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Kether - Coroa
Essa passagem, por sua vez, se apóia no versículo de Isaías 26,19, que diz:
"Despertai, cantai, habitantes do pó, porque vosso orvalho é um orvalho de
luz".
Desse modo, toda passagem da morte ou ignorância à vida ou sabedoria se
faz por intermédio desse orvalho de luz quando entra em contato com a
primeira sefirá ou Kether, a Coroa, sobre a qual oscila a Luz-Sem-Fim, o Ain
Sof da Cabala.
Como em quase todas as tradições o orvalho está associado à graça e à
imortalidade — Lie Tsé conta que os Imortais da ilha Ho-che se alimentam
de ar e de orvalho, e Lao Tsé, por seu turno, vê no orvalho o sinal da
amorosa união do céu e da terra — e como aparece ligado por sutis laços
aquáticos ao que Plínio chamava "saliva dos astros", brota dele um
relâmpago que desde a abóbada celeste passa à abóbada craniana para
vibrar na fontanela maior ou bregmática e, mediante a experiência que os
místicos denominam "dom das lágrimas", acabar convertendo o salgado em
doce, a dor em alegria, o sono em despertar.
No Gênesis, 49, 11, fala-se do "sangue das uvas", „dam anabim‟, e este é o
primeiro antecedente metafórico à associação vinho/sangue.
Quase todas as religiões antigas consideravam o sangue como sede da vida,
e como na tradição hebraica a vida pertence a Deus, derramar sangue é
mostrar parte de seu poder.
Por outro lado, Adam, o "homem", é também adom, a cor "vermelha", e a
partícula „dam‟ alude ao "sangue".
Se ocorre — tal como vemos na celebração da Eucaristia — que o Filho do
Homem se parte, se divide para dar-se, é pela revelação do que contém seu
"sangue", „dam‟, que se tem acesso ao resplendor do álef [], letra que
simboliza a infinitude do Criador.
Continua
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