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NIVELAMENTO APRENDIZAGEM NA EAD MEDIADA POR TIC

O AUTOESTUDO
E OS TIPOS DE
APRENDIZAGEM

E
T
A
P
A
1
Nivelamento sobre Aprendizagem na EAD mediada por TIC
Conteudista: Ana Clarisse Alencar Barbosa
Revisão: Janicéia Pereira da Silva

_INTRODUÇÃO
Certamente, você já se deparou com uma sala repleta de alunos. Ao observá-los,
possivelmente, emergiu uma certeza: a diversidade no desenvolvimento humano é um
fato. Essa diversidade pode ser constatada por meio de simples observações. O ato
de observar torna perceptível a singularidade de cada sujeito. Assim, compreendemos
que cada um se torna singular por ser constituído por experiências próprias, por ser
resultado da própria interação com a história e a cultura que o cerca e por ser capaz de
construir novos sentidos a partir das experiências vivenciadas. Mediante essa reflexão,
emergem as questões: Qual o perfil do estudante da educação a distância (EAD)? O que
é aprendizagem? Quais os estilos de aprendizagem? Como eu aprendo? Vamos buscar
respostas para essas perguntas?

1.1 PERFIL DO ESTUDANTE EAD E A


PREPARAÇÃO PARA O ESTUDO EM EAD
Diante das mudanças promovidas pelas tecnologias ao longo da história e,
especialmente, dos impactos que o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) causaram na reconfiguração do processo de ensino-aprendizagem da
EAD, os papéis dos atores envolvidos nesse contexto foram revistos e, em certos casos,
transformados, como o papel discente (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016).
Souza, Franco e Costa (2016) destacam que, no contexto atual, ainda, são
presentes as marcas da escolarização vivenciada por décadas, ao mesmo tempo em que
as dinâmicas inovadoras, baseadas nas TICs, são introduzidas na educação, a ponto de
Gouvêa e Oliveira (2006, p. 107) afirmarem que:

A subjetividade, construída, durante séculos, de sistema educativo


presencial, na qual o professor se encontrava no papel de controlar o
fluxo de informação, as formas de apreensão do conteúdo e os modos
de entendimento daquilo que circulava no espaço escolar (ou, mesmo,
acreditava-se que possuía tal poder de controle), passa a ser solapada
pela distância que coloca o aluno longe do seu olhar, da sua fala e da
sua influência direta.

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Ao pontuar o novo aprendente, Guimarães (2012) associa o aumento de
matrículas na educação superior à elevação do poder aquisitivo de uma grande parcela
da população, que passa a sair de uma situação desfavorável para outra, com o apoio da
educação. Assim, “[...] há, marcadamente, um novo perfil socioeconômico dos estudantes
brasileiros, que aprendem de maneira diferente e desafiam o elitismo, que sempre marcou
a educação superior” (GUIMARÃES, 2012, p. 126).
Souza, Franco e Costa (2016) relacionam uma série de características que compõe
o perfil desse novo aluno, como a matrícula tardia na educação superior; a dedicação
parcial ou integral ao trabalho; os estudos no período noturno; a independência financeira
ou a participação expressiva na renda familiar; e a existência de esposos(as), filhos(as) e
parentes.
Os conhecimentos desenvolvidos durante a educação básica são diferenciados
daqueles dos universitários tradicionais, uma vez que estes são jovens adultos, adultos
ou mais velhos e possuem objetivos claros, por exemplo, melhores salários ou mudar de
profissão (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016).
Ainda há a descrição dos estudantes da EAD como adultos trabalhadores,
geralmente, com idades entre 25 e 50 anos, que buscam uma aprendizagem mais
orientada para a prática, possuem experiências de vida e de trabalho, apreciam ter o
controle sobre os próprios atos e entendem essa modalidade como uma rica possibilidade
de estudos, não oportunizada, a eles, quando mais jovens (SOUZA; FRANCO; COSTA,
2016).
Portanto, nessa linha sobre o perfil do estudante de EAD, temos a autodisciplina
constante, a capacidade de autoinstrução e os princípios educacionais básicos, mencionados
por Cortelazzo (2013) como: a autonomia, a habilidade de se responsabilizar por sua
própria aprendizagem, de acordo com o nível de ensino; a ação comunicativa, sendo a
ação docente e discente transformada, o estudante passa de passivo para interlocutor;
a colaboração, o compartilhamento de saberes e experiências; a acessibilidade,
dimensionada para que os materiais sejam pedagogicamente acessíveis aos estilos de
aprendizagem; e, por fim, a equidade, superando as desigualdades socioeconômicas,
educacionais, de gênero etc.
Moore e Kearsley (2011) acrescentam, a esse rol de características, os fatores
subjetivos, com destaque para a ansiedade. A inexperiência com a modalidade a distância
e o receio de não atender às expectativas pessoais e às do curso podem colaborar para
desistências. É preciso citar, também, outros perfis, quando pensamos no estudante
usuário de tecnologias, por exemplo, nativos digitais e imigrantes digitais, que são termos
utilizados para delinear os principais comportamentos dos adultos (SILVA, 2012 apud
SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016).

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1.2 TIPOS DE APRENDIZAGENS
Aprender é uma habilidade inerente do ser vivo. Cachorros e gatos, por exemplo,
são alguns dos diversos animais capazes de aprender. No entanto, ao nos remetermos
à aprendizagem do ser humano, podemos destacar que este evolui, progressivamente,
de geração em geração, elaborando formas de interação com o mundo. Acerca da
aprendizagem, podemos evidenciar que esta ocupa lugar de destaque no cotidiano das
nossas vidas, pois aprendemos a andar, a comer, a falar, a ler, a escrever, e assim por diante.
A aprendizagem, segundo Nunes e Silveira (2009), é definida como o processo no qual a
pessoa “se apropria de” conhecimentos e habilidades. Desse modo, compreendemos que
o processo que envolve a aprendizagem possibilita a elaboração de novos conhecimentos,
os quais passam a constituir o sujeito.
Mediante o conceito destacado por Leontiev (1978), infere-se que a aprendizagem
tem sido estudada desde a antiguidade, tornando-se um conceito histórico e complexo
– histórico devido ao fato de a aprendizagem ser investigada e discutida por filósofos
e discípulos desde o início dos tempos, e complexo por conta de o processo de
aprendizagem se dar pela singularidade, que, por sua vez, está atrelada ao interesse
de cada sujeito e às relações estabelecidas por ele com o meio no qual está inserido. A
partir desse entendimento, González (2004) evidencia que a aprendizagem ocorre de
forma contínua e diversa, pois se faz presente o tempo todo, ao longo da vida e nos mais
variados contextos e situações.
Quando nos referirmos à aprendizagem na EAD, podemos destacar que “o espaço
virtual possibilita formas de aprendizagem diferenciadas das ocorridas no presencial
e os estilos de aprendizagem possuem algumas características possíveis de serem
identificadas nesse contexto” (BARROS et al., 2010, p. 138). Ainda, as formas de
aprendizagem, ou estilos de aprendizagem, fornecem importantes contribuições para o
processo de ensino-aprendizagem, pois permitem “estruturar as especificidades voltadas
às tecnologias, atendendo às necessidades dos indivíduos envolvidos no processo”
(BARROS et al., 2010, p. 137).

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Figura 1 – Como podemos aprender

Fonte: https://blog.forleven.com/wp-content/uploads/2016/12/piramide.png. Acesso em: 18 ago.


