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Édito de Milão

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Édito de Milão
Edictum mediolanense

Lápide em memória do Édito de Milão, na Igreja de


San Giorgio al Palazzo, Milão.
Propósito Findar a perseguição religiosa.

Local de assinatura Milão, Itália

Signatário(a)(s) Constantino, Licínio

Criado 13 de junho de 313 (1 710 anos)

Ratificação 313

O Édito de Milão ou Mediolano (em latim: Edictum mediolanense) promulgado


em 13 de junho de 313 foi um documento proclamatório no qual se determina
que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando
oficialmente com toda perseguição sancionada oficialmente, especialmente
aos cristãos.[1] Tal documento, publicado em forma de carta, transcreveu o
acordo entre os tetrarcas Constantino (imperador do Ocidente)
e Licínio (imperador do Oriente).[2]
Além da liberdade religiosa, a aplicação do Édito fez devolver os lugares de
culto e as propriedades que tinham sido confiscadas aos cristãos e vendidas
em hasta pública: "o mesmo será devolvido aos cristãos sem pagamento de
qualquer indenização e sem qualquer fraude ou decepção". [1] Deu ao
cristianismo, e a todas as outras religiões, o estatuto de legitimidade
(latim: religio licita),[3] comparável com o paganismo e com efeito destituiu
o paganismo como religião oficial do Império Romano e dos seus exércitos.[4]
Antes da emissão do Édito de Milão, Galério, em 30 de abril de 311, promulgou
o Édito de Tolerância, também chamado de Decreto da Indulgência, no qual,
buscando harmonia política, reconhece o cristianismo e dá fim à perseguição
anticristã.[1][5]

História
Busto do imperador Constantino

Em 303, o imperador Diocleciano decretou aquilo que veio a se nominar


como A Grande Perseguição com o intuito de restaurar a unidade estatal, que,
segundo o próprio, estava ameaçada pelo cristianismo. [1]
A grande perseguição acabou se tornando entretenimento para a sociedade
romana da época, onde os perseguidos, em especial cristãos, eram jogados
aos leões e ursos em arenas ou obrigados a lutar contra gladiadores, em um
costume que começou séculos antes com o imperador Nero em 64[6] Além
disso, Diocleciano ordenou que fossem demolidas todas as igrejas cristãs,
queimadas as cópias da Bíblia, as autoridades eclesiásticas levadas à morte,
cristãos privados dos cargos públicos e direitos civis, teriam que fazer
sacrifícios aos deuses pagãos sob pena de morte, entre outros encargos. [1]
Diocleciano se aposentou em 305 deixando vago o cargo de imperador. Entre
os postulantes ao cargo, estava Constantino, à época com 25 anos. Antes de
se tornar imperador do Ocidente, Constantino casou-se com Fausta, filha do
imperador Maximiano e irmã de Magêncio, com quem travaria a batalha pelo
poder, vencendo-o em 312[7] Foi nesta batalha que Constantino teria tido a
visão do símbolo Chi Rho junto à inscrição latina In hoc signo
vinces (português: "Com este sinal vencerás"), tendo-o gravado nos escudos
dos soldados e, no dia seguinte, sagrando-se vencedor da batalha junto a
Magêncio.[8][9]
Em janeiro de 313, Constantino saiu de Roma com destino a Milão para
presenciar o casamento de sua irmã com Licínio. Em março do mesmo ano, o
Édito de Milão foi redigido e postado, em forma de carta endereçada ao
governador da Bitínia, por Licínio em sua ida a Nicomédia, em 13 de junho de
313.[10][11] A expressão Édito de Milão, pelo qual ficou conhecido tal documento,
teria surgido apenas no século XVII.[3]
Anos depois, na tentativa de consolidar a totalidade do Império Romano sob o
seu domínio, Licínio em breve marchou contra Constantino. Como parte do seu
esforço de ganhar a lealdade do seu exército, Licínio dispensou o exército e o
serviço civil da política de tolerância do Édito de Milão, permitindo-lhes a
expulsão dos cristãos. Os cristãos perderam consequentemente propriedades
e muitos a vida.[4]
Por volta de 324, Constantino ganhou o domínio de todo o Império, após
derrotar Licínio em Adrianópolis e Crisópolis (atual Turquia) e ordenar sua
execução por traição.[4][8]

Texto
Édito de Milão, março de 313.[12][5]


Nós, Constantino e Licínio, imperadores, encontrando-nos em Milão  para
conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que,
entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa
primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos
inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua
preferência. Assim qualquer divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a
nós e a todos nossos súbditos.
Decretamos, portanto, que, não obstante a existência de anteriores instruções
relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo sejam
autorizados a abraçá-la sem estorvo ou empecilho, e que ninguém
absolutamente os impeça ou moleste... . Observai, outrossim, que também
todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas
religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que
asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e
eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e
seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas
estabelecidas já sobre os lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela
presente, que todos os que compraram esses locais os restituam aos cristãos
sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como donativo e
os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os
proprietários, porém, podiam requerer compensação.
Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos
cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização
de nosso propósito de instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o
favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos,
outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum.

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Justiniano
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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Justiniano (desambiguação).
Este artigo cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo. Ajude
a inserir referências. Conteúdo não verificável pode ser removido.—
Encontre fontes: ABW  • CAPES  • Google (N • L • A) (Abril de 2017)

Justiniano I

Imperador Bizantino

Reinado 1 de abril de 527
a 14 de novembro de 565

Coroação 1 de abril de 527

Predecessor Justino I (sozinho)

Sucessor Justino II

Comonarca Justino I (527)

Nascimento c. 482

  Taurésio, Dardânia, Império Bizantino

Morte 14 de novembro de 565 (83 anos)

  Constantinopla

Sepultado em Igreja dos Santos Apóstolos

Nome completo  
Flávio Pedro Sabácio Justiniano

Esposa Teodora

Dinastia Justiniana

Pai Sabácio

Mãe Vigilancia

Religião cristianismo calcedônio

Justiniano (Taurésio, c. 482 – Constantinopla, 15 de novembro de 565),


também chamado de Justiniano, o Grande, foi imperador romano
oriental[a] que governou desde 527 até à sua morte. É uma das maiores figuras
da antiguidade tardia. Deixou um trabalho considerável, seja em termos do
regime legislativo, da expansão das fronteiras do Império ou da política
religiosa.
De origem modesta, atingiu o auge do poder graças à ação do seu tio e
imperador Justino I, de quem foi um dos principais conselheiros antes de se
tornar o seu sucessor. Se a sua chegada ao poder não está isenta de
problemas, uma vez que tem de enfrentar a revolta de Nica, impõe
gradualmente a sua autoridade a um Império que, desde a sua fundação, está
constantemente na defensiva contra os ataques de muitos adversários e tenta
perpetuar o legado de Roma, através do projecto de Renovatio
Imperii ("restauração do Império").
Justiniano é frequentemente considerado o maior imperador da história
do Império Bizantino, ou o último grande imperador romano, antes do Império
Romano Oriental começar a diferenciar-se do Império Romano, do qual ele foi
o sucessor direto. Foi o último imperador a procurar restabelecer a unidade e
universalidade do Império Romano, o que o levou a travar guerras
expansionistas, principalmente na Itália e na África, enquanto defendia
vitoriosamente as fronteiras contra os persas ou os eslavos. Para além dos
seus sucessos militares, empreendeu um projeto de codificação legislativa em
grande escala que teve uma profunda influência no desenvolvimento
do direito na Europa durante séculos. Muito piedoso, interveio fortemente em
assuntos religiosos. A sua ambição de reconstituir um império romano universal
foi combinada com o seu desejo de uma fé cristã única e universal. Como
resultado, foi muito ativo na luta contra a dissidência religiosa, usando por
vezes a opressão e por vezes o diálogo, especialmente com os monofisistas,
mesmo que os seus resultados nesta área sejam mistos. Além disso, ele
contribuiu para o florescimento da arte bizantina, representada pela construção
da basílica de Santa Sofia em Constantinopla, mas também por muitos outros
edifícios como as basílicas de Santo Apolinário em Classe e de São Vital,
ambas em Ravena. Finalmente, o reinado de Justiniano não pode ser
concebido sem o papel das muitas pessoas com quem se rodeou e que lhe
permitiram realizar as suas ambições, tais como a sua esposa, a
imperatriz Teodora, os seus generais, dos quais Belisário é o mais famoso, o
jurista Triboniano ou o prefeito pretoriano João da Capadócia.
O reinado de Justiniano pode ser decomposto em duas partes. De 527 a 540,
os sucessos foram reais, muitas vezes rápidos e de grande magnitude. Por
outro lado, a segunda parte do seu reinado é mais contrastada. As fronteiras do
Império são sitiadas e as suas novas conquistas, especialmente na Itália, são
comprometidas. No entanto, se o Império vacilou, a situação se recuperou em
todas as frentes e na sua morte, o Império Romano Oriental encontrava-se no
seu auge territorial. Internamente, a situação também se deteriorou, algumas
vezes por razões exteriores ao imperador. A praga de Justiniano e uma série
de catástrofes naturais levaram a uma profunda crise demográfica, cujos
efeitos foram sentidos especialmente após a sua morte. De fato, em muitos
aspectos, o trabalho de Justiniano parece inacabado. Suas conquistas
territoriais não sobrevivem, assim como a ideia de um Império Romano
universal. No entanto, ainda hoje é considerado como um líder de grande
qualidade, contribuindo para o legado da Roma Antiga.

Origens, formação e caráter


Protegido de Justino I

O Imperador Justino I representado em um soldo

Originalmente, nada destinava Justiniano para qualquer cargo imperial. De fato,


ele veio de uma família camponesa que vivia na Trácia, na aldeia
de Taurésio (perto da futura Justiniana Prima). Ele poderia ser de origem ilírica,
segundo vários cronistas[1], mas outras fontes, como a de João Malalas, indicam
uma origem trácio-romana. Em qualquer caso, um dos seus tios, Justino I,
estava presente em Constantinopla naquela altura e desempenhou um papel
fundamental no destino de seu sobrinho. De acordo com George Tate, "a
elevação de Justiniano ao trono foi inteiramente devida a Justino.[2] Sem ele, as
suas chances eram inexistentes. Justino era de origem humilde mas, na
sequência dos ataques dos hunos na sua região natal, juntou-se a
Constantinopla e integrou o prestigioso corpo de excubitores antes de subir na
hierarquia. Mais tarde, convidou o seu sobrinho para a capital antes de o
adotar. A data da sua chegada a Constantinopla é incerta. Pierre Maraval
estima que o futuro imperador tinha cerca de dez anos de idade, George Tate
acredita que ele tinha mais de vinte anos. O que é certo é que o seu tio lhe
deu, enquanto ele próprio não tinha muita cultura, a melhor educação possível,
educação então baseada no direito, retórica e teologia. Justiniano teve,
portanto, uma boa educação, mesmo Procópio de Cesareia acusando-o de
que ainda era um bárbaro na sua língua. Começou então uma carreira militar
na escola palatina, embora tenha servido apenas numa unidade cerimonial.
[3]
 Foi então um dos guardas imperiais, o que lhe permitiu estar na proximidade
direta do poder.[4]
A carreira de Justiniano beneficiou diretamente da ascensão de Justino I ao
poder em 518. Isto não era evidente, mas Anastácio I havia morrido sem
nomear um sucessor. Coube então ao Senado designar um novo Imperador.
No início, os senadores não puderam decidir, enquanto o povo e o exército
começaram a apresentar os seus candidatos, porém sem chegarem a um
consenso. Finalmente, Justino parecia ser a solução de compromisso. Foi
aclamado pelas várias facções da cidade imperial e, após um período de
hesitação, finalmente aceitou. Justiniano foi proposto mas recusou a oferta e
pôde ter desempenhado um papel ativo na nomeação de seu tio. Em qualquer
caso, a chegada ao trono imperial de Justino I beneficiou diretamente
Justiniano, que foi nomeado conde e depois mestre dos soldados das unidades
de cavalaria e infantaria posicionadas em torno de Constantinopla. Como
resultado, não participou em quaisquer campanhas militares e os seus
conhecimentos neste campo permaneceram puramente teóricos, o que explica
o motivo de ter delegado a ação no terreno aos seus generais quando ocupou
o trono.[4] Continuou a progredir rapidamente na hierarquia ao ser
nomeado cônsul em 521, depois patrício, nobilíssimo e finalmente césar por
volta de 525. O assassinato do general Vitaliano em 520, talvez ordenado por
Justiniano, permitiu a este último ver-se livre do seu principal rival dentro da
corte bizantina. Por ocasião da sua nomeação para o consulado, e de acordo
com a tradição, organizou jogos particularmente pomposos que lhe permitiram
ganhar o favor do povo e do Senado. [5] A partir daí, parecia ser o herdeiro
natural de Justino, cujo reinado é por vezes considerado a antecâmara ao de
Justiniano. É por isso que Procópio de Cesareia considera que ele exerceu o
posto de eminência parda durante este período.[6] Contudo, esta visão parece
caricatural porque Justino, não contente em governar por si próprio, por vezes
mostrou ressalvas em relação ao seu sobrinho. Assim, quando lhe foi proposto
nomeá-lo Augusto para preparar a sua sucessão, ele teria dito: "Cuidado com o
jovem que tem o direito de usar esta peça de vestuário". [7] Como salienta Pierre
Maraval, embora Justiniano já se considerasse detentor de uma parte do poder
imperial,[b] o fato de muitas das suas políticas (conquistas territoriais,
codificação legislativa, etc.) só terem sido implementadas depois da sua
chegada ao poder mostra que ele não tinha total liberdade de ação na altura do
reinado do seu tio.[8] Em contraste, é provável que o seu papel na administração
do Império tenha aumentado à medida que Justino envelhecia, pois o reinado
do seu tio permitiu-lhe enfrentar as dificuldades do exercício do poder e ganhar
experiência.[9]
Ruínas de Taurésio, local de nascimento de Justiniano

O reinado de Justino I prefigurou em alguns aspectos o do seu sobrinho.


