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Sumário
Ponte H Dupla com Relés ................................................................................................................................... 5
Utilizando o DAC do ESP32 .............................................................................................................................. 11
Casos de Oficina (EP25): Assistência Técnica da Philips .................................................................................. 14
Entenda um Amplificador de Potência a Válvula............................................................................................. 16
Hello, World! com o STM32 ............................................................................................................................. 20
Fonte Simétrica com Transformador ............................................................................................................... 23

Diretor técnico: Wagner Rambo


Produção e diagramação: Wagner Rambo
Revisão técnica: Pio Rambo
Comercial: Ana Paula Strack
Distribuição: WR Kits Engenharia Eletrônica
Articulistas desta edição: Wagner Rambo, Gabriel Vigiano, Pio Rambo

Envie seu artigo para publicar na revista: revista@wrkits.com.br


Atendimento ao assinante: assinante@wrkits.com.br

Aviso
Copyright WR Kits 2023 (todos os direitos reservados): Proibida reprodução total ou par-
cial sem autorização prévia por parte dos autores. Lei de Direitos Autorais LEI N° 9.610,
de 19 de fevereiro de 1998. O uso indevido dos artigos e projetos aqui apresentados não
é de nossa responsabilidade.
Desejo boas-vindas a você leitor que chegou nesta edição de fevereiro
de 2023! O artigo de destaque consiste em uma ponte H dupla utilizando relés
e mais alguns componentes, que será ideal para você utilizar em seus projetos
de automação e robótica. Vários conceitos de eletrônica serão abordados,
além de fornecermos os arquivos Gerber para você mandar fabricar a PCB da
ponte H!
Nesta edição também vamos aprender de forma simples a configurar o
conversor digital/analógico do ESP32 utilizando a Espressif IDE, conteúdo ali-
nhado com o curso mais recente que lançamos: ESP32 Profissional. Você pro-
fissional da manutenção provavelmente já passou pela experiência de alguma
assistência técnica querer dar as diretrizes do seu trabalho, certo? Pois você irá
se identificar bastante com o Casos de Oficina desse mês, escrito por Pio
Rambo!
Eu escrevi um artigo para lhe ensinar o básico sobre etapas de potência
em amplificadores valvulados, então você vai conhecer algumas topologias e
entender totalmente o seu funcionamento!
Atendendo a todos os iniciantes, Gabriel Vigiano trouxe um artigo para
você dar o primeiro Hello World com STM32!
Encerrando a edição, uma fonte simétrica com transformador para você
utilizar e também uma metodologia de projeto, expandindo o seu conheci-
mento.
Ótima leitura e muito sucesso!
WR