2022.

Segundo Alonso, Gallego e Honey (2002), os estilos de aprendizagem são traços


cognitivos afetivos e fisiológicos, servindo como indicadores relativamente, estáveis da
forma de relacionamento dos alunos (percepção, interação e respostas) nos ambientes
e recursos de aprendizagem. No entanto, vale destacar que não são métodos ou
metodologias, se confundir com as inteligências múltiplas ou com uma teoria psicológica
. Segundo Barros et al. (2010), os estilos de aprendizagem, em uma compreensão
pedagógica, envolvem os diferentes comportamentos das pessoas diante do processo
de aprendizagem. Os autores ainda destacam que existem quatro estilos definidos:

O ativo, que valoriza dados da experiência, entusiasma-se com tarefas


novas e é muito ágil. O reflexivo, que atualiza dados, estuda, reflete e
analisa. O teórico, que é lógico, estabelece teorias, princípios, mode-
los, busca a estrutura, sintetiza. O pragmático, que aplica a ideia e faz
experimentos (BARROS et al., 2010, p. 137).

No contexto que envolve os estilos de aprendizagem, Paloff e Pratt (2004, p. 53)


ressaltam que “o fundamental é reconhecer as diferenças que existem, que devem ser
levadas em consideração na sala de aula on-line, pois adotar a mesma abordagem, para
todos os alunos, não funcionará”. Existem algumas técnicas que, segundo Paloff e Pratt
(2004), são aptas para contemplar os diferentes estilos de aprendizagem.
A respeito dos estilos de aprendizagem, as pessoas recebem informações, das mais
variadas formas, e lidar com elas, de maneira eficiente, depende muito da forma como

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diferentes habilidades podem ser desenvolvidas. Se o professor utiliza uma abordagem
que privilegia um determinado estilo de aprendizagem, os alunos que não têm essa
mesma habilidade desenvolvida, geralmente, apresentam dificuldades no aprendizado
e podem, inclusive, perder o interesse em aprender (FELDER, 1996 apud KALATZIS;
BELHOT, 2007). Por outro lado, se o professor direciona a atenção de acordo com o estilo
de aprendizagem predominante de cada aluno, é possível levá-lo ao desenvolvimento de
outras habilidades, até então, não estimuladas.
Nesse sentido, a atenção do professor, não direcionada às preferências dos estilos
de aprendizagem dos alunos, propicia o estímulo às habilidades ainda não percebidas, o
que contribui para os melhores desempenhos acadêmico e profissional dos aprendizes
(KALATZIS; BELHOT, 2007). Estilos de aprendizagem representam preferências e
características dominantes em relação a como as pessoas recebem e processam
informações, considerando os estilos como habilidades passíveis de serem desenvolvidas
(FELDER, 1996 apud KALATZIS; BELHOT, 2007).
Na concepção dos autores, um dos principais objetivos da educação deveria ser
promover o desenvolvimento de habilidades dos aprendizes. Alguns estudantes tendem
a focalizar mais fatos, dados e algoritmos, de maneira mais descritiva, enquanto outros
se sentem mais confortáveis com teorias e modelos matemáticos (KALATZIS; BELHOT,
2007).
Alguns podem, ainda, responder, prioritariamente, às informações visuais, como
figuras, diagramas e esquemas, enquanto outros apresentam facilidade de entendimento
a partir de informações verbais – explanações orais ou escritas. Do mesmo modo que a
preferência pode ser tida das formas ativa e interativa, apresenta uma abordagem mais
introspectiva e individual entre os estilos de aprendizagem (KALATZIS; BELHOT, 2007).
Nesse sentido, as dimensões de estilos de aprendizagem, segundo Felder e Silverman
(1987), podem ser definidas como:

• Sensoriais × intuitivos: os sensoriais são práticos e preferem lidar com situações


concretas, gostam de aprender fatos. São detalhistas, memorizam procedimentos
e fatos com facilidade. Já os intuitivos são inovadores, preferem descobrir
possibilidades e relações. Direcionam mais a atenção para as teorias e os significados.
Sentem-se mais confortáveis em lidar com novos conceitos, abstrações e fórmulas
matemáticas. São ágeis nos trabalhos (KALATZIS; BELHOT, 2007).

• Visuais × verbais: os visuais memorizam mais facilmente, por meio de figuras,


diagramas, fluxogramas, filmes e demonstrações. No entanto, os verbais tiram
maior proveito das palavras – explanações orais ou escritas (KALATZIS; BELHOT,
2007).

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• Ativos × reflexivos: os ativos aprendem a partir da experiência, tendem a reter e
a compreender informações mais eficientemente, discutindo, aplicando conceitos
e/ou explicando para outras pessoas. Gostam de trabalhar em grupos. Contudo,
os reflexivos aprendem internalizando as informações. Eles necessitam de um
tempo para pensar nas informações recebidas. Preferem os trabalhos individuais
(KALATZIS; BELHOT, 2007).

• Sequenciais × globais: os sequenciais tendem a trilhar caminhos mais longos, são


organizados, aprendem, mais facilmente, os conteúdos apresentados, de forma
linear e progressiva. Entretanto, os globais aprendem em grandes saltos, lidando,
de forma aleatória, com os conteúdos, compreendendo-os por “insights”. Depois de
terem clara a visão geral, têm dificuldade para explicar o caminho que traçaram para
chegar a essa visão (KALATZIS; BELHOT, 2007).

Figura 2 – Estilos de aprendizagem

Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-R_yCI4uIIew/V4Vvv-DAoPI/AAAAAAAACc0/cQpTd8Unj-gCSC-
Jsjn2R5DY6OC6Er838ACLcB/s1600/ABAAAfU1EAE-9.jpg. Acesso em: 18 ago. 2022.

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Os quatro tipos e as respectivas perguntas são classificados como:

• Tipo 1 (concreto, reflexivo) – “por quê?”: os aprendizes do tipo 1 reagem, favoravelmente,


às explanações e, a partir das informações obtidas, procuram fazer a relação com
suas próprias experiências, os interesses e as futuras profissões (KALATZIS; BELHOT,
2007).
• Tipo 2 (abstrato, reflexivo) – “o quê?”: os aprendizes do tipo 2 reagem à informação
de maneira lógica, organizada; a informação se torna benéfica se eles tiverem tempo
para reflexão (KALATZIS; BELHOT, 2007).
• Tipo 3 (abstrato, ativo) – “como?”: os aprendizes do tipo 3 reagem, positivamente, às
oportunidades para trabalhar em tarefas bem definidas e aprender por “tentativa e
erro”, em ambientes que lhes permitam falhar com segurança (KALATZIS; BELHOT,
2007).
• Tipo 4 (concreto, ativo) – “e se?”: os aprendizes do tipo 4 gostam de aplicar o conteúdo,
apresentado em aula, em situações novas, para solucionar problemas reais (KALATZIS;
BELHOT, 2007).