Religiosamente, o Império estava dividido entre os apoiantes do Concílio de
Calcedônia e os seus opositores, dos quais Anastácio I era um dos
representantes. Contudo, Justino voltou à ortodoxia, concordando em seguir os
preceitos do conselho, o que foi recebido com agitação entre os monofisistas,
numerosos nas regiões periféricas do Império, como a Síria e o Egito. Nesta
área, é provável que a influência de Justiniano a favor da defesa da ortodoxia
tenha sido significativa.[8] Na política externa, foi confrontado com a constante
ameaça dos sassânidas, que desencadearam a Guerra Ibérica alguns meses
antes da sua morte, reavivando a antiga rivalidade entre a Pérsia e o Império
Romano. Finalmente, no campo da política interna, Justino teve de lidar com a
agitação recorrente causada pelas facções, [c] entidades normalmente
responsáveis pela organização de corridas de cavalos, mas que na realidade
eram um reflexo das rivalidades de poder entre diferentes grupos da capital.
Assim, os Azuis e os Verdes chocavam-se muitas vezes abertamente nas ruas
da cidade, por vezes de forma violenta. [10]
Chegada ao trono

Procópio comparou Justiniano com Domiciano (representado acima), Imperador da dinastia


flaviana cujo reinado, descrito por Suetônio, era visto com desdém pela intelectualidade medieval

Em 1 de abril de 527, as velhas feridas de guerra de Justino acordaram e


causaram a sua lenta agonia. Justiniano é então nomeado Augusto e coroado
por seu tio. Quatro séculos mais tarde, Constantino VII, afirma que
o patriarca coroa Justiniano no dia 4 de abril, Dia de Páscoa, uma data
altamente simbólica. Contudo, este elemento é certamente inventado para
reforçar a lenda de Justiniano. É de fato no dia 1 de Abril e das mãos do seu tio
que ele recebe a coroa. Foi então imperador, então único imperador com a
morte de Justino em 1 de Julho. Justiniano tinha então 45 anos de idade. Era
um homem maduro, do qual os cronistas deram descrições físicas
relativamente precisas. João Malalas fala dele nestes termos: "Ele era pequeno
em estatura, com um tronco bem torneado, nariz liso, tez radiante, cabelo
encaracolado, rosto redondo, aspecto bonito, testa aberta, rosto pintado,
cabeça cinzenta e barbuda.[11] Embora tenha estado doente em várias
ocasiões, morreu aos 83 anos de idade, fazendo dele um dos imperadores
romanos mais longevos a ter reinado. Os cronistas também se debruçam sobre
a sua personalidade. Jean le Lydien elogia a sua bondade e benevolência, o
que Procópio confirma. Este último enfatiza a sua ânsia por trabalho, o que é
confirmado pela reputação do imperador de ter dormido pouco. Jean afirma
que era "o imperador que menos dormia", enquanto que na Igreja de São
Sérgio e São Baco há uma inscrição indicando que ele ignorava o sono. [12] Isto
leva Charles Diehl a afirmar: "Se há uma qualidade que não pode ser retirada
a Justiniano, é que ele era um grande trabalhador". [13] Se Justiniano não hesitou
em usar a repressão em algumas das suas políticas, levando por vezes a atos
de grande severidade ou até mesmo de crueldade, ele parece ter mostrado
moderação nas suas relações humanas. As suas reações raramente eram
excessivas e ele geralmente procurava o equilíbrio e o respeito pela lei.
Segundo George Tate, "Era o regime e não o próprio Justiniano que era
despótico".[14] Em Construções, Procópio de Cesareia credita ao imperador o
esforço de sempre tentar melhorar o estado do império com o estímulo de
muitas realizações em Constantinopla e em outros lugares. Em contraste, em
sua História Secreta, pinta um quadro mais negativo, comparando-o
a Domiciano,[15] um imperador que era muito mal visto naquela altura, antes de
enumerar os seus defeitos: "Este imperador era secreto, enganador,
desonesto, escondendo a sua raiva, esquivo, um homem astuto, bastante hábil
em esconder os seus pensamentos, sempre um mentiroso'. [16][17] Além disso,
este trabalho demonstra o desprezo de Procópio por Justiniano e alguns dos
seus companheiros, que ele iguala a parvenu,[d] apesar de ele próprio pertencer
à nobreza. De fato, enquanto ele subiu ao topo da hierarquia social, em parte
graças a Justino, Justiniano parece nunca se ter integrado plenamente na elite
governante do Império, permanecendo influenciado pelas suas origens
populares.[14]

O mosaico da Imperatriz Teodora, Basílica de São Vital em Ravena

Uma qualidade fundamental de Justiniano foi sua capacidade de se rodear de


conselheiros competentes que lhe permitiram realizar projetos de grande
escala.[18] A fim de satisfazer a sua ambição de reconquistar antigos territórios, e
mesmo que não haja provas de que ele tivesse uma estratégia precisa de
renovação imperial, ele poderia contar com seus generais. O mais ilustre deles
é Belisário, que intervém em todas as frentes quando necessário. Se Justiniano
por vezes retira-o a sua confiança, acaba sempre por voltar para ele quando
tem de enfrentar situações perigosas. Do mesmo modo, Narses desempenhou
um papel decisivo na guerra contra os Godos em Itália de 535 a 553,
enquanto João Troglita participava ativamente na pacificação da África. Em
termos de política interna, Justiniano foi também assistido por conselheiros de
grande qualidade, como o Triboniano, que foi o mestre na elaboração
do Código Justiniano. Da mesma forma, João da Capadócia provou ser um
zeloso e eficiente prefeito pretoriano.[19]
Finalmente, a primeira parte do reinado de Justiniano é inseparável da sua
relação com a sua esposa Teodora, que veio do mundo dos espetáculos e foi
particularmente desprezada pela Igreja. Assim, é de fato um casamento
amoroso, certamente contraído em 525, e é certo que o imperador teve por ela
grande afeto, estando profundamente entristecido com a sua morte em 548.
Além disso, ela teve provavelmente uma influência profunda em algumas das
suas decisões políticas, tais como a sua recusa em fugir durante a revolta de
Nica. Em sua História Secreta, Procópio credita a Teodora uma forma de
controle sobre o seu marido, o que é certamente um exagero. [20][21]

Ideologia imperial

Uma pintura do artista francês Jean-Joseph Benjamin-Constant do século XIX retratando o


Imperador Bizantino Justiniano e os seus conselheiros empenhados numa discussão de textos
religiosos

Durante o seu reinado, Justiniano reforçou significativamente a posição


do imperador, aumentando o despotismo e o centralismo do regime. Acima de
tudo, reforçou os meios de ação do imperador, em detrimento da capacidade
de influência da aristocracia. A ideologia imperial que promoveu baseava-se na
tradição absolutista de um império romano que era agora cristão. A
legitimidade imperial é confundida com a legitimidade divina para consolidar a
sua posição. Os aspectos pagãos que ainda poderiam influenciar o gabinete
imperial desapareceram, em detrimento da velha aristocracia, especialmente a
classe senatorial.[22] A afirmação do poder imperial é simbolizada pelo
desaparecimento do consulado. Este cargo era de grande importância na
tradição romana e os seus titulares, dois em número de um ano, eram
personalidades importantes da nobreza do Império. Assim, o cônsul comum
deu o seu nome ao ano civil. No entanto, Justiniano decidiu em 537 que o
tempo seria contado em relação ao ano do reinado do imperador e não em
relação ao consulado, função que exerceu cada vez mais, uma vez que
nomeou o último cônsul em 541, precipitando o desaparecimento desta
dignidade.[23]
A visão de Justiniano sobre a posição do imperador está consubstanciada nos
títulos com que se enfeita. Ele é o imperador nomos empsychos, ou a "lei viva".
É também Filocristo, "o amigo de Cristo" e Restituidor (Restitutor), ou
"restaurador do poder romano". O imperador ocupa cada vez mais um lugar
preponderante. Já não era o primeiro dos cidadãos, mas insistia em ser
chamado o Kurios (tradução do latim dominus), ou "mestre". O seu poder é
também representado pelos seus múltiplos apelidos retirados das nações
derrotadas, retomando uma velha tradição dos governantes romanos. Ele é o
imperador Alamânico (conquistador dos Alamanos), Gótico (dos Godos),
Frâncico (dos Francos), Germânico (dos Germanos), Ântico (dos Alanos),
Vandálico (dos Vândalos), Africano (dos Africanos).[24] Esta transcendência é
encarnada no cerimonial imperial, que afasta o imperador do resto da
humanidade. O Grande Palácio deveria ser o lugar do misticismo imperial. O
processo cerimonial não diferia muito da tradição romana, mas certas
características foram reforçadas. A distância entre Justiniano e os seus
convidados foi acentuada e as marcas de respeito para com o imperador foram
por vezes estendidas à imperatriz, ao grande desagrado da aristocracia
tradicional.[25] Era frequentemente mascarado por uma folha grossa, e quando
era visível para todos, por vezes expressava-se apenas por gesto ou através
de um mandatário, para reforçar a distância entre ele e o resto da humanidade.
[26]

Finalmente, Justiniano atribuiu grande importância à forma como foi


representado para o seu povo. Desenvolveu-se uma forma de propaganda
imperial.[27] As moedas bizantinas retratam-no frequentemente em traje militar
triunfante e com uma cruz, tal como a escultura dele na coluna Justiniana em
Constantinopla.[28] A sacralidade cristã é onipresente no imaginário imperial,
nomeadamente nos mosaicos da Basílica de São Vital em Ravena.
O ecumenismo cristão misturado com a universalidade romana para retratar
Justiniano como mestre do mundo e, mais amplamente, do universo. Apesar da
dimensão das ambições de Justiniano, George Tate qualifica a sua
responsabilidade pelo crescente autoritarismo do Império Bizantino, recordando
que a tendência para o aprofundamento dos poderes do imperador era de
longa data, remontando pelo menos a Diocleciano, e que Justiniano estava
apenas a completar um movimento que tinha começado muito antes do seu
reinado.[29]

Resistência à ação do imperador


A intransigência com que Justiniano se aplicou na perseguição de seus
objetivos provocou uma série de rebeliões no império. A mais violenta delas,
a Revolta de Nica, ocorreu em 532, em Constantinopla.
Revolta de Nica
Ver artigo principal: Revolta de Nica
Logo no início de seu reinado (532), Justiniano teve de enfrentar uma grave
revolta, a Revolta de Nica. Teodora, mulher pequena, mas bem proporcionada,
de rosto pálido, iluminado por dois grandes olhos negros, dominou Justiniano e
o ajudou a sufocar a revolta. O que causou esta revolta foi o descontentamento
com os altos impostos e a miséria.[30]
Em Bizâncio, existiam organizações esportivas rivais, que defendiam suas
cores no hipódromo. Eram os Verdes, os Azuis, os Brancos e os Vermelhos.
Esses grupos haviam se transformado em partidos políticos. Os Azuis reuniam
representantes dos grandes proprietários rurais e da ortodoxia religiosa. Já
os Verdes tinham, em suas fileiras, altos funcionários nativos das províncias
orientais, comerciantes, artesãos e adeptos da doutrina monofisista.
Até então, os imperadores tinham tentado enfraquecer um grupo, apoiando o
outro. Justiniano recusou essa solução, o que provocou a união dos Verdes e
Azuis, que se rebelaram. Aos gritos de Nica (vitória), os rebeldes massacraram
a guarda real e dominaram quase toda a cidade, proclamando um novo
imperador. Justiniano pensou em fugir, mas foi demovido por Teodora.
Justiniano ficou e encarregou o general Belisário de cercar o hipódromo e
aniquilar os revoltosos. Foi uma verdadeira carnificina, pois 35 mil pessoas
foram massacradas. Esmagada a oposição, Justiniano pôde, a partir de então,
reinar como um autocrata.

Administração de Justiniano

Basílica de Santa Sofia, reconstruída sob supervisão pessoal de Justiniano

Para garantir a centralização administrativa, Justiniano combateu o poder local


dos grandes proprietários de terra e estabeleceu leis sólidas e eficazes, cujo
cumprimento era rigorosamente fiscalizado pela burocracia, que contava com
os militares.
Em seu governo, foi redigido o Corpus Juris Civilis, um sistema de leis básico
que afirmava o poder ilimitado do imperador e, ao mesmo tempo, garantia a
submissão dos escravos e colonos a seus senhores. Em seu governo, o regime
político do império pode ser caracterizado como autocrático e burocrático.
Autocrático, porque o imperador controlava todo o sistema político e religioso.
Burocrático, porque uma vasta camada de funcionários públicos, dependentes
e obedientes ao imperador, vigiava e controlava todos os aspectos da vida dos
habitantes do império. Esse poder não chegava a ser totalitário, porque o
império era vasto e composto por povos de naturalidades e línguas diferentes,
que conseguiam escapar do controle das autoridades imperiais e manter certas
tradições culturais particulares.[31]
Pode-se resumir a política de Justiniano em dois objetivos, duas ideias. Como
imperador romano, trazer prosperidade ao reino e como imperador cristão,
impor sua organização à igreja. Durante seu reinado ele foi responsável por
abrir todo o império com fortificações, para exigir menos de seus soldados.
Além de restaurar ou construir grande quantidade de obras pelas províncias,
formando naturalmente uma enorme linha de defesa que protegia todos os
pontos estratégicos. A chamada “ciência do governo dos bárbaros”, hábil
diplomacia feita por Justiniano, completava seu estratégico fortalecimento
defensivo. Apesar de sua politica externa de reconquista do ocidente, os
territórios reconquistados estavam em um estado econômico miserável o que
gerou fragilidade ao império. Justiniano logo se vê enfraquecido devido aos
persas que avançavam em direção ao mediterrâneo. Foi necessário um pesado
tributo para renovar o acordo de paz e conte-los temporariamente. Além das
periódicas invasões dos hunos e eslavos, que mesmo sendo rechaçados
enfraqueciam o reino aos poucos.[32]
Justiniano também se destacou como construtor: fortificações em torno de
todas as fronteiras, estradas, pontes, templos e edifícios públicos foram
algumas de suas obras.[33]
A revolta de 532, Nica (em grego “vitória”), mostrou a Justiniano a necessidade
de uma reforma. A reforma administrativa está contida principalmente nos dois
decretos de 535, que se resume ao conjunto de medidas para melhorar o
império, através da eliminação de postos inúteis, supressão da venalidade dos
cargos, aumento do vencimento, criação de alguns agente especiais ou
“justinianos”, que reuniam poderes militares e civis. Tais medidas visavam
aumentar a dependência dos funcionários para com o imperador. Em outra
medida, ele buscou impedir os abusos dos grandes proprietários de bens de
raiz, que acreditava serem seus piores inimigos. Como resultado, ele teve de
infringir suas próprias leis. Devido à necessidade constante de dinheiro com as
enormes despesas com a guerra, Justiniano aumentou taxas, criou impostos,
vendeu cargos, alterou a moeda, dando exemplo de mau administrador. [30]
Internamente, os maiores problemas enfrentados pelo império foram os
senhores locais e as heresias. Estas quebravam a unidade da Igreja de
Constantinopla e, em geral, surgiam em províncias do império, adquirindo,
assim, um caráter de luta autonomista diante do poder central. [31]

Assuntos religiosos
São Justiniano, o Grande
Uma ilustração do livro de um anjo mostra um modelo de Hagia
Sophia para Justiniano em uma visão.

