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Ciência e

Bíblia

Pr. Kenneth Eagleton


Francisco Lima

Escola Teológica Batista Livre


(ETBL)
Campinas, SP

2012
1

Ciência e a Bíblia (Fé)

 É um sistema de conhecimento – todo conhecimento que é sistematizado. As ciências


O Que é Ciência Moderna?

se diferem pelos dados que colecionam e/ou pelos métodos que utilizam.

 Ramos da ciência

o Humanas: psicologia, sociologia, pedágogia  sua influência sobre a família,


o Exatas: biologia, física, química, matemática, etc.

a sociedade e a legislação de nossos dias

 No senso comum, ciência se refere às seguintes áreas de conhecimento:


biologia / física / química

Observação + experiência

Regularidades dos resultados

 O método científico
Etapas fundamentais:
1. Observação de um fato
2. Problema
3. Elaboração de Se a conclusão não sustenta a
hipótese hipótese, fazer outra hipótese.

4. Experimentação
5. Conclusão
6. Princípios
7. Teoria (vários princípios podem ser agrupados para formar uma teoria)
8. Lei (uma teoria comprovável por experiências reproduzíveis)

Ciência e Bíblia Professores: Pr. Kenneth Eagleton e Francisco Lima


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O método científico é um conjunto de regras básicas para um cientista desenvolver


uma experiência a fim de produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar
conhecimentos pré-existentes. É baseado em juntar evidências observáveis, empíricas,
e mensuráveis, baseadas no uso da razão.

Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se


determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos.
Primeiramente, os pesquisadores propõem hipóteses para explicar certos fenômenos, e
então desenvolvem experimentos que testam essas previsões. Então teorias são
formadas juntando-se hipóteses de certa área em uma estrutura coerente de
conhecimento. Isto ajuda na formulação de novas hipóteses, bem como coloca as
hipóteses em um conjunto de conhecimento maior.

"Ciência é muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos." -


Carl Sagan Fonte: wikipedia

 A Bíblia é a Palavra revelada de Deus.


Compatibilidade entre a ciência e a Bíblia (ou a fé)

o Ela trata principalmente de temas espirituais, apesar de falar sobre a criação.

 A Bíblia não é um livro texto de ciência


o Ela é confiável

o Ela não procura dar todos os detalhes

 A ciência não leva em consideração fenômenos de ordem espiritual, somente as de


o A linguagem usada é para que todos possam entender

 A ciência estuda o universo de Deus, portanto, não pode haver divergência entre a
natureza material/racional que os cinco sentidos podem compreender.

 A Bíblia e a ciência normalmente atuam em campos separados. Eles são


verdadeira ciência e a Palavra de Deus.

complementares.

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Por definição, a ciência não pode considerar as explicações sobrenaturais: se existe


uma deidade onipotente, não há como um cientista excluí-la ou incluí-la no plano de
uma pesquisa. Isso fica bem claro numa pesquisa experimental: uma deidade
onipotente não pode ser ‘controlada’ (como dito por um gracejador: ‘você não pode
colocar Deus dentro de um tubo de ensaio ou mantê-lo fora dele’). Dessa forma, por
definição, se um indivíduo estiver tentando explicar algum aspecto do mundo
natural usando a ciência, ele deve agir como se não houvesse nenhuma força
sobrenatural manipulando-o. Creio que esse materialismo metodológico é bastante
compreendido pelos evolucionistas. Porém, excluindo-se o sobrenatural de nosso
campo científico, estaremos eliminando a possibilidade de proclamar, através da
epistemologia da ciência, que não existe o sobrenatural. Alguém pode chegar a uma
conclusão filosófica de que não há Deus e até basear essa conclusão filosófica na
sua compreensão de ciência, mas no final das contas será uma conclusão filosófica e
não científica. Se a ciência for limitada a explicar o mundo natural usando causas
naturais, não podendo assim admitir explicações sobrenaturais, então a ciência
também é autolimitada de outra maneira: ela é incapaz de rejeitar a possibilidade do
sobrenatural.

Eugenie C. Scott “Creationism, Ideology, and Science”, The Flight from Science and Reason, citado em The Quest for Truth

 Existência de Deus
Pontos de divergência aparente entre a ciência e a Bíblia

 Criação x evolução
 Dilúvio globalizado
 Existência de milagres
 Fatos históricos na Bíblia
 Pessoa de Jesus

Quando existe uma divergência aparente entre a Bíblia e a ciência, temos três

 Interpretamos mal a Bíblia;


possibilidades:

 A ciência interpretou mal os dados ou


 Tem dados incorretos.

Houve épocas em que a ciência (que nem sempre tem conclusões corretas) já fez as

 Que o calor era um fluido chamado calórico.


seguintes afirmações:

 Que o átomo era a menor partícula da matéria e que era impossível dividi-lo.
 Que uma barreira intransponível entre a matéria e a energia impedia qualquer

 Que o sono era provocado quando as células nervosas se contraíam, destarte não mais
possibilidade de uma ser transformada em outra.

estabelecendo contato entre si.

Cosmologia – fator determinante


Cosmologia é a maneira de se olhar o mundo ou de se entender as coisas.

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 Naturalismo – crê somente no que os 5 sentidos podem observar; não existe o


sobrenatural; não há vida após a morte. Tudo é racional, tudo é explicado com base na
razão.

 Humanismo – independentemente da crença em um deus, o homem é o centro do


universo; ele tem em si tudo para resolver os problemas da humanidade. O sobre
natural não interfere no mundo natural. Deus não é o centro; é um apêndice, um
comforto.

 Misticismo (nova era, espiritismo, Hinduísmo, religiosidade oriental) – existência do


sobrenatural, união entre o visível e o invisível através da energia cósmica ou estados
alterados de consciência; às vezes o visível é considerado ilusório. As terapias
alternativas (homeopatia, yoga, acupuntura, Reiki, etc.) se utilizam muito desta base
filosófico-religiosa.

 Teísmo – criação da matéria, existência do mundo sobrenatural com forças más e


boas, Deus tem posição suprema. Deus se revela através da Bíblia e de Cristo.

 Criacionismo – o relato bíblico: Gn. 1:1 - 2:3


Teoria da Evolução x Criacionismo

Criação divina:
1º dia – separação das trevas e da luz; criação do dia e da noite (tarde e manhã)
2º dia – separação das águas com firmamento; água acima dos céus e abaixo dos
céus (tarde e manhã)
3º dia – formação da terra e dos mares; vegetação, árvores e frutos (tarde e manhã)
4º dia – luminares – sol, lua e estrelas (tarde e manhã)
5º dia – seres vivos aquáticos e aves (tarde e manhã)
6º dia – animais e demais seres vivos da terra; seres humanos (tarde e manhã)
7º dia – Deus descansou.

o Notar a presença da frase “houve tarde e manhã” em cada um dos seis dias da
criação. Nota: concepção judaica das horas do dia: o dia começa do por do sol
de um dia até o por do sol do dia seguinte.
o Comparar Gn. 1:6-8 (formação dos céus entre as águas – água em cima e
embaixo dos céus) com o dilúvio em Gn. 7:11-12. As águas do dilúvio saíram
de cima dos céus e do fundo dos mares. Houve uma mudança provável na
atmosfera da terra.
o Notar a ênfase “segundo a sua(s) espécie(s)” nos versículos 11, 12, 21, 24, 25.
Isto inclui a criação da vida vegetal, dos animais marinhos, das aves, animais
domésticos, répteis e animais selvagens. Esta frase no hebraico significa
“mesma feição” ou “mesmo formato”. Desde o começo Deus criou o reino
vegetal, o reino animal e os seres humanos com as suas categorias diferentes.
o Notar que todos os animais e o homem foram criados originalmente para
serem herbívoros exclusivamente – Gn. 1:29 e 30. Só vemos permissão para o
homem comer carne a partir da aliança que Deus fez com Noé após o dilúvio
(Gn. 9:2-3).
o Tudo que Deus fez era bom 1:31a.

