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A SEMIÓTICA UTILIZADA PELA MÍDIA E A SUA INFLUÊNCIA NOS

PROCESSOS CRIMINAIS: A LINHA TÊNUE ENTRE INFORMAÇÃO E


MANIPULAÇÃO1

Andressa de Jesus Melo2


Jhennyfer Santos Pereira3

RESUMO:

Palavras-chave:

ABSTRACT:.

Key-words:

Introdução

1
Artigo submetido ao (IV CONGRESSO PERNAMBUCANO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS)
2
Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual da Santa Cruz, E-mail:
<andressa.j.melo@gmail.com>
3
Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual da Santa Cruz, E-mail:
<jhennyfer-santos@hotmail.com>
2

1 Aspectos gerais sobre a semiótica, seu surgimento e conceito


Ao basear-se no entendimento de John Locke e a sua compreensão inicial da
semiótica, é permitido afirmar que a semiótica pode ser entendida como sinais humanos para
compreender as “coisas” e assim comunicar-se, ele utilizou o termo “semiótica” para referir-
se à ciência que estudaria os signos. Tal análise se consolidou como ciência no sec. XX, tendo
Saussure o pioneiro a abordar esse assunto, no entanto, a chamava de semiologia, e mantinha
as raízes da sua teoria na linguística, que difere da semiótica moderna.
Embora exista três escolas de estudos da Semiótica, apenas umas delas a trata no
sentido contemporâneo, a qual é baseada nos estudos do filósofo e linguista, Charles Sanders
Peirce, que a reconheceu como ciência dos signos e dos símbolos. E se referiu a essa ciência
ao longo dos seus escritos como “lógica”:
“Ela é a ciência daquilo que é quase necessariamente verdadeiro dos signos para
que eles possam ser verdadeiros. Digamos, a lógica própria é a ciência formal das
condições da verdade das representações” (PEIRCE, 1931-1958, § 2.229, c. 1897).
P.37 Análise do discurso com Pierce

O linguista adotou a tríade em sua teoria, que é composta pela gramatica especulativa,
a lógica crítica e retórica especulativa -o termo “especulativa” era usado para se referir a
palavra “teoria” A primeira supracitada, gramática especulativa aborda as características dos
signos e símbolos de forma mais abrangente, possui breve semelhança com a sintaxe e
morfologia, entretanto não se atenta apenas a língua, mas a todo conjunto passível de
significado. Em seguida, está a lógica crítica, que aborda a conexão entre o objeto e o signo,
“[...]a lógica própria é a ciência formal das condições da verdade das representações” p.38. A
última a ser abordada no trívio, foi a retórica especulativa, que consiste em analisar a
“transmissão” dos significados “[...]por signos de mente para mente e de um estado de mente
para um outro”. Essa teve os seus estudos continuados por Lszka, Santaella e Bergman.
A retórica especulativa é também uma teoria semiótica da comunicação
(SANTAELLA; NÖTH, 2004) [...] . Em uma extensão ainda mais ousada da
retórica tradicional, Peirce postula também uma retórica especulativa das belas artes,
uma retórica da persuasão prática e uma retórica das ciências (PEIRCE, 1998).

