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CONSTRUÇÃO CIVIL:
INFORMALIDADE
ALTA E RECUPERAÇÃO
AINDA DISTANTE
Baixa perspectiva de recuperação de emprego, renda e
investimentos mostra que crise não está perto do fim
Microempreendedor Individual.
Com base na Pesquisa Nacional por dor por conta própria e informal
Amostra de Domicílios do IBGE, po- Na construção, mais de são praticamente sinônimos, pois
demos saber a parcela de emprega- 90% dos trabalhadores mais de 90% dos trabalhadores
dores e de trabalhadores por conta por conta própria trabalham de
por conta própria e
própria, atuantes no setor de cons- modo informal. Entre os empre-
trução, que são formais. A Tabela 2 51% dos empregadores gadores, este número também é
mostra o percentual de trabalha- trabalham de bastante elevado, 51%. Mas subs-
dores por conta própria e de em- modo informal tancialmente menor do que a in-
pregadores que possuem o CNPJ. formalidade dos trabalhadores
Os dados da Tabela 2 mostram conta própria.
que, na construção civil, trabalha- Outra forma de mensurar a in-
formalidade é ob-
servar o pagamento
TABELA 2: EMPREGADORES E CONTA PRÓPRIA POR CADASTRO ou não da contribui-
NACIONAL DE PESSOA JURÍDICA NO SETOR DE CONSTRUÇÃO ção previdenciária.
POSSUEM CNPJ
A Tabela 3 mostra o
Conta Própria Empregador percentual de contri-
buição previdenciá-
Quantidade % Quantidade % ria dos trabalhado-
res da construção ci-
Sim 285.852 7 157.764 49 vil por tipo de víncu-
lo. Enquanto 100%
Não 3.556.958 93 163.599 51
dos empregados com
Fonte: Elaboração Própria com dados da PNAD Anual de 2014. carteira contribuem
para a Previdência, somente 7,2% desde 2014, como pode ser visto
dos trabalhadores sem carteira o na Tabela 4.
fazem. Para os trabalhadores por A forte desaceleração do setor
conta própria, menos de 20% con- de construção desde 2014 se re-
tribuem para a Previdência. O per- flete em uma forte redução do nú-
centual fica acima dos 50% entre os mero de contratos formais de tra-
empregadores. balho. A construção atingiu seu
pico de contratos de trabalho, com
Crise Atual base nos dados do Cadastro Geral
O PIB brasileiro terá a sua segun- de Empregados e Desempregados
da queda consecutiva em 2016. O (Caged), em setembro de 2013, com
Brasil passa por uma crise profun- pouco mais de 3 milhões de empre-
da, possivelmente a maior da his- gos formais. O setor manteve ní-
tória, com queda do PIB acumula- vel de emprego próximo aos 3 mi-
da de cerca de 7% em um interva- lhões até setembro de 2014, quan-
lo de dois anos. A construção civil do se iniciou forte ciclo de redução
apresenta números ainda piores do dos vínculos, como pode ser visto
que estes, entrando em seu terceiro na Figura 1.
ano consecutivo de queda em 2016. O total de empregos no Caged sai
A queda do PIB do setor de constru- de mais de 3 milhões de empregos
ção foi de 2,1% em relação a 2013 formais para 2,228 milhões de pos-
conforme dado revisto pelo IBGE. A tos formais. Ou seja, a forte redução
queda de 2015 acelerou para 7,6% Destruição do emprego no ritmo de crescimento da econo-
e a acumulada nos últimos quatro formal no setor tem mia e do setor de construção redu-
trimestres atinge 2,9%. sido de 20 mil postos ziu em 27% o emprego formal do
O peso relativo da construção ci- setor. E a crise não parece perto de
vil no PIB brasileiro varia ao lon- de trabalho por mês seu fim! Não houve redução do rit-
go do tempo. O setor apresentou mo de queda dos vínculos formais
queda entre 2002 e 2006, caindo nos últimos meses. A destruição mé-
de 5,8% do PIB para 5% em 2006. dia de postos de trabalho é de cerca
Recuperou peso relativo entre 2006 de 20 mil postos ao mês.
e 2013, passando de 5% do PIB
para 6,2% do PIB doméstico. Este Perspectivas
resultado foi fruto de um cresci- Neste cenário, o que esperar nos
mento de 6,3% da construção ante próximos meses no setor de cons-
um crescimento de 3,9% do PIB. trução? A situação do país deve co-
Agora, a construção encontra-se meçar a mostrar sinais de melhora
perdendo peso relativo devido ao a partir do próximo ano, mas ainda
fraco desempenho apresentado de forma tímida. A previsão de cres-
3.200.000
3.000.000
2.800.000
2.600.000
2.400.000
2.200.000
2.000.000
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cimento do Ibre/FGV para 2017 é
Se as licitações na de 0,5% para a economia e para o
área de infraestrutura setor de construção.
forem bem-sucedidas, Uma recuperação mais forte do
setor habitacional parece ainda dis-
a recuperação poderá
tante devido ao endividamento das
ser mais robusta famílias, ao menor crescimento de
linhas de crédito e à baixa expec-
TABELA 4: TAXA DE CRESCIMENTO tativa de crescimento da renda do
(EM %) trabalho no curto prazo. A massa
PIB Construção Participação no
salarial que deve crescer somen-
PIB te 1,2% em 2015. A menor conces-
são de crédito (Figura 2) adiciona
2002 3,1 4,8 5,8 dificuldade à área habitacional. As
2003 1,1 -8,9 5,2 novas concessões diminuíram e o
crédito imobiliário como fração do
2004 5,8 10,7 5,5 PIB, que cresceu de forma substan-
2005 3,2 -2,1 5,2 cial entre 2007 e 2015, estagnou.
A surpresa positiva que pode con-
2006 4,0 0,3 5,0
tribuir com a construção é o sucesso
2007 6,1 9,2 5,2 das licitações para o setor na área
de infraestrutura. Caso os leilões se-
2008 5,1 4,9 5,2
jam bem-sucedidos, existe espaço
2009 -0,1 7,0 5,5 para que o setor mostre recupera-
ção mais robusta. No entanto, ainda
2010 7,5 13,1 5,8
há muita incerteza sobre o sucesso
2011 3,9 8,2 6,1 dos mesmos.
Neste cenário, a recuperação do
2012 1,9 3,2 6,1
emprego na construção deverá ser
2013 3,0 4,5 6,2 lenta, com a informalidade se man-
tendo elevada. Não parece haver
2014 0,1 -0,9 6,2
motivos para comemorar nos pró-
2015 -3,8 -7,6 5,9 ximos anos.
2006-2013 3,9 6,3