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Até o ano 1.800 d.C. o ensino bíblico do criacionismo não era questionado, apesar do
nascimento da ciência moderna. Foi somente a partir de Lamarc (início dos anos
1.800) e principalmente dos estudos de Darwin e Wallace (1.859) que o criacionismo
foi gradativamente substituido pela teoria da evolução dentro dos meios scientíficos.

 Teoria da Evolução
o Mais comumente associado a Charles Darwin (1809-1882). Publicou A
Origem das Espécies em 1859.
o Surgimento da matéria através de algum mecanismo, como o Big Bang
(Grande Explosão) a cerca de 12-15 bilhões de anos atrás.
o Existe uma relação ancestral entre os organismos, tanto vivos quanto
fossilizados. Toda a vida na Terra descende de um ancestral comum.
o A vida começou há bilhões de anos, com a formação de aminoácidos, que
depois produziram moléculas capazes de se reproduzir (abiogênese –

o De uma única célula surgiram plantas e invertebrados multicelulares  peixes


surgimento espontâneo da vida).

e insetos  anfíbios  répteis  pássaros e mamíferos  Homo sapiens


o Mutações ocorreram nestas reproduções levando a variações nas formas de
vida. Estas mutações e mudanças são por acaso. Não existe nenhum plano ou
propósito na evolução.
o Estas variações foram se diversificando, formando todas as diferentes famílias
de todos os seres vivos que hoje existem.
o Seleção natural: somente as variações mais adaptáveis à vida permaneceram e
sobreviveram. As variações não adaptáveis foram desaparecendo.

Árvore filogênica

Dificuldades com a Teoria da Evolução:


o Como surgiu a primeira matéria e a primeira energia que seriam necessárias
mesmo para que o Big Bang pudesse acontecer?
o Dificuldades para explicar como os diferentes componentes de uma célula
pudessem se encontrar e se recombinarem na medida exata para produzir uma
célula.
o Mesmo se fosse possível estes elementos se combinarem, de onde surge a
“vida”?

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o Não há comprovação de que todas as espécies surgiram de uma só célula. Para


isto precisaríamos ter espécies intermediárias entre as espécies conhecidas.
São os famosos “elos perdidos”. Podem existir raros exemplos de formas
intermediárias entre espécies ou mesmo gêneros, mas certamente não entre
famílias. (Taxonomia: reino, filo, classe, ordem, família, gênero, espécie e
subespécie).
o Mutações podem mudar as características dentro de uma espécie, mas não
tornam uma espécie de um gênero em uma espécie de outro gênero totalmente
diferente.
o Anatomia comparada é muitas vezes usada como argumento a favor das
mutações de uma espécie em outra (exemplo: semelhanças entre o macaco e o
ser humano). Mas este argumento não é prova, pois existem também muitas
dessemelhanças importantes entre os dois. As semelhanças podem também ser
usadas para se comprovar que houve um mesmo criador dentro de um mesmo
plano. Semelhanças não implicam em relacionamento ancestral.
o 1) Se os protozoários eram as formas mais primitivas que deram origem a
todas as outras formas de vida, 2) se o processo evolutivo é inexorável, e 3) se
a seleção natural elimina as formas menos adaptadas, porque ainda existem
protozoários exatamente iguais aos primeiros?
o Muitos supostos fósseis de homens-macacos (ou símios humanizados)
apresentados como elos entre os símios e o Homo sapiens acabaram sendo
identificados como outro animal. Estes fósseis seriam usados como prova de
uma “ponte” entre uma espécie e outra. Outros não apresentam características
significativamente diferentes de raças do homem que se encontram vivos hoje
em dia. Alguns espécimes podem ser deteriorações do Homo sapiens.
o Uma dificuldade encontrada pelos paleontólogos é de como explicar a
aparição nos mesmos níveis, ou camadas do solo (portanto, com a mesma
idade) de fósseis de seres humanos com as mesmas características de hoje e de
supostos ancestrais do Homo sapiens.
o Na física, existe a Lei da Entropia, em que existe uma tendência universal que
parte do mais altamente organizado para o desorganizado, do ordenado para o
desordenado. Como harmonizar isto com a evolução? Alguns indícios
apontam para um fenômeno semelhante na biologia, isto é, existiria uma
degeneração biológica com o tempo em vez de uma evolução (no sentido de
melhora).

Conseqüências da Teoria da Evolução:


o Atropela a Bíblia como revelação de Deus e sua inerrância.
o Tira todo o propósito para a nossa existência
o Dá um significado diferente da Bíblia para a natureza do homem.
– Quem é o homem? Ápice do processo evolutivo? Criado à imagem de Deus?
A evolução prejudica a posição de dignidade do ser humano.
– Natureza: queda e natureza pecaminosa? Só uma máquina biológica?
o A evolução biológica leva a conclusão lógica dos cientistas de que evolução
(mudanças) acontece em todas as áreas da vida, inclusive uma evolução na
religião (de superstições para politeísmo e eventualmente para o monoteísmo e
ateísmo) e uma evolução da moral (a queda do homem é impossível, pois o
homem está em uma espiral ascendente). O homem moderno, esclarecido e
intelectual, não mais necessitaria de Deus. Será que tem havido um
aprimoramento da moral com a modernização do homem?

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 Evolução Teísta – solução intermediária, conciliatória do criacionismo bíblico com a


teoria da evolução, portanto, da ciência moderna.
o Deus estaria por trás da evolução tornando-a possível
o Os “dias” de Gênesis 1 não seriam dias literais, mas figurados. “Dia” seria
uma figura de linguagem para uma era. Portanto, cada “dia” de Gêneses 1 teria
milhões ou bilhões de anos para permitir o desenvolvimento de cada um dos
relatos de dias de Gêneses 1.
o Quando chegou no 6º “dia” (era), Deus soprou na narina de um animal
evoluído e este se transformou em um ser humano com alma vivente.

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Problemas com esta teoria:


1- se o sol só apareceu na 4ª “era”, teríamos milhões de anos sem o
funcionamento do sol. Seria biologicamente impossível termos a vegetação, as
árvores e os frutos sem o funcionamento do sol.
2- É verdade que a palavra hebraica em Gêneses 1 usada para “dia” pode, em
algumas situações, ser usado figurativamente para se referir a um período de
tempo mais longo do que 24 horas, mas nunca é usado para se referir a uma
“era”. Nunca é usado no sentido figurado quando se refere a um número,
como segundo dia, quarto dia, etc.
3- Além disto, em todos os dias é mencionado que houve “tarde e manhã”. Isto
só pode se referir à um dia literal de 24 horas (para os hebreus, um novo dia
começava ao pôr-do-sol e se estendia até o pôr-do-sol seguinte). Alguns
defensores da evolução teísta tentam explicar “tarde e manhã”
figurativamente: “tarde” seria o começo de uma “era” e “manhã” seria o fim
de uma era. Mas “manhã” não é o fim do dia, e, além do mais, estas palavras
nunca são usadas figurativamente desta maneira em hebraico.
4- Em Ex. 20:8-11, há duas referências aos “seis dias” (versos 9 e 11). Se um for
literal os dois devem ser. No verso 9 o sentido é claramente de um dia de 24
horas.
5- Mesmo que os evolucionistas teístas estivessem certos quanto às “eras”, isto
ainda colocaria a primeira morte humana (Gen. 3) depois das 7 “eras”. Mas
isto não bate com a idade que os cientistas dão aos primeiros fosseis humanos.
6- As camadas geológicas da terra e a presença de fósseis exigem condições
catastróficas e morte. Mas, numa harmonização com a Bíblia, isto não pode ter
ocorrido antes da queda do homem no Jardim do Éden e da maldição da terra
que veio como punição. Portanto, novamente, a falta de tempo suficiente não
permite a harmonização entre o relato de Gêneses e a ciência moderna.
7- O relato da criação de Eva em Gen. 2:21-22 exige uma interpretação de que
ela foi formada instantaneamente de uma forma que não pode ser explicada
por nenhum processo biológico natural ou pela evolução.
8- Se a teoria da evolução está correta, a evolução ainda continua de nossos dias.
Mas o que significaria então Gen. 2:2 onde Deus diz que “... havendo Deus
terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou...”?
9- Em Gen. 1:21-25 vemos o termo “espécie(s)” usado em nossas Bíblias. Os
animais deveriam se reproduzir dentro da sua espécie. Isto impede a
possibilidade da evolução passando de um tipo de animal a outro. A palavra
traduzida por “espécie” em Gen. não equivale necessariamente ao nosso termo
cientifico (filo, classe, ordem, família, gênero e espécie). No hebraico
significava simplesmente “mesmo formato ou forma”.
Fonte: The Quest for Truth, Leroy Forlines.

