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ANÁLISE ESTATÍSTICA

CONCEITOS BÁSICOS DE
ESTATÍSTICA
A u t o r ( a ) : D r. G u i l h e r m e A u g u s t o P i a n e z z e r

Revisor: Eder Costa Cassettari

Tempo de leitura do conteúdo estimado em 1 hora e 9 minutos.

Introdução
Caro(a) estudante, seja muito bem-vindo(a) aos nossos estudos sobre análise estatística! Neste
material, discutiremos os conceitos básicos de estatística e compreender quais são os fenômenos
de análise dentro dessa área. Aqui, seremos convidados(as) a conhecer os tipos de variáveis
aleatórias para, então, conhecer as distribuições de variáveis que costumam ocorrer na análise
estatística.
Você também perceberá de que modo a estatística deve ser utilizada como uma ferramenta aliada e
poderosa na tomada de decisões; compreenderá, inclusive, o que realmente acontece com o
tratamento de grandes informações.

Conceitos Fundamentais

Para iniciar nossa análise, vamos supor que desejamos verificar se existe diferença significativa
entre a massa de certos adultos de uma determinada academia. Como termos essenciais, perceba
que temos como interesse medir uma característica que denominamos dados. Como tais massas
são medidas por números, podendo assumir certos valores como 65 kg, 67 kg, 78 kg, 83 kg e, assim,
podemos afirmar que se trata de dados numéricos.

Ao ter em vista que a pesquisa se refere apenas a uma determinada academia, podemos afirmar
que todos seus alunos representam a população analisada, de forma que qualquer subconjunto
selecionado é considerado uma amostra. Se tal academia possui 350 alunos, todos eles
representam a sua população, enquanto qualquer grupo de alunos representa uma amostra de tal
população.

Assim, formalmente, podemos definir a população como um conjunto que contém todos os
elementos que possuem uma característica de interesse (característica de investigação ou
características de estudo) e determinar a amostra como qualquer subconjunto da população.
Um traço específico da estatística é que nem sempre temos
capacidade de levantar as características de interesse de toda
a população, de forma que escolhemos uma determinada
amostra. Quando realizamos, porém, uma pesquisa estatística
com toda a população, o que está sendo realizado é um censo.
A propósito, esse termo é bem conhecido por “censo
demográfico” ou “censo populacional”.

Fonte: Krisdog / 123RF.

O conceito de população pode ser um pouco confuso, visto que um recorte de outra população
também pode ser considerado uma população, dado um projeto de pesquisa. Então, ao supor que,
na academia, existam 150 homens adultos dentre os 300 alunos matriculados, caso tenhamos
interesse em investigar um levantamento sobre o estado civil dos homens dessa academia, a
população dessa pesquisa corresponde aos 150 homens e a amostra qualquer é o subconjunto
desses homens.

No exemplo da academia, o número de elementos da população não é tão elevado. Caso


imaginemos o clássico problema da pesquisa eleitoral, que envolve milhões de eleitores, o tamanho
da população é um desafio nas pesquisas. Aqui, percebe-se que realizar medidas para toda a
população pesquisada pode ser algo demorado, custoso e, até mesmo, inviável. Por isso que a
estatística surge como uma ação válida para extrair sentido em conjuntos de dados. Damos o nome
ao processo de obtenção de amostras de amostragem. Como bem elucida Triola (2013, p. 6): “se
estamos coletando dados para um estudo, o método de amostragem que escolhemos pode
influenciar enormemente a validade de nossas conclusões”.

Trabalhos específicos sobre o estudo de técnicas de amostragem são conhecidos. Isso porque,
para que a amostra selecionada represente a população, não podemos realizá-la de qualquer
maneira. Vamos supor que queiramos investigar o problema da diabetes na população brasileira.
Como não temos condição de medir o nível de insulina de todos os habitantes, podemos selecionar
um determinado número de indivíduos, a partir do processo de amostragem, de forma que essa
representação descreva como essa característica de interesse se distribui entre os elementos da
população. Se selecionassem indivíduos da academia já mencionada, teríamos viés, talvez
concluindo nenhum problema significativo de diabetes. Agora, se selecionassem tais
representantes a partir de uma fila de uma rede de fast-food, poderíamos concluir o inverso.
Chegamos ao término da primeira seção e vimos os principais conceitos. Vamos praticar um
pouco? Faça a atividade na sequência e teste seus conhecimentos.

Conhecimento
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Discutiu-se a diferença entre população e amostra. Basicamente, trata-se a população como todos
os elementos de um determinado conjunto, enquanto a amostra é um subconjunto da população.
No que concerne ao exposto, considere os itens apresentados na sequência.

   1. (    ) A altura de todos os alunos de uma sala de aula.

   2. (    ) Peso de 70 tomates de uma grande plantação.

   3. (    ) Marca de 340 automóveis estacionados na rua de uma grande metrópole.

   4. (    ) Salário de todos os funcionários de uma corporação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta dos eventos descritos, considerando P
(população) e A (amostra).

a) A-P-P-A.
b) P-P-A-P.
c) P-A-P-A.
d) P-A-A-P.
e) P-P-P-P.

Processos Estatísticos

Vamos conhecer um pouco mais sobre os processos estatísticos? Ao longo dos diversos
processos, lidamos com várias características de interesse. Essas características podem ser de
variados tipos, como: idade, salário, marca, peso, altura, estado civil, dimensões e tantas outras.
Mas percebemos, aqui, que temos uma diferença significativa entre cada uma dessas variáveis. Até
porque, as formas de medir idade, salário ou mesmo estado civil são completamente diferentes. Na
estatística, cada tipo de variável exige um tratamento estatístico diferenciado.

Variável Qualitativa
Perceba que já definimos variável como uma característica de uma população ou de uma amostra.
Além disso, já adiantamos que as formas de medir idade ou estado civil são diferentes entre si.
Aqui, podemos perceber que a primeira é uma variável quantitativa (um número), enquanto a
segunda é uma variável qualitativa (solteiro, divorciado, casado etc.).

Note que a variável qualitativa pode ser classificada como uma categoria, um rótulo ou uma classe.
Assim, a cor de pele, a marca de roupa e o estado civil são dados qualitativos. Outro tipo de variável
qualitativa corresponde às características que podem ser representadas por sim ou não, conhecidas
como binomiais, podendo salientar quem é doador de sangue ou quem já visitou o Japão.

Aqui, tais dados possuem propriedades ordinais ou nominais. Se existir uma relação de ordem entre
si, consideramos variáveis ordinais: primeiro lugar, segundo lugar etc.; perfeito, ótimo, bom e
regular. Se não existe nenhuma ordem evidente, trata-se de uma variável nominal: cor da pele ou
marca de uma roupa.

Variável Quantitativa
No caso das variáveis quantitativas, compreendamos como aquelas que podem ser mensuradas
por números: peso, altura, número de lesões de um jogador. Todos esses aspectos são
considerados dados quantitativos. Aqui, você precisa perceber que existe uma diferença crucial
entre medir idade e peso. Isso porque, a idade é medida em números inteiros, i.e., 1, 2, 3, ..., 40, 41,
..., enquanto o peso pode ser medido por um número racional. Verifique na sequência como
definimos as variáveis discretas e as variáveis contínuas.

1. Administração de empresas: Eu mi bibendum neque egestas congue quisque egestas diam in.
2. Juros compostos: Eu mi bibendum neque egestas congue quisque egestas diam in.
3. Impostos: Eu mi bibendum neque egestas congue quisque egestas diam in.
4. Recursos Humanos: Eu mi bibendum neque egestas congue quisque egestas diam in.

Nesse segundo caso, geralmente, trata-se de variáveis que podem estar associadas a intervalos e
não podem ser enumeradas, i.e., listadas. Perceba que, mesmo podendo criar uma lista com todas
as quantidades de peças de roupas vendidas, nunca será possível escrever todos os pesos de
bebês recém-nascidos. Isso porque, entre 1 kg e 2 kg, existem infinitos valores.

Além dessas diferenças, alguns dados quantitativos e categóricos fazem uma distinção sobre os
diferentes tipos de números que podem surgir. Triola (2013, p. 10) expõe que “alguns números,
como os que aparecem nas camisetas de jogadores de basquete, não são quantidades, porque não
medem ou contam qualquer coisa, e não faria sentido fazermos qualquer cálculo com eles”.
SAIBA MAIS

Nos tempos dos grandes dados, de infinitas informações, a


estatística surge como uma das principais áreas da matemática
para compreender o que realmente acontece e para mostrar que a
matemática tem uma aplicação direta na “vida real”. O professor
Arthur Benjamin explica o tema em uma palestra.
Para saber mais, consulte:

ACESSAR

Fonte: Benjamin (2009).

Aqui, nossa temática tem sido discutir a frequência de dados que, segundo Silva et al. (2010, p. 18),
“é o número de vezes que um elemento figura no conjunto de dados”. Para compreendermos um
pouco sobre a distribuição de frequência, assunto da próxima seção, podemos adiantar a
construção da tabela de frequência. Afinal, definimos frequência como o número de ocorrências ou
repetições de um determinado dado. Podemos imaginar uma pesquisa realizada com dados
qualitativos sobre a opinião pública de determinado candidato à presidência. Pergunta-se: como
avalia a proposta do governo desse candidato? Dentre as respostas possíveis, identifica-se: ótima,
boa, regular, ruim. Trata-se de uma coleta de dados qualitativos.

Sobre 20 entrevistados, suponha o seguinte cenário:

ÓTIMA, RUIM, RUIM, RUIM, BOA, BOA, BOA, ÓTIMA, RUIM, ÓTIMA, REGULAR, RUIM, ÓTIMA, BOA,
ÓTIMA, ÓTIMA, BOA, ÓTIMA, RUIM, RUIM.

Você deve perceber que olhar os dados na forma como são apresentados não nos traz, diretamente,
uma boa impressão sobre esse conjunto de dados. Então, podemos organizá-los agrupando os
dados semelhantes, a fim de obter o seguinte:

ÓTIMA, ÓTIMA, ÓTIMA, ÓTIMA, ÓTIMA, ÓTIMA, ÓTIMA, BOA, BOA, BOA, BOA, BOA, REGULAR, RUIM,
RUIM, RUIM, RUIM, RUIM, RUIM, RUIM.

Aqui, já podemos visualizar, de forma mais adequada, tais dados. A visualização, entretanto, fica
ainda melhor, principalmente para uma quantidade grande de dados, caso tenhamos uma
visualização ainda mais apropriada. Por esse motivo, podemos contar as frequências, i.e., contar o
número de ocorrência de cada classe verificada. Dessa maneira, chegamos ao seguinte cenário:

f
´ = 7
O T IMA

f = 5
BOA

f = 1
REGULAR

f = 7
RUIM
Os dados representam uma tabela de frequência, como mostra a Tabela 1.1:

Conceito Frequência

Ótima 7

Boa 5

Regular 1

Ruim 7

Tabela 1.1 - Tabela de frequência para pesquisa eleitoral realizada com 20 entrevistados
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta duas colunas e cinco linhas. Na primeira linha, temos, na
primeira coluna, “conceito” e, na segunda, “frequência”. Na segunda linha, temos “ótima” na
primeira coluna e “7” na segunda coluna. Na terceira linha, temos “boa” na primeira coluna e “5”
na segunda coluna. Na quarta linha, temos “regular” na primeira coluna e “1” na segunda
coluna. Na quinta linha, temos “ruim” na primeira coluna e “7” na segunda coluna.

Como nosso objetivo é a realização do tratamento de grandes dados, geralmente, trabalharemos


com uma tabela alternativa conhecida como tabela de frequência relativa. Isso porque, um
observador que verificasse que a ocorrência de notas ‘Ótimas’ foi 7 não poderia inferir, de imediato,
se foi uma frequência alta ou baixa, a menos que conhecesse a quantidade de dados coletados.

A fim de evitar isso, normalizamos as frequências para gerar as frequências relativas, dadas,
matematicamente, por:

^
Frequ 
e
 ncia 
  
 do 
  
 Dado
^
Frequ 
e
 ncia 
  
 Relativa =
~


 mero 
  
 Total 
  
 de 
  
 Observa o
  es ç

Assim, dado um número de observações n, podemos escrever:

f
A
f =
rA
n

No caso do problema analisado, podemos reescrever os dados na sua versão relativa, de forma que:

7
fr ´ = = 0, 35 = 35
O T IMA
20

5
f rBOA = = 0, 25 = 25
20

1
f rREGULAR = = 0, 05 = 5
20
7
f rRUIM = = 0, 35 = 35
20

Dessa maneira, podemos ampliar a Tabela 1.1, para gerar a Tabela 1.2, também apresentando os
dados de frequência relativa. Observemos na sequência.

Conceito Frequência Frequência Relativa %

ÓTIMA 7 0,35 35

BOA 5 0,25 25

REGULAR 1 0,05 5

RUIM 7 0,35 35

Tabela 1.2 - Tabela de frequência relativa para pesquisa eleitoral realizada com 20 entrevistados
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta quatro colunas e cinco linhas. Nas colunas, estão
apresentados, em ordem, o conceito, a frequência, a frequência relativa e a porcentagem. A
primeira linha mostra que o conceito ‘ótima’ teve uma frequência de 7, frequência relativa de
0,35, equivalente a uma porcentagem de 35%. A segunda linha mostra que o conceito ‘boa’ teve
uma frequência de 5, frequência relativa de 0,25, equivalente a uma porcentagem de 25%. A
terceira linha mostra que o conceito ‘regular’ teve uma frequência de 1, frequência relativa de
0,05, equivalente a uma porcentagem de 5%. A última linha mostra que o conceito ‘ruim’ teve
uma frequência de 7, frequência relativa de 0,35, equivalente a uma porcentagem de 35%.

Note que o cálculo de frequência relativa nos permite inferir, com rapidez, se uma dada categoria
acontece frequentemente ou não. Isso não era possível de afirmar previamente sem o tamanho da
amostra. Para verificar que aprendemos essa dinâmica, vejamos a próxima atividade.

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Considere uma turma de Educação Física composta por 36 alunos. Nesse grupo, um questionário
investigou o esporte preferido de cada um deles. Para facilitar a representação, um código de
tabulação foi criado, conforme apresentado a seguir:

F – Futebol

V – Vôlei

A – Atletismo

B – Basquete

N – Natação

T – Tênis

Ao longo da pesquisa, foram coletados os seguintes dados:

NVNFATNVVBFFFVVNTT

NVVNATTNNBTFVNFTVN

Com base nos conteúdos discutidos no decorrer desta seção, assinale a alternativa que apresenta
corretamente a frequência relativa dos alunos que gostam de atletismo.

a) 17%.
b) 28%.
c) 19%.
d) 5%.
e) 25%.

Distribuição Amostral da
Média
O nosso assunto agora será a distribuição amostral da média. O que você já conhece sobre esse
tema? Para compreendermos o conceito de distribuição amostral e como essa informação aparece
em fenômenos comuns, precisamos analisar o comportamento da média de um sorteio de 4 bolas.
Assim, devemos imaginar uma urna com 4 bolas numeradas de 1 a 4, de forma que X é a variável
aleatória, a qual registra o sorteio de uma dada bola tirada ao acaso. Como denotaremos Xm sendo
a média, podemos afirmar que:

P (Xm  = 1) = P (Xm  = 2) = P (Xm  = 3) = P (Xm = 4) = 0, 25

Afirmamos isso por considerar que o sorteio não é viciado e que todas as bolas têm a mesma
chance de ocorrência.

