Os Estudantes da Bíblia NC Edição n.

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A NOVA CRIATURA
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” — 2 Cor. 5:17

Parábolas e enigmas
“E ele lhes disse: A vós é con ado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por
parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se
convertam e sejam perdoados.” — Marcos 4:11-12

Jesus costumava usar lições simbólicas para poder purificador da verdade. A palavra
ensinar verdades importantes aos seus “fogo” em 1 Pedro 1:7 tem o significado
discípulos, mas que também serviram para simbólico de purificação: “A prova da vossa
esconder essas verdades daqueles que não fé, sendo muito mais preciosa do que o ouro
estavam totalmente comprometidos como que perece, mesmo que provado com fogo…”
discípulos. “O homem natural não recebe as Esse mesmo simbolismo também
coisas do Espírito de Deus: pois para ele são encontramos em Malaquias 3:2. “Porque ele é
loucura... porque são discernidas como o fogo do refinador e como o sabão dos
espiritualmente.” (1 Cor. 2:14) Jesus, lavandeiros. E ele se assentará como
portanto, falou em refinador e purificador de
parábolas e enigmas com prata; e ele purificará os
o duplo propósito de filhos de Levi, e os
esconder o seu purgará como ouro e
significado da mente como prata, para que
mundana e, ao mesmo eles possam oferecer a
tempo, de tornar a Jeová uma oferta em
verdade clara e razoável justiça.”
aos de mente humilde e
ensinável. Jesus afirmou ser “o pão
da vida”, e disse: “Se não
Ilustrações são uma comerdes a carne do
ferramenta de ensino Filho do Homem e não
beberdes o seu sangue,
Se quisermos fazer um não tereis vida em vós.”
estudo eficaz da Bíblia, Esses eram dizeres muito
precisamos discernir duros, que, se tomados ao
entre os significados pé da letra, seriam
literais e simbólicos. As chocantes. De fato,
lições da Palavra de Deus muitos dos discípulos de
ficam muito mais claras Jesus o abandonaram
quando a linguagem simbólica é devidamente naquela ocasião, porque não conseguiam
compreendida. Considere as palavras “água”, compreender a lição por detrás da linguagem
“fogo”, “carne” e “sangue”, por exemplo. simbólica — faltava-lhes a fé sincera. (João
6:53, 66) Comer a carne de Jesus é para
Se considerarmos a palavra “água” em Efésios ilustrar que a pessoa se apropria dos méritos
5:26, 27 como sendo água literal, não faria do sacrifício de resgate. Beber o seu sangue é
sentido: “Cristo também amou a Igreja e para mostrar a participação no sacrifício da
entregou-se por ela, para a santificar, tendo- sua vida. “Porque a vós vos foi concedido, em
a purificado pela lavagem da água com a relação a Cristo, não somente crer nele, mas
palavra.” Para fazer sentido, precisamos também sofrer por ele.” — Flp. 1:29
compreender que a água é um símbolo do

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Negar que Deus usou linguagem figurativa
para ajudar seus filhos a entender seus planos
e propósitos com mais clareza é se afastar de
um dos mais belos meios de comunhão com
ele. “O homem sábio ouvirá e aumentará o
aprendizado; e o homem de entendimento
alcançará sábios conselhos; para entender
um provérbio e sua interpretação; as
palavras dos sábios e seus enigmas.” — Pro.
1:5, 6
A parábola do trigo e da palha —
Mateus 3:11, 12
Na época do primeiro advento de Jesus, houve
uma colheita da Era Judaica que se aplicava
apenas à nação de Israel. João Batista referiu-
se àquela Era como um tempo de separação
do trigo da palha. “Eu vos batizo com água
para arrependimento, mas aquele que vem
depois de mim... recolherá o seu trigo no
celeiro, mas queimará a palha.”
Por mais de mil e seiscentos anos o Pacto da
Lei estava em operação entre Deus e Israel.
Sob ela, foram disciplinados e instruídos.
Jesus veio se oferecer como Rei aos judeus e
torná-los seus coerdeiros no Reino de seu Pai.
No fim da Era Judaica, portanto, esse povo
deveria estar preparado para aceitar o Messias
deles. Assim, depois que nosso Senhor se
apresentou a eles, começou a fazer uma
colheita entre seus irmãos judeus. A classe do
trigo eram crentes sinceros e a palha eram
aqueles que rejeitavam o Messias.
