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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

CENTRO CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS PREDIAIS
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
Prof. Dr. Mario Tachini

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE


INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

NBR 7198/1993 (ABNT)

1. GENERALIDADES

A obtenção e a distribuição de água quente podem ser efetuadas de muitas maneiras.


O aquecimento pode variar desde um simples fogão à lenha, até um conjunto
constituído de grandes caldeiras e reservatórios especiais, empregando como fonte
de calor: eletricidade, gás ou óleo e energia solar.
A distribuição de água quente, desde os aquecedores até os pontos de utilização é
feita através de encanamentos completamente independentes do sistema de
distribuição de água fria.
O abastecimento de um edifício pode ser feito de três maneiras distintas:
. Aquecedor Individual (local): qdo o aquecedor atende a um único (ou Poucos)
aparelho (os). Ex.: chuveiro elétrico;
. Aquecimento central privado: o aquecedor atende a uma unidade residencial;
. Aquecimento central: um único conjunto de aquecimento alimenta as unidade
residenciais de um edifício.

Os principais usos de água quente e as temperaturas convenientes nos pontos de


utilização:
Utilização Temperatura (o C)
Uso pessoal em banhos ou higiene 35 a 50
Cozinhas 60 a 70
Lavanderias 75 a 85
Finalidades médicas (esterilização) 100 ou +
2. ESTIMATIVA DE CONSUMO PREDIAL

Prédio Consumo (L/dia)


Alojamento provisório 24 por pessoa
Casa popular ou rural 36 por pessoa
Residência 45 por pessoa
Apartamento 60 por pessoa
Quartel 45 por pessoa
Escola internato 45 por pessoa
Hotel (sem cozinha e nem lavanderia) 36 por hospede
Hospital 125 por leito
Restaurante e similares 12 por refeição
Lavanderia 15 por kg de roupa seca

Peças de Utilização Peso Vazão (L/s)


Banheira 1.0 0.30
Bidê 0.1 0.06
Chuveiro 0.4 0.12
Lavadora de roupa 1.0 0.30
Lavatório 0.3 0.12
Pia de despejo 1.0 0.30
Pia de cozinha 0.7 0.25
3. ASPECTOS GENÉRICOS

 Pressões mínimas de Serviço:


torneiras: 0.5 m c a; 5kPa
chuveiro: 1.0 m c a; 10 kPa
 Pressão estática máxima: 40 m c a (400 kPa)
 Velocidade máxima: V max  14 D  3 m/s
 Perda de carga: equações de aço galvanizado, cobre o latão
Equação de Flamant

MATERIAIS:

1. CPVC - policloreto de vinila clorado (PVC para água quente)  Aquatherm


(www.tigre.com.br).
Diâmetros (DN) CPVC 15; 22; 28; 35; 42); 54; 73; 89; 114 mm
 Barras: 3 m
 Pressão de Serviço: 60 m (80º C); 240 m (20° C)
 Temperatura máxima de trabalho: 80° C

2. Linha PPR: Polipropileno Copolímero Random (desenvolvido em 1954 –


europeus):  NBR 15813.
 Diâmetros: 20, 25,32, 40, 50, 63, 75 e 90
 Classe de pressão: PN 20 (20 kgf/cm2); PN 25 (25 kgf/cm2).

3. PEX MONOCAMADA E MULTICAMADA:


 Diâmetros: 16, 20, 25 e 32.
 Classe de pressão: 60 m.c.a. (monocamada); 100 m.c.a. (multicamada).
 Transporte de água fria e quente.
 Fornecido em bobina de 50 m.
4. Cobre (NBR – 7417/1982):
 Diâmetros: 15, 22, 28, 35, 42, 54, 66, 79 e 104 mm.
 Três Classes: E; A; I.
 Pressões de Serviço: Classe E: (41 – 14 kgf/cm2);
Classe A: (60 – 18 kgf/cm2);
Classe I: (88 – 20 kgf/cm2).

Diâmetros Mínimos dos Sub-ramais

Peças de Utilização Diâmetro (mm)


Banheira 15 (1/2”)
Bidê 15
Chuveiro 15
Lavadora de roupa 20
Lavatório 15
Pia de despejo 20 (3/4”)
Pia de cozinha 15

 Canalizações:

As canalizações não devem ser embutidas em elementos estruturais de concreto.

As canalizações devem ter o traçado o mais curto possível, evitando-se colos altos e baixos.

Dilatação linear:
aço; 0,000012 m/m/°C
cobre recozido: 0,000017 m/m/°C
Ex: tubulação de água quente de 70 m com uma variação de temperatura de 60°C

aço: 70 x 60 x 0.000012 = 0,05 m


cobre recozido: 70 x 60 x 0.000017 = 0,071 m

* Usar um traçado não retilíneo: realizar desvios angulares no plano e no espaço.


