores atribuídos àquela época, incompatíveis
com a contemporaneidade.
Classificação positivista segundo Rafaelle Garofalo:
1) Criminoso assassino: é o denominado delinquente típico, apresentando sinais externos,
comportamento egoísta e mentalidade infantilizada e selvagem;

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2) Criminosos enérgicos ou violentos: em que pese tais delinquentes possuíram um senso


moral, agem com falta de compaixão, acometidos por um sentimento de falso preconceito;
3) Ladrões ou neurastênicos: possuem senso moral, mas falta-lhes probidade. Tem carac-
terísticas atávicas ligadas a pequenez, olhos vivazes, face móvel e nariz achatado;
Acerca de suas funções, a Criminologia busca:
• Compreender o crime;
• Fornecer informações para a prevenção do delito;
• Compreender as causas do crime;
• Demonstrar a importância da celeridade na aplicação da sanção;
• Intervenção no criminoso/infrator;
• Diálogo entre o Direito Penal e demais ramos;
• Tecer críticas ao Direito Penal;
• Avaliar diferentes modelos de resposta ao crime;
• Demonstrar as dimensões individual e social do crime;
• Fortalecer o diálogo entre os protagonistas do crime;
• Pacificação social;
• Discussão de estratégias de ressocialização.
Por fim, acerca das principais classificações da criminologia, vamos elencá-las resumi-
damente em um termo para que o aluno recorde na hora da prova:
a) Criminologia geral = estudo de todos os objetos da Criminologia;
b) Criminologia clínica = Geral + análise da conduta delitiva, do cárcere e das estratégias
de reinserção social (tratamento);
c) Macrocriminologia = análise do autor do delito;
d) Microcriminologia: análise da sociedade onde o crime ocorre;
e) Teorias criminológicas de longo alcance: único sistema teórico para todo o fenôme-
no do crime;
f) Teorias criminológicas de alcance médio: analisa fragmentos do todo criminal;
g) Outras classificações:
g.1 – Criminologia científica: elaboração de conceitos;
g.2. – Criminologia aplicada: científica + operadores do Direito;
g.3. – Criminologia Acadêmica: sistematizar saberes para fins pedagógicos;
g.4 – Criminologia Analítica: papel das Ciências Criminais e da Política Criminal;
g.5 – Criminologia Crítica, Dialética ou Radical: base Marxista, opressão das classes tra-
balhadoras e reflexos criminais;
g.6 – Criminologia Cultural: estuda as relações de consumo, mídia e reflexos criminais;
g.7 – Criminologia Verde: impacto de condutas delituosas ambientais na sociedade;
g.8 – Criminologia do Desenvolvimento: processo ao longo da vida do criminoso e não
em um momento específico;

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g.9 – Criminologia Feminista: reação a violação de direitos das mulheres, sobretudo no


ambiente doméstico;
g.10 – Criminologia Queer: luta a opressão contra a comunidade LGBTQIA+P;
g.11 – Criminologia Fenomenológica: análise a partir da aparência, ou seja, de um fenô-
meno real observável;
g.12 – Criminologia Midiática: não é uma criminologia real e sim uma cultura da desin-
formação pela informação, reproduzindo casos criminais pela mídia sem qualquer apego à
criminalidade, recorrendo a estereótipos, preconceitos e crenças.

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REFERÊNCIAS
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Disponível em: https://leonardoaaaguiar.jusbrasil.com.br/artigos/324816043/dogmatica-juridi-
co-penal-politica-criminal-e-criminologia. Acesso em: 15 jan. 2023.

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Criminológico. 3ªed., Revan, 2002.

CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Volume I, ed. Juspodvm, 2020.

CUNHA, Rogério Sanches. Temas fundamentais de criminologia para concursos. JusAulas,


RSC online, 2021.

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cientifico del delito, la prevención de la criminalidad y el tratamento del delincuente. Colección
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DE MOLINA, Antônio Garcia-Pablos. Temas de Criminologia. Madrid: Instituto de Criminologia


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LOMBROSO, Cesare. O homem delinquente. Tradução: Sebastião José Roque. São Paulo: Ícone,
2007.

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PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. 8ª edição, São Paulo:
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em: http://www.rci.rutgers.edu/~pmclean/mcleanp_01_920_290_01_tilly_ terrorism.pdf. Acesso
em: 17 jan. 2023.

VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ªed., ed. Salvador: Juspodvm, 2018.

Dalbertom Caselato Junior


Policial Civil do DF. Bacharel em Relações Internacionais e Direito. Especialista em Direito Público, mestre
e doutorando em Direito Penal e Criminologia (CEUB-DF). Professor da Escola Superior da PCDF e de
cursinhos para concursos.

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