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Revista Eletrônica WR
Ponte H Dupla com Relés
Dr. Eng. Wagner Rambo
Introdução (motor gira em um sentido) e em projetos envolvendo transis-
quando S2 e S3 estiverem fecha- tores é a dissipação de potência
Quando falamos em robó-
das (motor gira no sentido nos mesmos, bem como o fato de
tica e automação, um dos circui-
oposto). Você deve ter percebido não podermos acionar motores
tos que sempre estão em pauta
que não podemos fechar S1 com com alto consumo, a menos que
são os de ponte H. Eles são essen-
S2 ao mesmo tempo, tampouco apliquemos transistores que irão
ciais para que possamos realizar o
S3 com S4, do contrário provoca- suportar a corrente de tal motor
controle bidirecional de motores
remos o curto-circuito da fonte (geralmente esses transistores
DC. Há mecanismos diversos que
+V. É bastante comum utilizarmos têm preços bem altos).
necessitam desse tipo de con-
trole, onde podemos também Para a nossa sorte, existe
implementar o uso da modula- um dispositivo muito antigo,
ção por largura de pulso (PWM) porém incrivelmente impor-
e diminuir/aumentar a veloci- tante ainda nos dias atuais –
dade do motor sem prejudicar também não é segredo que eu
o seu torque. Uma das unida- particularmente sou fã desse
des em que as pontes H são dispositivo – e se você, leitor
sempre necessárias são os ro- atento e perspicaz leu o título
bôs móveis autônomos, que deste artigo (creio que sim!), já
basicamente utilizam rodas ou sabe que estou falando do relé
esteiras como meio de locomo- (ou relê para alguns, você esco-
ção. Para que seja possível rea- lhe como escrever e pronun-
lizar o controle do autômato ciar, ambos estão corretos). Um
com boa mobilidade, suas ro- sistema de ponte H com relés
das (ou esteiras) precisam ter a tem algumas vantagens a des-
capacidade de girar em ambos tacar:
os sentidos. Aceleração, pa-
- Isolamento galvânico;
rada, inversão, ajuste de veloci- Figura 1 – As chaves de controle formam
dade sem perda de torque são um “H” em conjunto com o motor. - Sem perda de potência (a ten-
fatores determinantes em um são é totalmente entregue ao
bom projeto. Frequentemente transistores bipolares de junção motor);
utilizamos dois motores DC para NPN e PNP em uma ponte H, para
- Facilidade em acionar motores
comandar tais robôs e para isso, garantir que a situação proibida
de alto consumo (dependerá ape-
há a necessidade de utilizarmos não seja atingida. Existem circui-
nas dos relés utilizados);
duas pontes H. Uma ponte H apre- tos que utilizam apenas MOSFETs
senta esse nome por formar uma canal N, mas teremos a complica- - São simples de controlar.
espécie de letra H onde o motor ção de acionamento dos transis-
Como em Eletrônica, tudo
localiza-se no centro, você pode tores superiores, pelo fato de ne-
tem um preço, podemos dizer que
perceber isso facilmente na Fi- cessitarmos garantir uma tensão
VGS suficientemente alta para li- o volume que os relés ocupam é
gura 1.
gar o dispositivo, além de existir a um ponto negativo, o que poderá
As situações em que tere- condição proibida como supraci- ser complicado no caso de você
mos o motor girando são quando tado. Outro fator muito limitante obter pouco espaço no seu pro-
S1 e S4 estiverem fechadas jeto. Também podemos destacar
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Edição 0027, fevereiro, 2023
o chaveamento mais lento e em cada um deles com uma chave de velocidade. Caso você não queira
geral menor vida útil, se compa- 1 polo e 2 posições que apresen- controlar a velocidade do motor –
rarmos com nossos amigos de silí- tam o terminal comum ligado di- apenas controlar a direção e o
cio. Há aqueles que também iriam retamente ao motor. No relé RL1 ON/OFF – é possível substituir o
citar o som dos relés fechando podemos ver que a tensão +V MOSFET por um terceiro relé. Ob-
como desvantagem, porém eu (que será a tensão de trabalho do serve agora na Figura 3 o dia-
considero música para os ouvidos, próprio motor) é ligada ao con- grama esquemático da ponte H
é muito legal ouvir estes dispositi- tato normalmente fechado do para controle de um único motor.
vos eletromecânicos sendo acio- relé. Perceba que em RL2 isso não
Optei pelo uso de relés de
nados! ocorre. Temos o GND do circuito
5V nesse caso. Observe que as
ligado ao contato normalmente
O Circuito chaves dos relés RL1 e RL2 estão
fechado.
ligadas conforme esquema da Fi-
O objetivo deste projeto é
Com um único bit conse- gura 2. Para acionar ambos os re-
o desenvolvimento de uma ponte
guiremos controlar a direção do lés ao mesmo tempo com um
H dupla utilizando relés, que já
motor, pois acionando ambos os único bit, temos os transistores
servirá para o controle de robôs
relés ao mesmo
móveis autônomos de médio e
tempo, procure en-
até grande porte. Eu desenvolvi
xergar que em RL1
esse projeto há alguns anos para
teremos o GND li-
utilizar no Robot US-2, inclusive o
gado ao motor (ter-
projeto completo foi explanado
minal + do mesmo) e
com riqueza de detalhes em vídeo
em RL2 teremos +V
e você poderá acompanhar toda a
ligado ao motor, pois
saga neste link ou escaneando o
as chaves normal-
código QR abaixo:
mente abertas esta-
rão fechadas nessa
situação. Com isso é
notável que conse-
guimos inverter a di-
reção de giro do mo-
Pelo fato desta ponte H do tor. Porém o arranjo
projeto US-2 ter sido exaustiva- da Figura 2 (a) tem
mente testada e com sua eficácia uma limitação: não é
comprovada ao longo dos anos, possível fazer com
decidi trazer o projeto aqui para que o motor pare de
você leitor, com as devidas expli- girar e muito menos Figura 2 – (a) Controle de direção com dois re-
cações. Além disso, você poderá ajustar sua veloci- lés. (b) Usando um MOSFET canal N para con-
dade. trolar a parada e a velocidade do motor.
fazer o download dos arquivos
Gerber caso queira mandar fabri- Q1 e Q2, polarizados com R1 e R2.
Com a adição de um MOS-
car a sua ponte H. A forma mais Um sinal de 5V em inv1 provoca a
FET canal N, conforme Figura 2
simples de entender como pode- saturação desses transistores li-
(b), é possível adicionar ambas as
remos controlar o motor em am- gando ambos os relés. Isso reali-
funções. Com zero Volts no gate
bos os sentidos, além de sua pa- zará a inversão do motor M1. Os
do MOSFET conseguimos desligar
rada e ajuste de velocidade, está diodos D1 e D2 evitam picos de
o motor e aplicando um sinal
presente na Figura 2 (a) e (b). No tensão que podem ser provoca-
PWM será possível o ajuste de
primeiro caso temos dois relés, dos pelas bobinas dos relés, que
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Revista Eletrônica WR
infravermelho e do foto-transis-
tor estão interligados. Para isso,
seria necessário o uso de duas
baterias no Robô, ou alguma ou-
tra técnica avançada, como uso
de gate drive transformer, o que
tornaria o projeto mais com-
plexo. Os testes práticos de-
monstraram que não há a neces-
sidade de realizar esse isola-
mento, mas você pode verificar
isso em caso de precisar efetuar
o controle de motores mais po-
tentes. Com zero Volts em
pwm1, teremos o motor total-
mente parado. Com 5V, teremos
o motor em sua velocidade má-
xima. Obviamente, aplicando um
sinal PWM conseguiremos o
ajuste de velocidade do motor. O
nível de tensão presente no co-
letor do foto-transistor é de 14V.
Essa tensão vem direto de uma
bateria LiPo e optei por este ar-
ranjo para acionar o IRF640 com
bastante intensidade. Se você
for utilizar o projeto em alguma
aplicação diferente, poderá apli-
car 12V nesse ponto do circuito.
Figura 3 – Diagrama esquemático da ponte H para controle de um motor.
Para o controle de dois
são caracterizadas como cargas consumo aproximado de 300mA. motores, precisamos duplicar o
indutivas. Também foi adicionado De acordo com o datasheet, o circuito da ponte H. O diagrama
o diodo D3 que estará em paralelo IRF640 pode suportar até 18A de esquemático completo da ponte
com o motor, desempenhando a corrente de dreno, desde que seu H dupla pode ser apreciado na Fi-
mesma função. O capacitor C1 é case seja mantido a 25°C de tem- gura 4.
um filtro extra, sempre indicado peratura. Com 100°C o transistor
Temos as tensões de 5V,
quando realizamos o controle de deve suportar até uns 11,4A, logo,
12V e 14V disponíveis em conec-
motores, pois assim o motor troca temos corrente de sobra. Caso
tores para o circuito e apenas 4
energia primeiramente com C1, você necessite acionar motores
bits de controle. Isso significa que
ao invés de trocar diretamente com consumos mais elevados, se-
com apenas 4 saídas digitais (de
com o sistema. lecione um MOSFET adequado. O
um microcontrolador por exem-
acionamento do MOSFET é feito
O MOSFET escolhido foi o plo), você poderá controlar os
através de um acoplador óptico
IRF640 que apresenta uma potên- dois motores de forma indepen-
4N25. Observe que não temos um
cia considerável. Os motores usa- dente, tanto no sentido de giro
isolamento galvânico total, pois
dos no projeto do US-2 têm um quando a parada e a velocidade.
os GND’s do lado do emissor
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Edição 0027, fevereiro, 2023
Figura 4 – Diagrama esquemático completo da ponte H dupla com relés.

Montagem Prática você queira fabricar a ponte H e componentes, consegui dimen-


também o layout em Proteus 7.7, sões não tão grandes para a placa,
Existem diversas técnicas
se desejar realizar alguma modifi- obtendo um tamanho final de
para a validação de um projeto de
cação por conta própria. Aos pro- 9,65cm x 6,1cm. Projetistas com
eletrônica. Esta ponte H dupla po-
jetistas “roots”, forneço aqui experiência poderão reduzir ainda
derá ser construída em uma placa
mesmo o layout da PCB em tama- mais esse tamanho, inclusive se
universal ou até mesmo testada
nho real, pois se desejar você po- utilizarem parte dos componen-
em protoboard em um primeiro
derá imprimir e aplicar direta- tes com a tecnologia SMD. Veja na
momento. Nesse último caso, ter-
mente em sua placa artesanal. Na Figura 6 (a) a face superior de co-
minais podem ser soldados aos
Figura 5 apresento a face inferior bre da placa e também o silks-
relés para viabilizar sua ligação na
da placa já espelhada para sua co- creen dos componentes na Figura
matriz de contatos. Como menci-
modidade. 6 (b).
onado anteriormente, na plata-
forma da Revista estou disponibi- Apesar de utilizar 4 relés, 2 Foi utilizada a técnica para
lizando os arquivos Gerber caso MOSFETs TO-220 e mais alguns gerar um plano de terra gradeado