As dimensões propostas para os estilos de aprendizagem não são originais


nem completas. Outras dimensões desses modelos e de outros modelos também
desempenham papéis importantes na determinação de como um estudante percebe e
processa a informação (KALATZIS; BELHOT, 2007).
Os estilos, ou o conjunto de preferências, determinam as abordagens individuais
para aprender, as quais, nem sempre, são compatíveis com as situações de aprendizagem.
Esses estilos variam ao longo da vida, de acordo com a situação de aprendizagem, o
conteúdo e a experiência do aprendiz (KALATZIS; BELHOT, 2007).
Nesse sentido, é fundamental que os aprendizes tenham, ao seu alcance,
os elementos necessários para obter melhores resultados de aprendizagem. Esses
elementos podem promover melhores condições para atender, inclusive, a exigências
das atividades profissionais. Conscientizar os alunos ou mesmo ensiná-los a respeito dos
estilos de aprendizagem e auxiliá-los no processo de aprendizagem torna-os conscientes
dos próprios processos mentais e contribui para que desenvolvam habilidades (KALATZIS;
BELHOT, 2007).
O Quadro 1 apresenta algumas técnicas que, segundo Paloff e Pratt (2004), podem
ser utilizadas para contemplar os diferentes estilos de aprendizagem.

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Quadro 1 – Diferentes estilos de aprendizagem e dicas de como trabalhar

CARACTERÍSTICAS DICAS
Uso de cores; senso artístico; Uso de gráficos, filmes, slides,
habilidades artísticas; ilustrações, tabelas, resumos etc.
dificuldade em ouvir Criação de códigos de cores/
comandos símbolos para resumos.
ALUNOS VISUAIS
dificuldade em compreender Atividades de interpretação de
palestras. recursos gráficos.
Interpretação errônea das Palestras, diagramas e tabelas para
palavras. organização das anotações.
Informações auditivas. Uso de áudio para palestras ou livros.
ALUNOS
Dificuldade na compreensão Realização de entrevistas.
AUDITIVOS
de comandos escritos. Participação de discussões
Aprendizagem por toque/ Aprendizados experimentais. Aulas
sentido. práticas.
Dificuldade em ficar sentados Uso de simulações.
ALUNOS TÁCTICOS por longos períodos. Pausas frequentes nas horas de
OU FÍSICOS Participação em atividades estudo.
físicas. Uso do computador.
Boa coordenação e habilidade Aulas virtuais.
motora. Aprendizado com atividade motora
Estudo individualizado.
Trabalho e estudo individual.
Uso de livros, de recursos multimídia.
Interesses próprios.
Realização de projetos individuais.
ALUNOS Reflexão de si mesmos.
Ritmo de aprendizado personalizado.
AUTODIDATAS Persistentes e determinados.
Realização de trabalhos de
Busca pela originalidade.
pesquisas com interesse específico.
Forma intrapessoal
Resolução de problemas
Gosto pela leitura, escrita. Incentivo à leitura e à escrita.
Contação de estórias. Atividades de apresentação de
Facilidade de memorização de síntese para o grande grupo.
ALUNOS
nomes, lugares e datas. Escrita de textos nos mais variados
LINGUÍSTICOS
Boa fluência verbal e estilos dissertativos.
facilidade de expressão. Realização de debates de temas
Intrapessoal. polêmicos
Uso de jogos.
Gosto por experiências. Uso de categorias.
Problemas lógicos ou Criação de classificações.
ALUNOS LÓGICO
matemáticos. Padrões.
MATEMÁTICOS
Facilidade no uso de cálculos, Assuntos tratados e comprovados.
equações, estatísticas. Desenvolvimento e compreensão de
processos complexos.
Atividades com ritmo.
Canto.
Uso de sons.
Íntimos dos instrumentos.
Letras de música.
ALUNOS MUSICAIS Gosto por músicas, ritmos
Relação com estilos musicais ou
e melodias. Interação e
épocas.
compreensão de sons.
Criação de trabalhos em multimídia.

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Fluência pessoal
Interesse pelo diálogo.
Jogos em equipe.
Trabalho em grupos
Trabalhos de pesquisa em grupo.
ALUNOS Liderança.
Pequenas equipes.
GREGÁRIOS Bons ouvintes.
Debates.
Conhecimento na relação
Entrevistas.
pessoal. Organização de
eventos. Diplomáticos.

Fonte: Paloff; Pratt (2004, p. 64-65)

O estudo desses processos evidencia que cada indivíduo possui um modo de


aprender, modos de aprendizagem e de acessar o conhecimento ou o novo conhecimento.
Portanto, os estilos de aprendizagem nada mais são que as diferentes maneiras pelas
quais o conhecimento é processado – afinal, todos aprendem de um jeito, ou seja,
aprendem uma mesma coisa de formas diferentes.
Para elucidar o nosso estudo, optamos por apresentar três estilos específicos de
aprendizagem: um desenvolvido por Vark, outro pelo professor Kolb e, por fim, outro por
Dunn e Dunn.

Em sala de aula existe uma variedade de tipos de aprendizagens. Essa


diversidade abrange as maneiras como os estudantes preferem per-
ceber, reter, processar e organizar o conhecimento. Muito se discorre
sobre modelos de aprendizagem [...], estes são a construção prática
da teoria que gera o estilo de aprendizagem (SCHMITT; DOMINGUES,
2016, p. 364).

Assim, temos o método Vark, um questionário desenvolvido pelo professor Neil


Fleming, em 1992, composto por uma técnica de mapeamento de estilos de aprendizagem.
“Esse questionário foi desenvolvido para que haja uma interação sobre a aprendizagem
entre professor e aluno, mas também pode ser um catalisador para o desenvolvimento
pessoal” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 372).
Para Fleming (2001 apud SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 373), o ser humano
tem quatro canais de aprendizado, são eles: visual, auditivo, sinestésico e leitura/escrita.

• Visual: aprendizagem por meio do uso de recursos visuais, como vídeos, aulas
expositivas, mapas, e no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas, para
que se aprenda, temos slides ilustrados, diagramas, mapas mentais ilustrados, vídeos
e flashcards.
• Auditivo: aprendizagem por meio da captação de variações sonoras, como palestras,
discursões, e no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas para que se
aprenda, temos o podcasts, posts em áudio, audiobooks e videoaulas.

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• Leitura/escrita: aprendizagem por meio de artigos, manuais, anotações feitas pelo
próprio aluno, e no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas, para que
se aprenda, temos mapas mentais, resumos, livros, PDFs, apresentação escrita dos
conteúdos na tela.
• Sinestésico: aprendizagem onde se aprende fazendo, “preferem aprender fazendo
as tarefas por si sós” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p.373). E no que diz respeito ao
uso de ferramentas tecnológicas, para que se aprenda, temos o uso de laboratórios,
seja ele presencial ou virtual, encenações, demonstrações e “gostam de utilizar
o toque, o movimento e a interação com o seu ambiente” (SCHMITT; DOMINGUES,
2016, p.373).

Figura 3 – Estilos de aprendizagem

Fonte: https://www.iniciativaeducacao.org/uploads/subcanais2_conteudos/v2_aprendiza-
gem_1780px_1780px-1.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022.

Outro modelo estrutural da aprendizagem, foi desenvolvido por Kolb, em 1984, um


instrumento de medida, intitulado Inventário de Estilos de Aprendizagem. Kolb (1984)
propõe um ciclo para descobrir o ritmo de estudo e a forma como administrar o tempo
para que a aprendizagem aconteça, proporcionando a autonomia do sujeito.