 Idade da terra – fator determinante


o Idade antiga (5 – 15 bilhões de anos)
o Idade recente (alguns milhares de anos: 6-10 mil)

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 Pressupostos na abordagem do estudo científico à origem do homem:


A Origem do Homem e a Fé

1- A pessoa que faz uma investigação científica presume que o objeto a ser estudado
foi produzido por causas naturais.

2- O único tipo de dados permitidos são os dados sensoriais (que advêm dos cinco
sentidos). Afirmações bíblicas não podem ser consideradas como dados, pois não
são sensoriais.

3- A uniformidade da natureza no passado é presumida, incluindo a origem do


homem. O mesmo sistema de causa e efeito que está em funcionamento hoje,
sempre esteve em funcionamento e é o que causou a origem do homem.

 Pressupostos na abordagem do estudo teológico à origem do homem:


1- Deus existe

2- Deus fez uma revelação da sua pessoa e do seu plano ao nos dar a Bíblia. Esta
revelação pode ser compreendida pelo método gramático-histórico de
interpretação.

3- Existe uma dimensão sobrenatural e uma natural. Estas são interligadas, mas
distintas.

4- O que a Bíblia apresenta como pertencente à esfera sobrenatural deve ser assim
aceito.

5- Deus nos dá lacunas para vivermos da fé. O que seria da fé se vivessemos somente
da ciência?

 Tanto a abordagem científica da origem do homem quanto à teológica são aceitas pela fé.
A diferença é o objeto da nossa fé. Nenhum dos dois pode ser comprovado
cientificamente sem sombra de dúvida.

Dilúvio: houve mesmo um dilúvio global que exterminou a população humana, de animais e
a vegetação? Razões para o cristão crer que sim:
1- Jesus cria no relato literal do AT sobre o dilúvio (Mt. 24:37-39). Pedro também
menciona este fato (2 Pe. 2:5; 3:5-6).

2- Geologia – todas as montanhas do mundo já estiveram em baixo da água em


algum ponto de sua existência, como testificam as camadas sedimentárias e os
fósseis marinhos em pontos próximos aos cumes.

3- A maior parte da crosta terrestre é formada for pedras sedimentarias (que são
formadas por depósitos, geralmente debaixo da água).

4- A presença de um grande número de fósseis nestes sedimentos. Para que haja a


preservação de fósseis, é necessária uma mudança extremamente rápida (e mesmo
catastrófica) para prender e selar estes restos contra a deterioração.

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5- A presença de deformações uniformes da “coluna geológica” em todas as suas


camadas e em todos os lugares do mundo sugere um cataclismo mundial com
mudanças bruscas das placas tectônicas da crosta terrestre.

6- A grande quantidade de depósitos de carvão que exigiriam que grandes


quantidades de vegetação fossem cobertas rapidamente.

7- História/antropologia – Mais de 270 histórias de dilúvios vindas de todas as partes


do mundo.

Milagres, Curas e Ciência


1. Definição de milagre.

2. De onde vêm os milagres?


▪ Do maligno (demônios ou satanás): Ex. 7:11-12, 22; 8:7 (mas este poder é
limitado - 8:18); Lv. 20:6; Simão At. 8:9-11; Elimas, o mágico At. 13:8; jovem
possessa de espírito adivinhador At. 16:16; 19:18-19;
o O inimigo também tem poder de cura: através de curandeiros, cirurgias
espíritas, etc.
▪ Do poder de Deus
▪ Portanto, quando vemos um milagre precisamos nos perguntar: qual é a origem
deste milagre? Será que vem de Deus ou do maligno? Um indício na origem do
milagre pode ser discernido ao olharmos para a vida da pessoa que intermediou o
milagre.

3. O milagre não é a maneira comum de Deus agir. Por definição, o milagre é


excepcional. Normalmente Deus age através de processos naturais ou através das
pessoas.

 A saída do Egito e a conquista da Terra Prometida (+/- 1450 – 1400 a.C.).


4. Os milagres na Bíblia estão concentrados em quatro períodos na história:

 Os ministérios de Elias e Elizeu – crise na luta contra a idolatria (+/- 875 – 845

 O cativeiro – Daniel e seus amigos (+/- 600 a.C.).


a.C.).

 Ministério de Jesus e começo da igreja (+/- 27 – 50 d.C.).


 Um quinto período será o fim dos tempos (milagres que acontecerão no futuro).

5. Na maioria das vezes os milagres não suscitavam fé duradoura em Deus (espanto e

 Os egípcios não passaram a servir a Deus com as pragas;


curiosidade sim, mas fé genuína, nem sempre). Exemplos:

 Os Israelitas se desviavam rapidamente de Deus (como com o bezerro de ouro)

 Os povos de Canaã não se converteram a Deus, apesar de terem visto os milagres


apesar de terem visto em abundancia os milagres de Deus;

 Os milagres de Elias e Elizeu não levaram a um arrependimento do povo de Israel;


que Deus fazia para os Israelitas;

 A maioria dos que viam os milagres que Jesus fazia não se converteram:
o Os moradores de Nazaré não aceitaram Jesus como sendo o Messias e não se
arrependeram Mt 13:54-58 (“E não realizou muitos milagres ali, por causa da
incredulidade deles.”).

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o Os religiosos dos dias de Jesus não o aceitaram, apesar dos seus milagres;
o Jesus se negou a fazer milagres quando os religiosos o pediram (“geração
perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será
dado...”) Mt. 12:38-42;
o Jesus se recusou a fazer um milagre para Herodes. “Quando Herodes viu
Jesus, ficou muito alegre, porque havia muito tempo queria vê-lo. Pelo que
ouvira falar dele, esperava vê-lo realizar algum milagre. Interrogou-o com
muitas perguntas, mas Jesus não lhe deu resposta.” Lucas 23:8-9;
o Justamente as cidades que mais viram os milagres de Jesus, se recusaram a se
arrepender. Mt. 11:20-24;

 Após a cura de um paralítico por Paulo em Listra, a multidão queria adorá-lo, mas
o Quando Jesus ressuscitou Lázaro, alguns creram, mas outros não: Jo. 11:45-46

 Após a libertação de uma moça endemoninhada em Filipos, a cidade se revoltou e


não durou muito até que o apedrejassem. At 14:8-19;

Paulo e Silas foram colocados na cadeia.

 Jesus não curou todos os enfermos - Veja Mc 1:34-38;


6. Todos os que tinham doenças não eram curados, nem durante o ministério de Jesus.

 O Apostolo Paulo não curou todos os enfermos.


o Timóteo não foi curado de um problema no estômago 1 Tm 5:23;
o Paulo mesmo não foi curado de uma enfermidade (espinho na carne) 2 Co.
12:7-9
o Epafrodito quase morreu – Fil 2:25-27

7. O dom de cura e de milagres não é um dom que é decidido pelos homens. Deus cura
quem e quando ele desejar. 1 Cor. 12:7-11 “Todas essas coisas, porém, são realizadas
pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como
quer”.

8. Às vezes é da vontade de Deus que passemos por provações e Ele permite mesmo as
doenças (veja Paulo – 2 Cor. 12:7-9).