Emperador

Veneração por Igreja Ortodoxa

Principal templo Igreja dos Santos Apóstolos

 Portal dos Santos

Justiniano tinha grande interesse pelas questões teológicas. “Faltava apenas


unificar a crença, transformar a Igreja em um instrumento homogêneo de
domínio.”[31] Seu objetivo maior era unir o Oriente com o Ocidente por meio da
religião. Seu programa político pode ser sintetizado numa breve fórmula: "Um
Estado, uma Lei, uma Igreja". Justiniano procurou solidificar
o monofisismo (doutrina elaborada por Eutiques, segundo a qual só havia uma
natureza, a divina, em Cristo). Essa doutrina tornou-se forte na Síria (patriarca
de Antioquia) e no Egito (patriarca de Alexandria), que tinham aspirações
emancipacionistas. Os seguidores dessa heresia tinham na
imperatriz Teodora uma partidária. Esta tentou conciliar ortodoxos e heréticos,
com relativo êxito. Autoritário, Justiniano combateu e
perseguiu judeus, pagãos e heréticos, ao mesmo tempo que interveio em todos
os negócios da Igreja, a fim de mantê-la como sustentáculo do Império e sob
seu controle. A Academia de Platão, último baluarte do paganismo, foi fechada.
As catedrais dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia foram construídas durante
seu governo, para evidenciar o poder imperial. [31]
Em 529, fechou a Academia de Platão. Em 540, também considerou extinto
o Talmude nas sinagogas. Em 550, eliminou o reduto dos mistérios
egípcios na Ilha de Filas.

Reconstituição territorial
Império Bizantino em 550. A parte mais clara representa as conquistas de Justiniano

No plano externo, a política de Justiniano teve como objetivo fundamental a


tentativa de reconstrução do fragmentado Império Romano do Ocidente, que,
desde 450, era vítima dos ataques dos bárbaros germânicos, e que havia
sucumbido em 476. Ao sentido político e social dessa empreitada juntava-se o
fator religioso, pois, para Justiniano, Roma continuava sendo o centro do
mundo católico.
Cessado o perigo interno e uma vez estabilizado o perigo persa na zona
oriental graças a um tratado de não-agressão pactuado com Cosroes I, no qual
se comprometia a pagar um tributo anual ao sassânida, Justiniano empreendeu
a recuperação do Ocidente. Seu primeiro objetivo foi acabar com os vândalos,
no norte da África (533-534), onde acabara de surgir o clarão fulgurante
de Santo Agostinho. O general Belisário dirigiu as campanhas com eficiência,
conquistando Cartago, a Sicília, as ilhas Baleares e parte da costa levantina
peninsular.
Justiniano ordenou ao general Belisário que se lançasse à conquista
da península Itálica, onde Teodorico, o Grande havia estabelecido o Reino
Ostrogodo. Belisário dirigiu-se à Itália com o mesmo ânimo e rapidez das
campanhas anteriores. Conquistou Roma (539) com relativa dificuldade devido
à resistência ostrogoda e Ravena um ano mais tarde. Por um momento
pareceu que as glórias do Império Romano poderiam reviver. Entretanto, os
acontecimentos das décadas seguintes demonstraram que não seria assim. No
ano 542, uma grande peste deu um devastador golpe nas ainda populosas
cidades do Mediterrâneo Oriental. O restante do território italiano ofereceu
importantes resistências dirigidas por Tótila. Belisário caiu em desgraça
perante Justiniano, sendo substituído por Narses, que eliminou as forças
ostrogodas contando com o apoio moral de São Bento, que no monte
Subiaco acabara de fundar a Ordem Beneditina, que tantos serviços prestou à
civilização na Idade Média. As guerras duraram 20 anos.
Com a ocupação de um amplo setor do sul da Espanha pelas tropas imperiais,
em 554, o Mediterrâneo voltou a ficar sob o controle dos romanos - desta vez,
porém, do Império do Oriente. O império alcançou sua máxima extensão. A
necessidade de fortalecer as fronteiras orientais contra os persas, no entanto,
levou Justiniano a abandonar a empreitada iniciada na Europa. Alguns
historiadores acusam Teodora de ter instigado o marido a fazer conquistas
para o lado oriental, o que irritou os persas e levou Justiniano a abandonar a
frente ocidental.

Corpus juris civilis


Uma das versões de capa do conjunto de leis propostas por Justiniano
Ver artigo principal: Corpus Juris Civilis
Ao lado da religião, o direito romano ajudou a manter a unidade e a ordem
imperial. Justiniano[34] percebeu a importância de salvaguardar a herança do
direito romano e, aproveitando a prosperidade econômica e comercial que lhe
proporcionavam as novas conquistas, empreendeu um importante trabalho
legislativo e de recompilação jurídica. A recompilação e reorganização das leis
romanas tornou-se um dos marcos mais notáveis de sua administração,
confiado a um colégio de dez juristas dirigido por Triboniano, cujos trabalhos
duraram dez anos.[35] Essa obra ficou conhecida como corpus juris civilis,
composta de quatro partesː[36]

 Código de Justiniano (Codex): Reunião de todas as constituições imperiais


editadas desde o governo do imperador Adriano (117 a 138);
 Digesto ou Pandectas: Continha os comentários dos grandes juristas
romanos;
 Institutas: Manual para ser estudado pelos que se dedicavam ao direito;
 Novelas ou Autênticas: Constituições elaboradas depois de 534.[36]
A definição de direito dada por Justiniano no código era baseada,
principalmente, nos costumes do povo romano, que não se chamava de
"bizantino" — sendo esta uma denominação dada por historiadores da
modernidade; eles consideravam-se romanos, os últimos romanos dentro da
anterior imensidão do Império. Dessa forma, o Estado de direito romano-
bizantino era feito em prol da "vida honesta, não lesividade e 'dar a cada um o
que é seu'".[35]
Antes de Justiniano, outros imperadores, ocidentais, tentaram codificar as leis
que existiam no Império, com apenas ele conseguindo alcançar tal feito. Essa
obra foi considerada completa e complexa, com leis envolvendo desde a
criação dos filhos, a chefiação da família, o casamento a propriedade, crimes e
organização político-estatal.[36]
O instituto jurídico romano é de grande importância até os dias de hoje, por
causa da influência que ele tem no direito ocidental e oriental, refletindo em
códigos brasileiros até hoje, como o civil, nas relações de sucessão e
usucapião, principalmente. Por este motivo, é importante ter em mente o
quanto Justiniano fez pelo direito mundial, ao implicar esse código a todo o
território Imperial, que seguia seus decretos e pagava os impostos que
estavam prescritos no código.

Obstáculos à política de Justiniano


As origens dos obstáculos, tanto internos, quanto externos, da política
justiniana podem ser remetidas a um único aspecto: sua ambição em reunificar
entraves, dentro e fora de Bizâncio.
O sucesso, parcial, no ocidente, resultou em consideráveis conquistas: a África
Ocidental, três quartos da Espanha e a parte superior da Itália. Entretanto
todas essas regiões estavam em decadência econômica e as forças militares
do império não davam conta de manter a proteção de toda a área. Com isso,
permaneciam constantes as ameaças bárbaras. [31]
Devido à não consolidação das empreitadas ocidentais, os recursos investidos
neste projeto resultaram em um enfraquecimento sentido nos redutos orientais
das terras justinianas. Por volta de 540, os Persas abriram passagem pelo
mediterrâneo e devastaram a Síria. O custo inicial dessa trégua se deu por
meio de mil libras anuais, chegando a um tratado de paz (por cinquenta anos)
em 562. Por este acordo: Justiniano se comprometeu em, além de pagar um
pesado tributo, não fazer qualquer propaganda cristã em território persa.
Outros dois povos também cooperavam para o enfraquecimento do império; os
Hunos e os Eslavos. Apesar de sempre rechaçados pelos generais bizantinos,
estes germânicos tomavam a aparecer e gerar mais prejuízos ao império. [32]
O descomunal esforço de reforma econômica e institucional despendido por
Justiniano esbarrou numa infinidade de obstáculos. A desigualdade entre os
mais ricos e os mais pobres se aprofundou, tornando-se um problema
constante para o soberano. No campo das agressões externas, uma das
ameaças permanentes para o império foi representada por um ataque
dos persas, que, reunificados sob a dinastia Sassânida, não escondiam a
ambição de ocupar a Armênia, a Mesopotâmia e a Síria.[37] Em duas ocasiões
Justiniano se viu obrigado a comprar a paz de seus vizinhos, o que lhe obrigou
a dispor de imensas quantidades de ouro.[30]
Somados a estes percalços, no oriente e no ocidente, um outro fator tomava
problemática a coesão da força militar de Bizâncio: seu exército era formado
por aproximadamente 150 000 homens, integrados por mercenários (ávidos e
indisciplinados) e bárbaros confederados. Ou seja, uma imensa variedade de
interesses distintos em uma mesma unidade - o que levou o imperador a
investir pesado em fortificações.[30]

Morte
O autoritarismo e os altos impostos fizeram com que a população respirasse
aliviada com a notícia da morte de Justiniano (Constantinopla, 565). Foi
sepultado ao lado de sua amada imperatriz Teodora na Igreja dos Santos
Apóstolos (igreja onde repousavam as relíquias dos apóstolos, imperatrizes e
imperadores bizantinos, patriarcas da Igreja Ortodoxa Grega) em
Constantinopla.

Notas
1. ↑ A denominação "Império Bizantino" é um exônimo criado pelo historiador Jerome Wolf
no século XVI e finalmente adotado no século XIX para designar o Império Romano
Oriental resultante da divisão final do Império Romano em 395. Contudo, os bizantinos
reconheceram-se a si próprios como romanos, especialmente durante o tempo de
Justiniano, quando a herança da Roma antiga ainda era particularmente forte. Como
resultado, os termos romano e bizantino podem ser utilizados alternadamente para se
referir ao Império Romano Oriental e aos seus habitantes, especialmente nos primeiros
séculos da sua existência, embora os historiadores modernos tendam a preferir o termo
bizantino.
2. ↑ Numa carta dirigida ao Papa em 521, ele refere-se ao Império como "o nosso estado".
3. ↑ Em Constantinopla existiam organizações desportivas rivais, que defendiam suas cores
no hipódromo, onde a rivalidade desportiva refletia divergências sociais, políticas, e
religiosas. Eram os Verdes, os Azuis, os Brancos e os Vermelhos. Esses grupos haviam-se
transformado em "partidos políticos". Os Azuis reuniam representantes dos grandes
proprietários rurais e da ortodoxia da Igreja Romana; já os Verdes, em matéria política,
eram partidários da democracia pura ou anárquica, e incluíam em suas fileiras altos
funcionários nativos das províncias orientais, comerciantes, artesãos e adeptos da doutrina
monofisista (que queria ver em Jesus Cristo apenas a natureza divina), condenada pelo
Concílio de Calcedônia.
4. ↑ Expressão francesa para a pessoa que recém ascende a uma classe sócio-econômica
melhor.