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entre o indivíduo e o mundo que o cerca. De uma experimentação ativa e
uma experiência concreta, o indivíduo retira insumos para uma observação
reflexiva, que pode dar origem a um pensamento, uma conceituação
abstrata, conforme figura abaixo:
Figura 4 – Ciclo de Kolb

Fonte: Schmitt; Domingues (2016, p. 366)


A tensão entre esses dois polos é perniciosa porque nos faz escolher entre
fazer ou dizer, comunicar ou participar, pensar ou agir, quando, na verdade,
ambos ocorrem
Nesse simultaneamente,
sentido, na experiência apesar de serem
concreta, sãoatividades humanas
os sentimentos, os sujeitos
distintas. Essa dicotomia, resquício da modernidade, aparece também na
desse estilo de aprendizagem; geralmente, são empáticos, tratam as situações como um
cisão universidade/empresa, como se a academia fosse o lócus do
caso único. “Aprendem
conhecimento melhor por
puro, abstrato, meio edeasexemplos
teórico específicos
corporações o localnos quais
onde “as se sintam
envolvidos. Estes estudantes
coisas realmente tendem
acontecem”, ondea se relacionar
aprende namelhor com outros estudantes, do
prática.
que com uma autoridade como o professor” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 365).
Na Conceituação Abstrata, indica-se um modo de aprendizagem analítico e
Figura 1. Modelo de aprendizagem experencial (David Kolb.  Experiential Learning:
conceitual,
Experience baseado no raciocínio
as the Source of Learninglógico: “Eles se sentem
and Development, 1984) frustrados e aprendem pouco
pelo aprendizado através de descobertas de modo desestruturado, como em exercícios
e simulações” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p.365). Os sujeitos aprendem quando
dirigidos por uma autoridade de modo impessoal.
Na Observação Reflexiva, ocorre uma abordagem por tentativas, imparcial e
reflexiva: “Aprendem assistindo aulas, o que lhes dá a possibilidade de exercer o seu papel
de observador e juiz imparcial, desta maneira, tendem a ser introvertidos” (SCHMITT;
DOMINGUES, 2016, p. 366).
Por fim, na Experimentação Ativa, esses sujeitos aprendem quando participam
de projetos práticos, debates em grupo, ao organizar tarefas em casa e não gostam de
situações de “aprendizado passivo como assistir aulas, e tendem a ser extrovertidos”
(SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 366).

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Portanto, na prática, o Quadro 2 mostra como seriam as atividades integradas ao
processo de aprendizagem do sujeito, segundo Kolb (1984):

Quadro 2 – Atividades integradas

Experiência Observação Conceituação Experimentação


concreta reflexiva abstrata ativa
Exemplos de aula Perguntas para Palestras Exemplos de aula
reflexão
Conjuntos de Tempestade de ideias Papers Laboratórios
problemas (brainstorming)
Leituras Discussões Analogias Estudos de caso
Filmes Juris Leituras de textos Tarefas em casa
Simulações Jornais Projetos Projetos
Laboratórios Modelos de Trabalho de campo
construção
Observações Modelos críticos
Trabalho de campo
Fonte: Schmitt; Domingues (2016, p. 367)

O estilo de aprendizagem, proposto por Dunn e Dunn (1978), é composto por “um
conjunto de condições por meio das quais os sujeitos começam a concentrar, absorver,
processar e reter informações e habilidades novas ou difíceis” (SCHMITT; DOMINGUES,
2016, p. 363). De acordo com Schmitt e Domingues (2016, p. 374), “os sujeitos respondem
a estímulos ambientais, emocionais, sociais, físicos, psicológicos, categorias sob as quais
estão agrupadas diferentes condições que afetam a aprendizagem”.

Quadro 3 – Modelo proposto por Dunn e Dunn

Aprendem reagindo de forma diferente aos vários fatores


Estímulos
ambientais. Exemplo: alguns preferem ouvir música enquanto
ambientais
aprendem, outros preferem silêncio.
Estímulos Podem aprender melhor sozinhos, em grupos ou na presença de
sociais uma autoridade.
Alguns sujeitos preferem estudar a partir de textos, outros por
imagens, diagramas. Temos sujeitos diurnos, que conseguem
Estímulos
melhores resultados de manhã bem cedo, enquanto outros só
físicos
conseguem produzir melhor no final da manhã; também há aqueles
que precisam de algo para comer, para conseguir se concentrar.
Analíticos, esses sujeitos aprendem melhor quando recebem
Estímulos
informações em detalhes, em sequências lógicas. Já o sujeito global
psicológicos
prefere entender o todo, para depois se concentrar nos detalhes.
Fonte: adaptado de Dunn; Dunn; Price (1982 apud SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 374-375).

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Então, que tal tentarmos fazer um resumo de tudo que conversamos até aqui?

1.2.1 ESTILO VISUAL


Figura 5 – Visual

Fonte: https://images6.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60476.jpg.
Acesso em: 19 ago. 2022.

Você gosta de ler? Você presta mais atenção no que está escrito na lousa ou nos
slides do que no que o professor está dizendo? Você gosta de fazer anotações escritas
durante as aulas? Nesse estilo, há a retenção da mensagem a partir da visualização de
imagens (BELLANI, 2016).
Visual: fazer anotações durante as aulas expositivas, usar mapas mentais para
consolidar o aprendizado, utilizar canetas coloridas para anotar, usar marca textos
coloridos para grifar conteúdos específicos.

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1.2.2 ESTILO AUDITIVO
Figura 6 – Auditivo

Fonte: https://images6.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60474.jpg.
Acesso em: 19 ago. 2022.

Gosta de ouvir música ou de deixar a TV ligada enquanto estuda? Você tem


facilidade de lembrar o que foi dito na sala de aula, mesmo que tenha sido dito há
semanas? Essas são algumas das maneiras para se apreender as informações com mais
facilidade por meio do som (quando você fala ou escuta) (BELLANI, 2016).
Auditivo: gravar as aulas (não se esqueça de pedir autorização antes) para ouvir
depois, ler os textos em voz alta; você pode utilizar ferramentas para transformar textos
em áudios, e montar grupos de estudos para discussão dos textos.

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1.2.3 ESTILO CINESTÉSICO
Figura 7 – Cinestésico

Fonte: https://images2.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60475.jpg.
Acesso em: 19 ago. 2022.

Você prefere abordagens mais práticas para aprender? Você se sai melhor em
disciplinas que requerem movimento, como fotografia, educação física e aulas em
laboratórios? Dessa forma, associam-se as informações recebidas ao movimento corporal
(BELLANI, 2016).
Cinestésico: fazer alongamentos durante um estudo e outro ou, simplesmente,
sair para buscar um copo de água; faça experimentações do que você está aprendendo.

NA PRÁTICA!

QUE TAL FAZER UM TESTE E CONHECER O SEU ESTILO DE APRENDIZAGEM?

Ao longo desta etapa, você é convidado a realizar o teste on-line para conhecer o seu
estilo de aprendizagem e complementar esse tema.
Aproveite esta oportunidade para se conhecer melhor!

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1.3 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS
CONTEMPORÂNEAS
Nesta seção, compreenderemos que a aprendizagem ocorre de forma diferente
para cada sujeito, afinal somos diferentes. Por que, então, insistimos, muitas vezes, em
ensinar a todos da mesma forma?

A seguir, conheceremos algumas abordagens da aprendizagem significativa.