9. Em vez de buscarmos o milagre, devemos buscar o Deus dos milagres. Pode ser que
Ele as realizará, mas pode ser que não. Não podemos exigi-lo. Devemos deixar tudo
em suas mãos.

10. Propósito dos milagres:


▪ Comprovar o poder de Deus: Ex. 9:15-16; Josué 2:10-11;
▪ Autenticar a revelação ou a palavra de Deus: Ex. 4:1-5; Mc. 16:20; Hb. 2:3-4;
▪ Comprovar que Jesus é o Messias: Mt. 11:2-6;
o Poder sobre a natureza – transformação de água em vinho e acalmou a
tempestade;
o Poder sobre a doença – cura de lepra, hemorragia, mudez, cegueira, etc.
o Poder sobre a morte – ressurreição de Lázaro, do filho da viúva de Naim,
etc.
o Poder sobre os demônios – expulsão de demônios
o Poder para perdoar os pecados e para salvar – cura do paralítico com
perdão dos pecados
▪ Para a glorificação de Deus: Jo. 11:4

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11. Milagres e a ciência – a ciência pura não pode confirmar os milagres, pois elas
acontecem fora do domínio da ciência. A ciência também é incapaz de desmentir os
milagres, pela mesma razão.

Ciência, Fé e Ética
Perspectivas sobre a ética
Definição: um conjunto de valores do que é certo e do que é errado.
Para tanto, precisamos partir do pressuposto de que o ser humano possui liberdade, é capaz
de escolha, e também tem uma consciência.

 Hedonismo. O critério de moralidade é o prazer sensível. A finalidade da vida é o


Diversos tipos de ética atuais:

prazer, que é a perpétua motivação do que fazemos, portanto aquilo que produz mais
prazer é certo.1 Muito próximo deste está a teoria que afirma que o critério moral é a
felicidade. O que é certo é o que produz felicidade. “O importante é ser feliz”. “Siga o
seu coração”.

(Exemplo de Mary Warnock: “Pela mesma razão, se o prosseguimento de uma


gravidez indesejada importar em sofrimento para a mãe – pela mais elementar
razão de que tal gravidez não é desejada, isto deve importar de alguma forma a
todos os que valorizam a felicidade e consideram o direito de persegui-la um
traço distintivo dos humanos”).

 Pragmatismo (ou utilitarismo). O certo é o que nos é útil e traz vantagem. Há


utilitaristas individualistas e utilitaristas altruístas que tentam combinar o interesse
individual (o que é útil para o indivíduo) com a convivência coletiva.2 No
pragmatismo o fim justifica os meios. O que importa são os resultados.

 Relativismo ético. Trata-se da idéia de que a realidade é tão mutável, e as


experiências humanas tão diversificadas que é impossível estabelecer qualquer norma
ética absoluta. A ética seria relativa, variando de um indivíduo para o outro e de uma
circunstância a outra. Não há absolutos morais; ou seja, não há princípios morais que
são válidos para todas as pessoas em todas as épocas.

Nota: Todas as éticas mencionadas acima são humanistas, pois têm o homem como o
centro. O critério para se decidir o que é certo e o que é errado depende do próprio sêr
humano.

 Cristã. A base última da ética está no caráter santo do Deus criador e sustentador do
universo. Todo aquele que se rebela contra Deus e seus mandamentos está em erro. O
próximo (imagem e semelhança de Deus) também é salvaguardado por valores
morais; errar contra o próximo é transgredir a ética.3 O ser humano não é neutro em
questões de moral. Devido a sua natureza pecaminosa, ele sempre se inclina para um
comportamento contrário aos padrões divinos.

1
SAYÃO, Luiz, CABEÇAS FEITAS – Filosofia Prática Para Cristãos, Editora Hagnos (São Paulo, 2001), pg.
19)
2
Ibid.
3
Ibid, pg. 20

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 A determinação do início da vida e da existência de um novo individuo, ou ser


Início da vida humana e do ser humano

humano, determinará se o abortamento é lícito ou não. Na verdade, não existe muita


discussão em torno do início da vida, propriamente dito. A grande maioria concorda
que a vida começa na concepção. A discussão maior gira em torno do início de um
novo indivíduo, uma pessoa, um ser humano. Possibilidades:
o Na concepção ou fertilização – O embrião é uma nova vida e um novo
indivíduo a partir do momento da concepção. Na concepção, o espermatozóide
(23 cromossomos) penetra e se funde com o óvulo (23 cromossomos),
formando o ovo com 46 cromossomos. A partir daí, o ovo tem toda a estrutura
que precisa para se desenvolver em um feto completo, necessitando apenas de
nutrição para se desenvolver.

o Na nidação (implantação no útero).

o Com a organogênese (formação dos órgãos vitais do novo ser) - antes disso,
não haveria vida, apenas um conjunto de tecidos.

o Com a formação do córtex cerebral – “alguém” tem que ser uma pessoa, um
“indivíduo”, que por sua vez se distingue por ser um ser racional. Só pode ser
um “ser racional” aquele que tiver uma mente, portanto um córtex cerebral.
Antes da formação do córtex cerebral não seria uma pessoa, um indivíduo. Isto
só se daria a partir do término do 3º mês (Maurizio More).

o Ao se tornar um feto viável – o estabelecimento deste tempo é muito variável,


pois com a tecnologia atual a viabilidade passa a ser cada vez mais precoce.
Mary Warnock argumenta que é necessário distinguir entre "’estar vivo’ em
um sentido biológico e ‘ter uma vida a ser vivida’, pois somente uma vida
própria capaz de ser vivida autonomamente pode possuir uma ‘qualidade
de vida’".

o Ao nascimento - o início da vida se daria ao nascimento, pois até este ponto, o


feto está ligado a sua mãe e faz parte da sua mãe. Ao nascimento passa a ser
um indivíduo com vida própria.
Obs.: A mãe e o feto não têm o mesmo corpo. Muitas vezes até o tipo
sanguíneo da mãe e do feto é diferentes, o sexo pode ser diferente,
imunologicamente os anticorpos da mãe reconhecem o tecido do feto
como “corpo estranho”, e as digitais do feto são únicos e distintos da
mãe.

 Para os que sustentam um momento mais tardio da gestação, o feto é uma vida
humana em potencial (ou vida inconsciente ou vida primitiva) quanto a sua
personalidade. Mas quanto à vida humana mesmo, o conceito é arbitrário: concepção,
nidação, surgimento dos batimentos cardíacos (3 semanas), a detecção de atividade
cerebral (7 semanas), viabilidade para viver fora do útero (+/- 28 semanas)? Aos 12
ou 13 semanas o feto já tem impressões digitais que nunca serão modificadas.

Ciência e Bíblia Professores: Pr. Kenneth Eagleton e Francisco Lima


14

Não existe diferenciação entre ser vivo e ser humano. Se estiver vivo, é um ser
humano, não um ser humano em potencial. O zigoto é uma pessoa porque
pode evoluir em nada mais que uma pessoa; e essência de seu ser já existe4.

 Na legislação brasileira não há dispositivo legal que indique juridicamente o momento


do início da vida. Juridicamente, uma pessoa só é considerada ser humano com
direitos e garantias após o nascimento vivo.

 Ser e humanidade não crescem; são inerentes. Não são adquiridos; são inatos.
Argumentação bíblica:

Nenhum ser humano é “mais” humano que outro5.