Figura 1.1 - Distribuição amostral da média para um único sorteio entre 4 bolas
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, podemos observar um gráfico de barras. No eixo das abscissas, estão as colunas
marcadas por 1, 2, 3 e 4, respectivamente. No eixo vertical, temos as medidas marcadas de 0,05 em 0,05,
iniciando em 0 até 0,3. Percebe-se que todas as colunas possuem a mesma altura de 0,25 indicando a
distribuição amostral da média para um único evento.

Note que a Figura 1.1 representa a distribuição amostral da média, considerando essa única
ocorrência. Perceba, portanto, que a distribuição mostra quais eventos têm mais probabilidade de
ocorrer. Para percebermos sua utilidade, devemos imaginar o mesmo cenário de sorteio, mas com
retiradas múltiplas, independentes e com reposição. Para simplificar, vamos supor duas retiradas:
X1 e X2. Assim, as médias seriam dadas por:

X1 = 1, X2 = 1, X̄ = 1        X1 = 3, X2 = 1, X̄ = 2

X1 = 1, X2 = 2, X̄ = 1, 5        X1 = 3, X2 = 2, X̄ = 2, 5

X1 = 1, X2 = 3, X̄ = 2        X1 = 3, X2 = 3, X̄ = 3

X1 = 1, X2 = 4, X̄ = 2, 5        X1 = 3, X2 = 4, X̄ = 3, 5
X1 = 2, X1 = 1, X̄ = 1, 5        X1 = 4, X2 = 1, X̄ = 2, 5

X1 = 2, X2 = 2, X̄ = 2        X1 = 4, X2 = 2, X̄ = 3

X1 = 2, X3 = 3 = X̄ = 2, 5        X1 = 4, X2 = 3, X̄ = 3, 5

X1 = 2, X3 = 4, X̄ = 3        X1 = 4, X2 = 4, X̄ = 4

Aqui, podemos observar tanto cada ocorrência quanto as respectivas médias. Também podemos
notar que existem médias com uma probabilidade de ocorrência maior, o que pode ser verificado
pelo seguinte cálculo:

1
P (X̄ = 1) = = 0, 0625
16

2
P (X̄ = 1, 5) = = 0, 125
16

3
P (X̄ = 2) = = 0, 1875
16

4
P (X̄ = 2, 5) = = 0, 25
16

3
P (X̄ = 3) = = 0, 1875
16

2
P (X̄ = 3, 5) = = 0, 125
16

1
P (X̄ = 4) = = 0, 0625
16

Agora, sim! Podemos atualizar a distribuição de frequência, considerando esses dois sorteios. Isso,
aliás, pode ser observado na Figura 1.2.
Figura 1.2 - Distribuição amostral da média para dois sorteios entre 4 bolas (independentes e com
reposição)
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, podemos observar um gráfico de barras. No eixo das abscissas, estão as colunas
marcadas por 1, 1.5, 2, 2.5, 3, 3.5 e 4, respectivamente. No eixo vertical, temos as medidas marcadas de
0,05 em 0,05, iniciando em 0 até 0,3. Percebe-se que a primeira coluna possui uma altura de 0,06; a
segunda de 0,12; a terceira de 0,18; a quarta de 0,25; a quinta de 0,18; a sexta de 0,12, e a última de 0,06
indicando a distribuição amostral da média para dois eventos.

Talvez, com esses exemplos, você já tenha sido capaz de perceber que o comportamento desse
fenômeno tende a um comportamento específico. Nesse caso, embora existam ocorrências em
todo o espectro de frequência, podemos perceber que a maior parte dos dados se concentra perto
da média, i.e., perto, nessa circunstância, do valor 2.5! Vamos aproveitar a próxima seção para
compreender um pouco mais o porquê de isso ocorrer.
Assim como realizamos dois sorteios, podemos encontrar a distribuição amostral da média para n
sorteios. Nesse caso, podemos observar que, à medida que fazemos a quantidade de sorteios
tender a infinito, percebemos que o gráfico vai se aproximando de um conhecido gráfico
denominado distribuição normal. Como postula Triola (2013, p. 206): “a distribuição normal padrão
é uma distribuição de probabilidade normal com médio 0 e desvio-padrão 1, e a área total sob a
curva de densidade é 1”.

Embora tenhamos apresentado a distribuição normal, existem outras conhecidas em estatística.


Vejamos algumas delas e suas aplicações logo na sequência.

1. Distribuição uniforme discreta: Roleta de cassino ou uma moeda equilibrada.


2. Distribuição binomial: Eventos de sucesso em um experimento.
3. Distribuição hipergeométrica: Número de sucessos no primeiro e uma série de
experimentos.
4. Distribuição de Poisson: Uma grande quantidade de eventos improváveis.

Evidenciamos, na Figura 1.3, alguns exemplos de gráficos de distribuição normal, os quais poderiam
representar fenômenos diferenciados pelos seus valores de média e desvio-padrão.

Figura 1.3 - Exemplos de gráficos da distribuição normal, a partir do software WolframAlpha


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, observamos um gráfico. No eixo horizontal, as medidas com passo 2, começando
de -6 até 8. No eixo vertical, as medidas com passo 0,2, começando em 0 até 0,8. São apresentadas três
curvas distintas de distribuição normal. A primeira com média 0 e desvio-padrão de 1, conhecida como
distribuição normal padrão. A segunda com média 0 e desvio-padrão de 0,447214; a última com média 1 e
desvio-padrão de 2,23607.

Embora fuja do escopo deste material, podemos mostrar esse comportamento a partir de um
importante teorema denominado Teorema Central do Limite, o qual afirma que, dada uma função de
densidade de probabilidade, sempre que temos n tendendo a infinito, a distribuição tende a se tornar
uma distribuição normal e padrão.

Tal resultado nos ajuda a investigar o motivo de as pesquisas eleitorais e os processos de coleta de
dados em pesquisas estatísticas serem realizados mesmo sem consulta a toda a população. Agora
que você já aprendeu sobre a distribuição amostral da média, vamos praticar um pouco? Faça a
atividade na sequência para exercitar seus aprendizados.

praticar
Vamos Praticar
Verificamos a probabilidade de ocorrência da média para o sorteio de 2 bolas, independentes e
com reposição. Agora, é a sua vez! Faremos algo similar, mas considerando o sorteio de 3 bolas.

Monte o gráfico de distribuição amostral da média considerando um sorteio de 3 bolas,


numeradas de 1 a 4, independentes e com reposição.

Distribuição Amostral de
uma Variável Aleatória
Binomial

Outra distribuição de variável que acaba seguindo uma distribuição normal consiste na variável
aleatória binomial. Você sabe quais são essas variáveis? São aquelas variáveis que só podem
assumir entre dois possíveis valores. Nesse caso, poderia ser uma variável sim ou não, desligado ou
ligado, forte ou fraco, 0 ou 1, ou tantas outras opções. Triola (2013, p. 180) define eficazmente essa
distribuição:

Uma distribuição de probabilidade binomial resulta de um experimento que satisfaz os


seguintes requisitos:

1) o experimento tem um número fixo de tentativas;

2) as tentativas devem ser independentes;

3) cada tentativa deve ter todos os resultados classificados em duas categorias;

4) a probabilidade de sucesso permanece constante em todas as tentativas.

Para compreendermos de modo frutífero, podemos supor um experimento em que desejamos


conhecer a proporção de adultos com idade inferior aos 30 anos e que possuem casa própria.
Assim, a variável que registra essa informação pode ser entendida como binomial, caso
identifiquemos apenas a ocorrência de dois valores: 1, se o indivíduo possui casa própria, e 0, caso
contrário.

Como exemplo dessa situação, vamos supor que você colete o dado de 10 adultos selecionados de
forma aleatória e chegue às seguintes observações:

X1 = 1           X6 = 0

X2 = 0           X7 = 0

X3 = 0           X8 = 0

X4 = 0           X9 = 0

X5 = 1           X1 0 = 1

Nesse exemplo, fica fácil observar que, dentre os adultos analisados, os únicos que possuem
menos de 30 anos e casa própria foram os da primeira, da quinta e da décima observação. Também
perceba que a quantidade de casos desse tipo pode ser calculada a partir de:

∑ Xi = 1 + 0 + 0 + 0 + 1 + 0 + 0 + 0 + 0 + 1 = 3

i=1

Logo, a probabilidade estimada de que um adulto desse grupo tenha casa própria é dada por:

3
^ =
p = 0, 3.
10

Observe que a notação aqui para a probabilidade de ocorrência é denotada dessa forma, visto que
essa não é, necessariamente, a probabilidade real, i.e., ou seja, não é a probabilidade encontrada na
população geral (todos os adultos com menos de 30 anos). Essa probabilidade se refere à chance
de, selecionando ao acaso um adulto dentro do grupo pesquisado, este tenha casa própria. Todavia,
caso conhecêssemos, a priori, a probabilidade real de ter uma casa antes dos 30, poderíamos
calcular a probabilidade de encontrar o grupo de 0,3 para uma amostra de tamanho 10. Nesse caso,
teríamos:

10 3 7
p (3) = ( ) p (1 − p) .
3

Essa expressão, advinda das teorias de probabilidade básica, indica que, por exemplo, caso a
probabilidade real seja de 40%, existe uma chance de 21,5% da amostra coletada apresentar uma
probabilidade estimada de 30%! Porém, para compreender o que está acontecendo nesse resultado,
suponha 1.000 pesquisas independentes com o mesmo propósito. Suponha, ademais, que a
probabilidade real seja de 30%. Agora, cada pesquisador observará, em sua amostra de 10 adultos,
um resultado diferente: o primeiro pesquisador poderá observar 50%, o segundo 20%, e assim por
diante. Obviamente, isso ocorre devido ao efeito de aleatoriedade que surge ao extrair um
determinado grupo ao acaso. A Tabela 1.3, entretanto, apresenta a distribuição de probabilidade
encontrada por cada pesquisador.

Tabela 1.3 - Proporção de adultos com casa própria antes dos 30 anos encontrada por diversos pesquisadores
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta as diferentes proporções de adultos com casa própria antes
dos 30 anos investigados pelos diversos pesquisadores. No caso, 29 pesquisadores
encontraram 0 adultos; 122 pesquisadores encontraram 10% de adultos; e assim,
respectivamente, encontrando 240, 20%; 253, 30%; 200, 40%; 107, 50%; 41, 60%; 7, 70%; 1, 80%;
0, 90% e 0, 100%.

Com essas informações, foi possível compreender os tipos de variáveis e como é necessário
diferenciá-las para entender o tipo de método que deve ser utilizado. Para ter conhecimento de
algumas diferenciações que foram discutidas, veja o resumo elaborado no infográfico a seguir:
TIPOS DE VARIÁVEIS

#PraCegoVer: o infográfico interativo apresenta o seguinte título “Tipos de variáveis”. Logo abaixo, há 4
itens, na cor vermelha, disponibilizados em linha vertical e com as seguintes denominações: Qualitativo,
Quantitativo, Discreto e Contínuo. Ao clicar no primeiro item, “Qualitativo”, apresenta-se o seguinte
conceito: “são características definidas por categorias, representando uma classificação dos indivíduos.
Exemplo: marca de um carro.” Ao clicar no segundo item, “Quantitativo”, apresenta-se o seguinte conceito:
“são características que podem ser medidas por valores numéricos que façam sentido, podendo ser
contínuas ou discretas. Exemplo: idade.” Ao clicar no terceiro item, “Discreto”, apresenta-se o seguinte
conceito: “são características quantitativas que podem ser medidas por um número finito de
possibilidades ou por uma quantidade infinita enumerável. Exemplo: quantidade de ovos comprados no
supermercado.” Ao clicar no quarto item, “Contínuo”, apresenta-se o seguinte conceito: “são características
quantitativas que podem ser medidas por qualquer valor dentro de um intervalo, mesmo números
racionais ou irracionais. Exemplo: comprimento de uma barra”.

O interessante dessa análise é que, caso desenhemos o gráfico dessa distribuição, encontramos,
novamente, uma distribuição aproximadamente normal, validando o resultado do Teorema Central
do Limite. Isso pode ser observado na Figura 1.4, a qual apresenta a proporção de adultos com casa
própria antes dos 30 anos contra a quantidade de pesquisadores que encontraram cada uma
dessas proporções.
Figura 1.4 - Gráfico apresentando a quantidade de adultos com casa própria antes dos 30 anos contra
a quantidade de pesquisadores que encontraram cada uma dessas proporções
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, observamos um gráfico em que, no eixo horizontal, estão os números de 0 a 1,


com passo 0.1, representando a proporção de adultos com casa própria; no eixo vertical, tem-se a
quantidade de pesquisadores de 0 a 300, com passo 50. A maior coluna está em torno de 0,3, a qual
representa a média de dados com a quantidade de pesquisadores próxima de 250. As outras colunas
estão distribuídas em torno da média.

Aqui, deve ficar evidente que se trata de uma distribuição aproximadamente normal em torno da
média real de 30%. Para finalizarmos a seção com um grande aprendizado, convidamos você a
realizar a atividade na sequência. Vamos lá?

praticar
Vamos Praticar
Considere um problema de um cientista interessado em determinar o tempo para que alguns
indivíduos atinjam o nível de corpos cetônicos aceitável. Suponha que esse teste seja repetido 15
vezes para 20 indivíduos, de forma que os dados são apresentados a seguir:
1 2 3 4 5 6 7 8

7,98 10,70 7,41 9,92 9,62 8,44 14,46 5,59

15,16 10,22 9,78 11,82 9,39 5,89 8,40 12,13

8,13 14,30 6,69 10,01 9,90 11,73 11,92 8,77

9,84 7,98 12,55 8,91 7,50 10,43 12,99 11,22

9,15 8,38 9,52 10,39 13,63 8,63 9,08 12,17

10,80 12,36 11,31 8,12 12,25 12,60 8,11 14,41

7,43 11,07 8,71 14,06 11,58 10,06 10,58 6,65

10,61 10,80 9,09 8,85 12,93 13,86 10,66 11,76

9,64 11,67 8,35 9,51 7,49 8,63 12,22 10,91

10,44 8,90 7,72 5,10 9,56 8,47 15,78 11,45

10,98 9,64 11,61 11,80 7,37 8,68 12,53 9,68

9,96 9,90 8,89 10,94 12,49 9,40 10,97 6,13

9,50 10,93 9,46 6,09 10,90 9,74 11,93 12,13

15,30 10,58 10,74 8,12 5,91 9,35 5,27 10,22

8,13 8,81 10,72 7,52 11,86 7,74 12,53 7,42

9,47 11,46 9,05 9212 10,06 12,46 6,89 9,95

9,14 9,02 11,98 8,52 6,42 7,24 10,04 5,79

11,47 13,56 9,26 8,19 9,09 8,83 10,18 9,60

9,65 8,11 10,08 10,85 7,99 12,46 10,30 8,58

12,67 8,96 8,43 10,53 10,50 10,18 8,49 11,05

9 10 11 12 13 14 15

7,56 8,66 9,67 11,40 12,18 12,79 12,06


13,72 12,42 10,69 8,11 10,25 7,5 7,84

10,998 10,24 6,41 8,68 9,98 8,30 12,23

7,52 8,50 8,73 9,73 9,49 7,87 7,97

10,80 8,18 8,32 12,70 8,95 6,12 12,52

9,86 8,37 11,48 8,42 11,48 10,12 12,69

13,21 10,29 13,65 10,75 10,70 12,98 11,36

11,12 7,77 11,70 10,3 12,89 11,00 10,05

11,07 6,99 9,08 9,90 10,08 9,85 9,24

7,38 10,21 8,23 14,34 7,78 12,31 10,63

10,63 9,64 8,18 8,86 11,11 8,58 9,70

9,64 12,93 9,90 13,17 10,26 9,23 11,43

10,71 8,058 9,40 12,05 10,75 12,8 10,48

12,22 9,82 12,24 8,97 12,51 8,71 11,28

10,38 10,28 11,24 8,85 11,19 6,11 8,98

12,54 6,86 7,70 15,55 11,66 7,50 11,52

9,64 9,57 9,66 10,03 9,36 11,80 9,88

8,77 9,23 8,50 12,21 8,09 10,67 11,68

9,84 13,98 10,64 8,72 8,78 12,22 9,96

10,27 7,32 9,28 10,14 12,20 7,51 9,59

Tabela - Dados sobre a quantidade de horas para os 20 indivíduos de cada 15 amostras atingirem o
nível de corpos cetônicos aceitável
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta 20 linhas e 15 colunas. Nas colunas, estão