1.3.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA


Segundo Ausubel (1968), a aprendizagem envolve a organização e a integração
na estrutura cognitiva, entendida como “[...] conteúdo total de ideias de certo indivíduo
e sua organização; ou conteúdo e organização de suas ideias em uma área particular de
conhecimento” (AUSUBEL,1968, p. 37-38).
Em sua teoria, Ausubel (1968) ressalta que, na aprendizagem, torna-se
imprescindível considerar o contexto social, cultural e econômico em que o sujeito está
inserido, criando-se, a partir desses fatores, possibilidades de aprendizagem significativa,
oportunizando aos sujeitos condições de participação ativa no processo de aprendizagem.
No entanto, Ausubel (1968) ressalta que há duas condições para haver
aprendizagem significativa, sendo elas:

• A primeira está relacionada à disposição de apreender por parte do aluno.


• A segunda vincula-se à potencialidade significativa do conteúdo a ser estudado.

O que significa aprendizagem significativa?

O pesquisador norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) propôs o conceito


de “aprendizagem significativa”, no qual o aluno aprende quando o que lhe é ensinado
faz sentido, tem significado na sua vida, e mais, quando consegue fazer relação com
aquilo que ele já conhece, ou seja, é um processo a partir do qual um novo conteúdo
ou informação se relaciona com um aspecto importante da estrutura de conhecimento
dos alunos. Essas novas informações adquiridas pelos alunos se tornam aprendizagem
significativa quando se ancoram com conceitos preexistentes da estrutura cognitiva.

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Para melhor compreensão, apresentaremos um breve resumo do que é a
aprendizagem significativa e como você poderá aplicá-la na instituição de ensino. O
texto apresentado, a seguir, foi adaptado de: https://blog.saraivaeducacao.com.br/
aprendizagem-significativa/.

_O QUE É, AFINAL,
APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA?
Podemos considerar a aprendizagem significativa aquela em que as ideias
expressas de maneira simbólica interagem de forma substantiva e não
arbitrária com aquilo que o estudante já sabe. Para compreender melhor essa
definição, você confere, a seguir, os conceitos de não arbitrariedade e substantividade,
segundo Ausubel.

• Não arbitrariedade do material: ocorre quando o material potencialmente


significativo é relacionado de maneira não arbitrária com o conhecimento que já
existe para o aluno. Nesse contexto, a relação entre o aprendiz e o material não se
dá por qualquer aspecto da estrutura cognitiva, mas por conhecimentos relevantes
específicos. Assim, o conhecimento prévio serve como base para a fixação de novos
conhecimentos.
• Substantividade: indica que é a substância do novo conhecimento e das ideias que
são incorporadas à estrutura cognitiva do estudante. Isso quer dizer que não são as
palavras específicas usadas por um professor ou educador para expressar essas ideias
que são absorvidas e utilizadas para construção do conhecimento. Afinal, diferentes
maneiras, signos, símbolos e palavras podem ser usados para explicar um mesmo
conceito.
• Disponibilidade do sujeito para aprendizagem significativa: além da não
arbitrariedade e da substantividade, outro fator determinante para que ocorra a
aprendizagem significativa, para David Ausubel e os contribuidores Hanesian e Novak,
é a disponibilidade do sujeito. Isso significa que, para que a aprendizagem significativa
ocorra, é necessária uma predisposição favorável do sujeito.

18
Assim como em outras teorias educacionais de base construtivista, o que o aluno
já conhece é um fator importantíssimo para os processos de aprendizagem
significativos. Dessa forma, Ausubel se baseia nessa premissa e considera que os
conhecimentos prévios dos alunos podem atuar como pontos de ancoragem de novas
ideias.
De forma resumida, podemos considerar que a aprendizagem significativa se dá
com a atribuição de significado a um novo conhecimento a partir da relação
deste com os conhecimentos prévios do estudante.

_QUAIS OS TIPOS
DE APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA?
Existem diferentes formas de como a aprendizagem significativa pode ocorrer.
Entre elas, estão:

APRENDIZAGEM REPRESENTACIONAL

É vista como um dos tipos mais básicos de aprendizagem significativa, e mais


semelhante à aprendizagem automática e mecânica. Está relacionada com o significado
de palavras e de símbolos individuais. Nesse processo, o aluno relacionará
o objeto aos símbolos que o representam, sendo os símbolos convencionais. Essa
convencionalidade permite que o indivíduo conheça e organize seus conhecimentos,
nomeando, classificando e definindo funções.

APRENDIZAGEM CONCEITUAL

Esse tipo de aprendizagem também se baseia em símbolos individuais e se deriva


da aprendizagem representacional. Desse modo, esses dois tipos de aprendizagem
são interdependentes. A aprendizagem conceitual é considerada um tipo complexo de
aprendizagem representacional, em que o ensino vai além de um caráter nominalista
ou representacional, sendo substantivo e não arbitrário.

19
APRENDIZAGEM PROPOSICIONAL

Esse tipo de aprendizagem se dá a partir dos significados expressos por grupos de


palavras combinadas em frases ou proposições. Mais uma vez, ela é interdependente
das relações representacionais e conceituais, sendo o tipo mais complexo entre eles.

APRENDIZAGEM SUBORDINADA

Nesse tipo de aprendizagem, ocorre uma hierarquização e uma organização dos


conteúdos. Esse processo é feito pela estrutura cognitiva, por meio da associação do novo
material aos conhecimentos prévios. A aprendizagem subordinada pode se manifestar de
duas maneiras:

• Aprendizagem subordinada derivativa: quando o novo conceito é advindo de


um que já existe na estrutura cognitiva.
• Aprendizagem subordinada correlativa: quando o novo conceito é parecido
com um que já existe na estrutura cognitiva. Ele é, então, compreendido como uma
elaboração, modificação, extensão ou quantificação do conceito já conhecido.

APRENDIZAGEM SUPERORDENADA

No caso da aprendizagem superordenada, o conceito aprendido é mais abrangente


do que o preexistente. Nesse contexto, o novo conceito, mais completo, substituiu
o anterior.

APRENDIZAGEM COMBINATÓRIA

Esse tipo de aprendizagem significativa engloba os conceitos novos que não


são classificados como subordinados ou superordenados. Eles correspondem às
generalizações que esclarecem e incluem algo aos conhecimentos já existentes.

Você pode se perguntar: como acontece a aprendizagem significativa?


De forma resumida, podemos considerar que esse tipo de aprendizagem acontece
quando uma nova ideia é relacionada aos conhecimentos prévios em um
momento ou uma situação de relevância para o estudante. Por meio desse
processo, o aluno é capaz de ampliar e atualizar suas informações anteriores,
além de atribuir novos significados aos seus conhecimentos prévios.

20
_CONHEÇA SETE
CARACTERÍSTICAS DE
UMA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Agora que você já sabe o que e quais são os tipos de aprendizagem significativa,
que tal saber mais sobre as suas características? A partir disso, você poderá olhar para
os processos significativos que deseja implementar, na sua instituição ou sala
de aula, e compreender se estão aderentes ao que preconiza essa técnica.
Com isso, você poderá identificar em qual medida já implementa esses
atributos e quais são os pontos de melhoria, ou seja, aqueles em que ainda há dificuldade
de aderir em sua prática profissional.
Separamos sete características que são centrais para conhecer um pouco mais
sobre esse método de ensino-aprendizagem. Confira:

1. AS RELAÇÕES SÃO O FOCO

Nesse caso, a palavra “relações” não está conectada apenas às vivências coletivas
e aos relacionamentos, mas à forma como o sujeito conecta situações já vividas
àquelas que vê pela primeira vez. É como estudar os critérios para montarmos um quebra-
cabeça. A escolha das peças pela sua cor ou formato está ligada ao conhecimento
prévio de que as peças possuem encaixes únicos e/ou que já existe um conjunto de peças
com aquele esquema de cores. Dessa forma, acabamos completando informações
com o que já sabemos ou conhecemos – uma maneira de contribuir para a organização do
caos, que é o desconhecido. Com isso, os marcos conceituais tornam-se nossa referência
para seguir em uma trilha de aprendizado.