 Segundo a Bíblia. A Bíblia dá vários indícios a respeito do início da vida humana e do


sêr humano (pessoa). Não há nenhuma evidência que sugira que existe uma diferença
entre o início da vida humana e quando esta nova vida humana se torna uma pessoa.
No entanto, existe uma argumentação bíblica que pode ser feita a favor do fato de que

 Salmo 139:13-16 – é talvez o trecho mais claro com relação à formação do sêr
os dois são idênticos.

humano por Deus (“sendo formado”, “tecido no interior da mãe”, “formação


dos ossos no oculto” e “substância ainda sem forma”). O sêr humano é
reconhecido por Deus como um indivíduo específico em uma fase de
formação bastante inicial. No entanto, alguns apontam para a linguagem
poética da passagem, indicando com isto que não é confiável para precisar o
momento em que células vivas se tornam um sêr humano.
 Salmo 51:5 – “... em pecado me concebeu minha mãe”. Se o indivíduo é
pecador desde a sua concepção, isto provaria que a vida humana e o início de
um novo sêr humano se dão no momento da concepção. “Concepção” é a
trudução da palavra hebraica yacham, que significa “ter calor” (ver 1 Re 1:1;
Ec 4:11; Is 44:16), “estar no cio” ou “copular” (no caso de animais; ver Gn
30:38 e 41) e “conceber em ardor sexual”, que é o caso neste versículo.
“Concepção” neste caso está ligada ao ato sexual, portanto, realmente diz
respeito ao início da gestação.
 Em Lc 1:35 e Mt 1:18 temos o relato de como se deu a encarnação de Jesus
Cristo. Foi no momento da concepção de Maria que Deus se tornou homem. O
Espírito Santo foi responsável pela concepção de Jesus. Jesus se tornou um sêr
humano no momento em que o Espírito Santo iniciou a gravidez de Maria.
 Logo em seguida, Maria vai visitar sua prima Isabel (Lc 1:41, 44 e 15), que já
estava com uma gravidez seis meses mais adiantada que a de Maria. João
Batista, ainda um feto dentro de sua mãe, se estremece de alegria dentro do
ventre de sua mãe, ao ouvir a voz de Maria. Esta alegria não era pela presença
de Maria, mas sim, pela presença do Salvador em forma embrionária humana,
ainda em fase bastante inicial da gravidez. Vemos aqui um reconhecimento de

4
ANKERBERG, John e WELDON, John, Os Fatos Sobre O Aborto, respostas da Ciência e da Bíblia Sobre
Quando Começa a Vida, Chamada da Meia-Noite (Porto Alegre, 1997), pg. 27
5
Ibid.

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15

João Batista como ser humano que tem sentimentos ainda em fase fetal e de
Jesus como ser humano ainda em fase embrionária.

 E o início da alma? Como é que o feto passa a ter uma alma?


Outra linha de raciocínio bíblico sobre esta questão do início do indivíduo diz respeito
ao momento da gênese da parte imaterial do sêr humano (quer se chame de alma ou
espírito). Uma pessoa não é apenas o aspecto físico ou biológico do homem, mas
inclui a sua parte imaterial (alma, espírito) que engloba a sua condição espiritual. A
questão do pecado original nos ajuda a raciocinar sobre o momento em que a parte
física do sêr humano é imbuido da parte imaterial. Vou resumir aqui três posições
diferentes que são propostas quanto à orígem da alma, sendo que somente as últimas
duas posições são compatíveis com o cristianismo.

1. Pré-existencialismo: a alma de todas as pessoas já existia desde a criação do


mundo. Existiria uma espécie de estoque de almas, todas criadas junto com o
restante da criação de Deus em Gêneses capítulos 1 e 2. Na medida em que uma
nova vida biológica é formada na concepção, ela é embuída de uma alma pré-
criada que aguardava por um corpo. Esta opção não é aceita pelos teólogos
cristãos da atualidade.

2. O criacionismo (não confundir com o criacionismo do universo): a alma é criada


do nada por Deus na medida em que uma nova vida biológica é formada na
concepção (posição defendida por Jerônimo, Pelágio e Calvino). “Os homens
recebem a natureza física por herança, de seus pais, mas que a alma é criada
especialemente por Deus para cada indivíduo e unida ao corpo no nascimento...
Assim, não estávamos psicológica ou espiritualmente presentes em nenhum de
nossos ancestrais, nem mesmo em Adão. Adão, entretanto, era nosso representante
[conhecido como liderança federal]. As conseqüências de suas ações foram
também passadas para todos os seus descendentes” 6. Apesar de não sermos
culpados do pecado de Adão, somos tratados como culpados e corruptos, pois o
representante da raça humana pecou (pecado original). No entanto, todos os seres
humanos acabam pecando (Rm 3:23) e são responsáveis pelas próprias ações e
somente por elas. “Todos morrem [Rm 5:12b] porque todos são culpados, e todos
são culpados porque cada um pecou individualmente” 7.

Esta posição é muito popular entre os calvinistas, no entanto, ela me parece


equivocada. Ela não explica adequadamente como a corrupção do sêr humano
causado pela entrada do pecado no mundo chegou até nós. Além disto, a criação
de uma nova alma por Deus no momento de cada concepção provoca um dilema
insatisfatório: ou Deus cria uma alma já corrompida (o que é um absurdo, pois
Deus não faz coisa corrompida) ou então Deus cria uma alma com perfeita
imagem e semelhança de Deus sem propensão ao pecado (o que é contrário ao
extenso ensino das Escrituras).

6
Millard Erickson – Introdução à Teologia Sistemática
7
Erickson

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16

3. O traducionismo: a alma é originada por transmissão natural dos pais aos filhos na
concepção, assim como acontece com o código genético (defendido por
Agostinho). Neste conceito “a alma é transmitida pelos nosos pais, assim como
acontece com nossa natureza física. Desse modo, estávamos presentes, em forma
germinal ou seminal, em nossos ancestrais; em um sentido muito real, estávamos
em Adão. Sua ação não foi a de um mero indivíduo isolado, mas da raça humana
inteira. Portanto, não há nada de injusto ou de impróprio no fato de recebermos de
Adão uma natureza corrompida e a culpa, pois estamos recebendo as
conseqüências justas por nosso pecado” 8. Este conceito da transmissão do pecado
original é conhecido como liderança natural.

Neste conceito, a partir da fecundação (ou concepção), temos o início tanto da


vida biológica quanto da pessoa. A ação criadora de Deus aconteceu no início do
universo, quando criou as plantas segundo as suas espécies (Gn 1:11), os animais
marinhos e as aves segundo as suas espécies (Gn 1:21), os animais domésticos,
repteis e selvagens, segundo as suas espécies (Gn 1:24-25). Eles foram orientados
a serem fecundos e se multiplicarem segundo as suas espécies (Gn 1:11 e 24). O
sêr humano também foi criado por Deus e orientado a ser fecundo e se multiplicar
(Gn 9:1). A multiplicação humana obedece a este padrão da criação original do
universo. Nesta multiplicação também se transmite a deturpação da imagem de
Deus no homem.

Uma das objeções a esta posição é que isto faria com que na encarnação de Jesus,
ele se contaminaria pelo pecado com o material físico recebido de Maria. Esta
conclusão não é obrigatória. Só existe um novo sêr quando se recebe o material
genético, tanto do pai como da mãe. No caso de Jesus, não foi a união do material
genético de dois humanos, mas de um humano com a divindade. O Espírito Santo
de Deus, que gerou a gravidez em Maria, certamente teve a capacidade de
santificar qualquer aspecto pecaminoso do material genético ou de qualquer outra
herança recebido dela.

 Definição médica de aborto:


Aborto

o Todo produto da concepção eliminado com peso inferior a 500g ou idade de


gestação inferior a 20 semanas.

 Tipos de aborto:
o Espontâneo (acima de 500g – considerado natimorto).
o Provocado

 Incidência no Brasil: entre 1,5 – 4 milhões de abortos por ano; 5ª maior causa, entre
mulheres, de internações na rede pública. Outra fonte dá a incidência como sendo de
729 mil – 1,25 milhões abortos por ano (jornal Correio Popular – 23/11/2010).
o Ministério da Saúde estima em 1.054.242 abortos provocados em 2005.
o Estimativa de taxa anual de aborto induzido no nordeste e sudeste do Brasil de
2,07 por 100 mulheres entre 15 e 49 anos.

8
Erickson

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17

o No final da década de 1980, entrevistas com mulheres em idade de procriação


indicavam uma incidência entre 0,08 – 4,2% das mulheres.
o Em meados da década de 1990, entrevistas com mulheres em idade de
procriação indicavam uma incidência entre 3,8 e 7,2% das mulheres.