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Revista Eletrônica WR
na placa, auxiliando placa. O protótipo real
na blindagem contra da ponte H pode ser
ruído e também di- conferido na Figura 7.
minuindo o volume
O modelo de
de percloreto de
relé utilizado foi o
ferro necessário para
CP1CR-DC5V porém
a corrosão. Para os
quaisquer outros com
motores e também
as mesmas dimensões
para as tensões de
podem ser utilizados. É
12V e 14V foram uti-
o tradicional modelo de
lizados conectores
5 terminais, sendo 2
do tipo KRE de 2 ter-
utilizados na bobina e 3
minais cada. Para os Figura 5 – Face inferior de cobre espelhada.
utilizados na chave do
demais contados um
relé, que lembrando,
conector comum do tipo barra de na própria placa com auxílio de
tem 1 polo e 2 posições. Para os
pinos. Você pode utilizar soquetes parafusos e porcas. Veja que fo-
dissipadores de calor, utilize isola-
para os acopladores ópticos. Nos ram previstos esses furos adicio-
dor de mica e também pasta tér-
MOSFETs é recomendado o uso nais de fixação, assim os transisto-
mica para melhorar a área de con-
de dissipadores de calor peque- res Q3 e Q6 pode ficar deitados na
tato. Na PCB não estão inclusos os
nos e os mesmos podem ser fixos
capacitores C1 e C2, pois estes de-
vem preferencialmente estar sol-
dados nos próprios terminais dos
motores, o mais próximo possível.

Figura 6(a) – Face superior do cobre.

Figura 6(b) – Silkscreen dos componentes.

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Edição 0027, fevereiro, 2023
Validando o Projeto tudo funcionar como esperado, Conclusão
você já pode implementar algum
Para a comprovação de Esse projeto de ponte H
software a partir de um microcon-
funcionamento você poderá co- dupla com relés atende muito
trolador, incluindo o uso de
nectar inicialmente um motor no bem projetistas profissionais e até
PWMs para observar o controle
KRE M1, alimentar o circuito com mesmo aplicações para iniciantes.
de velocidade em cada um dos
as tensões indicadas, ligar inv1 em Independente do seu nível de co-
motores. Recomendo as milhares
GND e aplicar 5V na entrada nhecimento, você poderá imple-
de videoaulas disponíveis no You-
pwm1. O motor deve girar na má- mentar este circuito na prática
Tube WR Kits para desenvolver
xima intensidade. Depois conecta para adequar aos seus projetos,
seus projetos com microcontrola-
pwm1 em GND para observar a seguindo as orientações forneci-
dores, bem como nossos cursos
parada total do motor. Por fim, li- das ao longo do artigo. Se você
exclusivos:
gue o motor novamente, agora montar esta ponte H, poste uma
conectando inv1 em 5V, quando foto ou vídeo e me marque no Ins-
você deverá ouvir o som dos relés tagram (@wagnerrambo) e tam-
e observar visualmente a inversão bém @wrkits. Bons projetos!
de giro do motor. Repita todo o
procedimento para o motor 2. Se

Figura 7 – Protótipo da ponte H dupla com relés.

Qtd Ref. Componente Obs. Qtd. Ref. Componente Obs.


4 R1, R2, R5, R6 Resistor 2,2kΩ 1/4W 2 U1, U2 4N25 Acoplador óptico
2 R3, R7 Resistor 330kΩ 1/4W 4 RL1 até RL4 Relé 5V CP1CR 5 Terminais
2 R4, R8 Resistor 10kΩ 1/4W 4 - Conector KRE 2 Terminais
2 C1, C2 Capacitor 100nF Poliéster 63V 1 - Barra de pinos 11,2mm 180°
6 D1 até D6 1N4007 Diodo retificador 2 - Dissipador TO-220
4 Q1, Q2, Q4, Q5 BC337 Transistor NPN Diversos PCB, fios, cabos
2 Q3, Q6 IRF640 MOSFET canal N
Tabela 1 – Lista de Componentes Ponte H Dupla com Relés.

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Revista Eletrônica WR
Utilizando o DAC do ESP32
Dr. Eng. Wagner Rambo
Finalmente foi lançada a Espressif IDE onde seus recursos na Espressif IDE. Para o teste prático
poderemos trabalhar diretamente com a SDK da fa- vou utilizar o DevKitV1 e tudo o que precisamos fa-
bricante do ESP32 sem recorrer a malabarismos e zer é liga-lo na USB do computador e escolher um
longos processos de instalação e integração com al- dos canais do DAC. Veja na Figura 1, conectei o ca-
gum editor de códigos. Outra boa notícia é que con- nal do osciloscópio no GPIO25, que consiste no ca-
siste em uma IDE totalmente gratuita para o desen- nal 1 do DAC do ESP32.
volvimento de projetos com ESP-IDF baseada em
Utilizei a protoboard apenas para facilitar a
Eclipse, já contendo muitas bibliotecas que auxi-
conexão da garrinha jacaré do osciloscópio no GND
liam demais no momento em que vamos criar al-
do DevKitV1 (há um jumper para a barra de GND
gum projeto e aproveitar todos os recursos que sa-
que não está aparente na imagem, mas liga o GND
bemos que o ESP32 oferece. Baixe a versão mais
do ESP32 na linha de GND da protoboard). O ESP32
recente da Espressif IDE neste link ou escaneie o
apresenta um DAC de 8 bits, onde enviamos valo-
código QR abaixo:
res entre 0 a 255 que se traduzirão em tensões ana-
lógicas de 0V a 3,3V na saída. Esse valor de 8 bits
pode ser facilmente armazenado em uma variável
em nosso código.
Existem 3 modos de operação para o DAC
no ESP32:
O processo de instalação é realmente muito
simples, seguindo o tradicional next, next, next...
Então siga em frente e conclua a instalação. A Es-
pressif IDE também é leve e deve rodar em sua
máquina sem maiores dificuldades.
Ainda quer boas notícias? Pois bem, lança-
mos recentemente o curso ESP32 Profissional,
que utiliza a ESP-IDF para o desenvolvimento de
projetos, explorando muitas bibliotecas e recur-
sos como FreeRTOS, Tasks, Wifi e desenvolvi-
mento de hardware! Este curso no mês da pre-
sente edição da revista encontra-se em pré-
venda, com 50% de desconto, então corra e faça Figura 1 – Hardware para teste do DAC do ESP32.
logo a sua aquisição aqui:
- Utilização normal no modo de tensão direta, que
como mencionei você só precisa escrever um valor
entre 0 e 255 para gerar na saída tensões analógi-
cas proporcionais de 0V a 3,3V;
- Modo contínuo com DMA (acesso direto à memó-
No presente artigo você verá como é sim- ria), recurso bem útil quando desejamos aplicar
ples de se configurar o DAC (conversor digital ana- frequências mais elevadas;
lógico) de uma placa ESP32, uma vez que temos já
bibliotecas disponíveis para aproveitar todos os