Referências
1. ↑ Treadgold et al. 1997, p. 246.
2. ↑ Tate et al. 2004, p. 79.
3. ↑ Tate et al. 2004, p. 77.
4. ↑ Ir para:a b Maraval et al. 2016, p. 41.
5. ↑ Moorhead et al. 1994, p. 18.
6. ↑ Maraval et al. 2016, p. 42.
7. ↑ Brian Croke (2007). «Justinian under Justin. Reconfiguring a Reign». Byzantinische
Zeitschrift (em inglês). 100: 13-56
8. ↑ Ir para:a b Maraval et al. 2016, p. 43.
9. ↑ Kaplan et al. 2016, p. 99.
10. ↑ Kaplan et al. 2016, p. 100-101.
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13. ↑ Diehl et al. 1901, p. 188.
14. ↑ Ir para:a b Tate et al. 2004, p. 836.
15. ↑ Tate et al. 2004, p. 334.
16. ↑ Procope de Césarée, Histoire secrète, VIII, 24, 26.
17. ↑ Maraval et al. 2016, p. 67.
18. ↑ Ostrogorski et al. 1996, p. 99.
19. ↑ Tate et al. 2004, p. 353-364.
20. ↑ Cheynet et al. 2012, p. 31-32.
21. ↑ Tate et al. 2004, p. 348-351.
22. ↑ Tate et al. 2004, p. 340.
23. ↑ Tate et al. 2004, p. 387.
24. ↑ Maraval et al. 2016, p. 105.
25. ↑ Tate et al. 2004, p. 341, 826.
26. ↑ Maraval et al. 2016, p. 102-103.
27. ↑ Tate et al. 2004, p. 343.
28. ↑ Maraval et al. 2016, p. 101.
29. ↑ Tate et al. 2004, p. 826-827.
30. ↑ Ir para:a b c d FRANCO JR., Hilário; FILHO, Ruy de Oliveira Andrade. Império Bizantino. [S.l.]:
Coleção Tudo é História, nº 107, Ed. Brasiliense
31. ↑ Ir para:a b c d e Durant, Will (2002). História da civilização, vol. IV: A idade da fé. Rio de
Janeiro: Record
32. ↑ Ir para:a b Giordani, Mário Curtis (1968). História do Império Bizantino. [S.l.]: Ed. Vozes
33. ↑ Lemerle, Paul (1991). História de Bizâncio. São Paulo: Martins Fontes
34. ↑ «Biografia de Justiniano - eBiografia». eBiografia
35. ↑ Ir para:a b César Fiuza (2008). Direito Civil curso completo. [S.l.]: Del Rey. 62  páginas. 978-
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36. ↑ Ir para:a b c Castro, Flávia Lages de (2017). História do Direito - Geral E Do Brasil. São
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37. ↑ Pedrero-Sánchez, Maria Guadalupe (2000). História da Idade Média. [S.l.]: UNESP

Bibliografia
Fontes primárias

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Novelles de l'empereur Léon. [S.l.]: Chez Lamort
 Procope de Césarée (1990). Histoire secrète. Col: La Roue à Livres. Traduzido por Pierre
Maraval. [S.l.]: Les Belles Lettres.  ISBN  978-2-2513-3904-7
 Procope de Césarée (1990). La Guerre contre les Vandales. Col: La Roue à Livres. Traduzido
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 Procope de Césarée (2011). Constructions de Justinien Ier. Traduzido por Denis Roques. [S.l.]:
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 Procope de Césarée (2015). Histoire des Goths. Col: La Roue à livres. Traduzido por Denis
Roques et Janick Auberger. [S.l.]: Les Belles Lettres.  ISBN  978-2-2513-3976-4
 Jordanès (1995).  Histoire des Goths. Traduzido por Olivier Devillers. [S.l.]: Belles
Lettres. ISBN 978-2-2513-3927-6
 Agathias (2007). Histoires : Guerres et malheurs du temps sous Justinien. Traduzido por Pierre
Maraval. [S.l.]: Belles Lettres.  ISBN  978-2-2513-3950-4
 le Lydien, Jean (2006).  Des magistratures de l'État romain. Traduzido por Jacques Schamp.
[S.l.]: CUF
 Malales, Ioannes (2000). Chronographia. Col: Corpus Fontium Historiae Byzantinæ, Series
Berolinensis (em latim). [S.l.]: H. Thurn
 Didderen, Jean-Christophe; Teurfs, Christian (2007).  Corippe, La Johannide ou Sur les guerres
de Libye. Col: Biblioteca. [S.l.]: Errance. ISBN 978-2-8777-2340-4
 le Rhéteur, Zacharie (1924–1925).  Historia ecclesiastica (em latim). [S.l.]: E.W. Brooks
 Haldon, John F. (1999). Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565-1204. Londres:
University College London Press.  ISBN  1-85728-495-X

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Justiniano

 Lassard, Yves; Koptev, Alexandr. «The Roman Law Library» (em inglês).


Arquivado do original em 20 de abril de 2014
Justiniano I
Dinastia Justiniana
482 – 24 de novembro de 565

Precedido por Imperador Bizantino Sucedido por


Justino I 1 de abril de 567 – 24 de Justino II
sozinho
novembro de 565
com Justino I (567)

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Primeiro Concílio de Niceia


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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Primeiro Concílio de Niceia

Afresco do século XVI representando o Primeiro Concílio de


Niceia.

Data 20 de maio de 325 - 19 de junho de 325

 Igreja Católica
Aceite por
 Igreja Ortodoxa
 Igreja Assíria do Oriente
Concílio Concílio de Jerusalém
anterior
Concílio Primeiro Concílio de Constantinopla
seguinte
Convocado por Imperador Constantino I e Papa Silvestre I[1]
Presidido por Ósio de Córdoba (e Imperador Constantino I)[2]
Afluência 318 (número tradicional)

250–318 (estimativas)

Tópicos de Arianismo, controvérsia da Páscoa, ordenação


discussão de eunucos, proibição de se ajoelhar aos
domingos e da Páscoa ao Pentecostes, batismo
de heréticos, estatuto dos prisioneiros na
perseguição de Licínio, cisma meleciano,
diversos outros assuntos.[3]
Documentos Credo Niceno,[4] vinte cânones[5] e uma epístola
sinodal.[3]
Todos os Concílios Ecuménicos Católicos
Portal do Cristianismo

Parte de uma série sobre a

Igreja Ortodoxa
Visão geral[Expandir]

Contexto[Expandir]

Organização[Expandir]

Jurisdições Autocéfalas[Expandir]

Jurisdições Autônomas[Expandir]

Jurisdições não canônicas[Expandir]

Concílios Ecumênicos[Expandir]

História[Expandir]

Teologia[Expandir]

Liturgia e adoração[Expandir]

Calendário litúrgico[Expandir]

Figuras importantes[Expandir]

Lista[Expandir]

 v
 d
 e

Parte de uma série sobre

Ortodoxia Oriental
Igrejas Ortodoxas Orientais

 Copta
 Ortodoxia Tewahedo 
o Etíope
o Eritreia
 Armênia
 Cilícia
 Siríaca
 Indiana

Subdivisões[Expandir]

Igrejas independentes[Expandir]

História e Teologia[Expandir]

Liturgia e práticas[Expandir]

Figuras importantes[Expandir]

Tópicos relacionados[Expandir]

 Portal do cristianismo

 v
 d
 e

O Primeiro Concílio de Niceia foi um concílio de bispos cristãos, reunidos na


cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, província de Bursa, Turquia)
pelo Imperador Romano Constantino I em 325. Constantino I organizou o
concílio nos moldes do senado romano e o presidiu, mas não votou
oficialmente.
Este concílio ecumênico foi a primeira tentativa de alcançar um consenso na
Igreja através de uma assembleia representando toda a cristandade. Ósio,
bispo de Córdoba, provavelmente um legado papal, pode ter presidido suas
deliberações.[6][7]
Seus principais feitos foram a resolução da questão cristológica da natureza
divina de Jesus e sua relação com Deus Pai;[4] a construção da primeira parte
do Credo Niceno; a fixação da data da Páscoa[8] e a promulgação da lei
canônica em sua primeira forma.[5][9]

Visão geral
O Primeiro Concílio de Niceia foi o primeiro concílio ecumênico da Igreja.
[10]
 Seus feitos resultaram em um dos primeiros símbolos da fé e doutrina cristã,
chamado de Credo Niceno. Com a criação deste credo, estabeleceu-se um
precedente para os concílios locais e regionais subsequentes (Sínodos),
realizados pelos bispos, para criar declarações de crença
e cânones da ortodoxia doutrinária — com a intenção de definir a unidade das
crenças para toda a cristandade.
Derivado do grego koiné (em grego: οἰκουμένη; romaniz.: oikouménē , "o
habitado"), "ecumênico" significa "no mundo todo; de âmbito geral, universal".
O termo, de modo geral, foi usado para se referir à Terra conhecida e habitada,
[11]
 o que naquele momento da história se referia em grande parte ao Império
Romano. Os primeiros usos do termo aplicados a um concílio são em "Vida de
Constantino", escrito por Eusébio de Cesareia[12] em torno de 338, no qual ele
afirma que "ele convocou um concílio ecumênico" (em grego: σύνοδον
οἰκουμενικὴν συνεκρότει; romaniz.: sýnodon oikoumenikḕn synekrótei),[13] e numa
carta ao Papa Dâmaso I e aos bispos latinos do Primeiro Concílio de
Constantinopla em 382.[14]
Um dos propósitos do concílio foi resolver as divergências que surgiram dentro
da Igreja de Alexandria sobre a natureza de Jesus e sua relação com o Pai.
Discussões sobre a origem do Filho envolveram dois posicionamentos: se ele
não teve começo e foi gerado pelo Pai a partir de seu próprio ser ou se teve
começo e foi criado do nada.[15] Alexandre e Atanásio, ambos de Alexandria,
tomaram a primeira posição e o popular presbítero Ário, de quem vem o
termo arianismo, tomou a segunda. O concílio decidiu, esmagadoramente,
contra os arianos. De aproximadamente 318 participantes, todos, com exceção
de dois, concordaram em assinar o credo e estes dois, juntamente com Ário,
foram banidos para a Ilíria.[10][16]
Outro resultado do concílio foi um acordo sobre quando celebrar a Páscoa, a
mais importante festa do calendário eclesiástico, decretado em uma epístola
à Igreja de Alexandria na qual se diz:

“ ”
Nós também lhe enviamos as boas novas do acordo relativo à sagrada Páscoa, isto
é, em resposta às suas orações, esta questão também foi resolvida. Todos os irmãos
do Oriente que até o momento seguiram a prática judaica, a partir de agora,
observarão o costume dos romanos e de vocês e de todos nós que, desde os tempos
antigos, mantivemos a Páscoa juntamente convosco.[17]

Historicamente significativo como o primeiro esforço para alcançar


um consenso na Igreja através de uma assembleia representando toda a
cristandade, o concílio foi a primeira ocasião em que os aspectos técnicos
da cristologia foram discutidos.[18] Por meio dele, estabeleceu-se um precedente
para os concílios gerais posteriores adotarem credos e cânones. Este concílio
é, geralmente, considerado o início do período dos primeiros sete concílios
ecumênicos da história do cristianismo.

Características e propósitos
O primeiro Concílio de Nicéia da Crônica de Manasses

O Primeiro Concílio de Niceia foi convocado pelo Imperador Constantino, o


Grande, em consequência das recomendações de um sínodo liderado por Ósio
de Córdoba no tempo pascal de 325. Este sínodo havia sido encarregado de
investigar o problema causado pela controvérsia ariana no leste grego
do mundo greco-romano.[19] Para a maioria dos bispos, os ensinamentos
de Ário eram heréticos e perigosos para a salvação das almas.[20] No verão de
325, os bispos de todas as províncias foram convocados a Niceia, um lugar
razoavelmente acessível a muitos representantes, particularmente os da Ásia
Menor, Geórgia, Armênia, Síria, Palestina, Egito, Grécia e Trácia.
Este foi o primeiro concílio geral na história da Igreja convocado por
Constantino I. No Concílio de Niceia, "a Igreja deu seu primeiro grande passo
para definir a doutrina revelada, de forma mais precisa, em resposta a um
desafio de uma teologia herética."[21]