 Legislação brasileira: de acordo com a lei atual, o aborto é crime; mas “não se pune o
aborto praticado por médico” em duas situações:
1. “se não há outro meio de salvar a vida da gestante”;
2. se a gravidez resulta de estupro e com consentimento prévio ou, quando
incapaz, de seu representante legal (art. 128 do Código Penal).
3. Uma terceira situação foi aprovada recentemente por jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal ao considerar que o aborto de um anencéfalo (feto
com massa cerebral extremamente reduzida) não constitui interrupção de vida
fetal, por interpretar que a ausência de cerebro determina a ausência de vida.

 Argumentos a favor do aborto:


o A mulher tem direitos sobre seu próprio corpo, inclusive direito de reprodução;
neste contexto, o aborto é visto como direito à vida (da mulher), pois ao proibir
o aborto o Estado põe em risco a vida da mulher!
A mulher teria mesmo direito sobre a vida do feto? Não seria este um
exemplo da imposição da vontade dos mais fortes sobre os indefesos?
Em termos legais, ninguém possui direitos absolutos sobre outras
pessoas e nem sobre o seu próprio corpo – como uso de drogas ilegais,
automutilação, suicídio, etc.
o Uma criança indesejada não deve ser colocada no mundo, pois não será amada
e só passará por sofrimento;
o Uma criança com defeito não deve ser colocada no mundo;
o Riscos à saúde da mãe;
o Mãe muito nova;
o Produto de um estupro;
o Situação financeira difícil, dificuldades para criá-la;
o Estigma social;
o Falta de compromisso do pai em assumir a paternidade;
o Um feto é simplesmente um órgão da mãe; pode-se mandar removê-lo como
se faria com um apêndice ou uma vesícula biliar.
o Joseph Fletcher, teólogo Episcopal (Anglicano), nega o direito de vida ao feto
“porque o feto não é um ser moral ou pessoal, pois não tem liberdade,
autodeterminação, racionalidade, a capacidade para escolher os meios ou os
fins, e nem tem conhecimento das suas circunstancias.” Esta definição poderia
ser usada para negar o direito de vida aos recém-nascidos e aos adultos em
coma.
o Os argumentos acima refletem quais tipos de ética?

 A vida é concedida por Deus – At. 17:24-25.


Argumentos cristãos contra o aborto:

 Somos feitos à imagem e semelhança de Deus – Gn. 1:27.

 Deus considerou Jeremias como uma vida separada de sua mãe e como uma pessoa
antes mesmo de seu nascimento – Jr. 1:5.

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18

 A lei mosaica protegia a vida do feto antes de nascer – Ex. 21:22-25.

 O aborto é homicídio, é matar um ser humano; e, além disto, é matar um ser humano
indefeso – Ex. 20:13.

 O aborto de uma criança defeituosa é permitido? Ex. 4:11; Is. 45:9-11; 1 Co. 1:27

 Antes da Corte Suprema dos Estados Unidos da América legalizar o aborto, um grupo
Outros argumentos contra o aborto:

de 220 conceituados médiocs, cientistas e professores entregou um documento à Corte


Suprema.9 Neste documento afirmam: “Na sétima semana, [a criança ainda não
nascida] já traz feições familiares externas e todos os órgãos internos de adulto... O
cérebro sendo configurado já se assemelha ao cérebro de um adulto e emite impulsos
que coordenam o funcionamento de outros órgãos... O coração bate vigorosamente. O
estômago produz suco gástrico. O fígado fabrica células sanguíneas e os rins
começam a funcionar extraindo o ácido úrico do sangue da criança... Os músculos dos
braços e do corpo já podem ser colocados em movimento. Após na oitava semana...
tudo que se encontrará no futuro bebê plenamente desenvolvido já está presente”.

 Pesquisas com vítimas de estupro que engravidaram demonstraram que 75-85% das
mulheres escolheram levar adiante as suas gravidezes.

 O abortamento agrava os traumas psíquicos nas mulheres que engravidaram pós-


estupro, pois aumenta o sentido de violência e de culpa. Dt. 24:16

A imagem e semelhança de Deus


Outro conceito importante ligado à vida humana e a sua pessoalidade está o fato de todo ser
humano possuir a imagem e semelhança de Deus. Esta imagem e semelhança não é física,
mas é moral, racional e volitiva. Isto é o que nos distingue de todo o restante da criação. O ser
humano foi o único formado à imagem e semelhança de Deus e, portanto, embuído de valor e
dignidade. Esta imagem do Divino foi danificada e deturpada pela entrada do pecado no
mundo, mas não foi abolida. O simples fato de ser um membro da raça humana, por mais
embrionário que seja, significa que já possui esta imagem de Deus em sua constituição.

 Utilizado até sete semanas após a relação sexual, seguido por um segundo
Pílula abortiva (RU-486, mifepristone)

medicamento, misoprostol (Citotec) tomado um ou dois dias depois.

 Modo de funcionamento: bloqueia a produção de progesterona, um hormônio


feminino necessário para a manutenção da gestação. Este bloqueio provoca uma
descamação do endométrio (necessário para a implantação e alimentação do embrião),
provocando sangramento como na menstruação. O segundo medicamento ajuda o
útero a eliminar o embrião.

9
Moção apresentada à Corte Suprema dos Estados Unidos, 15 de out., 1971 (Re: no 70-18 e no 70-40),
entitullada Motion and Brief Amicus Curiae of Cerain Physicians, Professionals and Fellows of the American
College of Obstetrics and Gynecology in Support of Appellees, Dennis J. Horan et al., United States District
Court 1971, pp. 13-14 – apresentado em Os Fatos Sobre o Aborto por John Ankergerg e John Weldon.

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 Esta pílula não impede a fecundação! É um abortivo químico.

 Usado legalmente em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Ainda não
legalizado no Brasil.

 Uma dose alta de hormônio (progestágeno) é tomada até 72 horas depois da relação.
Pílula do dia seguinte (anticoncepcional de urgência)

Uma segunda dose é tomada 12 horas mais tarde.

 Como funciona – depende do ciclo menstrual:


o Se a mulher ainda não ovulou, ela impede a ovulação e, portanto, a
fecundação.
o Causa irritação do revestimento das trompas, podendo impedir o
espermatozóide de fertilizar o óvulo já na trompa.
o Causa irritação do revestimento do útero, impedindo que o ovo (óvulo já
fecundado pelo espermatozóide) se implante no útero. A fecundação do óvulo
pelo espermatozóide pode ocorrer somente alguns minutos após a relação se o
óvulo estiver no lugar certo. O óvulo fecundado leva até cinco dias para
chegar ao útero e se implantar.

 É possível a mulher tomar esta pílula e ainda ter uma fecundação! Ela poderá
eventualmente só ajudar a impedir a implantação no útero, expelindo o ovo
fertilizado.

 Pode funcionar como um micro abortivo.

 O Ministério da Saúde comprou 200 mil cartelas (R$ 115.000) para distribuição
gratuita e sem receita nos postos de saúde de 1.300 cidades brasileiras em 2007.

Contracepção e a Bíblia
A Bíblia é silenciosa quanto ao planejamento familiar. Não somos aconselhados a fazê-lo

 A Bíblia nos manda, como raça humana, a nos multiplicar e encher a terra – Gn. 1:28.
nem a evitá-lo. Mas existem alguns princípios que podemos usar para estudar o assunto.

Recusar a multiplicação seria uma desobediência à Palavra de Deus. A humanidade


acatou bem este mandamento. Somos hoje mais de 6,7 bilhões de pessoas.

 O número de filhos das famílias na Bíblia varia bastante. É verdade que existem
muitas famílias com prole numerosa, mas há outros com poucos filhos (como Isaque e
José) e outros totalmente sem filhos.

 A Bíblia nos ensina que temos uma responsabilidade de cuidar dos filhos que temos –
1 Tm. 5:8.