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Edição 0027, fevereiro, 2023
- Gerador de onda cossenoidal já integrado no
ESP32.
Como este artigo é introdutório, vamos
abordar o uso normal do conversor, assim você
poderá executar diversos testes de forma rápida
e fácil, entendendo na prática como o DAC funci-
ona. Caso você tenha interesse em se aprofundar
no DAC do ESP32, recomendo a leitura da docu-
mentação disponível no site da Espressif:

O software completo para um teste inicial


do DAC pode ser visto no Box 1. Das linhas 16 a
23 utilizamos a diretiva #include para inserir algu-
mas bibliotecas que serão necessárias para o de-
senvolvimento. A biblioteca dac.h apresenta as
funções para trabalharmos com o conversor digi-
tal analógico. Na linha 28 você pode observar o
protótipo da função dac_val, que retorna o tipo
unsigned char (inteiro de 8 bits sem sinal) e re-
cebe um float (número real) como parâmetro. O
que a função faz é simplesmente converter o va-
lor de tensão de 0 a 3,3V no equivalente digital
de 0 a 255. Essa é a faixa retornada e que será
utilizada para gerar os sinais analógicos na saída
do ESP32.
Na linha 33 temos a função principal, que
na ESP-IDF é chamada de app_main. Há uma va-
riável local chamada value e declarada na linha
35, que utilizaremos para gerar uma rampa as-
cendente na saída do DAC, seu valor inicial é 0.
Na linha 37 utilizamos a função da Espressif IDE
chamada dac_output_enable que é responsável
por habilitar o canal do DAC que iremos utilizar.
O intuito é utilizar o canal 1 (GPIO25), por este
motivo passamos a macro DAC_CHANNEL_1
como parâmetro para a função. Após essa confi- Box 1 – Software completo para teste do DAC do ESP32.
guração só é necessário passar um valor de 8 bits
para a função dac_output_voltage. Observe na li- bits e nesse caso estamos enviando o retorno da
nha 39 o primeiro valor enviado. Selecionamos o função dac_val que está recebendo 1.0 como parâ-
canal 1 como primeiro parâmetro. O segundo parâ- metro. Portanto, o valor na saída do DAC será de
metro que a função aceita é o próprio valor de 8 1V. Aguardamos 1 segundo com a função
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Revista Eletrônica WR
vTaskDelay e enviamos 2V na saída do DAC (linha 255 × 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑠
𝑑𝑖𝑔𝑣𝑎𝑙 =
41). Por fim é enviado o valor de 3V (linha 43). Ca- 3,3
sualmente enviei valores de tensão inteiros, mas
Conforme explicado, essa função faz a con-
você poderá enviar por exemplo 1.5V, 2.7V, 3.3V,
versão do valor em ponto flutuante para o equiva-
etc. Utilize o ponto ao invés da vírgula.
lente inteiro, facilitando a utilização do DAC
Em resumo, ao inicializar o ESP32, a tensão quando queremos gerar níveis específicos de ten-
na saída GPIO25 inicia em 1V, depois terá 2V e de- são analógica na saída.
pois 3V, quando entra no loop infinito (linha 46).
E isso encerra os nossos testes iniciais do
Veja que estamos enviando o conteúdo de value
DAC do ESP32. Agora que você tem um software
para o DAC na linha 48 e após incrementando o
base, poderá fazer inúmeros testes e adaptações,
mesmo. Como se trata de uma variável de 8 bits
gerando formas de onda diversas. Como dica, você
sem sinal, o valor irá de 0 até 255, voltando para o
também pode aplicar esse sinal de saída em um cir-
zero. O ciclo se repete enquanto o ESP32 estiver li-
cuito amplificador para dar ganho de tensão e cor-
gado. Incrementamos a cada 10µs o conteúdo de
rente. Eu já apresentei uma videoaula demons-
value e escrevemos no DAC.
trando os primeiros passos com a Espressif IDE,
Esse procedimento irá gerar um sinal dente caso você não tenha conferido, acesse AQUI:
de serra na saída, que pode ser observado na Fi-
gura 2. Para encerrar temos o desenvolvimento da
função dac_val na linha 59. A função simplesmente
retorna o conteúdo digital, que é resultado da
equação

Figura 2 – Sinal dente de serra gerado pelo DAC do ESP32.