apresentadas 15 amostras, representando os diversos pesquisadores. Em cada linha,
mostram-se os dados coletados de tempo em horas para cada um dos indivíduos
pesquisados. O primeiro pesquisador encontrou: 7,98 15,16 8,13 9,84 9,15 10,80 7,43
10,61 9,64 10,44 10,98 9,96 9,50 15,30 8,13 9,47 9,14 11,47 9,65 12,67; o segundo
pesquisador: 10,70 10,22 14,30 7,98 8,38 12,36 11,07 10,80 11,67 8,90 9,64 9,90 10,93
10,58 8,81 11,46 9,02 13,56 8,11 8,96; o terceiro pesquisador: 7,41 9,78 6,69 12,55
9,52 11,31 8,71 9,09 8,35 7,72 11,61 8,89 9,46 10,74 10,72 9,05 11,98 9,26 10,08 8,43;
o quarto pesquisador: 9,92 11,82 10,01 8,91 10,39 8,12 14,06 8,85 9,51 5,10 11,80
10,94 6,09 8,12 7,52 9212 8,52 8,19 10,85 10,53; o quinto pesquisador: 9,62 9,39 9,90
7,50 13,63 12,25 11,58 12,93 7,49 9,56 7,37 12,49 10,90 5,91 11,86 10,06 6,42 9,09
7,99 10,50; o sexto pesquisador: 8,44 5,89 11,73 10,43 8,63 12,60 10,06 13,86 8,63
8,47 8,68 9,40 9,74 9,35 7,74 12,46 7,24 8,83 12,46 10,18; o sétimo pesquisador: 14,46
8,40 11,92 12,99 9,08 8,11 10,58 10,66 12,22 15,78 12,53 10,97 11,93 5,27 12,53 6,89
10,04 10,18 10,30 8,49; o oitavo pesquisador: 5,59 12,13 8,77 11,22 12,17 14,41 6,65
11,76 10,91 11,45 9,68 6,13 12,13 10,22 7,42 9,95 5,79 9,60 8,58 11,05; o nono
pesquisador: 7,56 13,72 10,998 7,52 10,80 9,86 13,21 11,12 11,07 7,38 10,63 9,64
10,71 12,22 10,38 12,54 9,64 8,77 9,84 10,27; o décimo pesquisador: 8,66 12,42 10,24
8,50 8,18 8,37 10,29 7,77 6,99 10,21 9,64 12,93 8,058 9,82 10,28 6,86 9,57 9,23 13,98
7,32; o décimo primeiro pesquisador: 9,67 10,69 6,41 8,73 8,32 11,48 13,65 11,70 9,08
8,23 8,18 9,90 9,40 12,24 11,24 7,70 9,66 8,50 10,64 9,28; o décimo segundo
pesquisador: 11,40 8,11 8,68 9,73 12,70 8,42 10,75 10,3 9,90 14,34 8,86 13,17 12,05
8,97 8,85 15,55 10,03 12,21 8,72 10,14; o décimo terceiro pesquisador: 12,18 10,25
9,98 9,49 8,95 11,48 10,70 12,89 10,08 7,78 11,11 10,26 10,75 12,51 11,19 11,66 9,36
8,09 8,78 12,20; o décimo quarto pesquisador: 12,79 7,5 8,30 7,87 6,12 10,12 12,98
11,00 9,85 12,31 8,58 9,23 12,8 8,71 6,11 7,50 11,80 10,67 12,22 7,51; o décimo quinto
pesquisador: 12,06 7,84 12,23 7,97 12,52 12,69 11,36 10,05 9,24 10,63 9,70 11,43
10,48 11,28 8,98 11,52 9,88 11,68 9,96 9,59.

Com base nos dados fornecidos, apresente o histograma com a distribuição das médias amostrais
para as 15 amostras.
Material
Complementar

FILME

TED: como a estatística confunde os juízos


Ano: 2007

Comentário: na plataforma TED, disponível no YouTube, podemos consultar


o vídeo do professor Peter Donnelly sobre como a estatística, usada de
forma inapropriada, pode confundir os critérios de análise. Assim, ele revela
os principais erros humanos acerca de estatística e como esses erros
contribuem, de maneira negativa, para avaliar a ocorrência de certos crimes.
Para conhecer mais sobre a aula, acesse:

TRAILER
LIVRO

O andar do bêbado: como o acaso determina


nossas vidas
Editora: Zahar

Autor: Leonard Mlodinow

Ano: 2009

ISBN: 978-85-378-0155-0

Comentário: Leonard Mlodinow, autor do livro “O andar do bêbado: como o


acaso determina nossas vidas”, traz uma importante leitura para
compreender o poder que a estatística tem em descrever fenômenos
aleatórios. Para quem não tem nenhuma familiaridade com estatística ou
busca entender o motivo de esse tipo de análise ser fundamental para
garantir mais certeza nas suas decisões, deve ler esse material. Para
aqueles que se assustam com a parte matemática da área, não devem se
preocupar: o livro traz uma primeira abordagem para o leitor leigo que,
certamente, vai deixá-lo muito interessado.
Conclusão
Neste material, você aprendeu os primeiros conceitos acerca de análise estatística e pôde compreender o
tipo de fenômeno analisado nessa área. Talvez você tenha entrado nessa aula imaginando que existem
fenômenos tão aleatórios que ninguém seria capaz de descrevê-los.

Esperamos, entretanto, que tenha saído deste estudo sabendo que a análise da coleta de dados pode
representar padrões que, em um primeiro momento, passam despercebidos. Enfatizamos que o
aprendizado sobre a temática deste material será efetivo ao se atentar a certos erros que surgem nas
análises estatísticas, ao ter em vista a leitura dos materiais recomendados.

Referências
BENJAMIN, A. Ensinem estatística antes de cálculo. TED, 2009.
Disponível em:
https://www.ted.com/talks/arthur_benjamin_teach_statistics_before_calcu
language=pt-br. Acesso em: 13 set. 2021.

MLODINOW, L. O andar do bêbado: como o acaso determina nossas vidas. Tradução de Diego Alfaro. Rio
de Janeiro: Zahar, 2009.

PETER Donnelly mostra como as estatísticas enganam os juris. [S. I.: s. n.], 2007. 1 vídeo (22 min.).
Publicado pelo canal TED. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kLmzxmRcUTo. Acesso em:
13 set. 2021.

SILVA, E. M. et al. Estatística para os cursos de Economia, Administração e Ciências Contábeis. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.

TRIOLA, M. F. Introdução à estatística: atualização da tecnologia. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
MEDIDAS DE TENDÊNCIA
CENTRAL
A u t o r ( a ) : D r. G u i l h e r m e A u g u s t o P i a n e z z e r

Revisor: Me. Eder Cassettari

Tempo de leitura do conteúdo estimado em 1 hora e 10 minutos.

Introdução
Caro(a) estudante, seja muito bem-vindo(a) ao estudo de “Análise estatística”. Nele, aprenderemos
sobre as principais medidas de tendência central, que nos permitem descrever a distribuição de
certo conjunto de dados. Como sabemos, a extração da amostra a partir da população segue
certas regras que precisam ser respeitadas para que a amostra selecionada, realmente, represente
a população escolhida. Aqui, a diferença aparece quando tratamos as diversas medidas de
tendência central, seja para a amostra, seja para a população. Ao compreender esses diversos
tipos de cálculos e expressões, conseguimos formalizar o que faz a estatística.

Medidas de Tendência
Central – Médias

Para compreendermos os conceitos de medidas de tendência central, iniciando pela média,


diversas vezes, somos convidados a trabalhar com o somatório dos dados. Então, é essencial
saber tratar de propriedades essenciais para simplificar os resultados obtidos em cada somatório.
Triola (2013, p. 70) indica que “uma medida de centro é um valor no centro, ou meio, do conjunto de
dados”.

Somatório
A representação de uma variável de interesse pode ser utilizada usando um símbolo, digamos, x.
Então, essa variável poderá representar cada um dos valores que a variável de interesse pode
admitir. Vamos imaginar uma sequência, por exemplo:

9, 14, 6, 28, 11.

Nesse caso, podemos utilizar um índice para indicar o ordenamento dos dados. Dessa forma,
teríamos:

x1 = 9, x2 = 14, x3 = 6, x4 = 28, x5 = 11.

Note a situação da sequência a seguir.

4,  3,  5,  4,  3,  2,  2,  3,  2,  3,  3,  4,  3,  5,  4,  3
Nela, temos a ocorrência de 4 dados. Aqui, devemos tomar cuidado ao observar que as ocorrências
possíveis são denotadas por:

x1 = 2, x2 = 3, x3 = 4, x4 = 5

Assim, a quantidade de vezes em que o dado aparece poderá ser resumida ao se usar a função
frequência. Nesse caso, realizando o processo de contagem, verificamos que:

f (x1 ) = 3, f (x2 ) = 7, f (x3 ) = 4, f (x4 ) = 2

Perceba, neste exemplo, que todos os dados podem ser apresentados a partir da tabela de
frequência, conforme disposto na Tabela 2.1.

k xk f (xk )

1 2 3

2 3 7

3 4 4

4 5 2

Tabela 2.1 - Tabela de frequência para os dados exemplificados a partir da notação indicial
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela, composta de 5 linhas e 3 colunas, apresenta a numeração do evento, o


resultado e a frequência de ocorrência desse resultado. O primeiro evento, de resultado 2,
acontece 3 vezes. O segundo evento, de resultado 3, acontece 7 vezes. O terceiro evento, de
resultado 4, acontece 4 vezes. O quarto evento, de resultado 5, acontece 2 vezes.

Uma das etapas essenciais para o tratamento de dados estatísticos é a ordenação ou organização
dos dados. Com isso, vejamos como fazer essa disposição de forma interativa.

1. Dados crescentes: ocorre quando os dados estão ordenados em ordem alfabética ou em


valores numéricos crescentes.
2. Dados decrescentes: ocorre quando a classificação é de Z a A, por valores numéricos
decrescentes ou do mais novo ao mais antigo.

Considere os dados da série dada por:

9, 14, 6, 28, 11.


Tendo em vista a sequência apresentada, alguém poderia estar interessado em encontrar o
somatório. Nesse caso, podemos representá-lo pela letra S, e ele será dado por:

S = x1 + x2 + x3 + x4 + x5 .

Embora essa operação tenha sido apresentada de forma adequada para esse conjunto, quando
tratamos de uma quantidade maior de dados, é necessário utilizar a simplificação simbólica. Nesse
caso, usamos o símbolo de somatório, denotado por:

∑ xi

i=1

Nesse cenário, i é conhecida como a variável de controle, em que i=1 é o primeiro termo a ser
somado e i=n o último. Note que a expressão dada anteriormente pode ser simplificada e
representada por:

∑ xi = 68

i=1

Dentre as propriedades relevantes do somatório, devemos imaginar a possibilidade de multiplicar


todos os dados por uma constante. Em termos simbólicos, podemos observar que:

n n

∑ c. xi = c. ∑ xi , c ∈ R

i=1 i=1

Em outras expressões, seremos convidados a somar uma sequência de termos constantes, i.e., de
termos iguais. Nesse caso, teremos que:

n n

∑ xi = ∑ c = n. c, c ∈ R

i=1 i=1

Também deverá ser simplificada a soma ou a diferença entre duas variáveis. Assim, é válido que:

n n n

∑ (xi + yi ) = ∑ xi + ∑ yi

i=1 i=1 i=1

Média Aritmética
Definimos a média aritmética como a soma de todos os dados dividida pelo número de dados. Isso
pode ser simplificado pela notação de somatório, de forma que:

n
∑ xi
i=1


 dia =
n

Aqui, você deve tomar cuidado em relação ao tipo de dado com que está lidando. Isso porque
existem, pelo menos, duas médias: uma referente à média populacional e outra, à média amostral.
Assim, considerando n como o tamanho da amostra e N como o tamanho da população, podemos
estabelecer duas médias distintas:
n
∑ xi
i=1
x̄ =
n

N
∑ xi
i=1
μ =
N

Agora que você foi capaz de determinar a média populacional e a média amostral, e diferenciá-las,
vejamos, a partir da próxima atividade, como organizar dados para extrair tais informações.

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Um determinado experimento foi conduzido em uma empresa com a finalidade de levantar


dados sobre a quantidade de faltas de um grupo de funcionários. Após a coleta, observaram-se
os seguintes dados:

0 5 6 0 2 0 8 0 15 0 0 0 0 8 0 0 6 0 5 5 4 0 0 5 0 0 6

Tais dados indicavam a quantidade diária de faltas para os 27 dias do mês analisado.

Considerando os pressupostos discutidos no início da atividade, marque a alternativa que


encontra a média quando selecionamos apenas os dias em que os funcionários faltaram.

a) 5,25.
b) 2,77.
c) 5,5.
d) 6,25.
e) 75.
Moda e Mediana

Além da média, podemos levantar outras medidas de tendência central, como é o caso da moda e
da mediana.

Mediana
Definimos a mediana como um valor que divide o conjunto de dados, quando ordenados, ao meio.
Triola (2013, p. 72) define “mediana de um conjunto de dados como a medida de centro que é o
valor do meio quando os dados originais estão arranjados em ordem crescente (ou decrescente) de
magnitude”, enquanto isso, Morettin (2010, p. 35) define “mediana como a realização que ocupa a
posição central da série de observações, quando estão ordenadas em ordem crescente”. Então,
considere os dados referentes à quantidade de ganhadores da Mega-Sena nos últimos 13 sorteios
realizados:

3 1 3 2 0 2 5 0 1 2 3 4 3 1

Então, como comentado inicialmente, devemos ordenar os dados:

0,  0,  1,  1,  1,  2,  2,  3,  3,  3,  3,  4,  5

Perceba que, por se tratar de 13 dados, a mediana será o valor que está na posição central, ou seja,
na sétima posição. Até aqui, acredito que não há nenhum grande problema. Entretanto, quando a
quantidade de dados é par, devemos notar que a mediana será definida como a média entre os dois
valores centrais. Para verificar como se calcula a mediana nesse caso, observe o exemplo:

0,  0,  1,  1,  1,  2,  2,  3,  3,  3,  3,  4

Nele, a mediana será dada pela média entre os dois valores centrais. Assim, será calculada como:

2 + 3
= 2, 5
2

Moda
Definimos a moda, em estatística, como o valor que mais aparece em um conjunto de dados. Triola
(2013, p. 72) define “moda de um conjunto de dados como o valor que ocorre com maior
frequência”. Então, pode ser entendida como o valor que apresenta a maior frequência.

Perceba que essa definição pode levar-


nos a entender que é possível haver
mais de uma moda: são considerados
os dados bimodais; ou não existir moda
nenhuma, no caso em que os dados não
se repetem.