* Usar um ramo ancorado e o outro livre.
Cobre
2L

2L

* Colocar uma lira

 Isolamento térmico (Material Da Tubulação: Cobre):

Espessura indicadas para isolamento térmico (diferença de temperatura entre tubo e ar =


50°C)
Diâmetro do tubo (mm) Espessura do isolamento (mm)
até 32 20
40 a 65 30
80 a 100 40
Paredes planas 50

 Produtos de isolamento:
- produtos a base de vermuculite (mica expandida sob a ação do calor)
- lã de rocha ou lã mineral - sílica em fios
- silicato de cálcio hidratado com fibras de amianto
- silicato de magnésio hidratado
Os produtos isolantes são fornecidos sob a forma de calha que se adaptam aos tubos.

 Aquecimento da água:

Objetivo: aumentar a temperatura da água, através de meios produtores de calorias que


devem ser transmitidos à água.

 Aquecimento:
- recipiente aberto ou a pressão atmosférica
- recipiente fechado ou a pressão superior a atmosférica

 Meios:
energia elétrica: resistência ou efeito de joule
combustíveis sólidos: madeira, carvão, etc.
combustíveis líquidos: querosene, óleo, etc.
combustíveis gasosos: gás
energia solar, por meio de aquecedores solares
água quente oriunda do subsolo (fontes termais)

4. DIMENSIONAMENTO DOS AQUECEDORES ELÉTRICOS

Feito por meio de resistências metálicas de imersão


As resistências constam de dois eletrodos que se separam a proporção que a água se aquece,
pois a água aquecida tem menor resistência.

Resistência, em ohms
l
R
S
p - resistividade do material, em ohms x mm2/m
l - comprimento do resistor, m
S - seçao do resistor, em mm2
Potencia (watts)
P  RI 2

I - corrente, A

Energia dissipada (watts por horas)


E  P. t
t - tempo em horas

A equivalencia entre quantidade de calor e a energia permite de escrever


E=Q

Q - expressa em quilocalorias (kcal)


E’ a quantidade de calor necessaria para elevar uma massa m de um liquido de clor
especifico c de uma temperatura t1 a uma temperatura t2

Q  m. c(t 2  t1)

c - 1 kcal/kgf/°C
1 kwh = 860 kcal
Lei de joule
Q  k . R. I 2 t (kcal)

k - coeficiente numérico = 0.00024 (t em segundos)

Ex: Faz-se passar uma corrente de 6A num fio de cobre cuja resistência é de 15 ohms,
imerso num recipiente de 150 litros de agua à 20°C. Qual será a temperatura da água após 4
h e qual a potência consumida?
Calor irradiado
Q = 0.00024 x 15 x 62 x (4x60x60) = 1 866 kcal

Por outro lado:


1 866 = 150 x 1 (t2 -20)
t2 = 32,4°C

1866 kcal equivalem a E=1866/860 = 2,17 kwh

E 2.17
Potencia consumida: P    0.542kw  542watts
t 4

Aquecimento Solar:

Tipos de instalação:
- circulação natural em circuito abeto
- circulação natural em circuito fechado
- circulação forçada em circuito aberto
- circulação forçada em circuito fechado
Dimensionamento da Superfície Coletora:

Q
S
I.
S - área do painel (m2)
Q - quantidade de calor necessária, kcal/dia
I - intensidade de radiação solar, Kwh/m2.dia ou kcal.h/m2
n - rendimento do aproveitamento de energia por painel (da ordem de 50%)

Dado prático: 1 m2 de coletor para 50-65 litros de água quente necessária. (Rio de Janeiro
I=1cal/cm2/min, ou em 7 horas de exposição)
Ex: Supondo-se uma residência de 5 pessoas, desejamos calcular qual a área do coletor
necessária.

Solução:
m=5x45=225 litros

Supondo t1 = 20°C e t2=60°C

Q=225 x 1 (60-20) = 9 000 kcal

I = 1 cal/cm2/min x 7 h x 60 min x 104 m2 x 10-3 kcal = 4200 kcal/m2.dia

9000
S  4, 3m2
4200. 0, 5

Aquecimento a Gás

Consumo de gás: 1 m3 de gás pode produzir 4 000 kcal


rendimento = 70%

Ex: Qual o consumo de gás para um banho que consome 30 litros, na temperatura de 60°C.
A água entra na temperatura de 20°C.
Q=30 1 (60-20)= 1200 kcal

Calorias efetivas =1200/0.7=1720 kcal

Consumo = 1720/4000 = 0.43 m3

Aquecimento a Óleo
Poder calorífico do óleo: 10 000 kcal por kgf de óleo.
Aquecimento Central de Edifícios

Sistema ascendente sem circulação:

Coluna de água fria e de água quente saindo do reservatório superior


A água fria, entrando na caldeira, recebe um elevado calor de uma fonte quente
(óleo, gás, carvão ou eletricidade), transformando-se em vapor ou água em alta
temperatura, circulando através do tubo em serpentina dentro do storage.
A água aquecida do storage sobe ao pontos de consumo, devido a pressão
disponível da caixa da água e pela diferença de densidade das águas quente e frias.
Na cobertura deve ser instalada uma ventosa com ladrão para escapamento do
excesso de vapor.
A válvula de retenção R evita que a água quente retorne a caixa de água.