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Edição 0027, fevereiro, 2023
Casos de Oficina (EP25): Assistência Técnica da Phi-
lips
Pio Rambo
Em todo meu tempo de oficina, sempre op- os problemas de aparelhos novos que voltavam do
tei por trabalhar como autônomo. Assim sendo, cliente para a assistência técnica. Quanto a esque-
sempre fui um prestador de serviços e não, uma mários e manuais de serviço, praticamente tudo se
empresa. Esse sistema traz muitas vantagens por- encontrava na Esquemateca Aurora, a um preço
que os encargos não são tão pesados e pude sem- bem justo.
pre trabalhar do mesmo jeito.
E quando não se encontrava lá, algum co-
Claro que tem suas desvantagens, como lega assistente da marca emprestava o esquemário
não poder vender componentes. Mas, para mim para xerocopiar. E claro, também componentes es-
sempre foi muito irritante largar o fio da meada de pecíficos, colegas amigos requisitavam da empresa
um conserto, no meio da concentração, para ir ao pela assistência técnica suprindo minha necessi-
balcão e vender um resistor de dez centavos. dade.
Mesmo assim, não deixei de vender componentes
Aliás, tive a oportunidade de acompanhar
para muitos que têm a eletrônica por hobby, tam-
meu irmão num curso de conserto de um system
bém alunos de escolas de formação em eletrônica,
da Aiwa. A aula foi muito interessante e frutífera.
ou até para outros técnicos, que num aperto da
Deu para conhecer o aparelho completamente e
falta de algum componente, apelavam para mim.
aprender como ele funcionava e em que placa se
Do mesmo jeito como eu também apelava para
encontrava os componentes que comandavam
eles.
cada sistema, como toca CD, toca-fitas e sintoniza-
Porém, os componentes das listas eu jun- dor. Só que o primeiro aparelho desses que entrou
tava depois do expediente, ou entre um e outro para conserto em minha oficina foi três anos depois
conserto, para descontrair. Dessa maneira, vendi de ter feito o curso e a esta altura, tive que fazer
muitos componentes, tendo às vezes incluído pré- um estudo completo para redescobrir a localização
montagens de componentes delicados ou sensí- das partes do aparelho, tensões, comandos, enfim,
veis, porque o cliente temia danificá-lo no mo- redescobrir no esquemário como consertar o apa-
mento da montagem. E isso tudo dá dinheiro. relho.
Outra desvantagem por ser autônomo, é Durante meu tempo de oficina fui visitado
que não era possível se ter assistência técnica de por praticamente todas as marcas de aparelhos
alguma marca. E, devido aos cursos de conserto de para oferecerem parceria e meus argumentos sem-
aparelhos da marca, esquemários, componentes e pre fizeram a empresa entender que eu tinha mais
assistência remota, até certo ponto fazia falta. Até vantagens em trabalhar sem abraçar uma marca.
certo ponto! Porque era impossível ter assistência Só a Philips não.
técnica de todas as marcas existentes na época,
Um dia, eu havia acabado de abrir, quando
pois pagavam uma merreca por cada conserto, já
parou um carrão na frente da oficina e desceram
que o técnico só prestava o serviço e o resto do
dois caras. Um estava elegantemente vestido de
know-how vinha todo da marca.
terno e o outro mais simples. Só fiquei observando.
Muitas vezes em conversas com colegas da
Enquanto estavam vindo em direção a ofi-
profissão ficava sabendo que devido ao prazo esti-
cina que fica a quatro metros da calçada, o engra-
pulado pela empresa, passavam várias noites e ma-
vatado começou a gesticular dizendo:
drugadas enfurnados dentro da oficina, resolvendo
14
Revista Eletrônica WR
- Aqui têm que tirar todas estas folhagens e flores - Cara, como ousa entrar na minha oficina e dizer
e deixar tudo somente calçada. que vou pegar assistência técnica da Philips? Não
pego assistência de marca nenhuma porque não
E enquanto estavam entrando na oficina:
sou escravo para resolver os defeitos de seus apa-
- Vai ter que colocar uma porta mais larga de vidro relhos em vinte e quatro horas para ganhar centa-
nesta entrada, tem que por balcão novo e aqui vos pelo conserto.
neste espaço - apontou - vai ter que colocar uma
- Mas,
prateleira com acessórios a venda. Duas prateleiras
devem reservar para a Philips. E também tem que - Passe bem senhor! Não quero a assistência téc-
trocar toda a iluminação e... nica da Philips.
- Opa! Espera aí! - Atalhei. - Quem você pensa que O companheiro do engravatado baixou a ca-
é para entrar na minha oficina dizendo o que devo beça se rindo todo enquanto o engravatado, ver-
fazer para mudar a cara dela? melho que nem um pimentão disse que iriam ofe-
recer a marca para a oficina concorrente.
Ele, num olhar simpático, porém, prepo-
tente disse: Mais tarde fiquei sabendo que eu fui o úl-
timo da lista de técnicos visitados pelo engravatado
- Você vai pegar a assistência técnica da Philips e eu
e que ele saiu de minha cidade sem conseguir que
fui encarregado de orientar as mudanças para es-
prestasse assistência técnica para a marca.
tabelecer a marca em sua oficina.
Eu comecei a rir alto. Ria que chegava a con-
tagiar. Ele, sério, ficou esperando eu parar de rir.
Então eu disse:

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Edição 0027, fevereiro, 2023
Entenda um Amplificador de Potência a Válvula
Dr. Eng. Wagner Rambo
Muitos de nossos leitores têm o sonho de aplicado em amplificadores de potência (veremos
construir seu próprio amplificador a válvula, pen- logo mais nesse artigo). Uma válvula triodo apre-
sando nisso já apresentei o projeto detalhado de senta 3 terminais: catodo, grade e anodo. O anodo
um pré-amplificador valvulado em nossa edição de também é chamado de placa, eu particularmente
número 3 da Revista Eletrônica WR. Além disso, gosto de chamar assim. As válvulas VL1 e VL2 têm
você pode ver um circuito prático funcionando no suas placas conectadas ao transformador de saída,
YouTube WR Kits, clique AQUI ou escaneie o QR suas grades recebem o sinal e os seus catodos es-
code: tão ligados ao resistor R1 e ao capacitor C1. O ca-
pacitor C1 compensa e estabiliza a tensão de ca-
todo, que no caso da topologia da Figura 1 é atra-
vés de R1 e tensão de catodo que as válvulas são
polarizadas. VL1 conduzirá os semiciclos positivos
do sinal, enquanto VL2 é responsável por conduzir
os semiciclos negativos. Os sinais que você vê no
Chegou a hora de entendermos melhor
desenho, são representados por senoides que
como funciona uma etapa de potência em amplifi-
saem do circuito inversor de fase. Logo, na entrada
cadores valvulados e esse é o intuito do presente
do inversor de fase temos o sinal original, sendo
artigo. A ideia é trazer um panorama de funciona-
que o mesmo se encarrega de gerar uma cópia
mento geral buscando a total compreensão por
desse sinal defasada em 180°. O sinal original é apli-
parte de você leitor. Em artigos futuros,
poderemos apresentar metodologias de
projeto e também falar de outros seto-
res de um amplificador valvulado, como
o circuito inversor de fase, etapas de en-
trada e equalização. Se o assunto for do
seu interesse, pode mandar um e-mail
solicitando esses temas, ou mesmo me
dar um toque no Instagram (@wagner-
rambo).
A etapa de potência valvulada
mais usual é a que utiliza a configuração
push-pull, onde uma válvula é responsá-
vel por conduzir o semiciclo positivo do
sinal e a outra conduzirá o semiciclo ne-
gativo do sinal. Podem ser empregadas
válvulas triodo, tetrodo e pentodo nesse Figura 1 – Etapa de potência com válvulas triodo.
arranjo, desde que sejam válvulas de po-
tência. Na Figura 1 eu apresento um circuito típico
cado na grade de VL1 e o sinal defasado em 180° é
de etapa de potência com duas válvulas triodo,
aplicado na grade de VL2.
para que você comece a entender.
Um detalhe importante de se destacar é
A lógica será a mesma para válvulas tetrodo
que existem apenas válvulas que conduzem mais
e pentodo, sendo a última o tipo de válvula mais
quando temos tensão positiva entre grade e
16
Revista Eletrônica WR
catodo, elas têm uma lógica de comportamento um pouco mais a válvula pentodo, que como men-
que se assemelha aos MOSFETs canal N. É por isso cionado é a mais aplicada em amplificadores de po-
que ambas as válvulas conduzem mais com tensões tência. Veja na Figura 2 o símbolo esquemático tí-
entre grade e catodo positivas e daí a necessidade pico de uma válvula pentodo, com os terminais no-
de gerarmos essa cópia do sinal a 180°. Outra par- meados.
ticularidade das válvulas é o fato de sua impedân-
cia de saída ser alta, por isso que é necessário um
transformador na saída da etapa de potência. Ele
será responsável por casar a impedância com o
alto-falante. Com VL1 conduzindo, temos a cor-
rente circulando no sentido de +B, passando por
Figura 2 – Símbolo esquemático da válvula
VL1 e R1 e então chegando a GND (sentido conven- pentodo.
cional). O cone do alto-falante é empurrado para
fora nesse momento. Quando VL2 conduzir, a cor-
rente circula de +B, passa por VL2 e R1 para GND, Uma válvula triodo apresenta capacitâncias
quando o cone do alto-falante é puxado para den- parasitas entre os seus terminais, esse é o motivo
tro. Como sabemos, o vai-e-vem do cone produz o pelo qual a válvula tetrodo foi desenvolvida, adici-
som que escutamos. O +B é simplesmente a tensão onando-se uma grade a mais, conhecida como
da fonte de alimentação do amplificador, é comum grade de blindagem, justamente para reduzir essas
você encontrar essa representação em circuitos an- capacitâncias, afinal sabemos que capacitores em
tigos e valvulados, ao invés de +V, +Vcc, etc. série têm a capacitância equivalente reduzida. Um
problema que surgiu nesse procedimento foi a
Podemos trabalhar em Classe A, B e tam- perda de linearidade, pelo fato da grade de blinda-
bém AB nesta topologia, dependendo apenas da gem prejudicar ligeiramente a condução de elé-
polarização das válvulas. Isso pode ser realizado trons. Para desacelerar os elétrons e recuperar a li-
através de R1 e da modificação da tensão de ca- nearidade, foi inserida mais uma grade, chamada
todo, bem como através de uma tensão negativa de grade supressora.
aplicada nas grades. Em Classe A, haverá corrente
circulando no primário de TR1 mesmo com ausên- Em resumo, sem contar o filamento da vál-
cia de sinal de entrada. No entanto, como a mesma vula, o pentodo apresenta 5 terminais: placa, ca-
corrente circulará pelas válvulas, os campos se anu- todo, grade 1 (controle), grade 2 (blindagem) e
lam no primário do transformador. Relembrando grade 3 (supressora). Na grade 1 aplicamos o sinal
que em Classe A temos a melhor fidelidade e linea- propriamente dito, semelhante ao funcionamento
ridade possível, pois as válvulas conduzirão os 360° da válvula triodo. A grade 2 é polarizada com uma
do sinal, mas perdemos bastante eficiência. Na to- tensão ligeiramente inferior à tensão de placa. A
pologia Classe B cada válvula conduz apenas 180° grade 3 geralmente é ligada direto no catodo. Há
do sinal e isso introduz distorção no sistema. Como modelos que o terminal de grade 3 não está dispo-
vantagem há o aumento da eficiência. Quando nível, já sendo ligado internamente ao catodo, mas
queremos aliar fidelidade com eficiência, utiliza- há alguns em que o fabricante disponibiliza esse
mos a Classe AB, caso em que cada válvula conduz terminal para o usuário. Agora veja uma topologia
acima dos 180°, em geral é em torno de 210° do típica de amplificador de potência utilizando duas
sinal. Isso elimina grande parte da distorção e nos válvulas pentodo na Figura 3.
dá mais eficiência, viabilizando projetos com maior Novamente precisamos aplicar o sinal de
potência. áudio em VL1 e uma cópia com defasagem de 180°
Agora que compreendemos a essência de em VL2. Os resistores R1 a R4 polarizam a grade das
uma etapa de potência valvulada, vamos estudar