Para exemplificar, vamos considerar uma pesquisa de satisfação sobre o serviço oferecido pela
internet de seu bairro por diversas operadoras. Nesse caso, os entrevistados foram solicitados a
responder entre E – Excelente, O – Ótimo, B – Bom, R – Regular e P – Péssimo. Assim, a operadora
A teve as seguintes respostas:

P ,  R,  B,  B,  O,  O,  O,  O,  E,  E

A operadora B:

R,  B,  B,  B,  B,  O,  O,  O,  O,  E

E a operadora C:

P ,  P ,  R,  R,  B,  B,  O,  O,  E,  E

Perceba que a moda para a operadora A é O; para a operadora B, a moda é B e O (ou seja, é
bimodal); enquanto a operadora C não tem moda, uma vez que todos os dados aparecem na
mesma frequência.

SAIBA MAIS
Os dados, quando lidos de forma bruta, não são capazes de nos fornecer interpretações adequadas sobre
os fenômenos que estão ocorrendo. Dessa forma, o simples ato de organizar os dados já é essencial para
extrair significado daquilo que estamos lendo. Perceba que a organização e a leitura correta deles
permitem tomar decisões de forma razoável, calcular riscos e otimizar processos.

Para saber mais sobre a importância de acessar dados, confira o link a seguir:
http://blog.coletum.com/organizar-dados-de-forma-estrategica/.

Aqui, é interessante perceber que alguns dados estarão distribuídos em tabela de frequência, e,
devido a isso, haverá procedimentos específicos para o cálculo de média, moda e mediana.
Vejamos, em detalhes, esse quesito.

Medidas de Tendência Central com Tabela de


Frequência
Vamos considerar os dados apresentados na forma da tabela de frequência a seguir.
k xk f (xk ) F (xk )

1 11 2 2

2 12 5 7

3 13 8 15

4 14 6 21

5 15 5 26

6 16 4 30

Σ   30  

Tabela 2.2 - Tabela de frequência e frequência acumulada para os dados do exemplo


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela, composta de 8 linhas e 4 colunas, apresenta dados de número do


evento, valor observável, frequência da observação e frequência acumulada. O primeiro evento,
de resultado 11, teve frequência 2 e frequência acumulada de 2. O segundo evento, de
resultado 12, teve frequência 5 e frequência acumulada 7. O terceiro evento, de resultado 13,
teve frequência 8 e frequência acumulada 15. O quarto evento, de resultado 14, teve frequência
6 e frequência acumulada 21. O quinto evento, de resultado 15, teve frequência 5 e frequência
acumulada 26. O sexto e último evento, de resultado 16, teve frequência 4, com frequência
acumulada 30. Na última linha, aparece a soma das frequências, cujo resultado é 30.

Para iniciarmos com o cálculo da mediana, perceba que ela tem a função de separar os dados em
dois grupos de mesmo tamanho, de forma que a posição dela será dada por:

1 + 30
i = = 15, 5
2

Assim, a tabela de frequência acumulada nos permite extrair, rapidamente, que a 15ª observação é
de 13, enquanto a 16ª é 14. Desse modo, a mediana é dada por 13,5, isso porque:

13 + 14
= 13, 5
2

Em relação à moda, como se refere ao dado que mais aparece, será, então, o de maior frequência.
Assim, a moda é 13. Em relação à média, quando temos um conjunto de dados distribuídos em
uma tabela de frequência, realizamos o cálculo de forma equivalente, mas com uma pequena
alteração. Nesse caso,
m
∑ xk . f (xk )
k=1
x̄ =
n

Veja que m representa a quantidade de observações semelhantes, a qual, nesse exemplo, é 6. Nos
dados da Tabela 2.2, concluímos que:
m
∑ xk . f (xk ) 409
k=1
x̄ = = = 13, 6
n 30

Perceba que, mesmo com dados distribuídos de acordo com a frequência, ainda podemos extrair
medidas de tendência central significativas que indicam a forma e as características da
distribuição. Agora, vejamos, em uma atividade, como fazer os cálculos aprendidos nesta seção.

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Considere os dados a seguir, eles apresentam a quantidade de moradores de certas casas de um


condomínio residencial. Tal coleta foi sistematizada na tabela seguinte:
Moradores Frequência

1 10

2 19

3 5

4 2

Tabela - Frequência da quantidade de moradores em casas de um determinado condomínio


residencial
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de 5 linhas e 2 colunas, aparece a frequência de


ocorrência de casas com determinado número de moradores. São 10 casas com 1
morador, 19 casas com 2 moradores, 5 casas com 3 moradores e 2 casas com 4
moradores.

Para calcular a média do conjunto de dados fornecidos, com base nos conceitos de média com o
uso da tabela de frequência, utilize a expressão dada por:
m
∑ x k . f (x k )
k=1
x̄ =
n

a) 1,94.
b) 1,95.
c) 1,96.
d) 1,97.
e) 1,98.
Medidas de Dispersão –
Variância e Desvio
Padrão

Entendemos o desvio, em estatística, como a diferença entre um determinado valor da média.


Triola (2013, p. 83) define “desvio padrão de um conjunto de valores amostrais como uma medida
de variação dos valores em relação à média”. Então, denotamos o desvio padrão como:

desvio = xi − x̄

REFLITA

Em vários métodos de análise, como a análise de variância ou os


métodos de regressão linear, estamos interessados em
determinar a soma de todos os desvios. Mas note que:
n n n
∑ (xi − x̄) = ∑ xi − ∑ x̄ = nx̄ − nx̄ = 0
i=1 i=1 i=1

Então, concluímos que a soma dos desvios da forma apresentada


não é interessante. Isso acontece, porque os termos negativos do
desvio se anulam com os termos positivos do somatório. Além
dessa estratégia, outras podem ser pensadas a fim de medir o
desvio dos dados. Quais outras você conseguiria elaborar?

Uma estratégia é calcular o módulo de cada um dos desvios antes do somatório para definirmos o
desvio médio absoluto:

n
∑ |xi − x̄|
i=1
DM =
n
Todavia, na dificuldade em usar um termo com módulo no cálculo de desvio, costumamos usar o
desvio padrão e a variância para, de forma mais adequada, descrever essa dispersão. Entretanto
esse indicativo é considerado forte para indicar a dispersão de um conjunto de dados.

Fonte: VG Educacional

A estratégia mais comum para contornar o fato de que a soma dos desvios é igual a zero é, em vez de utilizar o módulo,
elevar cada um dos desvios ao quadrado.

Quando fazemos isso, encontramos a variância dos dados.

Para o cálculo da variância populacional ou para o cálculo da variância amostral, devemos somar
os quadrados de cada um dos desvios e dividir pelo tamanho da população, N, ou pelo tamanho da
amostra, n, respectivamente, isto é:

N 2
∑ (xi − μ)
2 i=1
σ =
N

n 2
∑ (xi − x̄)
2 i=1
s =
n − 1

Como exemplo, podemos ver o cálculo da variância amostral para a amostra dada por:

11 16 12 14 13.

Podemos calcular a média e a variância amostral dela, respectivamente:

11 + 16 + 12 + 14 + 13
x̄ = = 11, 2
5

2 2 2 2 2
(11 − 11, 2) + (16 − 11, 2) + (12 − 11, 2) + (14 − 11, 2) + (13 − 11, 2)
2
s =
5 − 1

2
s = 8, 7

Em estatística, a variância é considerada uma ótima medida de dispersão, mas, geralmente, não é
escolhida para descrever certas dispersões. Isso porque a maior parte dos dados costuma vir
acompanhada de uma unidade de medida (metro, quilograma, reais, alunos etc.). Quando
realizamos o cálculo da variância, elevamos os desvios ao quadrado, de forma que a unidade de
medida da variância carece da mesma interpretação dos dados originais (nesse caso, são dados
em metro ao quadrado, quilograma ao quadrado, reais ao quadrado e assim por diante).

Então, para contornar essa dificuldade de unidade de medida, calculamos a raiz quadrada da
variância, definida como o desvio padrão. Para isso, vamos pensar em um fabricante de bolos que
pesou 7 deles e obteve as seguintes medidas, todas em quilogramas:

1, 2 1, 3 1, 4 1, 2 1, 3 1, 5 1, 3

Aqui, podemos calcular a média amostral, obtendo:

1, 2 + 1, 3 + 1, 4 + 1, 2 + 1, 3 + 1, 5 + 1, 3
x̄ = = 1, 3 kg
7

Também podemos encontrar a variância amostral e o desvio padrão:

2 2 2
(1, 2 − 1, 3) + (1, 3 − 1, 3) + … + (1, 3 − 1, 3)
2 2
s = = 0, 01 kg
7 − 1

−− −−− −
2
s = √s = √0, 01 = 0, 1 kg

Note a unidade de medida de cada métrica.

praticar
Vamos Praticar
Considere três candidatos a uma vaga para executar determinado serviço. Para a escolha, o
critério é a rapidez do candidato. Para isso, extraíram-se amostras de 7 tempos, em minutos,
correspondendo ao que cada candidato levou para realizar certa atividade, conforme a tabela a
seguir.
Candidato Tempo (min)

A 12,5 13,6 12,8 13,5 12,8 12,9 13,0

B 15,5 18,2 15,6 14,5 16,5 18,2 14,5

C 12,8 10,5 15,2 16,5 9,9 12,5 13,0

Tabela - Tempo de execução de tarefa por 3 candidatos distintos


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de 4 linhas e 8 colunas, são apresentados dados


de tempo de execução de certa tarefa por 3 candidatos a uma determinada vaga. O
candidato A levou 12,5; 13,6; 12,8; 13,5; 12,8; 12,9 e 13,0 minutos. O candidato B
levou 15,5; 18,2; 15,6; 14,5; 16,5; 18,2 e 14,5 minutos. O candidato C levou 12,8; 10,5;
15,2; 16,5; 9,9; 12,5 e 13,0 minutos.

Com base nos conteúdos referentes à média, à variância e ao desvio padrão, calcule esses três
parâmetros para os candidatos dados e apresente qual deveria ser contratado.

Medidas de Assimetria e
Medidas de Curtose

Vejamos, nesta seção, como descrever os conceitos de assimetria e de curtose, necessários para,
de forma mais adequada, descrever cada distribuição de dados.
Assimetria
Consideramos a assimetria como um grau de desvio da simetria de uma certa distribuição. Triola
(2013, p. 77) indica que “uma distribuição de dados é assimétrica quando se estende mais para um
lado do que para o outro. Uma distribuição de dados é simétrica se a metade esquerda do
histograma for praticamente uma imagem espelhada da metade direita”. De forma geral, quando a
curva é simétrica, a média, a mediana e a moda coincidem num mesmo ponto! Nesse caso,
consideramos que existe um equilíbrio perfeito na distribuição: ela se aproxima do formato da
distribuição normal padrão. Vamos entender isso melhor analisando a figura a seguir?

Figura 2.1 - Distribuição simétrica em que a média, a mediana e a moda coincidem


Fonte: Triola (2013, p. 204).

#PraCegoVer: na figura, observamos uma distribuição simétrica na forma de sino, em que a média, a
mediana e a moda são iguais. No histograma, a metade esquerda e a metade direita são espelhadas.

Entretanto, nos casos em que a média, a mediana e a moda recaem em pontos diferentes da
distribuição, teremos uma distribuição assimétrica, podendo ser um dos dois casos: enviesada à
direita ou à esquerda.

No caso em que a distribuição é assimétrica negativa, ou seja, que é enviesada à esquerda,


percebemos que os valores se concentram na extremidade superior da escala, de forma que se
distribuem, gradativamente, em direção à extremidade inferior. Podemos observar esse conceito na
Figura 2.2:
Figura 2.2 - Assimetria negativa
Fonte: Morettin (2010, p. 51).

#PraCegoVer: na figura, observamos uma distribuição em que a média é menor que a mediana, que, por
sua vez, é menor que a moda. Observamos, dessa forma, uma distribuição assimétrica negativamente
com formato deformado de sino, com a cauda maior do lado esquerdo.

Quando a distribuição é assimétrica positivamente, ou considerada enviesada à direita, os valores


se concentram na extremidade inferior da escala e são distribuídos, gradativamente, em direção à
extremidade superior, como podemos observar na Figura 2.3, a seguir:

Figura 2.3 - Assimetria positiva


Fonte: Morettin (2010, p. 51).

#PraCegoVer: na figura, observamos uma distribuição em que a média é maior que a mediana, que, por
sua vez, é maior que a moda. Observamos, dessa forma, uma distribuição assimétrica positivamente com
formato deformado de sino, com a cauda maior do lado direito.
Apenas com conhecimento da média, da mediana e da moda, perceba que podemos ter uma boa
noção sobre a assimetria da curva e o formato de distribuição.

Fonte: Adaptado de orson / 123RF.

#PraCegoVer: na figura, temos um infográfico estático intitulado “Cálculo da Assimetria”. O título do


infográfico é apresentado alinhado ao centro na parte superior. Logo abaixo, temos três caixas de texto
coloridas, cada uma delas contendo um número em sua estrutura. Na primeira, com o número 1 e o fundo
em azul, temos o texto: “Critério de Bowley: a assimetria será considerada positiva à medida que o
terceiro quartil se afastar da mediana e enquanto o primeiro quartil se aproximar dela. Por outro lado, a
assimetria será considerada negativa quando o primeiro quartil se afastar da mediana e o terceiro quartil
se aproximar dela”. Em seguida, com o número 2 e o fundo em roxo, temos o texto: “Critério de Kelley:
aqui a assimetria é medida pelos centis. Ao invés de utilizar o terceiro e o primeiro quartil, como no
Critério de Bowley, os centis utilizados são o décimo e o nonagésimo”. Por fim, na terceira caixa, com o
número 3 e o fundo em verde, temos o texto: “Coeficiente de Assimetria de Pearson: analisa-se a forma
com que a média, a mediana e a moda vão se afastando, observando cada vez mais a diferença entre
elas”.

Assim como a assimetria indica o grau de desvio de uma distribuição, outra característica que
apresenta a forma da distribuição é a curtose, a qual será discutida na seção posterior.

Curtose
Definimos a curtose como o grau de achatamento de uma distribuição em relação à distribuição
normal. Note que a distribuição normal é o padrão de curtose, considerado, aqui, como a curtose
do tipo mesocúrtica. Nesse caso, podemos observar esse conceito sendo exemplificado na Figura
2.4, a seguir:
Figura 2.4 - Curva de distribuição mesocúrtica, apresentando uma distribuição normal devido ao
formato
Fonte: Triola (2013, p. 204).

#PraCegoVer: na figura, observamos uma distribuição em forma de sino, considerada mesocúrtica.


Assim, os dados são distribuídos com desvio padrão maior em relação à curva de referência, que é a
normal padrão.

Os outros casos de curtose são curvas mais pontiagudas em relação a essa referência ou mais
achatadas. Perceba que a curtose será do tipo leptocúrtica quando a distribuição for mais
pontiaguda que a normal, conforme Figura 2.5, a seguir:

Figura 2.5 - Curva de distribuição leptocúrtica, com distribuição mais pontiaguda que a normal
Fonte: Triola (2013, p. 237).

#PraCegoVer: na figura, observamos uma distribuição em forma de sino, considerada leptocúrtica. Assim,
os dados são distribuídos com desvio padrão maior em relação à curva de referência, que é a normal
padrão.
A curtose será do tipo platicúrtica quando a distribuição for mais achatada que a normal, como
podemos analisar na Figura 2.6.

Figura 2.6 - Curva de distribuição platicúrtica, com distribuição mais achatada que a normal
Fonte: Triola (2013, p. 237).

#PraCegoVer: na figura, observamos uma distribuição em forma de sino, considerada platicúrtica. Assim,
os dados são distribuídos com desvio padrão maior em relação à curva de referência, que é a normal
padrão.