2 Potencial da semiótica nas manchetes e reportagens televisivas


3

A mídia tem se feito presente no cotidiano de muitos, talvez todos, e é indubitável que ela
ainda que de forma indireta, influencie na sociedade, seja com a formação de opiniões ou
comportamentos. Por meio dos signos expressos nos textos dos repórteres, nas imagens feitas
pelos cinegrafistas ou até mesmo nos títulos das manchetes, a midiatização “coloniza” a
sociedade de forma sútil e quase que imperceptível.
Não obstante, vivemos em uma sociedade que recebe e transmite informações de maneira
rápida e imediata e, com isso, mesmo que a população não tenha a capacidade de ser
onipresente, as pessoas conseguem ficar ligadas a todos os dados noticiosos que são
compartilhados e essa vinculação se dá através dos meios de comunicação.
Como é sabido, há informações sobre o mundo todo nos mais diverss meios de comunicação,
seja a delevisão, rádio, internet e jornais que são transmitidos de modo que venha envolver o
leitor e ouvinte, dando-lhes permissão de ir além dos seus conhecimentos, já que, após receber
devida notícia há uma interação entre o leitor e a informação, ou seja, uma interação mútua,
demonstrando o seu posicionamento diante da notícia.
Nesta perspectiva, há de se refletir sobre a forma que os jornais se planejam para passar
adiante as notícias vinculadas ao direito criminal. De modo primordial, cabe indentificar que
existem características nos jornais que são utilizadas para atrair a atenção da população,
colocando-os como espectadores de um enredo, no qual, ao fim, existirá ainda um julgamento.
Outrossim, o homem possui a capacidade linguística e comunicativa e para o autor Othon M.
Garcia existe a necessidade de que a mensagem seja descrita de forma clara para que seja
compreendida pelo leitor. O leitor, quando recebe a mensagem, automaticamente se inclui no
ato da comunicação [...acrescentar mais coisa FIQUEI SEM IDEIA DE COMO ESCREVER]
Para entender melhor a aplicabilidade da semiótica nos meios de comunicação foi elaborado
pelos estudioso da semiótica Charles Sanders Peirce [tenho dúvidas se esse método pertence a
ele também] onde se observou, inicialmente o “nível fundamental”, neste nível pode-se
analisar e compreender ideias abstratas referentes a um processo de oposição, nas quais são
concebidas as fases profundas, simples e abstratas, onde há possibilidade de percepção acerca
das significações que vêm com oposições: ideia de valor positivo e negativo.
De acordo com FIORIN (2002, p.4)
O primeiro dos três níveis do percurso gerativo de sentido é o fundamental,
visto que compreende a(s) categoria(s) semântica(s) que ordena(m), de
maneira mais geral, osdiferentes conteúdo do texto. Uma categoria
semântica é uma oposição tal que a vs b. Podem-se investir nessa relação
oposições como vida vs morte, natureza vs cultura,etc. Negando-se cada um
dos termos da oposição, teremos não a vs não b. Os termos a vs b mantêm
entre si uma relação de contrariedade. A mesma coisa ocorre com ostermos
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não a vs não b. Entre a e não a e b e não b há uma relação de


contraditoriedade. Ademais, não a mantém com b, assim como não b com a,
uma relação de implicação.Os termos que mantêm entre si uma relação de
contrariedade podem manifestar-se unidos.

Após essa fase, há o nível narrativo que embarca na análise de fatos desenvolvidos por
sujeitos envolvidos em duas situações, que são a de conjunção e disjunção que é quando um
sujeito está envolto com ou sem um determinado objeto. Por exemplo, João perdeu o avião
para Recife. Logo, ele está em “disjunção” com a viagem. Por fim há a situação de
transformação que vai implicar em uma mudança de estados sucessivos e distintos e será
descritos elementos como: manipulação, que abarca quatro elementos intrísecos (tentação,
intimidação, sedução e provocação); competência e performance.

Após a elucidação deve-se analisar as manchetes jornalísticas:


ANÁLISE DO NÍVEL FUNDAMENTAL
[...] COLOCAR UMA MANCHETE E EXPLICAR COM BASE NOS CRITÉRIOS
ANTERIORES]
AQUI VAI SER TIPO AQUELES EXEMPLOS QUE EU TE MANDEI, MAS A GENTE
ESCOLHE SÓ UMA MANCHETE PQ SE NÃO VAI FICAR GRANDE

3 A colisão de direitos fundamentais: liberdade de expressão e


informação x direito a um julgamento criminal justo [MUDEI]

Antes de adentrar no referido assunto cabe discutir os aspectos gerais e contexto histórico da
liberdade de informação e o princípio da presunção de inocência separadamente.

A liberdade de informação teve seu início no Brasil com a chegada da família real e a
fundação do jornal “A gazeta do Rio de Janeiro” e este era um jornal parcial cujo objetivo era
unicamente publicar notícias sobre o reino. Em contrapartida à essa regra imposta, no ano de
1821, com o fim da censura surgiram jornais que defendiam o movimento de independência e
outros que eram a favor do serviço jornalístico em prol da Coroa.

Finalmente, com a Constituição Federal de 1946 foi determinada a livre manifestação do


pensamento sem que houvesse censura. Atualmente, a Constituição Federal de 1988 garante
em seu art. 5°, inciso IV a livre manifestação de pensamento, sendo um direito fundamental e,
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quando exercido pelos meios de comunicação, além de representar um instrumento de cultura


e conhecimento, desempenha também a função social pois viabiliza o pensamento e
demonstração da vontade do povo.

Não obstante, com a publicação da obra “Dos Delitos e Das Penas” do criminalista italiano
Beccaria o princípio da presunção de inocência passou a ganhar relevância sobre a
necessidade de garantir a ampla defesa ao acusado da prática de um crime.Beccaria foi
motivado principalmente por não concordar com o processo inquisitório da época. Na
palavras de Guilherme Nucci o sistema inquisitivo era concentrado nas mãos do julgador e
este exercia a função de acusar também, demonstrando assim ser um procedimento imparcial.

No Brasil, o princípio em questão é ligado à Dignidade da Pessoa Humana, e na nossa


Constituição de 1988 é encontrado de forma implícita, já que a Carta Magna positivou
expressamente o princípio da não-culpabilidade. Entretanto, cabe reconhecer que o princípio
de presunção da inocência no Brasil não se mostra presente apenas no processo penal, como
também nos processos de cunho administrativos e na fase jurisdicional.