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Edição 0027, fevereiro, 2023
com valores de
componentes
caso algum dia
queira se aventu-
rar no mundo das
válvulas. Sugiro
utilizar as válvu-
las EL34 no pro-
jeto.
Perceba
que a polarização
das válvulas não
é feita mais pelos
Figura 3 – Amplificador de potência com transformador ultra linear. catodos, pois os
mesmos estão li-
válvulas. Atuando em R5 definimos a Classe de ope- gados direta-
ração do circuito através da tensão de catodo. Ge- mente no GND do circuito. Agora utilizamos uma
rando uma tensão em torno de -36V entre grade e tensão negativa aplicada nas grades de controle
catodo teremos a operação em Classe AB, que é a das válvulas para a polarização. Para trabalhar em
mais utilizada por aliar eficiência e fidelidade. Este Classe AB você deve desenvolver uma fonte nega-
circuito contém um transformador com 5 tap’s no tiva de -36V. É interessante utilizar algum artifício
primário. Os fios mais internos terão uma tensão que lhe permita o ajuste fino dessa tensão através
um pouco inferior à tensão de +B e vão polarizar as de um trimpot por exemplo, assim poderá calibrar
grades supressoras dos pentodos. Como os enrola- o bias na prática com maior facilidade. Com isso,
mentos apresentam características de realimenta- VL1 e VL2 não precisam necessariamente estar ca-
ção, esse método garante que o circuito vai operar sadas como demonstrado na topologia anterior e
de forma ainda mais linear, porém haverá menor sua fonte de alimentação é menos crítica.
ganho. As válvulas
devem ser casadas
(mesmo fabri-
cante, preferenci-
almente mesmo
lote) e a fonte de
alimentação de-
verá ter uma ótima
estabilidade.
Outro am-
plificador de po-
tência muito co-
mum de se encon-
trar em circuitos
comerciais é o
apresentado na Fi-
gura 4, esse eu
Figura 4 – Amplificador de potência com EL34.
apresento a você

18
Revista Eletrônica WR
O transformador de saída faz o casamento - Maior estabilidade do ganho, que tende a variar
de impedância entre as placas das válvulas e o alto- menos a partir da temperatura e tolerância de
falante. Solicite ao fabricante que desenvolva um componentes;
transformador para áudio, com impedância de en-
- Menor ruído, atenuando sinais indesejáveis que
podem ser gerados no circuito
ou no meio externo;
- Aumento de banda do amplifi-
cador, que poderá amplificar si-
nais em uma faixa de frequên-
cia maior.
Como desvantagem da reali-
mentação negativa, podemos
destacar a diminuição no ganho
do amplificador, mas as vanta-
gens supracitadas acabam com-
pensando esse ponto fraco. Na
Figura 5 você pode ver um
exemplo de malha de realimen-
tação.
O ponto de feedback é
Figura 5 – Amplificador com malha de realimentação.
conectado ao pré-amplificador
fechando assim a malha do cir-
trada de 5𝑘Ω e de saída conforme o seu alto-fa-
cuito. Também devemos conectar o GND no nega-
lante, geralmente 8Ω. A potência deve ser compa-
tivo do alto-falante. Futuramente pretendo reto-
tível com o amplificador, no caso sugiro 50𝑉𝐴. As
mar o tópico sobre válvulas demonstrando outros
grades de blindagem serão polarizadas através dos
circuitos, tais como o inversor de fase. Para quem
resistores R5 e R6 a partir de uma tensão inferior à
quer se aprofundar ainda mais recomendo o curso
tensão da fonte principal. Você pode obter essa
de Áudio e Amplificadores Profissionais, disponível
tensão inferior com o projeto de um filtro 𝜋. Na
AQUI:
parte inferior do circuito também representei o fi-
lamento de cada válvula, que deve ser alimentado
com 6,3V e cada um consome 1,5V. Por este mo-
tivo, utilize uma fonte de no mínimo 3A de cor-
rente. Você pode alimentar um filamento com AC
ou DC, representei em AC pois geralmente utiliza-
mos um enrolamento adicional de secundário com
estas essas características para suprir os filamen-
tos.
Também é algo bastante recorrendo utili-
zarmos uma malha de realimentação, que traz al-
gumas vantagens:

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Edição 0027, fevereiro, 2023
Hello, World! com o STM32
Esp. Eng. Gabriel Vigiano
Introdução: Alguns exemplos de como implementar o "Hello,
world!" em um microcontrolador podem ser utili-
Nos artigos passados da Revista WR de-
zados através periféricos de hardware, como porta
monstramos recursos intermediários e avançados
serial, USB entre outros, ou mesmo um simples
utilizando os microcontroladores STM32. Neste
pisca LED. A IDE de desenvolvimento que utilizare-
trabalho vamos abordar como imprimir um simples
mos neste exemplo será o STM32CubeIDE, ambi-
“Hello, world!” visando uma abordagem inicial de
ente gratuito desenvolvido pela própria STMicroe-
aprendizagem e estudo destas fantásticas famílias
lectronics, fabricante dos microcontroladores
de MCUs.
STM32.
Mas afinal o que é o “Hello, world!?”:
Placas de desenvolvimento “Nucleo Board” e “Dis-
O “Hello, world!” é geralmente o primeiro covery Kits” para STM32:
programa que os iniciantes em programação
Kits de desenvolvimento para microcontro-
aprendem a escrever em uma nova linguagem ou
lador é um conjunto de ferramentas que ajuda os
sistema. Depois de ter escrito e executado este
programa básico, o pro-
gramador pode prosse-
guir para programas
mais complexos e desa-
fiadores.
O propósito
principal é escrever
uma linha de código
que exiba a mensagem
"Hello, world!" (ou
"Olá, mundo!" em por-
tuguês) na tela do com-
putador. Embora pa- Figura 1 – Kit de Desenvolvimento NUCLEO-F767ZI.
reça muito simples,
este programa é útil porque ele testa se a lingua-
gem de programação está instalada e configurada desenvolvedores a projetar, desenvolver e depurar
corretamente, assim verifica se o programador aplicativos que usam microcontroladores. Um kit
pode compilar e executar o código sem problemas. típico inclui uma placa de circuito impresso (PCB)
contendo o microcontrolador, bem como outros
Para realizar o “Hello, world!” nos micro- componentes como sensores, atuadores, circuitos
controladores o processo é similar, contudo deve- de interface e dispositivos de comunicação.
mos definir os periféricos de testes, uma vez que
estes dispositivos possuem sua interface em Especificamente para os microcontrolado-
hardware e não necessariamente ligadas a um res STM32 os kits mais populares são conhecidos
computador. como “Nucleo Board” e “Discovery Kits”.

Existem várias maneiras de implementar A “Nucleo Board” é um kit de desenvolvi-


um “Hello, world!” dependendo do microcontrola- mento de baixo custo que oferece uma plataforma
dor e do ambiente de desenvolvimento utilizado. flexível para desenvolvimento de projetos com

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Revista Eletrônica WR
microcontroladores STM32 da ST. Ele vem com Uma das grandes vantagens destes Kits é
uma placa de desenvolvimento com microcontro- que eles necessitam apenas de um cabo USB para
lador, bem como um conjunto de recursos que in- conexão e acesso dos recursos de debugger, e nas
cluem uma interface ST-LINK para
programação e depuração, além de
um conector de expansão compatí-
vel com Arduino. O Discovery Kit é
outro kit de desenvolvimento da
ST, mas com recursos mais avança-
dos. Ele inclui uma placa de desen-
volvimento com microcontrolador,
bem como recursos adicionais,
Figura 2 – Porta Virtual Reconhecida Kit “Nucleo Board”.
como sensores, atuadores, displays
e outros recursos que permitem placas “Nucleos Board” especificamente, podemos
que os desenvolvedores construam protótipos ainda acessar uma porta de comunicação serial vir-
mais complexos. O Discovery Kit também inclui tual conforme demonstrado na Figura 2. Após rea-
uma interface de depuração integrada, tornando lizar o a conexão do Kit ao computador, observa-
mais fácil para os desenvolvedores testarem seus mos inicialmente qual porta virtual o mesmo foi re-
sistemas. conhecido acessando o “gerenciador de dispositi-
Realizando um “Hello, world!” com o Kit NUCLEO- vos” do Windows.
F767ZI: O próximo passo consiste em verificar atra-
Para a demonstração prática que será apre- vés do esquemático de referência do Kit de desen-
sentada neste artigo utilizaremos especificamente volvimento, NUCLEO-F767ZI, quais os pinos de co-
o Kit de desenvolvimento “NUCLEO-F767ZI” que municação serial para recepção e transmissão (Rx
possui o microcontrolador STM32F767ZI, um dis- e Tx) estão conectados fisicamente ao ST-LINK. O
positivo ARM-Cortex M7, para as famílias de alto esquemático de referência pode ser baixado gra-
desempenho, contudo esse mesmo exemplo pode tuitamente através do site da STMicroelectronics:
ser replicado em outras famílias utilizando os mes-
mos passos apresentados neste trabalho.
Nosso objetivo é através deste Kit de desen-
volvimento imprimir um “Hello, world!” através da
porta serial virtual e verificarmos através de um
terminal nossa resposta. De fato, existem outras A Figura 3 demonstra os pinos PD8 e PD9
formas para impressão utilizando recursos de de- conectados a recepção (Rx) e transmissão (Tx) res-
bugger como por exemplo o ITM, “Instrumentação pectivamente do STLINK, este é basicamente o
de Rastreamento de Macro” (em inglês, “Instru- meio físico que devemos configurar para acesso à
mentation Trace Macrocell”), que é um recurso dis- porta virtual COM4 neste exemplo.
ponível em muitos microcontroladores STM32 da
STMicroelectronics. O ITM basi-
camente permite aos desenvol-
vedores rastrear o comporta-
mento do sistema em tempo
real. Este será um assunto para
Figura 3 – Pinos de Conexão USART3_RX_TX STLINK.
artigos futuros na Revista WR.

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Edição 0027, fevereiro, 2023
possível realizar o teste através de
qualquer terminal serial, neste
exemple utilizaremos o “Termite da
CompuPhase” que pode ser baixado
gratuitamente e encontrado através
Figura 4 – Configuração Básica Comunicação Serial (STM32CubeIDE). dos mecanismos online de busca.
A partir deste momento já temos as infor- É importante que as configurações realiza-
mações básicas para criação do nosso projeto, por- das na IDE de desenvolvimento do projeto e o ter-
tanto sequencialmente configuramos na IDE de de- minal serial tenham as mesmas configurações de
senvolvimento a porta de comunicação USART3 Porta, Baud rate, Stop bits e Paridade. Hora de tes-
com os pinos PD8 e PD9 respectivamente. tarmos o nosso “Hello, world!” no terminal serial.