 Não existe motivo Bíblico para não usar métodos contraceptivos para fazer
planejamento familiar. Usá-los como opção para não ter filhos (exceto por problemas
de saúde) é um assunto muito mais controverso.

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 O uso de contraceptivos por solteiros não tem razão de ser, pois a Bíblia condena o
sexo fora do casamento.

 Dificuldade em suprir as necessidades das crianças: alimento, roupa, remédios,


Os problemas das grandes famílias hoje em dia:

material escolar.

 Perpetuação da pobreza.

 Pouco tempo para dedicar a cada criança.

 Dificuldade para inserção dos filhos no mercado de trabalho.

 Diminuição de natimortos. Quando o intervalo entre uma gravidez e outra é curto


Os benefícios do planejamento familiar:

demais, a taxa de natimortalidade aumenta. A taxa de natimortalidade é menor quando


o intervale é entre quatro e cinco anos.

 Diminuição da mortalidade infantil (mortalidade antes de um ano de idade). Quando o


intervalo entre uma gravidez e outra é de menos de um ano, a probabilidade da morte
deste bebê é três vezes maior que o intervalo de 2-3 anos. O risco de vida da criança
aumenta até que ela atinja os quatro anos.

 As crianças de uma família menor são geralmente melhor nutridas. A taxa de


mortalidade entre as crianças mal nutridas chega a ser 400 vezes maior.

 Contraceptivo oral (pílula) – método mais simples, eficaz e de maior utilização.


Métodos contraceptivos:

99-100% eficaz.

 Injeção de hormônio – necessidade de repeti-la a cada três meses. 99-100% eficaz.

 Preservativo masculino.
o A sua eficácia contra a gravidez é de cerca de 90%.
o Uso estimulado também na promoção do “sexo seguro”, como meio de evitar
as DSTs. Este conceito é enganoso, principalmente com relação ao HIV.
Mesmo sem rompimento do preservativo, o vírus é capaz de atravessar micro
poros, pois é infinitamente menor que o espermatozóide.
o O preservativo diminui a transmissão do HIV, mas não é “sexo seguro”.
o Política governamental de distribuição gratuita de preservativos nas escolas e
postos de saúde.

 Método do calendário e da temperatura basal – método mais barato e natural, mas


com alto índice de falha.

 Ligadura de trompas – método cirúrgico feminino.

 Vasectomia – método cirúrgico masculino.

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Nota: Ao se pensar nestes dois últimos procedimentos, devem ser considerados métodos
definitivos. Existe uma possibilidade pequena de reverter cirurgicamente estes
procedimentos, mas não se deve contar com isso ao fazer esta opção.

 Dispositivo intrauterino (DIU) – este método não impede a fecundação, mas age
mudando as condições necessárias à implantação do óvulo no endométrio (nidação) e
impedindo-a. Este método teria o mesmo efeito da “pílula do dia seguinte” e seria
micro abortivo.

Fertilização in vitro (bebê de proveta)


A fertilização in vitro é uma técnica usada em alguns casos para casais que têm dificuldades
para engravidar. A fecundação é realizada em laboratório. Espermatozóides são recolhidos do
marido e uma operação laparoscópica é feita para recolher vários óvulos do ovário da esposa.
Um espermatozóide é injetado em cada óvulo para fertilizá-lo e os ovos começam a se
desenvolver. Após alguns dias, um embrião aparentemente mais sadio é escolhido (os outros
são congelados) para ser implantado no útero materno e ali se desenvolver até o fim da
gravidez. Se o procedimento de implantação e desenvolvimento da gravidez não for bem
sucedido da primeira vez, outro embrião é escolhido dentre os congelados e implantado no
útero. Quando os embriões não forem mais necessários, são “descartados”. Portanto, são
vidas que são “descartadas”.

Pesquisas com células tronco

 Porque os cientistas estão querendo fazer pesquisas com células tronco? Células
Pesquisas com células tronco

tronco são células indiferenciadas que podem se transformar em qualquer tipo de


célula do corpo humano (muscular, nervosa, óssea, pele, etc. – inclusive, de todos os
órgãos humanos).

 A esperança é de encontrar uma maneira de substituir células humanas que se


tornaram defeituosas por causa de uma doença (Parkinson, Alzheimer, diabetes, etc.)
com novas células produzidas a partir de células tronco.

 Exemplo: as células cerebrais deterioradas de um doente com Parkinson ou Alzheimer


poderiam ser substituídas com células normais produzidas a partir de células tronco.

 O embrião, nos seus primeiros estágios de desenvolvimento, é praticamente todo ele


Pesquisas com células tronco embrionárias:

formado por células tronco.

 Para fazer-se pesquisa com células tronco, utilizam-se embriões descartados pela
fertilização in vitro ou pela clonagem de células humanas (o núcleo de um óvulo é
substituído pelo núcleo de uma célula do individuo que se deseja clonar e em seguida
um estímulo elétrico causa a multiplicação de células). É necessária a destruição
destes embriões, em qualquer um dos métodos.

 A salvação de uma vida não justifica a destruição de outra vida.

 Até agora este tipo de pesquisa traz somente esperanças, mas nada de concreto.
Nenhum artigo científico foi publicado demonstrando benefícios obtidos com a
pesquisa feita em células tronco embrionárias.

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 Mas as células tronco podem ser obtidas de outras formas que não através do
sacrifício de embriões.

 Após o nascimento de uma criança e antes da retirada da placenta, uma cânula pode
Células tronco do sangue do cordão umbilical:

ser inserida no cordão umbilical para coletar sangue. O método é indolor e não
apresenta riscos nem para a mãe, nem para a criança.

 Este método já é utilizado para o tratamento de 65 doenças diferentes, como leucemia


e linfoma.

 Como milhões de bebês nascem todos os anos, é uma fonte considerável de células
tronco.

 Células tronco podem ser encontradas no sangue periférico de adultos e também


Células tronco de adultos:

podem ser colhidas da medula óssea do esterno ou da bacia através de agulhas


especiais.

 Estas células já estão sendo usadas em tratamentos experimentais com ótimos


resultados. Doenças sendo tratadas: artrite, doença de Crohn, lupus, cânceres (do
cérebro, leucemia, linfoma, do testículo, do ovário, do rim, etc.), queimaduras, infarto
do miocárdio, distrofia muscular e outras doenças.

 As células tronco do adulto tem a mesma capacidade de se transformar em qualquer


tecido humano que as células tronco embrionárias.

 Gênesis 1 e 2 nos dão a maneira como Deus criou os sexos humanos. É a forma
Homossexualidade

normal de se relacionarem. Deus os criou “homem e mulher” (Gn. 1:27-28).

 Em Gn. 2 temos a única coisa que “não é bom” na criação – “que o homem esteja só”
(Gn. 2:18). E por isso Deus criou a mulher, para que o homem e a mulher estivessem
em comunhão e união (2:24).

 O desvio do propósito de Deus tem as suas conseqüências. Passagens bíblicas que


claramente falam contra a homossexualidade:
o Gênesis 19:1-26 – Sodoma e Gomorra
o Levítico 18:22; 20:13 – proibição da homossexualidade na Lei de Moisés.
o Juízes 19:22-24 – Benjamitas de Gibeá querem abusar sexualmente um
viajante.
o Romanos 1:26-27 – homossexualidade masculina e feminina é “paixão
vergonhosa”
o 1 Co. 6:9-10 – os que praticam a homossexualidade não entrarão no Reino de
Deus.
o 1 Tm. 1:8-10 – a lei pune a homossexualidade

 O que causa a homossexualidade:


o Contribuições (complexas):

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Confusão no papel dos pais – mães dominantes, pais ausentes, fracos


(falta de liderança) ou violentos – a atitude do pai é fundamental, tanto

 Vida em família – disfunção familiar severo com dano moral à criança


para o homossexualismo masculino quanto o feminino.

 Abuso sexual na infância


 Ambiente de criação: criado predominantemente com crianças do sexo
oposto, falta de oportunidade de interação saudável com outras

 Influência de um homossexual mais velho(a) sobre um(a) adolescente


crianças do mesmo sexo.