Participantes

Ícone ortodoxo representando o Primeiro Concílio de Niceia

Constantino convidou todos os 1 800 bispos da igreja cristã dentro do Império


Romano (cerca de 1 000 no leste e 800 no oeste), mas apenas um número
menor e desconhecido compareceu. Eusébio de Cesareia calculou mais de
250,[22] Atanásio de Alexandria contou 318,[13] e Eustácio de Antioquia estimou
aproximadamente 270[23] (todos os três estavam presentes no concílio). Mais
tarde, Sócrates de Constantinopla registrou mais de 300,[24] e Evágrio,[25] Hilário
de Poitiers,[26] Jerônimo,[27] Dionísio Exíguo[28] e Rufino de Aquileia[29] registraram
318. O número 318 é preservado nas liturgias da Igreja Ortodoxa.[30]
Representantes vieram de todas as regiões do Império Romano, incluindo
a Britânia.[31] Os bispos participantes receberam gratuitamente viagens de
suas sedes episcopais para o concílio, bem como alojamentos e viagens de
retorno. Esses bispos não viajaram sozinhos, cada um tinha permissão para
trazer consigo dois presbíteros e três diáconos, de modo que o número total de
participantes poderia ser estimado em torno de 1 800. Eusébio fala de uma
quantidade de acompanhantes quase inumerável, composta de padres,
diáconos e acólitos. Um manuscrito siríaco lista os nomes dos bispos orientais,
registrando vinte e dois da Cele-Síria, dezenove da Palestina, dez da Fenícia,
seis da Arábia etc., apesar da distinção entre bispos e presbíteros ainda não ter
se formado completamente nessa época.[32][33]
Os bispos orientais formaram a grande maioria, entre eles, dois patriarcas
ocuparam lugares de destaque: Alexandre de Alexandria e Eustácio de
Antioquia. Muitos dos padres reunidos — por exemplo, Pafúncio de Tebas,
Potamão de Heracleia e Paulo de Neocesareia — haviam se apresentado
como confessores da fé, chegando ao concílio com as marcas de perseguição
em seus rostos. Essa posição é defendida por Timothy Barnes, um estudioso
da patrística, em seu livro "Constantino e Eusébio".[34] Historicamente, a
influência desses confessores martirizados tem sido vista como essencial, mas
pesquisas recentes colocaram isso em dúvida.[29]
Outros participantes notáveis foram Eusébio de Nicomédia; Eusébio de
Cesareia, considerado o pai da história da Igreja; circunstâncias sugerem a
participação de Nicolau de Mira (sua vida foi a semente para as lendas sobre
o Papai Noel); Macário de Jerusalém, futuramente um fiel defensor de
Atanásio; Aristácio I da Armênia (filho de São Gregório, o Iluminador); Leôncio
de Cesareia; Jacó de Nísibis, um antigo eremita; Hípio de Gangra; Protógenes
de Sárdica; Melício de Sebastópolis; Aquiles de Lárissa (considerado o
"Atanásio da Tessália")[35] e Espiridão, o Taumaturgo, que ganhava a vida como
pastor, mesmo sendo bispo.[36] De lugares estrangeiros participaram João, bispo
da Pérsia e da Índia; Teófilo, bispo dos godos e Estratófilo, bispo de Bichvinta,
na Geórgia.
As províncias de língua latina enviaram pelo menos cinco representantes:
Marco de Calábria, da Itália; Ceciliano de Cartago, da África; Ósio de Córdoba,
da Hispânia; Nicásio de Dijon, da Gália; e Dômno de Estridão, da região
do Danúbio.[35]
Atanásio de Alexandria, um jovem diácono e companheiro do bispo Alexandre
de Alexandria, estava entre os assistentes. Atanásio, possivelmente, passou a
maior parte da sua vida lutando contra o arianismo. Alexandre de
Constantinopla, então presbítero, também estava presente como representante
de seu bispo idoso.[35]
Os partidários de Ário incluíam Segundo de Ptolemais, Teono de Marmárica,
Zéfrio e Dates, todos vindos da Pentápole líbia. Outros adeptos
incluíam Eusébio de Nicomédia, Paulino de Tiro, Átio de Lida, Menofanto de
Éfeso e Teógnis de Niceia.[35][37]
"Resplandecente em púrpura e ouro, Constantino fez uma entrada cerimonial
na abertura do concílio, provavelmente no início de junho, mas
respeitosamente estabeleceu os bispos à sua frente." [6] Como Eusébio
descreveu, Constantino "passou pelo meio do assembleia, como algum
mensageiro celestial de Deus, vestido em vestes que brilhavam como se
fossem raios de luz, refletindo o brilho radiante de um manto de púrpura, e
adornado com o esplendor brilhante de ouro e pedras preciosas." [38] O
imperador esteve presente como superintendente e presidente, mas não deu
nenhum voto oficial. Constantino organizou o concílio nos moldes do senado
romano. Ósio de Córdoba, possivelmente, presidiu as deliberações,
provavelmente, como um representante pessoal do papa.[6] Eusébio de
Nicomédia provavelmente proferiu o discurso de boas vindas. [6][39]
O papa Silvestre I, que exercia seu pontificado na época, não compareceu ao
concílio. Nos primeiros concílios, os papas não participavam e costumavam
enviar representantes seus, entretanto, é importante ressaltar que as sedes
patriarcais sempre eram consultadas na resolução das grandes questões.
Silvestre I foi informado da condenação de Ário, ocorrida no Sínodo de
Alexandria (320 a 321), e para o Concílio de Niceia enviou dois presbíteros
romanos como representantes, Vito e Vicente. Uma fonte da influência do
Bispo de Roma é que as assinaturas dos três clérigos — Ósio, Vito e Vicente
— estão sempre em primeiro lugar, bem como a citação de seus nomes pelos
historiadores do concílio, o que seria estranho se eles não fossem
representantes do papa, dado que o concílio se deu no Oriente e os três
clérigos eram ocidentais.

Agenda e procedimentos

Constantino, o Grande, convocou os bispos da igreja cristã para Niceia (mosaico localizado
na Basílica de Santa Sofia, Istambul, antiga Constantinopla)

A agenda do concílio incluiu:


1. A questão ariana sobre a relação entre Deus, o Pai, e Deus, o Filho, não
apenas em sua forma encarnada, como Jesus, mas também em sua
forma anterior a criação do mundo.
2. A data de celebração da Páscoa;
3. O cisma meleciano;
4. Vários assuntos de disciplina da Igreja que resultaram em vinte cânones:
1. Estrutura organizacional da Igreja;
2. Padrões de dignidade e adequação de comportamentos e
antecedentes para o clero;
3. Reconciliação dos lapsis, com estabelecimento de normas para
arrependimento e penitência pública;
4. Readmissão à Igreja de hereges e cismáticos, incluindo questões
sobre quando a reordenação e o rebatismo seriam necessários;
5. Prática litúrgica, incluindo questões sobre o lugar dos diáconos e
a prática da oração durante a liturgia.[40]
O concílio foi formalmente aberto em 20 de maio, na estrutura central do
palácio imperial em Niceia, com discussões preliminares da questão ariana. O
imperador Constantino chegou quase um mês depois em 14 de junho.[41] Nestas
discussões, algumas figuras dominantes foram Ário e seus vários
adeptos. "Cerca de 22 bispos do concílio, liderados por Eusébio de Nicomédia,
vieram como partidários de Ário, mas quando algumas das passagens mais
chocantes de seus escritos foram lidas, elas eram quase universalmente vistas
como blasfêmias."[6] Os bispos Teógnis de Niceia e Máris de Calcedônia
estavam entre os primeiros apoiadores de Ário.
Eusébio de Cesareia chamou a atenção para o credo batismal de sua
própria diocese em Cesareia, na Palestina, como uma forma de reconciliação.
A maioria dos bispos concordou. Por algum tempo, os estudiosos pensaram
que o Credo Niceno original foi baseado nesta declaração de Eusébio. Hoje, a
maioria dos estudiosos acreditam que o Credo é derivado do credo batismal de
Jerusalém, como Hans Lietzmann propôs.
Os bispos ortodoxos conquistaram a aprovação de cada uma de suas
propostas sobre o Credo. Depois de estar em sessão por um mês inteiro, o
concílio promulgou em 19 de junho o Credo Niceno original. Esta profissão de
fé foi adotada por todos os bispos, "exceto dois da Líbia, que tinham sido
intimamente associados à Ário desde o início".[21] Nenhum registro histórico
explícito de suas discordâncias foi preservado e as assinaturas desses bispos
estão simplesmente ausentes do Credo. As sessões continuaram a tratar de
assuntos menores até 25 de agosto.[41]

Controvérsia ariana
Ver artigos principais: Ário, Arianismo e Controvérsia ariana
Constantino I e a queima dos livros arianos, ilustração de um compêndio do norte da Itália sobre o
direito canônico

A controvérsia ariana surgiu em Alexandria quando o recém-reinstaurado


presbítero Ário começou a difundir visões doutrinárias contrárias às de seu
bispo, Alexandre de Alexandria.[42] As questões disputadas centraram-se na
natureza e no relacionamento de Deus (o Pai) e do Filho de Deus (Jesus). Os
desacordos surgiram de ideias diferentes sobre a divindade e o que significava
para Jesus ser o Filho de Deus. Alexandre sustentava que o Filho era divino,
exatamente no mesmo sentido que o Pai é, co-eterno com o Pai, do contrário
ele não poderia ser um Filho verdadeiro. [15][43]
Ário enfatizou a supremacia e singularidade de Deus Pai, significando que o
Pai é todo-poderoso e infinito, e que, portanto, a divindade do Pai deve ser
maior que a do Filho. Ário ensinou que o Filho teve um começo, e que ele não
possuía nem a eternidade nem a verdadeira divindade do Pai, mas foi feito
"Deus" somente pela permissão e poder do Pai, e que o Filho era o primeiro e
a mais perfeita das criaturas de Deus.[15][43]
As discussões e debates arianos no concílio estenderam-se de 20 de maio a
19 de junho de 325.[43] De acordo com relatos lendários, o debate tornou-se tão
acalorado que, a certa altura, Ário foi atingido no rosto por Nicolau de Mira, que
mais tarde seria canonizado.[44] Este relato é quase certamente apócrifo, já que
o próprio Ário não estaria presente na câmara do concílio devido ao fato de que
ele não era um bispo.[45]
Grande parte do debate dependia da diferença entre ser "nascido" ou "criado" e
ser "gerado". Os arianos viram isso, essencialmente, como o mesmo, ao
contrário dos seguidores de Alexandre. O significado exato de muitas das
palavras usadas nos debates em Niceia ainda não estavam claras o suficiente
para os falantes de outras línguas. Palavras gregas como "essência" (ousia),
"substância" (hypostasis), "natureza" (physis), "pessoa" (prosopon), traziam
uma variedade de significados extraídos de filósofos pré-cristão e que
implicaram em mal-entendidos até que foram finalmente esclarecidos. A
palavra homoousia, em particular, foi inicialmente desprezada por muitos
bispos por causa de suas associações com os hereges gnósticos (que a
usavam em sua teologia), e porque suas heresias haviam sido condenadas
no Sínodo de Antioquia em 264-268.
Argumentos a favor do arianismo

O Concílio de Niceia, com Ário descrito como derrotado pelo concílio, deitado sob os pés
do Imperador Constantino I

Segundo relatos encontrados, o presbítero Ário defendeu a supremacia de


Deus, o Pai, e sustentou que o Filho de Deus foi criado com um ato da vontade
do Pai. A premissa era que o Filho foi a primeira criatura de Deus, antes de
todas as eras, teve um começo e somente o Pai não teve começo. A
argumentação era que tudo o mais foi criado por meio do Filho, desse modo,
somente o Filho foi criado diretamente por Deus. Ário acreditava que o Filho de
Deus era capaz de ter livre arbítrio do certo e errado; que "se Ele fosse um
filho, no sentido mais verdadeiro, devia ter vindo depois do Pai, e obviamente
houve um tempo quando Ele não existia, e portanto, era um ser finito";[46] e que
Ele estava sob a autoridade e grandeza de Deus, o Pai. Ário insistiu que a
divindade do Pai era maior que a do Filho. Os arianos recorreram às escrituras,
citando afirmações bíblicas como «o Pai é maior do que eu» (João 14:28) e
também que o Filho é «primogênito de toda a criação» (Colossenses 1:15).
Argumentos contra o arianismo
A visão oposta originou-se da ideia de que gerar o Filho é, em si mesmo, a
natureza do Pai, que é eterno. O Pai sempre foi um Pai e tanto o Pai como o
Filho sempre existiram juntos, eternamente e consubstancialmente. [47] O
argumento contra os arianos afirmavam que o Logos (o "Verbo")
era "eternamente gerado", portanto, sem começo. Os adversários de Ário
acreditavam que seguir a visão ariana destruía a unidade da divindade e
tornava o Filho desigual ao Pai e insistiram que tal visão transgredia as
escrituras, que afirmam que «Eu e o Pai somos um» (João 10:30) e «o Verbo
era Deus» (João 1:1). Eles declararam, como fez Atanásio,[48] que o Filho não
teve começo, mas teve uma "derivação eterna" do Pai e, portanto, era co-
eterno com ele e igual a Deus em todos os aspectos. [49]
Resultado do debate
O concílio declarou que o Filho era verdadeiro Deus, co-eterno com o Pai e
gerado de sua mesma substância, argumentando que tal doutrina codificava
melhor a apresentação bíblica do Filho, assim como a crença cristã tradicional
sobre ele transmitida pelos apóstolos. Essa crença foi expressa pelos bispos
no Credo de Niceia, que formou a base do que é conhecido atualmente
como Credo Niceno-Constantinopolitano.[50]

Credo Niceno
Ver artigo principal: Credo Niceno

Ícone representando o Imperador Constantino e os bispos do Primeiro Concílio de Niceia (325)


segurando o Credo Niceno-Constantinopolitano de 381

Um dos projetos empreendidos pelo concílio foi a criação de um Credo, uma


declaração de um resumo da fé cristã. Vários credos já existiam; muitos credos
eram aceitáveis para os membros do concílio, inclusive Ário. Desde os
primórdios, vários credos serviram como meio de identificação para os cristãos,
como meio de inclusão e reconhecimento, especialmente no batismo.
Em Roma, por exemplo, o Credo dos Apóstolos era popular, especialmente
para o uso na Quaresma e na época da Páscoa. No Concílio de Niceia, um
credo específico foi usado para definir claramente a fé da Igreja, incluir aqueles
que a professavam e excluir aqueles que não a professavam. Elementos
distintivos do Credo Niceno, talvez pela mão de Ósio de Córdoba, foram
acrescentados, alguns especificamente para combater o ponto de vista ariano.
[15][51]
 Jesus Cristo é descrito como:
1. "Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus", o que proclama sua
divindade;
2. "Gerado, não criado", o que afirma que ele não é uma mera criatura,
trazida à existência a partir do nada;
3. "De uma só substância com o Pai", o que afirma que, embora seja "Deus
verdadeiro" e Deus Pai também seja "Deus verdadeiro", eles são um
único ser, de acordo com o que é encontrado em João 10:30. O termo
grego homoousios (que significa consubstancial, isto é, "da mesma
substância") é atribuído por Eusébio a Constantino que, nesse ponto
particular, pode ter escolhido exercer sua autoridade.
Tais questões levantadas seriam seriamente controvertidas no futuro. No final
do credo veio uma lista de anátemas, concebida para repudiar explicitamente
as alegações dos arianos:

1. A visão de que "houve um momento em que Ele [o Filho] não existiu" foi


rejeitada para manter a co-eternidade do Filho com o Pai;
2. A opinião de que ele era "mutável ou sujeito a mudanças" foi rejeitada
para sustentar que o Filho, tal como o Pai, estava além de qualquer
forma de fraqueza ou corruptibilidade e, o mais importante, que Ele não
poderia abandonar a perfeição moral absoluta.
Assim, em vez de um credo batismal aceitável tanto para os arianos quanto
para seus oponentes, o concílio promulgou um que era claramente contrário ao
arianismo e incompatível com o núcleo distintivo de suas crenças. O texto
desta profissão de fé é preservado em uma carta de Eusébio para Atanásio,
para sua congregação e outros lugares. Embora fossem os mais anti-arianos,
aqueles que defendiam o termo consubstancialidade, a homoousia (traduzida
como "da mesma substância", que havia sido condenado no Sínodos de
Antioquia em 264-268, estavam em minoria. O credo foi aceito pelo concílio
como uma expressão da fé comum dos bispos e da antiga fé de toda a Igreja.
O bispo Ósio de Córdoba, um dos defensores do termo consubstancialidade,
ajudou o concílio a entrar em um consenso. Na época, ele era o confidente do
imperador em todos os assuntos da Igreja. Ósio esteve à frente das listas de
bispos, e Atanásio atribui a ele a formulação real do credo. Grandes líderes
como Eustácio de Antioquia, Alexandre de Alexandria, Atanásio e Marcelo de
Ancira, todos aderiram à posição da consubstancialidade.
Apesar de sua simpatia por Ário, Eusébio de Cesareia aderiu às decisões do
concílio, aceitando todo o credo. O número inicial de bispos que apoiavam Ário
era pequeno. Após um mês de discussão, em 19 de junho, restavam apenas
dois: Teono de Marmárica, na Líbia, e Segundo de Ptolemaida. Máris de
Calcedônia, que inicialmente apoiou o arianismo, concordou com todo o credo.
Da mesma forma, Eusébio de Nicomédia e Teógnis de Niceia também
concordaram, exceto por certas declarações.
O imperador então determinou que todos que se recusassem a endossar o
credo seriam exilados. Ário, Teono e Segundo recusaram-se a aderir ao credo
e foram exilados na Ilíria, além de serem excomungados. As obras de Ário
foram condenadas a serem confiscadas e consignadas às chamas,[10] enquanto
seus partidários foram considerados "inimigos do cristianismo". [52] No entanto, a
controvérsia continuou em várias partes do império. [53]
O Credo foi alterado para uma nova versão pelo Primeiro Concílio de
Constantinopla em 381, o chamado Credo Niceno-Constantinopolitano.

