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INSTITUCIONAL
por Gedson Meira. Artigo publicado em 18.07.2017
Neste cenário, o PT irá se utilizar do papel de vítima para fortalecer o seu candidato-réu.
Ainda segundo o artigo de Merval Pereira, “O diretor do Datafolha Mauro Paulino
acredita que Lula tem tudo a ganhar com a pena de prisão imposta por Sergio Moro. "Se
for condenado pelo TRF4, pode ser identificado como vítima, o perseguido. Ainda mais
porque é visto como opositor de um governo tão impopular”.
Alguns questionamentos fatalmente surgiriam: Pode um candidato manter a sua
candidatura mesmo após ter sido condenado em segunda instância? Com que legitimidade
um candidato destes se apresentaria à nação propondo ocupar a presidência, considerando
que, não fora o fato de ser candidato, o mesmo deveria estar recolhido a uma instituição
penal? Todas estas polêmicas fatalmente irão desembocar no TSE e STF, bem no meio
do calor da campanha eleitoral. Considerando que estes tribunais foram amplamente
aparelhados no período em que o PT governou, como iriam os mesmos deliberar sobre
tão sensíveis questões?
O cenário seria ainda mais agravado por uma eventual vitória eleitoral de Lula. Diante de
tão precária legitimidade, é razoável supor que a parte perdedora da sociedade iria se
rebelar imediatamente. Muito provavelmente o PT num primeiro momento simplesmente
não governaria. A paralisia da nação decorrente da eleição de Dilma em 2014 que gerou
dois governos disfuncionais (Dilma e Temer), e que vivemos até hoje seria aprofundada,
e prolongada para muito além de 2019. Agendas de modernização da política e da
economia, tão necessárias, seriam postergadas indefinidamente. Não perderíamos uma
década, mas duas.
Trata-se de um cenário ainda mais sombrio. Ao PT, acuado, e respaldado numa suposta
necessidade da manutenção da ordem constitucional, restaria o caminho de
endurecimento do regime, utilizando as forças armadas, caminhando para uma ditadura
no melhor estilo bolivariano. Os perigos deste quadro são muitos, e não podem ser
menosprezados. A Venezuela é logo ali. As saídas para este cenário são bastante óbvias,
mas exigem dos setores da classe política e das altas cortes do judiciário um mínimo de
responsabilidade e de consenso sobre alguns pontos básicos:
Não restam dúvidas de que a eventual escolha de um presidente com tamanha quantidade
de processos penais representa um grande risco para as instituições da democracia
brasileira. Como bem pontuou hoje o antagonista Mário Sabino no twitter, “O absurdo
lógico e moral é evidente: só no Brasil um condenado pode pensar em fugir da prisão
candidatando-se à Presidência da República”. Para o bem de todos nós, é de todo
conveniente que esta situação seja evitada. O Brasil nada ganhará em submeter a sua
democracia a um teste de tamanho stress.