 Experimentação sexual entre adolescentes do mesmo sexo (como

 Pornografia
masturbação).

 Aceitação e até glorificação da homossexualidade na sociedade e na

 As influências e as contribuições não determinam as nossas atitudes e


mídia.

comportamento.
o Escolhas: cada um é responsável pela sua. São as nossas escolhas que
determinam o nosso comportamento.

 Deixar a homossexualidade pode ser uma luta para muitos – da mesma


o Compulsões: uma vez que se torna um hábito, pode virar um vício.

 Além das estratégias para evitar a tentação, o homossexual em


forma que deixar o vício do álcool ou das drogas.

recuperação precisa desenvolver outro estilo de vida (saudável) com


muito apoio de irmãos e irmãs da fé.

 A questão da causa genética


o Alguns estudos sugerem que pode haver uma influência genética. A
importância destes estudos tem sido exagerada pela advocacia gay.

o Esta estória começou com um artigo publicado na respeitadíssima revista


Nature em 1993. Um artigo por Gene Hamer comentou que a ciência “estava
às portas de provar que o homossexualismo é inato, genético e, portanto,
impossível de mudar – uma variante normal da natureza humana”.

o No entanto, até agora não foi localizado nenhum gene ou marcadores de gene
responsáveis pela homossexualidade. O estudo publicado por Hamer continha
várias falhas de metodologia que foram trazidos à tona. Mas serviu como
estopim para a mídia leiga especular sobre a origem genética da
homossexualidade.

o Mesmo se houver uma tendência genética, ela não torna a homossexualidade


obrigatória, da mesma forma que a tendência genética comprovada ao
alcoolismo não torna o alcoolismo obrigatório.

o Se fosse puramente genético, todos os gêmeos idênticos (com DNA idêntico)


seriam obrigatoriamente ou “hetero” ou gay. Mas este não é o caso. Existem
milhares de gêmeos idênticos onde um é “hetero” e o outro é gay.

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24

o Características genéticas hereditárias que não são repassadas à próxima


geração são eliminadas do pool genético e tendem a desaparecer. Como os
homossexuais tendem a se reproduzir bem menos do que a população em
geral, a homossexualidade deveria estar diminuindo. Mas o que vemos é bem
o contrário.

o O que vemos na história são picos de práticas homossexuais que aparecem nas
sociedades decadentes. Isto está mais relacionado com comportamento social
do que com genética.

o Deus é infinitamente justo. Se a homossexualidade fosse puramente um


defeito (ou variação, se preferirem) genético, Deus não puniria, especialmente
com tanta severidade (morte no AT e banimento do Reino de Deus no NT).

Eutanásia, Suicídio medicamente assistido e Interrupção ou Recusa de suporte artificial


à vida.

 Eutanásia: Quando uma pessoa age compassivamente com intenções de terminar a


Definições:

vida de um doente.
o Eutanásia voluntária: quando o próprio paciente pede que a sua vida seja
tirada.
o Eutanásia não voluntária: quando o próprio paciente é incapaz de formular o
pedido (inconsciência, demência ou retardamento mental, criança) e esta for
tomada por um responsável ou pela equipe médica.
o Eutanásia involuntária: quando o próprio paciente tiver condições de tomar a
decisão, mas a decisão é tomada à sua revelia por motivos de sofrimento.

 Suicídio medicamente assistido: Quando uma pessoa da área médica auxilia um


paciente a tirar a sua própria vida. Os métodos podem ser através do fornecimento e
instalação de uma aparelhagem para tal, da prescrição e/ou fornecimento de
medicamentos em dose letal, ou o aconselhamento de métodos para tirar a vida.

 Interrupção ou recusa de suporte artificial à vida: quando uma pessoa estiver


morrendo, sem esperanças reais de recuperação, o paciente, ou na sua incapacidade o
seu representante legal, toma a decisão de recusar o suporte artificial à vida, ou de
interrompê-lo quando este já estiver ligado. Nada é feito para causar a morte, apenas
se permite o processo natural da morte.

Eutanásia: Posição da Associação Cristã Médica e Dentária dos USA quanto à ética da
eutanásia:

Ciência e Bíblia Professores: Pr. Kenneth Eagleton e Francisco Lima


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Nós, como médicos e dentistas cristãos, cremos que a vida humana é um dom de Deus e é
sagrada, pois cada vida possui a imagem de Deus.

A função do médico é salvar vidas, aliviar o sofrimento e cuidar de maneira compassiva e


competente enquanto viver o paciente.

Nós nos opomos à intervenção ativa com o fim de produzir a morte por motivo de sofrimento,
considerações econômicas ou conveniência do paciente, da família ou da sociedade.

Nós não nos opomos à interrupção ou à recusa de meios de suporte artificial à vida em
pacientes que estão claramente e irrevogavelmente deteriorando fisicamente e em quem a
morte parece iminente e além de uma esperança razoável de recuperação.

Apesar de condenarmos a eutanásia, encorajamos o desenvolvimento e uso de alternativas para


aliviar o sofrimento, providenciar um companheirismo humano e dar oportunidade ao suporte
espiritual e ao aconselhamento.

 Depois dos anos 60, tem havido um movimento cada vez mais favorável da sociedade
em prol da autodeterminação do indivíduo. Isto tem levado a uma maior aceitação da
decisão do indivíduo em tirar a sua própria vida. O principal empecilho tem sido a
aversão aos métodos violentos, tais como arma branca ou de fogo, enforcamento ou a
queda de locais altos. A eutanásia e o suicídio medicamente assistido estão sendo
promovidos por muitos como formas aceitáveis de tirar-se a própria vida.

 Defensores da legalização da eutanásia e do suicídio medicamente assistido usam os


seguintes argumentos para persuadir a sociedade a permitir que os médicos pratiquem
tais atos: alguns pacientes não têm parentes que os ajudem a terminar a sua vida;
médicos têm melhor conhecimento do prognóstico e estão mais bem colocados para
avaliar o pedido do paciente; os médicos têm conhecimento e acesso aos
medicamentos letais; o conhecimento médico pode evitar os casos de tentativa de
suicídio mal sucedidos; e os médicos seriam mais objetivos nas suas avaliações por
não estarem emocionalmente envolvidos.

 A eutanásia é legal na Holanda, Bélgica, Uruguai e em uma província ao norte da


Austrália.

 O suicídio medicamente assistido já é legal na Holanda, Bélgica e em três estados da


América do Norte.

 De 1996-99 tramitou no Senado Federal um projeto de lei que regulamentaria a


eutanásia no Brasil. Foi arquivada.

 Um indivíduo não tem o direito de tirar a sua própria vida ou a de outra pessoa (não
matarás).

 A vida é concedida por Deus e só pode ser retirada por ele.

 Sofrimento não é o padrão pelo qual devemos tomar decisões sobre vida e morte. O
próprio Jesus sofreu ao ponto de ficar angustiado, mas sem voltar atrás (Mc 14:34).
Ele nos chama a sofrer com ele. Não somos chamados para evitar a dor a todo custo.

Ciência e Bíblia Professores: Pr. Kenneth Eagleton e Francisco Lima


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 O cristão deve ter compaixão e aliviar a dor quando possível, mas não a qualquer
custo.

 Muitas vezes a suposta “compaixão” demonstrada na eutanásia, nada mais é do que


uma pessoa querer se desfazer de uma situação embaraçosa para ela (a que comete a
eutanásia): inconveniência de ter que cuidar do paciente, considerações econômicas,
desconforto emocional, etc.

Outros assuntos a serem explorados:


Estética, vigorexia (culto ao corpo), cirurgia plástica estética, juventude eterna (vaidade).
Responsabilidade do homem com o meio ambiente
o Poluição
o Desperdício de recursos naturais
o Aquecimento global

Ciência e Bíblia Professores: Pr. Kenneth Eagleton e Francisco Lima

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