Conclusão:
Neste artigo estuda-
mos sobre o famoso
“Hello, world!” que é utili-
zado para realização de
testes de um novo sis-
Figura 5 – Código “Hello, world!” Enviado Pela Serial. tema ou linguagem de
programação. Vimos que
esta prática também é válida e aplicável em micro-
O processo final consiste na implementação controladores.
do código em questão, para isso utilizamos os DRI-
VERS HAL inclusos na IDE que permite um rápido e Utilizando os Kits de desenvolvimento po-
fácil acesso dos comandos dos diversos periféricos demos facilmente testar esta funcionalidade atra-
do STM32 incluindo também a comunicação serial vés do STM32CubeIDE e um terminal virtual serial
(USART). O código é demonstrado na Figura 5. validando assim o funcionamento do dispositivo
em questão. Nas edições futuras da Revista WR va-
Após a compilação e gravação do código, mos abordar com mais detalhes este recurso e
tudo pronto para teste do “Hello, world!”. É também a comunicação serial.

Figura 7 – Impressão “Hello, world!” com STM32


(NUCLEO-F767ZI).
Figura 6 – Configuração Terminal Serial (Termite).

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Revista Eletrônica WR
Fonte Simétrica com Transformador
Dr. Eng. Wagner Rambo
Em muitos projetos vemos a necessidade de secundário e corrente necessária para o nosso pro-
utilizar uma fonte simétrica. Se você está iniciando jeto. Sabemos que
e não quer investir em um modelo comercial, este
𝑉𝑅𝐼𝑃𝑃𝐿𝐸
𝑉𝐷𝐶 + 𝑉𝐷 + (
circuito vai lhe atender muito bem e servirá para
𝑉𝐴𝐶 = 2 )
testes de projetos com amplificadores, opamps e √2
quaisquer outros que necessitem de uma fonte si-
A tensão 𝑉𝐷𝐶 são os 20𝑉 que precisamos,
métrica. Vamos supor que você precisa acionar
𝑉𝐷 é a queda de tensão em diodos de silício provo-
uma carga que terá o consumo de 40𝑊 e precisa
cada pela nossa ponte retificadora (em média
de ±20𝑉 para funcionar, conforme ilustrado na Fi-
0,7𝑉) e também vamos considerar metade da ten-
gura 1. A corrente será de 1𝐴 por canal, pois
são de ripple em nosso cálculo, que para o projeto
𝑉𝑂𝑈𝑇 = 20 + 20 = 40𝑉, então
arbitrei o valor de 800𝑚𝑉. Substituindo os valores
𝑃𝑂𝑈𝑇 40 teremos
𝐼𝑂𝑈𝑇 = = = 1𝐴
𝑉𝑂𝑈𝑇 40
0,8
20 + 0,7 + ( 2 )
O projeto foi realizado para obtermos uma 𝑉𝐴𝐶 = = 14,92𝑉𝐴𝐶
fonte de ±20𝑉 com até 1𝐴 de corrente, mas se- √2
guindo algumas dicas de projeto fornecidas nesse
artigo, você terá
condições de proje-
tar fontes com ou-
tras características.
A topologia que ire-
mos utilizar precisa
de um transforma-
dor com center tap
e uma única ponte
de diodos. Também
vamos precisar de
capacitores para fil-
tragem da tensão
Figura 1 – Carga que será de ondulação. Veja
alimentada com a fonte si- na Figura 2 a fonte
métrica. que iremos proje-
tar. No primário do
transformador vamos inserir uma chave de sele-
ção conforme a rede local, chave liga/desliga e fu-
sível. No secundário, a terminação central será
nossa referência e vamos assim gerar as tensões Figura 2 – Topologia da fonte simétrica a ser projetada.
simétricas a partir da ponte retificadora e dos ca-
pacitores.
Começamos o projeto dimensionando o
transformador. Vamos calcular a tensão AC de

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Edição 0027, fevereiro, 2023
O valor comercial mais próximo é de 15𝑉𝐴𝐶 . Outra dica é usar dois capacitores de 6800𝜇𝐹 em
A razão entre a potência de saída e a tensão do se- paralelo, assim o ripple será menor.
cundário total, será a corrente de secundário do
A corrente para o fusível de entrada é calcu-
transformador. A tensão de secundário total é a
lada com a equação
soma dos 2 enrolamentos de 15𝑉𝐴𝐶 , ou seja,
30𝑉𝐴𝐶 . A corrente de secundário necessária para 𝑃𝑂𝑈𝑇 40
𝐼𝐹𝑈𝑆𝐸 = = = 315𝑚𝐴
suprir uma carga de 40𝑊 será 𝑉𝐼𝑁 127
𝑃𝑂𝑈𝑇 40 Consideramos a potência de saída (que será
𝐼𝑆𝐸𝐶 = = = 1,33𝐴
𝑉𝑆𝐸𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 30 muito próxima da potência no primário do trans-
formador) e o pior caso, para a tensão de 127𝑉𝐴𝐶 .
Então, um transformador comercial com
Um fusível comercial de 500𝑚𝐴 irá proteger corre-
15 + 15𝑉𝐴𝐶 por 1,5𝐴 será o suficiente para suprir a
tamente o circuito. Na Figura 3 temos a fonte simé-
nossa carga.
trica totalmente projetada, onde também é possí-
Os capacitores devem ser dimensionados vel verificar a chave de seleção para tensão con-
de acordo com a frequência da rede elétrica (60𝐻𝑧 forme a rede local, bem como a adição dos capaci-
no Brasil), o valor máximo de ripple desejado e a tores de 100𝑛𝐹 que têm como objetivo filtrar altas
corrente máxima de saída frequências. A ponte de diodos utilizada foi a W08G
para 1,5𝐴.
𝐼𝑂𝑈𝑇
𝐶=
2𝑓𝑉𝑅𝐼𝑃𝑃𝐿𝐸 Com esse passo a passo você pode projetar
fontes simétricas de diversas características que
1
𝐶= = 10416𝜇𝐹 poderão atender muito bem os seus projetos. Uma
2 × 60 × 0,8
dica interessante é utilizar a série 78xx e 79xx ob-
Podemos usar um capacitor de 10000𝜇𝐹 tendo assim uma fonte simétrica estabilizada. Se
em paralelo com 470𝜇𝐹 para atingir o valor teórico utilizar o 7815 e o 7915 na saída da fonte da Figura
calculado. Mas você pode usar apenas o de 3 por exemplo, você terá uma fonte de ±15𝑉 1𝐴
10000𝜇𝐹 e tolerar um ripple um pouco maior. para o desenvolvimento e teste de projetos com
amplificadores operacionais.

Figura 3 – Fonte simétrica completa ±20𝑉 1𝐴.

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