Cálculo da Páscoa
Ver artigo principal: Quartodecimanismo
A festa da Páscoa cristã está ligada à Páscoa judaica e à festa dos pães
ázimos, pois os cristãos acreditam que a crucificação e a ressurreição de Jesus
ocorreram no tempo dessas observâncias. Já no pontificado do papa Sisto I,
alguns cristãos colocaram a Páscoa em um domingo no mês lunar de nissan.
Para determinar qual mês lunar deveria ser designado como nissan, os cristãos
confiavam na comunidade judaica. No final do terceiro século, alguns cristãos
começaram a expressar insatisfação com o que consideravam ser o estado
desordenado do calendário judaico. Eles argumentaram que os judeus
contemporâneos estavam identificando incorretamente o mês de nissan,
escolhendo um mês cujo décimo quarto dia caía antes do equinócio da
primavera.[54]
Os cristãos, argumentavam alguns pensadores, deveriam abandonar o
costume de confiar nos judeus e fazer seus próprios cálculos para determinar
qual mês deveria ser denominado nissan, definindo a Páscoa dentro desse
sistema independente, um nissan cristão, que sempre determinaria a data
depois do equinócio. Eles justificaram essa ruptura com a tradição
argumentando que era, de fato, o calendário judaico contemporâneo que
rompera com a tradição ao ignorar o equinócio e que nos tempos antigos o
décimo quarto dia de nissan nunca havia precedido o equinócio.[55] Outros
achavam que a prática costumeira de confiar no calendário judaico deveria
continuar, mesmo se os cálculos judaicos estivessem errados do ponto de vista
cristão.[56]
A controvérsia entre aqueles que defendiam os cálculos independentes e
aqueles que defendiam a confiança contínua no calendário judaico, conhecido
como quartodecimanos, foi formalmente resolvida pelo concílio, que endossou
o procedimento independente que esteve em uso por algum tempo em Roma e
Alexandria. A Páscoa deveria ser um domingo em um mês lunar escolhido de
acordo com critérios cristãos — com efeito, um nissan cristão — e não no mês
de nissan definido pelos judeus.[8] Aqueles que defendiam a confiança contínua
no calendário judaico foram convidados a aderir à posição majoritária. Que eles
não o fizeram imediatamente é revelado pela existência de sermões,
[57]
 cânones,[58] e tratados[59] escritos contra essa prática no final do século IV.
Essas duas regras, independência do calendário judaico e uniformidade
universal, eram as únicas regras para a Páscoa explicitamente estabelecidas
pelo concílio. Nenhum detalhe para o cálculo foi especificado; estes foram
trabalhados na prática, um processo que levou séculos e gerou uma série
de controvérsias (ver também cálculo da Páscoa). O concílio aparentemente
não determinou que a Páscoa deve cair no domingo, por exemplo. [60]
O concílio também não decretou que a Páscoa nunca deveria coincidir com
décimo quarto dia de nissan (o primeiro dia dos pães sem fermento, agora
comumente chamado de "Páscoa") do calendário hebraico. Ao endossar a
mudança para cálculos independentes, o concílio separou o cálculo da Páscoa
de toda dependência, positiva ou negativa, do calendário judaico. A alegação
de que a Páscoa deve sempre seguir o décimo quarto dia de nissan no
calendário hebraico, não foi formulada até depois de alguns séculos. Naquela
época, o acúmulo de erros no calendário juliano solar e lunar havia feito com
que a Páscoa sempre estivesse próxima ao décimo quarto dia de nissan do
calendário hebraico.[61]

Cisma meleciano
Ver artigo principal: Melécio de Licópolis
A supressão do cisma meleciano foi outro assunto importante que antecedeu o
Concílio de Niceia. Foi decidido que Melécio deveria permanecer em sua
própria cidade, Licópolis no Egito, mas sem exercer autoridade ou o poder
de ordenar novos membros para o clero; ele foi proibido de entrar nos
arredores da cidade ou de se dirigir para outra diocese com o propósito de
ordenar seus súditos. Melécio reteve seu título episcopal, mas os clérigos
ordenados por ele deviam receber novamente a imposição das mãos, o que de
fato invalidou as ordenações realizadas por Melécio. O clero ordenado por
Melécio recebeu ordens de dar precedência àqueles ordenados por Alexandre
e de não realizarem nenhuma ação sem o consentimento do bispo Alexandre. [62]
No caso da morte de um bispo não-meleciano ou eclesiástico, a sé
episcopal desocupada poderia ser entregue a um meleciano, desde que ele
fosse digno e a eleição popular fosse ratificada por Alexandre. Quanto ao
próprio Melécio, os direitos e prerrogativas episcopais lhe foram retirados.
Essas medidas brandas, no entanto, foram em vão; os melecianos juntaram-se
aos arianos e causaram mais discórdia do que nunca, estando entre os piores
inimigos de Atanásio. Os melecianos finalmente acabaram extintos em meados
do século V.

Promulgação da lei canônica


Ver artigo principal: Lei canônica
O concílio promulgou vinte novas leis da Igreja, chamadas cânones (embora o
número exato esteja sujeito a debate), isto é, regras imutáveis de disciplina. Os
vinte, como listados pelos "Padres Nicenos e Pós-Nicenos",[63] são os seguintes:
1. Proibição da auto-castração;
2. Estabelecimento de um período mínimo de estudo para
os catecúmenos (pessoas que estudam para receber o batismo);
3. Proibição da presença de uma mulher mais jovem na casa de um
clérigo, que poderia colocá-lo sob suspeita de prática do casamento
espiritual (onde um homem e uma mulher castos vivem juntos, como
irmão e irmã);
4. Ordenação de um bispo na presença de pelo menos três bispos
provinciais e com confirmação do bispo metropolitano;[10]
5. Provisão de dois sínodos provinciais a serem realizados anualmente;
6. Confirmação de antigos costumes, dando jurisdição sobre grandes
regiões aos bispos de Alexandria, Roma e Antioquia;
7. Reconhecimento dos direitos honorários da sé de Jerusalém;
8. Provisões sobre os novacianistas;
9–14. Provisão de processo leve contra os lapsi durante a perseguição
sob o imperador Licínio;
15–16. Proibição da remoção de sacerdotes das localidades para as
quais foram ordenados;
17. Proibição de usura entre os clérigos;
18. Precedência de bispos e presbíteros antes dos diáconos em receber
a Eucaristia (santa comunhão);
19. Declaração da nulidade do batismo realizado pelos hereges
seguidores de Paulo de Samósata;
20. Proibição de ajoelhar aos domingos e durante o Pentecostes (os
cinquenta dias que se iniciam na Páscoa). De pé era a postura
normativa para a oração neste momento, como ainda é entre os cristãos
orientais. Ajoelhar-se era considerado mais apropriado para a oração
penitencial, distinto da natureza festiva do tempo pascal e de sua
lembrança em todos os domingos. O cânone em si foi projetado apenas
para garantir uniformidade de prática nos horários designados.
Concluindo a reunião em 25
de julho de 325, os padres
do concílio comemoraram o
vigésimo aniversário do
imperador. Em seu discurso
de despedida, Constantino
informou ao público como
ele era avesso à
controvérsia dogmática; ele
queria que a Igreja vivesse
em harmonia e paz. Em uma
carta circular, ele anunciou a
unidade de prática realizada
por toda a Igreja na data da
celebração da Páscoa cristã.

Efeitos do concílio

Um afresco representando o
Primeiro Concílio de Nicéia no
Vaticano

Os efeitos a longo prazo do


Concílio de Niceia foram
significativos. Pela primeira
vez, representantes de
muitos dos bispos da Igreja
se reuniram para concordar
com uma declaração
doutrinária. Também pela
primeira vez, o imperador
desempenhou um papel,
chamando os bispos sob sua
autoridade e usando o poder
do estado para dar o efeito
às ordens do concílio.
Em curto prazo, no entanto,
o concílio não resolveu
completamente os
problemas que foi
convocado para discutir e
um período de conflito e
agitação continuou por
algum tempo. O próprio
Constantino foi sucedido por
dois imperadores arianos
no Império Romano do
Oriente: seu
filho, Constâncio II,
e Valente. Este não
conseguiu resolver as
questões eclesiásticas
notáveis e, sem sucesso,
confrontou Basílio de
Cesareia sobre o Credo
Niceno.[64]
Os poderes pagãos dentro
do império procuraram se
manter e, às vezes,
restabelecer o paganismo na
sede do imperador
(ver Arbogasto e Juliano, "o
Apóstata"). Arianos e
melecianos logo
recuperaram quase todos os
direitos que haviam perdido
e, consequentemente, o
arianismo continuou a se
espalhar e a ser um assunto
de debate dentro da Igreja
durante o restante do século
IV. Quase
imediatamente, Eusébio de
Nicomédia, bispo ariano e
primo de Constantino I, usou
sua influência na corte para
obter o auxílio que
Constantino oferecia aos
bispos nicenos e proto-
ortodoxos para os arianos.[65]
Eustácio de Antioquia foi
deposto e exilado em 330.
Atanásio, que
sucedeu Alexandre como
bispo de Alexandria, foi
deposto pelo Primeiro
Sínodo de Tiro em 335
e Marcelo de Ancira o seguiu
em 336. O próprio Ário
retornou a Constantinopla
para ser readmitido na
Igreja, mas morreu pouco
antes de ser recebido.
Constantino morreu no ano
seguinte, depois de
finalmente receber o batismo
do arcebispo Eusébio de
Nicomédia, e "com sua
morte na primeira rodada da
batalha depois que o
Concílio de Niceia foi
encerrado".[65]

Função de
Constantino
O cristianismo era ilegal no
Império Romano até que os
imperadores Constantino e
Licínio concordaram, em
313, em legalizá-lo através
do chamado "Édito de
Milão". No entanto, o
cristianismo niceno não se
tornou a religião do estado
do Império Romano até
o Édito de Tessalônica em
380. Nesse meio tempo, o
paganismo permaneceu
legal e presente nos
assuntos públicos. As
moedas cunhadas por
Constantino e por outros
motivos oficiais, até o
Concílio de Niceia, ainda
afiliavam-no ao culto pagão
do Sol Invicto. Inicialmente,
Constantino encorajou a
construção de novos templos
pagãos[66] e tolerou sacrifícios
tradicionais.[67] Mais tarde em
seu reinado, ele deu ordens
para a pilhagem e a
demolição dos templos
romanos.[68][69][70]
A função de Constantino em
relação a Niceia era o de
supremo líder civil e
autoridade no império. Como
imperador, a
responsabilidade de manter
a ordem civil era dele, e ele
procurou que a Igreja se
mantivesse unida e em paz.
Quando foi informado pela
primeira vez sobre os
distúrbios em Alexandria
devido às disputas arianas,
ele ficou "muito
perturbado" e repreendeu
Ário e o bispo Alexandre por
terem originado a
perturbação e por terem
permitido que ela se
tornasse pública.
[71]
 Consciente também da
diversidade de opinião em
relação à celebração da
Páscoa e na esperança de
resolver ambas as questões,
ele enviou o bispo Ósio de
Córdoba (Hispânia) para
formar um concílio da Igreja
local e "reconciliar aqueles
que estavam divididos".
[71]
 Quando essa embaixada
falhou, ele procurou
convocar um concílio em
Niceia, convidando "os
homens mais eminentes das
igrejas de todos os países".[72]
Constantino ajudou na
montagem do concílio,
organizando as despesas de
viagem dos bispos, bem
como a hospedagem em
Niceia, para que fossem
cobertas com fundos
públicos.[73] Ele também
forneceu e mobiliou um
grande salão no palácio
como um local para
discussão, para que os
participantes fossem
tratados com dignidade.[73] Ao
dirigir-se à abertura do
concílio, ele "exortou os
bispos a unanimidade e
concórdia" e pediu-lhes que
seguissem as sagradas
escrituras: "Deixe, então,
toda disputa contenciosa ser
descartada; e procuremos
na palavra divinamente
inspirada a solução das
questões em discussão."[73]
Então, o debate sobre Ário e
a doutrina da Igreja
começou. "O imperador deu
atenção paciente aos
discursos de ambas as
partes" e deferiu a decisão
aos bispos.[74] Este foi o início
da prática de usar o poder
secular para estabelecer
a ortodoxia doutrinária no
seio do cristianismo, um
exemplo seguido por todos
os imperadores cristãos
posteriores, que levou a um
círculo de violência e
resistência cristã expressa
em termos de martírio.[75]