Agora que você aprendeu sobre os diversos tipos de distribuição e os formatos dela, vejamos como
realizar um critério para a classificação da curva.

praticar
Vamos Praticar
Em vez de analisar o formato da curva visualmente, o cálculo da curtose nos permite inferir o
formato dela sem precisar da representação gráfica. Para isso, um dos cálculos é definido pelo
coeficiente percentílico de curtose, que é calculado deste modo:

D
C =
C90 − C10

Aqui, o autor considera que, para C = 0,263, a distribuição é mesocúrtica. Para C < 0,263, a
distribuição é leptocúrtica, enquanto, para C > 0,263, a distribuição é platicúrtica.
Idade (anos) Número de alunos

7–9 197

9–11 372

11–13 527

13–15 114

15–17 49

17–19 25

19–21 3

Total 1.287

Tabela - Distribuição da idade de alunos numa determinada escola


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na coluna, composta de 9 linhas e 2 colunas, temos a faixa de idade


(em anos) e o número de alunos respectivos. Entre 7 e 9 anos, temos 197 alunos.
Entre 9 e 11 alunos, 372 alunos. Entre 11 e 13 anos, 527 alunos. Entre 13 e 15 alunos,
114 alunos. Entre 15 e 17 alunos, 49 alunos. Entre 17 e 19 anos, 25 alunos. Entre 19
e 21 anos, 3 alunos. E, no total, 1.287 alunos.

Com base nos dados coletados de estrutura etária dos alunos de certa unidade escolar, encontre
a curtose por meio do coeficiente percentílico de curtose.
Material
Complementar

FILME

TED: Por que devemos amar as estatísticas?


Ano: 2021

Comentário: Na plataforma TED, disponível no YouTube, podemos acessar o


vídeo do Prof. Alan Smith explicando a importância de valorizarmos a
estatística como uma área promissora do conhecimento para chegar a
conclusões que não conseguimos chegar sem ela. Afinal, nossa
possibilidade de tratar dados é limitada, e os erros são comuns quando não
os analisamos de forma sistemática.

Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer disponível em:

TRAILER
LIVRO

Uma senhora toma chá...: como a Estatística


revolucionou a ciência do século XX
Editora: Zahar

Autor: David Salsburg

ISBN: 978-8537801161

Comentário: Nesse livro do estatístico David Salzburg, o autor busca


explicar como se deu a história da Estatística citando e apresentando a
história, de forma intuitiva, dos principais nomes que surgiram ao longo do
último século. Como estudiosos da área se reuniam em encontros informais
e de lá surgiam perguntas e respostas que acabaram por definir e
impulsionar a área de Estatística e, consequentemente, as diversas áreas de
Matemática Aplicada desde os diversos campos de ciência até as áreas de
Engenharia.
Conclusão
Caro(a) estudante, neste material, você foi capaz de aprender sobre os diversos tipos de distribuição, os
quais explicam como os dados são apresentados. O conhecimento dessas técnicas e parâmetros nos
permite compreender a força da estatística e nos prepara para desenvolver análises poderosas, capazes
de explicar pequenos ou grandes conjuntos de dados.

Referências
MORETTIN, P. A. Estatística básica. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

POR QUE devemos amar as estatísticas? [S. l.: s. n.], 2021. 1


vídeo (13 min.). Publicado por TED. Disponível em:
https://www.ted.com/talks/alan_smith_why_you_should_love_statistics
language=pt-br. Acesso em: 18 set. 2021.

QUAL a importância de organizar dados de forma estratégica? Coletum, 2018. Disponível em:
http://blog.coletum.com/organizar-dados-de-forma-estrategica/. Acesso em: 18 set. 2021.

SALSBURG, D. Uma senhora toma chá...: como a Estatística revolucionou a ciência do século XX. Rio de
Janeiro: Zahar, 2009.

TRIOLA, M. F. Introdução à estatística: atualização da tecnologia. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
ANÁLISE DE VARIÂNCIA
A u t o r ( a ) : P r o f . D r. G u i l h e r m e A u g u s t o P i a n e z z e r

Revisor: Prof. Eder Cassettari

Tempo de leitura do conteúdo estimado em 1 hora e 5 minutos.

Introdução
Suponha que você seja o gestor de uma instituição de ensino reconhecida e esteja preocupado em
saber se o trabalho desenvolvido pelos seus professores afeta, de fato, o desempenho obtido pelos
discentes. Assim, resolve extrair as médias dos alunos de cada turma e obtém valores diferentes.
Então, fica a pergunta: até que ponto esses dados são suficientes para afirmar que existe relação
entre o desempenho dos professores e dos alunos?

Neste estudo, compreenderemos como a distribuição de probabilidade fundamentará um método


conhecido como Análise de Variância, que permitirá extrair a conclusão.
Distribuição de
Probabilidade

No exemplo que discutiremos ao longo de todo este material, cada professor tem uma amostra
diferente de alunos. Se cada uma dessas amostras saiu de uma mesma população, podemos
afirmar que o trabalho do professor afeta o desempenho de cada um dos discentes. Entretanto, se
cada professor tem uma amostra de alunos oriunda de populações diferentes, nada podemos
afirmar sobre o impacto investigado.

Aqui, você já deve perceber que vários fatores afetam esse modelo: podemos imaginar que uma das
turmas realmente tem alunos melhores que as outras, devido a uma seleção prévia; que, em uma
das turmas, a condição de estudo é melhor em relação às demais, o que poderia ser representado
por uma ventilação adequada ou controle de iluminação correto; que uma das turmas estuda
Matemática antes de Educação Física e vice-versa. Todos esses fatores, que não estamos
controlando no cálculo das médias, também afetam o desempenho dos alunos.

Então, analise a Figura 3.1, indicando as possibilidades da análise da variância.


Figura 3.1 - Casos possíveis na análise de variância
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, observamos duas telas. Na primeira, uma curva em forma de sino indicando que
não há diferença na distribuição das notas dos alunos entre as turmas T1, T2 e T3. Dessa forma, as três
curvas são coincidentes. Na segunda tela, as três distribuições das notas têm diferença, de forma que
suas médias são diferentes, e a posição de cada uma é distinta.

Note que você pode observar quando há ou não diferença entre cada uma das turmas. Perceba
também que, devido à distribuição de probabilidade de cada turma, ao determinar a média de uma
amostra extraída aleatoriamente, poderemos extrair qualquer medida dentro da curva representativa
da turma. Isso porque, como afirma Triola (2013, p. 266), “uma estimativa pontual é um único valor
(ou ponto) usado para aproximar um parâmetro populacional”.

Fonte: inkdrop / 123R.

Como nosso objetivo é determinar se as amostras foram obtidas de uma única população ou de populações distintas,
podemos verificar nosso objetivo em determinar a resposta para yi j de uma observação j para o nível i do fator A. Assim,
esperamos concluir que:

y = μ + αi + ϵij
ij

j = 1, 2, … , n i

i = 1, 2, … , k,

Perceba que estamos analisando um fator que tem k níveis e n observações para cada nível. Note
também que a resposta yij depende do efeito que o nível i do fator provoca; isso é considerado pela
variável alphai , mas também depende de um erro aleatório experimental, definido por eij para cada
observação. O eij é gerado devido à variabilidade de outros fatores, que não são considerados no
planejamento deste experimento.

No caso que estamos tratando, sobre o desempenho dos professores, consideramos mi como a
média das notas da população de alunos; alphai representa o efeito causado nas notas dos alunos
pelo professor i; enquanto eij representa o efeito causado na nota dos alunos por outros fatores
que não a influência do professor.

Agora, para o desenvolvimento da ANOVA, também determinamos algumas expressões. Definimos


tamanho amostral total como a soma do tamanho de cada amostra:

n = n1 + n2 + … + ni

Definimos a soma das observações do nível i do fator A e a média das observações do nível i do
fator A como, respectivamente:

ni

y = ∑y
i. ij

j=1

ni
∑ y
j=1 ij
ȳ =
i.
ni

Definimos a soma de todas as observações e a média geral das observações como,


respectivamente:

n ni

y = ∑∑y
.. ij

i=1 j=1

n ni
∑ ∑ y
i=1 j=1 ij
ȳ .. =
n

Assim, considerando o caso que estamos discutindo, yi representa a soma das notas dos alunos do
professor i, enquanto y" representa a soma das notas de todos os alunos investigados. Assim, no
caso de um professor ter como média de seus alunos as notas 73, 91, 82, 85, 82 e 67, saberemos
que o y deste professor será a soma desses valores, ou seja, 480.

Com base no que vimos até agora, vamos efetivar esse conhecimento com a atividade a seguir.
Vamos lá?!

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Considere três professores que apresentaram as notas de suas turmas na mesma avaliação
simuladas da seguinte forma.

Prof. 1 82 64 64 79 64 76 52 61 85

Prof. 2 64 88 79 67 85 100 82

Prof. 3 73 91 82 85 82 67

Tabela - Notas de diversos alunos para três professores


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta a nota de diversos alunos para três professores. O


primeiro professor teve nove alunos, com as notas 82, 64, 64, 79, 64, 76, 52, 61 e 85.
O segundo professor teve sete alunos, com as notas 64, 88, 79, 67, 85, 100 e 82. O
terceiro professor teve seis alunos, com as notas 73, 91, 82, 85, 82 e 67.

Com base nas fórmulas discutidas, marque a alternativa correta, que apresenta a soma de
observações do nível i do fator A de cada um dos professores envolvidos.

a) y
1 = 565, y
2 = 480, y
3 = 627.
b) y 1 = 480, y 2 = 627, y 3 = 565.
c) y
1 = 627, y
2 = 480, y
3 = 565.
d) y 1 = 627, y 2 = 565, y 3 = 480.
e) y
1 = 480, y
2 = 565, y
3 = 627.

Distribuição

Alguns requisitos são necessários para a utilização da ANOVA: consideramos o erro experimental
como uma variável independente, que tem distribuição

2
N (0, σ )
 

Assim, verificamos que yij tem distribuição

2
N (μ + αi , σ )

Veja que nosso objetivo é verificar que as médias de cada população são diferentes. Neste caso,
escrevemos o seguinte teste de hipótese:

H0 : μ = μ = … = μ
1 2 i
{
H1 : μ ≠ μ , (m ≠ n)
m n

Perceba, no exemplo, que considerar uma distribuição normal para o erro significa que, mesmo
existindo outros fatores que afetam o modelo (como o ar-condicionado, a iluminação, o horário da
aula e assim por diante), ainda assim esses fatores não geram viés para o problema quando
combinados entre si.

Veja também que aceitar H0 , no exemplo dado, significa que não podemos afirmar se há influência
do trabalho desenvolvido pelos professores individualmente, visto que não garantimos uma
diferença significativa na média encontrada. Entretanto aceitar H1 indica que as diferenças de, pelo
menos, algumas dessas médias são estatisticamente significativas. Em outras palavras, a
variabilidade dos dados é explicada pelo trabalho desenvolvido pelos professores.

Decomposição da soma dos quadrados


Uma das principais vantagens da ANOVA
para análise de dados é que o método
decompõe a variabilidade total em dois
componentes: um referente ao impacto do
fator A, e outro referente ao que deixou de
ser explicado pelo fator A.
Fonte: ismagilov / 123RF.

Aqui, antes de realizar os testes de hipótese adequados, precisamos ainda compreender quais são
as medidas de variabilidade e os fatores causadores de variabilidade, para adequarmos o método
da ANOVA. Isso será feito a partir da seção a seguir. Vem comigo!

Uma Medida de Variabilidade


Ao considerar a variabilidade de todos os dados, podemos construir a Soma dos Quadrados Totais,
SQT. Veja que Triola (2013, p. 512) indica que “SQT, ou soma dos quadrados totais, é uma medida
de variância total em todos os dados amostrais combinados”. A construção dessa variável ao
quadrado é realizada, pois, caso contrário, tal somatório resultaria em zero. Assim:

k ni
2
SQT = ∑ ∑ (y − ȳ )
ij ..

i=1 j=1

Note que, ao somar e subtrair, não alteramos o resultado final e podemos utilizar a propriedade
algébrica para expandir esse termo, obtendo:

k ni
2
SQT = ∑ ∑ [(y − ȳ ) + (ȳ − ȳ )]
ij i.  i. ..

i=1 j=1

k ni k ni k ni
2
2 2
SQT = ∑ ∑ (y − ȳ ) + 2. ∑ ∑(y − ȳ ). (ȳ − ȳ ) + ∑ ∑ (ȳ − ȳ )
ij i. ij i. i.  .. i. ..

i=1 j=1 i=1 j=1 i=1 j=1

Entre as parcelas de SQT, podemos verificar que:

k ni

2. ∑ ∑(y − ȳ ). (ȳ − ȳ ) = 0
ij i. i.  ..

i=1 j=1

Para isso, expandimos o produto entre os termos, obtendo:

ni k ni
k
2
mathop∑ ∑(y − ȳ ). (ȳ − ȳ ) = ∑ ∑(y . ȳ − y . ȳ − ȳ + ȳ . ȳ ) =
ij i. i.  .. ij i. ij .. i. i. ..
i=1
j=1 i=1 j=1

k ni k ni k ni k ni

2
∑∑y . ȳ − ∑∑y . ȳ − ∑ ∑ ȳ + ∑ ∑ ȳ . ȳ =
ij i. ij .. i. i. ..

i=1 j=1 i=1 j=1 i=1 j=1 i=1 j=1

k k k k

2 2
∑ ni ȳ − ȳ ∑ ni ȳ − ∑ ni ȳ + ȳ ∑ ni ȳ = 0
i. .. i. i. .. i.

i=1 i=1 i=1 i=1

Dessa forma, podemos escrever a medida de variabilidade total como:

k ni k ni
2
2 2
SQT = ∑ ∑ (y − ȳ ) + ∑ ∑ (ȳ − ȳ )
ij i. i. ..

i=1 j=1 i=1 j=1


SAIBA MAIS

Você que está se interessando por ANOVA, saiba que o método discutido aqui é conhecido como análise
de variância com um fator. Nesse cenário, investigamos um único fator, como temos feito com os diversos
professores, para verificar se ele é a razão da variabilidade das notas. Mas existem técnicas para ANOVA
com mais de um fator, que geralmente são usadas quando sabemos que existem outros elementos, como
o uso do ar-condicionado ou da iluminação da sala, que devem ser levados em consideração no modelo. A
seguir, temos uma abordagem com dois fatores para análise de certos dados.

Para saber mais, acesse:


https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/6389/1/R_textAnova12_v5_ReposAb.pdf

Fonte: Elaborado pelo autor.

Vejamos agora a decomposição da Soma dos Quadrados Totais. Ela será uma ferramenta poderosa
para conhecermos quais são os desvios totais, isto é, aqueles decorrentes de todos os fatores: os
que foram considerados no problema e os que não foram – aqui chamados de erro.

Decomposição da Soma dos Quadrados Totais


Note que a Soma dos Quadrados Totais é decomposta em dois termos. O termo

k ni
2
SQA = ∑ ∑ (ȳ − ȳ )
i. ..

i=1 j=1

é chamado de Soma de Quadrados do Fator A (SQA). Este representa o desvio das médias
estimadas em cada um dos níveis do fator A em torno da média geral dos dados. Assim, representa
uma variabilidade, devido aos diferentes níveis que o fator pode assumir.