2. MODOS TRADICIONAIS DE ENSINO NÃO SE ADAPTAM

A aprendizagem significativa é uma daquelas formas de olhar para a educação


que pedem que o educador revisite seus modos de atuar e, até mesmo, de pensar. Isso
pode fazer com que muitos tenham que abandonar algumas práticas. Não é uma
metodologia que pode ser aplicada parcialmente, já que os sistemas tradicionais
de memorização, que nos fizeram saber, até hoje, fórmulas matemáticas complexas, que
não necessariamente sabemos quando utilizar, não estão dentro dos principais pilares
desse tipo de aprendizagem. Até os tipos de avaliação precisarão ser repensados para

21
que contemplem a complexidade da criação de uma rede de relações na aprendizagem
significativa.

3. BEBER DE FONTES CULTURAIS É ESSENCIAL

Todos sabemos que a educação e a cultura são complementares. Contudo, na


aprendizagem significativa, é preciso ir além das camadas superficiais da cultura como
conhecemos. Além de ser ligada às atrações culturais, ela tem uma dimensão de
vivência social.
Uma imersão do docente, nesse contexto, é um caminho sem volta para um
processo de ensino-aprendizagem significativo e de qualidade. É o professor que irá
transpor esse olhar para as suas aulas. É preciso demonstrar aos alunos as construções
sociais que formam o mundo como ele é hoje, para que sejam capazes de entender
por que há diferentes manifestações culturais, e como é possível ensinar e aprender a
partir delas.

4. ATIVIDADES DEVEM ENGAJAR

Se as atividades não engajam numa proposta significativa algo está errado! O


interesse do aluno diante dessa forma de aprender e ensinar deve ser diferente daquelas
tarefas tradicionais, porque a autonomia do aluno faz com que ele queira crescer e
melhorar seus marcos conceituais. Para isso, é preciso compreender se há algum tipo
de quebra de confiança entre professor e aluno, se há espaço para troca de ideias
e feedbacks dos discentes, se o professor está apto para guiar o processo com
aqueles alunos e se a ancoragem com os eventos da realidade, para criação de exemplos,
está firme o suficiente para promover o aprendizado.

5. O PLANEJAMENTO PRECISA SER ADEQUADO

Nesse caso, a palavra adequação está ligada a uma adaptação contextual


aos alunos. O planejamento educacional do conteúdo deve ser feito considerando que
as múltiplas dimensões culturais do processo de aprendizagem significativa são parte
da essência dessa forma de ensinar. O modo de traçar as ações em sala de aula deve
considerar os objetivos daquela disciplina ou curso. Logo, a finalidade deve vir
antes mesmo de decidir o método. Dessa forma, eles serão mais adequados e aderentes
às metas da disciplina e da instituição de ensino.
Esteja preparado para revisitar esse planejamento com frequência. Mesmo
com um objetivo único, as demandas acadêmicas podem precisar ser revistas de acordo
com a necessidade dos estudantes.

22
6. O MATERIAL NÃO PODE SER ESCOLHIDO ARBITRARIAMENTE

Se queremos promover ancoragens culturais e construção de marcos conceituais


que possam sempre ser atualizados, a escolha dos recursos utilizados em sala de aula
também deve estar ligada a uma dimensão significativa, que promova conexões
com os exemplos a serem empregados. Isso pode tirar o professor da zona de
conforto. Quantas vezes replicamos as mesmas aulas para turmas diferentes – em
alguns casos por décadas! Isso pode parecer muito drástico, mas é o que acontece com
muitos educadores que são referência em suas áreas.
É preciso buscar materiais adequados para os alunos, pois eles trazem muitas
dúvidas e conhecimentos particulares, que não devem ser ignorados em prol de
um modo de operação padrão.

7. A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA É UMA VIA DE MÃO DUPLA

Os esforços dos educadores podem ser os mais completos e complexos, abarcando


toda a conjuntura cultural do momento e de seus alunos, mas, se não há reciprocidade
nesse processo, é impossível continuar. Muitas vezes, os professores conseguem uma
abertura inicial que auxilia na promoção de diagnósticos e na confecção de bons
planejamentos, alinhados aos propósitos da aprendizagem significativa.
No entanto, a manutenção dessa situação pode ser difícil, diante do desestímulo
e da consequente baixa participação do estudante. Diante disso, não é possível seguir
com as informações iniciais, como se elas fossem uma pintura do cenário atual. É preciso
retomar as relações e reconquistar esse espaço de trocas.

_COMO ALIAR TECNOLOGIA


E APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA?
Uma das dúvidas que pode ficar, após compreendermos um pouco melhor sobre a
aprendizagem significativa, é: como aliar as tecnologias a um contexto que parece
carecer de contato, de uma grande carga de trocas e de uma imersão cultural?
É inegável a inserção social em uma dimensão mediatizada. Entretanto, as
mediações não são, necessariamente, perdas para o processo educativo. É preciso saber
ensinar dentro desse contexto, que é o mesmo de quase todos os alunos, logados
diariamente em sites, redes sociais, jogos e aplicativos.

23
A educação a distância é um dos exemplos disso. Alguns alunos podem passar
o curso inteiro sem conhecer os professores e colegas pessoalmente, mas, ainda assim,
desenvolver vínculos e conhecer um pouco mais da realidade dos outros discentes e
docentes.
A tecnologia na educação pode ser benéfica, porque insere a instituição de ensino
superior (IES) em um contexto de inovação. Em um momento que há quebra de modos
certos ou errados de ensinar, e mudança de métodos pela inserção dessas tecnologias,
pode ficar mais fácil conduzir a jornada de ensino-aprendizado em uma dimensão
significativa.
A conexão com a internet e as novas tecnologias nos dão uma dimensão ainda
maior dos diferentes perfis que compõem as turmas das IES, fazendo com que
possamos pensar em um ensino mais personalizado, com trocas valiosas.
Um ponto de atenção é a habilidade dos professores em acompanhar essas
mudanças. É preciso capacitá-los para que façam uso adequado da tecnologia,
promovendo melhorias no processo de ensino-aprendizagem.
A abertura para que o aluno proponha e ensine também pode ser um ponto extra
para a educação alinhada à tecnologia. A curiosidade e a motivação dos estudantes
são atributos essenciais da aprendizagem significativa.
A construção do conhecimento dos alunos precisa passar pelo uso de tecnologias.
Isso os prepara para os desafios profissionais que irão enfrentar em suas jornadas,
tornando-os mais capacitados para o mercado de trabalho.

_POR QUE APLICAR


A APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA NO ENSINO
SUPERIOR?
A aprendizagem significativa pode ser aplicada em várias etapas do ensino,
desde o pré-escolar até a pós-graduação. No entanto, sua aplicação nesses diferentes
contextos deverá utilizar diferentes estratégias.
As instituições acadêmicas possuem a característica de promover um ensino que
busca preparar o estudante para a vida profissional relacionada a sua área. Esse
é o primeiro ponto em que a aprendizagem significativa faz uma interface de excelência
com o ensino superior.