Se houvesse um número suficiente de judeus
em prontidão de coração para receber a
mensagem do Evangelho no primeiro advento
de Jesus, toda a classe da Igreja teria sido
escolhida a partir dessa única nação, e não
teria sido necessário estender o chamado de
Deus aos gentios na Era Cristã. No entanto, o
Senhor sabia que Israel não estaria pronto
para o receber, e, rejeitando essa nação, abriu
a porta do chamado celestial a indivíduos
judeus e gentios que eram dignos.
A parábola do homem rico e Lázaro —
Lucas 16:19-31
A compreensão da parábola do trigo e da
palha nos ajuda a compreender
adequadamente esta outra parábola: “Havia
um certo homem rico, que se vestia de
púrpura e de linho finíssimo, alegrando-se
diariamente no seu luxo; e havia um certo
mendigo, chamado Lázaro, que foi colocado
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em seu portão, cheio de feridas, e desejava
ser alimentado com as migalhas que caíam
da mesa do rico; além disso cães vinham
lamber-lhe as feridas. E aconteceu que o
mendigo morreu e foi levado pelos anjos
para o seio de Abraão; e o homem rico
também morreu e foi sepultado. E, no
inferno, ele ergueu os olhos, estando em
tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro no
seu seio.” — Luc. 16:19-31, BKJF
Muitos cristãos concluem que essa parábola é
uma afirmação literal e usam-na para provar a
doutrina do tormento eterno. Contudo, para
considerarmos essa parábola como uma
afirmação literal, teríamos de concluir que
Lázaro foi abençoado, não porque era cheio de
fé, mas simplesmente porque era pobre e
doente, implicando que apenas os pobres e
doentes serão salvos. Nesse caso, o seio de
Abraão seria um lugar literal onde os bilhões
de pobres da Terra residiriam.
Como lição simbólica, porém, torna-se muito
mais razoável. No símbolo, Abraão
representava Deus e sua promessa de que a
semente de Abraão abençoaria todas as
famílias da Terra. (Gên. 22:18) O homem rico
representava a nação judaica que havia
herdado essa promessa por meio de Isaque e
Jacó e depois os doze filhos de Jacó — Israel.
Romanos 3:2 afirma que os judeus usufruíam
de grandes vantagens “sob todos os aspectos:
Principalmente, porque, foram-lhes
confiados os oráculos de Deus.” Assim, eles
tinham “se alegrado no seu luxo” como
recebedores especiais dos favores de Deus.
Eram uma nação real e santa, representada
pelo homem rico vestido de púrpura e linho
fino — um símbolo da justiça.
Lázaro retratava não só os publicanos e
pecadores de Israel afastados de Deus, mas
também os gentios sedentos da verdade que
estavam buscando a Deus. No tempo de Jesus,
esses eram proscritos do favor divino sob a
Lei. Eles tinham fome de justiça — no portão
do homem rico. A parábola afirma que tinham
a companhia de cães. Os cães eram
considerados como criaturas detestáveis, e os
judeus tipicamente limpos chamavam os
gentios forasteiros de cães. As palavras de
Jesus para a mulher siro-fenícia fornecem a
chave para a compreensão desse símbolo:
“Não é bom tomar o pão dos filhos [israelitas]
e lançá-lo aos cães [gentios]. E ela disse:
Verdade, Senhor; ainda assim, os cães
comem das migalhas que caem da mesa dos
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seus senhores.” (Mat. 15:26.27) Jesus curou a
sua filha, dando-lhe assim a desejada migalha
de favor.
Após a morte de Jesus, veio uma grande
mudança dispensacional na história de Israel
quando, como nação, rejeitaram e
crucificaram o Filho de Deus. Então, a
promessa da realeza deixou de ser deles, e o
Reino foi tirado de Israel para ser dado a um
povo que produzia frutos. (1 Ped. 2:9; Mat.