No exemplo que permeia esta aula, SQA representa a variabilidade que o trabalho de cada docente
provoca no rendimento dos discentes. Como sabemos, este não é o único fator que afeta essa
variável; existem fatores, não considerados no estudo, que também são influentes na análise. Estes
são descritos pela variável SQE, chamada de Soma de Quadrados do Erro, representada no outro
termo de SQT:

k ni
2
2
SQE = ∑ ∑ (y − ȳ )
ij i.

i=1 j=1

Vale reforçar que esse termo representa o que deixou de ser explicado pelo fator A. Assim,
verificamos que:

SQT = SQA + SQE


O cálculo de SQA, SQT e SQE pode ser realizado pelas equações dadas ou por suas versões
alternativas, em que:

k 2 2
y y..
i.
SQA = ∑ −
ni n
i=1

k ni 2
y..
2
SQT = ∑ ∑ y −
ij
n
i=1 j=1

SQE = SQT − SQA

Aqui você deve perceber que se trata de um somatório de termos envolvendo o quadrado de cada
observação e do total de observações. Como, no exemplo dado, n1 é 9, n2 é 7, e n3 é 6, então n é
22. Como os valores de cada nível de observação foram previamente desenvolvidos, sendo y1 , 627;
y2 , 565; e y3 , 480, podemos operar as equações para chegar aos valores de SQA, SQE e SQT.

As demonstrações das expressões fogem ao escopo desta disciplina. Entretanto é importante


ressaltar que as variabilidades que surgem nessas expressões são: 1) devido ao fator analisado,
SQA; 2) devido ao erro, considerando os fatores descartados na análise, SQE; 3) devido a todos os
fatores, conhecido como variabilidade total, SQA. Que tal ter uma oportunidade de verificar o
conhecimento que já adquiriu até aqui? Vamos lá!

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Considere três professores que apresentaram as notas de suas turmas na mesma avaliação
simuladas da seguinte forma.
Tabela - Notas de alunos para três professores distintos
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta a nota de diversos alunos para três professores. O


primeiro professor teve nove alunos, com notas 82, 64, 64, 79, 64, 76, 52, 61 e 85. O
segundo professor, sete alunos, com notas 64, 88, 79, 67, 85, 100 e 82. O terceiro
professor, seis alunos, com notas 73, 91, 82, 85, 82 e 67.

Com base nas fórmulas discutidas, marque a alternativa que apresenta a soma dos quadrados
do erro deste modelo.

a) SQE = 2.898.
b) SQE = 613.
c) SQE = 38,772.
d) SQE = 2.285.
e) SQE = 120,3.

Distribuição Normal

Para o teste de hipótese realizado na ANOVA, é necessário conhecer o grau de liberdade de cada
uma das parcelas, SQT, SQA e SQE.

1. Para SQT, temos: gl = n-1.


2. Para SQA, temos: gl = k-1.
3. Para SQE, temos: gl = n-k.
Além disso, definimos as médias quadráticas como o quociente entre a soma dos quadrados pelo
seu grau de liberdade. Sobre isso, Morettin (2010, p. 37) aponta “o resumo de um conjunto de dados
por uma única medida representativa de posição central esconde toda a informação sobre a
variabilidade do conjunto de observações”. Veja que Triola (2013, p. 513) define que “MQA é a média
quadrática para o tratamento (…) MQE é a média quadrática para o erro (…) MQT é uma média
quadrática para a variação total”. Assim,

SQA
M QA =
k − 1

SQE
M QE =
n − k

SQT
2
M QT = = Sy
n − 1

É possível mostrar, mas foge ao escopo desta disciplina, que:

2
E (QM E) = σ

k
1
2 2
E (QM A) = σ + ∑ ni α
1
k − 1
i=1

Entretanto note que aí está uma das principais análises feitas pela ANOVA. Isso porque, não
existindo diferença nos níveis do fator A, temos que αi = 0, e QMA também estima a variância. No
caso em que essa diferença é significativa, o valor esperado de QMA é maior do que a variância.

REFLITA

Perceba que o valor esperado de QME é o seu próprio desvio-


padrão. Isso significa que, sem a influência do fator A, os
elementos causadores de variabilidade que foram
desconsiderados o foram justamente por não causarem uma
variação com viés. O valor esperado está dentro da distribuição
dos dados fornecidos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Para organizar os dados necessários à análise da ANOVA, costumamos utilizar a tabela da ANOVA,
apresentada a seguir.
Variação SQ gl MQ

Fator SQA k-1 MQA

Erro SQE n-k MQE

Total SQT n-1

Tabela 3.1 - Tabela da ANOVA com um fator


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: no quadro, composto de quatro linhas e quatro colunas, observamos a forma de


organizar a tabela da ANOVA. Na primeira linha, estão os fatores de variação: SQ, gl e MQ. Na
segunda linha, o que diz respeito ao fator: SQA, k-1 e MQA. Na terceira linha, o que diz respeito
ao erro: SQE, n-k e MQE. Finalmente, na última linha, sobre o total: SQT e n-1.

O uso da tabela é uma forma efetiva de organizar os dados que já temos, entretanto, para
compreender de onde vem cada uma dessas informações, é interessante utilizarmos o exemplo do
qual estamos tratando para criar sua própria tabela da ANOVA. Vamos verificar como ficará neste
caso.

praticar
Vamos Praticar
Considere três professores que apresentaram as notas de suas turmas na mesma avaliação,
simuladas da seguinte forma.
Prof. 1 82 64 64 79 64 76 52 61 85

Prof. 2 64 88 79 67 85 100 82

Prof. 3 73 91 82 85 82 67

Tabela - Notas de cada aluno para cada professor em avaliação simulada


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela apresenta a nota de diversos alunos para três professores. O


primeiro professor teve nove alunos, com notas 82, 64, 64, 79, 64, 76, 52, 61 e 85. O
segundo professor, sete alunos, com notas 64, 88, 79, 67, 85, 100 e 82. O terceiro
professor, seis alunos, com notas 73, 91, 82, 85, 82 e 67.

Com base na estrutura proposta nesta aula, construa a tabela da ANOVA para a média dos
professores dados.

Aplicações da
Distribuição Normal

O uso da ANOVA ressalta uma das principais aplicações da distribuição normal na análise
estatística. Agora, verificaremos o teste de hipótese, que deve ser aplicado para poder concluir se
os professores afetam o rendimento dos discentes. Assim, o teste de hipótese que devemos
verificar é sobre o efeito do fator A:

H0 : α1 = α2 = … = αk = 0
{
H1 : αi ≠ 0  (para 
  
 algum i = 1, 2, … , k)

Podemos mostrar qual é a distribuição de SQT, SQA e SQE. Discutimos que os erros eij no modelo y
ou =mi+alphai+eij têm, por suposição, distribuição N (0, σ )
2
. Portanto, podemos mostrar que yij
tem distribuição N (μ + αi , σ )
2
.
SQT
Sendo independentes, também mostramos que 2
tem distribuição χ2n−1 (qui-quadrado com n-1
σ
SQE SQA
graus de liberdade). E, de forma equivalente, 2
e 2
tem distribuição χ
2
n−k
e χ
2
k−1
. Assim,
σ σ

podemos verificar qual é a variável de teste que devemos calcular:

SQA

k−1 M QA
F0 = =
SQE
M QE
n−k

que segue uma distribuição (k − 1 , n − k).

Note que o teste estatístico da ANOVA é feito comparando F0 com F (1 − α, k − 1, n − k) . Esse


último corresponde ao valor obtido na Tabela de Snedecor para um nível de confiança de 1-alpha.
Note que a região crítica, aquela que rejeita H0 e conclui que as médias analisadas são diferentes, é
obtida quando: F0 > F (1 − α, k − 1, n − k) .

Com a necessidade de calcularmos F0 , podemos ampliar a tabela da ANOVA. Para entender isso
melhor, veja, a seguir, a apresentação desta tabela:

Variação SQ gl MQ F0

Fator SQA k-1 MQA

Erro SQE n-k MQE MQA/MQE

Total SQT n-1

Tabela 3.2 - Tabela da ANOVA ampliada com o cálculo de F0


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de quatro linhas e cinco colunas, observamos a forma de


organizar a tabela da ANOVA ampliada. Na primeira linha, estão os fatores de variação: SQ, gl e
MQ, além da variável de teste F0 , cujo valor é calculado pela razão entre MQA e MQE. Na
segunda linha, está o que diz respeito ao fator: SQA, k-1 e MQA. Na terceira linha, está o que diz
respeito ao erro: SQE, n-k e MQE. Finalmente, na última linha, sobre o total: SQT e n-1.

Acerca dessa análise, perceba que:

com a análise de variância de um fator (ou de fator único), usamos um fator como base
para separar os dados em diferentes categorias. Se concluímos que as diferenças entre
as médias são significativas, não podemos estar absolutamente certos de que algum
outro fator desconhecido seja o responsável. Uma maneira de se reduzir o efeito de um
fator estranho é planejar-se o experimento de modo que ele seja um planejamento
completamente aleatorizado, no qual cada elemento tem a mesma chance de pertencer
às diferentes categorias, ou tratamentos (TRIOLA, 2013, p. 514).

Tendo em vista a relevância deste estudo, verifique o infográfico, a seguir, para somar ainda mais
conhecimento ao campo de estudos sobre o qual estamos nos debruçando.
Porque devemos utilizar a
ANOVA?

Comparação de médias

Vantagem da técnica

Casos famosos

Fonte: robuart / 123RF.

#PraCegoVer: o infográfico interativo, que tem o título “Porque devemos utilizar a ANOVA?”, apresenta três
botões. Ao fundo, há a ilustração de três monitores, os quais apresentam gráficos e tabelas. Na frente dos
monitores, há três mãos: duas apontando para as telas e a outra segurando uma lupa. O primeiro botão,
intitulado “Comparação de médias”, ao ser clicado, apresenta o texto “o uso da ANOVA é realizado sempre
que precisamos comparar as médias de diferentes populações”. O segundo botão, intitulado “Vantagem
da técnica”, ao ser clicado, apresenta o texto “uma das principais vantagens é comparar vários grupos
distintos em uma só metodologia”. O terceiro botão, intitulado “Casos famosos”, ao ser clicado, apresenta
o texto “a análise da diferença de notas é uma das suas principais aplicações, sendo que é utilizada para
tratar os dados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e comparar a média dos 27 estados
brasileiros”.

No caso do exemplo que discutimos ao longo desta aula, podemos completar a tabela da ANOVA
calculando F0 . Você pode conferir o resultado na tabela a seguir.
Tabela 3.3 - Tabela da ANOVA ampliada para o resultado do grupo de discentes de cada professor
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de quatro linhas e cinco colunas, observamos, na primeira


linha, as variações, SQ, gl e MQ, além do cálculo da variável de teste F0 , cujo resultado foi de
2,547. Na segunda linha, as variações devido ao fator, sendo SQA de 613; gl do fator A de 2; e
MQA de 306,5. Na terceira linha, as variações devidas ao erro, sendo SQE de 2.285; gl do erro
de 1; e MQE de 120,3. Na última linha, as variações totais, sendo SQT de 2.898 e seu gl de 21.

Em consulta à Tabela F de Snedecor, podemos encontrar:

F(95%,2,19) = 3, 52

Note que, como F(95%,2,19) > F0  (I. E. 3, 25 > 2, 547) , não podemos rejeitar a hipótese de que
as médias das turmas desses professores sejam iguais.

O método da ANOVA permite estimar os parâmetros analisados, isto é, as médias para cada grupo
de observações.

Pode-se mostrar, mas foge ao escopo desta disciplina, como se obtém o intervalo de confiança para
cada uma das médias analisadas. O resultado é obtido a partir de:

−−−−−− −−−−−−
α M QE α M QE
¯
¯¯¯¯ ¯
¯¯¯¯
y − t (1 − , n − k) . √ ≤ μ ≤ y + t (1 − , n − k) . √
i. i i.
2 ni 2 ni

Neste caso, t (1 − α

2
, n − k)   se refere à distribuição t de student, que pode ser obtido a partir da
consulta em sua tabela específica.

No exemplo que estamos discutindo, podemos encontrar o intervalo de confiança para a média de
cada um dos professores a partir da equação anterior. Neste caso, ao consultar a tabela de student,
obtemos, para os dados do problema: t (0, 025; 19) = 2, 09302 , em que esperamos uma
confiança de 95%, isto é, alpha de 0,05.

Note que:

y 627
1.
ȳ = = = 69, 667
1.
n1 9

y 565
2.
ȳ = = = 80, 714
2.
n2 7
y 480
3.
ȳ = = = 80
3.
n3 6

Assim, o intervalo de confiança para a média do primeiro professor é dado por:


−−−−−− −−−−−−
α M QE α M QE
¯
¯¯¯
¯¯ ¯
¯¯¯
¯¯
y − t (1 − , n − k) . √ ≤ μ ≤ y + t (1 − , n − k) . √
1. 1 1.
2 n1 2 n1

−−−−− −−−−−
120, 3 120, 3
69, 667 − 2, 09302.√ ≤ μ ≤ 69, 667 + 2, 09302.√
1
9 9

62, 015 ≤ μ ≤ 77, 320


1

No fim, a figura apresenta os intervalos de confiança para as médias de cada um dos três
professores. Ela foi elaborada com o uso do software Excel.

Figura 3.2 - Intervalos de confiança para as médias dos três professores


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, observamos um gráfico representando os intervalos de confiança para as médias


de cada professor. Cada média é representada por uma barra vertical, sendo que a primeira está centrada
em 70 e contém o intervalo de 62 a 77; a segunda está centrada em 81 e contém o intervalo de 72 a 89; a
terceira está centrada em 80 e contém o intervalo de 71 a 89.

Aqui, percebemos que o diretor da escola não pode afirmar nada sobre o impacto que cada
professor tem sobre a turma. Embora as médias coletadas sejam diferentes, o gráfico mostra que
ainda existe a possibilidade de a média real não ser exatamente essa. Inclusive, não podemos
descartar a possibilidade de que a média de cada professor seja igual! Esse resultado pode ser
reforçado na atividade a seguir.

praticar
praticar
Vamos Praticar
Discutimos que obtemos o intervalo de confiança para a média de cada professor a partir da
expressão:
−−−−−− −−−−−−
α M QE α M QE
ȳ i . −t (1 − , n − k) . √ ≤ μ ≤ ȳ i . +t (1 − , n − k) . √
i
2 ni 2 ni

Com base no exemplo anterior, determine o intervalo de confiança para a média dos outros dois
professores.
Material
Complementar

WEB

TED – Hans Rosling mostra as melhores estatísticas


que você já viu
Ano: 2021

Comentário: na plataforma TED, disponível no YouTube, podemos acessar o


vídeo do Prof. Hans Rosling apresentando como as estatísticas são usadas
de forma errada e, principalmente, como elas podem ser feitas de forma
adequada para explicar o comportamento de diversos fenômenos hoje em
dia.

Para conhecer mais sobre o assunto, acesse o vídeo disponível em:

ACESSAR
LIVRO

Estatística: o que é, para que serve, como funciona


Editora: Zahar

Autor: Charles Wheelan

ISBN: 978-8537815120

Comentário: o livro do estatístico Charles Wheelan é essencial para


compreender como os dados, quando bem analisados, podem expandir
nossa percepção sobre os diferentes fenômenos que ocorrem à nossa volta.
Ele enfatiza principalmente suas áreas de aplicação, desde relatórios
médicos até a área de esportes, e explica como fazemos a interpretação da
maior parte dos dados hoje em dia.
Conclusão
Ao longo deste estudo, você foi capaz de perceber como uma das principais análises estatísticas pode ser
utilizada para tirar (ou não) conclusões acerca de determinadas médias.

Perceba, para finalizar este problema, que o diretor da escola não pode afirmar nada sobre o impacto que
cada professor tem sobre a turma. Embora as médias coletadas sejam diferentes, o gráfico mostra que
ainda existe a possibilidade de a média real não ser exatamente essa. Inclusive, não podemos descartar a
possibilidade de que a média de cada professor seja igual!

Referências
HANS Rosling mostra as melhores estatísticas que você já
viu - Legendado [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (20 min.). Publicado
pelo canal TED Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=upA-Jsg4CWs. Acesso
em: 30 set. 2021.