24
Afinal, é uma técnica muito versátil. Por ser contextual, valorizar as experiências
e por preconizar a construção do conhecimento, a aprendizagem significativa é um
trunfo em relação à formação dos estudantes, que poderão aplicar seus conceitos em
seu processo de formação contínua.
O aprendizado do aluno não termina na sala de aula ou no ato de sua formatura. A
vida é uma oportunidade de aprendizado, e levar uma metodologia significativa
para o ambiente de trabalho pode ser uma oportunidade de demonstrar maturidade e
compreensão sobre o contexto em que está inserido.
A aplicação da aprendizagem significativa no ensino superior pode se dar a partir
do uso de metodologias ativas, como exemplificaremos mais adiante. Isso pode
ajudar na retenção dos alunos, já que traz leveza para as aulas.
A vida acadêmica adulta é diferente de quando somos jovens estudantes. As
crianças estão em um processo de absorção e assimilação maior de seu entorno. Já o
adulto traz uma série de experiências e vivências, que precisam ser consideradas.
Isso faz com que o aluno se sinta parte importante do caminho de aprendizado,
aumentando a chance de sucesso das estratégias empregadas pelo professor em sala
de aula.

_QUAL A IMPORTÂNCIA
DA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA?
Como vimos, esse tipo de aprendizagem ocorre apenas se o aluno vê relevância
na situação e relaciona os novos conhecimentos para as suas concepções prévias.
Nessas condições, ele é capaz de absorver e interiorizar as novas informações com maior
facilidade e profundidade.
Além disso, a aprendizagem significativa possibilita que os alunos aprendam
de diferentes formas, apliquem distintos tipos de inteligência e se expressem
de variados modos. Isso oferece maior liberdade, independência e autonomia para que
os alunos realmente aprendam da melhor forma para cada um.
Para saber como aplicar a aprendizagem significativa na sua instituição de
educação ou em sua sala de aula e como estimular essa autonomia dos alunos, continue
a leitura!

25
COMO APLICAR A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?

A seguir, apresentaremos o mapa conceitual, o qual pode auxiliar na aplicação da


aprendizagem significativa na sua sala de aula. Confira!

MAPAS CONCEITUAIS

Conhecidos também como mapas mentais, os mapas conceituais são uma excelente
ferramenta para aplicação da aprendizagem significativa. Essa técnica foi desenvolvida
por Joseph D. Novak e outros pesquisadores e professores da Universidade de Cornell,
nos Estados Unidos, na década de 1970.

Figura 8 – Mapa conceitual ou mapa mental

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-lNqjSLG8iKM/TgiYkB3Wa9I/AAAAAAAAABA/MIHnK-KzrCs/s400/
mapa+conceitual.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022.

26
Eles podem ser considerados um tipo de diagrama que tem como objetivo estimular
a memorização e o aprendizado a partir da gestão de informações e de conhecimento.
Isso porque, com esses mapas, é possível traçar uma representação visual das
relações entre conceitos ou informações.
Dessa forma, os estudantes podem relacionar novos conhecimentos com aqueles
preexistentes, adicionando e estabelecendo um contexto para concretizar novos
significados.
Além de permitir uma maior construção de informações e entendimento dos
estudantes, ao propor aos alunos a produção de mapas mentais, os professores também
estimulam o protagonismo dos estudantes em seus próprios processos de aprendizagem.

Fonte: adaptado de https://blog.saraivaeducacao.com.br/aprendizagem-significativa/. Acesso em:


20 ago. 2022.

1.3.2 NEUROPSICOLOGIA
Figura 9 – Neuropsicologia

Fonte: https://www.lifeder.com/wp-content/uploads/2020/02/cerebro-neuronas-imagen-696x392.
jpg. Acesso em: 20 ago. 2022.

27
1.3.2.1 A Neuropsicologia: algumas
definições
Inúmeras definições de neuropsicologia se complementam e delineiam o seu campo
de investigação e atuação. A pluralidade identificada no uso do termo e a diferença entre
as definições se atrelam à constatação de que a Neuropsicologia é uma área de fronteira
com inúmeras disciplinas. Portanto, possui um caráter eminentemente interdisciplinar,
incorporando conceitos e técnicas de disciplinas básicas, como a neuroanatomia,
neurofisiologia, neuroquímica e neurofarmacologia, bem como disciplinas de aplicação,
como a psicometria, a psicologia clínica e experimental, a psicopatologia e a psicologia
cognitiva (HAZIN et al., 2018).
O termo neuropsicologia foi utilizado pela primeira vez por Sir William Osler, em
1913, numa conferência nos Estados Unidos. Também surgiu no subtítulo da obra de
1949 de Donald Hebb (The Organization of Behavior: A Neuropsychological Theory).
Entretanto, a neuropsicologia começa a delinear-se enquanto uma disciplina científica
a partir da chamada abordagem clínica clássica (final dos anos de 1800), caracterizada
pela observação e realização de estudos clínicos de pacientes com lesões neurológicas e
alterações cognitivas (HAZIN et al., 2018).
Nesse contexto, podemos destacar que o domínio neuropsicológico pode ser
compreendido a partir de três vertentes complementares, sendo elas:

• Na primeira, a neuropsicologia é considerada uma disciplina clínica que objetiva


identificar o perfil de déficits cognitivos apresentado por pacientes que sofreram
lesões cerebrais.
• A segunda vertente, emerge de uma disciplina neurocientífica, que consiste no
estabelecimento de correlações anátomo-clínicas, possibilitando uma melhor
compreensão acerca das operações elementares, da dinâmica e da plasticidade das
funções cognitivas.
• Por fim, é caracterizada como uma disciplina cognitiva, no sentido em que considera
o desempenho em testes e tarefas obtidos por sujeitos com lesões cerebrais, formula
testes de hipótese a partir de teorias cognitivas elaboradas com base nos estudos
realizados com sujeitos saudáveis, contribuindo para melhor compreensão acerca da
cognição humana (HAZIN et al., 2018).

Essa pluralidade de vertentes possibilita associar à Neuropsicologia a objetivos


diversos. Gil (2002) identifica objetivos diagnósticos, terapêuticos e cognitivos, ou seja,
objetivos de pesquisa básica e aplicada, que configuram, respectivamente, os domínios
da Neuropsicologia Experimental e da Neuropsicologia Clínica.

28
A Neuropsicologia Experimental tem como objeto de investigação as relações
entre, de um lado, a estrutura e o funcionamento do encéfalo, de outro, os processos
psicológicos superiores. O objetivo maior da Neuropsicologia Clínica consiste na
avaliação das capacidades cognitivas deficitárias, estabelecendo igualmente as funções
preservadas, contribuindo assim para a organização e implementação de um programa
de reabilitação neuropsicológica em indivíduos com queixas associadas a condições
neurológicas específicas (HAZIN et al., 2018).
A Neuropsicologia Clínica se debruça sobre estratégias clínicas de observação
e intervenção junto a diversos grupos. A compreensão das diferenças e das conexões
entre esses dois domínios, experimental e clínico, torna-se essencial para compreender
tanto a trajetória histórica da Neuropsicologia quanto as questões atuais sobre a
capacitação profissional nesses domínios distintos (HAZIN et al., 2018).
Nesse contexto, vale destacar que a intervenção neuropsicológica contempla dois
processos interligados: a avaliação e a reabilitação de funções cognitivas.
A avaliação consiste na investigação do perfil cognitivo individual, considerando
os déficits e as funções preservadas. Comumente, são avaliadas as funções receptivas
(habilidades de selecionar, adquirir, processar e integrar informações a partir de visão,
audição e somestesia); memória e aprendizagem; organização mental e reorganização
da informação; e as funções expressivas (meios nos quais a informação é comunicada ou
colocada em ação); entre outras (HAZIN et al., 2018).