21:43) Assim, o homem rico morreu para
todos os favores especiais e logo depois ele (a
nação judaica) se viu numa condição de
castigo — em tribulação e aflição. Lázaro
também morreu, representando que a
condição dos gentios e dos excluídos de Israel
que buscavam a Deus passou por uma grande
mudança, sendo levado pelos anjos (grego:
mensageiros — os Apóstolos) ao que é
simbolizado pelo seio de Abraão. Esses
tornaram-se herdeiros de todas as promessas
feitas a Abraão: “se vós sois de Cristo, então
sois a semente de Abraão, e herdeiros de
acordo com a promessa.” — Gál. 3:29
“No inferno [grego: hades — o túmulo], ele
ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu
ao longe Abraão...” Isso ilustra que grandes
sofrimentos seriam acrescentados aos judeus
após a sua dissolução nacional, e que eles
suplicariam em vão por alívio às mãos da
classe anteriormente desprezada de Lázaro.
Durante dois mil anos os judeus foram
incessantemente perseguidos por todas as
classes, incluindo os cristãos professos. Essa é
uma referência à queima da palha da parábola
anterior — o grande período de tribulações
com que a Era Judaica terminou.
A parábola do trigo e do joio — Mateus
13:24-30, 36-43
Essa parábola toca na lição anterior. Refere-se
à Era Cristã, quando Jesus já não restringia
seu chamado apenas à nação judaica, mas
enviava seus discípulos aos gentios que
tinham sido apartados e estrangeiros. Jesus,
através dos Apóstolos, semeou a boa semente
no seu campo. Mas enquanto os homens
dormiam [os Apóstolos] — durante a noite da
Idade das Trevas, o inimigo encheu o campo
de trigo com joio — ervas daninhas. Como
resultado, o campo parecia muito próspero,
embora, na realidade, o joio, que se parecia
muito com o trigo, tivesse um efeito
desastroso — asfixiando, enredando o trigo e
minando os nutrientes do solo. A Bíblia dá a
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entender que o joio ficou tão entrelaçado com
o trigo que tê-lo arrancado teria trazido
destruição ao trigo. Daí a ordem de que ambos
deveriam crescer juntos até à Colheita — o fim
completo da Era Cristã. “A Colheita é o fim da
Era” — versículo 39.
A maioria dos cristãos hoje concorda que
estamos vivendo no fim dos tempos, e isso
significa um tempo de separação. A classe do
joio procura comprometer-se com o mundo,
tornando a verdade e a justiça relativas à
sociedade em que vivem. Os cristãos sinceros
lamentam que sua adoração muitas vezes tem
sido ofuscada por uma atmosfera mundana e
comercial. Admitem que há uma triste falta de
espiritualidade entre os membros de sua
igreja e muito pouco ensino doutrinário do
púlpito. Além disso, há cada vez mais pedidos
flagrantes de dinheiro. As estatísticas também
atestam que há muita imoralidade nas igrejas.
Segundo a revista Christianity Today, “um
em cada dez ministros teve casos com
membros de suas congregações e cerca de um
em cada quatro teve algum tipo de contato
sexual com paroquianos”.
Ao longo da Era Cristã, o joio tem sido
continuamente ajuntado em seitas,
denominações, organizações e cultos cada vez
mais estritos. (Versículo 30) esta pressão para
se conformar aos padrões impostos, a
amarração em feixes, continuará até a hora
em que o fogo da provação testará a obra de
cada um. (1 Cor. 3:13-15) Observe que é a obra
que será simbolicamente queimada e não a
pessoa. A promessa para a classe do trigo,
aqueles cuja obra foi provada no fogo como
ouro que não perece, é que Cristo trará o
alimento da verdade para suas almas
famintas. Aqueles que são sinceros em seu
amor a Deus, horrorizados com o
mundanismo que permeia suas
denominações, sentem-se compelidos a se
separar. Isso nos leva à lição da próxima
parábola.
A parábola do fermento — Mateus 13:33
Jesus escolheu o fermento para ilustrar a
influência corrompedora que viria sobre sua
recém-criada Igreja. “O Reino dos céus é
semelhante ao fermento que uma mulher
tomou e misturou em três medidas de
farinha, até que tudo ficasse levedado.”
Observe a explicação de Jesus sobre o
fermento em Mateus 16:6-12. “Cuidai-vos e
guardai-vos do fermento dos fariseus e dos
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saduceus.” Jesus advertiu que o fermento é a
influência corruptora de doutrinas errôneas.
1 Coríntios 5:6-8 esclarece as três medidas de
farinha. “Não sabeis que um pouco de
fermento leveda toda a massa? Expurgai,
pois, o fermento velho... Portanto, celebremos
a festa, não com o fermento velho, nem com o
fermento da malícia e da maldade; mas com
os pães ázimos da sinceridade e da verdade.”