MORETTIN, P. A. Estatística básica. 6. ed. São Paulo: Saraiva,


2010.

SOUSA, N. Planejamento experimental usando ANOVA de 1 e 2 fatores com R – uma breve abordagem
prática. Lisboa: UAB, 2017. Disponível em:
https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/6389/1/R_textAnova12_v5_ReposAb.pdf. Acesso em:
30 set. 2021.

TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística: atualização da tecnologia. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

WHEELAN, C. Estatística: o que é, para que serve, como funciona. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
REGRESSÃO LINEAR
Autor(a): Guilherme Augusto Pianezzer

Revisor: Eder Cassettari

Tempo de leitura do conteúdo estimado em 1 hora e 5 minutos.


Introdução
Caro(a) estudante, neste estudo, investigaremos os métodos de regressão
linear, que buscam determinar uma função que melhor descreve um
determinado conjunto de dados que podem se comportar, aproximadamente,
como uma reta linear, i.e. Para isso, compreenderemos um problema
contextualizado que costuma surgir em laboratórios ou em situações do
cotidiano: a forma de determinar o coeficiente linear de uma certa mola.

Para isso, analisaremos como, a partir de medidas coletadas, utilizar o método


de regressão linear, também conhecido como método dos mínimos quadrados,
para resolver esse problema. Vejamos, a seguir, o modelo estatístico por trás
dessa metodologia.

Teste de Hipótese
A Figura 4.1 apresenta o tipo de modelo investigado. Aqui, gostaríamos de
encontrar como a variável independente está associada aos possíveis valores
que a variável dependente assume.

Figura 4.1 - Visualização de uma regressão linear


Fonte: Morettin (2010, p. 450).

#PraCegoVer: na figura, observamos um gráfico em que o eixo horizontal aponta os


dados preditores de 20 até 40, com passo 5; enquanto, isso, no eixo vertical, estão
as respostas de 100 a 120, com passo 10. São apresentados vários pontos
dispersos em torno de uma reta, a qual indica a melhor reta que descreve esses
pontos, i.e., aquela que minimiza o erro.

Para analisarmos esse cenário, suponhamos que você seja um cientista


preocupado em verificar características de uma determinada mola. Como
sabemos que toda mola atende à Lei de Hooke, qual seja:

F = −k. Δ
   X,

Então pretendemos coletar dados para encontrar o coeficiente de elasticidade,


k. Conforme indica Triola (2010, p. 416), “para correlações lineares, podemos
identificar uma equação que melhor se ajusta aos dados e podemos usar essa
equação para predizer o valor de uma variável, dado o valor de outra”.
Vejamos o tipo de análise que você deve realizar.

No primeiro cenário de regressão que consideraremos, analisaremos o caso


linear simples. Nesse caso, uma única variável de controle (independente), x,
altera o resultado de uma única variável de saída (dependente), y.

Para o tipo de análise que desejamos realizar, é necessário coletar um conjunto


de dados relacionando às duas variáveis. Nesse caso, consideramos n pares
de medidas e as denotamos por:

(x1 , y ) , (x2 , y ) , … , (xn , y )


1 2 n

Essas medidas podem ser descritas a partir de uma tabela. No exemplo que
discutiremos neste estudo, consideramos os dados descritos na Tabela 4.1.
Deslocamento versus força Força versus deslocamento

     
Observação  F (N ) Observação
Δ
   x  (cm) Δ
   x  (cm) F (N )

1 220 122 11 230 133

2 220 119 12 230 133

3 220 122 13 230 132

4 220 122 14 230 133

5 220 122 15 230 135

6 225 126 16 235 135

7 225 129 17 235 136

8 225 126 18 235 137

9 225 124 19 235 137

10 225 128 20 235 137


Tabela 4.1 - Dados de forças necessárias para causar um determinado deslocamento
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de 11 linhas e 6 colunas, observamos


as observações referentes aos dados de deslocamento versus força. São
20 observações, representadas pelos seguintes pares ordenados: 220 com
122; 220 com 119. 220 com 122; 220 com 122; 220 com 122; 225 com
126; 225 com 129; 225 com 126; 225 com 124; 225 com 128; 230 com
133; 230 com 133; 230 com 132; 230 com 133; 230 com 135; 235 com
135; 235 com 136; 235 com 137; 235 com 137 e 235 com 137.

Nessa tabela, realizamos um experimento com uma determinada mola,


esticando-a por 220, 225, 230 ou 235 cm e medindo a força necessária para
realizar tal deslocamento. Como as medidas foram realizadas em momentos
diferentes, obtemos valores com uma determinada variabilidade, devido ao
comportamento de fatores que não controlamos no experimento.

Lei de Hooke Lei de Newton Lei de Ohm

Quando investigamos a Lei de Hook, podemos determinar o coeficiente de


elasticidade de uma mola a partir da regressão linear.

1. conteúdo do item 1: Lei de Hooke: quando investigamos a Lei de


Hook, podemos determinar o coeficiente de elasticidade de uma
mola a partir da regressão linear.
2. conteúdo do item 2: Lei de Newton: podemos determinar a força
em um determinado móvel medindo a aceleração e a massa e
usando a regressão linear.
3. conteúdo do item 3: Lei de Ohm: podemos determinar a resistência
de um determinado resistor medindo a corrente elétrica e a tensão
e usando a regressão linear adequadamente.

A título de exemplo, aproveitamos os dados da tabela anterior e utilizamos o


software Excel para traçar o gráfico dos dados do problema na Figura 4.2. Note
que a variável independente é o deslocamento, enquanto a variável dependente
é a força.

Figura 4.2 - Gráfico deslocamento versus força apresentado para os dados


coletados
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na figura, observamos um gráfico em que o eixo horizontal apresenta


dados de força de 220 a 235, com passo 5, enquanto o eixo vertical apresenta
dados de deslocamento de 118 a 138, com passo 2. Os pontos representam as
diversas informações. Para a força de 220, estão apresentados os deslocamentos
de 119 e 122; para a força de 225, os deslocamentos de 124, 126, 128 e 129; para a
força de 230, os deslocamentos de 132, 133 e 135; e, para a força de 235, os
deslocamentos de 135, 136 e 137. Os dados se apresentam, aproximadamente,
como uma reta.

Note, também, que o gráfico já nos permite observar que os dados se


comportam, aproximadamente, como uma reta, indicando o caso de análise da
regressão linear simples.
Para os pares de dados (xi , y )
i
, o modelo estatístico de regressão linear
simples é dado por:

y = α + β. x + ϵi , i = 1, … , n

Note que se trata de uma equação de reta, em que β representa o coeficiente


angular (i.e., a inclinação da reta), α o coeficiente linear e ϵi  o erro obtido
gerado pela aleatoriedade e por não considerar outros efeitos na explicação da
variável de interesse. Aqui, Morettin (2010, p. 450) nos lembra que “alpha, o
intercepto, representa o ponto onde a reta corta o eixo das ordenadas, e beta, o
coeficiente angular, representa o quanto varia a média de y para um aumento
de uma unidade da variável x.”

No modelo considerado, supomos que a relação entre as duas variáveis yi e xi


são lineares. Entretanto nem sempre essa é uma assertiva verdadeira, de forma
que, ao final da análise, verificaremos a importância do coeficiente de
determinação para adequar a confiabilidade do modelo. Além disso, supomos
que as variáveis não são aleatórias, visto que temos um controle (i.e., um
planejamento do experimento) dos dados selecionados. Também, supomos
que as médias dos erros são nulos, de forma que

y = α + β. x.

Agora que você compreendeu o tipo de informações que estamos tratando,


vejamos se você conhece o cálculo de média que será necessário para a
metodologia de regressão linear pelo método dos mínimos quadrados.

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Um recorte da tabela 4.1 analisada nos mostra que várias medidas foram
realizadas para o deslocamento da mola, resultando em diversas forças
diferentes.
Deslocamento versus força

F (N )
Observação  Δ
   x  (cm)

1 220 122

2 220 119

3 220 122

4 220 122

5 220 122

Tabela - Medidas de força extraídas para deslocamento de 220 cm


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela, composta de 6 linhas e 3 colunas,


apresenta dados numéricos de observação, deslocamento medido
em centímetros e força medida em Newton. A primeira
observação foi de um deslocamento de 220, devido a uma força
de 122. A segunda, 220 e 119. A terceira, a quarta e a quinta foram
ambas de 220 e 122.
Observando tais resultados, verificamos que, para os cinco ensaios em um
determinado momento, o deslocamento de 220 cm exigiu, somente, uma
aplicação de 119 N de força, enquanto os outros quatro ensaios exigiram 122
N. Veja que existe variabilidade devido a vários fatores não medidos, como
direção precisa de aplicação da força, características pontuais da mola, como
temperatura, variabilidade dos instrumentos de medida e do instrumentador.
Com base nos dados apresentados na tabela acima, indique a média da força
necessária para mover a mola 220 cm.

a) 119 N.
b) 120 N.
c) 120,5 N.
d) 121,4 N.
e) 122 N.

Estimação dos
Parâmetros do
Modelo
Perceba que o nosso objetivo é determinar a melhor reta para esse conjunto de
pontos. Para isso, os parâmetros dele envolvidos são o coeficiente angular e o
coeficiente linear dele. Assim, vejamos com cuidado como selecionar os
devidos valores dele dentre as infinitas possibilidades. Segundo Morettin (2010,
p. 452), encontramos os “estimadores de mínimos quadrados para os
parâmetros do modelo linear, mas o mesmo desenvolvimento pode ser
aplicado em modelos mais complexos”.

Devemos considerar uma estratégia para determinar a melhor reta que


descreve o conjunto de pontos analisados. Na regressão que desenvolveremos,
consideramos utilizar a reta que minimiza o quadrado dos erros, de forma que
costumamos denominar a regressão linear como pertencente à classe de
métodos dos mínimos quadrados.

1. conteúdo do item 1: Eu mi bibendum neque egestas congue


quisque egestas diam in.
2. conteúdo do item 2: Eu mi bibendum neque egestas congue
quisque egestas diam in.
3. conteúdo do item 3: Eu mi bibendum neque egestas congue
quisque egestas diam in.

Para compreender a minimização do erro, considere o cálculo do erro ao


escolhermos um dos possíveis valores que α e β podem assumir. Para o
conjunto de dados (xi , yi ) temos que:

ϵi = y − (α + β. xi ) .
i

Como y
i
representa o valor observado e α + β. xi   representa o valor
estimado pela regressão, verificamos que ei representa o quão afastada a
estimativa está do valor observado (i.e. medido).

Considerando a soma do quadrado do erro ei dado por SQE:


n n

2 2
SQE = ∑ ϵ = ∑ [y − (α + β. xi ]
i i

i=1 i=1

e considerando que desejamos encontrar os valores de α e β que minimizam


SQE, então encontramos os pontos críticos fazendo:


SQE = 0
∂α
{

SQE = 0
∂β

O que nos leva a (pelo uso da regra de derivação – regra da cadeia):


n n
−2. ∑ [y − (α + β. xi )] = 0 ∑ [y − (α + β. xi )] = 0
i=1 i i=1 i
{ ∴ { ∴
n n
2. ∑ [y − (α + β. xi ]. xi = 0 ∑ [y − (α + β. xi )]. xi = 0
i=1 i i=1 i

n n
∑ y = ∑ [α + β. xi ]
i=1 i i=1
{
n n
∑ y xi = ∑ [(α + β. xi ) . xi ]
i=1 i i=1

Mesmo com tanta equação para ser analisada, você deve se atentar à
importância dela e aos pré-requisitos necessários à análise correta desse
material. Vejamos, na seção Saiba Mais, uma sugestão de estudo para essa
temática.

SAIBA MAIS

Você deve estar percebendo que essa temática


nos remete a conceitos essenciais de cálculo
diferencial e integral, especialmente os problemas
de minimização. Caso queira conhecer mais
sobre a regra da cadeia e como ela permite
encontrar a derivada de função composta, você
deve se atentar à demonstração dela.
ASSISTIR

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Essas equações podem ser simplificadas se considerarmos as médias das


observações, i.e.

n n
1 1
x̄ = ∑ xi ,  ȳ = ∑y
i
n n
i=1 i=1

Assim, reescrevemos:
n n
∑ y = nα + β. ∑ xi
i=1 i i=1
{
n n n 2
∑ xi y = α.   ∑ xi + β. ∑ x
i=1 i i=1 i=1 i

Isolando α na primeira equação e substituindo na segunda, obtemos:

n n
1
α = [∑ y − β. ∑ xi ]
i
n
i=1 i=1

n n n n n
1
2
∑ xi y = [∑ y − β. ∑ xi ] . ∑ xi + β. ∑ x
i i i
n
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1

Multiplicando por n:

n n n n n

2
n. ∑ xi y = [∑ y − β. ∑ xi ] . ∑ xi + βn. ∑ x
i i i

i=1 i=1 i=1 i=1 i=1

Assim,
n n n
n. ∑ xi y − ∑ xi . ∑ y
i=1 i i=1 i=1 i
β =
n 2 n 2
n. ∑ x − (∑ xi )
i=1 i i=1
Substituindo o termo β na expressão de α , podemos encontrar:

n n
1
α = [∑ y − β. ∑ xi ] =
i
n
i=1 i=1

n n n n n
1 n. ∑ xi y − ∑ xi . ∑ y
i=1 i i=1 i=1 i
[∑ y − [ ] . ∑ xi ]
i 2
n n
n 2
i=1 n. ∑ x − (∑ xi ) i=1
i=1 i i=1

Entretanto é mais recomendável utilizar o próprio modelo de regressão para


encontrar o cálculo de α , visto que:

y
^ = α + βx
^

α = ȳ − βx̄

Depois de tanta álgebra, perceba que a utilização prática do método é


relativamente simples. Usamos as equações finais para encontrar o coeficiente
linear e o coeficiente angular. Acredito que você conseguirá fazer a atividade a
seguir sem maiores dificuldades.

Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)

Considere os dados coletados para o estiramento da mola, conforme a tabela


abaixo.
Deslocamento versus força Deslocamento versus força

       
Observação Observação
Δ
   x  (cm) F (N ) Δ
   x  (cm)
F (N )

1 220 122 11 230 133

2 220 119 12 230 133

3 220 122 13 230 132

4 220 122 14 230 133

5 220 122 15 230 135

6 225 126 16 235 135

7 225 129 17 235 136

8 225 126 18 235 137

9 225 124 19 235 137

10 225 128 20 235 137


Tabela: Dados de força versus deslocamento
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de 11 linhas e 6 colunas,


podemos ver as observações referentes aos dados de
deslocamento versus força. São 20 observações, sendo
representadas pelos seguintes pares ordenados: 220 com 122;
220 com 119. 220 com 122; 220 com 122; 220 com 122; 225 com
126; 225 com 129; 225 com 126; 225 com 124; 225 com 128; 230
com 133; 230 com 133; 230 com 132; 230 com 133; 230 com 135;
235 com 135; 235 com 136; 235 com 137; 235 com 137; e 235
com 137.

Com base nas equações desenvolvidas nessa seção, marque a alternativa que
apresenta o valor correto de α e β.

a) α = 1, 032; β = 105, 38

b) α = 227, 5; β = 129, 4

c) α = 129, 4; β = 227, 5

d) α = 105, 38; β = 1, 032

e) α = 1, 032; β = 0
Correlação

Embora tenhamos encontrado uma reta que descreve, de certa forma, esse
conjunto de dados, você deve perceber que esse método não tem nenhuma
restrição significativa, de forma que pode ser aplicado em, praticamente,
qualquer conjunto de dados numéricos. Entretanto nem todos os fenômenos se
comportam de forma linear, de maneira que o uso desse método de forma
irrestrita pode nos levar a erros sérios. Quando os dados estão fortemente
ajustados pela reta, o índice de correlação linear nos indica esse resultado
mostrando que o método está adequado para esse caso. E aí, nesse caso,
podemos seguir a instrução de Morettin (2010, p. 465), “o modelo linear,
estudado até agora, será utilizado frequentemente para fazer previsões da
variável resposta, y, para algum nível da variável de controle, x.”