Atenção: somestesia é uma palavra que vem do latim soma (corpo) e aesthesia
(sensibilidade). É a capacidade que os seres humanos e animais têm de receber
informações do meio externo e interno.

Fonte: adaptado de https://www.sanarmed.com/sistema-somatossensorial-tudo-que-voce-precisa-


-saber-colunistas. Acesso em: 20 ago. 2022.

A reabilitação consiste em um programa de intervenção que objetiva, por meio


de estratégias específicas funcionalmente orientadas, recuperar ou adaptar uma função
cognitiva prejudicada ou perdida (HAZIN et al., 2018).

_Afinal, o que é a
Neuropsicologia?
Para melhor compreensão, apresentaremos um breve resumo sobre a
neuropsicologia. O texto apresentado, a seguir, foi adaptado de: https://mirandacristiane.
com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/. Vamos lá?

29
NEUROPSICOLOGIA E APRENDIZAGEM – CONHEÇA A RELAÇÃO

A Neuropsicologia – um importante ramo da psicologia – é uma especialidade que


estuda as relações entre o cérebro, os processos mentais e o comportamento. Por meio
dela, é possível compreender processos perceptivos, de aprendizagem, soluções de
problemas, entre outros.

O QUE É NEUROPSICOLOGIA?

A Neuropsicologia é um ramo interdisciplinar da ciência, que analisa a relação entre


cérebro e comportamento. Ela estuda fenômenos como atenção, memória, pensamento,
percepção, linguagem e motricidade humana, aplicando os saberes de diversos campos
do conhecimento – incluindo neurologia, psicologia, psiquiatria, genética e neuroimagem.

_NEUROPSICOLOGIA E
APRENDIZAGEM – SAIBA
MAIS SOBRE ESTA
RELAÇÃO
Algumas alterações cognitivas e comportamentais podem ser observadas ainda
na fase pré-escolar da criança, como hiperatividade, déficit de atenção, disfunções na
motricidade, na compreensão auditiva e na memória. Já os distúrbios de aprendizagem só
podem ser identificados após a alfabetização da criança, incluindo a dislexia, a disgrafia,
a discalculia e a disortografia, por exemplo.
Embora as crianças demonstrem alguns sinais desses transtornos em casa, é na
escola que eles se tornam mais evidentes, quando os educadores notam a dificuldade do
pequeno em acompanhar o ritmo da turma. Geralmente, os educadores são os primeiros a
identificar as alterações comportamentais da criança, pois podem compará-la com outras
crianças da mesma faixa etária, que seguem o curso dentro do esperado.
Os pais, especialmente os de primeira viagem, muitas vezes não dão a devida
atenção aos sinais, em função da falta de experiência com crianças, acreditando que os
distúrbios comportamentais irão embora à medida que a criança amadurece. Em alguns
casos, essas crianças evoluem positivamente, de fato. No entanto, em muitos casos
esses distúrbios prevalecem e há a necessidade de uma avaliação especializada para
identificar a causa das alterações comportamentais – é aí que entra a importância da
sinalização do professor de que algo está errado.

30
As alterações de comportamento e de aprendizagem incluem:

• desatenção constante;
• hiperatividade;
• falta de concentração;
• impulsividade;
• dificuldade em acompanhar o restante da turma;
• isolamento;
• autoagressão;
• hábitos estereotipados, como sacudir as mãos, lamber os sapatos ou o chão ou
envolver-se em situações de risco sem perceber.

TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem caracteriza-se por um processo constante e evolutivo, presente na


vida de todos os seres humanos. Ela é classificada em estilos, que incluem a aprendizagem
visual, auditiva, de leitura/escrita e ativa, ou seja, a aprendizagem através da prática.
O processo de aprendizagem tem início a partir do nascimento da criança e,
especialmente durante a infância, merece muita atenção e vigilância por parte dos pais,
educadores e responsáveis, porque defasagens nesse processo repercutirão em toda a
sua vida, inclusive na adulta.
O termo dificuldade de aprendizagem engloba uma série de distúrbios que
comprometem, basicamente, a capacidade de aquisição e o rendimento da fala, da
escuta, da leitura, da expressão escrita, da memória, do raciocínio ou de habilidades
matemáticas. Geralmente, podem ser observados ainda durante a primeira infância e
exigem acompanhamento e intervenção médica.

Fonte: adaptado de https://mirandacristiane.com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/. Acesso em:


20 ago. 2022.

Portanto, antes de continuarmos nossos estudos, podemos definir que a


Neuropsicologia é considerada uma disciplina científica, que se ocupa das relações
cérebro/funções cognitivas. Sendo uma ciência de caráter interdisciplinar em suas
origens, busca estabelecer uma relação entre os processos mentais e o funcionamento
cerebral, utilizando o conhecimento das neurociências, que elucidam a estrutura e o
funcionamento cerebral, e da psicologia, que expõe a organização das operações mentais
e do comportamento (SERON, 1982 apud HAASE et al., 2012).
De acordo com Haase et al. (2012), a Neuropsicologia preparou um importante
instrumento conceitual para a revisão de mecanismos e estrutura dos processos
cognitivos, levando à criação de uma teoria da base cerebral da atividade mental humana.

31
Antes disso, a atividade humana e a atividade intelectual eram termos puramente mentais
e abstratos, fundamentados em relações empíricas entre percepção e associação.
Ainda de acordo com Haase et al. (2012, p. 4), “Luria propõe uma localização
dinâmica das funções cognitivas, afirmando que os processos mentais humanos são
sistemas funcionais complexos e integrados”. Portanto, Luria afirma que, a partir de
alterações sociais ou comunitárias, teremos maior compreensão do dinamismo que
envolve as atividades mentais e o desenvolvimento do cérebro.
Dessa forma, o cérebro influencia em nossas funções cognitivas que incluem:
atenção; memória; capacidade de julgamento; raciocínio; comportamento; e emoções.
Para Freitas e Cardoso (2018, p. 170 apud SILVA, 2020), a neuropsicologia é “[...] uma
fonte importante de ferramentas para a promoção da equidade educacional”; quando
associada à educação inclusiva:

encontram um campo importante de contribuições nos modelos neu-


ropsicológicos. Através de avaliações que forneçam informações mais
precisas sobre o perfil cognitivo, tais como níveis de atenção, memória,
velocidade de processamento, dentre outras, será possível a elabora-
ção de programas de educação cognitiva, assim como orientações es-
pecíficas para o contexto escolar (FREITAS; CARDOSO, 2018, p. 170).

Assim, precisamos entender que não se trata só de aprendizagem ou de maneiras


de aprender, e sim em plasticidade cerebral.

Crescer e aprender pressupõe não só ter garantida a integridade


funcional do cérebro e de suas múltiplas atividades complexas, como
a linguagem, a atenção e memória, mas acima de tudo garantir a
flexibilidade adaptativa necessária para modular funções e conexões
mediante os diferentes desafios do mundo (FREITAS; CARDOSO, 2018,
p. 159).

Em outras palavras, aprendizagem ao longo da vida, a partir das experiências, das


habilidades e competências de cada sujeito.

32
_REFERÊNCIAS
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