Assim como o fermento adicionado à massa
do pão permeia toda a massa, assim seria com
a Igreja de Cristo — o alimento de toda a
família da fé se corrompe pelo fermento da
insinceridade e do erro.
Nessa parábola, o Reino dos céus representa a
Igreja da Era Evangélica em seu estado puro,
antes que a influência corruptora do orgulho,
egoísmo, insinceridade e erro se espalhasse e
contaminasse todas as três medidas de
alimento. Essa influência degenerativa do
fermento foi adicionada por uma mulher. Nas
Escrituras, uma mulher muitas vezes pode
representar a Igreja verdadeira e virtuosa ou a
igreja falsa e impura. Jesus é considerado o
cabeça da verdadeira Igreja — representada
como sua noiva virgem — enquanto que
Satanás é o cabeça da igreja falsa e
corrompida. Portanto, essa mulher que
adiciona o fermento do erro no pão da
verdade, seria um sistema eclesiástico
organizado e em poder desde o início da
história da igreja.
É extremamente importante que os cristãos
sinceros examinem suas doutrinas para saber
se os grupos religiosos com os quais se
associam têm sido corrompidos por elas. Se
assim for, Apocalipse 18:4 faz o seguinte apelo
aos verdadeiros cristãos: “Saí dela, povo meu,
para que não sejais participantes dos seus
pecados, e para que não incorras nas suas
pragas.” Em algum momento no futuro
próximo, nosso Senhor retornado purgará o
fermento do erro e os falsos sistemas serão
completamente derrubados. — Apo. 18:2
A parábola do tesouro escondido no
campo — Mateus 13:44
“O reino do céu é semelhante a um tesouro
escondido no campo, que um homem achou e
escondeu; e, por causa da sua alegria, vai,
vende tudo quanto tem, e compra aquele
campo.” Essa parábola aparentemente
simples é realmente uma das mais sublimes.
O campo, que Jesus disse ser o mundo da
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humanidade na parábola do trigo e do joio, foi
amado por ele. “Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito...” (João 3:16) Jesus comprou o
mundo da humanidade vendendo tudo o que
tinha — sua própria vida! Esse sacrifício de
resgate é mencionado em todo o Antigo e
Novo Testamento. “Ele derramou sua alma
até a morte.” (Isa. 53:12) Jesus “se deu a si
mesmo como resgate por todos, para servir
de testemunho a seu tempo.” — 1 Tim. 2:6
Se Jesus deu a si mesmo como resgate por
todos, então por que falou em parábolas que
só poucos entendiam? Ele até disse que
propositalmente falava em parábolas “para
que em nenhum momento... compreendam
com o seu coração, e se convertam...” (Mat.
13:15) Por que Jesus não deu uma mensagem
clara para que todos pudessem ter a mesma
oportunidade de entender suas palavras de
salvação? A realidade é que agora é a hora de
selecionar apenas alguns com ouvidos para
ouvir — um pequeno rebanho. Esse pequeno
rebanho é o tesouro que o homem escondeu
no campo. A igreja tem sido escondida dos
outros, muitas vezes considerada peculiar e,
às vezes, desprezada a ponto de ser
perseguida. Para Jesus, estes são um tesouro
precioso. Mas observe que Jesus pagou um
preço enorme, não apenas por esse tesouro
escondido, mas também comprou todo o
campo — o mundo da humanidade. Estes,
também, se tornarão um tesouro, quando,
através do dom de Seu Filho unigênito, Deus “
[no devido tempo] fará com que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao
conhecimento da verdade”. (1 Tim. 2:3, 4)
Jesus era “a propiciação [sacrifício
expiatório] pelos nossos pecados: e não
somente pelos nossos, mas também pelos
pecados do mundo inteiro”. — 1 João 2:2
Desde o tempo do primeiro advento de Jesus,
poucos fiéis têm tido o desejo de conhecer as
coisas profundas escondidas em parábolas e
enigmas. Mas está chegando o tempo em que
“a terra se encherá do conhecimento de
Jeová, como as águas cobrem o mar”. (Isa.
11:9) No Seu devido tempo, o Reino de Deus
proporcionará a todos a
primeira oportunidade plena e
justa de salvação por meio do
conhecimento de Seu Filho.
— Adaptado de Fim dos Tempos n.º
73, em inglês.
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