No exemplo que estamos realizando, devemos determinar a relação entre as


variáveis força e deslocamento, de forma que se respeite o modelo linear dado
por:

F = α + β. Δ
   x

Como temos a suposição de que tal experimento atende à Lei de Hooke (i.e.,
F = −k. Δ
   x), caso os dados do experimento se comportem como uma reta,
poderemos afirmar que o coeficiente de elasticidade, k, será determinado por
β .

Para facilitar os cálculos necessários, utilizamos uma tabela de auxílio para os


cálculos manuais, como a generalizada na Tabela 4.3.
n1    xi    yi xi . y i   x2i

     1    x1    y1 x1 y 1   x21

     2    x2    y2 x2 y 2   x22

vdots      ⋮      ⋮      ⋮      ⋮

     n X xn    yn xn y n   x2n

n n n n 2
∑ ∑ xi ∑ yi ∑ xi y i ∑ x .
i=1 i=1 i=1 i=1 i

Tabela 4.3 — Tabela genérica de auxílio para os cálculos manuais


Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: na tabela, composta de 6 linhas e 5 colunas, é apresentada


uma forma de organização dos dados, a fim de utilizar o método de forma
adequada. Na primeira linha, estão as informações organizadas em:
 número da observação; valor x da respectiva observação; valor y da
respectiva observação; produto de x e y da respectiva observação; e
quadrado de x da respectiva observação. Esses dados se repetem até a
enésima observação, cada um apresentado em uma linha. Na última linha,
é apresentado o somatório de cada coluna.

Como essa tabela é uma proposta de organização, podemos imaginar outras


formas de tratar esses dados, a fim de utilizar o método de forma adequada.
Vamos refletir um pouco sobre isso na seção a seguir.
REFLITA

O uso da tabela de auxílio para cálculos manuais


é opcional, mas facilita a resolução do problema
na hora de aplicar as equações determinadas na
seção anterior. Talvez, na resolução da atividade,
você já tenha organizado os dados, de forma a
criar uma versão similar dessa tabela; essa é uma
das propostas de organização dos dados. Em
mente, você deve lembrar de que a maior parte
dos problemas reais é resolvido com o uso de
software, como o próprio Excel e o uso das
tabelas de auxílio. Embora sejam chamadas “de
cálculos manuais”, as tabelas também orientam
na construção dos algoritmos.
Aqui, você deve se perguntar: existe outra forma
de organizar os dados desse problema? Essa
outra forma é mais efetiva que a proposta aqui?

Fonte: Elaborado pelo autor

Como precisamos determinar alguns somatórios, utilizaremos a Tabela 4.4


para auxiliar nos cálculos manuais. Nela, consideramos F como y e Δx como
x, para facilitar o reconhecimento dos termos calculados necessários.
Tabela de auxílio para cálculos manuais do problema dado.

ni xi yi x i . yi Xi2

2
ni xi yi xi . y i x
i

 1 220 122 26.840 48.400

 2 220 119 26.180 48.400

 3 220 122 26.840 48.400

 4 220 122 26.840 48.400

 5 220 122 26.840 48.400

 6 225 126 28.350 50.625

 7 225 129 29.025 50.625

 8 225 126 28.350 50.625

 9 225 124 27.900 50.625

 10 225 128 28.800 50.625


 11 230 133 30.590 52.900

 12 230 133 30.590 52.900

 13 230 132 30.360 52.900

 14 230 133 30.590 52.900

 15 230 135 31.050 52.900

 16 235 135 31.725 55.225

 17 235 136 31.960 55.225

 18 235 137 32.195 55.225

 19 235 137 32.195 55.225

 20 235 137 32.195 55.225

 Σ 4.550 2.588 589.415 1.035.750

Tabela 4.4 — Tabela com auxílio para cálculos manuais para os dados do exemplo
Fonte: Elaborada pelo autor.

#PraCegoVer: a tabela de auxílio para cálculos manuais apresenta 22


linhas e 5 colunas. Na primeira linha, estão as informações organizadas
em: número da observação; valor x da respectiva observação; valor y da
respectiva observação; produto de x e y da respectiva observação; e
quadrado de x da respectiva observação. São 20 observações, sendo
dadas por:  1, 220, 122, 26.840, 48.300; 2, 220, 119, 26.180, 48.400, 3, 220,
122, 26.480, 48.300, 4, 220, 122, 26.480, 48.300, 5, 220, 122, 26.480,
48.300, 6, 225, 126, 28.350, 50.625, 7, 225, 129, 29.025, 50.625, 8, 225, 126,
28.350, 50.625, 9, 225, 124, 27.900, 50.625, 10, 225, 128, 28.800, 50.625,
11, 230, 133, 30.590, 52.900, 12, 230, 133, 30.590, 25.900, 13, 230, 132,
30.360, 52.900, 14, 230, 133, 30.590, 52.900, 15, 230, 135, 31.050, 52.900,
16, 235, 135, 31.725, 55.225, 17, 235, 136, 31.960, 55.225, 18, 235, 137,
32.195, 55.225, 19, 235, 137, 32.195, 55.225, 235, 137, 32.195, 55.225; e os
somatórios: 4.550, 2.588, 589.415 e 1.035.750.

Substituindo os dados do problema, obtemos:


n n n
n. ∑ xi y − ∑ xi . ∑ y
i=1 i i=1 i=1 i
β =
n 2 n 2
n. ∑ x − (∑ xi )
i=1 i i=1

20 ⋅ 589.415 − 4.550 ⋅ 2.588


β = = 1, 032
2
20 ⋅ 1.035.750 − (4.550)

Como

∑ xi 4.550
x̄ = = = 227, 5
n 20

∑y 2588
i
ȳ = = = 129, 4
n 20

Então,

ȳ = α + βx̄

α = βx̄ − ȳ = 105, 38

Dessa forma, o modelo que descreve a relação da força com o deslocamento é


dado por:
F = 105, 38 + 1, 032. 
Δ  x

Comparando com a Lei de Hooke, notamos que o coeficiente de elasticidade é


de 1,032 N/m e que a mola ficará no referencial zero de deslocamento, no caso
em que estará sujeita a uma força de 105,38 N.

 Reta passando pela origem: o modelo pode ser estudado à


parte.

Perceba que essa técnica permitirá que você determine relações lineares entre
duas variáveis, mas essa operação poderá ser realizada na maior parte dos
dados numéricos. Agora, para verificar que o método pode ser usado e que nos
dará um bom resultado, verificaremos o coeficiente de correlação. Antes disso,
discutiremos o intervalo de confiança na atividade prática.

praticar
Vamos Praticar
Sempre que tratamos de dados estatísticos, seja encontrando um certo
parâmetro, como acabamos de fazer com o coeficiente de elasticidade, ou
seja aplicando uma variedade de métodos, devemos ter em mente que o
valor real pertence a um determinado intervalo de confiança. Nunca será um
número absoluto. Podemos provar que o intervalo de confiança para esse
parâmetro é dado por:
−−−−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−−
QM E QM E
β − t α √ ≤ β ≤ β + t α √
(1− ,n−2) n 2 (1− ,n−2) n 2
2
∑ (x i − x̄ ) 2
∑ (x i − x̄ )
i=1 i=1

Com base no problema discutido ao longo deste estudo, consulte uma tabela
de distribuição para encontrar o intervalo de confiança para o coeficiente de
elasticidade e determine o intervalo de confiança para o coeficiente de
elasticidade extraído do modelo.

Regressão Linear

A partir de agora, devemos determinar se a regressão linear que realizamos é


confiável ou não. Esse passo é essencial para garantir se o método que
utilizamos nos dará uma resposta precisa para prevermos o comportamento de
outros conjuntos de dados.

Conforme Morettin (2010, p. 467) aponta,

para verificar se um modelo é adequado, temos que investigar se as


suposições feitas para o desenvolvimento do modelo estão
satisfeitas. Para tanto, estudamos o comportamento do modelo
usando o conjunto de dados observados, notadamente as
discrepâncias entre os valores observados e os valores ajustados
pelo modelo, ou seja, fazemos uma análise dos resíduos.

Com o método de regressão linear simples, você sempre será capaz de traçar
uma reta que minimize o quadrado dos erros. Entretanto alguns dados não se
comportam como uma reta, de forma que o modelo desenvolvido não é
adequado para a descrição dela. Avaliamos a qualidade do modelo a partir da
análise do coeficiente de determinação.

Podemos obter o coeficiente de determinação, R2  , como:


n
SQR β∑ (xi − x̄)y
2 i=1 i
R = =
n 2
SQT ∑ (y − ȳ )
(i=1) i

Outra forma equivalente seria escrever:

n 2
(∑ (xi − x̄)y )
2 i=1 i
R =
n 2 n 2
∑ (xi − x̄) ∑ (y − ȳ )
i=1 i=1 i

Pode-se provar que seu valor está contido entre 0 e 1. Alguns livros chamam de
coeficiente de determinação o termo R, tal que −1 ≤ R ≤ 1; entretanto
utilizar , tal que , facilita a análise, ao evitar operar com
2 2 
R 0 ≤ R ≤ 1

números negativos. Dessa forma, podemos afirmar que, quanto mais


2
R → 1

(vide Figura 4.3), mais forte é o poder explicativo do modelo linear. Quanto
mais R

→ 0 (vide Figura 4.4), menos podemos confiar no modelo, visto que
os dados não se aproximam de uma reta.
Figura 4.3 — Dados dispersos, mas, aproximadamente, lineares
Fonte: Morettin (2010, p. 472).

#PraCegoVer: na figura, estão apresentados dados dispersos em torno de uma


reta, em um gráfico composto de eixo horizontal (de 30 a 70, com passo 10) e eixo
vertical (de 7 a 12, com passo 1). Como o nível de dispersão é baixo, todos os
pontos estão relativamente próximos da reta, que seria a melhor reta que descreve
os pontos.
Figura 4.4 — Dados dispersos de forma que R2  → 0

Fonte: Morettin (2010, p. 472).

#PraCegoVer: na figura, estão apresentados em um gráfico dados completamente


dispersos. Nenhuma figura significativa é formada, visto o grau de dispersão
dessas informações.

Perceba que essa análise anterior é essencial à análise de dados, visto a


aplicabilidade do método em quase todos os conjuntos de dados.
#PraCegoVer: o infográfico é do tipo estático, com fundo retangular em cor branca.
Do lado esquerdo, há um semicírculo com o seguinte título no interior: “Algumas
regressões não lineares”. Do lado esquerdo, há três retângulos com borda colorida
e cantos arredondados, dispostos na vertical. Cada um está conectado ao
semicírculo por uma linha. O primeiro retângulo, de cima para baixo, possui borda
azul e traz o seguinte texto: “Modelo de Mitscherlich: é largamente utilizado em
artigos científicos referentes ao estudo da produção de uma determinada cultura
em função da quantidade de nutriente fornecido. O modelo é dado por: y é igual a
alpha que multiplica um menos 10 elevado a menos gama que multiplica x mais
theta, somado com epsilon”. O segundo retângulo possui borda roxa e traz o
seguinte texto: “Modelo Logístico: costuma ser utilizado para modelar
crescimentos populacionais em que a taxa de reprodução é proporcional à
quantidade de recursos disponíveis e ao tamanho da população existente. O
modelo é dado por: y é igual à razão entre theta e 1 mais e elevado a menos alpha
mais beta vezes x, somado com epsilon.” O terceiro retângulo possui borda
vermelha e traz o seguinte texto: “Modelo de Michaelis-Menten: é utilizado,
principalmente, no estudo da taxa de variação das reações químicas catalisadas
por enzimas. Seu modelo é descrito pela equação: y é igual à razão entre o produto
de theta 1 com x e a soma de x com theta 2, somado com epsilon.”

Entre os autores que fazem um excelente trabalho no desenvolvimento do


conceito de correlação linear, podemos citar Favero (2017, p. 118) que indica
que

o coeficiente de correlação de Pearson é uma medida que varia entre


-1 e 1. Por meio do sinal, é possível verificar o tipo de relação linear
entre as duas variáveis analisadas; quanto mais próximo de valores
extremos, mais forte é a correlação entre elas.

Agora que compreendemos o conceito de dispersão e como até mesmo os


dados dispersos podem ser utilizados no método para determinar uma reta que
melhor descreve esses pontos, vamos aproveitar a atividade prática a seguir
para determinar um dos possíveis coeficientes de determinação.

praticar
Vamos Praticar
Para os dados do exemplo, representados pela tabela inicial e discutido ao
longo deste estudo, deslocamento versus força, podemos determinar o
coeficiente de determinação deles. A partir do que foi apresentado, use a
n 2

equação R para encontrar seu coeficiente de


(∑ (xi −x̄)y )
2 i=1 i
=
n 2 n 2
∑ (xi −x̄) ∑ (y −ȳ )
i=1 i=1 i

determinação.
Material
Complementar

WEB

TED: três modos de identificar uma


estatística ruim
Ano: 2021

Comentário: Na plataforma TED, disponível no YouTube,


podemos acessar o vídeo da Profa. Mona Chalabi, que nos
indica formas úteis para identificarmos uma estatística
“ruim”, por exemplo, que não nos traz uma correlação
significativa.

Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer disponível


em:

ACESSAR
LIVRO

Guia mangá de estatística


Editora: Novatec Editora

Autor: Shin Takasashi

ISBN: 978-85-752-2168-6

Comentário: Se você não aprendeu estatística de nenhuma


forma, Shin Takahashi utiliza uma linguagem alternativa e o
uso de Mangás para explicar, de forma lúdica, alguns dos
conceitos principais tratados ao longo deste material. Você
notará como a estatística também pode ser aprendida de
uma forma lúdica e como existe espaço no mercado
editorial para outras formas de publicação em matemática.
Conclusão
Caro(a) estudante, neste material, aprendemos sobre a técnica de regressão linear
simples, que busca minimizar o quadrado dos erros para encontrar a melhor reta
que descreve os pontos pesquisados. Esse método é a base para todos os outros
métodos de regressão, sejam as regressões múltiplas ou as regressões não
lineares. Além disso, a técnica é usada com exaustão nos laboratórios de física e de
engenharia, a fim de determinar grandezas experimentais faltantes.  

Você deve dominar essa técnica básica com cuidado e lembrar-se, principalmente,
de que a utilização dela quase sempre traz um resultado, mas interpretação,
previamente a partir do coeficiente de correlação, é essencial para garantir a
confiabilidade do resultado.

Referências
3 ways to spot a bad statistic | Mona
Chalabi. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (11
min). Publicado pelo canal Ted.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
v=Zwwanld4T1w. Acesso em: 19 out.
2021.

FÁVERO, L. P.; BELFIORE, P. Manual de


análise de dados. São Paulo: LTC Grupo
Gen, 2017.
MORETTIN, P. A. Estatística básica. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

Regra da Cadeia - Parte 1 (Aula 9).  [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (32 min). Publicado
pelo canal Ferreto Matemática. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=p9xjPa1EVrw. Acesso em: 19 out. 2021.

TAKASASHI, S. Guia mangá de estatística. São Paulo: Novatec Editora, 2010.

TRIOLA, M. F. Introdução à estatística: atualização da tecnologia. 11. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2013.

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