Sistema ascendente com circulação por termosifão:

A água é mantida circulando pela diferença de temperatura entre o storage e os pontos de


utilização

Sistema descendente com bombeamento:

Ha uma bomba que recalca a água quente ate um barrilete na cobertura, de onde desce para
os diversos pontos de utilização por colunas. No pavimento térreo, as colunas se juntam
novamente, antes de retornarem ao storage.

Capacidade do Storage e da potência Calorífica:

Vteorico = C.CD

Valores de C
Residências grandes C=1/3
Apartamentos para 5 pessoas C=1/5
Apartamentos muito grandes C=1/7

Volume real=1.33 x Volume teórico


1.33 considera as perdas

Dimensionamento das Tubulações de água quente

Sistema descendente:

a) Desenhar as colunas que partem do barrilete;

b) relacionar as peças servidas pelas colunas por pavimento;

c) determinar os pesos por pavimento e o peso total, bem como o consumo em L/s.

d) analisar a altura estática disponível no ultimo pavimento. Depende:


da altura do reservatório de água fria;
da diferença de pesos específicos da água fria e da água quente;
da potencia da bomba;
da altura entre o barrilete e o storage.

H = H res-bar + H d

Hd -altura devida a diferença de temperatura

H d = h (d b - d s )

h = altura do barrilete
db - densidade da agua do barrilete
ds - densidade da agua no storage

1,5 m / s  v  v max

e) subtrair a altura estática da altura mínima necessária ao funcionamento dos diversos


aparelhos: será a altura devida às perdas hp.

f) medir o comprimento das tubulações e acrescentar 30% para o efeito das perdas. Será o
comprimento equivalente Leq.
hp
g) j
Leq

h) conhecendo-se j e Q, obtém-se os diâmetros:

Temperatura °C Densidade
4 1.000
10 1.000
15 0.999
20 0.998
25 0.997
30 0.996
35 0.994
40 0.992
45 0.990
50 0.988
55 0.986
60 0.983
70 0.975
80 0.962
90 0.958
100 0.958

Ex: Uma coluna, num edifício de 12 pavimentos, atendendo chuveiro, lavatório e pia de
cozinha:
- diferença de nível entre o reservatório de água fria e o barrilete = 2 m
- diferença de nível entre o barrilete e o storage = 42 m
- Temperatura da água no storage = 70° C
- Temperatura da água no barrilete = 55 °C
- Comprimento da tubulação entre o storage e o barrilete = 52 m
- Comprimento da tubulação descendente ate o storage = 56 m
- Desnível entre o barrilete e o chuveiro = 1.35

Solução:
Pressão disponível > perdas
H = Hres-bar + Hd - hp
Hd = 42 (0.985-0.975)=0.42 m
Adotando J = 2% da altura entre o storage e o barrilete
hp = 0.02 x 42 = 0.84 m

H = 2 + 0.42 - 0.84 = 1.58 m


Comprimento Total = 52 + 56 + 0.30 (52 + 56) = 140.4 m

Q=?
Chuveiro = 0.5
Lavatório = 0.5
Pia de cozinha = 0.7
Total = 1.7

12 pav x 2 ap x 1.7 = 40.8  Q = 1.91 l/s

J = 1.58/140.4 = 0.0112 m/m

J e Q  D = 2 ½” -> v = 0.72 m/s Pb v > 1.50 m/s


entao v = 1.50 m/s D = 1 ½” - J = 0.065 m/m
hp = 0.065 x 140.4 = 9.13 Necessidade de Bombeamento

Hm = 9.13 - 1.58 = 7.55 m


rendimento = 0.40

P = (1000x0.00191 x 7.55) /(75 x 0.40) = 0.48 CV - 1/2 CV

Dimensionamento de Ramais, Sub-Ramais, Colunas e Barriletes:

Vazões nos Pontos de Utilização (Sub-ramais); Vazão de Dimensionamento do Barrilete e


Colunas de Distribuição:
 dimensionamento trecho por trecho,
 recomenda-se para a estimativa dessas vazões, a aplicação da seguinte equação:
Q = C p
sendo: Q = L/s; C coeficiente de descarga = 0,30 l/s; P = pesos correspondentes a todas
as peças de utilização alimentadas através do trecho considerado.

Tabela – Diâmetros em função dos pesos dos aparelhos


(CPVC - Aquatherm)
∑pesos 0,6 2,9 8,2 18 35
DN (mm) 15 22 28 35 42
Obs.: 1) Velocidades baixas (v ~1,30 m/s)
2) Fonte: www.tigre.com.br

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