Equívocos
Cânone bíblico
Ver artigo
principal: Cânone da Bíblia
Não há registro de qualquer
discussão sobre o cânone
bíblico no concílio.
[76]
 O desenvolvimento do
cânone da Bíblia levou
séculos e estava quase
completo (com exceções
conhecidas como
"Antilegomena", textos
escritos cuja autenticidade
ou valor é contestado) no
momento em que o Cânone
Muratori foi escrito.[77]
Em 331, Constantino
comissionou cinquenta
Bíblias para a Igreja de
Constantinopla, mas pouco
se sabe sobre isso (na
verdade, não é sequer certo
se seu pedido foi para
cinquenta cópias do Antigo e
Novo Testamentos, apenas
o Novo Testamento ou
apenas os Evangelhos).
Alguns estudiosos acreditam
que esse pedido forneceu
motivação para as listas de
cânones. No "Comentário de
Tobias e Judite", escrito
por Jerônimo,[78] ele afirma
que o Livro de
Judite foi "determinado pelo
Concílio de Niceia como
tendo sido contado entre o
livros das escrituras
sagradas", o que alguns
utilizaram para sugerir que o
Concílio de Niceia teria
discutido quais documentos
estavam enumerados entre
as escrituras sagradas, mas
a frase provavelmente
significa simplesmente que o
concílio usou Judite em suas
deliberações sobre outros
assuntos e que, por isso, ele
deve ser considerado
canônico.
A principal fonte da ideia de
que o cânone da Bíblia foi
determinado no Concílio de
Niceia parece ser Voltaire,
que popularizou uma história
em que o cânone foi
determinado após orarem
sobre todos os livros
concorrentes colocados em
um altar durante o concílio. A
fonte original desta "anedota
fictícia" é o "Synodicon
Vetus",[79] um relato pseudo-
histórico dos primeiros
concílios da Igreja de 887
DC:[80]

“ ”
Os livros
canônicos e
apócrifos
distinguiram-se da
seguinte maneira:
na casa de Deus,
os livros foram
colocados no altar
sagrado; então o
concílio pediu ao
Senhor em oração
que as obras
inspiradas fossem
encontradas em
cima e — como de
fato aconteceu —
as falsas abaixo.[81]

Trindade
Ver artigo
principal: Trindade
O Concílio de Niceia tratou,
principalmente, da questão
da divindade de Cristo. Mais
de um século antes, o termo
"trindade" (em grego: Τριάς;
em latim: trinitas) foi usado
nos escritos
de Orígenes (185-254)
e Tertuliano (160-220), e
uma noção geral de um
"divino em três", em algum
sentido, foi expresso nos
escritos do segundo século
de Policarpo, Inácio e Justin
o. Em Niceia, questões
relativas ao Espírito
Santo foram deixadas, em
grande parte, sem solução e
assim permaneceram pelo
menos até que o
relacionamento entre o Pai e
o Filho ter sido resolvido por
volta do ano 362.[82] Assim, a
doutrina em uma forma mais
completa foi formulada
no Concílio de
Constantinopla em 360,[83] e
uma forma final foi formulada
em 381, primariamente
trabalhada por Gregório de
Nissa.[84]

Questões
disputadas
Função do bispo de
Roma
Ver artigo
principal: Primazia papal
Os católicos
romanos afirmam que a ideia
da divindade de Cristo foi
finalmente confirmada pelo
Bispo de Roma e que foi
essa confirmação que deu
ao concílio sua influência e
autoridade. Em apoio a isso,
eles citam a posição dos
primeiros pais da Igreja e
sua expressão da
necessidade de todas as
igrejas concordarem com
Roma (ver Irineu de Lyon,
"Contra Heresias").
No
entanto, protestantes e ortod
oxos orientais não acreditam
que o concílio tenha visto o
bispo de Roma como o chefe
jurisdicional da cristandade,
ou alguém que tenha
autoridade sobre outros
bispos presentes no concílio.
Para sustentar essa
hipótese, eles citam o
cânone 6, no qual o bispo
romano pode ser visto
simplesmente como um dos
vários líderes influentes, mas
não aquele que tem
jurisdição sobre bispos de
outras regiões.[85]
De acordo com o teólogo
protestante Philip Schaff, "os
pais nicenos passaram este
cânon não como algo novo,
mas apenas como
confirmação de uma relação
existente com base na
tradição da Igreja; e isso,
com especial referência a
Alexandria, por causa dos
problemas existentes lá;
Roma foi nomeada apenas
para ilustração; e Antioquia,
junto com todas as outras
eparquias ou províncias
receberam seus direitos
admitidos. Os bispados de
Alexandria, Roma e
Antioquia foram colocados
substancialmente em pé de
igualdade." Assim, de acordo
com Schaff, o bispo de
Alexandria deveria ter
jurisdição sobre as
províncias do Egito, da Líbia
e da Pentápole, assim como
o bispo de Roma tinha
autoridade "com referência à
sua própria diocese".[86]
Mas de acordo com o James
F. Loughlin, há uma
interpretação católica
romana alternativa. Envolve
cinco argumentos
diferentes "extraídos
respectivamente da
estrutura gramatical da
sentença, da seqüência
lógica das ideias, da
analogia católica, da
comparação com o processo
de formação do Patriarcado
Bizantino e da autoridade
dos antigos",[87] em favor de
uma compreensão
alternativa do cânone. De
acordo com essa
interpretação, o cânone
mostra o papel que o bispo
de Roma tinha quando ele,
por sua autoridade,
confirmou a jurisdição dos
outros patriarcas — uma
interpretação que está de
acordo com a compreensão
católica romana do papa.
Assim, o bispo de Alexandria
presidiu o Egito, a Líbia e a
Pentápole,[10] enquanto o
bispo de Antioquia "gozava
de autoridade semelhante
em toda a grande diocese
de Oriens [do Oriente]", e
tudo pela autoridade do
bispo de Roma. Para
Loughlin, essa era a única
razão possível para invocar
o costume de um bispo
romano em um assunto
relacionado aos dois bispos
metropolitanos de Alexandria
e Antioquia.[87]
No entanto, interpretações
protestantes e católicas
romanas têm,
historicamente, presumido
que alguns ou todos os
bispos identificados no
cânone estavam presidindo
suas próprias dioceses na
época do concílio — o bispo
de Roma sobre a Diocese da
Itália, como Schaff sugeriu, o
bispo de Antioquia sobre
a Diocese do Oriente, como
Loughlin sugeriu, e do bispo
de Alexandria sobre
a Diocese do Egito, como
sugerido por Karl Josef von
Hefele. Segundo Hefele, o
concílio havia designado
para Alexandria "toda a
diocese civil do Egito",
[88]
 entretanto, essas
suposições já foram
provadas como falsas. Na
época do concílio, a Diocese
do Egito ainda não existia,
então o concílio não poderia
atribuí-la a Alexandria.
Antioquia e Alexandria
estavam ambas localizadas
dentro da diocese civil do
Oriente, Antioquia sendo a
principal metrópole, mas
nenhuma administrava o
todo. Da mesma forma,
Roma e Milão estavam
ambas localizadas na
diocese civil da Itália, sendo
Milão a principal metrópole,[89]
[90]
 ainda que não
administrasse o todo.
Essa questão geográfica
relacionada ao Cânone 6 foi
destacada pelo escritor
protestante Timothy F.
Kauffman como uma
correção ao anacronismo
criado pela suposição de que
cada bispo já estava
presidindo uma diocese
inteira na época do concílio.
[91]
 Segundo Kauffman, uma
vez que Milão e Roma
estavam ambas localizadas
na Diocese da Itália, e
Antioquia e Alexandria
estavam ambas localizadas
dentro da Diocese do
Oriente, uma relevante
"congruência estrutural"
entre Roma e Alexandria era
prontamente aparente para
os bispos reunidos: ambas
tinham sido consagradas
para compartilhar uma
diocese da qual não eram a
principal metrópole. A
jurisdição de Roma na Itália
foi definida em termos de
várias províncias adjacentes
da cidade desde o
reordenamento do império
por Diocleciano em 293,
como indica a versão latina
mais antiga do cânone,[92] e o
restante das províncias
italianas estavam sob a
jurisdição de Milão.
Esse arranjo provincial da
jurisdição romana e milanesa
na Itália, portanto, era um
precedente relevante e
fornecia uma solução
administrativa para o
problema que o concílio
enfrentava — a saber, como
definir a jurisdição
alexandrina e antioquena
dentro da Diocese do
Oriente. No cânone 6, o
concílio deixou a maior parte
da diocese sob a jurisdição
de Antioquia e designou
algumas províncias da
diocese para Alexandria, "já
que o costume é o mesmo
para o bispo de Roma".[93]
Nesse cenário, um relevante
precedente romano é
invocado, respondendo ao
argumento de Loughlin sobre
por que o costume de um
bispo em Roma teria
qualquer influência sobre
uma disputa sobre
Alexandria no Oriente e ao
mesmo tempo corrigindo o
argumento de Schaff de que
o bispo de Roma era
invocado a título de
ilustração "com referência à
sua própria diocese". O
costume do bispo de Roma
foi invocado a título de
ilustração, não porque ele
presidisse a Igreja inteira ou
sobre a Igreja ocidental ou
mesmo sobre "sua própria
diocese", mas porque ele
presidia algumas províncias
de uma diocese que foi
administrada de outra
maneira a partir de Milão.
Com base nesse
precedente, o concílio
reconheceu a antiga
jurisdição de Alexandria
sobre algumas províncias da
Diocese do Oriente, uma
diocese que era
administrada a partir de
Antioquia.

Celebração
litúrgica
As Igrejas de Bizâncio
celebram os padres do
primeiro concílio ecumênico
no sétimo domingo da
Páscoa (o domingo antes de
Pentecostes).[94] O Sínodo da
Igreja Luterana-Missouri
celebra o primeiro concílio
ecumênico em 12 de junho.
A Igreja Copta celebra a
assembleia do primeiro
concílio ecumênico,
geralmente, em 18 de
novembro. A Igreja Armênia
celebra os 318 padres do
santo concílio de Niceia
em 1 de setembro.

CONCÍLIO DE NICEIA
Postado por Ailton Sena em 27/11/2020 e atualizado pela última vez em
30/11/2020
Conheça o que foi discutido em cada edição

O Concílio de Niceia que aconteceu no ano de 325 foi o primeiro evento


promovido pela Igreja para discutir a fé cristã. O principal objetivo da
convocação feita pelo imperador romano Constantino I era a criação de um
consenso entre os representantes da instituição acerca da natureza divina
de Jesus Cristo. Para isso, a assembleia contou a participação de bispos de
todas as regiões do império. 

No ano de 787, o concílio ecumênico do cristianismo volta a acontecer na


cidade de Niceia. Nessa edição, a pauta central da assembleia é a veneração
de imagens. Essa prática havia sido banida pelo imperador bizantino
Constantino V. O Segundo Concílio de Niceia foi convocado pela imperatriz
Irene e pelo Patriarca Tarasios. 

Concílio de Niceia: o que motivou a convocação das


assembleias? 
Com o fim das perseguições religiosas, a fé cristã havia se espalhado
pelo Império Romano. Contudo, esse processo deu origem a uma forma
distinta de interpretar os dogmas da instituição. No Império Bizantino, o
sacerdote alexandrino Ário colocou em questão a natureza divina de
Jesus Cristo. De acordo com sua interpretação, ele deveria ser entendido
como uma criatura de origem divina e não como uma divindade em si. 

Sendo assim, Jesus não possuiria vida eterna, seria marcado por um traço de
humanidade que o desvincularia da condição sagrada defendida pelos demais
seguidores do cristianismo. O posicionamento de Ário havia criado uma
situação conflituosa com o bispo Alexandre de Alexandria. Por isso, ele foi
excomungado por todos os bispos do Egito e estava refugiado na cidade
de Nicomédia. 

Contudo, seu argumento acerca da natureza divina já havia conquistado


adeptos que possuíam prestígio com o imperador Constantino. O
agravamento das divergências entre a perspectiva de Ário e a visão ortodoxa
impulsionou a convocação do Primeiro Concílio de Niceia, que deveria
apresentar o posicionamento da Igreja acerca do arianismo. 

A crise da Igreja Católica que motiva a convocação do Segundo Concílio de


Niceia foi desencadeada quando o imperador Constantino V decretou a
proibição da adoração de ícones, imagens. Essa decisão contou com o apoio
do Conselho de Hieria, que mais tarde foi classificado pela Igreja como Falso
Sínodo de Constantinopla, e determinava que fossem perseguidos de quem a
descumprisse. 

Ao mesmo tempo em que interditava a veneração de imagens religiosas, o


decreto de Constatino V não se opunha às imagens de imperadores. Essa
brecha foi entendida como uma estratégia de aumentar a autoridade do poder
imperial em detrimento das figuras católicas. O posicionamento iconoclasta do
imperador bizantino também foi mantido pelo seu sucessor, Leão IV, o Cazar. 

É somente durante o governo da imperatriz Irene, que assumiu como regente


do seu filho Constatino VI, que o tema volta a entrar em discussão com a
convocação do Segundo Concílio de Niceia. 
Os concílios ecumênicos do cristianismo buscavam a resolução de conflitos da
Igreja. Imagem: Pixabay)

Quais foram as decisões tomadas nas assembleias? 

Por maioria absoluta dos votos, os bispos participantes do Primeiro Concílio de


Niceia refutaram a interpretação sobre a natureza de Jesus apresentada pelo
arianismo. De acordo com eles, Jesus deveria ser visto como o verdadeiro
Deus. Esse posicionamento foi embasado pela forma como Cristo é
apresentado na Bíblia, que contém as bases de transmissão da crença cristã
elaboradas pelos apóstolos. 

Essa decisão foi registrada no Credo de Niceia. O documento afirma que


Jesus é feito "da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, homoousios tou
Patrou (consubstancial ao Pai)". Com exceção de dois dos bispos presentes,
todos assinaram o documento que formula o consenso universal da Igreja
sobre a questão. 