Salienta-se que com o desenvolvimento da tecnologia e a ascenção dos meios de comunicação


possibilitou o acesso às informações de forma instântanea consagrando, desse modo o
imediatismo jornalístico, que por muitas vezes, traz informativos sem censura ou qualquer
forma de filtro. Por muitas vezes utilizam-se a liberdade de informação para justificar os
limites ultrapassados por alguns profissionais da imprensa. Entretanto, a discussão que se tem
é sobre o confronto entre a liberdade funcional do jornalismo e a presunção de inocência do
indivíduo suspeito ou acusado.

Hodiernamente, nota-se o avanço dos meios de comunicação, bem como o acesso às


informações, estas, por muitas vezes, sem censura e sem “filtro” tendo como justificativa a
liberdade de informação. Entretanto, há discussões sobre os limites dessa tal liberdade e, entre
esses limites, tem-se a discussão voltada ao conflito entre a liberdade de imprensa e a
presunção de inocência do indivíduo suspeito ou acusado de praticar determinado crime.

Não obstante, ressalta-se que há uma grande importância dos meios de comunicação para a
população, já que, O comportamento do ser humano é resultado das informações e do
conhecimento que ele absorve. Como dito alhures, atualmente, uma das principais formas de
absorção do conhecimento se dá através dos meios de comunicação.
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A notícia aparece como o principal elemento de construção da realidade do indivíduo. Os


meios de comunicação de massa promovem campanhas seletivas com a “fabricação” de
estereótipos de fatos e de crimes. Campanhas como da “tolerância zero”, da “lei e da
ordem” sempre descrevem a “crueldade dos bandidos”, a “impunidade total”, falam da
“polícia que prende e do juiz que solta”, “dos menores que entram e saem das “pousadas”
graças ao ECA”, atribuem o mal funcionamento do aparelho estatal “às leis benevolentes,
especialmente à Constituição, que só garante direitos humanos para bandidos” . No que toca
à justiça penal, a mídia, ao expressar suas próprias opiniões durante os procedimentos
criminais, acaba prolatando verdadeiras “sentenças”. Estas decisões tornam-se irrecorríveis
e criam fatos consumados pela propagação de informações precoces. Zaffaroni, a respeito do
tema, aduz que:

4 A ausência do princípio do contraditório e da ampla defesa na


mídia

5 Comercialização do crime e suas consequências: o crime como


espetáculo

A imprensa assume a posição de protagonista em diversos crimes, investigações e ritos


processuais e, além disso, tem seu papel histórico de mostrar esses casos e relatar sobre as
formas de como ele se apresenta. Não obstante, o crime desde sempre tem despertado o
interesse da sociedade, prova disso é que:

No século XIX, faziam muito sucesso na França os “canards”, jornais populares de


apenas uma página, impressos na parte frontal e que comportavam título, ilustração
e texto. Os “canards” mais procurados, segundo Seguin, eram os que relatavam fait
divers criminais: crianças martirizadas ou violadas, parricídios, cadáveres cortados
em pedaços, queimados, enterrados. (ANGRIMANI SOBRINHO,1995, p.19)

Não obstante, é perceptível a necessidade que a mídia tem de criar um “personagem” que
ilustre o horror demonstrado nas matérias e reportagens sobre crimes dado ao apelo das
notícias e como elas são construídas, tudo isso demonstra a necessidade que a sociedade tem
de buscar o entretenimento. Tal conceito engloba o que é chamado por Mario Vargas Llosa
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de sociadade do espetáculo, para ele, o jornalismo vigente, por priorizar assuntos chocantes
ou de entretenimento puro e simples, ajudou a criar essa sociedade.

Com o advento do desenvolvimento social e econômico, o trabalho jornalístico passou a ser


visto como um produto comercial, uma mercadoria, por isso, paralelamente ao pensamento da
sociedade do espetáculo, o jornalismo e o trabalho midiático passou a ser visto como fonte de
entretenimento. Não obstante, a comunicação de crimes ou fatos chocantes desperta interesse
nas massas e mexe com a imaginação da coletividade, o que dá uma priorização da sociedade
pela violência como entretenimento.

Cabe ressaltar que, por muitas vezes, os veículos de comunicação visam o imediatismo e se
apressam em encontrar o culpado, e acabam desrespeitando a Constituição Federal, usurpando
direitos bem como, deixam de seguir os princípios do Processo Penal.

6 Reciprocidade de informações entre o judiciário e a mídia

7 A imprensa como mecanismo de pressão e o poder de


manipulação

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Referências:

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