O Credo de Niceia também abriu a possibilidade de que os bispos realizassem


assembleias locais. Esses eventos de menor proporção são
denominados Sínodos e estão autorizados a definir declarações de crença e
cânones da ortodoxia. Assim como os concílios, eles têm como finalidade
homogeneizar a crença cristã. 

Outras decisões importantes para o cristianismo obtidas no Primeiro Concílio


de Niceia foi a promulgação dos cânones da Igreja. Basicamente, eles são leis
imutáveis que estruturam o sistema de crença. Além disso, a assembleia dos
bispos definiu que a Páscoa deveria ser celebrada no primeiro domingo após a
primeira lua cheia da primavera. 

No que diz respeito às tratativas do Segundo Concílio de Niceia, a assembleia


reestabelesceu a legitimidade da veneração das imagens. Para isso, os bispos
usaram argumentos construídos a partir das passagens bíblicas presentes
em Êxodo 25:19, Números 7:89, Hebreus 9:5, Ezequiel 41:18 e Gênesis
31:34. 

O arianismo 
Tema principal do Primeiro Concílio de Niceia, o arianismo é considerado a
maior das heresias identificadas pela Igreja na Alta Idade Média. A perspectiva
apresentada por Ário é categorizada pela instituição como uma questão
relacionada à cristologia, campo da teologia dedicado a refletir sobre a
natureza de Cristo. Na interpretação de Ário, Jesus Cristo é uma obra de Deus
como todas as outras criaturas. Logo, ele não seria o Filho. 

Ainda que essa perspectiva possa ser vista como negativa, ao atribuir
humanidade a Jesus, o arianismo reforça a dimensão de espiritualidade
do Messias. Isso acontece porque o sofrimento que ele enfrentou durante o
período na Terra, assim como seus feitos, se tornam mais excepcionais por
estarem associados à história de um homem comum. 

Os concílios ecumênicos do cristianismo 

Os concílios ecumênicos foram reuniões gerais da Igreja para decidir sobre


temas que perpassavam a crença cristã. Essas assembleias contavam com a
presença de representantes de Igreja de diversas partes do mundo, que em
conjunto decidiam o posicionamento da instituição sobre a temática que
apresentava divergências. A relação desses eventos teve como origem
o Concílio de Jerusalém, descrito no quinto livro do Novo Testamento: Atos
dos Apóstolos. 

Na cidade de Niceia da Bitínia, hoje Iznik, Turquia, aconteceram a primeira e a


sétima edição dos concílios ecumênicos. Mas ao todo foram realizadas 21
assembleias gerais da Igreja, nas quais foram discutidos temas como: a
divindade do Espírito Santo; a consagração de Maria como Mãe de Deus; a
retomada da Terra Santa; a ordem dos Templários; o planejamento de
cruzadas; a adequação dos ensinamentos da Igreja ao mundo moderno;
infalibilidade papal e outros. 

Qual foi o objetivo do Conselho de Niceia?


O Concílio de Niceia que aconteceu no ano de 325 foi o primeiro evento
promovido pela Igreja para discutir a fé cristã. O principal objetivo da
convocação feita pelo imperador romano Constantino I era a criação de um
consenso entre os representantes da instituição acerca da natureza divina de
Jesus Cristo.

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Credo Niceno
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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ícone retratando Constantino e os Padres do Primeiro Concílio de Niceia (325). O texto mostrado é,
no entanto, o Credo atribuído ao Primeiro Concílio de Constantinopla (381), com as alterações
posteriores para uso na liturgia grega.

O Credo Niceno é uma profissão de fé adotada do Primeiro Concílio


Ecumênico reunido na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, Turquia) em 325.
Chama-se também o Símbolo Niceno (em latim: Symbolum Nicaenum), e
a Profissão de fé dos 318 Padres, referência aos 318 bispos que participaram
do Primeiro Concílio de Niceia.

História
O propósito de um credo é agir como um critério de crença correta, ou
ortodoxia. Os credos do cristianismo foram elaborados em momentos de
conflito sobre a doutrina: a aceitação ou rejeição de um credo serviu para
distinguir os crentes e negadores de uma doutrina específica ou um conjunto
de doutrinas. Por essa razão, um credo foi chamado em grego σύμβολον
(symbolon), que significava a metade de um objeto quebrado para que,
colocada junto com a outra metade, verificasse a identidade do portador. [1] A
palavra grega passou para symbolum em latim ("símbolo" em português).[2]
O Credo de Niceia foi adotada em face do arianismo. Ário, um presbítero da
Igreja de Alexandria, natural da Líbia, havia declarado que, embora o Filho
fosse divino, ele era um ser criado no tempo e, portanto, não co-essencial com
o Pai. Isto fez com que Jesus fosse considerado inferior ao Pai, que colocou
desafios soteriológicos para a doutrina da Trindade.[3][4]
O Credo Niceno explicitamente reafirma a divindade co-essencial do Filho,
aplicando-lhe o termo "consubstancial". Termina com as palavras "(Cremos) no
Espírito Santo" e com um anátema contra os arianos.

Relação ao Credo niceno-constantinopolitano


O mesmo nome Credo Niceno encontra-se aplicado muitas vezes a
outro credo, o Credo niceno-constantinopolitano, hoje em dia mais conhecido,
por ser usado na liturgia da Igreja católica e da Igreja ortodoxa e por ser
considerado normativo também pela Igreja Ortodoxa Oriental, a Igreja
anglicana e a maioria das denominações protestantes.[5][6][7]
Tradicionalmente, este Credo é considerado uma revisão, feita pelo Primeiro
Concílio de Constantinopla em 381, do Credo Niceno de 325, motivo pelo qual
é chamado niceno-constantinopolitano. Porém, desde mais de um século, se
levantam dúvidas sobre esta explicação da origem do Credo niceno-
constantinopolitano.[8]
Os atos do concílio de 381 não são conservados, e não existe documento com
o texto do Credo niceno-constantinopolitano mais antigo dos atos do Concílio
de Calcedônia de 451. No 431, o Primeiro Concílio de Éfeso citou o Credo
Niceno de 325, e declarou que "é ilícito para qualquer um para apresentar, ou
escrever, ou compor uma fé diversa (ἑτέραν - no sentido de "contraditório" e
não de "adicional")[9] da estabelecida pelos Santos Padres reunidos com o
Espírito Santo em Niceia" (ou seja, o Credo de 325). [10] A falta de menção do
Credo agora chamado niceno-constantinopolitano nos escritos do intervalo
entre 381 (Primeiro Concílio de Constantinopla) e 451 (Concílio de Calcedônia),
particularmente nos atos deste Concílio de Éfeso, até tem inspirado a alguns a
ideia de que o texto foi apresentado ao Concílio de Calcedônia para superar o
problema da proibição efesino de novas formulações. [11][12]
Porém, segundo a Encyclopædia Britannica e outros estudiosos, é mais
provável a autoria ou aprovação do Concílio de Constantinopla, mas sobre a
base não do Credo niceno, senão de um Credo batismal local, talvez de
Jerusalém, de Cesareia, de Antioquia ou de Constantinopla. [6][13][14][15][16]

Comparação dos dois credos


O Credo Niceno termina com as palavras "(Cremos) no Espírito Santo" e com
um anátema contra os arianos. Há também muitas outras diferenças. São
poucos os estudiosos que acreditam que o Credo niceno-constantinopolitano
seja uma amplificação do Credo de 325. Só num sentido lato o Credo posterior
pode ser chamado niceno, isto é, em conformidade com a fé proclamada em
Niceia.[17]
Na seguinte tabela, letras negritas indicam as partes do Credo Niceno omitidas
ou movidas no Niceno-constantinopolitano, e letras cursivas as frases
presentes no Niceno-constantinopolitano mas não no Niceno. [18]

Credo Niceno (325)[19] Credo niceno-constantinopolitano


(381?)[19]

Πιστεύομεν εἰς ἕνα θεὸν πατέρα Πιστεύομεν εἰς ἕνα θεὸν πατέρα
παντοκράτορα, πάντων ὁρατῶν τε και παντοκράτορα, ποιητὴν οὐρανοῦ καὶ γῆς,
ἀοράτων ποιητήν. ὁρατῶν τε πάντων καὶ ἀοράτων·

Καὶ εἰς ἕνα κύριον Ἰησοῦν Χριστόν, τὸν υἱὸν τοῦ καὶ εἰς ἕνα κύριον Ἰησοῦν Χριστόν, τὸν
θεοῦ, γεννηθέντα ἐκ τοῦ υἱὸν τοῦ θεοῦ τὸν μονογενῆ, τὸν ἐκ τοῦ
πατρὸς μονογενῆ, τοὐτέστιν ἐκ τῆς οὐσίας τοῦ Πατρὸς γεννηθέντα πρὸ πάντων τῶν
πατρός, αἰώνων,

θεὸν ἐκ θεοῦ, φῶς ἐκ φωτός, θεὸν ἀληθινὸν ἐκ θεοῦ φῶς ἐκ φωτός, θεὸν ἀληθινὸν ἐκ θεοῦ
ἀληθινοῦ, γεννηθέντα, οὐ ποιηθέντα, ὁμοούσιον τῷ ἀληθινοῦ, γεννηθέντα οὐ ποιηθέντα,
πατρί ὁμοούσιον τῷ πατρί,

δι' οὗ τὰ πάντα ἐγένετο, τά τε ἐν τῷ οὐρανῷ καὶ τὰ


δι' οὗ τὰ πάντα ἐγένετο,
ἐω τῇ γῇ

τὸν δι' ἡμᾶς τοὺς ἀνθρώπους καὶ διὰ τὴν


τὸν δι' ἡμᾶς τοὺς ἀνθρώπους καὶ διὰ τὴν ἡμετέραν ἡμετέραν σωτηρίαν κατελθόντα ἐκ τῶν
σωτηρίαν κατελθόντα καὶ σαρκωθέντα καὶ οὐρανῶν καὶ σαρκωθέντα ἐκ πνεύματος
ἐνανθρωπήσαντα, ἅγίου καὶ Μαρίας τῆς παρθένου καὶ
ἐνανθρωπήσαντα
σταυρωθέντα τε ὑπὲρ ἡμῶν ἐπὶ Ποντίου
Πιλάτου καὶ παθόντα καὶ ταφέντα καὶ
παθόντα, καὶ ἀναστάντα τῇ τρίτῃ ἡμέρᾳ, ἀνελθόντα ἀναστάντα τῇ τρίτῃ ἡμέρα κατὰ τὰς
εἰς τοὺς οὐρανούς, γραφάς καὶ ἀνελθόντα εἰς τοὺς
οὐρανούς καὶ καθεζόμενον ἐκ δεξιῶν τοῦ
πατρός

καὶ πάλιν ἐρχόμενον μετὰ δόξης κρῖναι
καὶ ἐρχόμενον κρῖναι ζῶντας καὶ νεκρούς.
ζῶντας καὶ νεκρούς·

οὗ τῆς βασιλείας οὐκ ἔσται τέλος.

καὶ εἰς τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον, τὸ κύριον, καὶ


ζῳοποιόν, τὸ ἐκ τοῦ πατρὸς
Καὶ εἰς τὸ ἅγιον πνεῦμα. ἐκπορευόμενον, τὸ σὺν πατρὶ καὶ υἱῷ
συμπροσκυνούμενον καὶ συνδοξαζόμενον,
τὸ ἐκλαλῆσαν διὰ τῶν προφητῶν·

Τοὺς δὲ λέγοντας· ἦν ποτε ὅτε οὐκ ἦν, καὶ πρὶν Εἰς μίαν ἁγίαν καθολικὴν καὶ ἀποστολικὴν
γεννηθῆναι οὐκ ἦν, καὶ ὅτι ἐξ οὐκ ὄντων ἐγένετο, ἢ ἐκκλησίαν· ὁμολογοῦμεν ἓν βάπτισμα εἰς
ἐξ ἑτέρας ὑποστάσεως ἢ οὐσίας φάσκοντας εἶναι, ἄφεσιν ἁμαρτιῶν· προσδοκοῦμεν
ἢ κτιστόν ἢ τρεπτὸν ἢ ἀλλοιωτὸν τὸν υἱὸν τοῦ ἀνάστασιν νεκρῶν, καὶ ζωὴν τοῦ
θεοῦ, ἀναθεματίζει ἡ καθολικὴ ἐκκλησία. μέλλοντος αἰῶνος. ἀμήν.

Numa tradução portuguesa as diferenças aparecem assim:

Credo Niceno (325) Credo niceno-constantinopolitano (381?)

Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso,


Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra, de todas as coisas
criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
visíveis e invisíveis.

Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho


Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da unigênito de Deus, gerado do Pai antes de
substância do Pai; todos os séculos

Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de


luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
Deus verdadeiro, gerado, não feito,
gerado, não feito, consubstancial ao Pai,
consubstancial ao Pai;

por quem foram feitas todas as coisas que estão


por que, foram feitas todas as coisas.
no céu ou na terra.
O qual por nós homens e para a nossa salvação,
O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito
desceu, se encarnou e se fez homem. Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez
homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio


Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu Pilatos e padeceu e foi sepultado e ressuscitou
aos céus ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu
aos céus, onde está assentado à direita do Pai.

Ele virá novamente, em glória, para julgar os


Ele virá para julgar os vivos e os mortos.
vivos e os mortos;

e o Seu reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida,


E no Espírito Santo. que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é
adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas.

E quem quer que diga que houve um tempo


em que o Filho de Deus não existia, ou que
antes que fosse gerado ele não existia, ou que
E na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
ele foi criado daquilo que não existia, ou que
Confessamos um só batismo para remissão dos
ele é de uma substância ou essência diferente
pecados. Esperamos a ressurreição dos
(do Pai), ou que ele é uma criatura, ou
mortos; e a vida do mundo vindouro. Amém.
sujeito à mudança ou transformação, todos
os que falem assim, são anatematizados pela
Igreja Católica.

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